SlideShare a Scribd company logo
1 of 4
Download to read offline
Coloquio de Instituto de Estudos Estrotegicos Internacionais, Lisbon
Dec 2003
Os Desafios das Relações Europa-África: uma agenda de
prioridades
Carlos Lopes1
Discutir cooperação e o novo papel que vêm assumindo lideranças do Sul requer,
inicialmente, a compreensão do contexto em que se desenrolam os dois processos. Nesse
sentido, o que comumente se designa por globalização deve ser analisado em termos do
papel que desempenham o mercado e sua expansão, primordialmente ditados por
interesses financeiros. Ao mesmo tempo em que o capital financeiro afirma sua primazia,
buscam-se medidas para fazer face aos desafios impostos pela globalização e alcançar,
por seu intermédio, benefícios sustentáveis. É com base em tal expectativa que se
explicam o crescimento da necessidade por espaços reguladores e a afirmação da
importância do regionalismo e da cooperação internacional. Todos contribuem para o
surgimento de formas de defesa entre espaços reguladores. Essa defesa integradora que
motiva movimentos regionalistas é composta por três elementos: moeda, investimento e
comércio.
O primeiro elemento – moeda e tudo o que envolve estabilização monetária – vem sendo
alvo de numerosas discussões em função do aspecto defensivo oferecido por integrações
monetárias. Tal aspecto acentua-se, ainda mais, quando se considera a agitação nos
mercados financeiros causada por especulações cambiais (a exemplo do que ocorreu no
Sudeste Asiático), responsáveis por muitas das grandes fortunas geradas nos últimos 15
anos.
No que diz respeito a investimento – o segundo elemento – percebe-se um prolongamento da
neoliberalização e a permanente tentativa dos países do Norte de vincular a discussão sobre a
abertura a investimentos ao debate que envolve o tema da liberalização comercial.
Discussões relativas a comércio, tema central dos espaços de defesa integradora, assumem
uma importância central. Um debate muito profícuo ocorre acerca do alargamento da agenda de
Singapura (onde se deu a Reunião Ministerial da OMC em 1996), de modo a promover a
liberalização de transações, especialmente no que diz respeito a compras do setor público e à
definição de uma agenda de comércio mais ambiciosa. Uma vez que tal alargamento também
suporia a limitação da margem de manobra dos países e de sua capacidade de governança
econômica, há forte resistência por parte dos países do Sul para que essa agenda prevaleça,
gerando grandes tensões no âmbito da OMC e afetando diretamente a formação de espaços
reguladores.
A emergência de conflitos também se relaciona ao fato de que a globalização reforça as
tradicionais assimetrias e faz emergir outras novas, não apenas entre os países como dentro
deles. Apesar do problemas que representa a segurança para os Estados Unidos, atualmente
tão consumido pela pacificação do Afeganistão e Iraque, não são estes os conflitos que afetam o
1
Carlos Lopes, 43, sociólogo, é coordenador residente da ONU e representante residente do
Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil. As posições reflectidas
neste texto são pessoais.
maior número de pessoas. Na realidade, à escala mundial, seriam mesmo considerados de
menor importância, não fosse o peso preponderante que assumem na definição das novas
relações internacionais.
O receituário do Consenso de Washington (liberalização, privatização, desregulamentação)
aplicado à maioria das economias em desenvolvimento durante as décadas de 80 e 90, provou
ser inadequado, dado que as reformas econômicas conduzidas segundo seus preceitos
fracassaram. Tal percepção se reforça com o exemplo da China. Desconsiderando as medidas
sugeridas segundo o arcabouço liberalizante nas três matérias de defesa integradora (na área de
estabilização monetária, pressiona-se para que sua moeda seja desvalorizada; no campo do
investimento, a agressividade do investimento chinês se situa no fato de ser a maioria dele
público; no debate comercial, as condições que norteiam sua atuação na OMC são bastante
favoráveis a esse país), a China é o país que mais cresceu na última década.
É com base nesse contexto de espaços reguladores, de caminhos alternativos para sua defesa e
emergência de assimetrias e conflitos que se deve analisar o tema da cooperação. A adoção de
uma nova agenda para o milênio pelo CAD, inicialmente, e pela OCDE posteriormente, definiu
objetivos internacionais para o desenvolvimento, que acabaram por ser adotados mais tarde por
toda a comunidade internacional. A cimeira do Milênio e a adoção de seus objetivos, metas e
indicadores é a parte mais visível de um consenso frágil que define a agenda para as décadas
que se seguem.
Também nascida na OCDE, a metodologia de medição por resultados (results management)
influenciou de forma decisiva as práticas de cooperação. Originada do setor privado,
primeiramente testada na cooperação britânica e posteriormente adotada por toda a OCDE, essa
metodologia acabou por conquistar a generalidade dos organismos internacionais. Apesar de
promover uma quantificação dos indicadores, facilitando a medição de práticas de difícil
avaliação, ela acaba por promover, na verdade, uma mercantilização de uma série de atividades
que não podem ser consideradas em termos de custos, mas sim, por exemplo, em termos de
influência política ou de percepção cultural.
A repercussão alcançada por essa metodologia foi ainda maior quando dois economistas do
Banco Mundial (David Dollar e Kraay) publicaram um livro sobre a efetividade da ajuda financeira
oferecida a países em desenvolvimento no século XX utilizando, em sua pesquisa, uma série de
indicadores estatísticos a partir dos quais demonstraram que determinados países (que
aplicavam uma boa governança e implementavam políticas macroeconômicas adequadas)
tinham obtido resultados melhores. A partir dessa teoria, chegou-se à conclusão – abraçada por
praticamente todos os países financiadores – de que se deveria premiar com auxílio financeiro
apenas aqueles países que adotam determinadas políticas e apresentam bons resultados em
indicadores específicos.
Essa teoria, entretanto, apresenta vários problemas. O principal deles é que os países que mais
precisam de ajuda financeira internacional são justamente aqueles que apresentam os piores
resultados nos indicadores apontados pela pesquisa de Dollar e Kraay, por razões de
capacidade, inserção, marginalização, entre outras. Premiando os melhores alunos, marginaliza-
se o resto da turma.
Essa teoria foi, mais recentemente, revista pelo Banco Mundial. Uma nova metodologia
denominada LICUS (low income countries and the stress) foi formulada para relativizar o que a
anterior generalizava: segundo ela, os países que mais necessitam de ajuda e apresentam
piores resultados deveriam receber tratamento diferenciado, já que não pertencem à mesma
classe daqueles que apresentam bom desempenho, e , por isso, devem ser considerados à
parte. Esse tratamento diferenciado é mais intrusivo e paternalista.
Estas novas abordagens produziram sérias conseqüências na forma como a cooperação é feita.
Elas implicaram a superação da teoria de ajuste estrutural e permitiu a passagem à adoção das
chamadas “novas parcerias”, que produziriam efeitos multiplicadores. Entretanto, o que está por
trás desta nova agenda é pura e simplesmente a realização de que, pela primeira vez ha história,
46 países regrediram nos Índices de Desenvolvimento Humano na última década, sendo que
quase todos eles se situam em África.
O que hoje se reconhece é que as reformas de ajuste estrutural podem ter contribuído para que
tal situação se concretizasse, conferindo relevo a uma alternativa que, defendida pelo Professor
Adebayo Adedeji nos anos 90, apenas recebeu aplausos do público africano sem ter sido
considerada seriamente pelos interlocutores internacionais. Um caso típico de ajuste estrutural é
o de um país frágil que reformaria a sua economia com problemas estruturais para assim poder
receber mais e melhor investimento, o qual, por sua vez, viria resolver os problemas para
promover o desenvolvimento. O que ocorria, na verdade, é que o investimento nunca vinha e
não por causa dos problemas estruturais enfrentados por essas economias, mas porque o
capital financeiro tradicionalmente evita países que as agências internacionais consideram de
alto risco, a menos que possa auferir dos investimentos lucros elevados a curto prazo.
As “novas parcerias” acabaram por receber nomes extensos como “Comprehensive
Development Framework”, “Poverty Reduction Strategy Paper”, em substituição às reformas de
ajuste estrutural; ou os objetivos do milênio (nas Nações Unidas), uma espécie de reciclagem
dos indicadores da OCDE. Por conta dessa limitação, é preciso que um novo modelo de
cooperação seja desenhando, incluindo também reflexões e respostas aos desafios
apresentados no contexto da globalização, quais sejam, o dos espaços reguladores e das
assimetrias.
De fato, para que toda a África atingisse as metas de desenvolvimento do milênio que se
pretendem para 2015, ao ritmo atual de evolução dos indicadores, seriam precisos 150 anos.
Neste momento, apenas 8% dos países africanos atingiriam as metas do milênio.
Diante desses desafios, a perspectiva de uma nova liderança emergente no Sul aparece como
uma alternativa possível.
Os atores da sociedade civil, atentos a esta evolução dos acontecimentos, vêm criando há
alguns anos várias iniciativas, a exemplo do Fórum Social Mundia, que servem de contrapeso ao
mundo harmonizado que parecia emergir de Davos. A criação desses dois mundos opostos e a
radicalidade dos discursos de ambos os lados, entretanto, torna o diálogo entre as partes muito
difícil e os países em desenvolvimento vêem-se na contingência de ter que escolher entre
extremos. É no vácuo surgido entre os dois lados que aparecem, em especial após os
acontecimentos do 11 de Setembro, iniciativas como o NEPAD e outras formas de parceria. Elas
pretendem encontrar um equilíbrio entre responsabilidades internas e internacionais. Ainda é
cedo para fazer o seu juízo.
Diante da evolução da situação no Afeganistão e no Médio Oriente, em que se cria uma
percepção bastante clara de uma Europa dividida e de ausência de contraponto à posição dos
Estados Unidos, começa a surgir a idéia de contraponto vindo diretamente do Sul. É com base
nessa idéia que se explica a emergência do multilateralismo do grupo G3: África do Sul, Brasil e
Índia. De fato, a importância deles está não apenas em suas dimensões (mais regionais que
absolutas) demográfica, econômica, geoestratégica e política (fatores que os colocam como
óbvios candidatos à categoria de membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações
Unidas. Essa pretensão é corroborada por uma capacidade de governança e liderança. Trata-se
de países representantes do progresso da democracia em seus continentes. Além disso, cada
um deles lidera um processo de integração regional: o Brasil tenta fortalecer o Mercosul para
fazer frente à Área de Livre Comércio das Américas; em África, é visível a liderança da África do
Sul no NEPAD; e a Índia, por sua vez, apresenta-se como único contrapeso na Ásia diante do
gigante chinês.
Os líderes destes três países encontram-se com bastante freqüência e aparecem em conjunto
em diversas iniciativas internacionais, como por ocasião da recente Assembléia Geral das
Nações Unidas, onde lançaram um novo fundo mundial de luta contra a pobreza. Fazem também
declarações sobre a reforma das Nações Unidas, além de terem liderado o processo de
negociação da OMC em Cancun, aliados com a China. O que fica claro é que, pela primeira vez,
vê-se um grupo forte em termos de liderança dos países do Sul, países que querem de fato levar
a cabo uma reforma multilateral e uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
mas com um novo indicador: não se trata mais de um apelo único a sua região, mas um apelo ao
Sul. A África do Sul quer ser considerada por outros países em desenvolvimento fora de África,
como natural líder dos interesses do Sul. O Brasil quer ser considerado fora da América Latina
como legítimo representante do Sul, na Ásia e África, e o mesmo se dá com a Índia, em relação
à África e América Latina e Caribe. A razão para tal postura é óbvia: em cada um dos casos a
concorrência regional é feroz para o assento permanente no Conselho de Segurança. Ao
apresentar uma posição sulista e não individual ou regional, querem levar o voto à Assembléia
Geral onde terão certamente, cada um dos três, a maioria para representar os interesses do Sul.
Um exemplo dessa tomada de iniciativa é o círculo concêntrico de países do sul que se formou
em redor desse G3 em Cancun. Começa a se formar um discurso de cooperação influenciado
por uma liderança que conquista, aos poucos, o reconhecimento dos países do Norte.
Assim, pode-se concluir que, primeiramente, que os países que mais avançam em termos de
crescimento econômico não são os que apresentaram melhor desempenho relativo em políticas
econômicas, como Moçambique, em que o crescimento provou ser inócuo, concentrado e
assimétrico, mas sim aqueles que mostrarem maior grau de inovação tecnológica, a exemplo
dos países do G3, líderes em inovação tecnológica em cada uma de suas regiões. Por enquanto
crescem em média apenas 1,7%, um crescimento baixo quando comparando com a média
global dos países em desenvolvimento, mas já se transformaram em destino de 84% dos
investimentos mundiais.
Percebe-se patente marginalização dos países não integrados nos esquemas de defesa,
integração e regulação de mercados, como é o caso dos pequenos estudos africanos. Dados
atuais de despesa dos Estados Unidos com ajuda internacional são ilustrativos. Os gastos do
governo americano com o Iraque montam a 78 bilhões de dólares, enquanto o total de recursos
gastos por ano em ajuda pública mundial do desenvolvimento é de cerca de 50 bilhões de
dólares.
Por fim, nota-se, pelo que foi exposto acima, que se tem uma agenda global tensa, em que os
discursos se apresentam dissociados da realidade.

More Related Content

What's hot

Apostila atualidades - 2012 - gesiel oliveira
Apostila   atualidades - 2012 - gesiel oliveiraApostila   atualidades - 2012 - gesiel oliveira
Apostila atualidades - 2012 - gesiel oliveiraGesiel Oliveira
 
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...
Aula 18   o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...Aula 18   o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...petecoslides
 
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)Robson Valdez
 
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...Filipe Rubim de Castro
 
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisBrics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisUFPB
 
Estratégia Internacional da Empresa - Cooperação
Estratégia Internacional da Empresa - CooperaçãoEstratégia Internacional da Empresa - Cooperação
Estratégia Internacional da Empresa - CooperaçãoAléxia Martins
 
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do Capital
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do CapitalStephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do Capital
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do CapitalGabriel Resende
 
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiro
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiroA evolucao-do-comercio-exterior-brasileiro
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiroLilianeFerreiradoRos
 
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidos
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidosDesenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidos
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidosFundação Dom Cabral - FDC
 
Como derrubar barreiras internacionais de comercio
Como derrubar barreiras internacionais de comercioComo derrubar barreiras internacionais de comercio
Como derrubar barreiras internacionais de comercioSaulo Pio Lemos Nogueira
 
Características e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesCaracterísticas e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesFundação Dom Cabral - FDC
 

What's hot (16)

Apostila atualidades - 2012 - gesiel oliveira
Apostila   atualidades - 2012 - gesiel oliveiraApostila   atualidades - 2012 - gesiel oliveira
Apostila atualidades - 2012 - gesiel oliveira
 
05 medeiros
05 medeiros05 medeiros
05 medeiros
 
Livro sociedadee economia
Livro sociedadee economiaLivro sociedadee economia
Livro sociedadee economia
 
Criando condições para competir
Criando condições para competir Criando condições para competir
Criando condições para competir
 
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...
Aula 18   o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...Aula 18   o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...
 
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)
A ADESÃO DA RÚSSIA À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)
 
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...
 
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisBrics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
 
Estratégia Internacional da Empresa - Cooperação
Estratégia Internacional da Empresa - CooperaçãoEstratégia Internacional da Empresa - Cooperação
Estratégia Internacional da Empresa - Cooperação
 
Economia Mundial
Economia MundialEconomia Mundial
Economia Mundial
 
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do Capital
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do CapitalStephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do Capital
Stephen Gill - Hegemonia Global e o Poder Estrutural do Capital
 
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiro
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiroA evolucao-do-comercio-exterior-brasileiro
A evolucao-do-comercio-exterior-brasileiro
 
Pipe
PipePipe
Pipe
 
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidos
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidosDesenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidos
Desenvolvimento: um conceito com múltiplos sentidos
 
Como derrubar barreiras internacionais de comercio
Como derrubar barreiras internacionais de comercioComo derrubar barreiras internacionais de comercio
Como derrubar barreiras internacionais de comercio
 
Características e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesCaracterísticas e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentes
 

Similar to Os Desafios das Relações Europa-África: uma agenda de prioridades, Dec 2003

Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza Oliveira
Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza OliveiraApostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza Oliveira
Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza OliveiraGesiel Oliveira
 
Nota tecnica #c&t
Nota tecnica #c&tNota tecnica #c&t
Nota tecnica #c&tHilton M
 
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da Coréia
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da CoréiaRaízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da Coréia
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da CoréiaGrupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011ambriodejaneiro
 
Coop. CAIXA Cape Verde
Coop. CAIXA Cape VerdeCoop. CAIXA Cape Verde
Coop. CAIXA Cape VerdeAna Morelli
 
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICSMONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICSJadailton Porto
 
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...Marcos Relvas.'.
 
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014Moises Bagagi
 
Blocos Econômicos (1).pdf
Blocos Econômicos (1).pdfBlocos Econômicos (1).pdf
Blocos Econômicos (1).pdfKeven777
 
E.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoE.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoMarciano Vieira
 
O desafio da inserção internacional soberana
O desafio da inserção internacional soberanaO desafio da inserção internacional soberana
O desafio da inserção internacional soberanaguestc76adb0
 
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANA
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANAO DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANA
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANAAloizio Mercadante
 
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO - 3º BIMESTRE.docx
APOSTILA DE SOCIOLOGIA  3º ANO - 3º BIMESTRE.docxAPOSTILA DE SOCIOLOGIA  3º ANO - 3º BIMESTRE.docx
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO - 3º BIMESTRE.docxElpidioFloriano
 
Características e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesCaracterísticas e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesFundação Dom Cabral - FDC
 

Similar to Os Desafios das Relações Europa-África: uma agenda de prioridades, Dec 2003 (20)

Incentivos Fiscais Internacionais
Incentivos Fiscais InternacionaisIncentivos Fiscais Internacionais
Incentivos Fiscais Internacionais
 
Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza Oliveira
Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza OliveiraApostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza Oliveira
Apostila atualidades 2013 Prof Gesiel de Souza Oliveira
 
Apostila atualidades 2013
Apostila atualidades 2013Apostila atualidades 2013
Apostila atualidades 2013
 
Nota tecnica #c&t
Nota tecnica #c&tNota tecnica #c&t
Nota tecnica #c&t
 
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da Coréia
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da CoréiaRaízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da Coréia
Raízes Industriais da Crise Financeira Asiática e o Enquadramento da Coréia
 
BRICS
BRICSBRICS
BRICS
 
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011
Boletim Rio+20 No 2 - AMB Outubro2011
 
Coop. CAIXA Cape Verde
Coop. CAIXA Cape VerdeCoop. CAIXA Cape Verde
Coop. CAIXA Cape Verde
 
1 atualidades1
1 atualidades11 atualidades1
1 atualidades1
 
Opeu estudos de casos 04
Opeu estudos de casos 04Opeu estudos de casos 04
Opeu estudos de casos 04
 
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICSMONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS
MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS
 
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...
Direito das Relações Internacionais - Globalização, Cooperação Internacional ...
 
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014
Economia Aplicada e Cenários Econômicos Globais_Simão Davi Silber_2014
 
Blocos Econômicos (1).pdf
Blocos Econômicos (1).pdfBlocos Econômicos (1).pdf
Blocos Econômicos (1).pdf
 
E.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoE.j.a provas globalização
E.j.a provas globalização
 
Geografia para o enem
Geografia para o enemGeografia para o enem
Geografia para o enem
 
O desafio da inserção internacional soberana
O desafio da inserção internacional soberanaO desafio da inserção internacional soberana
O desafio da inserção internacional soberana
 
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANA
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANAO DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANA
O DESAFIO DA INSERÇÃO INTERNACIONAL SOBERANA
 
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO - 3º BIMESTRE.docx
APOSTILA DE SOCIOLOGIA  3º ANO - 3º BIMESTRE.docxAPOSTILA DE SOCIOLOGIA  3º ANO - 3º BIMESTRE.docx
APOSTILA DE SOCIOLOGIA 3º ANO - 3º BIMESTRE.docx
 
Características e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentesCaracterísticas e perspectivas de mercados emergentes
Características e perspectivas de mercados emergentes
 

More from Africa Cheetah Run

Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les Africains
Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les AfricainsCarlos Lopes: Il faut des plans conçus par les Africains
Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les AfricainsAfrica Cheetah Run
 
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015Africa Cheetah Run
 
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015Africa Cheetah Run
 
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...Africa Cheetah Run
 
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...Africa Cheetah Run
 
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016Africa Cheetah Run
 
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...Africa Cheetah Run
 
NEUE BRUCHE, ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCY
NEUE BRUCHE,  ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCYNEUE BRUCHE,  ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCY
NEUE BRUCHE, ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCYAfrica Cheetah Run
 
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960Africa Cheetah Run
 
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004Africa Cheetah Run
 
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économique
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économiqueOpinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économique
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économiqueAfrica Cheetah Run
 
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...Africa Cheetah Run
 
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...Africa Cheetah Run
 
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999Africa Cheetah Run
 
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013Africa Cheetah Run
 
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...Africa Cheetah Run
 
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...Africa Cheetah Run
 
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014Africa Cheetah Run
 
Industrialization: The Good Road Ahead
Industrialization: The Good Road AheadIndustrialization: The Good Road Ahead
Industrialization: The Good Road AheadAfrica Cheetah Run
 

More from Africa Cheetah Run (20)

Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les Africains
Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les AfricainsCarlos Lopes: Il faut des plans conçus par les Africains
Carlos Lopes: Il faut des plans conçus par les Africains
 
L'Express de Madagascar
L'Express de MadagascarL'Express de Madagascar
L'Express de Madagascar
 
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015
Article: Rousseau, Rio, and the Green Economy - 2015
 
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015
Blog: Inversión extranjera directa en África, 2015
 
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...
Publications: LE NOUVEL ÉLAN AFRICAIN > La créativité, un produit d'exportat...
 
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...
Publications: L'Afrique au rendez-vous de la COP 21; une approche en six poin...
 
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016
Tribune: Ils ne croient pas en l'avenir! Février 2016
 
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...
Editorial: Air Transport, A Vital Challenge for Africa - Private Sector & Dev...
 
NEUE BRUCHE, ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCY
NEUE BRUCHE,  ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCYNEUE BRUCHE,  ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCY
NEUE BRUCHE, ALTE WUNDEN AFRICA UND DIE ERNEUERUNG DER SOUTH AGENCY
 
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960
Dichter und lenker: Eine ideengeschichite afrikas nach 1960
 
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004
Liberdade cultural num mundo diversificado, Julho de 2004
 
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économique
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économiqueOpinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économique
Opinions & Editorial: Ebola: quand la panique rime avec un désastre économique
 
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...
Economic Growth and Inequality: The New Post-Washington Consensus, September ...
 
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...
Strategic Review for Southern Africa: Reinserting African Agency into Sino-af...
 
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999
Are Structural Programmes an adequate Response to Globalization? 1999
 
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013
Structural Adjustment Policies and Africa, November 2013
 
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...
Publication: The Future of Africa - Lessons learnt from the Southern Growth E...
 
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...
Excellents points de vue: secteur extractif - perspectives africaines, juille...
 
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014
Great Insights: Extractive sector - African perspectives, July/August 2014
 
Industrialization: The Good Road Ahead
Industrialization: The Good Road AheadIndustrialization: The Good Road Ahead
Industrialization: The Good Road Ahead
 

Os Desafios das Relações Europa-África: uma agenda de prioridades, Dec 2003

  • 1. Coloquio de Instituto de Estudos Estrotegicos Internacionais, Lisbon Dec 2003 Os Desafios das Relações Europa-África: uma agenda de prioridades Carlos Lopes1 Discutir cooperação e o novo papel que vêm assumindo lideranças do Sul requer, inicialmente, a compreensão do contexto em que se desenrolam os dois processos. Nesse sentido, o que comumente se designa por globalização deve ser analisado em termos do papel que desempenham o mercado e sua expansão, primordialmente ditados por interesses financeiros. Ao mesmo tempo em que o capital financeiro afirma sua primazia, buscam-se medidas para fazer face aos desafios impostos pela globalização e alcançar, por seu intermédio, benefícios sustentáveis. É com base em tal expectativa que se explicam o crescimento da necessidade por espaços reguladores e a afirmação da importância do regionalismo e da cooperação internacional. Todos contribuem para o surgimento de formas de defesa entre espaços reguladores. Essa defesa integradora que motiva movimentos regionalistas é composta por três elementos: moeda, investimento e comércio. O primeiro elemento – moeda e tudo o que envolve estabilização monetária – vem sendo alvo de numerosas discussões em função do aspecto defensivo oferecido por integrações monetárias. Tal aspecto acentua-se, ainda mais, quando se considera a agitação nos mercados financeiros causada por especulações cambiais (a exemplo do que ocorreu no Sudeste Asiático), responsáveis por muitas das grandes fortunas geradas nos últimos 15 anos. No que diz respeito a investimento – o segundo elemento – percebe-se um prolongamento da neoliberalização e a permanente tentativa dos países do Norte de vincular a discussão sobre a abertura a investimentos ao debate que envolve o tema da liberalização comercial. Discussões relativas a comércio, tema central dos espaços de defesa integradora, assumem uma importância central. Um debate muito profícuo ocorre acerca do alargamento da agenda de Singapura (onde se deu a Reunião Ministerial da OMC em 1996), de modo a promover a liberalização de transações, especialmente no que diz respeito a compras do setor público e à definição de uma agenda de comércio mais ambiciosa. Uma vez que tal alargamento também suporia a limitação da margem de manobra dos países e de sua capacidade de governança econômica, há forte resistência por parte dos países do Sul para que essa agenda prevaleça, gerando grandes tensões no âmbito da OMC e afetando diretamente a formação de espaços reguladores. A emergência de conflitos também se relaciona ao fato de que a globalização reforça as tradicionais assimetrias e faz emergir outras novas, não apenas entre os países como dentro deles. Apesar do problemas que representa a segurança para os Estados Unidos, atualmente tão consumido pela pacificação do Afeganistão e Iraque, não são estes os conflitos que afetam o 1 Carlos Lopes, 43, sociólogo, é coordenador residente da ONU e representante residente do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil. As posições reflectidas neste texto são pessoais.
  • 2. maior número de pessoas. Na realidade, à escala mundial, seriam mesmo considerados de menor importância, não fosse o peso preponderante que assumem na definição das novas relações internacionais. O receituário do Consenso de Washington (liberalização, privatização, desregulamentação) aplicado à maioria das economias em desenvolvimento durante as décadas de 80 e 90, provou ser inadequado, dado que as reformas econômicas conduzidas segundo seus preceitos fracassaram. Tal percepção se reforça com o exemplo da China. Desconsiderando as medidas sugeridas segundo o arcabouço liberalizante nas três matérias de defesa integradora (na área de estabilização monetária, pressiona-se para que sua moeda seja desvalorizada; no campo do investimento, a agressividade do investimento chinês se situa no fato de ser a maioria dele público; no debate comercial, as condições que norteiam sua atuação na OMC são bastante favoráveis a esse país), a China é o país que mais cresceu na última década. É com base nesse contexto de espaços reguladores, de caminhos alternativos para sua defesa e emergência de assimetrias e conflitos que se deve analisar o tema da cooperação. A adoção de uma nova agenda para o milênio pelo CAD, inicialmente, e pela OCDE posteriormente, definiu objetivos internacionais para o desenvolvimento, que acabaram por ser adotados mais tarde por toda a comunidade internacional. A cimeira do Milênio e a adoção de seus objetivos, metas e indicadores é a parte mais visível de um consenso frágil que define a agenda para as décadas que se seguem. Também nascida na OCDE, a metodologia de medição por resultados (results management) influenciou de forma decisiva as práticas de cooperação. Originada do setor privado, primeiramente testada na cooperação britânica e posteriormente adotada por toda a OCDE, essa metodologia acabou por conquistar a generalidade dos organismos internacionais. Apesar de promover uma quantificação dos indicadores, facilitando a medição de práticas de difícil avaliação, ela acaba por promover, na verdade, uma mercantilização de uma série de atividades que não podem ser consideradas em termos de custos, mas sim, por exemplo, em termos de influência política ou de percepção cultural. A repercussão alcançada por essa metodologia foi ainda maior quando dois economistas do Banco Mundial (David Dollar e Kraay) publicaram um livro sobre a efetividade da ajuda financeira oferecida a países em desenvolvimento no século XX utilizando, em sua pesquisa, uma série de indicadores estatísticos a partir dos quais demonstraram que determinados países (que aplicavam uma boa governança e implementavam políticas macroeconômicas adequadas) tinham obtido resultados melhores. A partir dessa teoria, chegou-se à conclusão – abraçada por praticamente todos os países financiadores – de que se deveria premiar com auxílio financeiro apenas aqueles países que adotam determinadas políticas e apresentam bons resultados em indicadores específicos. Essa teoria, entretanto, apresenta vários problemas. O principal deles é que os países que mais precisam de ajuda financeira internacional são justamente aqueles que apresentam os piores resultados nos indicadores apontados pela pesquisa de Dollar e Kraay, por razões de capacidade, inserção, marginalização, entre outras. Premiando os melhores alunos, marginaliza- se o resto da turma. Essa teoria foi, mais recentemente, revista pelo Banco Mundial. Uma nova metodologia denominada LICUS (low income countries and the stress) foi formulada para relativizar o que a anterior generalizava: segundo ela, os países que mais necessitam de ajuda e apresentam piores resultados deveriam receber tratamento diferenciado, já que não pertencem à mesma classe daqueles que apresentam bom desempenho, e , por isso, devem ser considerados à parte. Esse tratamento diferenciado é mais intrusivo e paternalista. Estas novas abordagens produziram sérias conseqüências na forma como a cooperação é feita. Elas implicaram a superação da teoria de ajuste estrutural e permitiu a passagem à adoção das
  • 3. chamadas “novas parcerias”, que produziriam efeitos multiplicadores. Entretanto, o que está por trás desta nova agenda é pura e simplesmente a realização de que, pela primeira vez ha história, 46 países regrediram nos Índices de Desenvolvimento Humano na última década, sendo que quase todos eles se situam em África. O que hoje se reconhece é que as reformas de ajuste estrutural podem ter contribuído para que tal situação se concretizasse, conferindo relevo a uma alternativa que, defendida pelo Professor Adebayo Adedeji nos anos 90, apenas recebeu aplausos do público africano sem ter sido considerada seriamente pelos interlocutores internacionais. Um caso típico de ajuste estrutural é o de um país frágil que reformaria a sua economia com problemas estruturais para assim poder receber mais e melhor investimento, o qual, por sua vez, viria resolver os problemas para promover o desenvolvimento. O que ocorria, na verdade, é que o investimento nunca vinha e não por causa dos problemas estruturais enfrentados por essas economias, mas porque o capital financeiro tradicionalmente evita países que as agências internacionais consideram de alto risco, a menos que possa auferir dos investimentos lucros elevados a curto prazo. As “novas parcerias” acabaram por receber nomes extensos como “Comprehensive Development Framework”, “Poverty Reduction Strategy Paper”, em substituição às reformas de ajuste estrutural; ou os objetivos do milênio (nas Nações Unidas), uma espécie de reciclagem dos indicadores da OCDE. Por conta dessa limitação, é preciso que um novo modelo de cooperação seja desenhando, incluindo também reflexões e respostas aos desafios apresentados no contexto da globalização, quais sejam, o dos espaços reguladores e das assimetrias. De fato, para que toda a África atingisse as metas de desenvolvimento do milênio que se pretendem para 2015, ao ritmo atual de evolução dos indicadores, seriam precisos 150 anos. Neste momento, apenas 8% dos países africanos atingiriam as metas do milênio. Diante desses desafios, a perspectiva de uma nova liderança emergente no Sul aparece como uma alternativa possível. Os atores da sociedade civil, atentos a esta evolução dos acontecimentos, vêm criando há alguns anos várias iniciativas, a exemplo do Fórum Social Mundia, que servem de contrapeso ao mundo harmonizado que parecia emergir de Davos. A criação desses dois mundos opostos e a radicalidade dos discursos de ambos os lados, entretanto, torna o diálogo entre as partes muito difícil e os países em desenvolvimento vêem-se na contingência de ter que escolher entre extremos. É no vácuo surgido entre os dois lados que aparecem, em especial após os acontecimentos do 11 de Setembro, iniciativas como o NEPAD e outras formas de parceria. Elas pretendem encontrar um equilíbrio entre responsabilidades internas e internacionais. Ainda é cedo para fazer o seu juízo. Diante da evolução da situação no Afeganistão e no Médio Oriente, em que se cria uma percepção bastante clara de uma Europa dividida e de ausência de contraponto à posição dos Estados Unidos, começa a surgir a idéia de contraponto vindo diretamente do Sul. É com base nessa idéia que se explica a emergência do multilateralismo do grupo G3: África do Sul, Brasil e Índia. De fato, a importância deles está não apenas em suas dimensões (mais regionais que absolutas) demográfica, econômica, geoestratégica e política (fatores que os colocam como óbvios candidatos à categoria de membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Essa pretensão é corroborada por uma capacidade de governança e liderança. Trata-se de países representantes do progresso da democracia em seus continentes. Além disso, cada um deles lidera um processo de integração regional: o Brasil tenta fortalecer o Mercosul para fazer frente à Área de Livre Comércio das Américas; em África, é visível a liderança da África do Sul no NEPAD; e a Índia, por sua vez, apresenta-se como único contrapeso na Ásia diante do gigante chinês.
  • 4. Os líderes destes três países encontram-se com bastante freqüência e aparecem em conjunto em diversas iniciativas internacionais, como por ocasião da recente Assembléia Geral das Nações Unidas, onde lançaram um novo fundo mundial de luta contra a pobreza. Fazem também declarações sobre a reforma das Nações Unidas, além de terem liderado o processo de negociação da OMC em Cancun, aliados com a China. O que fica claro é que, pela primeira vez, vê-se um grupo forte em termos de liderança dos países do Sul, países que querem de fato levar a cabo uma reforma multilateral e uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas com um novo indicador: não se trata mais de um apelo único a sua região, mas um apelo ao Sul. A África do Sul quer ser considerada por outros países em desenvolvimento fora de África, como natural líder dos interesses do Sul. O Brasil quer ser considerado fora da América Latina como legítimo representante do Sul, na Ásia e África, e o mesmo se dá com a Índia, em relação à África e América Latina e Caribe. A razão para tal postura é óbvia: em cada um dos casos a concorrência regional é feroz para o assento permanente no Conselho de Segurança. Ao apresentar uma posição sulista e não individual ou regional, querem levar o voto à Assembléia Geral onde terão certamente, cada um dos três, a maioria para representar os interesses do Sul. Um exemplo dessa tomada de iniciativa é o círculo concêntrico de países do sul que se formou em redor desse G3 em Cancun. Começa a se formar um discurso de cooperação influenciado por uma liderança que conquista, aos poucos, o reconhecimento dos países do Norte. Assim, pode-se concluir que, primeiramente, que os países que mais avançam em termos de crescimento econômico não são os que apresentaram melhor desempenho relativo em políticas econômicas, como Moçambique, em que o crescimento provou ser inócuo, concentrado e assimétrico, mas sim aqueles que mostrarem maior grau de inovação tecnológica, a exemplo dos países do G3, líderes em inovação tecnológica em cada uma de suas regiões. Por enquanto crescem em média apenas 1,7%, um crescimento baixo quando comparando com a média global dos países em desenvolvimento, mas já se transformaram em destino de 84% dos investimentos mundiais. Percebe-se patente marginalização dos países não integrados nos esquemas de defesa, integração e regulação de mercados, como é o caso dos pequenos estudos africanos. Dados atuais de despesa dos Estados Unidos com ajuda internacional são ilustrativos. Os gastos do governo americano com o Iraque montam a 78 bilhões de dólares, enquanto o total de recursos gastos por ano em ajuda pública mundial do desenvolvimento é de cerca de 50 bilhões de dólares. Por fim, nota-se, pelo que foi exposto acima, que se tem uma agenda global tensa, em que os discursos se apresentam dissociados da realidade.