Este poema descreve nove profissões diferentes (varredor, padeiro, costureira, etc.) e como cada trabalhador se sente cansado de fazer todo o trabalho enquanto os outros desfrutam dos frutos de seu trabalho. No final, todos decidem parar de trabalhar e ir passear como "mandriões". A moral da história é que ninguém pode fazer nada sozinho e que vale a pena trabalhar em vez de ser preguiçoso.
1. História “Os nove mandriões”, in “Meio galo”, de Luísa Ducla
Soares
Profissão: Varredor
Varre, varre, vassourinha,
Põe esta rua asseada;
Os outros sujam-me tudo,
Limpo eu a lixarada.
Profissão: Padeiro
Sou padeiro, faço pão,
Passo a vida a amassar,
A amassar e cozer pão,
Que os outros hão-de tragar.
Profissão: Costureira
Costureira, costureira,
Estou farta de costurar,
De fazer lindos vestidos,
Que as outras irão usar.
Profissão: Sapateiro
Sapateiro remendão,
Cá estou eu a remendar,
Sentado, a arranjar sapatos,
Que outros pés irão calçar.
Profissão: Aguadeiro
Quem quer água bem fresquinha,
Para beber e refrescar?!
Os outros matam a sede,
Eu mato-me a carregar.
Profissão: Pescador
Deito a linha junto à costa,
A rede no alto mar,
Mas os outros é que fritam,
O peixe que ando a pescar.
Profissão: Lavadeira
De tanto lavar a roupa,
Tenho as mãos todas esfoladas,
Os outros sujam camisas,
Eu apresento-as lavadas.
Profissão: Pastor
Eu sou um pastor de carneiros,
Cansado de caminhar,
Comem-lhes outros a carne,
E eu é que os ando a guardar.
Profissão: Bombeiro
Ao fogo, ao fogo, bombeiro,
Põe a mangueia a esguichar,
Para apagar as labaredas,
Que os outros foram atear.
Todos:
Descobrimos o descanso,
Nosso ofício é mandriar.
Fiquem para trás as canseiras,
Vamos todos passear.
Moral da História
Sem os outros nada somos,
Eles sem nós nada são.
Vale bem mais trabalhar,
Do que ser-se mandrião.