Nesse estudo a ANBC mostra o cenário do crédito rural abordando fatores como os juros, recursos controlados e não controlados e o papel dos birôs de credito e do Cadastro Positivo nesse contexto.
2. AGRONEGÓCIO CRÉDITO INFOGRÁFICO
R$ 54 bi
R$ 121 bi
R$
175 bi
Não controlados
Controlados
Realizado 2017-2018
R$
5mi estabelecimentos
350mi hectares quadrados
8,5mi população ocupada
Massa salarial de R$ 11,5bi/mês
R$ 345bi de produção agrícola
31%
69%
Crédito Rural - 2018
3,9% - 9,4% a.a
Taxas de Juros Prefixadas
Média - Todas as fontes de crédito
Crédito agro em proporção
ao PIB = 2,45%
2018
Plano Safra = R$ 225 bi
2019
Exportações - Jan a Ago 2019
US$ 38,7 bi
26% do total
das exportações brasileiras
2,6% do PIB
ou
R$ 181,4 bi
3. CENÁRIO DO CRÉDITO RURAL
Ampliar a inclusão financeira para pequenos produtores de regiões pobres:
- Aumentar o funding privado e reduzir juros
- Informação positiva melhora as garantias
- Aumento de seguradoras privadas no crédito rural
- ESCs podem suprir o microcrédito
Juros controlados cada
vez menos atrativos,
incentivando o crédito
não controlado
Migração do funding do
mercado para títulos LCA,
CRP, CRH, CRPH, NCR
e CPR
- Prover alternativas para instituições investirem excedente de recursos
- Melhorar as relações entre credores, produtores e consumidores via mercado de
capitais e sistema financeiro
Desafios de competitividade passam pelo funding rural:
Possibilidades de
crescimento do crédito
rural a partir do crédito não
controlado
- Sistemas de seguro de garantias burocratizam e geram custos
- Birôs capturam informações positivas e trazem transparência na relação entre
credor e tomador de crédito
Birôs podem alavancar o crédito e promover a redução de juros:
4. PANORAMA DO CRÉDITO PARA O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
Entre os pontos mais relevantes do estudo destacam-se:
● Na safra de 2019/2020, o orçamento programado é de R$
225,6 bi, sendo R$ 171,15 bi para custeio, comercialização e
industrialização, R$ 53,41 bi para investimentos e R$ 1 bi para
seguros. O crédito rural, por sua vez, representa 2,6% do PIB, e a
maior parte dele é utilizada pelos grandes produtores, por fornecerem
melhores garantias.
● Para assegurar que o sistema possua recursos à disposição
dos produtores, o Banco Central delimita anualmente que as
instituições financeiras destinem 30% dos depósitos à vista, 60% dos
depósitos em poupança rural e 35% das captações com Letras de
Crédito do Agronegócio (LCA) para aplicações em operações de
crédito rural.
● O setor vive uma dependência dos recursos denominados
“controlados”, que totalizam aproximadamente 2/3 do total concedido
anualmente, enquanto os recursos não controlados representam o
outro terço. Os recursos controlados são direcionados pelo governo
para financiar os programas governamentais por meio de regras de
aplicação rígidas e taxas de juros subsidiadas, o que desestimula a
participação das instituições privadas de crédito no agronegócio e
diminui a concorrência.
● A principal barreira à expansão do crédito no setor é que não
existe um sistema transparente de informações para as financeiras e
seguradoras utilizarem na elaboração de modelos de risco de crédito,
como alternativa ao sistema de garantias existente.
● O crédito rural oficial não é a principal fonte de recursos para
os produtores agropecuários. Além de utilizar seu capital próprio, a
maior parte do financiamento ocorre via trade credit (sistema de
crédito fora do sistema financeiro, cedido pelos fornecedores dos
produtores rurais). Estimativas indicam que o trade credit pode
representar, atualmente, cerca de 85% do total de crédito rural, é
pouco conhecido e suas informações não são compartilhadas no
sistema financeiro.
Apesar disso, o setor é carente de alternativas de crédito, o que
poderia incrementar a produção, ampliar a inclusão financeira de
pequenos agricultores de regiões carentes, estimular a
competitividade no funding rural e melhorar as relações entre
credores, produtores e consumidores via mercado de capitais.
A agropecuária tem um papel fundamental para a economia
brasileira. São 5 milhões de estabelecimentos rurais, 350 milhões de
hectares quadrados de área utilizável pelo agronegócio, 8,5 milhões
de trabalhadores e massa salarial que movimenta mensalmente R$
11,5 bilhões na economia.
Diante da atual tendência de queda dos juros e redução de
participação dos recursos controlados, e com o objetivo de diversificar
e ajudar a expansão do crédito para a agropecuária, o setor de birôs de
crédito realizou o estudo PANORAMA DO CRÉDITO PARA A
AGROPECUÁRIA, que visa colaborar com a redução dos custos
transacionais e consequente alavancagem do volume de crédito.
Além disso, diante da vigência do cadastro positivo para todos,
o setor de birôs de crédito propõe o uso de informações positivas, o
que permitiria incorporar diversos empreendedores rurais que não
utilizam a atual estrutura de crédito do agronegócio e que, na verdade,
estão à margem do mercado de crédito.
5. ● O valor de crédito rural efetivamente contratado no ano
agrícola 2018/2019 foi de R$175,4 bilhões, valor 3,5% maior que o
contratado em 2017/2018. Desse montante, o valor contratado com
recursos controlados foi de R$121,3 bilhões, 5,5% menor que o
contratado em 2017/2018. Já a contratação com recursos não
controlados totalizou R$54,2 bilhões, um aumento de 31,5% em
relação ao ano agrícola anterior. Desses recursos, a LCA (Letra de
Crédito do Agronegócio) foi responsável por financiar R$29,6 bilhões
das contratações em 2018/2019, o que representou crescimento de
23,8% em relação ao ano agrícola anterior.
● O programa utiliza o chamado “aval solidário” para conceder
garantias aos empréstimos. Resumidamente, este tipo de garantia
consiste no empréstimo em grupos de três ou mais membros nos quais
um avaliza o outro, criando assim uma corresponsabilidade dentro do
grupo, pois o não pagamento do empréstimo por qualquer um dos
membros compromete o grupo como um todo. Esse mecanismo não
apenas substitui as garantias reais como também o monitoramento do
empréstimo, já que os próprios tomadores se encarregam disso no
lugar da instituição.
● Além das operações de crédito tradicionais, existem também
modalidades de microcrédito, que apesar de apresentarem montantes
menos expressivos (estoque de R$ 1,1 bilhão em julho de 2019),
representam uma importante modalidade para pequenos agricultores
de regiões pobres, com funding público-privado.
● Em particular, o programa Crescer, de 2011, introduziu
mudanças significativas no ambiente regulatório e institucional do
microcrédito, com redução relevante das taxas de juros e da Taxa de
Abertura de Crédito (TAC) cobradas do tomador final, estabelecendo
subsídios compensatórios para as instituições que aderissem ao
programa e criando metas de concessão de microcrédito para os
bancos públicos como Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa
Econômica Federal, por exemplo.
● A redução da taxa Selic já contribuiu para o aumento da
participação de instituições privadas na captação de recursos em
papéis para o agronegócio. O caso mais notável é das LCAs, que são
constituídas por títulos pós-fixados lastreados em notas do produtor
rural que possuem isenção de IOF e de Imposto de Renda sobre os
rendimentos para pessoa física.
PANORAMA DO CRÉDITO PARA O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
6. PANORAMA DO CRÉDITO PARA O AGRONEGÓCIO NO BRASIL
A vigência do Cadastro Positivo com inserção automática de
todos os consumidores e empresas vai propiciar a definição de uma
nota de crédito para cada consumidor ou empresa. E essa nota de
crédito, que se baseia no histórico de crédito do tomador, vai permitir
uma avaliação de crédito de menor risco. Em outras palavras, com
o cadastro positivo exige-se menos garantias e se possibilita que
os bons pagadores tenham acesso a crédito mais barato e melhores
condições de contratação.
O cenário do crédito rural mostra uma tendência de queda dos
juros, aumento de participação dos recursos não controlados e o uso
cada vez mais forte das inovações tecnológicas. Esses fatores, no
momento em que se inicia a vigência do Cadastro Positivo, apontam
para uma forte expansão do crédito rural e, consequentemente, para
um salto no desenvolvimento do agronegócio.
O uso de mapas de satélites em tempo real permite à
instituição credora ter uma perspectiva da produção da lavoura ou da
distribuição e tamanho de um rebanho. Os Drones, cujo uso tem sido
cada vez mais comum, também possibilitam a coleta de informações
necessárias à decisão de crédito.
O setor de crédito tem sido um usuário importante das mais
recentes inovações tecnológicas. E a tendência é que, na área rural, a
expansão do crédito seja estreitamente vinculada ao uso dessas
tecnologias aplicadas ao agronegócio, ao aumento da
responsabilidade socioambiental e da governança.
E finalmente a ESG (Environmental, Social and Governance),
sigla que define as melhores práticas ambientais, sociais e de
governança, possibilita a avaliação do impacto do agronegócio em
cada um desses aspectos e, consequentemente, os benefícios que
pode levar a cada um deles. E esses fatores também são essenciais
nas avaliações de crédito.
As aplicações de Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês)
integram as mais diversas informações necessárias ao agronegócio,
como dados sobre o solo, geolocalização e clima, o que viabiliza o
monitoramento em tempo real da lavoura e do rebanho, e também
constitui-se em ferramenta essencial na avaliação de crédito. A
Inteligência Artificial permite a realização rápida de uma análise das
informações por meio da modelagem de dados e, tanto quanto a
InteligênciaAnalítica, viabiliza o uso de dados e análises mais precisas
para um processo de tomada de decisão mais eficiente e rápido.
O Cadastro Positivo como alternativa às garantias
Conclusão
Tendências do Crédito