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Tu be Shevat
No dia 15 de janeiro, ao anoitecer, comemora-se a festa cabalística de
Tu be Shevat (lit. dia 15 do mês de Shevat)¹. O Talmud (Rosh Hashaná
2a) diz que existem quatro anos novos, e um deles é o Tu be Shevat,
chamado de ano novo das árvores².
Física e materialmente a festa tem o intuito de despertar em nós a
importância da ecologia, ou seja, da convivência saudável com nosso
ambiente e nosso planeta. Por isso atualmente em Israel a data é celebrada com o plantar de árvores.
No entanto, espiritualmente Tu be Shevat é muito mais do que isso; é
uma data na qual temos o poder de retificar o erro cometido por Adão
e Eva. E como se faz isso? Basicamente, comendo frutas.
Antes de detalhar o ritual do dia e entender por que comer frutas
ajuda a corrigir o erro de Adão e Eva, precisamos entender qual foi
esse erro. Obviamente, faremos isso no sentido cabalístico, e não
religioso, nem muito menos literal do texto. Uma vez entendido isso
ficará claro como podemos retificá-lo.

¹ A festa começa ao anoitecer do dia 15 de
janeiro de 2.014 e se estende até o
anoitecer do dia 16.
²
“Existem quatro Anos Novos. Em
primeiro de Nissan é o ano novo dos reis e
dos festivais. Em primeiro de Elul é o ano
novo para dar o dízimo do gado [...] Em
primeiro de Tishrê é o ano novo dos anos
[...] Em primeiro de Shevat é o ano novo das
árvores, segundo a Escolha de Shamai. A
Escola de Hilel, no entanto, diz que a data é
quinze desse mês” (Rosh Hashaná 2a).
Geralmente, quando existe uma divergência entre a Escola de Shamai e a Escola de
Hilel, se adota a opinião desta última.
³ Os mandamentos em hebraico são
chamados de mitsvot. Os mandamentos
positivos são aqueles do tipo “faça”, como,
“lembre do Shabat”. Os mandamentos
negativos são os do tipo “não faça”, como,
por exemplo, “não matarás”. A tradição
conta que existem 613 mitsvót, sendo 248

O texto de Gênesis nos conta que, Adão e Eva, Deus “colocou no jardim
do Éden para o cultivar e o guardar” (Gênesis 2:15). Um dos maiores
erros do ponto de vista da Cabalá é considerar que as narrativas bíblicas são histórias de um passado referentes a personagens que nada
tem a ver conosco; como se o relato bíblico fosse a leitura de uma notícia de jornal, algo meramente informativo.
Para a Cabalá é importante estudar, por exemplo, o texto de Gênesis
pois todos nós somos um Adão e Eva vivendo em um Éden, e fomos
colocados aqui com a obrigação de “trabalhar” e “guardar” esse
jardim. Mas o que isso significa? Os Sábios nos ensinam que “trabalhar” e “guardar” são duas palavras em código para se referir às
coisas que podemos fazer e às coisas que, embora possamos fazer,
devem ser evitadas. Mais adiante, com o relato da entrega da Torá,
essas duas classes de atos são representadas pelos mandamentos
positivos e negativos³. No entanto, como dito, isso aparece mais
adiante. Aqui, no começo do texto bíblico, a Torá não tinha sido entregue, e Adão e Eva receberam apenas duas ordens desse tipo: comer de
todas as frutas do jardim, e não comer somente da fruta da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal.
Que tipo de ordem é essa? Realmente o homem foi criado para comer
todos frutos e evitar um deles? Obviamente, não se trata de uma
descrição literal de nada, até mesmo porque não existe fisicamente
um fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (acredite, já
procurei no Mercadão de São Paulo e eles não conhecem a fruta).
Comer uma fruta é a metáfora bíblica da nossa interação com esse
mundo. Assim, essa história está ensinando que o mundo foi criado –
e nós nele – para que pudéssemos “comer de tudo”, viver uma vida
plena, repleta, satisfeita. Fomos criados para experimentar o bem,
sentir a felicidade e levar uma vida de alegria. Assim, quando estamos
nesse estado de espírito e vivendo dessa maneira, estamos cumprindo
nosso propósito na criação.
Quando se fala de uma vida de alegria e felicidade, as pessoas pensam
apenas em coisas “grandes”, objetivos de vida enlevados. No entanto,
para a Cabalá, essa felicidade deve existir mesmo nas coisas pequenas,
e, se isso ocorrer, estamos atendendo o nosso propósito tanto quanto
se sentimos uma felicidade por algo maior. Assim, mesmo quando
comemos uma gostosa refeição, se isso nos alegra e nos deixa feliz,
estamos cumprindo nosso proposito na criação. Fomos criados para
sermos felizes, e é isso que estamos fazendo.
Assim, o mandamento de comer todos os frutos (dados à Adão e Eva,
e, portanto, a nós) é uma obrigação espiritual que todos temos de
aproveitar nossa vida ao máximo, e de todas as maneiras que nos for
possível.
Apenas uma maneira nos é vetada; um fruto nos foi proibido, mas é da
natureza humana que queiramos comer justamente o fruto que devíamos evitar. O que simboliza esse fruto que deve ser evitado? A busca
por prazer, alegria e uma vida plena do modo errado.
Logo se vê, então, que devemos aprender qual é o modo correto de
procurarmos prazer e viver uma vida feliz, evitando qualquer outro
tipo de meio que nos prometa isso.
Para a Cabalá, os reais prazeres da vida são aqueles que unem o
mundo físico e o espiritual. Assim, um prazer verdadeiro surge quando
experimentamos um prazer físico no mundo como meio de nos elevar
espiritualmente. No entanto, quando sentimos um prazer no mundo
físico sem que isso nos acrescente nada no sentido espiritual, esse é
um prazer vão e indesejado.
Essa é a fonte de todos os problemas no mundo, segundo a Cabalá; a
busca do prazer de modo baixo e leviano, como elemento de satisfação
puramente corporal, egoísta e momentânea, sem nada que extrapole
aquele prazer. O mal do nosso mundo é procurar o prazer físico desvinculado de qualquer conexão espiritual.
Assim, se retomarmos ao exemplo da refeição que comemos, podemos dizer que se essa comida é ingerida com alegria e felicidade, e o
alimento físico que comemos serve como combustível para um estado
mais elevado de ânimo e de alma, esse é um prazer válido e belo. No
entanto, se comemos algo apenas por um desejo corporal, de forma
mecanizada e robótica, como se estivéssemos apenas cumprindo uma
obrigação, sem que isso nos deixe alegre, qualquer prazer que possamos derivar dessa refeição é inválido e indesejado.
Do ponto de vista da Cabalá o erro adâmico foi se confundir quanto ao
seu objetivo no mundo, e não ter ciência do que traz verdadeira alegria
e felicidade para si. Adão se esqueceu que o mundo que ele tinha ao
seu redor era um meio para chegar ao espiritual, e não apenas um fim
em si mesmo.
É por isso que, como resultado do erro, D’us aparece a Adão e diz:
“Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu
te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa” (Gênesis
3:17).
Isso não significa que a terra foi punida pelo que Adão e Eva fizeram,
afinal, que culpa tem a terra? A mensagem de D’us tem o intuito de
avisar que Adão e Eva fizeram o que fizeram porque distorceram sua
visão de mundo, e nela a terra, que deveria ser uma fonte de alegria e
prazer verdadeiros, se tornou uma fonte de prazeres nulos, ou seja, de
uma maldição.
Como dito anteriormente, Adão e Eva não são personagens de alguma
história ocorrida no passado, mas são uma parte de nós mesmos.
Assim, essa maldição nos afeta pessoalmente, até hoje.
A lição maior por trás de tudo isso é que o modo como enxergamos o
mundo físico é o que define se ele é abençoado ou amaldiçoado. Se
olhamos o mundo físico como algo criado para que dele desfrutemos,
como uma base que temos para alcançar o mundo espiritual, ele se
torna uma bênção. Por outro lado, se o vemos como um fim em si
mesmo, algo criado para que eu use e explore sem que isso me leve a
nada maior, ele é uma maldição.
Uma vez entendido esse ponto, podemos começar a apreciar o valor e
importância de Tu be Shevat. Por que essa data foi a escolhida para
representar o ano novo das árvores? No hemisfério norte, é por volta
dessa data que se chega ao meio do inverno. Ou seja, do Tu be Shevat
em diante o frio passa a ser cada vez menor e começa a surgir o clima
apropriado para que as primeiras árvores comecem a nascer. Essa é a
gênese (o início do ano) para a árvore, a flor e o fruto. Ao chegar na
primavera, chega a maturidade: as árvores cresceram e estão no ponto
máximo de seu vigor.
Existe um dito cabalístico que diz: “mais do que o bebê quer mamar, a
mãe quer amamentar”. Embora o desejo do bebê seja mamar, isso por
si só não é suficiente para que a mãe tenha leite. É o desejo da mãe de
alimentar a sua cria que permite isso. Mais do que isso, o fluxo de leite
materno só é produzido com a mamada do bebê. Quanto mais o bebê
deseja mamar, mais leite a mãe tem para dar. Esse também é o
princípio que rege nossa relação com esse mundo.
O mundo foi feito para nos dar os maiores prazeres e alegrias
existentes, mas se nós não quisermos isso para nós, o mundo não
consegue fornecer o que tem a nos dar. Por outro lado, se nos interessamos em receber, o mundo está pronto a nos dar. Mais do que isso,
quanto mais queremos receber, mais o mundo nos dá!
Como em Tu be Shevat as árvores estão crescendo e se preparando
para nos dar suas flores e frutos, o que celebramos nesse momento é
o nosso desejo de receber tudo isso que o mundo quer nos dar. Estamos fazendo uma espécie de compromisso com o mundo, reiterando
nossa vontade de receber tudo de bom que o Universo tem a fornecer.
Sendo assim, a lógica cabalística por trás do ritual de Tu be Shevat que
veremos adiante é comer o máximo de diferentes tipos de frutas
possível, deliciando-se com cada uma delas. Isso mostra como queremos desfrutar do mundo ao nosso redor. Ao mesmo tempo em que
fazemos isso, concentramos a intenção de tornar esse prazer físico que
sentimos com a comida um meio para a elevação espiritual pessoal e
do mundo.
Sempre que comemos com esse tipo de consciência, como já foi dito,
estamos ajudando imensamente a retificação do mundo; estamos
alimentando corpo e alma (e não apenas corpo). No entanto, em Tu be
Shevat essa energia é particularmente forte, pois estamos nos
conectando também às árvores, que estão ali para nos dar seus frutos
para que nós, por sua vez, os usemos como ferramentas de elevação.
Por outro lado, por causa do princípio de “mais do que o bebê quer
mamar, a mãe quer amamentar”, quando demonstramos essa preocupação espiritual com os frutos, quando demonstramos nosso interesse
em aproveitá-los, estamos expressando nosso desejo por eles e isso
por si só faz com que os frutos sejam produzidos em abundância, para
que possamos sempre obter mais. O mundo nos dá o tanto quanto
queremos.
Para se conectar com a energia de Tu be Shevat tente separar os itens
listados abaixo. Não se preocupe, no entanto, se você não puder
encontrar todos itens. Dentre os seis primeiros, procure o máximo que
conseguir, e deixe os que você não achar de lado. Do item 7 em diante,
escolha a fruta mais fácil para você e substitua as sugestões que
ofereço sem medo. Se também não conseguir algum dos frutos, não se
preocupe. Para a Cabalá, a mera intenção de se conectar com uma
energia já é suficiente, mesmo que você não coma um fruto sequer.
1 – figos
2 – tâmaras
3 – romã
4 – azeitona
5 – uva
6 – trigo e/ou cevada (na forma de bolos, pães ou cereais).

Essas seis (sete, com a cevada) espécies são as mais importantes do ritual e serão comidas
primeiro. Dentre essas, se você não achar alguma delas, não substitua, simplesmente deixe
de lado.

7 –qualquer fruta com casca dura de sua preferência (nozes, amêndoas, pistache, coco).
8 – qualquer fruta com casca mole (que se pode descascar) da sua
preferência (pêra, maçã, laranja, abacate, banana).
9 – qualquer fruta que se come junto com a semente (morango e
alguns tipos de uva).
10 – qualquer fruta com sementes que não se pode comer (pêssego,
ameixa, mamão).
11 – vinho ou suco de uva, um branco e um tinto (os dois serão
usados).
12 – um cofrinho para coletar dinheiro que será doado.

Observação: tente escolher frutas bem doces e vistosas, daquelas que só de olhar dêem
água na boca. Quanto mais bonitas e saborosas, melhor.
Prepare uma mesa de maneira alegre e festiva. De preferência use
toalha branca, e espalhe todas as frutas compradas sobre a mesa. Se
quiser colocar um vaso de flores e velas sobre a mesa, ainda melhor!
Essa será sua refeição do dia, como se fosse um banquete de comemoração, uma refeição especial.
Uma vez com a mesa posta, comece separando um valor em dinheiro
para doação (coloque-o em um cofrinho ou local reservado para
dinheiro. Não o deixe em cima da mesa). Separe a quantia que você
achar adequada, e ao fazê-lo já pense para quem poderá dar o
dinheiro.
Em seguida, medite que você está prestes a comer diretamente de
uma mesa celestial e na presença de vários anjos e de D’us. Imagine
ainda que essa mesa está situada no próprio Jardim do Éden.
Se quiser feche os olhos e sinta por um momento como é estar na
companhia de D’us, sentado junto a Ele na mesa. Deixe que sua mente
te permita sentir e imaginar como é compartilhar uma refeição com os
seres celestiais.
Lembre-se que sentir prazer da maneira correta é a verdadeira fonte
de alegria e felicidade. Prepare-se para o prazer que você vai sentir em
alguns minutos ao comer cada uma das diferentes frutas. O erro de
Adão e Eva foi comer a fruta com a intenção errada, e agora estamos
corrigindo isso preparando nossa intenção corretamente.
Feito isso, chega a parte mais esperada: comer as frutas e beber os
dois tipos de vinho.
Começa-se pelos pães, bolos ou cereais, representando o trigo e a
cevada. Quando Tu be Shevat cai no Shabat, por exemplo, o pão usado
pode ser a própria Chalá.
Antes de comer o bolo diga a seguinte frase: Bendito és Tu, ó Eterno,
nosso D’us, Rei do Universo, por criar alimentos de sustento.
Se em vez de bolo você for comer pão, diga: Bendito és Tu, ó Eterno,
nosso D’us, Rei do Universo, que cria o pão a partir da terra.
Feito isso, coma o bolo ou pão e saboreie cada mordida. Aprecie ao
máximo.
Em seguida, comemos as outras espécies do primeiro grupo de frutas,
ou seja, das sete mais importantes. O ideal é comer as frutas desse
grupo na ordem que você mais gostar, ou seja, primeiro as que mais
lhe apetecem. Se você não tiver uma ordem preferencial, siga a
seguinte ordem: azeitona, tâmara, uva, figo, romã.
Antes da primeira fruta do grupo somente diga Bendito és Tu, ó Eterno,
nosso D’us, Rei do Universo, por criar as frutas da árvore.
Ao comer tente sentir cada fruta em especial, em sua particularidade.
Mastigue devagar e saboreie cada espécie. Preste atenção na textura
da fruta, no seu sabor e na sensação que ela deixa na boca e garganta.
Pense que essas frutas são uma metáfora das várias maneiras que
temos de obter prazer no mundo.
Feito isso se entra na segunda parte do ritual, em que comeremos um
tipo de fruta de quatro classes distintas (frutas de casca dura, frutas de
casca mole, frutas que se comem com a semente, frutas que se comem
sem a semente). Com cada classe de fruta tomaremos com um copo
de vinho, cada um de sua maneira (um copo só de vinho branco, um
quase todo branco com pouco tinto, outro com bastante tinto e um
pouco de branco, e outro apenas tinto).
O simbolismo do branco e do vermelho é imenso, e seria impossível
detalhá-lo todo nesse artigo. Grosso modo, basta saber o que o Zôhar
diz a respeito disso. O branco representa o lado direito, o potencial,
Chéssed, e o vermelho representa o lado esquerdo, a ação, Guevurá.
Quando tomamos o vinho cada vez mais vermelho estamos partindo
potencial para a ação, estamos saindo de um estado passivo e letárgico
para ir a um estado proativo e transformador.
Cada uma das quatro classes de fruta e dos quatro copos de vinho
representa uma das letras do Tetragrama e um dos mundos cabalísticos, que, de baixo para cima, são: Assiá, Beriá, Ietsirá e Atsilut.
Assim, a cada novo grupo de frutas e a cada novo copo de vinho estamos nos elevando mais, e nos tornando mais espiritualizados e conectados à Luz.
Sirva o primeiro copo de vinho (só branco). Beba e sinta tudo o que o
vinho tem a oferecer. Imagine-se um sommelier por um momento.
Existem cursos caríssimos que ensinam a apreciar um vinho. Imagine
que está fazendo isso no momento.
Depois de experimentar o vinho coma a fruta com casca dura. A parte
comestível da fruta representa a perfeição e a pureza, e a casca a
deficiência, a impureza, o que não desejamos. É assim o nosso mundo,
o mundo de Assiá, uma mistura de ambas as coisas, um esforço
constante de nossa parte de separar o comestível da casca.
Então pegue o fruto e tire a casca dura. Enquanto estiver fazendo isso,
imagine que um dos seus traços negativos está indo embora. Você
pode pensar que está jogando for a sua raiva, sua impaciência, sua
intolerância, etc. Realmente veja a casca como o seu traço negativo, e
quando a jogar fora, veja esse traço indo embora de você. O que sobra
é a fruta, deliciosa e saborosa, o seu verdadeiro eu.
Sirva o segundo copo de vinho (bastante branco e só um pouquinho de
vermelho).
Como antes, sinta o gosto peculiar da mistura.
Feito isso, coma a fruta cujas sementes não podem ser comidas
(pêssego, mamão, etc). As sementes, assim como a casca, representam a impureza, mas uma impureza mais interna, ao contrário da
casca. A semente representa a impureza que conseguiu se inserir na
santidade.
Aqui ainda não conseguimos comer a semente, mas já temos um
avanço espiritual, estamos em Ietsirá. A impureza não é mais uma
casca, mas uma semente que, pelo menos, tem o potencial de criação
em si. Ou seja, aqui veja um traço negativo seu como a semente. Veja,
realmente veja, esse traço crescendo, como a semente, e se tornando
algo bonito e melhor, algo mais valioso do que a semente em si. Esse
traço de caráter não é mais uma barreira para você, e agora se tornou
algo que te dá forças e que te impulsiona.
Sirva o terceiro copo de vinho (bastante vinho vermelho e um pouco
de branco). Sinta o sabor da mistura e, feito isso, coma as frutas totalmente comestíveis, ou seja, aquelas que podem ser comidas com a
semente e tudo (morango e algumas uvas). Aqui estamos no mundo
de Beriá. As coisas estão próximas de sua ação máxima. Até as
sementes são consumidas agora. Além do potencial criativo delas, elas
são tão gostosas que podem ser comidas e aceitas sem problemas.
Nesse momento pense em algo na sua vida que você gostaria de
melhorar. Imagine uma versão aperfeiçoada de você mesmo, e perceba que, na verdade, esse ser já é você. Pelo resto de Tu be Shevat tente
viver como esse ser. Viva desse modo!
Finalmente, sirva o quarto copo de vinho (totalmente vermelho).
Depois de provar o vinho, pegue a fruta que tem casca mole. A Cabalá
ensina que a maioria das frutas de casca mole são as que tem os
melhores cheiros, os melhores aromas. É por isso que estamos comendo essa fruta nesse momento. A fragrância de um objeto é o que
temos de mais etéreo em nosso mundo físico, e, portanto, simboliza
muito bem o mundo com que nos conectamos aqui, Atsilut.
Pense por um momento no cheiro das coisas, e como esse é um dos
sentidos mais puros e elevados que temos. A visão é produzida por um
objeto físico que reflete luz; o som é produzido por um objeto físico
que vibra e emite ondas sonoras; o tato é produzido pela forma e
textura de um objeto; e o paladar surge por substâncias contidas em
um objeto e que são analisadas por nossa língua. Mas e o cheiro? De
onde vem o aroma de um objeto? O aroma é algo quase que não físico
e transcendental.
É por meio do nariz que o ser humano ganhou a vida (e é pela respi-
ração que a vida se mantém, não pela visão, audição, paladar ou tato).
O aroma é o único sentido que não tem uma matéria física atribuída a
si, e por isso é o mais espiritual de todos os sentidos. É daí que vem a
importância do incenso na Cabalá, e que era um dos rituais mais sagrados quando existia o Templo de Jerusalém.
Depois de terminar seu ritual e saborear todas essas delícias, encerre
fazendo um agradecimento ao criador por tudo que Ele nos fornece, e
por todos os prazeres que Ele nos permite sentir. Encerre o ritual com
o coração transbordante de alegria e gratidão. Pelo resto da noite,
tente manter ao máximo esse estado elevado de vivência. Se quiser,
passe o resto da noite cantando, ouvindo música, dançando, ou estudando Cabalá.

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Tu be shevat

  • 2. No dia 15 de janeiro, ao anoitecer, comemora-se a festa cabalística de Tu be Shevat (lit. dia 15 do mês de Shevat)¹. O Talmud (Rosh Hashaná 2a) diz que existem quatro anos novos, e um deles é o Tu be Shevat, chamado de ano novo das árvores². Física e materialmente a festa tem o intuito de despertar em nós a importância da ecologia, ou seja, da convivência saudável com nosso ambiente e nosso planeta. Por isso atualmente em Israel a data é celebrada com o plantar de árvores. No entanto, espiritualmente Tu be Shevat é muito mais do que isso; é uma data na qual temos o poder de retificar o erro cometido por Adão e Eva. E como se faz isso? Basicamente, comendo frutas. Antes de detalhar o ritual do dia e entender por que comer frutas ajuda a corrigir o erro de Adão e Eva, precisamos entender qual foi esse erro. Obviamente, faremos isso no sentido cabalístico, e não religioso, nem muito menos literal do texto. Uma vez entendido isso ficará claro como podemos retificá-lo. ¹ A festa começa ao anoitecer do dia 15 de janeiro de 2.014 e se estende até o anoitecer do dia 16. ² “Existem quatro Anos Novos. Em primeiro de Nissan é o ano novo dos reis e dos festivais. Em primeiro de Elul é o ano novo para dar o dízimo do gado [...] Em primeiro de Tishrê é o ano novo dos anos [...] Em primeiro de Shevat é o ano novo das árvores, segundo a Escolha de Shamai. A Escola de Hilel, no entanto, diz que a data é quinze desse mês” (Rosh Hashaná 2a). Geralmente, quando existe uma divergência entre a Escola de Shamai e a Escola de Hilel, se adota a opinião desta última. ³ Os mandamentos em hebraico são chamados de mitsvot. Os mandamentos positivos são aqueles do tipo “faça”, como, “lembre do Shabat”. Os mandamentos negativos são os do tipo “não faça”, como, por exemplo, “não matarás”. A tradição conta que existem 613 mitsvót, sendo 248 O texto de Gênesis nos conta que, Adão e Eva, Deus “colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gênesis 2:15). Um dos maiores erros do ponto de vista da Cabalá é considerar que as narrativas bíblicas são histórias de um passado referentes a personagens que nada tem a ver conosco; como se o relato bíblico fosse a leitura de uma notícia de jornal, algo meramente informativo. Para a Cabalá é importante estudar, por exemplo, o texto de Gênesis pois todos nós somos um Adão e Eva vivendo em um Éden, e fomos colocados aqui com a obrigação de “trabalhar” e “guardar” esse jardim. Mas o que isso significa? Os Sábios nos ensinam que “trabalhar” e “guardar” são duas palavras em código para se referir às coisas que podemos fazer e às coisas que, embora possamos fazer, devem ser evitadas. Mais adiante, com o relato da entrega da Torá, essas duas classes de atos são representadas pelos mandamentos positivos e negativos³. No entanto, como dito, isso aparece mais adiante. Aqui, no começo do texto bíblico, a Torá não tinha sido entregue, e Adão e Eva receberam apenas duas ordens desse tipo: comer de todas as frutas do jardim, e não comer somente da fruta da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Que tipo de ordem é essa? Realmente o homem foi criado para comer todos frutos e evitar um deles? Obviamente, não se trata de uma descrição literal de nada, até mesmo porque não existe fisicamente um fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (acredite, já procurei no Mercadão de São Paulo e eles não conhecem a fruta).
  • 3. Comer uma fruta é a metáfora bíblica da nossa interação com esse mundo. Assim, essa história está ensinando que o mundo foi criado – e nós nele – para que pudéssemos “comer de tudo”, viver uma vida plena, repleta, satisfeita. Fomos criados para experimentar o bem, sentir a felicidade e levar uma vida de alegria. Assim, quando estamos nesse estado de espírito e vivendo dessa maneira, estamos cumprindo nosso propósito na criação. Quando se fala de uma vida de alegria e felicidade, as pessoas pensam apenas em coisas “grandes”, objetivos de vida enlevados. No entanto, para a Cabalá, essa felicidade deve existir mesmo nas coisas pequenas, e, se isso ocorrer, estamos atendendo o nosso propósito tanto quanto se sentimos uma felicidade por algo maior. Assim, mesmo quando comemos uma gostosa refeição, se isso nos alegra e nos deixa feliz, estamos cumprindo nosso proposito na criação. Fomos criados para sermos felizes, e é isso que estamos fazendo. Assim, o mandamento de comer todos os frutos (dados à Adão e Eva, e, portanto, a nós) é uma obrigação espiritual que todos temos de aproveitar nossa vida ao máximo, e de todas as maneiras que nos for possível. Apenas uma maneira nos é vetada; um fruto nos foi proibido, mas é da natureza humana que queiramos comer justamente o fruto que devíamos evitar. O que simboliza esse fruto que deve ser evitado? A busca por prazer, alegria e uma vida plena do modo errado. Logo se vê, então, que devemos aprender qual é o modo correto de procurarmos prazer e viver uma vida feliz, evitando qualquer outro tipo de meio que nos prometa isso. Para a Cabalá, os reais prazeres da vida são aqueles que unem o mundo físico e o espiritual. Assim, um prazer verdadeiro surge quando experimentamos um prazer físico no mundo como meio de nos elevar espiritualmente. No entanto, quando sentimos um prazer no mundo físico sem que isso nos acrescente nada no sentido espiritual, esse é um prazer vão e indesejado. Essa é a fonte de todos os problemas no mundo, segundo a Cabalá; a busca do prazer de modo baixo e leviano, como elemento de satisfação puramente corporal, egoísta e momentânea, sem nada que extrapole aquele prazer. O mal do nosso mundo é procurar o prazer físico desvinculado de qualquer conexão espiritual. Assim, se retomarmos ao exemplo da refeição que comemos, podemos dizer que se essa comida é ingerida com alegria e felicidade, e o alimento físico que comemos serve como combustível para um estado
  • 4. mais elevado de ânimo e de alma, esse é um prazer válido e belo. No entanto, se comemos algo apenas por um desejo corporal, de forma mecanizada e robótica, como se estivéssemos apenas cumprindo uma obrigação, sem que isso nos deixe alegre, qualquer prazer que possamos derivar dessa refeição é inválido e indesejado. Do ponto de vista da Cabalá o erro adâmico foi se confundir quanto ao seu objetivo no mundo, e não ter ciência do que traz verdadeira alegria e felicidade para si. Adão se esqueceu que o mundo que ele tinha ao seu redor era um meio para chegar ao espiritual, e não apenas um fim em si mesmo. É por isso que, como resultado do erro, D’us aparece a Adão e diz: “Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3:17). Isso não significa que a terra foi punida pelo que Adão e Eva fizeram, afinal, que culpa tem a terra? A mensagem de D’us tem o intuito de avisar que Adão e Eva fizeram o que fizeram porque distorceram sua visão de mundo, e nela a terra, que deveria ser uma fonte de alegria e prazer verdadeiros, se tornou uma fonte de prazeres nulos, ou seja, de uma maldição. Como dito anteriormente, Adão e Eva não são personagens de alguma história ocorrida no passado, mas são uma parte de nós mesmos. Assim, essa maldição nos afeta pessoalmente, até hoje. A lição maior por trás de tudo isso é que o modo como enxergamos o mundo físico é o que define se ele é abençoado ou amaldiçoado. Se olhamos o mundo físico como algo criado para que dele desfrutemos, como uma base que temos para alcançar o mundo espiritual, ele se torna uma bênção. Por outro lado, se o vemos como um fim em si mesmo, algo criado para que eu use e explore sem que isso me leve a nada maior, ele é uma maldição. Uma vez entendido esse ponto, podemos começar a apreciar o valor e importância de Tu be Shevat. Por que essa data foi a escolhida para representar o ano novo das árvores? No hemisfério norte, é por volta dessa data que se chega ao meio do inverno. Ou seja, do Tu be Shevat em diante o frio passa a ser cada vez menor e começa a surgir o clima apropriado para que as primeiras árvores comecem a nascer. Essa é a gênese (o início do ano) para a árvore, a flor e o fruto. Ao chegar na primavera, chega a maturidade: as árvores cresceram e estão no ponto máximo de seu vigor. Existe um dito cabalístico que diz: “mais do que o bebê quer mamar, a mãe quer amamentar”. Embora o desejo do bebê seja mamar, isso por si só não é suficiente para que a mãe tenha leite. É o desejo da mãe de alimentar a sua cria que permite isso. Mais do que isso, o fluxo de leite materno só é produzido com a mamada do bebê. Quanto mais o bebê
  • 5. deseja mamar, mais leite a mãe tem para dar. Esse também é o princípio que rege nossa relação com esse mundo. O mundo foi feito para nos dar os maiores prazeres e alegrias existentes, mas se nós não quisermos isso para nós, o mundo não consegue fornecer o que tem a nos dar. Por outro lado, se nos interessamos em receber, o mundo está pronto a nos dar. Mais do que isso, quanto mais queremos receber, mais o mundo nos dá! Como em Tu be Shevat as árvores estão crescendo e se preparando para nos dar suas flores e frutos, o que celebramos nesse momento é o nosso desejo de receber tudo isso que o mundo quer nos dar. Estamos fazendo uma espécie de compromisso com o mundo, reiterando nossa vontade de receber tudo de bom que o Universo tem a fornecer. Sendo assim, a lógica cabalística por trás do ritual de Tu be Shevat que veremos adiante é comer o máximo de diferentes tipos de frutas possível, deliciando-se com cada uma delas. Isso mostra como queremos desfrutar do mundo ao nosso redor. Ao mesmo tempo em que fazemos isso, concentramos a intenção de tornar esse prazer físico que sentimos com a comida um meio para a elevação espiritual pessoal e do mundo. Sempre que comemos com esse tipo de consciência, como já foi dito, estamos ajudando imensamente a retificação do mundo; estamos alimentando corpo e alma (e não apenas corpo). No entanto, em Tu be Shevat essa energia é particularmente forte, pois estamos nos conectando também às árvores, que estão ali para nos dar seus frutos para que nós, por sua vez, os usemos como ferramentas de elevação. Por outro lado, por causa do princípio de “mais do que o bebê quer mamar, a mãe quer amamentar”, quando demonstramos essa preocupação espiritual com os frutos, quando demonstramos nosso interesse em aproveitá-los, estamos expressando nosso desejo por eles e isso por si só faz com que os frutos sejam produzidos em abundância, para que possamos sempre obter mais. O mundo nos dá o tanto quanto queremos.
  • 6. Para se conectar com a energia de Tu be Shevat tente separar os itens listados abaixo. Não se preocupe, no entanto, se você não puder encontrar todos itens. Dentre os seis primeiros, procure o máximo que conseguir, e deixe os que você não achar de lado. Do item 7 em diante, escolha a fruta mais fácil para você e substitua as sugestões que ofereço sem medo. Se também não conseguir algum dos frutos, não se preocupe. Para a Cabalá, a mera intenção de se conectar com uma energia já é suficiente, mesmo que você não coma um fruto sequer. 1 – figos 2 – tâmaras 3 – romã 4 – azeitona 5 – uva 6 – trigo e/ou cevada (na forma de bolos, pães ou cereais). Essas seis (sete, com a cevada) espécies são as mais importantes do ritual e serão comidas primeiro. Dentre essas, se você não achar alguma delas, não substitua, simplesmente deixe de lado. 7 –qualquer fruta com casca dura de sua preferência (nozes, amêndoas, pistache, coco). 8 – qualquer fruta com casca mole (que se pode descascar) da sua preferência (pêra, maçã, laranja, abacate, banana). 9 – qualquer fruta que se come junto com a semente (morango e alguns tipos de uva). 10 – qualquer fruta com sementes que não se pode comer (pêssego, ameixa, mamão). 11 – vinho ou suco de uva, um branco e um tinto (os dois serão usados). 12 – um cofrinho para coletar dinheiro que será doado. Observação: tente escolher frutas bem doces e vistosas, daquelas que só de olhar dêem água na boca. Quanto mais bonitas e saborosas, melhor.
  • 7. Prepare uma mesa de maneira alegre e festiva. De preferência use toalha branca, e espalhe todas as frutas compradas sobre a mesa. Se quiser colocar um vaso de flores e velas sobre a mesa, ainda melhor! Essa será sua refeição do dia, como se fosse um banquete de comemoração, uma refeição especial. Uma vez com a mesa posta, comece separando um valor em dinheiro para doação (coloque-o em um cofrinho ou local reservado para dinheiro. Não o deixe em cima da mesa). Separe a quantia que você achar adequada, e ao fazê-lo já pense para quem poderá dar o dinheiro. Em seguida, medite que você está prestes a comer diretamente de uma mesa celestial e na presença de vários anjos e de D’us. Imagine ainda que essa mesa está situada no próprio Jardim do Éden. Se quiser feche os olhos e sinta por um momento como é estar na companhia de D’us, sentado junto a Ele na mesa. Deixe que sua mente te permita sentir e imaginar como é compartilhar uma refeição com os seres celestiais. Lembre-se que sentir prazer da maneira correta é a verdadeira fonte de alegria e felicidade. Prepare-se para o prazer que você vai sentir em alguns minutos ao comer cada uma das diferentes frutas. O erro de Adão e Eva foi comer a fruta com a intenção errada, e agora estamos corrigindo isso preparando nossa intenção corretamente. Feito isso, chega a parte mais esperada: comer as frutas e beber os dois tipos de vinho. Começa-se pelos pães, bolos ou cereais, representando o trigo e a cevada. Quando Tu be Shevat cai no Shabat, por exemplo, o pão usado pode ser a própria Chalá. Antes de comer o bolo diga a seguinte frase: Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, por criar alimentos de sustento. Se em vez de bolo você for comer pão, diga: Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, que cria o pão a partir da terra. Feito isso, coma o bolo ou pão e saboreie cada mordida. Aprecie ao máximo. Em seguida, comemos as outras espécies do primeiro grupo de frutas, ou seja, das sete mais importantes. O ideal é comer as frutas desse grupo na ordem que você mais gostar, ou seja, primeiro as que mais lhe apetecem. Se você não tiver uma ordem preferencial, siga a seguinte ordem: azeitona, tâmara, uva, figo, romã.
  • 8. Antes da primeira fruta do grupo somente diga Bendito és Tu, ó Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, por criar as frutas da árvore. Ao comer tente sentir cada fruta em especial, em sua particularidade. Mastigue devagar e saboreie cada espécie. Preste atenção na textura da fruta, no seu sabor e na sensação que ela deixa na boca e garganta. Pense que essas frutas são uma metáfora das várias maneiras que temos de obter prazer no mundo. Feito isso se entra na segunda parte do ritual, em que comeremos um tipo de fruta de quatro classes distintas (frutas de casca dura, frutas de casca mole, frutas que se comem com a semente, frutas que se comem sem a semente). Com cada classe de fruta tomaremos com um copo de vinho, cada um de sua maneira (um copo só de vinho branco, um quase todo branco com pouco tinto, outro com bastante tinto e um pouco de branco, e outro apenas tinto). O simbolismo do branco e do vermelho é imenso, e seria impossível detalhá-lo todo nesse artigo. Grosso modo, basta saber o que o Zôhar diz a respeito disso. O branco representa o lado direito, o potencial, Chéssed, e o vermelho representa o lado esquerdo, a ação, Guevurá. Quando tomamos o vinho cada vez mais vermelho estamos partindo potencial para a ação, estamos saindo de um estado passivo e letárgico para ir a um estado proativo e transformador. Cada uma das quatro classes de fruta e dos quatro copos de vinho representa uma das letras do Tetragrama e um dos mundos cabalísticos, que, de baixo para cima, são: Assiá, Beriá, Ietsirá e Atsilut. Assim, a cada novo grupo de frutas e a cada novo copo de vinho estamos nos elevando mais, e nos tornando mais espiritualizados e conectados à Luz. Sirva o primeiro copo de vinho (só branco). Beba e sinta tudo o que o vinho tem a oferecer. Imagine-se um sommelier por um momento. Existem cursos caríssimos que ensinam a apreciar um vinho. Imagine que está fazendo isso no momento. Depois de experimentar o vinho coma a fruta com casca dura. A parte comestível da fruta representa a perfeição e a pureza, e a casca a deficiência, a impureza, o que não desejamos. É assim o nosso mundo, o mundo de Assiá, uma mistura de ambas as coisas, um esforço constante de nossa parte de separar o comestível da casca. Então pegue o fruto e tire a casca dura. Enquanto estiver fazendo isso, imagine que um dos seus traços negativos está indo embora. Você pode pensar que está jogando for a sua raiva, sua impaciência, sua intolerância, etc. Realmente veja a casca como o seu traço negativo, e quando a jogar fora, veja esse traço indo embora de você. O que sobra é a fruta, deliciosa e saborosa, o seu verdadeiro eu.
  • 9. Sirva o segundo copo de vinho (bastante branco e só um pouquinho de vermelho). Como antes, sinta o gosto peculiar da mistura. Feito isso, coma a fruta cujas sementes não podem ser comidas (pêssego, mamão, etc). As sementes, assim como a casca, representam a impureza, mas uma impureza mais interna, ao contrário da casca. A semente representa a impureza que conseguiu se inserir na santidade. Aqui ainda não conseguimos comer a semente, mas já temos um avanço espiritual, estamos em Ietsirá. A impureza não é mais uma casca, mas uma semente que, pelo menos, tem o potencial de criação em si. Ou seja, aqui veja um traço negativo seu como a semente. Veja, realmente veja, esse traço crescendo, como a semente, e se tornando algo bonito e melhor, algo mais valioso do que a semente em si. Esse traço de caráter não é mais uma barreira para você, e agora se tornou algo que te dá forças e que te impulsiona. Sirva o terceiro copo de vinho (bastante vinho vermelho e um pouco de branco). Sinta o sabor da mistura e, feito isso, coma as frutas totalmente comestíveis, ou seja, aquelas que podem ser comidas com a semente e tudo (morango e algumas uvas). Aqui estamos no mundo de Beriá. As coisas estão próximas de sua ação máxima. Até as sementes são consumidas agora. Além do potencial criativo delas, elas são tão gostosas que podem ser comidas e aceitas sem problemas. Nesse momento pense em algo na sua vida que você gostaria de melhorar. Imagine uma versão aperfeiçoada de você mesmo, e perceba que, na verdade, esse ser já é você. Pelo resto de Tu be Shevat tente viver como esse ser. Viva desse modo! Finalmente, sirva o quarto copo de vinho (totalmente vermelho). Depois de provar o vinho, pegue a fruta que tem casca mole. A Cabalá ensina que a maioria das frutas de casca mole são as que tem os melhores cheiros, os melhores aromas. É por isso que estamos comendo essa fruta nesse momento. A fragrância de um objeto é o que temos de mais etéreo em nosso mundo físico, e, portanto, simboliza muito bem o mundo com que nos conectamos aqui, Atsilut. Pense por um momento no cheiro das coisas, e como esse é um dos sentidos mais puros e elevados que temos. A visão é produzida por um objeto físico que reflete luz; o som é produzido por um objeto físico que vibra e emite ondas sonoras; o tato é produzido pela forma e textura de um objeto; e o paladar surge por substâncias contidas em um objeto e que são analisadas por nossa língua. Mas e o cheiro? De onde vem o aroma de um objeto? O aroma é algo quase que não físico e transcendental. É por meio do nariz que o ser humano ganhou a vida (e é pela respi-
  • 10. ração que a vida se mantém, não pela visão, audição, paladar ou tato). O aroma é o único sentido que não tem uma matéria física atribuída a si, e por isso é o mais espiritual de todos os sentidos. É daí que vem a importância do incenso na Cabalá, e que era um dos rituais mais sagrados quando existia o Templo de Jerusalém. Depois de terminar seu ritual e saborear todas essas delícias, encerre fazendo um agradecimento ao criador por tudo que Ele nos fornece, e por todos os prazeres que Ele nos permite sentir. Encerre o ritual com o coração transbordante de alegria e gratidão. Pelo resto da noite, tente manter ao máximo esse estado elevado de vivência. Se quiser, passe o resto da noite cantando, ouvindo música, dançando, ou estudando Cabalá.