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AS BASES DO HINDUÍSMO COMO AS PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS
DO PENSAMENTO FILOSÓFICO
Apesar de vulgarmente associada à cultura clássica europeia, a filosofia
enquanto atividade crítica e concetual é muito anterior à sua definição histórica.
Um dos claros exemplos dessa antiguidade está presente nas origens do
Hinduísmo e nos seus 4 livros dos Vedas: Rigveda, Yajurveda, Samaveda e
Atharvaveda. De forma a melhor clarificar esta afirmação pretende-se fazer
um pequeno resumo desta religião, a sua origem e as principais teses para
delas extrair a correlação de muitas dos seus conceitos e teorias utilizados
posteriormente na filosofia ocidental.
1- O surgimento da religião hindu
A religião hindu, tal como poderá ser observado no gráfico acima exposto
corresponde à 3ª religião com maior número de fiéis e localiza-se
essencialmente nas regiões da Índia e Paquistão. Originária das comunidades
da região do Vale Indo deve a sua designação como hinduísmo à atribuição
póstuma feita pelos ingleses numa das suas expedições para se referirem a
todos os praticantes de todas as religiões praticantes na Índia dada a
multiplicidade e diversidade das sua crenças e rituais. A palavra “hindu” viria a
2
ser definida devido à importância que o rio Indo tinha na constituição e na
prática dos rituais das suas múltiplas crenças aí existentes.
Originalmente os seus ensinamentos começaram por ser transmitidos
oralmente e só viram a luz do dia naquele que ficou definido como a primeiro
livro sagrado – Os Vedas – que fora depois escrito no chamado sânscrito
védico.
O sânscrito védico tem algumas distinções do sânscrito clássico. O sânscrito
clássico é uma língua indo-europeia flexional tal como são o grego e o latim
base da língua indiana atual e de outras línguas como o vietnamita e o
tailandês. Devido à sua importância em toda a região da Índia ainda continua a
ser a língua utilizada nos cânticos (mantras1
) de várias práticas religiosas e nas
descobertas científicas do mesmo modo que na cultura europeia utilizamos o
latim como designação de todas as descobertas científicas. Tal como no grego
e no latim, as palavras em sânscrito resumem ideias complexas, isto é, não se
reportam a uma única realidade, mas a um conceito tomado de forma
individual.
2- Os livros dos Vedas e as suas principais teses e conceitos
A- O primeiro livro dos Vedas a surgir seria o Rigveda (Rig – Veda)
«sabedoria dos versos» que data a sua composição entre 1700 a. C e 1100
a.C., apesar de existirem referências anteriores que o datam de 4000 a. C. Tal
facto poderá ser derivado do facto dos Vedas serem inicialmente fonte da
tradição oral e só numa fase mais tardia é que se constituíram como escrita. O
Rigveda fala de dois povos que coexistem, os Arianos (nómadas) e os
Dravidianos (povos fixos da região do Vale do Indo). O livro do Rigveda é
composto por 1028 hinos (cânticos / mantras) e apresenta duas versões
distintas: o Samhitapatha (cânticos de recitação) e o Padapatha (cânticos para
memorização).
Tendencialmente, Rigveda, é apresentado numa versão mais simbólica e
mística assente na ideia de um monismo existencial, isto é, na ideia de que
1
Os mantras correspondem a cânticos e nos quais são repetidos repetidamente determinadas
expressões ou palavras. O seu objetivo é essencialmente suscitar a reflexão e o relaxamento, mas são
também usados como prática ritualista ou como forma de adoração dos deuses. Normalmente são
classificados de acordo com a divindade a que aspiram.
3
cada ser do universo faz parte de um complexo universal com o todo, uma
parte do todo. Em termos formais a obra está dividida em dez livros2
na sua
maioria dedicados ao culto das divindades, mas também a lidar com várias
questões filosóficas tais como a ideia de pertença ao todo, a ideia de monismo
existencial. Segundo esta teoria “somos todos partes de uma coisa só, que é
uma espécie de inteligência divina”. Esta noção seria retomada por S. Tomás
Aquino quando no âmbito do seu argumento da inteligência ordenadora faz crer
a ideia de que todos os elementos do universo fazem parte de um todo maior
construído por Deus e do qual devem o seu propósito3
.Para além disso, surge
também a ideia de caridade enquanto virtude da excelência humana, a dãna e
da divisão entre os conhecimentos superiores (ligado com as essências e com
o autoconhecimento) e conhecimentos inferiores (ligados diretamente com os
objetos)4
. Esta última ideia será uma ideia retomada por Platão com a distinção
que o mesmo faz dos diferentes tipos de objetos e da designação do bem
enquanto bem último e forma de conhecimento superior. Para este autor, o
bem último enquanto conhecimento superior seria como o Sol, isto é, a luz que
ilumina e possibilita as restantes formas de conhecimento5
.
B- O 2º livro dos Vedas, Yajurveda, também conhecido como lajurveda
data de entre 1500 a.C. e 500 a.C. A conjugação da sua definição, Yajus que
significa sacrifício + Veda que é traduzido por conhecimento, visa representar o
seu principal conteúdo – textos religiosos que visam incitar e explicitar
sacrifícios aos deuses. Tal como o livro seguinte, Samaveda trata-se de um
livro composto por músicas, mantras, só que ao contrário deste último está
2
A versão dos mesmos está disponível em https://www.shri-yoga-devi.org/downloadvedas
3
Este argumento faz parte da obra Suma Teológica e corresponde para o autor à 5ª via de acesso a Deus
podendo ser formalizada da seguinte forma: P1: No mundo as coisas operam em prol de um fim. P2: O
fim que as coisas atingem ou é fruto do acaso ou é fruto de um ser inteligente que não ele mesmo. P3: O
fim que as coisas atingem não é fruto do acaso. C: Logo, o fim que as coisas atingem é fruto de um ser
inteligente que não ele mesmo.
4
A conceção dualista do plano das ideias e do plano dos objetos de Platão parece neste sentido ter tido
a sua influência nestas ideias.
5
Cf: República Platão “Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os
anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um
arremedo.”” ... comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira
que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a
tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu
desejo conhecê-la.””... no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez
avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo
visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade
e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida em particular e pública.”516 -517a
4
escrito em prosa e não em verso. Esta obra está, no entanto, dividida em 2
coleções, ou samhitas, que correspondem respetivamente ao Shukla, branco, e
ao Krishna, negro. Do 1º existem 2 versões do último existem 4 versões
efetuadas pelos reconhecidos sábios do hinduísmo. Em termos filosóficos esta
obra faz destaque de dois dos conceitos mais importantes quer do hinduísmo
quer de outras religiões a ela associadas: o Prana e o Manas.
O conceito de Prana é habitualmente traduzido por força vital, tal como na
filosofia ocidental vemos o conceito de anima (latim) ou ἐνέρρεια (enéreia)
(Grego). Este conceito, mais do que corresponder ao conceito de alma com
que muitas das vezes é simbolizado corresponderá mais a um complexo de
energia espiritual presente em todos os elementos da natureza. Tudo o que é
de vida possui esta mesma energia, este mesmo “ar de vida”, este mesmo
“espírito”. Segundo os hindus todos os sujeitos nascem com um determinado
número de respirações previamente delimitada (sopro de vida) sendo que o
controlo das mesmas uma efetiva necessidade de aprendizagem sob pena de
poder prolongar a sua passagem sobre a Terra.
O conceito de Mana é habitualmente traduzido pelo conceito de mente ou
consciência, no entanto em termos filosóficos terá uma correspondência muito
mais alargada do que isso sendo associado também a um estado de
autoconsciência. Para os hindus é dever de todos limpar e purificar este estado
de autoconsciência para que este não soe mais alto do que os demais sons
abafando o conhecimento da verdade. Poderemos equiparar esta ideia como
se do ego se tratasse. O sujeito deve, acima de tudo desprender-se de si, dos
seus desejos, inclinações, medos e raivas de forma a poder absorver o
verdadeiro conhecimento. Ao juntarmos estes dois conceitos, Mana e Prana no
livro do Yajurveda destinado aos rituais e sacrifícios podemos perceber que o
intuito central da obra é levar os sujeitos a descobrir e a desenvolver técnicas e
rituais de respiração e de autoconhecimento.
C- O 3º livro dos Vedas, Samaveda, corresponde ao livro mais pequeno
dos Vedas. Tem uma correlação muito forte com o Rigveda de onde parte
como referência fazendo um reajustamento dos seus escritos de modo que
5
estes últimos pudessem servir de pratica nos rituais e sacrifícios de Soma6
.
Está escrito em verso e é composto com cerca de 1000 hinos, Shakhas, que
são evocados pelos Udgatar, isto é, os sacerdotes, durantes a realização dos
seus rituais e cerimónias religiosas. Das várias versões existentes, apenas se
conseguiu aceder a 3 sendo que as restantes desapareceram no tempo. As
origens do seu nome, Samaveda, deve-as à designação Saman, que significa
“canto ritual” e Veda enquanto conhecimento o que explicita a sua função
ritualista.
D- Finalmente o 4º livro dos Vedas, Atharvaveda, corresponde uma obra
composta por nove shakhas, do qual subsistem apenas duas edições: de
Shaunaka e de Paipallada. É constituído por um total de 730 hinos divididos em
20 livros. Cerca de 1200 versos são retirados do Rigveda. Um sexto da obra
está escrita em prosa denotando um tipo de linguagem própria dos Brâmanes,
motivo pelo qual também é conhecida como “Brahamaveda”. O restante da
obra está escrito em verso. Atharvaveda corresponderá a uma importante obra
da medicina indiana pelo qual ainda hoje se vão buscar muitos dos
ensinamentos que fazem parte da terapia Ayurveda. A terapia Ayurveda
presente quer nas massagens quer em termos de terapêutica não convencional
deve a sua origem a esta obra. Muitos dos seus mantras constituem uma fonte
de explicitação de muitas doenças do foro físico e mental e da sua forma de
cura. Paralelamente, a obra também está inclui um conjunto de receitas de
remédios contra o veneno de insetos e de cobras bem como a aplicação de
várias ervas medicinais.
Em termos de estrutura o livro de Atharvaveda pode ser dividido em 3 partes
fundamentais: uma primeira parte em que são apresentadas as curas para
enfermidades e para a destruição dos obstáculos, uma segunda parte em que
expressam rituais de procura de paz, saúde e bem-estar bem como uma longa
vida e uma 3ª parte que corresponde à parte mais filosófica de todas na qual
são explicitadas as questões relativas à suprema realidade, ao próprio tempo,
morte e imortalidade. Dada a dimensão e a vastidão das temáticas abordadas,
o livro Atharvaveda constitui-se como um verdadeiro recurso de conhecimento
6
O Soma corresponde a uma planta da qual é extraído seu suco e que à qual é misturado leite e outros
ingredientes. Este era oferecido como sacrifício aos deuses.
6
do modo de vida hindu desde as suas bases políticas e organizacionais até ao
seu complexo filosófico.
O Atharvaveda trata-se da única obra dos Vedas em que manifestamente a
felicidade mundana é dada como possível de aliar ao conhecimento espiritual.
Podemos perceber isso melhor entendendo um conjunto de conceitos sobre os
quais repousa esta conceção. Sendo uma obra rica em concetualização
metafísica é comum a evocação e exploração de conceitos como o de
Brahman, Tapas, Asat, Prana e Manas.
O conceito de Brahman, ou bramã, é um conceito comumente traduzido por
absoluto ou por espírito divino e infinito. O bramã será, então a origem e o fim
de tudo, enquanto origem de todas as reencarnações e fim de cada uma delas
e da própria libertação final definido também como a verdade absoluta ou a
forma de conhecimento superior. Para compreender este conceito é necessário
ter em consideração um conjunto de noções. A primeira de todas elas
corresponde ao facto deste conceito estar circunscrito no âmbito de uma
teosofia7
, isto é, num conjunto de referências metafísicas que visam explicar a
totalidade dos fenómenos do universo segundo uma conceção divina ou
mística da natureza. Subjacente a esta ideia está a de que o bramã constitui o
absoluto a que o espírito quando desprendido do corpo aspira antes de uma
nova reencarnação. Segundo esta conceção todo o espírito passa por um
processo evolutivo de metempsicose8
, segundo o qual as várias
transmigrações da alma são consideradas como uma forma de samsara, isto é,
um processo evolutivo de acontecimentos e realidades que se apresentam
consoante o carma da pessoa. Assim, um ser no eterno fluxo das suas
múltiplas reencarnações encontrará como desafio o carma que atua sob a
7
Teosofia = θεοσοφία = θεός “Deus” + σοφία “Sabedoria” = “sabedoria divina”. Este conceito é adotado
como forma de caracterizar as teorias e religiões que visam uma explicação de todos os fenómenos do
universo com base num processo de gradação evolutiva de conhecimento. Nesse sentido, subjacente a
esta ideia subsiste também a noção de uma graduação ao nível de conhecimentos (dos inferiores mais
ligados à matéria aos superiores mais ligados ao espírito) e que têm uma implicação em todos os
domínios da existência. Para além disso as teosofias são, em geral identificadas como defendendo a
metempsicose como fonte de conhecimento primordial. A alma, dada a sua constante transmigração
consegue aspirar a um conhecimento cada vez mais elevado e purificado fruto das constantes
reencarnações.
8
Partindo de uma conceção dualista constitui-se como a teoria que defende a transmigração da alma de
um corpo para o outro, isto é, a ideia de que é possível ao espírito, após um determinado ciclo
reencarnatório, conseguir migrar para outro corpo físico seja ele da minha natureza de seres ou não.
7
forma como os acontecimentos se sucedem na sua existência samsara. Este
carma constitui-se de acordo com um princípio geral de ação-reação no qual os
sujeitos sofrem o reflexo das suas ações (positivas e negativas). É neste
seguimento de ideias que surge para os hindus a noção de que uma alma
“humana” poderá transmigrar para um animal ou até mesmo um vegetal caso
as suas ações e comportamentos numa determinada existência sejam de tal
forma desprezíveis que atrasaram, ou neste caso regrediram, o seu processo
evolutivo reencarnatório, o seu samsara. Para além disso, constitui-se como
ideia geral do hinduísmo a consideração de que cada ser passa exatamente no
seu samsara o que necessitará para o seu processo evolutivo. Assim, se um
homem rico não souber lidar com a sua riqueza de modo a cumprir a retidão e
a canã, então, numa próxima encarnação ele surgirá como pobre de forma a
poder experimentar os efeitos adversos dos seus atos e efetivar esta
aprendizagem. Todas estas ideias, ligadas à noção de bramã, aparecem como
princípios básicos da religião hindu e de outras religiões que dela derivaram e
são de certo modo defendidas por outros autores ocidentais sendo um dos
seus claros exemplos Platão. Podemos encontrar sérias semelhanças entre
estes princípios e a doutrina das formas de Platão explicita nos seus vários
diálogos9
o que demonstra a importância e a influência que a doutrina da
filosofia hindu denota no pensamento ocidental e na própria filosofia em geral.
Outro dos conceitos que é muito explorado neste livro do Atharvaveda
corresponde ao conceito de Tapas. Este conceito é habitualmente definido por
sofrimento, contudo este sofrimento que está implícito no conceito de Tapas
não é um sofrimento injustificado, isto, algo que surge sem um propósito ou
finalidade à vista. Tapas constitui o caminho para a ascensão do espírito, o
caminho para a purificação do espírito de qualquer traço dos manas, isto é, de
qualquer traço de egoísmo e individualidade que atrasam ou impedem a
evolução progressiva do autoconhecimento. Este autoconhecimento é uma
tentativa de ligação com o absoluto, com o bramã, e, portanto, desprovido de
qualquer noção corpórea e material. Para o alcançar, muitas vezes o ascético,
9
Os diálogos que mais evidencia esta semelhança serão naturalmente o “Fédon” e em parte também o
“Banquete”.
8
ou renunciante10
, terá obrigatoriamente de passar por várias Tapas, isto é, por
várias privações e sacrifícios, por vários males necessários ao seu progresso
evolutivo.
Finalmente outro dos conceitos com muito destaque no Atharvaveda
corresponde ao conceito de asat. Este conceito só se compreenderá à luz dos
restantes conceitos com os quais se relaciona e que aparecem discriminados
anteriormente. Para os hindus asat significa a falsidade, a irrealidade e a
inexistência. Esta classificação aparece como contraposição da noção de
verdade absoluta, realidade e ser noções associadas à bramã. Para os hindus
o campo fenoménico em geral corresponde a uma forma de asat, isto é a uma
ilusão de existência ou aparência de verdade quando a verdadeira realidade, o
verdadeiro saber estão no plano metafísico do alcance do bramã. Ora, é fácil
antever uma ligação destas conceções com a própria ideia platónica que a
verdadeira realidade estará no plano das formas ou das ideias, ao qual o plano
fenoménico apenas surge como forma de aparência, como ilusão. Sendo mais
uma vez claro a ligação entre a filosofia hindu e as bases da filosofia ocidental.
Para além dos livros dos Vedas, de todos os mais antigos, fazem parte do
hinduísmo outras obras também elas com muito conteúdo filosófico que poderá
ter servido como fonte de inspiração para a filosofia ocidental como sendo os
Upanisads ou os Purãnas entre outros.
A história da formação do hinduísmo é, em geral constituída por 3 fases
distintas: o Hinduísmo Védico; o hinduísmo brâmico e o hinduísmo híbrido.
O Hinduísmo Védico, tal como o nome indica está fundamentalmente assente
no livro sagrado dos Vedas e centrava-se no culto a deuses tribais como
Dyaus. Seguiu-se a fase do hinduísmo bramânico envolto do culto da tríade:
Brahma, Vishnu e Shiva e do qual reconhecemos, ainda atualmente a divisão
dos seres humanos em castas. Finalmente a terceira e última fase de
10
É comum na filosofia hindu a ideia de que o conhecimento bramã é possível de alcançar durante a
própria existência através de um exercício rigoroso e hostil que leva o ser comum a se constituir como
um renunciante. O renunciante será da grupo dos sacerdotes alguém sábio que decidiu fazer um
caminho de libertação total da matéria como forma de alcance do bramã. Para isso isola-se dos
restantes refugiando-se na natureza em vista do alcance da desmaterialização. Esta ideia irá aparecer
também vinculada em outras religiões como o budismo e na forma como estes alcançariam o nirvana.
9
reformulação do hinduísmo corresponde ao Hinduísmo híbrido resultante das
influências cristãs e islâmicas e do qual vemos o seu desmembrar nas
múltiplas religiões que dela surgiram.
Na sua grande maioria caracteriza-se como uma religião Politeísta, que presta
culto a vários deuses11
. Alguns destes deuses são avatares, isto é, são
manifestações corpóreas de alguns deuses imortais. Para os hindus um avatar
constitui a forma de os deuses se tornarem visíveis ao olhar e à compreensão
humana. Dada a falta de ligação entre o bramã, o absoluto da verdade no qual
todos os deuses repousam e a asat ou mentira na qual os humanos coexistem
é necessário encontrar um plano intermédio entre estes dois. Esse plano
intermédio é conseguido através da manifestação avatar do deus. Este
conceito é, portanto, original do hinduísmo e do qual recentemente foi
reutilizado para o contexto da inteligência artificial e do cenário virtual de
videojogos e filmes de ficção científica.
Referências Web gráficas utilizadas:
https://www.britannica.com
https://www.hipercultura.com/maiores-religioes-do-mundo-mapa/
https://segredosdomundo.r7.com/deuses-hindus/
https://super.abril.com.br/historia/os-vedas-um-livro-aberto/
https://www.shri-yoga-devi.org/downloadvedas
https://www.nova-acropole.pt/a_sanscrito.html
https://ayurveda.com.br/o-rig-veda/
https://www.espiritoelevado.com.br/os-livros-sagrados-do-hinduismo-em-pdf/
http://vedicheritage.gov.in
https://www.hinduwebsite.com/hinduism/
11
Ver Anexo com um síntese dos principais deuses da religião hindu.

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  • 1. 1 AS BASES DO HINDUÍSMO COMO AS PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO Apesar de vulgarmente associada à cultura clássica europeia, a filosofia enquanto atividade crítica e concetual é muito anterior à sua definição histórica. Um dos claros exemplos dessa antiguidade está presente nas origens do Hinduísmo e nos seus 4 livros dos Vedas: Rigveda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda. De forma a melhor clarificar esta afirmação pretende-se fazer um pequeno resumo desta religião, a sua origem e as principais teses para delas extrair a correlação de muitas dos seus conceitos e teorias utilizados posteriormente na filosofia ocidental. 1- O surgimento da religião hindu A religião hindu, tal como poderá ser observado no gráfico acima exposto corresponde à 3ª religião com maior número de fiéis e localiza-se essencialmente nas regiões da Índia e Paquistão. Originária das comunidades da região do Vale Indo deve a sua designação como hinduísmo à atribuição póstuma feita pelos ingleses numa das suas expedições para se referirem a todos os praticantes de todas as religiões praticantes na Índia dada a multiplicidade e diversidade das sua crenças e rituais. A palavra “hindu” viria a
  • 2. 2 ser definida devido à importância que o rio Indo tinha na constituição e na prática dos rituais das suas múltiplas crenças aí existentes. Originalmente os seus ensinamentos começaram por ser transmitidos oralmente e só viram a luz do dia naquele que ficou definido como a primeiro livro sagrado – Os Vedas – que fora depois escrito no chamado sânscrito védico. O sânscrito védico tem algumas distinções do sânscrito clássico. O sânscrito clássico é uma língua indo-europeia flexional tal como são o grego e o latim base da língua indiana atual e de outras línguas como o vietnamita e o tailandês. Devido à sua importância em toda a região da Índia ainda continua a ser a língua utilizada nos cânticos (mantras1 ) de várias práticas religiosas e nas descobertas científicas do mesmo modo que na cultura europeia utilizamos o latim como designação de todas as descobertas científicas. Tal como no grego e no latim, as palavras em sânscrito resumem ideias complexas, isto é, não se reportam a uma única realidade, mas a um conceito tomado de forma individual. 2- Os livros dos Vedas e as suas principais teses e conceitos A- O primeiro livro dos Vedas a surgir seria o Rigveda (Rig – Veda) «sabedoria dos versos» que data a sua composição entre 1700 a. C e 1100 a.C., apesar de existirem referências anteriores que o datam de 4000 a. C. Tal facto poderá ser derivado do facto dos Vedas serem inicialmente fonte da tradição oral e só numa fase mais tardia é que se constituíram como escrita. O Rigveda fala de dois povos que coexistem, os Arianos (nómadas) e os Dravidianos (povos fixos da região do Vale do Indo). O livro do Rigveda é composto por 1028 hinos (cânticos / mantras) e apresenta duas versões distintas: o Samhitapatha (cânticos de recitação) e o Padapatha (cânticos para memorização). Tendencialmente, Rigveda, é apresentado numa versão mais simbólica e mística assente na ideia de um monismo existencial, isto é, na ideia de que 1 Os mantras correspondem a cânticos e nos quais são repetidos repetidamente determinadas expressões ou palavras. O seu objetivo é essencialmente suscitar a reflexão e o relaxamento, mas são também usados como prática ritualista ou como forma de adoração dos deuses. Normalmente são classificados de acordo com a divindade a que aspiram.
  • 3. 3 cada ser do universo faz parte de um complexo universal com o todo, uma parte do todo. Em termos formais a obra está dividida em dez livros2 na sua maioria dedicados ao culto das divindades, mas também a lidar com várias questões filosóficas tais como a ideia de pertença ao todo, a ideia de monismo existencial. Segundo esta teoria “somos todos partes de uma coisa só, que é uma espécie de inteligência divina”. Esta noção seria retomada por S. Tomás Aquino quando no âmbito do seu argumento da inteligência ordenadora faz crer a ideia de que todos os elementos do universo fazem parte de um todo maior construído por Deus e do qual devem o seu propósito3 .Para além disso, surge também a ideia de caridade enquanto virtude da excelência humana, a dãna e da divisão entre os conhecimentos superiores (ligado com as essências e com o autoconhecimento) e conhecimentos inferiores (ligados diretamente com os objetos)4 . Esta última ideia será uma ideia retomada por Platão com a distinção que o mesmo faz dos diferentes tipos de objetos e da designação do bem enquanto bem último e forma de conhecimento superior. Para este autor, o bem último enquanto conhecimento superior seria como o Sol, isto é, a luz que ilumina e possibilita as restantes formas de conhecimento5 . B- O 2º livro dos Vedas, Yajurveda, também conhecido como lajurveda data de entre 1500 a.C. e 500 a.C. A conjugação da sua definição, Yajus que significa sacrifício + Veda que é traduzido por conhecimento, visa representar o seu principal conteúdo – textos religiosos que visam incitar e explicitar sacrifícios aos deuses. Tal como o livro seguinte, Samaveda trata-se de um livro composto por músicas, mantras, só que ao contrário deste último está 2 A versão dos mesmos está disponível em https://www.shri-yoga-devi.org/downloadvedas 3 Este argumento faz parte da obra Suma Teológica e corresponde para o autor à 5ª via de acesso a Deus podendo ser formalizada da seguinte forma: P1: No mundo as coisas operam em prol de um fim. P2: O fim que as coisas atingem ou é fruto do acaso ou é fruto de um ser inteligente que não ele mesmo. P3: O fim que as coisas atingem não é fruto do acaso. C: Logo, o fim que as coisas atingem é fruto de um ser inteligente que não ele mesmo. 4 A conceção dualista do plano das ideias e do plano dos objetos de Platão parece neste sentido ter tido a sua influência nestas ideias. 5 Cf: República Platão “Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.”” ... comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la.””... no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida em particular e pública.”516 -517a
  • 4. 4 escrito em prosa e não em verso. Esta obra está, no entanto, dividida em 2 coleções, ou samhitas, que correspondem respetivamente ao Shukla, branco, e ao Krishna, negro. Do 1º existem 2 versões do último existem 4 versões efetuadas pelos reconhecidos sábios do hinduísmo. Em termos filosóficos esta obra faz destaque de dois dos conceitos mais importantes quer do hinduísmo quer de outras religiões a ela associadas: o Prana e o Manas. O conceito de Prana é habitualmente traduzido por força vital, tal como na filosofia ocidental vemos o conceito de anima (latim) ou ἐνέρρεια (enéreia) (Grego). Este conceito, mais do que corresponder ao conceito de alma com que muitas das vezes é simbolizado corresponderá mais a um complexo de energia espiritual presente em todos os elementos da natureza. Tudo o que é de vida possui esta mesma energia, este mesmo “ar de vida”, este mesmo “espírito”. Segundo os hindus todos os sujeitos nascem com um determinado número de respirações previamente delimitada (sopro de vida) sendo que o controlo das mesmas uma efetiva necessidade de aprendizagem sob pena de poder prolongar a sua passagem sobre a Terra. O conceito de Mana é habitualmente traduzido pelo conceito de mente ou consciência, no entanto em termos filosóficos terá uma correspondência muito mais alargada do que isso sendo associado também a um estado de autoconsciência. Para os hindus é dever de todos limpar e purificar este estado de autoconsciência para que este não soe mais alto do que os demais sons abafando o conhecimento da verdade. Poderemos equiparar esta ideia como se do ego se tratasse. O sujeito deve, acima de tudo desprender-se de si, dos seus desejos, inclinações, medos e raivas de forma a poder absorver o verdadeiro conhecimento. Ao juntarmos estes dois conceitos, Mana e Prana no livro do Yajurveda destinado aos rituais e sacrifícios podemos perceber que o intuito central da obra é levar os sujeitos a descobrir e a desenvolver técnicas e rituais de respiração e de autoconhecimento. C- O 3º livro dos Vedas, Samaveda, corresponde ao livro mais pequeno dos Vedas. Tem uma correlação muito forte com o Rigveda de onde parte como referência fazendo um reajustamento dos seus escritos de modo que
  • 5. 5 estes últimos pudessem servir de pratica nos rituais e sacrifícios de Soma6 . Está escrito em verso e é composto com cerca de 1000 hinos, Shakhas, que são evocados pelos Udgatar, isto é, os sacerdotes, durantes a realização dos seus rituais e cerimónias religiosas. Das várias versões existentes, apenas se conseguiu aceder a 3 sendo que as restantes desapareceram no tempo. As origens do seu nome, Samaveda, deve-as à designação Saman, que significa “canto ritual” e Veda enquanto conhecimento o que explicita a sua função ritualista. D- Finalmente o 4º livro dos Vedas, Atharvaveda, corresponde uma obra composta por nove shakhas, do qual subsistem apenas duas edições: de Shaunaka e de Paipallada. É constituído por um total de 730 hinos divididos em 20 livros. Cerca de 1200 versos são retirados do Rigveda. Um sexto da obra está escrita em prosa denotando um tipo de linguagem própria dos Brâmanes, motivo pelo qual também é conhecida como “Brahamaveda”. O restante da obra está escrito em verso. Atharvaveda corresponderá a uma importante obra da medicina indiana pelo qual ainda hoje se vão buscar muitos dos ensinamentos que fazem parte da terapia Ayurveda. A terapia Ayurveda presente quer nas massagens quer em termos de terapêutica não convencional deve a sua origem a esta obra. Muitos dos seus mantras constituem uma fonte de explicitação de muitas doenças do foro físico e mental e da sua forma de cura. Paralelamente, a obra também está inclui um conjunto de receitas de remédios contra o veneno de insetos e de cobras bem como a aplicação de várias ervas medicinais. Em termos de estrutura o livro de Atharvaveda pode ser dividido em 3 partes fundamentais: uma primeira parte em que são apresentadas as curas para enfermidades e para a destruição dos obstáculos, uma segunda parte em que expressam rituais de procura de paz, saúde e bem-estar bem como uma longa vida e uma 3ª parte que corresponde à parte mais filosófica de todas na qual são explicitadas as questões relativas à suprema realidade, ao próprio tempo, morte e imortalidade. Dada a dimensão e a vastidão das temáticas abordadas, o livro Atharvaveda constitui-se como um verdadeiro recurso de conhecimento 6 O Soma corresponde a uma planta da qual é extraído seu suco e que à qual é misturado leite e outros ingredientes. Este era oferecido como sacrifício aos deuses.
  • 6. 6 do modo de vida hindu desde as suas bases políticas e organizacionais até ao seu complexo filosófico. O Atharvaveda trata-se da única obra dos Vedas em que manifestamente a felicidade mundana é dada como possível de aliar ao conhecimento espiritual. Podemos perceber isso melhor entendendo um conjunto de conceitos sobre os quais repousa esta conceção. Sendo uma obra rica em concetualização metafísica é comum a evocação e exploração de conceitos como o de Brahman, Tapas, Asat, Prana e Manas. O conceito de Brahman, ou bramã, é um conceito comumente traduzido por absoluto ou por espírito divino e infinito. O bramã será, então a origem e o fim de tudo, enquanto origem de todas as reencarnações e fim de cada uma delas e da própria libertação final definido também como a verdade absoluta ou a forma de conhecimento superior. Para compreender este conceito é necessário ter em consideração um conjunto de noções. A primeira de todas elas corresponde ao facto deste conceito estar circunscrito no âmbito de uma teosofia7 , isto é, num conjunto de referências metafísicas que visam explicar a totalidade dos fenómenos do universo segundo uma conceção divina ou mística da natureza. Subjacente a esta ideia está a de que o bramã constitui o absoluto a que o espírito quando desprendido do corpo aspira antes de uma nova reencarnação. Segundo esta conceção todo o espírito passa por um processo evolutivo de metempsicose8 , segundo o qual as várias transmigrações da alma são consideradas como uma forma de samsara, isto é, um processo evolutivo de acontecimentos e realidades que se apresentam consoante o carma da pessoa. Assim, um ser no eterno fluxo das suas múltiplas reencarnações encontrará como desafio o carma que atua sob a 7 Teosofia = θεοσοφία = θεός “Deus” + σοφία “Sabedoria” = “sabedoria divina”. Este conceito é adotado como forma de caracterizar as teorias e religiões que visam uma explicação de todos os fenómenos do universo com base num processo de gradação evolutiva de conhecimento. Nesse sentido, subjacente a esta ideia subsiste também a noção de uma graduação ao nível de conhecimentos (dos inferiores mais ligados à matéria aos superiores mais ligados ao espírito) e que têm uma implicação em todos os domínios da existência. Para além disso as teosofias são, em geral identificadas como defendendo a metempsicose como fonte de conhecimento primordial. A alma, dada a sua constante transmigração consegue aspirar a um conhecimento cada vez mais elevado e purificado fruto das constantes reencarnações. 8 Partindo de uma conceção dualista constitui-se como a teoria que defende a transmigração da alma de um corpo para o outro, isto é, a ideia de que é possível ao espírito, após um determinado ciclo reencarnatório, conseguir migrar para outro corpo físico seja ele da minha natureza de seres ou não.
  • 7. 7 forma como os acontecimentos se sucedem na sua existência samsara. Este carma constitui-se de acordo com um princípio geral de ação-reação no qual os sujeitos sofrem o reflexo das suas ações (positivas e negativas). É neste seguimento de ideias que surge para os hindus a noção de que uma alma “humana” poderá transmigrar para um animal ou até mesmo um vegetal caso as suas ações e comportamentos numa determinada existência sejam de tal forma desprezíveis que atrasaram, ou neste caso regrediram, o seu processo evolutivo reencarnatório, o seu samsara. Para além disso, constitui-se como ideia geral do hinduísmo a consideração de que cada ser passa exatamente no seu samsara o que necessitará para o seu processo evolutivo. Assim, se um homem rico não souber lidar com a sua riqueza de modo a cumprir a retidão e a canã, então, numa próxima encarnação ele surgirá como pobre de forma a poder experimentar os efeitos adversos dos seus atos e efetivar esta aprendizagem. Todas estas ideias, ligadas à noção de bramã, aparecem como princípios básicos da religião hindu e de outras religiões que dela derivaram e são de certo modo defendidas por outros autores ocidentais sendo um dos seus claros exemplos Platão. Podemos encontrar sérias semelhanças entre estes princípios e a doutrina das formas de Platão explicita nos seus vários diálogos9 o que demonstra a importância e a influência que a doutrina da filosofia hindu denota no pensamento ocidental e na própria filosofia em geral. Outro dos conceitos que é muito explorado neste livro do Atharvaveda corresponde ao conceito de Tapas. Este conceito é habitualmente definido por sofrimento, contudo este sofrimento que está implícito no conceito de Tapas não é um sofrimento injustificado, isto, algo que surge sem um propósito ou finalidade à vista. Tapas constitui o caminho para a ascensão do espírito, o caminho para a purificação do espírito de qualquer traço dos manas, isto é, de qualquer traço de egoísmo e individualidade que atrasam ou impedem a evolução progressiva do autoconhecimento. Este autoconhecimento é uma tentativa de ligação com o absoluto, com o bramã, e, portanto, desprovido de qualquer noção corpórea e material. Para o alcançar, muitas vezes o ascético, 9 Os diálogos que mais evidencia esta semelhança serão naturalmente o “Fédon” e em parte também o “Banquete”.
  • 8. 8 ou renunciante10 , terá obrigatoriamente de passar por várias Tapas, isto é, por várias privações e sacrifícios, por vários males necessários ao seu progresso evolutivo. Finalmente outro dos conceitos com muito destaque no Atharvaveda corresponde ao conceito de asat. Este conceito só se compreenderá à luz dos restantes conceitos com os quais se relaciona e que aparecem discriminados anteriormente. Para os hindus asat significa a falsidade, a irrealidade e a inexistência. Esta classificação aparece como contraposição da noção de verdade absoluta, realidade e ser noções associadas à bramã. Para os hindus o campo fenoménico em geral corresponde a uma forma de asat, isto é a uma ilusão de existência ou aparência de verdade quando a verdadeira realidade, o verdadeiro saber estão no plano metafísico do alcance do bramã. Ora, é fácil antever uma ligação destas conceções com a própria ideia platónica que a verdadeira realidade estará no plano das formas ou das ideias, ao qual o plano fenoménico apenas surge como forma de aparência, como ilusão. Sendo mais uma vez claro a ligação entre a filosofia hindu e as bases da filosofia ocidental. Para além dos livros dos Vedas, de todos os mais antigos, fazem parte do hinduísmo outras obras também elas com muito conteúdo filosófico que poderá ter servido como fonte de inspiração para a filosofia ocidental como sendo os Upanisads ou os Purãnas entre outros. A história da formação do hinduísmo é, em geral constituída por 3 fases distintas: o Hinduísmo Védico; o hinduísmo brâmico e o hinduísmo híbrido. O Hinduísmo Védico, tal como o nome indica está fundamentalmente assente no livro sagrado dos Vedas e centrava-se no culto a deuses tribais como Dyaus. Seguiu-se a fase do hinduísmo bramânico envolto do culto da tríade: Brahma, Vishnu e Shiva e do qual reconhecemos, ainda atualmente a divisão dos seres humanos em castas. Finalmente a terceira e última fase de 10 É comum na filosofia hindu a ideia de que o conhecimento bramã é possível de alcançar durante a própria existência através de um exercício rigoroso e hostil que leva o ser comum a se constituir como um renunciante. O renunciante será da grupo dos sacerdotes alguém sábio que decidiu fazer um caminho de libertação total da matéria como forma de alcance do bramã. Para isso isola-se dos restantes refugiando-se na natureza em vista do alcance da desmaterialização. Esta ideia irá aparecer também vinculada em outras religiões como o budismo e na forma como estes alcançariam o nirvana.
  • 9. 9 reformulação do hinduísmo corresponde ao Hinduísmo híbrido resultante das influências cristãs e islâmicas e do qual vemos o seu desmembrar nas múltiplas religiões que dela surgiram. Na sua grande maioria caracteriza-se como uma religião Politeísta, que presta culto a vários deuses11 . Alguns destes deuses são avatares, isto é, são manifestações corpóreas de alguns deuses imortais. Para os hindus um avatar constitui a forma de os deuses se tornarem visíveis ao olhar e à compreensão humana. Dada a falta de ligação entre o bramã, o absoluto da verdade no qual todos os deuses repousam e a asat ou mentira na qual os humanos coexistem é necessário encontrar um plano intermédio entre estes dois. Esse plano intermédio é conseguido através da manifestação avatar do deus. Este conceito é, portanto, original do hinduísmo e do qual recentemente foi reutilizado para o contexto da inteligência artificial e do cenário virtual de videojogos e filmes de ficção científica. Referências Web gráficas utilizadas: https://www.britannica.com https://www.hipercultura.com/maiores-religioes-do-mundo-mapa/ https://segredosdomundo.r7.com/deuses-hindus/ https://super.abril.com.br/historia/os-vedas-um-livro-aberto/ https://www.shri-yoga-devi.org/downloadvedas https://www.nova-acropole.pt/a_sanscrito.html https://ayurveda.com.br/o-rig-veda/ https://www.espiritoelevado.com.br/os-livros-sagrados-do-hinduismo-em-pdf/ http://vedicheritage.gov.in https://www.hinduwebsite.com/hinduism/ 11 Ver Anexo com um síntese dos principais deuses da religião hindu.