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5
GASEIFICAÇÃO
5.1.
Aspectos gerais
A gaseificação pode ser definida como a conversão termoquímica de um
material sólido ou líquido (que tenha carbono em sua composição) em um produto
gasoso combustível (Gás de Síntese). Estes gases combustíveis contem CO2, CO, H2,
CH4, H2O, outros hidrocarbetos, gases inertes e diversos contaminantes (ex.
particulados e alcatrões). Os sistemas de gaseificação operam de forma a limitar a
oxidação completa do hidrogênio para água, e do monóxido de carbono para dióxido
de carbono.
Os fatores que afetam o desempenho do sistema de gaseificação são: A razão
de equivalência (ER), a temperatura e a vazão de aquecimento, o tipo de agente de
gaseificação, pressão, tempo de residência, as propriedades da alimentação,
catalisadores.
O processo de gaseificação ocorre em temperaturas elevadas, 500 – 1400o
C e
em pressões atmosféricas ou maiores. O oxidante usado pode ser ar, vapor de água,
dióxido de carbono, oxigênio puro ou uma mistura destes gases. Segundo a literatura
a faixa do poder calorífico do gás produzido depende do agente de gaseificação
usado. Gaseificadores que usam ar como agente oxidante, produzem um gás
combustível contendo concentrações relativamente elevadas de nitrogênio, o poder
calorífico dos gases gerados no processo de gaseificação está na faixa de 4 – 6
MJ/m3
. Os gaseificadores que usam oxigênio e vapor geram produtos gasosos
contendo relativamente alta concentração de hidrogênio e CO, o poder calorífico
destes gases está na faixa de 12 – 18 MJ/m3
. Os gases combustíveis com baixo poder
calorífico são usados diretamente em combustão ou em uma máquina para gerar
energia, enquanto gases com poder calorífico meio/alto são usados como alimento
para subseqüente conversão em produtos químicos, principalmente metano e
metanol. (Lucas, 2005)
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69
As principais reações envolvidas durante o processo de gaseificação são listadas
a seguir. Os dados da energia padrão de Gibbs e entalpia padrão foram calculados a
1100o
C, empregando o software HSC Chemistry 5.0.
Reações exotérmicas
Combustão: C + O2 = CO2 (46)
(reação rápida) ∆Go= -396,19 kJ
∆Ho= -395,37 kJ
Oxidação parcial: C + ½ O2 = CO (47)
(reação rápida) ∆Go= -232,84 kJ
∆Ho= -114,38 kJ
Metanação: C + 2 H2 = CH4 (48)
(reação mais lenta que as reações 51 e 52) ∆Go= 59,89 kJ
∆Ho= -90,38 kJ
Shift Reaction, água/gás: CO + H2O = CO2 + H2 (49)
(reação rápida) ∆Go= 8,50 kJ
∆Ho= -31,30 kJ
Metanação - CO: CO + 3 H2 = CH4 + H2O (50)
∆Go= 120,89 kJ
∆Ho= -225,68 kJ
Reações endotérmicas
Shift reaction, heterogênea: C + H2O = CO + H2 (51)
∆Go= -60,99 kJ
∆Ho= 135,30 kJ
Reação de Boudouard: C + CO2 = 2 CO (52)
(reação mais lenta que a de oxidação) ∆Go= -69,50 kJ
∆Ho=166,61 kJ
A reação (51) representa a reação de reforma de carbono (CxHy + x H2O = (x
+ y/2) H2 + x CO) a qual contribui para incrementar a concentração de H2 e CO. A
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70
elevada produção de hidrogênio durante a gaseificação com vapor pode ser atribuída
às seguintes reações químicas.
CH4 + H2O = 3 H2 + CO (53)
C2H4 + 2 H2O = 4 H2 + 2 CO (54)
CO + H2O = H2O + CO2 (55)
C + H2O = H2 + CO (56)
A reforma de carbono a seco também ocorre durante o processo de
gaseificação e pode ser representada pela seguinte reação:
CxHy + x CO2 = (y/2) H2 + 2x CO (57)
Outras reações químicas além da reação de Boudouard (52) quando o CO2 é
usado como meio gaseificador são apresentadas abaixo (Lucas, 2005; Prins, 2005;
Holt, 2005; Kosky e Floess, 1980):
CH4 + CO2 = 4 H2 + 2 CO (58)
C2H4 + 2 CO2 = 2 H2 + 4 CO (59)
CO2 + H2 = H2O + CO (60)
Atualmente, a alta demanda mundial por fontes de energia renovável é um dos
principais motivadores do crescente emprego dos sistemas de gaseificação os quais
sofreram uma forte queda depois da crise do petróleo. Este fenômeno se vê refletido
no aumento da produção de gás de síntese de alta qualidade, mediante sistemas de
gaseificação. O gás de síntese gerado tem uma ampla gama de aplicações, os quais
são apresentados na Figura 19, que também apresenta os produtos gerados por os
processos de pirólises e combustão. (Vick e Steiger, 2000; Belgiorno et al. 2003)
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
71
Figura 19. Processos de conversão térmica e os produtos gerados (Belgiorno et al.2003)
5.2.
Gaseificador
O gaseificador é o reator no qual acontece a conversão termoquímica do
material carbonáceo tratado. Existem três tipos principais de gaseificadores: (1)
gaseificador de leito fixo, (2) gaseificador de leito fluidizado e (3) gaseificador
indireto. As principais diferenças dos reatores de gaseificação de leito fixo e
fluidizado são apresentadas na Tabela 13.
Tabela 13. Diferenças significantes entre gaseificadores de leito fixo e gaseificadores de
leito fluidizado.
(-) Vantagens. (-) Desvantagens.
Gaseificador de leito fixo de contracorrente
com reciclo de gás
Gaseificador de leito fluidizado
(-)Os finos na alimentação têm que ser
aglomerados
(+)No apresenta problemas com finos na
alimentação
(-)Tamanho de partícula o mais uniformes
possível.
(+) Ampla distribuição de tamanho de partícula
(+)Tamanhos de partículas muito grandes (acima
de 100mm)
(+)Limitado tamanho de partícula (abaixo de
50mm)
(+)Gases praticamente livres de alcatrões (-) Alcatrões (1gr/m3): Altos teores de alcatrões
nos gases
(+)Alta conversão de carvão (90 – 99%) (-)Conversão de carvão na faia de 90%.
(+)Descarga de escória líquida. (-) Fusão das cinzas.
Tecnologia
Produtos
Primários
Carvão
Alcatrões
Gás
Calor
Recuperação
de Produtos
Produtos
Secundários
Produtos
Químicos
Gasolina
Metanol
Amônia
Eletricidade
PIRÓLISES
GASEIFICAÇÃO
COMBUSTÃO
Extração
upgrading
Sínteses
Turbina de gás
maquinas
Caldeira
Recuperação de
Energia
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5.2.1.Gaseificador de leito fixo
Os reatores de leito vertical são os mais comuns. Estes gaseificadores são
subdivididos em updraft (contracorrente) e downdraft (co-corrente) (Belgiorno et al.
2003). Os gaseificadores de leito fixo são relativamente fáceis de projetar e de operar.
São eficientes trabalhando com combustíveis de alta densidade e granulometria
grosseira. São usados em plantas de energia de tamanho pequeno ou médio e para a
recuperação energia térmica.
5.2.1.1.
Gaseificador updraft
Nos gaseificadores tipo contracorrente o material sólido é alimentado pelo
topo e o ar é introduzido pela parte inferior do reator; aqui o material sólido é
convertido em gás combustível na medida em que este percorre a trajetória para a
parte inferior do reator. Durante esta trajetória ocorre uma seqüência de reações,
apresentadas em seguida, iniciando no topo: Secagem, pirólises, redução e combustão
(oxidação). Na zona de combustão é onde se atinge a maior temperatura 1200o
C
(Belgiorno et al. 2003). As principais vantagens do gaseificador de contracorrente são
a sua simplicidade, alta proporção de carvão a ser queimado, troca interna de calor
(fazendo com que as temperaturas dos gases de saída sejam baixas), alta eficiência do
equipamento e possibilidade de operar com diversos tipos de alimentação. Os
principais inconvenientes são a possibilidade da aparição de canalizações no
equipamento (que pode motivar engaiolamento, irrupção do oxigênio e situações
explosivas perigosas), necessidade da instalação de grelhas de movimento automático
e também apresentam problemas relacionados com a eliminação dos líquidos
condensados, que contem alcatrões resultantes das operações de limpeza do gás.
(FAO, 1986).
O desenho esquemático de um reator updraft, e seu perfil de temperatura estão
apresentados na Figura 20.
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
73
Figura 20. Gaseificador de contracorrente up-draft – Perfil de temperatura e zonas de
reação (McKendry, 2002)
5.2.1.2.
Gaseificador downdraft
Nos gaseificadores co-corrente, o material carbonoso é alimentado pelo topo e
o ar é alimentado pela parte lateral do reator, acima da grelha, enquanto o gás
combustível é retirado abaixo da grelha.
Os reatores downdraft consistem de quatro zonas de reação chamadas, secagem,
pirólises, oxidação e redução (Midilli et al. 2001; Drogu et al. 2002; Jayah et al. 2003;
Di Blasi, 2000; FAO, 1986; Klein, 2002; Belgiorno et al. 2003; McKendry, 2002),
como é mostrado na Figura 21 e esquematicamente na Figura 22.
Na zona de secagem, o material desce através o gaseificador, a umidade é
removida por evaporação usando o calor proveniente das zonas inferiores. A
velocidade de secagem depende da área superficial do combustível (biomassa, carvão,
etc.), da diferença de temperatura entre alimentação e os gases quentes e da
velocidade de recirculação, e da umidade relativa dos gases, como também da
Alimentação
Secagem
Pirólises
Combustão
Redução
Cinzas
Tars
Oils
Gás
Ar
Temperatura (oC)
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
74
difusividade interna da umidade no combustível. A temperatura na zona de secagem
está na faixa de 70 – 200o
C.
Figura 21. Estágios do processo de gaseificação.
Na zona de pirólises ocorre a degradação térmica irreversível do combustível
que desce da zona de secagem, este fenômeno utiliza energia térmica gerada pela
oxidação parcial dos produtos da pirólises. A temperatura nesta zona é de 350 –
600o
C.
Na zona de oxidação, os produtos voláteis produzidos na zona de pirólises são
parcialmente oxidados, estas são reações altamente exotérmicas, resultando em um
rápido aumento da temperatura a mais de 1100o
C na zona da garganta. O calor
gerado nesta zona é utilizado na zona de secagem e pirólises. As reações de oxidação
de voláteis são muito rápidas e o oxigênio é consumido antes que possa difundir-se
na superfície do char (carvão pirolisado). A temperatura nesta zona é
aproximadamente de 1000 – 1100o
C.
SECAGEM
Combustível úmido C. Seco + H2O
PIRÓLISES
Combustível Gases + Charcoal
COMBUSTÃO
C + O2 = CO2
4H + O2 = 2 H2O
CnHm + (n/2 + m/4) O2 = nCO2 +m/2 H2O
REDUÇÃO
C + CO2 = 2 CO
C + H2O = CO + H2
CnHm + n H2O = nCO + (m/2+n) H2 CnHm
CnHm+ nCO2 = 2n CO + m/2 H2 + m/2 H2O
H2O
Alcatrões
+
CH4
CO2
+
H2O
CO
+
H2
Gases
Produzidos
CALOR
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75
Na zona de redução, o char é convertido em produto gasoso por reação com os
gases quentes provenientes da zona de oxidação. (Midilli et al. 2001; Drogu et al.
2002).
Figura 22. Gaseificador de co-corrente - downdraft (McKendry, 2002)
A principal vantagem deste tipo de reator está na possibilidade de produzir um
gás livre de alcatrões, apropriado para ser usado em motores. Este tipo de
gaseificador não sofre objeções ambientais como os reatores de contracorrente. Um
inconveniente importante destes equipamentos é que o combustível sólido precisa
ser briquetado antes de ser alimentado no reator, em particular, os materiais brandos
e de baixa densidade ocasionam problemas na circulação e queda de pressão. Os
gaseificadores de co-corrente também apresentam problemas com combustíveis com
alto teor de cinzas (formação de escórias) (FAO, 1986; Klein, 2002).
O gás combustível produzido durante o processo de gaseificação em um reator
co-corrente depende de diversos parâmetros operacionais, tais como condições de
reação na zona de pirólises, temperatura, velocidade de aquecimento, teor de
umidade no combustível, tamanho de partícula, composição da atmosfera no reator,
pressão e tempo de residência do vapor. (Midilli et al. 2001)
Alimentação
Pirólises
Secagem
Combustão
(Oxidação)
Redução
(Redução)
Cinzas
Gás
Ar
Temperatura (oC)
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76
O tamanho de partícula do combustível (biomassa, carvão, etc.) é um
parâmetro importante, este prejudica a velocidade conversão do char e também a
eficiência de conversão total (Midilli et al. 2001). Segundo Jayah et al. (2003) partículas
grandes necessitam de zonas de gaseificação maiores para atingir a máxima
conversão. Reatores com pequenas zonas de gaseificação precisam trabalhar com
tamanho de partículas pequenas. A conversão do char consiste de dois processos
chamados, conversão rápida e conversão lenta. A conversão rápida do char ocorre na
entrada da zona de gaseificação devido à rápida velocidade de reação. O tamanho de
partícula máximo recomendado para ser usado em um gaseificador downdraft é um
oitavo do diâmetro da garganta do reator. (Drogu et al. 2002).
A razão ar/combustível tem efeito de vital importância na performance do
gaseificador porque regula a velocidade de consumo do combustível. Drogu et al.
(2002) reporta que a razão ótima ar/combustível para produzir gás combustível de
alta qualidade, na gaseificação de biomassa, está em torno de 1,37 – 1,47 Nm3
/kg
para valores entre 4,02 – 4,70 Kg/h de alimentação úmida.
A umidade no material de alimentação é uma das principais características que
afetam a composição do gás combustível, tem-se reportado que umidades superiores
que 67% tornam o gás produzido muito pobre em poder calorífico. A eficiência de
conversão decresce com o aumento da umidade no material combustível. Isto é
devido ao fato que grandes quantidades de energia são consumidas na vaporização da
água, o que posteriormente reduz a temperatura do gás. A diminuição da temperatura
reduz a velocidade de reação e também a eficiência do processo. (Jayah et al. 2003)
A eficiência de conversão aumenta com o aumento na temperatura do ar (de
ingresso) devido ao fato que o ar quente fornece entalpia adicional necessária para a
reação (Jayah et al. 2003). Segundo Jayah et al. (2003) a perda de calor é um parâmetro
que influencia na eficiência de conversão no processo de gasificação de biomassa. A
eficiência de conversão decresce aproximadamente 11% por cada 5% de aumento na
perda de calor. Embora o decréscimo na eficiência de conversão seja considerável
devido à perda de calor, o custo associado em reduzir esta incrementa o uso de
materiais de isolamento no gaseificador, isto deve de ser analisado sob o ponto de
vista econômico para assegurar benefícios desejados.
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
77
5.2.2.
Gaseificador de leito fluidizado
A gaseificação em leito fluidizado foi originalmente desenvolvida para resolver
os problemas operacionais dos reatores de leito fixo, como alimentação com alto teor
de cinzas e principalmente para incrementar a eficiência. A eficiência de um reator de
leito fluidizado é aproximadamente cinco vezes maior que um reator de leito fixo,
com um valor na faixa de 2000kg/m2
.h. (Belgiorno et al. 2003)
Este tipo de gaseificador não apresenta zonas diferenciadas de reação como
nos reatores de leito fixo. Os reatores de leito fluidizado têm um leito isotérmico que
opera usualmente em temperaturas na faixa de 700–900o
C. Os principais tipos de
gaseificadores de leito fluidizado são: reator de leito borbulhante (bubbling fluidised bed)
e reator de leito circulante (circulating fluidised bed) (Belgiorno et al. 2003; Klein, 2002).
Nos gaseificadores de leito fluidizado, as partículas do combustível são
mantidas suspensas em um leito de partículas inertes (areia, cinzas ou alumina)
fluidizadas pelo fluxo ascendente de ar, criando condições favoráveis de transferência
de calor e homogeneidade da temperatura na câmara da reação (Resende, 2003). Um
reator de leito fluidizado pode ser descrito como um leito de partículas que ao se
aumentar o fluxo de gás através dele faz com que este passe por fases sucessivas:
leito fixo, leito fluidizado incipiente, leito fluidizado borbulhante e finalmente
transporte pneumático das partículas. Está última fase é utilizada nos reatores de leito
fluidizado circulante onde há elutriação (fenômeno de arraste de partículas finas) do
leito e uma posterior coleta em separadores ciclônicos para reaproveitamento do
material inerte. (Fernandez, 2004; Resende, 2003)
A fluidização promove um íntimo contato entre partículas e gases, assim como
uma intensa circulação e mistura das partículas. Isso resulta em altas taxas de reação
gás-sólido e uma temperatura uniforme em todo o leito. (Fernandez, 2004)
As principais vantagens dos gaseificadores de leito fluidizado são flexibilidade
quanto ao material na alimentação, devido ao fácil controle de temperatura pode ser
mantido abaixo do ponto de fusão das cinzas e a capacidade de operar com materiais
friáveis e de granulometria fina sem a necessidade de serem briquetados. As
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
78
desvantagens que apresenta este tipo de reator são temperaturas de operação
limitada, alto teor de alcatrões no gás produzido devido às baixas temperaturas de
operação (700-900o
C), combustão incompleta do carvão. (FAO, 1986; Fernandez,
2004)
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Gaseificação

  • 1. 68 5 GASEIFICAÇÃO 5.1. Aspectos gerais A gaseificação pode ser definida como a conversão termoquímica de um material sólido ou líquido (que tenha carbono em sua composição) em um produto gasoso combustível (Gás de Síntese). Estes gases combustíveis contem CO2, CO, H2, CH4, H2O, outros hidrocarbetos, gases inertes e diversos contaminantes (ex. particulados e alcatrões). Os sistemas de gaseificação operam de forma a limitar a oxidação completa do hidrogênio para água, e do monóxido de carbono para dióxido de carbono. Os fatores que afetam o desempenho do sistema de gaseificação são: A razão de equivalência (ER), a temperatura e a vazão de aquecimento, o tipo de agente de gaseificação, pressão, tempo de residência, as propriedades da alimentação, catalisadores. O processo de gaseificação ocorre em temperaturas elevadas, 500 – 1400o C e em pressões atmosféricas ou maiores. O oxidante usado pode ser ar, vapor de água, dióxido de carbono, oxigênio puro ou uma mistura destes gases. Segundo a literatura a faixa do poder calorífico do gás produzido depende do agente de gaseificação usado. Gaseificadores que usam ar como agente oxidante, produzem um gás combustível contendo concentrações relativamente elevadas de nitrogênio, o poder calorífico dos gases gerados no processo de gaseificação está na faixa de 4 – 6 MJ/m3 . Os gaseificadores que usam oxigênio e vapor geram produtos gasosos contendo relativamente alta concentração de hidrogênio e CO, o poder calorífico destes gases está na faixa de 12 – 18 MJ/m3 . Os gases combustíveis com baixo poder calorífico são usados diretamente em combustão ou em uma máquina para gerar energia, enquanto gases com poder calorífico meio/alto são usados como alimento para subseqüente conversão em produtos químicos, principalmente metano e metanol. (Lucas, 2005) PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 2. 69 As principais reações envolvidas durante o processo de gaseificação são listadas a seguir. Os dados da energia padrão de Gibbs e entalpia padrão foram calculados a 1100o C, empregando o software HSC Chemistry 5.0. Reações exotérmicas Combustão: C + O2 = CO2 (46) (reação rápida) ∆Go= -396,19 kJ ∆Ho= -395,37 kJ Oxidação parcial: C + ½ O2 = CO (47) (reação rápida) ∆Go= -232,84 kJ ∆Ho= -114,38 kJ Metanação: C + 2 H2 = CH4 (48) (reação mais lenta que as reações 51 e 52) ∆Go= 59,89 kJ ∆Ho= -90,38 kJ Shift Reaction, água/gás: CO + H2O = CO2 + H2 (49) (reação rápida) ∆Go= 8,50 kJ ∆Ho= -31,30 kJ Metanação - CO: CO + 3 H2 = CH4 + H2O (50) ∆Go= 120,89 kJ ∆Ho= -225,68 kJ Reações endotérmicas Shift reaction, heterogênea: C + H2O = CO + H2 (51) ∆Go= -60,99 kJ ∆Ho= 135,30 kJ Reação de Boudouard: C + CO2 = 2 CO (52) (reação mais lenta que a de oxidação) ∆Go= -69,50 kJ ∆Ho=166,61 kJ A reação (51) representa a reação de reforma de carbono (CxHy + x H2O = (x + y/2) H2 + x CO) a qual contribui para incrementar a concentração de H2 e CO. A PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 3. 70 elevada produção de hidrogênio durante a gaseificação com vapor pode ser atribuída às seguintes reações químicas. CH4 + H2O = 3 H2 + CO (53) C2H4 + 2 H2O = 4 H2 + 2 CO (54) CO + H2O = H2O + CO2 (55) C + H2O = H2 + CO (56) A reforma de carbono a seco também ocorre durante o processo de gaseificação e pode ser representada pela seguinte reação: CxHy + x CO2 = (y/2) H2 + 2x CO (57) Outras reações químicas além da reação de Boudouard (52) quando o CO2 é usado como meio gaseificador são apresentadas abaixo (Lucas, 2005; Prins, 2005; Holt, 2005; Kosky e Floess, 1980): CH4 + CO2 = 4 H2 + 2 CO (58) C2H4 + 2 CO2 = 2 H2 + 4 CO (59) CO2 + H2 = H2O + CO (60) Atualmente, a alta demanda mundial por fontes de energia renovável é um dos principais motivadores do crescente emprego dos sistemas de gaseificação os quais sofreram uma forte queda depois da crise do petróleo. Este fenômeno se vê refletido no aumento da produção de gás de síntese de alta qualidade, mediante sistemas de gaseificação. O gás de síntese gerado tem uma ampla gama de aplicações, os quais são apresentados na Figura 19, que também apresenta os produtos gerados por os processos de pirólises e combustão. (Vick e Steiger, 2000; Belgiorno et al. 2003) PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 4. 71 Figura 19. Processos de conversão térmica e os produtos gerados (Belgiorno et al.2003) 5.2. Gaseificador O gaseificador é o reator no qual acontece a conversão termoquímica do material carbonáceo tratado. Existem três tipos principais de gaseificadores: (1) gaseificador de leito fixo, (2) gaseificador de leito fluidizado e (3) gaseificador indireto. As principais diferenças dos reatores de gaseificação de leito fixo e fluidizado são apresentadas na Tabela 13. Tabela 13. Diferenças significantes entre gaseificadores de leito fixo e gaseificadores de leito fluidizado. (-) Vantagens. (-) Desvantagens. Gaseificador de leito fixo de contracorrente com reciclo de gás Gaseificador de leito fluidizado (-)Os finos na alimentação têm que ser aglomerados (+)No apresenta problemas com finos na alimentação (-)Tamanho de partícula o mais uniformes possível. (+) Ampla distribuição de tamanho de partícula (+)Tamanhos de partículas muito grandes (acima de 100mm) (+)Limitado tamanho de partícula (abaixo de 50mm) (+)Gases praticamente livres de alcatrões (-) Alcatrões (1gr/m3): Altos teores de alcatrões nos gases (+)Alta conversão de carvão (90 – 99%) (-)Conversão de carvão na faia de 90%. (+)Descarga de escória líquida. (-) Fusão das cinzas. Tecnologia Produtos Primários Carvão Alcatrões Gás Calor Recuperação de Produtos Produtos Secundários Produtos Químicos Gasolina Metanol Amônia Eletricidade PIRÓLISES GASEIFICAÇÃO COMBUSTÃO Extração upgrading Sínteses Turbina de gás maquinas Caldeira Recuperação de Energia PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 5. 72 5.2.1.Gaseificador de leito fixo Os reatores de leito vertical são os mais comuns. Estes gaseificadores são subdivididos em updraft (contracorrente) e downdraft (co-corrente) (Belgiorno et al. 2003). Os gaseificadores de leito fixo são relativamente fáceis de projetar e de operar. São eficientes trabalhando com combustíveis de alta densidade e granulometria grosseira. São usados em plantas de energia de tamanho pequeno ou médio e para a recuperação energia térmica. 5.2.1.1. Gaseificador updraft Nos gaseificadores tipo contracorrente o material sólido é alimentado pelo topo e o ar é introduzido pela parte inferior do reator; aqui o material sólido é convertido em gás combustível na medida em que este percorre a trajetória para a parte inferior do reator. Durante esta trajetória ocorre uma seqüência de reações, apresentadas em seguida, iniciando no topo: Secagem, pirólises, redução e combustão (oxidação). Na zona de combustão é onde se atinge a maior temperatura 1200o C (Belgiorno et al. 2003). As principais vantagens do gaseificador de contracorrente são a sua simplicidade, alta proporção de carvão a ser queimado, troca interna de calor (fazendo com que as temperaturas dos gases de saída sejam baixas), alta eficiência do equipamento e possibilidade de operar com diversos tipos de alimentação. Os principais inconvenientes são a possibilidade da aparição de canalizações no equipamento (que pode motivar engaiolamento, irrupção do oxigênio e situações explosivas perigosas), necessidade da instalação de grelhas de movimento automático e também apresentam problemas relacionados com a eliminação dos líquidos condensados, que contem alcatrões resultantes das operações de limpeza do gás. (FAO, 1986). O desenho esquemático de um reator updraft, e seu perfil de temperatura estão apresentados na Figura 20. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 6. 73 Figura 20. Gaseificador de contracorrente up-draft – Perfil de temperatura e zonas de reação (McKendry, 2002) 5.2.1.2. Gaseificador downdraft Nos gaseificadores co-corrente, o material carbonoso é alimentado pelo topo e o ar é alimentado pela parte lateral do reator, acima da grelha, enquanto o gás combustível é retirado abaixo da grelha. Os reatores downdraft consistem de quatro zonas de reação chamadas, secagem, pirólises, oxidação e redução (Midilli et al. 2001; Drogu et al. 2002; Jayah et al. 2003; Di Blasi, 2000; FAO, 1986; Klein, 2002; Belgiorno et al. 2003; McKendry, 2002), como é mostrado na Figura 21 e esquematicamente na Figura 22. Na zona de secagem, o material desce através o gaseificador, a umidade é removida por evaporação usando o calor proveniente das zonas inferiores. A velocidade de secagem depende da área superficial do combustível (biomassa, carvão, etc.), da diferença de temperatura entre alimentação e os gases quentes e da velocidade de recirculação, e da umidade relativa dos gases, como também da Alimentação Secagem Pirólises Combustão Redução Cinzas Tars Oils Gás Ar Temperatura (oC) PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 7. 74 difusividade interna da umidade no combustível. A temperatura na zona de secagem está na faixa de 70 – 200o C. Figura 21. Estágios do processo de gaseificação. Na zona de pirólises ocorre a degradação térmica irreversível do combustível que desce da zona de secagem, este fenômeno utiliza energia térmica gerada pela oxidação parcial dos produtos da pirólises. A temperatura nesta zona é de 350 – 600o C. Na zona de oxidação, os produtos voláteis produzidos na zona de pirólises são parcialmente oxidados, estas são reações altamente exotérmicas, resultando em um rápido aumento da temperatura a mais de 1100o C na zona da garganta. O calor gerado nesta zona é utilizado na zona de secagem e pirólises. As reações de oxidação de voláteis são muito rápidas e o oxigênio é consumido antes que possa difundir-se na superfície do char (carvão pirolisado). A temperatura nesta zona é aproximadamente de 1000 – 1100o C. SECAGEM Combustível úmido C. Seco + H2O PIRÓLISES Combustível Gases + Charcoal COMBUSTÃO C + O2 = CO2 4H + O2 = 2 H2O CnHm + (n/2 + m/4) O2 = nCO2 +m/2 H2O REDUÇÃO C + CO2 = 2 CO C + H2O = CO + H2 CnHm + n H2O = nCO + (m/2+n) H2 CnHm CnHm+ nCO2 = 2n CO + m/2 H2 + m/2 H2O H2O Alcatrões + CH4 CO2 + H2O CO + H2 Gases Produzidos CALOR PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 8. 75 Na zona de redução, o char é convertido em produto gasoso por reação com os gases quentes provenientes da zona de oxidação. (Midilli et al. 2001; Drogu et al. 2002). Figura 22. Gaseificador de co-corrente - downdraft (McKendry, 2002) A principal vantagem deste tipo de reator está na possibilidade de produzir um gás livre de alcatrões, apropriado para ser usado em motores. Este tipo de gaseificador não sofre objeções ambientais como os reatores de contracorrente. Um inconveniente importante destes equipamentos é que o combustível sólido precisa ser briquetado antes de ser alimentado no reator, em particular, os materiais brandos e de baixa densidade ocasionam problemas na circulação e queda de pressão. Os gaseificadores de co-corrente também apresentam problemas com combustíveis com alto teor de cinzas (formação de escórias) (FAO, 1986; Klein, 2002). O gás combustível produzido durante o processo de gaseificação em um reator co-corrente depende de diversos parâmetros operacionais, tais como condições de reação na zona de pirólises, temperatura, velocidade de aquecimento, teor de umidade no combustível, tamanho de partícula, composição da atmosfera no reator, pressão e tempo de residência do vapor. (Midilli et al. 2001) Alimentação Pirólises Secagem Combustão (Oxidação) Redução (Redução) Cinzas Gás Ar Temperatura (oC) PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 9. 76 O tamanho de partícula do combustível (biomassa, carvão, etc.) é um parâmetro importante, este prejudica a velocidade conversão do char e também a eficiência de conversão total (Midilli et al. 2001). Segundo Jayah et al. (2003) partículas grandes necessitam de zonas de gaseificação maiores para atingir a máxima conversão. Reatores com pequenas zonas de gaseificação precisam trabalhar com tamanho de partículas pequenas. A conversão do char consiste de dois processos chamados, conversão rápida e conversão lenta. A conversão rápida do char ocorre na entrada da zona de gaseificação devido à rápida velocidade de reação. O tamanho de partícula máximo recomendado para ser usado em um gaseificador downdraft é um oitavo do diâmetro da garganta do reator. (Drogu et al. 2002). A razão ar/combustível tem efeito de vital importância na performance do gaseificador porque regula a velocidade de consumo do combustível. Drogu et al. (2002) reporta que a razão ótima ar/combustível para produzir gás combustível de alta qualidade, na gaseificação de biomassa, está em torno de 1,37 – 1,47 Nm3 /kg para valores entre 4,02 – 4,70 Kg/h de alimentação úmida. A umidade no material de alimentação é uma das principais características que afetam a composição do gás combustível, tem-se reportado que umidades superiores que 67% tornam o gás produzido muito pobre em poder calorífico. A eficiência de conversão decresce com o aumento da umidade no material combustível. Isto é devido ao fato que grandes quantidades de energia são consumidas na vaporização da água, o que posteriormente reduz a temperatura do gás. A diminuição da temperatura reduz a velocidade de reação e também a eficiência do processo. (Jayah et al. 2003) A eficiência de conversão aumenta com o aumento na temperatura do ar (de ingresso) devido ao fato que o ar quente fornece entalpia adicional necessária para a reação (Jayah et al. 2003). Segundo Jayah et al. (2003) a perda de calor é um parâmetro que influencia na eficiência de conversão no processo de gasificação de biomassa. A eficiência de conversão decresce aproximadamente 11% por cada 5% de aumento na perda de calor. Embora o decréscimo na eficiência de conversão seja considerável devido à perda de calor, o custo associado em reduzir esta incrementa o uso de materiais de isolamento no gaseificador, isto deve de ser analisado sob o ponto de vista econômico para assegurar benefícios desejados. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 10. 77 5.2.2. Gaseificador de leito fluidizado A gaseificação em leito fluidizado foi originalmente desenvolvida para resolver os problemas operacionais dos reatores de leito fixo, como alimentação com alto teor de cinzas e principalmente para incrementar a eficiência. A eficiência de um reator de leito fluidizado é aproximadamente cinco vezes maior que um reator de leito fixo, com um valor na faixa de 2000kg/m2 .h. (Belgiorno et al. 2003) Este tipo de gaseificador não apresenta zonas diferenciadas de reação como nos reatores de leito fixo. Os reatores de leito fluidizado têm um leito isotérmico que opera usualmente em temperaturas na faixa de 700–900o C. Os principais tipos de gaseificadores de leito fluidizado são: reator de leito borbulhante (bubbling fluidised bed) e reator de leito circulante (circulating fluidised bed) (Belgiorno et al. 2003; Klein, 2002). Nos gaseificadores de leito fluidizado, as partículas do combustível são mantidas suspensas em um leito de partículas inertes (areia, cinzas ou alumina) fluidizadas pelo fluxo ascendente de ar, criando condições favoráveis de transferência de calor e homogeneidade da temperatura na câmara da reação (Resende, 2003). Um reator de leito fluidizado pode ser descrito como um leito de partículas que ao se aumentar o fluxo de gás através dele faz com que este passe por fases sucessivas: leito fixo, leito fluidizado incipiente, leito fluidizado borbulhante e finalmente transporte pneumático das partículas. Está última fase é utilizada nos reatores de leito fluidizado circulante onde há elutriação (fenômeno de arraste de partículas finas) do leito e uma posterior coleta em separadores ciclônicos para reaproveitamento do material inerte. (Fernandez, 2004; Resende, 2003) A fluidização promove um íntimo contato entre partículas e gases, assim como uma intensa circulação e mistura das partículas. Isso resulta em altas taxas de reação gás-sólido e uma temperatura uniforme em todo o leito. (Fernandez, 2004) As principais vantagens dos gaseificadores de leito fluidizado são flexibilidade quanto ao material na alimentação, devido ao fácil controle de temperatura pode ser mantido abaixo do ponto de fusão das cinzas e a capacidade de operar com materiais friáveis e de granulometria fina sem a necessidade de serem briquetados. As PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA
  • 11. 78 desvantagens que apresenta este tipo de reator são temperaturas de operação limitada, alto teor de alcatrões no gás produzido devido às baixas temperaturas de operação (700-900o C), combustão incompleta do carvão. (FAO, 1986; Fernandez, 2004) PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0511123/CA