O documento discute (1) epistemologias do Sul e saberes alternativos, (2) como o pensamento dominante cria abismos que invalidam outros tipos de conhecimento, e (3) a necessidade de construir saberes de forma contextual e dialógica, aprendendo com diversas visões.
3. Nosso diálogo hoje
1. Quem fala desde onde;
2. O Sul;
3. Epistemologia Abissal e Epistemologias do Sul;
4. Outros saberes: o discurso de Felipe Guamán
Poma de Ayala;
5. Construções de saberes: desafios, pesquisas
ações.
7. Misturado e multiforme;
Pedagogia e ciências sociais criticas;
Saúde pública + Saúde Comunitária + Saúde
Coletiva;
Arte sob todas as formas;
Paixão, desejo e irreverência. Humor e
delicadeza (camuflada).
8. Paulo Freire; Josué de Castro;
Carlos Brandão; Victor Valla;
Carlo Ginzburg; Edward Said;
Jose de Sousa Martins; Milton Santos;
Peter Burke;
Ítalo Calvino;
Oliver Sacks;
15. Com su ritual de acero,
Sus grandes chimeneas,
Sus sabios clandestinos,
Su canto de sirenas,
sus cielos de néon,
Sus ventas navideñas,
su culto de dios padre
y de las charreteras.
Com sua llaves del reino
el norte es el que ordena
16. Pero aquí abajo, abajo
El hambre disponible
Recurre al fruto amargo
De lo que otros deciden,
Mientars el iempo pasa
Y pasan los desfiles,
y se hacen otras cosas
Que el norte no príbe.
Com su esperanza dura
El sur tambiém existe
17. con sus predicadores
sus gases que envenenan
su escuela de chicago
sus dueños de la tierra
con sus trapos de lujo
y su pobre osamenta
sus defensas gastadas
sus gastos de defensa
son su gesta invasora
el norte es el que ordena
18. pero aquí abajo abajo
cada uno en su escondite
hay hombres y mujeres
que saben a qué asirse
aprovechando el sol
y también los eclipses
apartando lo inútil
y usando lo que sirve
con su fe veterana
el sur también existe
19. con su corno francés
y su academia sueca
su salsa americana
y sus llaves inglesas
con todos sus misiles
y sus enciclopedias
su guerra de galaxias
y su saña opulenta
con todos sus laureles
el norte es el que ordena
20. pero aquí abajo abajo
cerca de las raíces
es donde la memoria
ningún recuerdo omite
y hay quienes se desmueren
y hay quienes se desviven
y así entre todos logran
lo que era un imposible
que todo el mundo sepa
que el sur también existe
24. Vuelvo al sur
Como se vuelve siempre al amor
Vuelvo a vos
Con mi deseo, con mi temor
Llevo al sur
Como un destino del corazon
Soy del sur
Como los aires del bandoneon
25. Sueño el sur
Inmensa luna, cielo al reves.
Vuelvo al sur
El tiempo abierto y su despues
Quiero al sur.
Su buena gente, su dignidad.
Siento al sur.
Como tu cuerpo en la intimidad.
Te quiero, sur . . .
Te quiero, sur . . .
34. Domínio nos últimos dois
séculos de epistemologia
que eliminou a reflexão
sobre o contexto cultural e
político da produção e
reprodução do
conhecimento.
35. Afirmações
A epistemologia dominante é
contextual mas com pretensão de
universalidade;
A intervenção epistemológica
descredibilizou ou suprimiu todas as
praticas sociais de conhecimento
diferentes. EPISTEMICIDIO;
36. A ciência moderna nao foi nem mal
incondicional nem bem incondicional.
Ela é diversa;
A critica e a construção de alternativas
hoje é possível;
Alternativas partem do principio que o
mundo é epistemologicamente diverso
e isso representa enorme
enriquecimento das capacidades
humanas.
37. Pensamento Abissal
Para se constituir, definir, nega os
outros, cria abismos de separação,
invisibilidades, negações.
38. Do outro lado da linha
Crenças, opiniões, magia, idolatria,
entendimentos intuitivos ou subjetivos;
Podem tornar-se objetos ou matéria
prima para pesquisa
39. OS NINGUÉNS
As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns
com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de
sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não
chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem
uma chuvinhacai do céu da boa sorte , por mais que os
ninguéns a chamem a mesmo que a mão esquerda
coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o
ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a
vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
40. Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam supertições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas
policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Eduardo Galeano - Livro dos Abraços.
54. Construção dos Saberes
Contextual. Influenciada pela cultura
e pela política;
Opera sob um poderoso "senso
comum" epistemológico;
Em dialogo de diversas visões e
concepções;
55. Construção dos Saberes
Aprender do Outro "além da linha abissal";
privilégio das configurações de saúde;
A construção é sempre social;
O saber se faz em processos de
compartilhamento.
56. A CRIAÇÃO
A mulher e o homem sonhavam que Deus os
estava sonhando.
Deus os sonhava enquanto cantava e agitava suas
maracas, envolvido em fumaça de tabaco, e se
sentia feliz e também estremecido pela dúvida e o
mistério.
Os índios makiritare sabem que se Deus sonha
com comida, frutifica e dá de comer. Se Deus
sonha com a vida, nasce e dá de nascer.
57. A mulher e o homem sonhavam que no sonho de
Deus aparecia um grande ovo brilhante. Dentro
do ovo, eles cantavam e dançavam e faziam um
grande alvoroço, porque estavam loucos de
vontade de nascer. Sonhavam que no sonho de
Deus a alegria era mais forte que a dúvida e o
mistério; e Deus, sonhando, os criava, e
cantando dizia:
- Quebro este ovo e nasce a mulher e nasce o
homem. E juntos viverão e morrerão. Mas
nascerão novamente. Nascerão e tornarão a
morrer e outra vez nascerão. E nunca deixarão
de nascer, porque a morte é mentira.