3. OS VEDAS
Os Vedas são as escrituras básicas dos Hindus e sua maior
autoridade em todos os assuntos ligados à religião e à
filosofia;
Eles são sobretudo a literatura indo-ariana mais antiga
existente. Estima-se que tenham mais de 5000 anos de
existência ainda que os hindus digam que eles são tão
antigos quanto o próprio homem;
Os textos são tidos como eternos, sem começo e sem
nenhuma autoridade humana;
O significado primeiro de Veda é conhecimento não
criado, sabedoria supra-sensível. O segundo significado
está ligado às palavras nas quais tal conhecimento está
investido.
4. OS VEDAS
“Veda” denota, assim, não apenas a religião e
sabedoria filosófica da Índia, mas também os
livros nos quais os primitivos enunciados
daquela sabedoria estão preservados;
São livros sagrados para os hindus, conhecidos
como a “Palavra de Brahma” (Sabda-Brahma);
Há dois tipos de conhecimento, o sensorial,
baseado nos sentidos e na experiência física, e o
transcendental, realizado por meio das
disciplinas mentais e espirituais do Yoga. Esse
último conhecimento é o apresentado nos
Vedas.
5. OS VEDAS
No início de um universo, o Senhor (Ishwara)
traz consigo o conhecimento dos Vedas com
os quais cria seu universo. Ishwara é o
primeiro Instrutor das verdades védicas;
Os Vedas são chamados de Sruti (de sru,
ouvir), uma vez que eram transmitidos
oralmente de instrutor a discípulo numa
época em que não existia a tradição escrita
ou porque as palavras dos Vedas eram
consideradas sagradas demais para serem
escritas.
6. OS VEDAS
Palavras escritas se tornam de propriedade
de todos e os Vedas deviam ser estudados
apenas por aqueles que fossem iniciados por
um instrutor qualificado;
Uma vez que se decidiu escrever os Vedas ,
muitos séculos depois de sua composição, as
palavras foram fielmente mantidas
inalteradas, como o são até hoje.
7. OS VEDAS
Os Vedas tem sido divididos de vários
modos, A divisão mais geral segue o tipo de
assunto: Karmakanda e Jnanakanda;
Karmakanda trata do karma, ações
ritualísticas, sacrifícios etc. e tem por
propósito a obtenção de prosperidade
material na terra e felicidade após a morte;
Jnanakanda trata do Conhecimento através
do qual se obtém a liberação da ignorância e
a mais elevada Iluminação.
8. OS VEDAS
Nos Puranas está declarado que Vyâsa foi
ordenado por Brahma a fazer a compilação
dos Vedas. A Vyâsa é atribuida a autoria do
Mahabharata;
Vyâsa arranjou os Vedas em quatro livros:
Rik, Yajur, Saman e Atharva;
Cada um dos vedas se divide em duas
seções: Mantra e Brahmana.
9. OS VEDAS
Mantra, também chamada de Samhitã (
sam: junto e hita: colocar) significa,
literalmente uma coleção de hinos ou
mantras usados em sacrifícios. A oferenda de
oblações para a propriação de devatãs ou
deidades é chamada de sacrifício, ou yajna;
Essa era uma cerimônia muito importante
através da qual os antigos ário-indus
comungavam com os deuses ou poderes
elevados.
10. OS VEDAS
O Mantra compreende as orações e hinos,
enquanto as Brahmanas contêm as regras e
regulamentos para os sacrifícios, lida com
seus acessórios e também revela o
significado do Mantra, o qual, de outro
modo, permaneceria obscuro.
Mantra e Brahmanas são indispensáveis
para a adoração ortodoxa e a propiação dos
deuses.
11. OS VEDAS
Um desenvolvimento adicional das
Brahmana, incluida nele, foi a Aranyaka, ou
“tratado da floresta”, voltado às pessoas que
se retiravam para a floresta, conforme o ideal
do terceiro estágio da vida. Eram
consequentemente, inadequados de acordo
com o modo usual de sacrificios obrigatórios
para os chefes de família duas vezes nascidos,
e especialmente brâmanes.
12. OS VEDAS
Os sacrificios requeriam muitos artigos e
acessórios impossíveis de se encontrar na
floresta. Assim, a Aranyaka prescreve a
adoração simbólica e descreve várias
meditações a serem usadas como substitutas
do verdadeiro sacrifício.
O período integral de vida de um ário-indu
era dividido em quatro estágios:
brahmacharya, gãrhasthya, vãnaprastha e
sannyãsa.
13. OS VEDAS
O primeiro estágio era devotado ao estudo.
O estudante celibatário levava uma vida de
castidade e austeridade e servia ao seu
instrutor com humildade. Ele aprendia as
seções de Mantra e Brahmana dos Vedas.
Quando ele deixava a casa de seu instrutor,
após completar seus estudos, ele era
ordenado a não se desviar da verdade e a
perseverar nos estudos dos Vedas.
14. OS VEDAS
O segundo estágio era devotado às
responsabilidades do lar e da família. O
jovem tomava uma esposa. Ambos
realizavam os sacrifícios védicos com o uso
de Mantra e de acordo com as regras de
Brahmana;
O terceiro estágio começava quando o
cabelo ficava branco e a face começava a se
enrugar. As obrigações do lar eram então
passadas aos filhos e o jovem de retirava com
sua esposa para a floresta.
15. OS VEDAS
Ele era então conhecido como vãnaprashthin ou
arãnyaka, um habitante da floresta. A porção
Aranyaka dos Vedas prescrevia para ele
sacrifício pela meditação e adoração simbólica;
O estágio final, chamado sannyãsa, era a
culminação da vida estritamente regulada do
ário-indu. Durante esse período, tendo
renunciado totalmente ao mundo, ele se
tornava um sannyãsin, um monge andarilho,
livre de desejos e apegos terrenos e absorvido
numa ininterrupta contemplação de Brahma.
16. OS VEDAS
Ele não precisava mais adorar a Deus por
meio de artigos materiais ou mesmo
símbolos mentais. Era para ela que os
Upanishads (geralmente as porções
conclusivas dos Ãranyakas) eram destinados;
Assim, os videntes ário-indus arranjaram os
Vedas para se conformar aos quatro estágios
da vida:
17. OS VEDAS
Brahmachãri: estudava o SAMHITÃ
Homem do lar: seguia as injunções das
BRÃHMANAS;
Habitante da floresta: praticava a
contemplação de acordo com os ÃRANYAKA;
Sannyãsin: era guiado pela sabedoria dos
UPANISHADS.
19. Os Upanishads são considerados a
forma mais elevada de conhecimento
nos quais se encontra a chave para a
realização da consciência última,
Brahman;
Os Upanishads são parte integrante da
Tradição Védica da Índia.
21. Grupos de discípulos sentavam-se perto do mestre para
aprender com ele a doutrina secreta.
O assunto ensinado é da
natureza da mais elevada
sabedoria.
Era ensinado aos “dignos”,
aos “preparados” para
absorver tais Ensinamentos.
Recolhidos em ermidas localizadas nas florestas, os Sábios
decodificavam a mais alta forma de conhecimento e
transmitiam aos discípulos cuidadosamente selecionados
por suas aptidões e elegibilidades;
22. UPANISHAD
Os Upanishds fornecem uma visão espiritual e uma filosofia que
contém em si a mensagem última e o propósito dos Vedas.
Por isso são conhecidos como “Vedanta” (“anta”= “fim”)
Os Upanishads são o “fim” dos Vedas, em dois sentidos.
VEDA[A]NTA
ANTA
[FIM]
23. UPANISHAD
Os Upanishds são encontrados na conclusão de cada ramo dos
Vedas.
São o objetivo final ou meta de todo o Ensinamento Védico.
São encontrados nas seções de conclusão de cada um dos
Vedas. Daí serem chamados de Vedanta (Conclusão dos Vedas)
VEDA[A]NTA
ANTA
[FIM]
24. VEDAS
• Se considerarmos as duas partes do Yajur
Veda como distintas, teremos um total de
cinco Vedas.
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
Sama
Veda
Krishna
Veda
25. VEDAS
• Cada Veda tem vários shaakas (Ramos).
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
Ramos
(Shaakas)
Sama
Veda
Krishna
Veda
26. VEDAS
• Cada shaaka tem uma seção conhecida como
“Karma Khanda” que aborda as ações/rituais a
executar.
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
Ramos
(Shaakas)
Sama
Veda
Krishna
Veda
Karma
Khanda
27. VEDAS
• Karma Khanda consiste de duas seções: Mantras e Brahmanas.
• Brahmanas tratam das várias formas de meditação conhecidas
como “Upasanas”.
• A forma mais elevada de Upasanas é para aqueles que se retiram
para a solidão da floresta a fim de alcançar o conhecimento
Absoluto.
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
Ramos
(Shaakas)
Sama
Veda
Krishna
Veda
Karma
Khanda
Brahmanas
Mantras
28. VEDAS
• Upasanas são descritos nos Aranyakas, onde Aranya significa
floresta.
• Os Upanishads, a forma mais elevada do conhecimento realizado,
encontram-se na seção Aranyaka dos Vedas.
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
Ramos
(Shaakas)
Sama
Veda
Krishna
Veda
Karma
Khanda
Brahmanas
Mantras
Aranyakas
Upanishads
29. VEDAS
• Os cinco Vedas contêm 1180 shaakas ou ramos e, por conseguinte,
logicamente somam 1180 Upanishads.
• No presente o que temos, de acordo com Mutiko Upanishad, é uma
lista de 108 Upanishads disponíveis em texto.
Rig
Veda
Shukla
Veda
Atharva
Veda
1180 Shaakas
Sama
Veda
Krishna
Veda
1180
Upanishads
Mutiko
Upanishad
108
Upanishads
31. SHAIVA: 13 Upanishads que seguem a tradição Shivaista e
os seus princípios para alcançar o Supremo Brahman;
SHAKTI: 09 Upanishads que seguem o poder criativo da
Mãe Divina Shakti.
VAISHNAV: 14 Upanishads que assimilam o conceito de
Vishnu. Esses Upanishads aprofundam as filosofias
suplementares do Vaishishta Advaita (Não dualidade com
qualidades) e Dvaita (Dualidade).
YOGA: 19 Upanishads com práticas yóguicas e os seus
métodos para alcançar a realização.
32. SANYASA: 16 Upanishads que lidam com o conceito de
renúncia e são especificamente para as pessoas que
desejam sair do caminho do mundo material e passar para
o da renúncia.
GERAL: 27 Upanishads que contêm aspectos variados de
tudo e que não podem ser considerados parte de um
processo particular de pensamento.
PRINCIPAL: 10 Upanishads maiores conhecidos como
Dashoupanishad. São considerados os mais genuínos com
respeito á sua fonte e autoridade.
Apesar dos 108 Upanishads indicados no Muktiko Upanishad, muitos
estudiosos debatem a autenticidade de muitos desses Upanishads com
relação à fonte e à autoridade ou credibilidade.
Mas os 10 Upanishads maiores ou principais são aceitos por todos como a
fonte genuina da Tradição Védica.
33. O grande Shri Adi Shankara escolheu
escrever comentários sobre esses
Dashoupanishads pela seguinte ordem:
Isha Upanishad
Kena Upanishad
Kathaa Upanishad
Prasna Upanishad
Munda Upanishad
Maandukya Upanishad
Taittariya Upanishad
Aitareya Upanishad
Chaandogya Upanishad
Brahadaaranyaka Upanishad
34. Shri Madhava e Shri Ramanuja também
esceveram comentários aos mesmos
Upanishads.
Os três abordaram de forma completamente
diferente o conhecimento nesses textos.
Adi Shankara destacou a filosofia não-
dualista (Advaita) exposta neles que,
resumidamente considera toda a
manifestação como nada mais que o Puro
Brahman, sem partes
35. Shri Madhava detacou a filosofia dvaita
(dualista), em contradição com o ponto de vista
de Shankaracharya. Ele declara que as
manifestações individuais são distintas do
Senhor Supremo, na forma de Vishnu e
dependem de Vishnu para existir e se libertar.
Shri Ramanuja enfatizou o Vashishta-advaita
(não dualismo com qualidade) que é um
compromisso entre a filosofia de Shankara e de
Mandhava. Aceita a filosofia de Shankara na
qual Brahman abrange toda a realidade. No
entanto, reconcilia ao declarar que o Brahman
supremo existe em partes, dentro de cada alma
individual, mas é independente e controla as
almas/espíritos e o Universo.
36. Em resumo, podemos apenas considerar 2 filosofias
para o entendimento dos Upanishads.
A filosofia Advaita de Shankara e as filosofias Dvaita e
Vaishista Advaita como proclamadas por Madhava e
Shri Ramanuja.
O Objetivo ou meta final dos Vedas está contido nos
Upanishads.
Os Upanishads, através de jnana marga ou caminho do
conhecimento, expõe o método direto de realização, o
abheda ou não dualidade do Ser Supremo e o Jiva, de
acordo com Shankaracharya.
37. Apesar dos Upanishads conterem informação sobre
rituais (yajnas), ou adoração de divindades, o foco é na
análise filosófica e enfatiza um estado mental livre de
todos os apegos.
A parte Karma Kaanda das escrituras condiciona a
mente para desenvolver uma disciplina interna que
através de constante instropeção e prática, finalmente
experiencia a não dualidade de Brahman.
O processo do mais elevado refinamento é iniciado
através das “Mahaa Vaakhyas”, as afirmações últimas
do conhecimento absoluto.
38. Apesar de haver muitos aforismos, 4 versos específicos
são considerados com a chave para realizar o supremo
Brahman.
Quatro Mahavaakyas são considerados os mais
importantes, contidos em quatro Upanishads.
A escolha de qual filosofia ou caminho adotar na
leitura dos Upanishads é uma escolha individual.
Vamos discorrer sobre o significado desses 4 versos
mais importantes de acordo com ambas as filosofias
apresentadas (a Advaita Shamkaracharya e a
Vaishnava de Madhava e Ramanuja).
39. 1ª Mahavaakya – Aitreya Upanishad (do Rig Veda)
“Prajñaanam Brahma” 6.3.3
Advait
(monoteísta)
Vaishnav
(Dual/
Não dual c/ Q)
“A experiência real, por si só, é Brahman”
“Brahman [Vishnu] tem o conhecimento
supremo”
Prajña: a forma última de
conhecimento obtido além da razão,
inferência ou sentidos
Brahma: o Todo
40. 2ª Mahavaakya – Brahadaranyak Upanishad (do Shukla
Yajur Veda)
“aham brahamaasmi” (अहं ब्रह्म अिस्म�त) 1.4.10
Advait
(monoteísta)
Vaishnav
(Dual/
Não dual c/ Q)
“Eu sou Brahman”
“Eu sou eterno e puro como Brahman [ou
Vishnu]”
Aham: Eu
Brahmam: o todo
Asmi: ser
41. 2ª Mahavaakya – Brahadaranyak Upanishad (do Shukla
Yajur Veda)
“aham brhamaasmi” (अहं ब्रह्म अिस्म�त) 1.4.10
O quarto capítulo do Taittiria Upanishad de Krishna
Yajur Veda coloca a mesma Mahavaakya de forma
ligeiramente diferente: “Ahamasmi
Brahmaahamasmi”
42. 3ª Mahavaakya – Chaandogya Upanishad (do Sama
Veda)
“tat tvam asi” (तत्त्वम�स) 6.8.4
Advait
(monoteísta)
Vaishnav
(Dual/
Não dual c/ Q)
“Aquilo (Brahmam) voce é”
“Tu és reflexo de Brahmam [ou Vishnu]”
Tat: Aquilo, a realidade Última
Tvam: O Eu, Atman
Asi: ser
43. 4ª Mahavaakya – Maandukya Upanishad (do Atharva
Veda)
“ayamaatmaa brahma” 1.2
Advait
(monoteísta)
Vaishnav
(Dual/
Não dual c/ Q)
“Atmã (alma/jiva) é Brahman”
“Atmã (alma/jiva) é idêntico a Brahman [ou
Vishnu]”
Ayam: ser
atma: O Eu
Brahman: O Absoluto
44. Se os Samhita ou Vedas são como uma árvore, os
Brahmanas são as suas flores, os aranyakas são os
frutos verdes e os Upanishads os frutos maduros.
Sendo a parte mais importante dos Vedas (sendo
chamados de cabeça dos Vedas – “shruti shirass”)
VEDAS
BRAHMANAS
ARANYAKAS
UPANISHADS