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Willian Fernandes Araújo
Mestrado em Processos e Manifestações Culturais - Universidade Feevale
Brasil
willianfaraujo@gmail.com
GI 1 - Comunicación Digital, Redes y Procesos


“Quanto custa mudar o mundo?” análise da dimensão discursiva do ciberativismo
na WikiLeaks.


RESUMO

Este artigo tem como objetivo estabelecer uma reflexão sobre as construções discursivas
como ferramenta do ciberativismo. Também se aborda o papel da identidade neste novo
contexto de mobilizações. Para isso, analisa-se com qual finalidade a organização
ciberativista Wikileaks utiliza-se do discurso no vídeo “What does it cost to change the
world?”. Tal análise do discurso faz-se pela Semiolinguística, calcada na obra do
linguista francês Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010). Por fim, apresentam-se
as considerações finais e a bibliografia de base deste artigo. Constatou-se que a
organização Wikileaks busca estabelecer uma relação de incitação aos seus
interlocutores.

Palavras-chave: Wikileaks; ciberativismo; discurso; semiolinguística; análise do
discurso.

Introdução


         A internet é um artefato cultural que permeia as manifestações de nossa
sociedade (Amaral, et al., 2011), sejam elas culturais, sociais, ou mesmo políticas.
Como bem afirma Manuel Castells (1999), tecnologia é a sociedade. Ou seja, uma
sociedade não pode ser compreendida sem suas tecnologias, que, desde as cavernas, têm
feito parte das teias de significados (Geertz, 2008) criadas pela humanidade ao longo de
sua existência cultural.
         Dessa maneira, é de suma importância compreender as dinâmicas de grupos
ativistas que têm usado a internet como ambiente de profusão de suas práticas. Podem
ser citados diversos exemplos ao longo das últimas décadas, como os Chiapas
mexicanos, os movimentos contra a globalização, o Greenpeace, a mobilização entorno
da aprovação do projeto Ficha Limpa no Brasil, a organização de vazamentos de dados
sigilosos Wikileaks, etc. Convenciona-se chamar esta utilização ativista das novas
ferramentas digitais de ciberativismo.
Ao estudar movimentos ativistas, compreende-se que são mobilizados
essencialmente na busca de mudanças simbólicas na sociedade. Dessa maneira, as
construções discursivas destes grupos ganham maior relevância entre suas atividades.
Esse panorama se acentua quando abordamos as manifestações ciberativistas, pois
diante do ambiente de rede as construções discursivas passam a ser uma ferramenta
muito eficaz de mobilização e geração de apoio e colaboração.
           Assim, acredita-se que a abordagem proposta neste estudo pode contribuir com
ao crescente debate em torno do ciberativismo. Esta contribuição pode ser mais efetiva
ao tratar da dimensão do discurso nas práticas ciberativistas, abordagem pouco realizada
na pesquisa brasileira sobre o tema. Este fato foi constatado por Araújo (2011), em
levantamento recente sobre o campo de pesquisa do ciberativismo no Brasil.
           Dessa forma, ao reconhecer o discurso como prática essencial a grupos
ciberativistas, pretende-se estabelecer uma ligação teórica entre o ciberativismo e o jogo
comunicativo presente nas construções discursivas, buscando aclarar como se dão as
disputas simbólicas por estes grupos no ambiente de rede.
           Para melhor compreender tal prática, analisa-se com que visada comunicativa a
organização ciberativista Wikileaks utiliza construções discursivas em suas ações. Para
isso, usaremos a análise do discurso de base Semiolinguistica, calcada na obra do
linguista francês Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010). Esta metodologia
empírico qualitativa considera o ato de linguagem como uma encenação, um jogo
comunicativo.
           Nessa perspectiva, a linguagem é considerada como veículo social de
comunicação e, diante disto, o dito é compreendido não como algo individual, mas
como um arranjo entre vozes sociais e intencionalidade individual, “pois os aspectos
psicossocial e situacional lhe garantem uma individualidade. O discurso é, então,
considerado como um ato interativo de fala, pleno de intencionalidade, entre dois
parceiros – os sujeitos do ato de linguagem” (Barbisan et al., 2010, p. 177).
           Este artigo está metodologicamente organizado através de uma pesquisa
descritiva e bibliográfica, valendo-se da abordagem qualitativa para realização da
análise do discurso sobre conteúdo do vídeo integrante da campanha “Banking
Blockade”1. Esta campanha foi divulgada na internet pela Wikileaks contra o bloqueio
que sofreu de instituições bancárias. O vídeo “Quanto custa mudar o mundo?” 2, com

1
    Acessado em: 25 jun. 2011. Disponível em: < http://vimeo.com/25412550>.
2
    Nome original é: What does it cost to change the world?
pouco mais de um minuto de duração, foi divulgado em junho de 2011 e publicado no
sítio Vímeo (Wikileaks, 2011), ferramenta de mídia social utilizada para veiculação de
produções audiovisuais.
       Porém, antes da análise de discurso propriamente dita, faz-se reflexão teórica
sobre a importância do discurso como ferramenta ciberativismo. Também refletimos
sobre a premência da identidade neste novo contexto de mobilizações. Apresentamos
alguns conceitos essenciais da teoria semiolinguística, a fim de embasar a análise de
discurso que se pretende realizar. Por fim, constam as considerações finais e a
bibliografia de base deste artigo.


O conceito de ciberativismo


         O Ciberativismo é uma prática emergente no contexto da cibercultura. Dessa
maneira, é importante compreender o que exatamente designa este termo, que em
diversos estudos é caracterizado por sinônimos como web ativismo, ativismo em rede,
netativismo. Sérgio Amadeu da Silveira (2010) define o ciberativismo como o conjunto
de práticas realizadas em redes cibernéticas em defesa de causas específicas.
         A abrangência desta conceituação mostra a relevante preocupação de Silveira
(2010) em reconhecer a variedade de diferentes expressões dessa prática e atual
dificuldade em definir o posicionamento ideológico dos grupos responsáveis por tais
ações. Para Silveira (2010, p. 104), é possível afirmar que o ciberativismo é imanente à
internet, pois “influenciou decisivamente grande parte da dinâmica e das definições
sobre os principais protocolos de comunicação utilizados na conformação da Internet”.
Ou seja, o ciberativismo está na gênese do modelo peculiar para o qual evoluiu a rede
mundial de computadores, modelo não proprietário.
         As potencialidades dessa prática social estão justamente nas características
dicotômicas que surgem das definições estruturais da internet. Como coloca Silveira
(2011) em texto posterior, ao mesmo tempo em que o modelo trazido pela internet
representa um grande arranjo de técnicas de controle, apontado como símbolo máximo
do patamar social chamado por Gilles Deleuze (1992) de Sociedade de controle, provê a
expansão do poder comunicacional através da grande interatividade, velocidade e
dispersão da comunicação. Com isso, o ciberativismo legitima-se na utilização radical
de possibilidades como as redes distribuídas, o anonimato, e mesmo a visibilidade que a
internet pode proporcionar.
O posicionamento de Silveira (2011) é semelhante ao apresentado por Henrique
Antoun e Fábio Malini (2010). Entretanto, para estes autores as manifestações ativistas
na internet são tratadas como a biopolítica da rede, em contraposição ao biopoder,
apontando a reinvenção do conceito de Michel Foucault por Antonio Negri e o seu
aprimoramento por autores posteriores (Cocco, Hardt, Antoun, Lazaratto, Pelbart, Bifo,
Marazzi, Moulier-Boutang, Bentes, Szanieck). Assim, a biopolítica configura-se na
capacidade da vida governar-se.
       Essa biopolítica da rede se ativa como uma liberdade positiva, no sentido que
essa atividade dos usuários constitui de forma singular um campo mais extenso de
significados dos acontecimentos sociais. Isso se entrelaça com novas narrativas que
esmiúçam fatos, ideias dados, imagens, que ampliam a capacidade da rede de revelar
sentidos que até então eram negociados na lógica do gatekeeper da mídia tradicional.
(Antoun e Malini, 2010).
       Nesta perspectiva, a biopolítica da rede é a forma pela qual manifestações
autônomas conseguem exceder os controles e bloqueios da rede (Antoun e Malini,
2010). Em outras palavras, a biopolítica consiste em fazer uma utilização ativista da
internet, colocando suas ferramentas em favor destas ações.
       No próximo item passa-se a abordar a premência da identidade neste novo
contexto de mobilizações. Também apresenta-se o papel das construções discursivas
dentro das dinâmicas de atividades de grupos ciberativistas.


Discurso e identidade no ciberativismo


       Apesar de não trabalhar com o termo ciberativismo, a obra de Manuel Castells
(1999; 2001; 2003) é repleta de apontamentos relevantes sobre a utilização da
tecnologia em ações ativistas. Castells (2003) aborda tal utilização pelo viés dos
movimentos sociais, considerando suas mudanças até o estágio em que conceitua como
‘sociedade em rede’. No entanto, a noção de ‘ativista’ como um indivíduo engajado em
uma disputa simbólica é contemplada na obra de Castells (2003), principalmente ao
referir- se aos movimentos mais recentes.
       Assim, esse autor (2003) considera que a internet, como ambiente midiático
distribuído, é indispensável a esses movimentos por três razões: primeiro, os
movimentos sociais são mobilizados essencialmente em torno de disputas de
significados na sociedade. Assim, é fundamental o uso da internet como espaço de
comunicação de valores e mobilização em torno destes significados.
       Segundo, os movimentos sociais buscam ocupar o espaço deixado pela crise das
organizações verticalmente integradas, como refere Castells (2003), ou, como define
Bauman (2001), o derretimento dos sólidos da modernidade. Assim, com a internet, tais
movimentos têm a possibilidade de alcançar impacto significativo sem a estrutura, por
exemplo, de um partido político, necessitando apenas do engajamento coletivo através
da rede. Por fim, com a ideia de que o poder funciona cada vez mais em redes globais,
Castells (2003) considera que os movimentos têm a necessidade de ter alcance global,
facilitado pela internet e, com isso, impactar a mídia através de suas ações simbólicas.
       Em sua obra “O poder da identidade”, Castells (2001) detalha melhor as
características dos movimentos sociais em atividade no que chama de sociedade em
rede. Ao desenhar conceitualmente o panorama desse novo estágio social, Castells
(2001) salienta a premência da identidade como principal significado em um contexto
de desestruturação de instituições e de manifestações culturais marcadas pela
efemeridade. Este diagnóstico também é apresentado por Stuart Hall (2006), que aponta
um processo de enfraquecimento das velhas identidades e o surgimento de novas
identidades que fragmentam o antes unificado indivíduo moderno.
       A importância de compreender o panorama das identidades no atual estágio
social é fundamental para o entendimento da lógica dos movimentos ciberativistas.
Conforme lembra Castells (2001), é através das práticas, principalmente das práticas
discursivas, que esses movimentos constroem sua autodefinição, ou seja, sua identidade
a ser compartilhada pelos diversos nós que compõem a massa conectiva desses
movimentos.
       Diante disto, Castells (2001) propõe como método de análise destes movimentos
a utilização das categorias da tipologia clássica de Alain Touraine, que ainda na década
de 1970 as definiu baseada em três fatores principais:


                        identidade do movimento, o adversário do movimento e a visão ou
                        modelo social do movimento, que aqui denomino como meta societal.
                        Em minha adaptação (que acredito estar coerente com a teoria de
                        Touraine), identidade refere-se à autodefinição do movimento, sobre o
                        que ele é, e em nome de quem se pronuncia. (...) Meta societal refere-
                        se à visão do movimento sobre o tipo de ordem ou organização social
                        que almeja no horizonte histórico da ação coletiva que promove.
                        (Castells, 2001, p. 95).
Essa tipologia utilizada por Castells (2001) propõe uma análise totalmente
calcada nas encenações discursivas de tais movimentos. Seja diante da construção de
sua máscara discursiva (autodefinição, identidade) (Charaudeau, 2008), de sua meta de
mudança social ou mesmo pela afirmação do adversário do movimento. Todas essas
categorias de análise retomadas por Castells (2001) podem ser identificadas através da
análise das construções discursivas desses movimentos.
       A compreensão da importância do discurso como prática ciberativista é marcada
na obra de David de Ugarte (2008). Segundo esse autor (2008), são as construções
discursivas que estabelecem os componentes identitários elaborados pelos grupos
ativistas diante do ambiente distribuído da internet.
       Ou seja, indivíduos dessa rede, ao se identificarem com o sujeito destinatário da
enunciação (Charaudeau, 2008), podem engajar-se na causa ciberativista, facilitando “a
comunicação entre pares desconhecidos sem que seja necessária a mediação de um
‘centro’, ou seja, assegura o caráter distribuído da rede e, portanto, sua robustez de
conjunto” (Ugarte, 2008, p. 57). A dimensão de uma possível ação ciberativista
dependeria da quantidade de enunciadores que se identificassem com a identidade
criada pelos ativistas através do ato de linguagem escoado pela rede.
       Assim, para Ugarte (2008), o discurso faz parte de um tripé de sustentação do
ciberativismo baseado no ‘empoderamento individual’ pelo uso da internet. Esta tríade
também é formada pelas ferramentas e pela visibilidade. Neste contexto, o que Ugarte
(2008) chama de ferramentas se refere à ideia do “faça você mesmo”, da criação de
mecanismos para realização das ações ciberativistas. Já a visibilidade é conceituada por
Ugarte (2008) como o objetivo de luta permanente destes movimentos.
       A partir do entendimento deste tripé de sustentação do ciberativismo, Ugarte
(2008, p. 58) define o ciberativista como “alguém que utiliza a Internet [...] para
difundir um discurso e colocar à disposição pública ferramentas que devolvam às
pessoas poder e a visibilidade que hoje são monopolizadas pelas instituições”.
       O conceito de ciberativismo de Ugarte (2008) é baseado na utilização da rede
como forma de legitimação de um discurso em busca de um agendamento das
discussões e mudanças propostas pelos movimentos. Dessa maneira, o autor não
considera o ciberativismo como uma técnica, mas sim como uma estratégia:


                        Poderíamos definir “ciberativismo” como toda estratégia que persegue
                        a mudança da agenda pública, a inclusão de um novo tema na ordem
do dia da grande discussão social, mediante a difusão de uma
                        determinada mensagem e sua propagação através do “boca a boca”
                        multiplicado pelos meios de comunicação e publicação eletrônica
                        pessoal. (Ugarte, 2008, p. 77)


       Considerando suas definições sobre o ciberativismo, Ugarte (2008) determina
dois tipos de atuação, duas formas de utilização desta estratégia. A primeira tem a lógica
de campanha, com um centro e ações organizadas para difusão de uma ideia. O segundo
tipo é a mobilização em busca da criação de um grande debate social distribuído e,
segundo Ugarte (2008), sem previsão das conseqüências. Entretanto, é necessário
salientar que estes dois tipos de ciberativismo não parecem ser dissociáveis.
       No item seguinte apresentam-se conceitos essenciais da teoria semiolinguística
proposta por Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010), a fim de embasar a análise
do corpus de pesquisa estabelecido para este estudo.


Semiolinguística


       Proposta por Patrick Charaudeau no início dos anos 1980 (Barbisan et al., 2010),
a semiolinguística busca evitar a dicotomia entre linguagem como um objeto
transparente, e seu interesse por do que fala, e a concepção de linguagem como objeto
opaco e seu interesse por como fala.
       Na perspectiva semiolinguística, a análise do discurso não se trata de uma
metodologia experimental, mas sim empírico-dedutiva. A partir disto, Charaudeau
(2005) compreende que o sujeito analisante parte do material empírico para determinar
os objetivos em relação ao objeto construído, e que instrumentalização é usada de
acordo com o procedimento proposto.
       Então, Charaudeau (2008, p. 20, grifos do autor) conclui que “o Objeto do
Conhecimento é o do que fala a linguagem através do como fala a linguagem, um
construindo o outro (e não um após o outro)”. Diante disto, o método semioliguistico
deve ser elucidante do ponto de vista do ‘como se fala’, mas abstratizante no ‘do que se
fala’. Ou seja, conforme definem Barbisan et al. (2010, p. 172, grifo dos autores)
“consiste em analisar o significado textual em função do projeto de influência e da ação
persuasiva do sujeito enunciador sobre o sujeito receptor/destinatário em determinado
contexto e em situação interativa”. Este procedimento é a base da teoria
semiolinguística.
Na perspectiva semiolinguística, o ato de linguagem é uma encenação,
organizada de acordo com os objetivos de um sujeito comunicante, que dentro de certa
situação de comunicação e através de determinados mecanismos de encenação do
discurso, organiza a encenação do ato de linguagem.
       Charaudeau (2008, p. 24) adverte que a finalidade dos atos de linguagem não
deve ser buscada apenas na configuração verbal feita pelo sujeito comunicante, mas sim
no jogo entre ela e o sentido implícito que pode ter, “tal jogo depende da relação dos
protagonistas entre si e da relação dos mesmos com as circunstâncias de discurso que os
reúnem”. É esse caráter de jogo que faz com que o ato de linguagem na semiolinguística
seja considerado uma aposta.
       Desta maneira, o ato de linguagem (A de L) para Charaudeau (2008) é composto
da relação de combinação entre implícito e explícito, circundados pelas circunstâncias
de discurso (C de D). Esta formação conceitual é representada pela seguinte fórmula
proposta do pelo autor (2008, p. 27): “A de L = [Explícito x Implícito] C de D”.
       Este ato de linguagem conceituado por Charaudeau (2008) é composto de quatro
sujeitos: sujeito comunicante (EUc) e sujeito interpretante (TUi), seres sociais
testemunhas reais do ato de enunciação; além do sujeito destinatário (TUd) e sujeito
enunciador (EUe), seres linguageiros, existentes apenas na esfera do discurso.
       O processo de produção de discurso iniciado por EUc dá origem a outro ser da
fala, como EUe, que é o sujeito destinatário, ou TUd, receptor idealizado pelo
comunicante. TUd é a imagem que EUc cria sobre TUi ao propor o ato de linguagem.
Entendendo tal dinâmica, é possível afirmar que EUc tem domínio total sobre TUd,
estabelecendo uma relação de transparência. Ao contrário de sua relação com TUi, que
é uma relação de opacidade, onde TUi depende apenas de si próprio para realizar o
processo de interpretação diante da situação discursiva posta.
       Desta forma, a relação entre TUd e TUi é fundamental para o entendimento da
dinâmica discursiva. Os efeitos buscados pelo sujeito comunicante serão produzidos
efetivamente quando o TUi identificar-se com esta identidade linguageira interna ao
dizer, realizada pelo sujeito comunicante. Entretanto, a não identificação entre a
imagem criada pelo sujeito comunicante e o sujeito interpretante, nem sempre
representa uma falha do comunicante: Charaudeau (2008) exemplifica a ‘provocação’
como uma situação onde a criação deste “ser de fala” (TUd) é propositalmente diferente
ao ser social (TUi).
Assim, na produção audiovisual que nos propomos analisar temos como sujeito
comunicante (EUc) a organização Wikileak. Como interpretante (TUi) deste vídeo
teremos todas as pessoas (destinatários) que receberam através de suas redes sociais esta
publicação ou os que de alguma forma, seja através do sítio da organização, ou através
de buscadores, consumiram tal produção audiovisual.


Contrato de comunicação e as restrições discursivas


        Outra noção importante na obra de Patrick Charaudeau (2008) e,
consequentemente, na semiolinguistica é a de contrato de comunicação. Tal elaboração
teórica pressupõe que indivíduos pertencentes a grupos sociais têm certos consensos
linguageiros de suas práticas sociais. Isto implica a ideia de que o ato de linguagem
representa uma proposição que um EU, buscando influenciar, faz a um TU aguardando
sua adesão.
       As restrições advindas da adesão a este contrato, de certa forma, normatizam o
ato de linguagem influenciando nas estratégias discursivas. Isto faz com que a
estruturação do ato de linguagem seja composta pelo espaço das restrições e pelo espaço
de estratégias, onde repousam as escolhas possíveis na encenação. Dessa maneira, as
estratégias discursivas postas em jogo devem ser estudadas de acordo com as restrições
deste contrato.
       Dessa maneira, ao analisar o corpus de estudo deste artigo, podemos considerar
que se trata de um contrato comunicativo baseado nas restrições e possibilidades
discursivas das mídias digitais. Isto é, pressupõe que o enunciado será audiovisual em
uma relação monologal de não troca, pois o enunciado está em uma plataforma de
divulgação de produções audiovisuais anteriormente gravadas; de que terá alguma
relevância para o interpretante, que estará em uma linguagem compreensível, entre
outras restrições normativas deste contrato. Por outro lado, é pensando neste espaço que
o comunicante vai escolher as estratégias de encenação para alcançar a identificação
entre interpretante e destinatário.
       Para apontar os possíveis interpretativos que devem ser buscados pelo sujeito
analista, é necessário compreender os três níveis que formam o ato de linguagem:
situacional, comunicacional e discursivo. Isso se deve ao fato do ato de linguagem ter
origem, como vimos, em uma troca, que se organiza de acordo com a intencionalidade,
o contrato estabelecido, as condições do espaço físico e suporte.
Assim, o nível situacional3 do ato de linguagem dá conta aos dados externos que
constituem as restrições do discurso. Neste espaço se define a finalidade do ato de
linguagem, identidade social dos parceiros, a temática do saber a ser transacionado e o
dispositivo elaborado pelas restrições materiais de troca. No caso do texto analisado,
considera-se que o ato de linguagem tem como finalidade a incitação. Como descreve
Charaudeau (2010, p. 82), tal finalidade se constata quando:


                              ‘Eu’ quer ‘mandar fazer’, mas, não estando em posição de autoridade,
                              não pode obrigar o ‘Tu’ a fazer ; ele deve, então ‘fazer acreditar’ (por
                              persuasão ou sedução) ao ‘Tu’ que ele será o beneficiário de seu
                              próprio ato ; ‘Tu’ está, então, em posição de ‘dever acreditar’ que se
                              ele age, é para o seu bem.


         Em relação às identidades dos parceiros da troca linguageira, só é possível
determinarmos a do enunciador, que no caso, é uma organização de mídia independente
chamada Wikileaks. O canal de transmissão dá-se através do código semiológico
audiovisual. E, por fim, o saber a ser transacionado representa um produto audiovisual
chamado “Quanto custa mudar o mundo?” sobre os gastos desta organização para
realizar suas atividades.
         Em relação ao nível comunicacional, é onde estão determinadas as maneiras da
troca linguageira, ou seja, o modo como se fala, se escreve, etc. Estas maneiras de falar
se dão em função do nível situacional. É neste nível que os papéis linguageiros dos
sujeitos são reconhecidos, garantindo o direito de fala. No texto a ser analisado,
encontra-se uma relação monologal de não troca, em um contrato de não-troca, sem
percepção imediata pela não presença dos parceiros.
         Por fim, o nível discursivo é o lugar das intervenções do sujeito falante, que
deve atender a condições como legitimidade, credibilidade, e captação. São essas
condições que propiciam os atos de discurso que resultarão no texto. A legitimidade é
estabelecida externamente ao sujeito falante e representa a posição que o permite tomar
a fala. A credibilidade é o julgamento feito por outro em relação ao que é posto, ou seja,
sua veracidade e pertinência. Já a captação representa o que Charaudeau (2005) chama
de princípio de influência e regulação, a busca pela sedução ou persuasão.



3
  Charaudeau (2008, p.69) chama atenção para diferença entre situação e contexto. Para o autor, o contexto do ato de
linguagem refere-se ao ambiente textual onde uma formulação lingüística habita. Charaudeau (2008) ainda diferencia
contexto lingüístico, a vizinhança verbal, de contexto discursivo, como os atos de linguagens já estabelecidos em
determinada sociedade.
O texto originário dos atos de discurso referidos vai se configurar pela utilização
de certos meios lingüísticos: os modos de organização do discurso. Eles são
estabelecidos pelo sujeito comunicante diante das restrições situacionais, das
possibilidades comunicacionais do dizer e pelo projeto de fala deste sujeito.
       Charaudeau (2008) agrupa estas utilizações em quatro modos de organização do
discurso: o Enunciativo, o Descritivo, o Narrativo e o Argumentativo. O autor (2008, p.
74, grifos do autor) afirma que cada um dos modos propõe “uma organização do
‘mundo referencial’, o que resulta em lógicas de construção desses mundos
(descritivas, narrativas, argumentativas); e uma organização de sua ‘encenação’
(descritivas, narrativa, argumentativa)”.
       Para análise do material discursivo já caracterizado, o corpus de pesquisa, nos
interessa a compreensão dos modos de organização discursivo no material a ser
analisado: enunciativo e descritivo.


Modo de organização do discurso enunciativo


       O modo enunciativo tem atribuição dupla: segundo Charaudeau (2008) este
modo tem como função essencial a de dar conta da posição do locutor em relação ao
interlocutor, a si próprio e ao mundo. Mas, ao mesmo tempo, o modo enunciativo
intervém na encenação dos demais, o que faz com que Charaudeau (2008) considere que
o modo enunciativo comanda os demais.
       Então, é possível afirmar que o modo enunciativo é composto de três funções
baseadas na posição do locutor em relação ao interlocutor: alocutivo, elocutivo e
delocutivo. O primeiro visa estabelecer uma relação de influência, onde falante enuncia
sua posição em relação ao interlocutor buscando influenciar em sua ação. Dessa
maneira, no modo alocutivo o locutor age sobre o interlocutor, estabelecendo uma
relação acional, causando uma relação de influência.
       Já no modo elocutivo o falante enuncia o mundo sem implicar diretamente o
interlocutor. Com isso, “visa uma enunciação que tem como efeito modalizar
subjetivamente a verdade do propósito enunciado, revelando o ponto de vista interno do
sujeito falante” (Charaudeau, 2008, p.83, grifos do autor). O delocutivo representa uma
estratégia muito utilizada em diversos tipos de discurso: a retomada de uma fala de um
terceiro, onde o sujeito comunicante busca ‘se apagar’ do seu ato de linguagem e ao
mesmo tempo não implicar o interlocutor.
No material audiovisual a ser analisado neste artigo, o comunicante, através da
encenação discursiva, enuncia sua opinião sobre o mundo, sem implicar diretamente
interpretante, o que nos permite caracterizar como o modo enunciativo elocutivo. Neste
processo de enunciação, o sujeito comunicante (EUc) constrói a imagem (EUe 4) de
alguém que através de suas atividades busca um ideal, que, no caso, é o citado no
próprio título do vídeo: a mudança do mundo.
         Nesse processo de enunciação, o sujeito comunicante constrói a imagem de seu
destinatário (TUd) como uma pessoa que concorda com essa mudança do mundo e que,
por isso, identifica-se com a causa da organização. Tal assertiva se comprova no trecho
final da produção audiovisual: enquanto visualmente é apresentada a logomarca da
organização, ou seja, a representação visual de sua identidade, o locutor diz “Há
algumas pessoas que não gostam de mudanças. Para todas as outras, há Wikileaks”
(Wikileaks, 2011) 5. Por isso, é possível afirmar que o sujeito destinatário é o indivíduo
que acredita na mudança do mundo proposta pela organização Wikileaks.


Modo de organização do discurso descritivo


         O modo descritivo é o responsável pela enunciação dos seres do mundo, que se
verificam pelos consensos sociais, sem a necessidade do estabelecimento de uma
relação de causalidade. Este modo é sempre dependente da finalidade das Situações de
comunicação. Dessa maneira, no âmbito dos textos, o modo descritivo costuma
combinar-se com os modos argumentativo e narrativo.
         São componentes deste modo três tipos indissociáveis: nomear, localizar-situar e
qualificar. Nomear corresponde a atribuir um nome através de referências pré-
existentes. Esse é o “resultado de uma operação que consiste em fazer existir os seres
significantes no mundo, ao classificá-los” (Charaudeau, 2008, p. 112, grifos do autor).
É isso que faz com que o modo descritivo seja o responsável pela produção de
taxonomias, listas, inventários, etc.
         Localizar-situar nada mais é que atribuir o lugar no espaço e no tempo de um
ser. Ou seja, representa “um recorte objetivo do mundo, mas sem perder de vista que
esse recorte depende da visão que um grupo cultural projeta sobre esse mundo”
(Charaudeau, 2008, p. 114).
4
 EU enunciador, sujeito interno ao dizer.
5
 Tradução livre do autor. Texto original: “There are some people who don't like change. For everyone else, there is
Wikileaks”
De outra parte, o componente ‘qualificar’ do modo descritivo, assim como o
nomear, representa a redução do mundo a categorias de seres. Como bem explica
Charaudeau (2008, p. 114), qualificar “consiste em atribuir a um ser, de maneira
explícita, uma qualidade que o caracteriza e o especifica, classificando-o, desta vez, em
um subgrupo”. Assim, qualificar representa atribuir uma qualificação, um sentido
particular, a um ser, de forma mais ou menos objetiva.
       O modo de organização descritivo apresenta uma série de efeitos de encenação
discursiva. São eles: efeitos de saber, de realidade e de ficção, confidência e de gênero.
Comandada pelo sujeito falante, que se torna o descritor, os efeitos são encenados de
acordo com o projeto de fala deste sujeito.
       Ao fazer a análise da produção audiovisual a que se propõe este estudo,
identificamos dois efeitos discursivos do modo descritivo. São elas: efeito de
confidência e efeito de gênero. No primeiro, há uma “intervenção explícita ou implícita
do descritor, que é levado a exprimir sua apreciação pessoal” (Charaudeau, 2008,
p.141, grifo do autor). Constatamos este aparato discursivo na enumeração dos gastos
internos desta organização realizada no princípio da produção audiovisual. Enquanto o
locutor enuncia os gastos, o vídeo mostra cenas do cotidiano da organização,
possibilitando a compreensão de que o que se mostra é a intimidade da Wikileaks.
       O segundo efeito discursivo descritivo presente no material analisado é o efeito
de gênero, que “resulta do emprego de alguns procedimentos de discurso que são
suficientemente repetitivos e característicos de um gênero para tornar-se o signo deste”
(Charaudeau, 2008, p. 142). Este tipo de efeito é recorrente em paródias e pastiches. Tal
efeito é verificado na utilização da linguagem característica de produções publicitárias.
Mais especificamente, das produções publicitárias da empresa MasterCard, uma das
empresas que realizaram o bloqueio bancário à organização enunciadora da presente
campanha. Isso fica claro também na arte gráfica utilizada para formar a logomarca da
organização: um símbolo vermelho e amarelo, muito semelhante à logomarca da
MasterCard se derrete formando o símbolo da Wikileaks.


Considerações finais


       Como descreve Ugarte (2008), o discurso é ferramenta fundamental para as
atividades ciberativistas diante das novas formas de comunicação propiciadas pela
internet. Neste ambiente de rede, onde um pode enunciar para muitos sem passar pelos
meios de comunicação tradicional, o discurso torna-se ferramenta fundamental na busca
por engajamento. De outra forma, a própria profusão do discurso depende do quanto os
indivíduos desta rede vão se identificar com o destinatário da enunciação ciberativista,
pois, no ambiente das redes sociais, o alcance da divulgação de um conteúdo depende
do compartilhamento que os nós dessa rede farão.
                                                                                            6
         Assim, ao analisar o vídeo “Quanto custa mudar o mundo?”                               fica claro que a
encenação discursiva tem como finalidade a incitação. Ou seja, através da disseminação
da produção audiovisual pelos perfis em mídias sociais, fazer com que os interlocutores
identificados com o destinatário acreditem que terão benefícios ao fazer o que o
enunciador propõe. Neste caso, a proposição fica explícita ao final do vídeo onde o
locutor informa “para saber mais sobre o bloqueio financeiro à Wikileaks e como fazer
doações, por favor visite: www.wikileaks.org/support.html” 7 (Wikileaks, 2011).
         Então, através da disseminação desta produção audiovisual a organização
Wikileaks busca estabelecer uma relação de fazer-crer no seu posicionamento quanto ao
bloqueio bancário e, ao mesmo tempo, uma relação de fazer-fazer ao buscar doações
financeiras.


Referências

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Sulina, 239 p.

ANTOUN, H.; MALINI, F. 2010. Ontologia da Liberdade na Rede: as multi-mídias e
os dilemas da narrativa coletiva dos acontecimentos. In: Encontro Anual da Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, XIX, Rio de Janeiro,
2010. Anais... Rio de Janeiro, RJ. 1:1-14.

ARAUJO, W. F. 2011. Ciberativismo: levantamento do estado da arte na pesquisa no
Brasil. In: Simpósio Nacional da ABCiber, V, Florianópolis, 2011. Anais...
Florianópolis, SC. 1:1-14.

BARBISAN, L. B. et al. 2010. Perspectivas discursivo-enunciativas de abordagem do
texto. In. A. c. BENTES; M. Q. LEITE (orgs.), Linguística de texto e análise da
conversação, São Paulo, Editora Cortez, 171-224.

BAUMAN, Z. 2001. Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 258 p.

CASTELLS, M. 1999. A Sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 617 p.

6
 Nome original é: What does it cost to change the world?
7
 Tradução livre do autor. Texto original: To find out more about WikiLeaks financial blockade, and how to donate,
please visit: www.wikileaks.org/support.html
CASTELLS, M. 2001. O Poder da identidade. 3ª ed. São Paulo, Paz e Terra, 530 p.

CASTELLS, M. 2003. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a
sociedade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 243 p.

CHARAUDEAU, P. 2005. Uma análise semiolingüística do texto e do discurso, In : M.
A. L. PAULIUKONIS; S. GAVAZZI (orgs.) Da língua ao discurso: reflexões para o
ensino, Rio de Janeiro, Lucerna, p. 11-27.

CHARAUDEAU, P. 2006. Discurso das mídias. São Paulo, Contexto, 285 p.

CHARAUDEAU, P. 2008. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo,
Contexto, 256 p.

CHARAUDEAU, P. 2010. Uma problemática comunicacional dos gêneros discursivos.
Revista Signos, 43(suppl.1):77-90.

DELEUZE, G. 1992. Conversações: 1972-1990. 1ª Ed., São Paulo, Editora 34.

FREITAS, E. C. 2009. O discurso na Comunicação Organizacional: uma abordagem
semiolinguística na inter-relação linguagem e trabalho. Intercom 32(1):189-207.

GEERTZ, C. 2008. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, LTC, 213 p.

HALL, S. 1999. A identidade cultural na pós-modernidade. 3ª ed, Rio de Janeiro,
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MARZOCHI, S. F. 2009. Metamodernidade e Política: a ONG Greenpeace. Campinas,
SP. Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 509p.

SILVEIRA, S. A. 2009. Redes cibernéticas e tecnologias do anonimato: confrontos na
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Pós-Graduação em Comunicação, XVIII, Belo Horizonte, 2009. Anais... Belo
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SILVEIRA, S. A. 2010. Ciberativismo, cultura hacker e o individualismo colaborativo.
Revista USP, 86:28-39.

SILVEIRA, S. A. 2011. O fenômeno Wikileaks e as redes de poder. Contemporanea. v.
9(2):06-21.

UGARTE, D. 2008. O poder das redes. Porto Alegre, EDIPUCRS, 116p.

WIKILEAKS. What Does it Cost to Change the World?. Acessado em: 25 jun. 2011,
disponível em: http://vimeo.com/25412550.

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Análise da dimensão discursiva do ciberativismo na wiki leaks

  • 1. Willian Fernandes Araújo Mestrado em Processos e Manifestações Culturais - Universidade Feevale Brasil willianfaraujo@gmail.com GI 1 - Comunicación Digital, Redes y Procesos “Quanto custa mudar o mundo?” análise da dimensão discursiva do ciberativismo na WikiLeaks. RESUMO Este artigo tem como objetivo estabelecer uma reflexão sobre as construções discursivas como ferramenta do ciberativismo. Também se aborda o papel da identidade neste novo contexto de mobilizações. Para isso, analisa-se com qual finalidade a organização ciberativista Wikileaks utiliza-se do discurso no vídeo “What does it cost to change the world?”. Tal análise do discurso faz-se pela Semiolinguística, calcada na obra do linguista francês Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010). Por fim, apresentam-se as considerações finais e a bibliografia de base deste artigo. Constatou-se que a organização Wikileaks busca estabelecer uma relação de incitação aos seus interlocutores. Palavras-chave: Wikileaks; ciberativismo; discurso; semiolinguística; análise do discurso. Introdução A internet é um artefato cultural que permeia as manifestações de nossa sociedade (Amaral, et al., 2011), sejam elas culturais, sociais, ou mesmo políticas. Como bem afirma Manuel Castells (1999), tecnologia é a sociedade. Ou seja, uma sociedade não pode ser compreendida sem suas tecnologias, que, desde as cavernas, têm feito parte das teias de significados (Geertz, 2008) criadas pela humanidade ao longo de sua existência cultural. Dessa maneira, é de suma importância compreender as dinâmicas de grupos ativistas que têm usado a internet como ambiente de profusão de suas práticas. Podem ser citados diversos exemplos ao longo das últimas décadas, como os Chiapas mexicanos, os movimentos contra a globalização, o Greenpeace, a mobilização entorno da aprovação do projeto Ficha Limpa no Brasil, a organização de vazamentos de dados sigilosos Wikileaks, etc. Convenciona-se chamar esta utilização ativista das novas ferramentas digitais de ciberativismo.
  • 2. Ao estudar movimentos ativistas, compreende-se que são mobilizados essencialmente na busca de mudanças simbólicas na sociedade. Dessa maneira, as construções discursivas destes grupos ganham maior relevância entre suas atividades. Esse panorama se acentua quando abordamos as manifestações ciberativistas, pois diante do ambiente de rede as construções discursivas passam a ser uma ferramenta muito eficaz de mobilização e geração de apoio e colaboração. Assim, acredita-se que a abordagem proposta neste estudo pode contribuir com ao crescente debate em torno do ciberativismo. Esta contribuição pode ser mais efetiva ao tratar da dimensão do discurso nas práticas ciberativistas, abordagem pouco realizada na pesquisa brasileira sobre o tema. Este fato foi constatado por Araújo (2011), em levantamento recente sobre o campo de pesquisa do ciberativismo no Brasil. Dessa forma, ao reconhecer o discurso como prática essencial a grupos ciberativistas, pretende-se estabelecer uma ligação teórica entre o ciberativismo e o jogo comunicativo presente nas construções discursivas, buscando aclarar como se dão as disputas simbólicas por estes grupos no ambiente de rede. Para melhor compreender tal prática, analisa-se com que visada comunicativa a organização ciberativista Wikileaks utiliza construções discursivas em suas ações. Para isso, usaremos a análise do discurso de base Semiolinguistica, calcada na obra do linguista francês Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010). Esta metodologia empírico qualitativa considera o ato de linguagem como uma encenação, um jogo comunicativo. Nessa perspectiva, a linguagem é considerada como veículo social de comunicação e, diante disto, o dito é compreendido não como algo individual, mas como um arranjo entre vozes sociais e intencionalidade individual, “pois os aspectos psicossocial e situacional lhe garantem uma individualidade. O discurso é, então, considerado como um ato interativo de fala, pleno de intencionalidade, entre dois parceiros – os sujeitos do ato de linguagem” (Barbisan et al., 2010, p. 177). Este artigo está metodologicamente organizado através de uma pesquisa descritiva e bibliográfica, valendo-se da abordagem qualitativa para realização da análise do discurso sobre conteúdo do vídeo integrante da campanha “Banking Blockade”1. Esta campanha foi divulgada na internet pela Wikileaks contra o bloqueio que sofreu de instituições bancárias. O vídeo “Quanto custa mudar o mundo?” 2, com 1 Acessado em: 25 jun. 2011. Disponível em: < http://vimeo.com/25412550>. 2 Nome original é: What does it cost to change the world?
  • 3. pouco mais de um minuto de duração, foi divulgado em junho de 2011 e publicado no sítio Vímeo (Wikileaks, 2011), ferramenta de mídia social utilizada para veiculação de produções audiovisuais. Porém, antes da análise de discurso propriamente dita, faz-se reflexão teórica sobre a importância do discurso como ferramenta ciberativismo. Também refletimos sobre a premência da identidade neste novo contexto de mobilizações. Apresentamos alguns conceitos essenciais da teoria semiolinguística, a fim de embasar a análise de discurso que se pretende realizar. Por fim, constam as considerações finais e a bibliografia de base deste artigo. O conceito de ciberativismo O Ciberativismo é uma prática emergente no contexto da cibercultura. Dessa maneira, é importante compreender o que exatamente designa este termo, que em diversos estudos é caracterizado por sinônimos como web ativismo, ativismo em rede, netativismo. Sérgio Amadeu da Silveira (2010) define o ciberativismo como o conjunto de práticas realizadas em redes cibernéticas em defesa de causas específicas. A abrangência desta conceituação mostra a relevante preocupação de Silveira (2010) em reconhecer a variedade de diferentes expressões dessa prática e atual dificuldade em definir o posicionamento ideológico dos grupos responsáveis por tais ações. Para Silveira (2010, p. 104), é possível afirmar que o ciberativismo é imanente à internet, pois “influenciou decisivamente grande parte da dinâmica e das definições sobre os principais protocolos de comunicação utilizados na conformação da Internet”. Ou seja, o ciberativismo está na gênese do modelo peculiar para o qual evoluiu a rede mundial de computadores, modelo não proprietário. As potencialidades dessa prática social estão justamente nas características dicotômicas que surgem das definições estruturais da internet. Como coloca Silveira (2011) em texto posterior, ao mesmo tempo em que o modelo trazido pela internet representa um grande arranjo de técnicas de controle, apontado como símbolo máximo do patamar social chamado por Gilles Deleuze (1992) de Sociedade de controle, provê a expansão do poder comunicacional através da grande interatividade, velocidade e dispersão da comunicação. Com isso, o ciberativismo legitima-se na utilização radical de possibilidades como as redes distribuídas, o anonimato, e mesmo a visibilidade que a internet pode proporcionar.
  • 4. O posicionamento de Silveira (2011) é semelhante ao apresentado por Henrique Antoun e Fábio Malini (2010). Entretanto, para estes autores as manifestações ativistas na internet são tratadas como a biopolítica da rede, em contraposição ao biopoder, apontando a reinvenção do conceito de Michel Foucault por Antonio Negri e o seu aprimoramento por autores posteriores (Cocco, Hardt, Antoun, Lazaratto, Pelbart, Bifo, Marazzi, Moulier-Boutang, Bentes, Szanieck). Assim, a biopolítica configura-se na capacidade da vida governar-se. Essa biopolítica da rede se ativa como uma liberdade positiva, no sentido que essa atividade dos usuários constitui de forma singular um campo mais extenso de significados dos acontecimentos sociais. Isso se entrelaça com novas narrativas que esmiúçam fatos, ideias dados, imagens, que ampliam a capacidade da rede de revelar sentidos que até então eram negociados na lógica do gatekeeper da mídia tradicional. (Antoun e Malini, 2010). Nesta perspectiva, a biopolítica da rede é a forma pela qual manifestações autônomas conseguem exceder os controles e bloqueios da rede (Antoun e Malini, 2010). Em outras palavras, a biopolítica consiste em fazer uma utilização ativista da internet, colocando suas ferramentas em favor destas ações. No próximo item passa-se a abordar a premência da identidade neste novo contexto de mobilizações. Também apresenta-se o papel das construções discursivas dentro das dinâmicas de atividades de grupos ciberativistas. Discurso e identidade no ciberativismo Apesar de não trabalhar com o termo ciberativismo, a obra de Manuel Castells (1999; 2001; 2003) é repleta de apontamentos relevantes sobre a utilização da tecnologia em ações ativistas. Castells (2003) aborda tal utilização pelo viés dos movimentos sociais, considerando suas mudanças até o estágio em que conceitua como ‘sociedade em rede’. No entanto, a noção de ‘ativista’ como um indivíduo engajado em uma disputa simbólica é contemplada na obra de Castells (2003), principalmente ao referir- se aos movimentos mais recentes. Assim, esse autor (2003) considera que a internet, como ambiente midiático distribuído, é indispensável a esses movimentos por três razões: primeiro, os movimentos sociais são mobilizados essencialmente em torno de disputas de
  • 5. significados na sociedade. Assim, é fundamental o uso da internet como espaço de comunicação de valores e mobilização em torno destes significados. Segundo, os movimentos sociais buscam ocupar o espaço deixado pela crise das organizações verticalmente integradas, como refere Castells (2003), ou, como define Bauman (2001), o derretimento dos sólidos da modernidade. Assim, com a internet, tais movimentos têm a possibilidade de alcançar impacto significativo sem a estrutura, por exemplo, de um partido político, necessitando apenas do engajamento coletivo através da rede. Por fim, com a ideia de que o poder funciona cada vez mais em redes globais, Castells (2003) considera que os movimentos têm a necessidade de ter alcance global, facilitado pela internet e, com isso, impactar a mídia através de suas ações simbólicas. Em sua obra “O poder da identidade”, Castells (2001) detalha melhor as características dos movimentos sociais em atividade no que chama de sociedade em rede. Ao desenhar conceitualmente o panorama desse novo estágio social, Castells (2001) salienta a premência da identidade como principal significado em um contexto de desestruturação de instituições e de manifestações culturais marcadas pela efemeridade. Este diagnóstico também é apresentado por Stuart Hall (2006), que aponta um processo de enfraquecimento das velhas identidades e o surgimento de novas identidades que fragmentam o antes unificado indivíduo moderno. A importância de compreender o panorama das identidades no atual estágio social é fundamental para o entendimento da lógica dos movimentos ciberativistas. Conforme lembra Castells (2001), é através das práticas, principalmente das práticas discursivas, que esses movimentos constroem sua autodefinição, ou seja, sua identidade a ser compartilhada pelos diversos nós que compõem a massa conectiva desses movimentos. Diante disto, Castells (2001) propõe como método de análise destes movimentos a utilização das categorias da tipologia clássica de Alain Touraine, que ainda na década de 1970 as definiu baseada em três fatores principais: identidade do movimento, o adversário do movimento e a visão ou modelo social do movimento, que aqui denomino como meta societal. Em minha adaptação (que acredito estar coerente com a teoria de Touraine), identidade refere-se à autodefinição do movimento, sobre o que ele é, e em nome de quem se pronuncia. (...) Meta societal refere- se à visão do movimento sobre o tipo de ordem ou organização social que almeja no horizonte histórico da ação coletiva que promove. (Castells, 2001, p. 95).
  • 6. Essa tipologia utilizada por Castells (2001) propõe uma análise totalmente calcada nas encenações discursivas de tais movimentos. Seja diante da construção de sua máscara discursiva (autodefinição, identidade) (Charaudeau, 2008), de sua meta de mudança social ou mesmo pela afirmação do adversário do movimento. Todas essas categorias de análise retomadas por Castells (2001) podem ser identificadas através da análise das construções discursivas desses movimentos. A compreensão da importância do discurso como prática ciberativista é marcada na obra de David de Ugarte (2008). Segundo esse autor (2008), são as construções discursivas que estabelecem os componentes identitários elaborados pelos grupos ativistas diante do ambiente distribuído da internet. Ou seja, indivíduos dessa rede, ao se identificarem com o sujeito destinatário da enunciação (Charaudeau, 2008), podem engajar-se na causa ciberativista, facilitando “a comunicação entre pares desconhecidos sem que seja necessária a mediação de um ‘centro’, ou seja, assegura o caráter distribuído da rede e, portanto, sua robustez de conjunto” (Ugarte, 2008, p. 57). A dimensão de uma possível ação ciberativista dependeria da quantidade de enunciadores que se identificassem com a identidade criada pelos ativistas através do ato de linguagem escoado pela rede. Assim, para Ugarte (2008), o discurso faz parte de um tripé de sustentação do ciberativismo baseado no ‘empoderamento individual’ pelo uso da internet. Esta tríade também é formada pelas ferramentas e pela visibilidade. Neste contexto, o que Ugarte (2008) chama de ferramentas se refere à ideia do “faça você mesmo”, da criação de mecanismos para realização das ações ciberativistas. Já a visibilidade é conceituada por Ugarte (2008) como o objetivo de luta permanente destes movimentos. A partir do entendimento deste tripé de sustentação do ciberativismo, Ugarte (2008, p. 58) define o ciberativista como “alguém que utiliza a Internet [...] para difundir um discurso e colocar à disposição pública ferramentas que devolvam às pessoas poder e a visibilidade que hoje são monopolizadas pelas instituições”. O conceito de ciberativismo de Ugarte (2008) é baseado na utilização da rede como forma de legitimação de um discurso em busca de um agendamento das discussões e mudanças propostas pelos movimentos. Dessa maneira, o autor não considera o ciberativismo como uma técnica, mas sim como uma estratégia: Poderíamos definir “ciberativismo” como toda estratégia que persegue a mudança da agenda pública, a inclusão de um novo tema na ordem
  • 7. do dia da grande discussão social, mediante a difusão de uma determinada mensagem e sua propagação através do “boca a boca” multiplicado pelos meios de comunicação e publicação eletrônica pessoal. (Ugarte, 2008, p. 77) Considerando suas definições sobre o ciberativismo, Ugarte (2008) determina dois tipos de atuação, duas formas de utilização desta estratégia. A primeira tem a lógica de campanha, com um centro e ações organizadas para difusão de uma ideia. O segundo tipo é a mobilização em busca da criação de um grande debate social distribuído e, segundo Ugarte (2008), sem previsão das conseqüências. Entretanto, é necessário salientar que estes dois tipos de ciberativismo não parecem ser dissociáveis. No item seguinte apresentam-se conceitos essenciais da teoria semiolinguística proposta por Patrick Charaudeau (2005, 2006, 2008, 2010), a fim de embasar a análise do corpus de pesquisa estabelecido para este estudo. Semiolinguística Proposta por Patrick Charaudeau no início dos anos 1980 (Barbisan et al., 2010), a semiolinguística busca evitar a dicotomia entre linguagem como um objeto transparente, e seu interesse por do que fala, e a concepção de linguagem como objeto opaco e seu interesse por como fala. Na perspectiva semiolinguística, a análise do discurso não se trata de uma metodologia experimental, mas sim empírico-dedutiva. A partir disto, Charaudeau (2005) compreende que o sujeito analisante parte do material empírico para determinar os objetivos em relação ao objeto construído, e que instrumentalização é usada de acordo com o procedimento proposto. Então, Charaudeau (2008, p. 20, grifos do autor) conclui que “o Objeto do Conhecimento é o do que fala a linguagem através do como fala a linguagem, um construindo o outro (e não um após o outro)”. Diante disto, o método semioliguistico deve ser elucidante do ponto de vista do ‘como se fala’, mas abstratizante no ‘do que se fala’. Ou seja, conforme definem Barbisan et al. (2010, p. 172, grifo dos autores) “consiste em analisar o significado textual em função do projeto de influência e da ação persuasiva do sujeito enunciador sobre o sujeito receptor/destinatário em determinado contexto e em situação interativa”. Este procedimento é a base da teoria semiolinguística.
  • 8. Na perspectiva semiolinguística, o ato de linguagem é uma encenação, organizada de acordo com os objetivos de um sujeito comunicante, que dentro de certa situação de comunicação e através de determinados mecanismos de encenação do discurso, organiza a encenação do ato de linguagem. Charaudeau (2008, p. 24) adverte que a finalidade dos atos de linguagem não deve ser buscada apenas na configuração verbal feita pelo sujeito comunicante, mas sim no jogo entre ela e o sentido implícito que pode ter, “tal jogo depende da relação dos protagonistas entre si e da relação dos mesmos com as circunstâncias de discurso que os reúnem”. É esse caráter de jogo que faz com que o ato de linguagem na semiolinguística seja considerado uma aposta. Desta maneira, o ato de linguagem (A de L) para Charaudeau (2008) é composto da relação de combinação entre implícito e explícito, circundados pelas circunstâncias de discurso (C de D). Esta formação conceitual é representada pela seguinte fórmula proposta do pelo autor (2008, p. 27): “A de L = [Explícito x Implícito] C de D”. Este ato de linguagem conceituado por Charaudeau (2008) é composto de quatro sujeitos: sujeito comunicante (EUc) e sujeito interpretante (TUi), seres sociais testemunhas reais do ato de enunciação; além do sujeito destinatário (TUd) e sujeito enunciador (EUe), seres linguageiros, existentes apenas na esfera do discurso. O processo de produção de discurso iniciado por EUc dá origem a outro ser da fala, como EUe, que é o sujeito destinatário, ou TUd, receptor idealizado pelo comunicante. TUd é a imagem que EUc cria sobre TUi ao propor o ato de linguagem. Entendendo tal dinâmica, é possível afirmar que EUc tem domínio total sobre TUd, estabelecendo uma relação de transparência. Ao contrário de sua relação com TUi, que é uma relação de opacidade, onde TUi depende apenas de si próprio para realizar o processo de interpretação diante da situação discursiva posta. Desta forma, a relação entre TUd e TUi é fundamental para o entendimento da dinâmica discursiva. Os efeitos buscados pelo sujeito comunicante serão produzidos efetivamente quando o TUi identificar-se com esta identidade linguageira interna ao dizer, realizada pelo sujeito comunicante. Entretanto, a não identificação entre a imagem criada pelo sujeito comunicante e o sujeito interpretante, nem sempre representa uma falha do comunicante: Charaudeau (2008) exemplifica a ‘provocação’ como uma situação onde a criação deste “ser de fala” (TUd) é propositalmente diferente ao ser social (TUi).
  • 9. Assim, na produção audiovisual que nos propomos analisar temos como sujeito comunicante (EUc) a organização Wikileak. Como interpretante (TUi) deste vídeo teremos todas as pessoas (destinatários) que receberam através de suas redes sociais esta publicação ou os que de alguma forma, seja através do sítio da organização, ou através de buscadores, consumiram tal produção audiovisual. Contrato de comunicação e as restrições discursivas Outra noção importante na obra de Patrick Charaudeau (2008) e, consequentemente, na semiolinguistica é a de contrato de comunicação. Tal elaboração teórica pressupõe que indivíduos pertencentes a grupos sociais têm certos consensos linguageiros de suas práticas sociais. Isto implica a ideia de que o ato de linguagem representa uma proposição que um EU, buscando influenciar, faz a um TU aguardando sua adesão. As restrições advindas da adesão a este contrato, de certa forma, normatizam o ato de linguagem influenciando nas estratégias discursivas. Isto faz com que a estruturação do ato de linguagem seja composta pelo espaço das restrições e pelo espaço de estratégias, onde repousam as escolhas possíveis na encenação. Dessa maneira, as estratégias discursivas postas em jogo devem ser estudadas de acordo com as restrições deste contrato. Dessa maneira, ao analisar o corpus de estudo deste artigo, podemos considerar que se trata de um contrato comunicativo baseado nas restrições e possibilidades discursivas das mídias digitais. Isto é, pressupõe que o enunciado será audiovisual em uma relação monologal de não troca, pois o enunciado está em uma plataforma de divulgação de produções audiovisuais anteriormente gravadas; de que terá alguma relevância para o interpretante, que estará em uma linguagem compreensível, entre outras restrições normativas deste contrato. Por outro lado, é pensando neste espaço que o comunicante vai escolher as estratégias de encenação para alcançar a identificação entre interpretante e destinatário. Para apontar os possíveis interpretativos que devem ser buscados pelo sujeito analista, é necessário compreender os três níveis que formam o ato de linguagem: situacional, comunicacional e discursivo. Isso se deve ao fato do ato de linguagem ter origem, como vimos, em uma troca, que se organiza de acordo com a intencionalidade, o contrato estabelecido, as condições do espaço físico e suporte.
  • 10. Assim, o nível situacional3 do ato de linguagem dá conta aos dados externos que constituem as restrições do discurso. Neste espaço se define a finalidade do ato de linguagem, identidade social dos parceiros, a temática do saber a ser transacionado e o dispositivo elaborado pelas restrições materiais de troca. No caso do texto analisado, considera-se que o ato de linguagem tem como finalidade a incitação. Como descreve Charaudeau (2010, p. 82), tal finalidade se constata quando: ‘Eu’ quer ‘mandar fazer’, mas, não estando em posição de autoridade, não pode obrigar o ‘Tu’ a fazer ; ele deve, então ‘fazer acreditar’ (por persuasão ou sedução) ao ‘Tu’ que ele será o beneficiário de seu próprio ato ; ‘Tu’ está, então, em posição de ‘dever acreditar’ que se ele age, é para o seu bem. Em relação às identidades dos parceiros da troca linguageira, só é possível determinarmos a do enunciador, que no caso, é uma organização de mídia independente chamada Wikileaks. O canal de transmissão dá-se através do código semiológico audiovisual. E, por fim, o saber a ser transacionado representa um produto audiovisual chamado “Quanto custa mudar o mundo?” sobre os gastos desta organização para realizar suas atividades. Em relação ao nível comunicacional, é onde estão determinadas as maneiras da troca linguageira, ou seja, o modo como se fala, se escreve, etc. Estas maneiras de falar se dão em função do nível situacional. É neste nível que os papéis linguageiros dos sujeitos são reconhecidos, garantindo o direito de fala. No texto a ser analisado, encontra-se uma relação monologal de não troca, em um contrato de não-troca, sem percepção imediata pela não presença dos parceiros. Por fim, o nível discursivo é o lugar das intervenções do sujeito falante, que deve atender a condições como legitimidade, credibilidade, e captação. São essas condições que propiciam os atos de discurso que resultarão no texto. A legitimidade é estabelecida externamente ao sujeito falante e representa a posição que o permite tomar a fala. A credibilidade é o julgamento feito por outro em relação ao que é posto, ou seja, sua veracidade e pertinência. Já a captação representa o que Charaudeau (2005) chama de princípio de influência e regulação, a busca pela sedução ou persuasão. 3 Charaudeau (2008, p.69) chama atenção para diferença entre situação e contexto. Para o autor, o contexto do ato de linguagem refere-se ao ambiente textual onde uma formulação lingüística habita. Charaudeau (2008) ainda diferencia contexto lingüístico, a vizinhança verbal, de contexto discursivo, como os atos de linguagens já estabelecidos em determinada sociedade.
  • 11. O texto originário dos atos de discurso referidos vai se configurar pela utilização de certos meios lingüísticos: os modos de organização do discurso. Eles são estabelecidos pelo sujeito comunicante diante das restrições situacionais, das possibilidades comunicacionais do dizer e pelo projeto de fala deste sujeito. Charaudeau (2008) agrupa estas utilizações em quatro modos de organização do discurso: o Enunciativo, o Descritivo, o Narrativo e o Argumentativo. O autor (2008, p. 74, grifos do autor) afirma que cada um dos modos propõe “uma organização do ‘mundo referencial’, o que resulta em lógicas de construção desses mundos (descritivas, narrativas, argumentativas); e uma organização de sua ‘encenação’ (descritivas, narrativa, argumentativa)”. Para análise do material discursivo já caracterizado, o corpus de pesquisa, nos interessa a compreensão dos modos de organização discursivo no material a ser analisado: enunciativo e descritivo. Modo de organização do discurso enunciativo O modo enunciativo tem atribuição dupla: segundo Charaudeau (2008) este modo tem como função essencial a de dar conta da posição do locutor em relação ao interlocutor, a si próprio e ao mundo. Mas, ao mesmo tempo, o modo enunciativo intervém na encenação dos demais, o que faz com que Charaudeau (2008) considere que o modo enunciativo comanda os demais. Então, é possível afirmar que o modo enunciativo é composto de três funções baseadas na posição do locutor em relação ao interlocutor: alocutivo, elocutivo e delocutivo. O primeiro visa estabelecer uma relação de influência, onde falante enuncia sua posição em relação ao interlocutor buscando influenciar em sua ação. Dessa maneira, no modo alocutivo o locutor age sobre o interlocutor, estabelecendo uma relação acional, causando uma relação de influência. Já no modo elocutivo o falante enuncia o mundo sem implicar diretamente o interlocutor. Com isso, “visa uma enunciação que tem como efeito modalizar subjetivamente a verdade do propósito enunciado, revelando o ponto de vista interno do sujeito falante” (Charaudeau, 2008, p.83, grifos do autor). O delocutivo representa uma estratégia muito utilizada em diversos tipos de discurso: a retomada de uma fala de um terceiro, onde o sujeito comunicante busca ‘se apagar’ do seu ato de linguagem e ao mesmo tempo não implicar o interlocutor.
  • 12. No material audiovisual a ser analisado neste artigo, o comunicante, através da encenação discursiva, enuncia sua opinião sobre o mundo, sem implicar diretamente interpretante, o que nos permite caracterizar como o modo enunciativo elocutivo. Neste processo de enunciação, o sujeito comunicante (EUc) constrói a imagem (EUe 4) de alguém que através de suas atividades busca um ideal, que, no caso, é o citado no próprio título do vídeo: a mudança do mundo. Nesse processo de enunciação, o sujeito comunicante constrói a imagem de seu destinatário (TUd) como uma pessoa que concorda com essa mudança do mundo e que, por isso, identifica-se com a causa da organização. Tal assertiva se comprova no trecho final da produção audiovisual: enquanto visualmente é apresentada a logomarca da organização, ou seja, a representação visual de sua identidade, o locutor diz “Há algumas pessoas que não gostam de mudanças. Para todas as outras, há Wikileaks” (Wikileaks, 2011) 5. Por isso, é possível afirmar que o sujeito destinatário é o indivíduo que acredita na mudança do mundo proposta pela organização Wikileaks. Modo de organização do discurso descritivo O modo descritivo é o responsável pela enunciação dos seres do mundo, que se verificam pelos consensos sociais, sem a necessidade do estabelecimento de uma relação de causalidade. Este modo é sempre dependente da finalidade das Situações de comunicação. Dessa maneira, no âmbito dos textos, o modo descritivo costuma combinar-se com os modos argumentativo e narrativo. São componentes deste modo três tipos indissociáveis: nomear, localizar-situar e qualificar. Nomear corresponde a atribuir um nome através de referências pré- existentes. Esse é o “resultado de uma operação que consiste em fazer existir os seres significantes no mundo, ao classificá-los” (Charaudeau, 2008, p. 112, grifos do autor). É isso que faz com que o modo descritivo seja o responsável pela produção de taxonomias, listas, inventários, etc. Localizar-situar nada mais é que atribuir o lugar no espaço e no tempo de um ser. Ou seja, representa “um recorte objetivo do mundo, mas sem perder de vista que esse recorte depende da visão que um grupo cultural projeta sobre esse mundo” (Charaudeau, 2008, p. 114). 4 EU enunciador, sujeito interno ao dizer. 5 Tradução livre do autor. Texto original: “There are some people who don't like change. For everyone else, there is Wikileaks”
  • 13. De outra parte, o componente ‘qualificar’ do modo descritivo, assim como o nomear, representa a redução do mundo a categorias de seres. Como bem explica Charaudeau (2008, p. 114), qualificar “consiste em atribuir a um ser, de maneira explícita, uma qualidade que o caracteriza e o especifica, classificando-o, desta vez, em um subgrupo”. Assim, qualificar representa atribuir uma qualificação, um sentido particular, a um ser, de forma mais ou menos objetiva. O modo de organização descritivo apresenta uma série de efeitos de encenação discursiva. São eles: efeitos de saber, de realidade e de ficção, confidência e de gênero. Comandada pelo sujeito falante, que se torna o descritor, os efeitos são encenados de acordo com o projeto de fala deste sujeito. Ao fazer a análise da produção audiovisual a que se propõe este estudo, identificamos dois efeitos discursivos do modo descritivo. São elas: efeito de confidência e efeito de gênero. No primeiro, há uma “intervenção explícita ou implícita do descritor, que é levado a exprimir sua apreciação pessoal” (Charaudeau, 2008, p.141, grifo do autor). Constatamos este aparato discursivo na enumeração dos gastos internos desta organização realizada no princípio da produção audiovisual. Enquanto o locutor enuncia os gastos, o vídeo mostra cenas do cotidiano da organização, possibilitando a compreensão de que o que se mostra é a intimidade da Wikileaks. O segundo efeito discursivo descritivo presente no material analisado é o efeito de gênero, que “resulta do emprego de alguns procedimentos de discurso que são suficientemente repetitivos e característicos de um gênero para tornar-se o signo deste” (Charaudeau, 2008, p. 142). Este tipo de efeito é recorrente em paródias e pastiches. Tal efeito é verificado na utilização da linguagem característica de produções publicitárias. Mais especificamente, das produções publicitárias da empresa MasterCard, uma das empresas que realizaram o bloqueio bancário à organização enunciadora da presente campanha. Isso fica claro também na arte gráfica utilizada para formar a logomarca da organização: um símbolo vermelho e amarelo, muito semelhante à logomarca da MasterCard se derrete formando o símbolo da Wikileaks. Considerações finais Como descreve Ugarte (2008), o discurso é ferramenta fundamental para as atividades ciberativistas diante das novas formas de comunicação propiciadas pela internet. Neste ambiente de rede, onde um pode enunciar para muitos sem passar pelos
  • 14. meios de comunicação tradicional, o discurso torna-se ferramenta fundamental na busca por engajamento. De outra forma, a própria profusão do discurso depende do quanto os indivíduos desta rede vão se identificar com o destinatário da enunciação ciberativista, pois, no ambiente das redes sociais, o alcance da divulgação de um conteúdo depende do compartilhamento que os nós dessa rede farão. 6 Assim, ao analisar o vídeo “Quanto custa mudar o mundo?” fica claro que a encenação discursiva tem como finalidade a incitação. Ou seja, através da disseminação da produção audiovisual pelos perfis em mídias sociais, fazer com que os interlocutores identificados com o destinatário acreditem que terão benefícios ao fazer o que o enunciador propõe. Neste caso, a proposição fica explícita ao final do vídeo onde o locutor informa “para saber mais sobre o bloqueio financeiro à Wikileaks e como fazer doações, por favor visite: www.wikileaks.org/support.html” 7 (Wikileaks, 2011). Então, através da disseminação desta produção audiovisual a organização Wikileaks busca estabelecer uma relação de fazer-crer no seu posicionamento quanto ao bloqueio bancário e, ao mesmo tempo, uma relação de fazer-fazer ao buscar doações financeiras. Referências AMARAL, A. R. et al.. 2011. Métodos de Pesquisa para Internet. 1ª ed. Porto Alegre, Sulina, 239 p. ANTOUN, H.; MALINI, F. 2010. Ontologia da Liberdade na Rede: as multi-mídias e os dilemas da narrativa coletiva dos acontecimentos. In: Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, XIX, Rio de Janeiro, 2010. Anais... Rio de Janeiro, RJ. 1:1-14. ARAUJO, W. F. 2011. Ciberativismo: levantamento do estado da arte na pesquisa no Brasil. In: Simpósio Nacional da ABCiber, V, Florianópolis, 2011. Anais... Florianópolis, SC. 1:1-14. BARBISAN, L. B. et al. 2010. Perspectivas discursivo-enunciativas de abordagem do texto. In. A. c. BENTES; M. Q. LEITE (orgs.), Linguística de texto e análise da conversação, São Paulo, Editora Cortez, 171-224. BAUMAN, Z. 2001. Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 258 p. CASTELLS, M. 1999. A Sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 617 p. 6 Nome original é: What does it cost to change the world? 7 Tradução livre do autor. Texto original: To find out more about WikiLeaks financial blockade, and how to donate, please visit: www.wikileaks.org/support.html
  • 15. CASTELLS, M. 2001. O Poder da identidade. 3ª ed. São Paulo, Paz e Terra, 530 p. CASTELLS, M. 2003. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 243 p. CHARAUDEAU, P. 2005. Uma análise semiolingüística do texto e do discurso, In : M. A. L. PAULIUKONIS; S. GAVAZZI (orgs.) Da língua ao discurso: reflexões para o ensino, Rio de Janeiro, Lucerna, p. 11-27. CHARAUDEAU, P. 2006. Discurso das mídias. São Paulo, Contexto, 285 p. CHARAUDEAU, P. 2008. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo, Contexto, 256 p. CHARAUDEAU, P. 2010. Uma problemática comunicacional dos gêneros discursivos. Revista Signos, 43(suppl.1):77-90. DELEUZE, G. 1992. Conversações: 1972-1990. 1ª Ed., São Paulo, Editora 34. FREITAS, E. C. 2009. O discurso na Comunicação Organizacional: uma abordagem semiolinguística na inter-relação linguagem e trabalho. Intercom 32(1):189-207. GEERTZ, C. 2008. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, LTC, 213 p. HALL, S. 1999. A identidade cultural na pós-modernidade. 3ª ed, Rio de Janeiro, DP&A, 102 p. MARZOCHI, S. F. 2009. Metamodernidade e Política: a ONG Greenpeace. Campinas, SP. Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 509p. SILVEIRA, S. A. 2009. Redes cibernéticas e tecnologias do anonimato: confrontos na sociedade do controle. In: Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, XVIII, Belo Horizonte, 2009. Anais... Belo Horizonte, MG, 1:1-15 SILVEIRA, S. A. 2010. Ciberativismo, cultura hacker e o individualismo colaborativo. Revista USP, 86:28-39. SILVEIRA, S. A. 2011. O fenômeno Wikileaks e as redes de poder. Contemporanea. v. 9(2):06-21. UGARTE, D. 2008. O poder das redes. Porto Alegre, EDIPUCRS, 116p. WIKILEAKS. What Does it Cost to Change the World?. Acessado em: 25 jun. 2011, disponível em: http://vimeo.com/25412550.