SlideShare a Scribd company logo
1 of 4
Download to read offline
Arq. Apadec, 6(2): ju l.-dez., 2002                                                                                                     5

                                 RELAÇÕES ENTRE DESEMPENHO ESCOLAR,
                                     ESTAÇÕES DO ANO E DEPRESSÃO

                                                                                                  M arcilio Hubner de M iranda Neto.


M IRANDA-NETO, M .H. Relações entre desempenho escolar, estações do ano e depressão. Arq. Apada, 6(2): 5-7,2002.

RESUM O. Os estudos cronobiológicos em muito têm contribuído para a compreensão das influências de fatores ambientais sobre o
funcionamento do organismo humano. No tocante às questões que e!lvolvem a aprendizagem, têm permitido novas interpretações
e/ou ,motivado novas formas de analises e resoluções de problemas q~I': afetam o desempenho dos alunos. No presente trabalho,
apresentamos uma reflexão pautada nos conhecimentos cronobiológicos dos cIi~sicos "altos e baixos" que acontecem com o desem-
penho dos alunos no decorrer do ano letivo, alcrtando para a necessidade de se investigar em quais períodos do ano ocorre o menor
rendimento e suas possíveis relações com a depressão sazonal, condiçã') relativamente comum no outono e no inverno.
PALAVRAS-CHAVE: Cronobiologia; depressão sazonal; desempen'lO escolar; dificuldades de aprendizagem


 INTRODUÇÃO                                                              atividades orgânicas com os ciclos do ambiente. Para a maioria
     Diversas áreas do conhecimento humano têm procurado                 dos seres vivos, o principal sincronizador é a luz, enquanto para
contribuir com a solução e/ou amenização dos problemas de                o homem, além da luz, as relações sociais e de trabalho são
aprendizagem, dentre elas: a psicologia; a pedagogia; a                  fundamentais para sua sincronização.
psicopedagogia; a neuropsicologia, a neurolo gia, e a                         Alterações no funcionamento dos relógios biológicos
fonoaudiologia. Cabe ressaltar que, além doS' J-abalhos                  relacionadas à organização das atividades escolares e de
clássicos de profissionais das áreas mencionadas, grande                 trabalho ou, ainda, induzidas por alterações do fotoperíodo
contribuição pode ser oferecida pela cronobiologia para a                (duração do dia em relação a noite) podem levar ao
compreensão da aprendizagem e de algumas de suas                         desenvolvimento de doenças genericamente denominadas de
dificuldades. Assim, como as demais áreas, a cronobiologia               cronopatologias.
quando aplicada às questões escolares, não consegue resolver                  Dentre as cronopatologias destacamos a depressão
todos os problemas do processo de escolarização, mas, com                endógena ou síndrome afetiva sazonal, um tipo de depressão
certeza, constitui-se numa ferramenta que não pode ser                   que não é causada por problemas nas relações interpessoais e
desprezada. Afinal, quando o assunto é a dificuldade de                  sim por alterações no funcionamento cerebral desencadeadas
aprendizado, bem como os transtornos e os sofrimentos por elas           pela redução da luminosidade ambiental. Seus sintomas e
gerados, todas as contribuições, em especial as cientificamente          possíveis formas de tratamento são temas freqüentes de
pautadas, são bemvindas.                                                 pesquisas (ZERSSEN, 1988;WEHR, 1988;LEWYetal., 1990;
     No presente trabalho apresentamos uma reflexão pautada              MORENOetal., 1997) .
nos conhecimentos cronobiológicos com o objetivo de buscar                   A depressão sazonal foi reconhecida pela associação
novas formas de interpretação para os clássicos altos e baixos           psiquiátrica americana como uma forma particular de depressão
que acontecem com o desempenho de alguns alunos no decorrer              em 1987. Nesta ocasião, foi incluída como um diagnóstico
do ano letivo.                                                           separado no manual diagnóstico e estatístico, que é usado pelos
                                                                         especialistas    em Saúde M ental para diagnosticar
                                                                         adequadamente os distúrbios psiquiátricos.
                                                                             A depressão sazonal ocorre em pessoas de todas as idades,
DES ENVOLVIMENTO
                                                                         inclusive em crianças. Em mulheres a incidência é quatro vezes
    Vários ramos das ciências biológicas contemporâneas têm se
                                                                         maior do que em homens, havendo fortes indícios de
preocupado com o estudo da organização temporal dos seres
                                                                         predisposição genética. Portanto, pessoas com um ou mais
vivos. Este conjunto de estudos, uma vez que implica
                                                                         familiares acometidos por esta cronopatologia têm maior
metodologia e objeto próprios, está agrupado num ramo
                                                                         probabilidade de também serem afetadas.
científico denominado Cronobiologia (CIPOLLA NETO &
                                                                             Embora os mecanismos das desordens afetivas sazonais
CAM PA, 1991).
                                                                         ainda não estejam completamente esclarecidos, os
    Com o avanço da Ciência Cronobiológica, ficou de-                    pesquisadores concordam que a redução ou a falta de exposição
monstrado que os seres vivos possuem genes que determinam o              à luz forte atua como desencadeante (ROSENTHAL et aI.,
funcionamento de diversas estruturas, desde o nível celular até o
                                                                         1984). A menor intensidade luminosa e o encurtamento dos dias
nível do organismo como um todo as quais promovem uma                    verificado no outono e
organização temporal de suas atividades fisiológicas,
funcionando como verdadeiros relógios biológicos. Esta mesma
Ciência demonstra que os seres vivos, de maneira geral,
sincronizam suas


'Coordenador do Centro Interdisciplinar de Ciências e docente do Deparamento de Ciências Morfofisiológica da Universidade Estadual
  de Maringá
6                                                                                          Arq. Apadec, 6(2): jul.-dez., 2002

inverno intensificam a ocorrência desta síndrome nestas         de sintomas leves, fáceis de convjver no dia a dia a fortes
estações, sendo, por este motivo, denominada "s índrome         mudanças no humor e comportamento com problemas
afetiva sazonal". Entretanto sua ocorrência não é restrita      significativos em suas vidas. Seus sintomas podem ser típicos ou
ao inverno. Pode ocorrer também em outras épocas do ano         atípicos.
em pessoas que passam os dias em amb ientes fechados,
com poucas janelas e mal ilu minados. Pessoas com               Sinto mas típicos:
limitações físicas que permanecem por períodos prolon-          - mudanças nos hábitos: dormir por mais horas no inver
gados fechadas em casa sem dar u m bom passeio por am-            nc e mesmo assim sentir-se cansado e apresentar dificu
bientes ensolarados também podem desenvolver os sin-              làade para acordar de manhã;
tomas. O "incô modo" sentido por algumas pessoas, após                  - m'Jdanças nos hábitos alimentares: aumento do apetite,
vários dias chuvosos ou nublados, também escl relacio-            em especial pelos carboidratos; rápido aumento de peso;
nado com o mesmo t ipo de alteração.                                -   n :udanças na energia e motivação: dificuldade para con
    A ocorrência da depressão sazonal está intimamente            Ceatrar-se e para executar tarefas de rotina, fadiga, isola
associada a altàáções de produção, do hormônio                    mento social, diminuição do impulso sexual;
melatonina pela glândula pineal. Este hormônio é                    -   mudanças no humor: irritabilidade ou apatia, baixa auto
secretado na fase de escuro do dia, ou seja, durante a noite.     estima, sensação de depressão, tristeza e, em alguns ca
Entre as suas diversas funções está a atuação como                sos, idéias suicidas;
regulador do sono e como u m sinalizador hu moral que                  - maior intensidade da tensão pré-menstrual.
permite ao organismo avaliar o co mprimento do dia e da
noite e ajustar seu funcionamento às variações do               Sinto mas atípicos:
amb iente.                                                      - mudanças nos hábitos de sono: desperta muito cedo,
    A lu z que é captada pelos olhos, além de servir para a       apresenta insônia e intranqüilidade;
visão, serve, também, para informar a u ma área do cérebro      - mudanças nos hábitos alimentares: diminu ição de ape
denominada "núcleo supraquiasmático" do hipotálamo                tite e perda de peso;
sobre a luminosidade amb iental. Este, por sua vez,             - maibr suscetibilidade a resfriados e infecções.
comunica-se com outras estruturas neurais fazendo a                  Quando se analisa o desempenho anual de alguns estudantes
informação chegar até a glândula pineal, responsável pela       é comum verificar um bom desempenho no primeiro bimestre
produção de melatonina.                                         seguido de queda do rendimento no segundo e no terceiro
     A melatonina é u m hormôn io co m mú ltip las funções      bimestres. Em uma análise que clas sificaríamos como simplista,
positivas em nosso organismo: o aumento de sua produção         chega-se à seguinte interpretação: no primeiro bimestre o aluno
no período noturno nos ajuda a ter uma boa noite de sono.       se saiu bem porque estava empolgado; no segundo e no terceiro,
Entretanto, seu excesso no período diurno pode causar           relaxo~; no último bimestre, ante a ameaça de reprovação, empe-
sensações de cansaço, fadiga e sonolência e, inclu sive,        nhou-se nos estudos, voltando a obter boas notas. É também
causar depressão. Por outro lado, a serotonina,                 comum o seguinte comentário: "Viram como ele éinteligente?
neurotransmissor que regula o humor, a energia e o apetite      Só não se sai bem em todas as provas porque não quer'"
atinge nível de pico quando a pessoa está exposta à luz              Por outro lado, se pensarmos que estes estudantes estão
brilhante. Pessoas com síndro me depressiva sazonal, du-        expostos a possibilidade de desenvolvimento de depressão
rante o episódio depressivo, têm menos serotonina e mais        sazonal, outra interpretação poderá ser dada ao seu desempenho
melatonina de que pessoas que não estão deprimidas.             anual: no primeiro bimestre, saem-se bem porque estam os no
    Quando a pineal é informada sobre a redução da              verão, o que favorece a sua interativjdade; no segundo bimestre,
lu minosidade ambiental ela au menta a produção de              com a chegada do outono, podem desenvolver uma desordem
melatonina: quanto mais longas forem as noites, maior           afetiva de caráter sazonal com sintomatologia de intensidade
será o período de produção deste hormônio. À medida que         variada. A depressão toma o estudante menos interativo, com-
caminhamos do verão para o outono, seguindo para o              promete a sua afetivjdade para com diferentes ativjdades,
inverno, os dias vão se tornando cada vez mais curtos e as      interfere na sua atenção e reduz suas possibilidades de
noites mais longas, com a conseqüente redução do período        aprendizagem, sendo esta uma das principais causa da queda de
de lu minosidade. No outono e, especialmente, no in verno       seu desempenho no segundo e terceiro bimestres. O quarto
podem surgir as man ifestações da desordem afetiva              bimestre ocorre na primavera em direção ao verão, ocasião em
sazonal.                                                        que a duração do dia (fotoperíodo) está aumentando e que as
     É interessante notar que a população pode responder        condições ambientais favorecem a remissão dos sintomas
de maneiras d istintas ao encurtamento do fotoperiodo.          depressivos, melhorando a interação do sujeito e conse-
Para alguns, a chegada do inverno não causa qualquer alte-      qüentemente a sua vontade de aprender.
ração do humo r, podendo, às vezes, representar um me lhor           M uitas vezes pais e professores, por desconhecerem este
período para dormir, tornando-as mais bem dispostas para        tipo de desordem afetiva endógena vinculada às estações do ano,
as atividades fisicas e mentais. Uma outra parcela da           discriminam o aluno/filho, assumindo uma postura de cobrança
população apresenta uma certa sensação de desconforto e         frente ao seu menor rendimento aca
uma angústia que não chega a afetar significat ivamente
suas ativjdades. Em outra parcela, a mais sens ível, as
alterações do fotoperiodo desencadeiam a depress ão sa-
zonal.
     Pessoas com depressão sazonal podem apresentar des
Arq. Apadec, 6(2):jul.-dez., 2002                                                                                                7

dêmico e de recriminação pelas alterações comportamentais, em        CONS IDERAÇÕES FINAIS
detrimento do apoio de que ele está necessitando. Isto geralmente         As desordens afetivas sazonais podem ocorrer em qualquer
ocorre porque, dentro de suas limitações, nem a escola nem a         momento da vida, comprometendo as relações interpessoais.
família conseguem encontrar um motivo que lhes pareça                Quando ocorrem na idade escolar podem levar a redução do
plausível e que justifique o que está Qcorrendo com o aprendiz.      desempenho acadêmico, especialmente no outono e no inverno.
Estas cobranças podem aumentar a angústia do aluno e in-             Quando suas manifestações são intensas, o diagnóstico é
tensificar sua depressão, pois a pressão psicológica iráconstituir   realizado mais facilmente. En tretanto, quando suas
um fator psíquico que irá somar ao orgânico, afetando então as       manifestações são mais amenas ou subclínicas o problema pode
duas vertentes formadoras da mente. Intensifica-se, desta forma,     passar despercebido por vários anos, gerando rótulos negativos
o quadro de depressão que agora passa de meramentef>rgânico          para o estudante. A presença na escola de profissionais como o
para orgânico e psíqUIco.                                            psicólogo ou psicopedagogos preparados para detectar o
    Vale salientar que nem sempre a desordem afetiva sazonal         problema pode resultar em encaminhamentos mais precoces para
irá interferir nas notas obtidas pelos alunos nas avaliações         profissionais aptos a realizarem o diagnóstico, evitando a pror-
formais. M uitas vezes, apesar da redução nas interações,            rogação do sofrimento para o estudante.
sonolência e/ou irritabilidade, entre outros sintomas típicos, o
aluno pode direcionar suas energias para os estudos.
    Qual postura então deve ser assumida frente a este tipo de
desordem e às dificuldades de aprendizagem por                       REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC AS CIPOLIA-NETO,].;
ela geradas? A cobrança ou o apoio?                    .I
                                                                     CAM PA, A Ritmos biológicos. In: AIRES, M .M . Fisiologia. Rio
     Primeiro é preciso realizar o d iagnóstico desta doeÍ1          de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. p.1719.
                                                                     LEWY, A].; WHER, T.A; GOODWIN, F.K Light suppress
 ça. Neste, deve-se levar em consideração os sintomas' e a
                                                                     mcIatonin secretion in humans. Science, 210:1267-1269,
possível ocorrência deste tipo de desordem em outras                 1990. M AINARDES, J. Cenários de aprendizagem: instâncias
pessoas da família, u ma vez que existem fo rtes indícios de         interativas na sala de aula. In: M ARTINS,].B.; PIM ENTEL,A.;
predisposição genética. É também interessante analisar o             MAINARDES,].; CAMARGO,].S. Na perspectiva de Vigotsky.
histórico escolar verificando se nos anos anteriores as notas        São Paulo: Quebra Nozes, 1999. p.27-49.
apresentavam o mes mo padrão de distribuição.                        MORENO, c.; FISCHER, EM .; M ENNA-BARRETO, L.
     Uma vez diagnosticada, se necess ário, o méd ico po-            Aplicações da cronobiologia. In: M ARQUES, N.; M ENNA-
derá realizar tratamento psicofarmacológico visando nor-             BARRETO (Orgs.) Cronobiologia: princípios e aplicações. São
malizar os níveis de serotonina. Quando se trata de crian-           Paulo: EDUSp, 1997. p.240-254.                    .
ças, geralmente emprega-se um in ibidor da recaptação de             ROHDE, L.A.; BARBOSA, G.; TRAM ONTINA, S.;
serotonina, uma vez que nelas nem sempre se obtém u ma               POLANCZYK, G.; Transtorno de déficit de atenção/
                                                                     hiperatividade. Rev. Bras. Psiquiatr., 22(supl 11):7-11,2000.
boa resposta no tratamento da depress ão com
                                                                     ROSENTHAL, N.E.; SACK, DA; GILLIN,].C.; LEWY,A],;
antidepressivos tricíclicos (ROHDE et aI., 2000). Trata
                                                                     GOODWIN, F.K.; DAVENPORT, Y.; M UELLER, P.S;
mentos especializados utilizando exposição controlada                NEWSOM E, DA.; WHER, T.A. Seasonal affective disorder: a
àluz art ificial de alta intensidade tem p roduzido resulta-         description ofthe syndrome and prcliminary findings with light
dos satisfatórios (ROSENTHAL et aI., 1984).                          therapy. Are/I. Gen. Psychiatry, 41:72-80, 1984.
      O psicólogo poderá contribuir para a amenização do             ZERSEN, D. Circadian phenomenon in depression: theoretical
quadro, tratando possíveis problemas da dinâmica fami-               concept~ and empirical findings. In: HEKKENS, WTHJ.M .;
liar que estejam associados e contribuindo para agravar o            KERKHOF, G. A ; RIETVELD, w'J.(Orgs.) Trends in
problema, bem co mo para que o paciente e a família en-              cronobiology. O xford: Pergamon Press, 1988. p.357-366.
tendam e aceitem que esta é u ma desordem bioquímica                 WEHR, TA CronobioJogy of affective illness. In: HEKKENS,
relacionada à intensidade da lu minosidade ambiental que             WTH],M .; KERKHOF, G. A; RIETVELD, W],(Orgs.) Trellds in
                                                                     cronobiology. Oxford: Pergamon Press, 1988. p.367-379.
poderá repetir-se todos os anos e que isto não significa
uma insatisfação com a v ida.
     Estas pessoas devem evitar os ambientes mal
ilu minados e a colocação de cortinas pesadas nas janelas.
Devem procurar realizar atividades físicas em amb ientes
abertos, pois isto colabora no combate a depress ão
sazonal.
     Acreditamos que no ambiente familiar e escolar
devese assumir a conduta reco mendada para qualquer
caso de dificu ldade de aprendizagem, ou seja, o apoio.
Pois, conforme argu menta MAINA RDES (1999) a
cobrança aumenta o grau de angústia decorrente da
imperícia, podendo ocasionar um forte sentimento de
incapacidade para aprender. O apoio, por sua vez,
aumenta a autoconfiança, a d isposição para o aprendizado
e mediações do professor ou mes mo dos colegas de
                                                                     ISSN 1414-7149
classe.
                                                                     Revista indexada no Periodica, índice de revistas Latino
                                                                     Americanas em Ciências http://www.dgbiblio.unam.mx
Relacao entre desempenho_escolhar_estacoes_e_ano_depressao

More Related Content

Similar to Relacao entre desempenho_escolhar_estacoes_e_ano_depressao

O normal e o patológico
O normal e o patológicoO normal e o patológico
O normal e o patológicoMarcos Dias
 
O que é Desenvolvimento.pptx
O que é Desenvolvimento.pptxO que é Desenvolvimento.pptx
O que é Desenvolvimento.pptxssuserd293d11
 
Fundterapiairnterpessoal
FundterapiairnterpessoalFundterapiairnterpessoal
FundterapiairnterpessoalMarley Marques
 
As etiologias biológicas dos
As etiologias biológicas dosAs etiologias biológicas dos
As etiologias biológicas dosRosi oliveira
 
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idosos
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idososOs benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idosos
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idososLívea Maria Gomes
 
Projetodepesquisasemanexo
ProjetodepesquisasemanexoProjetodepesquisasemanexo
Projetodepesquisasemanexohalinedias
 
Psicopatologias Contemporâneas
Psicopatologias ContemporâneasPsicopatologias Contemporâneas
Psicopatologias ContemporâneasFrei Ofm
 
O que é desenvolvimento humano
O que é desenvolvimento humanoO que é desenvolvimento humano
O que é desenvolvimento humanoJan Carlos
 
O Impacto Da Psicanálise Sobre O Setor
O Impacto Da Psicanálise Sobre O SetorO Impacto Da Psicanálise Sobre O Setor
O Impacto Da Psicanálise Sobre O Setorr6zvomo671
 
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptx
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptxDESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptx
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptxRafaella Cristine
 
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDEDEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDEAbdon Nanhay
 
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas Kátia Beraldi
 
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdfAvaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdfssuser07c142
 
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoron
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoronc6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoron
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoronRodolfo Schleier
 

Similar to Relacao entre desempenho_escolhar_estacoes_e_ano_depressao (20)

O normal e o patológico
O normal e o patológicoO normal e o patológico
O normal e o patológico
 
O que é Desenvolvimento.pptx
O que é Desenvolvimento.pptxO que é Desenvolvimento.pptx
O que é Desenvolvimento.pptx
 
microbiota intestinal.pdf
microbiota intestinal.pdfmicrobiota intestinal.pdf
microbiota intestinal.pdf
 
Fundterapiairnterpessoal
FundterapiairnterpessoalFundterapiairnterpessoal
Fundterapiairnterpessoal
 
As etiologias biológicas dos
As etiologias biológicas dosAs etiologias biológicas dos
As etiologias biológicas dos
 
00 tccitpac
00 tccitpac00 tccitpac
00 tccitpac
 
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idosos
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idososOs benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idosos
Os benefícios do ÔMEGA 3 e DHA para o cérebro de cães e gatos idosos
 
Projetodepesquisasemanexo
ProjetodepesquisasemanexoProjetodepesquisasemanexo
Projetodepesquisasemanexo
 
Psicopatologias Contemporâneas
Psicopatologias ContemporâneasPsicopatologias Contemporâneas
Psicopatologias Contemporâneas
 
H.5 esquizofrenia-portuguese-2016
H.5 esquizofrenia-portuguese-2016H.5 esquizofrenia-portuguese-2016
H.5 esquizofrenia-portuguese-2016
 
O que é desenvolvimento humano
O que é desenvolvimento humanoO que é desenvolvimento humano
O que é desenvolvimento humano
 
O Impacto Da Psicanálise Sobre O Setor
O Impacto Da Psicanálise Sobre O SetorO Impacto Da Psicanálise Sobre O Setor
O Impacto Da Psicanálise Sobre O Setor
 
Distúrbios e dificuldades de aprendizagem
Distúrbios e dificuldades de aprendizagemDistúrbios e dificuldades de aprendizagem
Distúrbios e dificuldades de aprendizagem
 
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptx
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptxDESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptx
DESENVOLVIMENTO DO CEREBRO.pptx
 
Pal006
Pal006Pal006
Pal006
 
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDEDEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
 
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas
TDAH em adolescentes residentes em comunidades terapêuticas
 
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdfAvaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
 
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoron
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoronc6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoron
c6147110b08899dcb4d79acfa6d0e919b9a48f90-30-3-stressdoron
 
Tg ds
Tg dsTg ds
Tg ds
 

More from UEM

Tcc show da_fisica
Tcc show da_fisicaTcc show da_fisica
Tcc show da_fisicaUEM
 
Mudi empreendorismo no servico publico
Mudi empreendorismo no servico publicoMudi empreendorismo no servico publico
Mudi empreendorismo no servico publicoUEM
 
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010UEM
 
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museus
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museusAtualizado revisado vivencias pedagogicas em museus
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museusUEM
 
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorte
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorteMuseus de ciencias parques e reservas florestais de cianorte
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorteUEM
 
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervoso
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervosoEstimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervoso
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervosoUEM
 
A importancia do sono para_aprendizagem
A importancia do sono para_aprendizagemA importancia do sono para_aprendizagem
A importancia do sono para_aprendizagemUEM
 
Cogumelo do sol
Cogumelo do solCogumelo do sol
Cogumelo do solUEM
 
Cogumelo do sol
Cogumelo do solCogumelo do sol
Cogumelo do solUEM
 
Teoria e pratica na producao de trabalhos
Teoria e pratica na producao de trabalhosTeoria e pratica na producao de trabalhos
Teoria e pratica na producao de trabalhosUEM
 
Metodologia
MetodologiaMetodologia
MetodologiaUEM
 
Orientacoes de metodologia
Orientacoes de metodologiaOrientacoes de metodologia
Orientacoes de metodologiaUEM
 
Cronograma 28.o SEURS
Cronograma 28.o SEURSCronograma 28.o SEURS
Cronograma 28.o SEURSUEM
 
Sol fonte de_energia
Sol fonte de_energiaSol fonte de_energia
Sol fonte de_energiaUEM
 
Desenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarDesenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarUEM
 
Carbono e oxigenio
Carbono e oxigenioCarbono e oxigenio
Carbono e oxigenioUEM
 
Projeto curso
Projeto cursoProjeto curso
Projeto cursoUEM
 

More from UEM (17)

Tcc show da_fisica
Tcc show da_fisicaTcc show da_fisica
Tcc show da_fisica
 
Mudi empreendorismo no servico publico
Mudi empreendorismo no servico publicoMudi empreendorismo no servico publico
Mudi empreendorismo no servico publico
 
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010
Mayse otofuji trabalho_de_conclusao_de_curso_pedagogia_2010
 
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museus
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museusAtualizado revisado vivencias pedagogicas em museus
Atualizado revisado vivencias pedagogicas em museus
 
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorte
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorteMuseus de ciencias parques e reservas florestais de cianorte
Museus de ciencias parques e reservas florestais de cianorte
 
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervoso
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervosoEstimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervoso
Estimulacao aprendizagem e_plasticidade_do_sistema_nervoso
 
A importancia do sono para_aprendizagem
A importancia do sono para_aprendizagemA importancia do sono para_aprendizagem
A importancia do sono para_aprendizagem
 
Cogumelo do sol
Cogumelo do solCogumelo do sol
Cogumelo do sol
 
Cogumelo do sol
Cogumelo do solCogumelo do sol
Cogumelo do sol
 
Teoria e pratica na producao de trabalhos
Teoria e pratica na producao de trabalhosTeoria e pratica na producao de trabalhos
Teoria e pratica na producao de trabalhos
 
Metodologia
MetodologiaMetodologia
Metodologia
 
Orientacoes de metodologia
Orientacoes de metodologiaOrientacoes de metodologia
Orientacoes de metodologia
 
Cronograma 28.o SEURS
Cronograma 28.o SEURSCronograma 28.o SEURS
Cronograma 28.o SEURS
 
Sol fonte de_energia
Sol fonte de_energiaSol fonte de_energia
Sol fonte de_energia
 
Desenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizarDesenvolver projetos e_organizar
Desenvolver projetos e_organizar
 
Carbono e oxigenio
Carbono e oxigenioCarbono e oxigenio
Carbono e oxigenio
 
Projeto curso
Projeto cursoProjeto curso
Projeto curso
 

Relacao entre desempenho_escolhar_estacoes_e_ano_depressao

  • 1. Arq. Apadec, 6(2): ju l.-dez., 2002 5 RELAÇÕES ENTRE DESEMPENHO ESCOLAR, ESTAÇÕES DO ANO E DEPRESSÃO M arcilio Hubner de M iranda Neto. M IRANDA-NETO, M .H. Relações entre desempenho escolar, estações do ano e depressão. Arq. Apada, 6(2): 5-7,2002. RESUM O. Os estudos cronobiológicos em muito têm contribuído para a compreensão das influências de fatores ambientais sobre o funcionamento do organismo humano. No tocante às questões que e!lvolvem a aprendizagem, têm permitido novas interpretações e/ou ,motivado novas formas de analises e resoluções de problemas q~I': afetam o desempenho dos alunos. No presente trabalho, apresentamos uma reflexão pautada nos conhecimentos cronobiológicos dos cIi~sicos "altos e baixos" que acontecem com o desem- penho dos alunos no decorrer do ano letivo, alcrtando para a necessidade de se investigar em quais períodos do ano ocorre o menor rendimento e suas possíveis relações com a depressão sazonal, condiçã') relativamente comum no outono e no inverno. PALAVRAS-CHAVE: Cronobiologia; depressão sazonal; desempen'lO escolar; dificuldades de aprendizagem INTRODUÇÃO atividades orgânicas com os ciclos do ambiente. Para a maioria Diversas áreas do conhecimento humano têm procurado dos seres vivos, o principal sincronizador é a luz, enquanto para contribuir com a solução e/ou amenização dos problemas de o homem, além da luz, as relações sociais e de trabalho são aprendizagem, dentre elas: a psicologia; a pedagogia; a fundamentais para sua sincronização. psicopedagogia; a neuropsicologia, a neurolo gia, e a Alterações no funcionamento dos relógios biológicos fonoaudiologia. Cabe ressaltar que, além doS' J-abalhos relacionadas à organização das atividades escolares e de clássicos de profissionais das áreas mencionadas, grande trabalho ou, ainda, induzidas por alterações do fotoperíodo contribuição pode ser oferecida pela cronobiologia para a (duração do dia em relação a noite) podem levar ao compreensão da aprendizagem e de algumas de suas desenvolvimento de doenças genericamente denominadas de dificuldades. Assim, como as demais áreas, a cronobiologia cronopatologias. quando aplicada às questões escolares, não consegue resolver Dentre as cronopatologias destacamos a depressão todos os problemas do processo de escolarização, mas, com endógena ou síndrome afetiva sazonal, um tipo de depressão certeza, constitui-se numa ferramenta que não pode ser que não é causada por problemas nas relações interpessoais e desprezada. Afinal, quando o assunto é a dificuldade de sim por alterações no funcionamento cerebral desencadeadas aprendizado, bem como os transtornos e os sofrimentos por elas pela redução da luminosidade ambiental. Seus sintomas e gerados, todas as contribuições, em especial as cientificamente possíveis formas de tratamento são temas freqüentes de pautadas, são bemvindas. pesquisas (ZERSSEN, 1988;WEHR, 1988;LEWYetal., 1990; No presente trabalho apresentamos uma reflexão pautada MORENOetal., 1997) . nos conhecimentos cronobiológicos com o objetivo de buscar A depressão sazonal foi reconhecida pela associação novas formas de interpretação para os clássicos altos e baixos psiquiátrica americana como uma forma particular de depressão que acontecem com o desempenho de alguns alunos no decorrer em 1987. Nesta ocasião, foi incluída como um diagnóstico do ano letivo. separado no manual diagnóstico e estatístico, que é usado pelos especialistas em Saúde M ental para diagnosticar adequadamente os distúrbios psiquiátricos. A depressão sazonal ocorre em pessoas de todas as idades, DES ENVOLVIMENTO inclusive em crianças. Em mulheres a incidência é quatro vezes Vários ramos das ciências biológicas contemporâneas têm se maior do que em homens, havendo fortes indícios de preocupado com o estudo da organização temporal dos seres predisposição genética. Portanto, pessoas com um ou mais vivos. Este conjunto de estudos, uma vez que implica familiares acometidos por esta cronopatologia têm maior metodologia e objeto próprios, está agrupado num ramo probabilidade de também serem afetadas. científico denominado Cronobiologia (CIPOLLA NETO & Embora os mecanismos das desordens afetivas sazonais CAM PA, 1991). ainda não estejam completamente esclarecidos, os Com o avanço da Ciência Cronobiológica, ficou de- pesquisadores concordam que a redução ou a falta de exposição monstrado que os seres vivos possuem genes que determinam o à luz forte atua como desencadeante (ROSENTHAL et aI., funcionamento de diversas estruturas, desde o nível celular até o 1984). A menor intensidade luminosa e o encurtamento dos dias nível do organismo como um todo as quais promovem uma verificado no outono e organização temporal de suas atividades fisiológicas, funcionando como verdadeiros relógios biológicos. Esta mesma Ciência demonstra que os seres vivos, de maneira geral, sincronizam suas 'Coordenador do Centro Interdisciplinar de Ciências e docente do Deparamento de Ciências Morfofisiológica da Universidade Estadual de Maringá
  • 2. 6 Arq. Apadec, 6(2): jul.-dez., 2002 inverno intensificam a ocorrência desta síndrome nestas de sintomas leves, fáceis de convjver no dia a dia a fortes estações, sendo, por este motivo, denominada "s índrome mudanças no humor e comportamento com problemas afetiva sazonal". Entretanto sua ocorrência não é restrita significativos em suas vidas. Seus sintomas podem ser típicos ou ao inverno. Pode ocorrer também em outras épocas do ano atípicos. em pessoas que passam os dias em amb ientes fechados, com poucas janelas e mal ilu minados. Pessoas com Sinto mas típicos: limitações físicas que permanecem por períodos prolon- - mudanças nos hábitos: dormir por mais horas no inver gados fechadas em casa sem dar u m bom passeio por am- nc e mesmo assim sentir-se cansado e apresentar dificu bientes ensolarados também podem desenvolver os sin- làade para acordar de manhã; tomas. O "incô modo" sentido por algumas pessoas, após - m'Jdanças nos hábitos alimentares: aumento do apetite, vários dias chuvosos ou nublados, também escl relacio- em especial pelos carboidratos; rápido aumento de peso; nado com o mesmo t ipo de alteração. - n :udanças na energia e motivação: dificuldade para con A ocorrência da depressão sazonal está intimamente Ceatrar-se e para executar tarefas de rotina, fadiga, isola associada a altàáções de produção, do hormônio mento social, diminuição do impulso sexual; melatonina pela glândula pineal. Este hormônio é - mudanças no humor: irritabilidade ou apatia, baixa auto secretado na fase de escuro do dia, ou seja, durante a noite. estima, sensação de depressão, tristeza e, em alguns ca Entre as suas diversas funções está a atuação como sos, idéias suicidas; regulador do sono e como u m sinalizador hu moral que - maior intensidade da tensão pré-menstrual. permite ao organismo avaliar o co mprimento do dia e da noite e ajustar seu funcionamento às variações do Sinto mas atípicos: amb iente. - mudanças nos hábitos de sono: desperta muito cedo, A lu z que é captada pelos olhos, além de servir para a apresenta insônia e intranqüilidade; visão, serve, também, para informar a u ma área do cérebro - mudanças nos hábitos alimentares: diminu ição de ape denominada "núcleo supraquiasmático" do hipotálamo tite e perda de peso; sobre a luminosidade amb iental. Este, por sua vez, - maibr suscetibilidade a resfriados e infecções. comunica-se com outras estruturas neurais fazendo a Quando se analisa o desempenho anual de alguns estudantes informação chegar até a glândula pineal, responsável pela é comum verificar um bom desempenho no primeiro bimestre produção de melatonina. seguido de queda do rendimento no segundo e no terceiro A melatonina é u m hormôn io co m mú ltip las funções bimestres. Em uma análise que clas sificaríamos como simplista, positivas em nosso organismo: o aumento de sua produção chega-se à seguinte interpretação: no primeiro bimestre o aluno no período noturno nos ajuda a ter uma boa noite de sono. se saiu bem porque estava empolgado; no segundo e no terceiro, Entretanto, seu excesso no período diurno pode causar relaxo~; no último bimestre, ante a ameaça de reprovação, empe- sensações de cansaço, fadiga e sonolência e, inclu sive, nhou-se nos estudos, voltando a obter boas notas. É também causar depressão. Por outro lado, a serotonina, comum o seguinte comentário: "Viram como ele éinteligente? neurotransmissor que regula o humor, a energia e o apetite Só não se sai bem em todas as provas porque não quer'" atinge nível de pico quando a pessoa está exposta à luz Por outro lado, se pensarmos que estes estudantes estão brilhante. Pessoas com síndro me depressiva sazonal, du- expostos a possibilidade de desenvolvimento de depressão rante o episódio depressivo, têm menos serotonina e mais sazonal, outra interpretação poderá ser dada ao seu desempenho melatonina de que pessoas que não estão deprimidas. anual: no primeiro bimestre, saem-se bem porque estam os no Quando a pineal é informada sobre a redução da verão, o que favorece a sua interativjdade; no segundo bimestre, lu minosidade ambiental ela au menta a produção de com a chegada do outono, podem desenvolver uma desordem melatonina: quanto mais longas forem as noites, maior afetiva de caráter sazonal com sintomatologia de intensidade será o período de produção deste hormônio. À medida que variada. A depressão toma o estudante menos interativo, com- caminhamos do verão para o outono, seguindo para o promete a sua afetivjdade para com diferentes ativjdades, inverno, os dias vão se tornando cada vez mais curtos e as interfere na sua atenção e reduz suas possibilidades de noites mais longas, com a conseqüente redução do período aprendizagem, sendo esta uma das principais causa da queda de de lu minosidade. No outono e, especialmente, no in verno seu desempenho no segundo e terceiro bimestres. O quarto podem surgir as man ifestações da desordem afetiva bimestre ocorre na primavera em direção ao verão, ocasião em sazonal. que a duração do dia (fotoperíodo) está aumentando e que as É interessante notar que a população pode responder condições ambientais favorecem a remissão dos sintomas de maneiras d istintas ao encurtamento do fotoperiodo. depressivos, melhorando a interação do sujeito e conse- Para alguns, a chegada do inverno não causa qualquer alte- qüentemente a sua vontade de aprender. ração do humo r, podendo, às vezes, representar um me lhor M uitas vezes pais e professores, por desconhecerem este período para dormir, tornando-as mais bem dispostas para tipo de desordem afetiva endógena vinculada às estações do ano, as atividades fisicas e mentais. Uma outra parcela da discriminam o aluno/filho, assumindo uma postura de cobrança população apresenta uma certa sensação de desconforto e frente ao seu menor rendimento aca uma angústia que não chega a afetar significat ivamente suas ativjdades. Em outra parcela, a mais sens ível, as alterações do fotoperiodo desencadeiam a depress ão sa- zonal. Pessoas com depressão sazonal podem apresentar des
  • 3. Arq. Apadec, 6(2):jul.-dez., 2002 7 dêmico e de recriminação pelas alterações comportamentais, em CONS IDERAÇÕES FINAIS detrimento do apoio de que ele está necessitando. Isto geralmente As desordens afetivas sazonais podem ocorrer em qualquer ocorre porque, dentro de suas limitações, nem a escola nem a momento da vida, comprometendo as relações interpessoais. família conseguem encontrar um motivo que lhes pareça Quando ocorrem na idade escolar podem levar a redução do plausível e que justifique o que está Qcorrendo com o aprendiz. desempenho acadêmico, especialmente no outono e no inverno. Estas cobranças podem aumentar a angústia do aluno e in- Quando suas manifestações são intensas, o diagnóstico é tensificar sua depressão, pois a pressão psicológica iráconstituir realizado mais facilmente. En tretanto, quando suas um fator psíquico que irá somar ao orgânico, afetando então as manifestações são mais amenas ou subclínicas o problema pode duas vertentes formadoras da mente. Intensifica-se, desta forma, passar despercebido por vários anos, gerando rótulos negativos o quadro de depressão que agora passa de meramentef>rgânico para o estudante. A presença na escola de profissionais como o para orgânico e psíqUIco. psicólogo ou psicopedagogos preparados para detectar o Vale salientar que nem sempre a desordem afetiva sazonal problema pode resultar em encaminhamentos mais precoces para irá interferir nas notas obtidas pelos alunos nas avaliações profissionais aptos a realizarem o diagnóstico, evitando a pror- formais. M uitas vezes, apesar da redução nas interações, rogação do sofrimento para o estudante. sonolência e/ou irritabilidade, entre outros sintomas típicos, o aluno pode direcionar suas energias para os estudos. Qual postura então deve ser assumida frente a este tipo de desordem e às dificuldades de aprendizagem por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC AS CIPOLIA-NETO,].; ela geradas? A cobrança ou o apoio? .I CAM PA, A Ritmos biológicos. In: AIRES, M .M . Fisiologia. Rio Primeiro é preciso realizar o d iagnóstico desta doeÍ1 de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. p.1719. LEWY, A].; WHER, T.A; GOODWIN, F.K Light suppress ça. Neste, deve-se levar em consideração os sintomas' e a mcIatonin secretion in humans. Science, 210:1267-1269, possível ocorrência deste tipo de desordem em outras 1990. M AINARDES, J. Cenários de aprendizagem: instâncias pessoas da família, u ma vez que existem fo rtes indícios de interativas na sala de aula. In: M ARTINS,].B.; PIM ENTEL,A.; predisposição genética. É também interessante analisar o MAINARDES,].; CAMARGO,].S. Na perspectiva de Vigotsky. histórico escolar verificando se nos anos anteriores as notas São Paulo: Quebra Nozes, 1999. p.27-49. apresentavam o mes mo padrão de distribuição. MORENO, c.; FISCHER, EM .; M ENNA-BARRETO, L. Uma vez diagnosticada, se necess ário, o méd ico po- Aplicações da cronobiologia. In: M ARQUES, N.; M ENNA- derá realizar tratamento psicofarmacológico visando nor- BARRETO (Orgs.) Cronobiologia: princípios e aplicações. São malizar os níveis de serotonina. Quando se trata de crian- Paulo: EDUSp, 1997. p.240-254. . ças, geralmente emprega-se um in ibidor da recaptação de ROHDE, L.A.; BARBOSA, G.; TRAM ONTINA, S.; serotonina, uma vez que nelas nem sempre se obtém u ma POLANCZYK, G.; Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade. Rev. Bras. Psiquiatr., 22(supl 11):7-11,2000. boa resposta no tratamento da depress ão com ROSENTHAL, N.E.; SACK, DA; GILLIN,].C.; LEWY,A],; antidepressivos tricíclicos (ROHDE et aI., 2000). Trata GOODWIN, F.K.; DAVENPORT, Y.; M UELLER, P.S; mentos especializados utilizando exposição controlada NEWSOM E, DA.; WHER, T.A. Seasonal affective disorder: a àluz art ificial de alta intensidade tem p roduzido resulta- description ofthe syndrome and prcliminary findings with light dos satisfatórios (ROSENTHAL et aI., 1984). therapy. Are/I. Gen. Psychiatry, 41:72-80, 1984. O psicólogo poderá contribuir para a amenização do ZERSEN, D. Circadian phenomenon in depression: theoretical quadro, tratando possíveis problemas da dinâmica fami- concept~ and empirical findings. In: HEKKENS, WTHJ.M .; liar que estejam associados e contribuindo para agravar o KERKHOF, G. A ; RIETVELD, w'J.(Orgs.) Trends in problema, bem co mo para que o paciente e a família en- cronobiology. O xford: Pergamon Press, 1988. p.357-366. tendam e aceitem que esta é u ma desordem bioquímica WEHR, TA CronobioJogy of affective illness. In: HEKKENS, relacionada à intensidade da lu minosidade ambiental que WTH],M .; KERKHOF, G. A; RIETVELD, W],(Orgs.) Trellds in cronobiology. Oxford: Pergamon Press, 1988. p.367-379. poderá repetir-se todos os anos e que isto não significa uma insatisfação com a v ida. Estas pessoas devem evitar os ambientes mal ilu minados e a colocação de cortinas pesadas nas janelas. Devem procurar realizar atividades físicas em amb ientes abertos, pois isto colabora no combate a depress ão sazonal. Acreditamos que no ambiente familiar e escolar devese assumir a conduta reco mendada para qualquer caso de dificu ldade de aprendizagem, ou seja, o apoio. Pois, conforme argu menta MAINA RDES (1999) a cobrança aumenta o grau de angústia decorrente da imperícia, podendo ocasionar um forte sentimento de incapacidade para aprender. O apoio, por sua vez, aumenta a autoconfiança, a d isposição para o aprendizado e mediações do professor ou mes mo dos colegas de ISSN 1414-7149 classe. Revista indexada no Periodica, índice de revistas Latino Americanas em Ciências http://www.dgbiblio.unam.mx