O documento analisa o uso de vídeos na aula de inglês à luz da Teoria da Atividade. A pesquisa observou como alunos de escola pública se engajaram em atividades mediadas por vídeos para produzir cartazes sobre pontos turísticos. Os resultados mostraram que vídeos podem despertar interesse dos alunos e que compreender o objetivo da atividade levou a melhores resultados.
1. VÍDEOS NA AULA DE INGLÊS:
uma análise à luz
da Teoria da Atividade
2. VÍDEOS NA AULA DE INGLÊS:
uma análise à luz da Teoria da Atividade
Ana Lucia Segadas Vianna Abreu
anasvabreu@gmail.com
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem Mestrado
Área de Concentração: Linguística
Linha de Pesquisa: Estudos Aplicados de Linguagem
Orientadora: Profa Dra Kátia Modesto Valério
3. Falta de interesse e pouco
engajamento dos alunos das
SITUAÇÃO escolas públicas nas atividades
PROBLEMA escolares, por
conseguinte, resultados
negativos de aprendizagem.
Para se obter êxito na
aprendizagem é importante
maior envolvimento
emocional, físico e intelectual do
JUSTIFICATIVA aprendiz. Logo, é importante
conhecermos suas
necessidades e desejos para
que possamos desenvolver
tarefas pedagógicas que possam
conduzi-lo ao engajamento.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
TEORIA DA ATIVIDADE SÓCIO-HISTÓRICO- CULTURAL
(iniciada por Lev Vygotsky, na década de 20 e início dos anos 30)
A TA é um sistema conceitual útil, que possibilita
compreender o trabalho e a práxis humana de uma
forma mais completa, global, dentro de um contexto.
Ela tenta explicar o desenvolvimento do indivíduo a
partir do seu relacionamento social.
A partir da TA, procuramos investigar as ações dos estudantes
inseridos na atividade:
“Produzir e Apresentar um pôster sobre uma atração
turística”.
5. OBJETO DO ESTUDO
Compreender o desenvolvimento da atividade
em si bem como caracterizar os diferentes
elementos que compõem uma atividade
educacional (sujeitos, objeto, ferramentas,
regras, comunidade e divisão de trabalho).
Além disso, discutir e exemplificar os
Princípios Básicos da atividade no ensino de
língua mediado por vídeos.
6. A pesquisa teve os seguintes propósitos:
Observar o interesse do aprendiz, seus prováveis motivos, além dos
1 resultados que evidenciam mudanças de atitudes no processo de ensino
aprendizagem de Inglês;
investigar se tarefas mediadas por vídeos podem despertar o interesse
2 dos estudantes e levá-los a atuarem na atividade de forma mais
engajada e divertida;
observar como alunos conscientes do objeto final da atividade atuam
na atividade. Presumíamos que, se o aprendiz compreendesse as
3
relações que se estabeleciam entre sua ação e o objeto final da
atividade, seu empenho seria melhor;
4 investigar se o estudante tem consciência da importância de suas
ações e das ações de seus colegas na atividade;
7. METODOLOGIA
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa
exploratória porque trata de um processo investigativo
que se preocupa em analisar, interpretar e descrever a
complexidade do comportamento humano. Como a
pesquisa analisa um problema situado no momento atual
e não apresenta preocupação de descobrir uma verdade
universal e generalizável, seu método é o estudo de
caso.
8. CONTEXTO DE PESQUISA
Colégio Estadual Guilherme Briggs
Rua Dr. Mário Viana, 625, Santa Rosa, em Niterói.
• foram analisadas as ações dos alunos do 7º ano das turmas
703, 705 e 706, com média de 35 alunos, faixa etária 12 a 16 anos.
Tarefa Pedagógica
• trata-se de uma sequência de planos de trabalho – dois individuais e um
coletivo. Nosso objetivo era apresentar novos vocábulos da língua inglesa
inerentes ao campo temático: pontos turísticos, explorando as quatro
habilidades: ouvir, falar, ler e escrever, de acordo com a Proposta Curricular
referente ao 2º bim de 2011.
Participantes - Nosso corpus totalizou treze sujeitos.
Grupo 1: Joana, Leila, Teresa e Vívian.
Grupo 2: Ana, Cláudio, Roberto e Sérgio
Grupo 3: Isabel, Jaqueline, Júlia, Lídia e Neide.
9. PROCEDIMENTOS DE
COLETA DE DADOS - INSTRUMENTOS
(março até julho de 2011)
Observações Anotações e filmagens.
6 questionários
Questionários Um questionário aos professores, 1 questionário após
cada fase da atividade e 2 no final da atividade.
3 entrevistas semi-estruturadas
Aplicada após a realização das 2 fases da atividade e
Entrevistas antes da apresentação dos grupos
(por escrito e oralmente).
• Trailer – Compreensão auditiva (individual);
Tarefas • Videoclipe – Lista de pontos turísticos e palavras em
Pedagógicas português (individual).
• Produção e Apresentação dos pôsteres (coletiva)
10. PROCEDIMENTOS DE
ANÁLISE DE DADOS
Com o propósito de esclarecermos aos
aprendizes o objeto da atividade –
PRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DE UM
PÔSTER EM INGLÊS –, antes de iniciarmos a
primeira tarefa, apresentamos dois vídeos.
12. Engeström (1987, 1997, 1999, 2011)
identificou três gerações na evolução da TA.
1ª geração 2ª geração 3ª geração
Vygotsky Leontiev Engeström
Mediação Atividade Coletiva Sistema de atividades coletivas
foca no indivíduo
A relação entre Desmembrou o Rede de sistemas de atividades
indivíduos e objetos é conceito de Atividade que interagem entre si
sempre mediada por em Ação e Operação
ferramentas
13. 1. GERAÇÃO - Vygotsky
Instrumentos • Vídeos
Mediadores (Rio-Official Trailer 2 e o videoclipe
Drop It Low Remix From Rio);
• Tarefas pedagógicas;
• Professor.
Objeto/Motivo Resultado (s)
Sujeito
Alunos do 7º ano Produçaõ e apresentação de
um pôster em Inglês
Segundo Vygotsky, a ação é mediada pela
ferramenta e orientada para o objeto, o que
significa aceitar que a mente humana existe e se
desenvolve porque há um contexto de interação
significativa e determinada pelo social entre os
indivíduos e seu ambiente.
14. 2. GERAÇÃO - Leontiev
Instrumentos
Mediadores
Sujeito Objeto/Motivo Resultado (s)
Regras Divisão de trabalho
• O grupo teria de 4 a 5 Comunidade
• Copiar as questões da
participantes; Alunos, profess
pesquisa;
•Escolheria um ponto ores, funcionári
• realizar pesquisas;
turístico de qualquer cidade; os e
• selecionar figuras;
• As frases apresentadas gestores da
• traduzir vocábulos;
deveriam estar em Inglês etc; escola
• Responder as questões;
• Cada aluno apresentaria
• escrever as legendas;
uma frase.
• apresentar as frases etc.
15. Segundo Leffa (2005)
A capacidade do sujeito em ligar conscientemente um aspecto com
outro é uma das preocupações básicas da TA, incluindo, por
exemplo, a relação entre uma determinada ação que o sujeito
estiver realizando num determinado momento e a consciência do
resultado final para o qual a ação deverá contribuir.
16. Cinco Princípios da Teoria da Atividade propostos por Leontiev
1. Estrutura Hierárquica da Atividade
É orientada para o objeto e refere-se ao
ATIVIDADE
motivo/necessidades humanas
É orientada para os objetivos a serem
AÇÃO
alcançadas. São rotinas habituais
OPERAÇÃO São orientadas por condições de realização.
São comportamentos rotineiros automatizados
17. 2. Orientação a objetos Toda atividade é orientada a objetos. O
objeto incorpora o motivo da atividade.
Internalização é a transformação
de atividades externas em
internas.
3. Internalização/Externalização
Externalização é a transformação
em atividades internas em
externas.
Toda atividade é mediada por artefatos, sejam eles
materiais e ou imaginários (símbolos, signos,
4. Mediação
procedimentos, normas, ferramentas etc)
18. A Teoria da Atividade requer que a atividade
5. Desenvolvimento
seja analisada dentro do contexto de
desenvolvimento.
Os elementos de uma atividade se transformam ao longo de
seu desenvolvimento, pois uma atividade é um fenômeno
dinâmico construído historicamente.
3. GERAÇÃO - Engeström
Propôs desenvolver um modelo que também
unificasse e integrasse aspectos sociais e
comunicativos da atividade.
19. Fonte: Engeström (2001, p. 57)
No esquema acima, o objeto se move de um estado inicial
irrefletido, tal como um material bruto, para um objeto
significativo, construído coletivamente por um sistema de
atividade e para um objeto potencialmente
compartilhado, construído em conjunto.
20. Há 5 princípios básicos que resume o atual estado daTA.
1. A unidade de análise é o Sistema de atividade coletivo.
2. Multivocalidade dos sistemas.
3. Historicidade.
4. Contradições como fontes de mudança e desenvolvimento.
5. Possibilidade de transformações expansivas nos sistemas.
21. O que impulsiona o sujeito para a
ação segundo a TA?
O motivo
O motivo surge da percepção da necessidade e da intenção do sujeito em
preenchê-la. O motivo estimula o sujeito a atuar na atividade. Em um
trabalho coletivo, a atividade das pessoas trabalhando juntas é estimulada por
seu produto, que primeiramente e diretamente corresponde às necessidades de
todos os participantes. Essa necessidade é preenchida por meio do
compartilhamento do produto da atividade total.
O G1 esteve engajado na atividade e expressou o desejo
de aprender Inglês.
22. RESULTADOS
O G1 engajou-se na atividade. Todos os participantes responderam os
questionários e participaram das filmagens. O pôster abaixo foi o que
melhor se adequou aos critérios estabelecidos para a produção do pôster.
23. O G2 teve a participação mais ativa de 2 alunos. Já 2 não participaram das
primeiras etapas. A apresentação foi boa, apesar de o pôster apresentar
divergências com o pôster modelo.
24. O G3 foi o que menos se adequou aos critérios do trabalho. Observou-se que 3
alunas se engajaram, ao contrário de 2 que estavam interessadas apenas em
receber pontos avaliativos pela participação.
Metade dos alunos do G2 e G3 mostraram ter
necessidade de receber notas avaliativas.
25. CONCLUSÃO
Tarefas mediadas por vídeos, naquele contexto
1 educacional, despertaram o interesse dos estudantes, levando-
os a atuarem de forma mais engajada na atividade;
Os dados mostraram que o G1, que tinha ciência do objeto
da atividade, foi o que produziu o pôster mais parecido com
2
o pôster modelo. Em seguida, destacou-se o G2, que
parcialmente entendeu o objeto e, por último, o G3;
Os estudantes de todos os grupos responderam que suas
ações eram importantes para o sucesso da atividade; logo, se
3
um aluno deixasse de participar, o grupo todo seria
prejudicado.
26. A TA, apesar de complexa, pode ser concebida como uma
maneira simples de explicar a complexa experiência do
aprender, por exemplo, através das atividades mediadas por
vídeos.
Portanto, para se desenvolver tarefas que atuem no
comportamento dos aprendizes, será necessário investigar as
necessidades dos alunos. Sendo assim, tarefas pedagógicas
poderão atender a essas necessidades ou poderão fazer
aflorar outras tais como aprender Inglês.
27. CONTRIBUIÇÕES
orientar o trabalho do professor, fornecendo subsídios, que
contribuem no incremento do interesse dos alunos de
1
escolas públicas nas tarefas e na melhoria de suas
aprendizagens;
fornecer subsídios para uma melhor compreensão do
2 contexto que envolve um sistema de atividade em uma
escola pública no Estado do Rio de Janeiro;
28. Qual é o papel das ferramentas
para a TA?
Mediar o sujeito no processo de sua aprendizagem.
O uso das ferramentas constitui uma acumulação e
transmissão de conhecimento social. Ferramentas
influenciam a natureza não somente do comportamento
externo, mas também do funcionamento mental interno.
29. ENCAMINHAMENTOS
Sugere-se o uso mais frequente de vídeos que
atendam as necessidades do aprendiz nas escolas
em geral.
Outras ferramentas poderão ser selecionadas e
outras tarefas poderão ser projetadas; entretanto,
devemos focar nas necessidades principais dos
aprendizes, que, poderão sugerir a aplicação de
outras ferramentas inovadoras.
30. De Muito Obrigada
Muito Obrigada
Muito
Obrigada.