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ReI'. educo contül. CRMV·SP / COlllillUOIM Educa/iOfl JourTllIl CRMV·SP,
São Palllo. lIo/ume 3. fascículo /, p. 029 - 036, 2000.




                                               emat       di cóide - LED:
                                                       . m ser lÇO
                                               CID ulstlca         •  ~




                                              zad da            d ã Pa I
     Discoid lupus erythematosus:                                                                         * Faculdade de Medicina
                                                                                                          Veterinária e Zootecnia - USP

     General review and a series ofcases                                                                  Departamento de Clínica Médica
                                                                                                          Serviço de Dermatologia
                                                                                                          Av. Prot. Dr. Orlando Marques de
     ofa specialized service in the cily                                                                  Paiva,87
                                                                                                          Cidade Universitária

     ofSão Paulo, Brazil                                                                                  São Paulo - SP
                                                                                                          e-mail: borges@usp.br



      *CarlosEduardolarsson1-CRMV-SPn° 1037
       MaryOtsukal - CRMV-SP n° 8503
        I   Professor Titular do Departamento de Clínica Médica - FMVZ - USP
        1 Médica   VeterináJia do Serviço de Dermatologia do Hospital Veterinário - FMVZ - USP




                                                                           RESUMO
               Em função de sua grande ocorrência em serviço especializado de dermatologia, vinculado ao Hospital
               Veterinário da Universidade de São Paulo, revisam-se os principais aspectos do lúpus eritematoso
               discóide, no que se refere às suas etiopatogenia, epidemiologia, aos aspectos sintomáticos e lesionais
               (em carnívoros e herbívoros domésticos), diagnóstico e protocolo de terapia. Enfocam-se dados bra-
               sileiros (paulistas e cariocas) e norte-americanos, relativos à magnitude de ocorrência frente às de-
               mais doenças auto-imunes diagnosticadas, segundo as variáveis: definição racial, sexual e idade de
               carnívoros domésticos, comparando-os àqueles evidenciados em pacientes humanos.

               Palavras chave: LE cutâneo, LE discóide, LE fixo, "Collie nose", lúpus eritematoso.


                                Etiopatogenia                                  sistêmica, nos cães e, tampouco, nos eqüinos acometidos
                                                                               (SCOTT, 1988; SCOTT et aI., 1996).
       o homem, o lúpus eritematoso discóide (LED) e o                                Contrariamente ao que está bem caracterizado nos
        lúpus eritematoso sistêmico (LES) podem ser con-                       quadros de LES (Tabela I), que cursam com lesões cu-
        siderados como formas clínicas polares de uma                          tâneas, por vezes múltiplas, mormente em áreas expos-
        mesma enfermidade ou como entidades clínicas in-                       tas, com comprometimento visceral, com intensidade e
dividualizadas. A transição da forma fixa (LED) para a                         evolução variáveis (aguda, subaguda ou crônica) e, es-
forma sistêmica não ocorre (MARTEN e BLACK-                                    poradicamente, até fatal, o LED é dermatose relativa-
BURN, 1961) ou é muito pouco freqüente, aparecendo                             mente benigna, principalmente por inexistirem manifes-
em percentis oscilantes entre menos de 5% (SAMPAIO                             tações sistêmicas, o que lhe confere, habitualmente, bom
et aI., 1982) à, no máximo, 6,5% de conversões (MI-                            prognóstico e o entendimento de que se constitua em va-
LLARD e ROWELL, 1979). Em medicina veterinária                                 riante benigna da enfermidade lúpica, tanto em medicina
não se tem evidenciado a conversão da forma fixa para a                        humana como na medicina veterinária.


                                                                                                                                        29
LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capilal de São Paulo! Discoitl Iuplls erytliematosl/s:
general rev;ew anti a ser;es of cases of a speciolizetl serv;ce in the city of São POLllo, fim:.;I! Rev. educo contin. CRMV~SI) I Cofltiw/Ous Etlucatioll loumol CRMV~SP,
São Paulo, volume 3, fascículo I, p. 029 - 036, 2000.



        Tabela J - Freqüências das manifestações clínicas do LES em cães e no homem.                   Também, na etiopatogenia do
                                                                                              LES canino, aventou-se o papel desem-
    Manifestação                                              Cão         Homem               penhado por retrovírus, pelos vírus
    Febre                                                     100          55-86
                                                                                              vacinais da cinomose, da hepatite, da
    Poliartrite
                                                                                              para-influenza e do parvovírus; em
                                                              90,6         89-100
    Nefropatia
                                                                                              cães e camundongos, pelos hormôni-
                                                              65.3         40-60
    Dermatopatia
                                                                                              os estrogênicos com incidência maior
                                                               60          25-70
    Linfoade/esplenomegalia                                   49.3         20-67
                                                                                              em fêmeas e uma aparente proteção
   Anemia hemolítica                                          13.3
                                                                                              conferida pelos andrógenos e pelas
                                                                            12.4
   Trombocitopenia                                                                            drogas antiestrogênicas utilizadas em
                                                                4           8-50
    Miosites                                                    8            -
                                                                                              modelos experimentais com murinos,
    Pleuropericardite                                                                         por fatores ambientais (alimentos e
                                                                8          25-56
   Neuropatias                                                 1.6
                                                                                              radiação actínica) e por drogas, no
                                                                             40
   Polineurites                                                1.3
                                                                                              homem (procainamída, hidralazina, iso-
                                                                           2.5-20
                                                                                              niazida, penicilamina, anticonvulsivan-
Fonte: CHABANNE et ai., (1999).
                                                                                              tes e anticonceptivos) e, nos outros
        A etiopatogenia é, ainda, basicamente desconhe-              animais, por imunógenos.
cida na medicina, seja humana, seja veterinária. Difere,                     De todo esse mecanismo multi fatorial, descrito
em termos gerais, de uma aparente etiologia multifatori-             para o LES, apenas a radiação ultravioleta é considerada
ai, relatada nos animais e no homem, acometidos pelo                 como um fator desencadeante ou perpetuante do LED
LES.                                                                 em cães, em eqüinos e no próprio homem (SAMPAIO el
        No LES considera-se haver uma origem genética,               ai., 1982; OLIVRY, 1996; SCOTT et ai., 1996). Cerca
predispondo tanto pacientes humanos como caninos a                   de 50% de cães com LED manifestam agravamento do
desenvolver esta modalidade. De fato, existe determina-              quadro frente à exposição solar cotidiana (SCOTT et ai.,
do percentil de incidência da doença e de anomalias so-              1996).
rológicas em ascendentes de famílias de pacientes, hu-                       No LE canino, a patogenia das lesões de pele é ain-
manos e caninos, com LES. Segundo PROENÇA el ai.,                    da incerta. Têm-se como características da apresentação
(1989), na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa               das lesões tegumentares: a fotossensibilidade (tanto ao UVA
de Misericórdia de São Paulo (FCMSCM), no período de                 como ao UVB), a lesão de ceratinócitos (associados a lin-
1982-1988, pôde-se identificar 4% de pacientes acometi-              fócitos T e a macrófagos), a infiltração linfocitária (no ho-
dos por LES, que possuíam uma história familiar do qua-              mem há predomínio de plasmócitos, todavia, consideram-
dro clínico. Em veterinária, em linhagens de cães Berger             se os linfócitos b como importantes), a produção de auto-
Alemães, considera-se que a presença de haptotipos (an-              anticorpos e a deposição de imunocomplexos.
tígeno DLA-77) teriam um valor preditivo da enfermida-                       Na Figura I, dispõe-se, de forma esquemática, o
de (OLIVRY, 1996).                                                   suposto mecanismo etiopatogênico responsável pelo de-



                    --
                                                                                                             sencadeamento dos
   Luz solar
   (UVAlB)
                                                     --                                --
                                                                                      Citotoxicidade
                                                                                    AC - dependente
                                                                                                             quadros de LED, qual
                                                                                                             seja: a indução, pela ra-
                                                                                                             diação ultravioleta
                                                                                                             (UVA e UVB), da ex-

                                         express(io alllo-anligênica                                             1
                                                                                                             pressão de auto-antíge-
                                                                                                             nos (citoplasmáticos e
                                   OUEJI..~TJ.·OClTO DA ,JEUBR.·jA~            Atratantes (lL I)           nucleares), na superfície
                                   -              8.·1.5:-/ L                    I inroci l:írios            da membrana celular
                                                                                                             dos ceratinóticos. Sub-
                                                                                                                  1
                                                                                                             seqüentemente, há a

              ANA
               atividade linfoc. B
               IgM
                                           -   Citotoxicidade (TNFa.
                                               [L 3.6.8)


Figura 1: Esquema da etiopatogenia do LED canino
                                                                                          -
                                                                                          !nfi 11 r3do
                                                                                     linfo- histiocitário
                                                                                                             produção de auto-anti-
                                                                                                             corpos que se ligam aos
                                                                                                             antígenos superficiais
                                                                                                             dos ceratinócitos, ao ní-
                                                                                                             vel da membrana basal,


30
LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revi ão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Discoid lupus el}'lhemoIOSlls:
general review and a series of cases of a speciali~ed service in lhe city of São Paulo, Brazill Rev. educo contin. CRMV-SP I Cominuous Educalion }oumal CRMV-SP,
São Paulo, volume 3, fascículo I, p. 029 - 036, 2000.



de encadeando fenômeno citotóxicos.                  Tabela 2 - Dados comparativo da apresentação de LED em cães,
                                                       segundo a definição racial (%), em São Paulo e ova Iorque.
Os ceratinócitos lesados liberam inter-
leucinas (IL I , IL3 , IL6, IL S)' fatores                                                      Brasil              EUA
alfa de necro e tumoral, estimulado-                                                         (São Paulo)       (Nova Iorque)
res e ativadores de granulócitos, mo-
                                           Akita                                                 43,7                -
nócitos e macrófago . A essa altera-
                                           Pastor Alemão                                         18,7             18,8 (7,6)
çõe se as ociam, nos ca os de LES
                                           Pinscher                                              12,5                -
com manifestações cutâneas (50% e
                                           Collie                                                 -               37,5 (4,5)
33% dos casos de LES, em cães e ga-
                                           Pastor de Shetland                                     -               12,5 (1,0)
tos respectivamente, segundo KIMM
                                           Husky Siberiano                                        -               12,5 (1,3)
e NOXON, 1985) e elevação da pro-
dução de imunoglobulinas, da ativida-      ( ) - % de demanda relativa à raça na população do Hospital do New
de de linfócitos b e dos níveis de anti-   York State College of Veterinary Medicine (EUA).
corpos anti-nucleares (ANA).
       No que tange ao LE, mormente Fonte: SCOTT et ai., (1987), LARSSON (1998).
na variedade sistêmica, sugere-se o
envolvimento de um mecanismo de hipersensibilidade do          Medicine, cerca de 0,3% de todas as dermatoses. O LES,
tipo m, ou eja, deposição de imunocomplexos.                   por sua vez, teria um percentual de ocorrência de 0,03%
                                                               (SCOTT et al., 1983a, 1987) (Tabela 2).
          Caracterização epidemiológica                               Em São Paulo, no Serviço de Dermatologia da
                   comparada ao lED                            Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Uni-
                                                               versidade de São Paulo (LARSSON et ai., 1998), no
       No LES humano, a ocorrência, em termos de               período de 1986-1998, dentre os 68 casos de dermato es
predisposição sexual, é na proporção de 8 mulheres: 1          auto-imunes diagno ticados, 35 eram de doença lúpica
homem, segundo SAMPAIO et al., (1982) e de 3 mu-               (51,5%), sendo 31 (45,5%) da modalidade fixa (Figura
lheres: 1 homem, segundo PROENÇA et al., (1989).               2). No Rio de Janeiro, por sua vez, no período de 1993-
       O LED acomete pacientes em média de idade                1997, no Serviço de Dermatologia da Universidade Fe-
de 36,8 anos (PROENÇA et al., 1989) sendo muito                deral Rural do Rio de Janeiro, diagnosticaram-se 28 ca-
mais freqüente em pacientes brancos (68%) relati-              sos de dermatoses auto-imunes, sendo 17 casos de LE
vamente aos pardos, negros ou amarelos. Em São                 (60,7%). Destes, apenas dois (7%) eram de LED; os
Paulo, na FCMSCM, no período de 6 anos (1982-                  demais 15 (53,5%), eram da forma si têmica (RAMA-
1988), atendia-se um caso de LED a cada 361 novas              DINHA et aI., 1993).
consultas.
       O LED foi descrito em caninos
na década de 70 (ROSEKRANTZ,                                               LED - 31 (88,5%)
 1993), nos eqüinos e em felinos (WI-
LLIAMS et al., 1989; GUAGUERE e
MAGNOL, 1989) na década de 80. No
Bra il, a primeira citação de LED em
cão data de 1985 (LARSSO et al.,
1985). Inexistem relato de ocorrênci-
as, no país, do LED em outros espéci-
mens de animais, domésticos ou selva-
gens.
       O LED é considerado, nos E ta-
dos Unido, como a segunda dermatose
auto-imune dentre os cães, ficando
aquém apenas do casos de pênfigo fo-                            LES - 4 (11,5'%)
liáceo. A modalidade fixa do LE canino
representa, no Hospital Veterinário do Figura 2: Prevalência do lúpus eritemato o em caninos. Serviço de Dermatologia da FMVZI
New York State College of Veterinary USP, 1986-1998


                                                                                                                                                               31
LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Discoid /upus el)'thelllatosus:
general revielV and a series of cases of a specialized service in lhe city of São Pau/o, Brazi/I Rev. educo contin. CRMV-SP I Contil1uous Education Jouma/ CRMV-SP,
São Paulo, volume 3, fa cículo I, p. 029 - 036, 2000.




                                                                                     sob a forma de máculas alopécicas, eritematosas, desca-
                                                                                     mativas, crostosas, com evolução para discrornia tegumen-
 CRD* - 20 (570/0)                                                                   tar e pilar (1eucoderrnia e leucotriquia) (SCOTT, 1988).

                                                                                              •      Felinos
                                                                                            Também, apresentam lesões (alopecia, eritema,
                                                                                     escamas e crostas), predominantemente, faciais e auri-
                                                                                     culares, com igual tendência àquela dos eqüinos, para a
                                                                                     despigmentação tegumentar nasal (KIMM e NOXON,
                                                                                     1985).

                                                                                              •      Caninos
Figura 3: Prevalência de LED em cães, segundo a definição racial e                          Inicia-se o quadro pela discromia progressiva do
raça. Serviço de Dermatologia da FMVZlUSP, 1986-1998                                 plano nasal (de negro transforma-se numa coloração
                                                                                     acinzentada ou azul escura) com concomitante subs-
                                                                                     tancial modificação na arquitetura desta região (de as-
                                                                                     pecto losângico e áspero, dito em "calçamento de pe-
                                                                                     dra", torna-se liso), aspecto este que auxilia na diferen-
                                                                                     ciação di agnóstica com o vitiligo, uma vez que super-
                                                                                     põem-se eritema e descamação nasal. Em fases tardi-
                                                                                     as, surgem lesões erodo-ulcerativas e crostosas. A der-
                                                                                     matite nasal, vista em 95,4% dos casos, com certa fre-
                                                                                     qüência tem o aspecto típico em "asa de borboleta" ou
                                                   Fêmea -                           em "vespertílio", tal como o evidenciado em pacientes
                                                   37%                               humanos. Estas lesões nasais são vistas, inicialmente,
                                                                                     na porção dorsal, na junção muco-cutânea ou ao longo
Figura 4: Prevalência de LED em cães, segundo o sexo. Serviço de                     das porções ventral ou mediaI, das dobras alares, ten-
Dermatologia da FMVZlUSP, 1986-1998                                                  dendo a evoluir para toda região nasal incluindo a ponte
                                                                                     (Figuras 5 a 9).
        Aparentemente, nos cães acometidos pelo LED,                                        Menos freqüentemente se têm lesões auriculares
em São Paulo (Figuras 3 e 4), inexiste predisposi-                                   (25%), perioculares (19%), labiais (12,5%), palatinas
ção relativa à definição racial (57,0% em animais                                    (12,5%), distais dos membros (12,5%), sob a forma de
com raça definida, sendo, todavia, mais freqüente em                                 pododermatite generalizada (OLIVRY, 1996), e na ge-
animais entre o segundo e quinto ano de vida (68%)                                   nitália. Por vezes, há lesões estritamente nasodigitais
e, curiosamente, dentre os machos (63%). SCOTT                                       (6,2%) ou auriculares (SCOTT et ai., 1983).
et aI., (1996), nos EUA, e CARLOTTI (1989), na                                              A dor e o prurido são de intensidade variável, no
França, afirmaram inexistir predisposição sexual ou                                  geral de pouca importância (OLIVRY, 1996). O prurido
etária.                                                                              relatado por 10,5% daqueles pacientes humanos (PRO-
        No que tange aos animais de raça definida (Figu-                             ENÇA et aI., 1989), é de intensidade variável, e igual,
ra 3), aqueles mais acometidos no Brasil (São Paulo) são                             segundo o decurso evolutivo, nos animais acometidos.
Akita (43,7%), Pastor Alemão (18,7%) e Pinscher                                             A tendência evolutiva é a formação de cicatrizes
(12,5%). Nos EUA (SCOTT et aI., 1996) são Col1ies                                    e de leucodermia, de intensidade variável. Quando ocor-
(37,5%), Pastor Alemão (18,8%), Pastor de Shetland                                   re agravamento lesional nasal, com formação de úlce-
(12,5%), Husky Siberiano (12,5%).                                                    ras atingindo arteríolas, embora raro, pode ocorrer qua-
                                                                                     dro hemorrágico agudo.
            Quadros sintomáticos e lesionais
                                                                                                                  Diagnóstico
      •     Eqüinos
      Topograficamente, as lesões instalam-se nas re-                                      Baseia-se, para sua elaboração, nos dados anam-
giões cefálica (face e pavilhões auriculares) e cervical,                            nésicos, nos achados do exame físico e nos resultados da


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LARSSON. C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Disco;d Iup/ls e')',hematos/ls:
general rev;ew a"d a series of cases of a specialized senl;ce in ,he ci'y of São Paulo. Bra:.ill Rev. educo conLin. CRMV-SI) I COI/I;WlOlIS Educm;ofl JOltma/ CRMV-SP.
São Paulo. volume 3. fascfculo I. p. 029 - 036. 2000.




     Figura 5: Weimaraner eom LED - plano nasal discrômico,                           Figura 8: SRD -lesão facial, em vespertOio, alopécica, ccratóti-
     com pcrda do solcamento típico. Lesões, vesligiais, dccor-                       ca e erosada. Erosão no espel ho nasal. Mimetiza aquelas de pen-
     rentes da biópsia com "punch" de Keyc (CEU93).                                   figo erilemaloso, dermatite actíniea ou demodicidose. (CEU97).




     Figura 6: Pastor Alcmão com LED - coxins plantarcs ccra-                         Figura 9: Poodle com LED - pavilhão auricular (face medi-
     lóticos mimetizando lesões vestigiais de cinomose ou aque-                       ai) com notável erilema, áreas erosadas, exsudativas e com
     las do pênfigo foliáceo (CEU97).                                                 deposição de malerial melicérico (CEU95).


                                                                                             Os resultados de determinação do quadro hemáti-
                                                                                      co, do exame de urina e da bioquímica sérica (eletrofore-
                                                                                      se de proteínas séricas) são irrelevantes para efeito de
                                                                                      estabelecimento do diagnóstico. A pesquisa da eventu-
                                                                                      al presença de células LE é quase sempre negativa. Os
                                                                                      testes sorológicos, em busca de anticorpos antinuclea-
                                                                                      res, raramente mostram resultados positivos e, quando
                                                                                      o são, segundo SCOTT el aI., (1983, 1983a), em seis
                                                                                      porcento dos casos, os títulos são muito baixos. Segun-
                                                                                      do WHITE el aI., (1992), em apenas 9,4% dos cães,
    Figura 7: SRD - Icsão geográfica periocular, alopécica, ce-                       com LED respectivamente, vê-se a presença de antí-
    ratótica, croslosa, erosada, com eritema dc base, mimctizan-
    do quadros de demodicidose, hipovitaminose H ou síndro-                           genos nucleares extraíveis e de antígeno protéico ribo-
    me úveo-dermalológico. (CEU95).                                                   nuclear.
                                                                                             Já o exame histopatológico de pele biopsiada pro-
                                                                                      picia elementos fundamentais para a conclusão diagnós-
histopatologia da pele. Habitualmente, não se interpõem                               tica. Observam-se, habitualmente, dermatite de interfa-
maiores dificuldades para estabelecê-lo, contrariamen-                                ce (dos tipos liquenóides, hidrópica ou de ambas), mar-
te ao que é habitual nos casos de LES que, segundo                                    cante degeneração hidrópica (81 %), presença (94%) de
SCOTT el ai., (1996), é um dos maiores desafios ao                                    ceratinócitos apoptóticos (células basais degeneradas,
clínico, face à pletora de manifestações em distintos                                 arredondadas, eosinofílicas, bem individualizadas - "cor-
órgãos ou sistemas.                                                                   pos colóides" ou de "civatte"), incontinência pigmentar


                                                                                                                                                                  33
LARSSON. C. E.: OTSUKA. M. Lúpus eritemalOSO discóide - LED: revisão e casuíslica em serviço especializado da Capital de São Paulo! Discoid lI/pus et)'fhematoSlls:
general revielV (111(1 o series Df coses Df li specillli:ed sen1ice ill fhe cit)' Df Seio POlllo. Bra:ill Rev. educo contin. CRMV-SIJ I Cmui1luolls Educmioll lOl/mal CRMV·5P.
São Paulo. volume 3. fascículo I. p. 029 ~ 036, 2000.



(87,5%), infiltrado de células mononucleares e de plas-                                                                      Terapia
mócitos (perivasculares e peri-apendiculares), depósi-
to dérmico exagerado de mucopolissacarídeos (ácido                                               Face ao curso, habitualmente, benigno do qua-
hialurônico) (SCOTT et 01., 1983, 1983a, 1996; OLJ-                                       dro de lúpus fixo, os protocolos de terapia, a escolher,
VRY, 1996).                                                                               não causam grandes dúvidas ao clínico. Embasam-se
       Na imunopatologia, através da imunofluorescên-                                     na gravidade do quadro e na opção do proprietário.
cia direta (IFD) evidenciam-se deposição de imuno-                                        Recomenda-se, sempre, a educação e orientação dos
globulinas (IgA - 70%; IgG - 40%; IgM - 40%) e/ou                                         proprietários, para que se evite a exposição solar, e
de complemento (C 3 - 90%) ao longo da membrana                                           que se use fotoprotetores (FP 15). Geralmente, recor-
basal, de aspectos linear a granuloso, regular ou irre-                                   re-se à corticoideterapia tópica e à vitaminoterapia
gular. Há que se ter extremo cuidado ao se interpre-                                      (vitamina E). Nos casos refratários a estas medidas,
tar a positividade quanto à presença de IgM ao longo                                      aí sim, utilizam-se dos corticosteróides sistêmicos (RO-
da membrana nasal dos coxin e focinho de cães e                                           SEKRANTZ, 1993) ou de combinações vitamino-an-
gatos, já que este achado é habitual (SCOTT et 01.,                                       tibióticas, "per-os".
1982, 1983, 1983a, 1996; GROSS el 01., 1992; OLl-                                                À terapia com vitamina E (DL - acetato de alfa
VRY, 1996). Deve-se colher fragmentos de pele, para                                       tocoferol, na dose de 400-800 UI por animal, a cada
a IFD, de áreas despigmentadas, eritematosas e não                                        doze horas, duas horas antes ou após o repasto), habi-
ulceradas, recorrendo-se, quando possível, ao fixador                                     tualmente se associa a corticoideterapia.
de Michel, que preserva as deposições por longo pe-                                              Terapia tópica, com especialidades farmacêuti-
ríodo. Portanto, o chamado teste de banda lúpica é                                        cas, à base de corticóides f1uorados, duas vezes ao dia
positivo na quase totalidade dos animais com LED,                                         (durante 10-14 dias) e, após a remissão do quadro agu-
tendo sido detectado, também, na parede de vasos                                          do, aumentando-se o intervalo posológico (para cada
dérmicos (10% dos casos) tal como no homem                                                48 ou 72 horas) ou passando para aqueles menos po-
(HALLlWELL, 1981; SCOTT et 01., 1983, 1983a;                                              tentes (hidrocortizona a 0,5-2,5%).
ROSEKRA TZ, 1993.).                                                                              A associação tetraciclina e niacinamida (ni-
       Os resultados dos testes de imunof1uorescência                                     cotinamida) é uma alternativa de terapia bastante
indireta (IFI) são sempre negativos. Como alternativa                                     utilizada (WHITE, el 01., 1990) com eficácia, no
à IFD, para a detecção de imunoreatores, tem-se o                                         LED, de 14% ( bons resultados) e 65% (resultados
teste da imunoperoxidase (IP) que apresenta, como                                         excelentes). Destarte, alguns autores como RO-
vantagem, a possibilidade de empregar fragmentos de                                       SEKRANTZ (1993) somente obtiveram respostas,
tegumento fixados e já preparados. Ainda mais, não                                        de qualquer magnitude, em apenas 25% dos casos.
necessita do custoso equipamento de IF. Todavia, a                                        A dose recomendada é de 250 mg, de cada uma
grande desvantagem da IP decorre do grande número                                         das drogas, para cães com menos de 10 quilogra-
de resultados falso-positivos (MOORE el 01., 1987).                                       mas e o dobro desta para aqueles com mais de 10
       Considera-se, entretanto, que os testes imuno-                                     quilogramas de peso, a cada 8 horas, "per-os".
patológicos são desnecessários para a elaboração do                                       Como efeitos colaterais observam-se, raramente,
diagnóstico conclusivo e devem, portanto, ficar num                                       vômitos, diarréia e anorexia. Nestes casos, deve-se
segundo plano, frente à corriqueira histopatologia, sen-                                  retirar a niacinamida do protocolo.
do, então, nada mais que uma mera complementação.                                                Na corticoideterapia oral, emprega-se a predni-
                                                                                          sona (I mg/kg, VO, cada 12 horas, durante cerca de 2
                     Diagnóstico diferencial                                              semanas) passando, quando da melhora, para o es-
                                                                                          quema de dias alternados. Em alguns casos somente
         Com dermatoses, mormente aquelas com sede no                                     se necessitam de corticóides sistêmicos ao menos nos
plano e espelho nasal:                                                                    meses estivais.
         LES, complexo pênfigo (foliáceo ou eritematoso),                                        Raramente se emprega a azatioprina combina-
farmacodermias (eritema polimorfo), micose fungóide,                                      da aos corticóides (usam-se 1-1,5 mg/kg a cada 24
síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada "simile", dermatite                                      horas/VO e, com a melhora, a cada 48-72 horas).
de contacto, carcinoma espinocelular, "collie-nose", der-                                 Monitorar o número de plaquetas e hemácias, a cada
matomiosite familiar canina, demodiciose, dermatofitose,                                  2 semanas, durante os primeiros 3 ou 4 meses e, a
piodermites, dermatoses actÍnicas, ceratose naso-digital                                  seguir, a cada um ou dois meses. É, ainda, recomen-
e vitiligo.                                                                               dável a determinação, também, da função hepática.


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LARSSON, C. E.: OTSUKA. M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I DiscoM Iuplls el)'themalOslIs:
general review alld a series of cases of o speáali:.ed senlice ill lhe city of São Paulo. Brazill Rev. educo contin. CRMV-SP I Comillllolls Educotioll lOtlmof CRMV-5P.
São Paulo, volume 3, fascículo J. p. 029 - 036, 2000.




                                                                    SUMMARY
           As a result of its occurrence in the dermatology service ofthe Veterinary Hospital ofthe Universida-
           de de São Paulo, the main aspects related to etiopathogeny, epidemiology, symptoms and lesions (both
           in domestics carnivores and herbivores), diagnosis and treatment protocol of discoid lúpus erythema-
           tosus are reviewed in this study. Brazilian and American data are presented and discussed in relation
           to the occurrence of other auto-immune diseases according to variables such as race definition, sex
           and age of domestics carnivores, which are compared to those reported in humans.

           Key words: Cutaneous lupus erythematosus, Collie nose, immunemediated dermatosis of dogs.




                                       REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • 1. ReI'. educo contül. CRMV·SP / COlllillUOIM Educa/iOfl JourTllIl CRMV·SP, São Palllo. lIo/ume 3. fascículo /, p. 029 - 036, 2000. emat di cóide - LED: . m ser lÇO CID ulstlca • ~ zad da d ã Pa I Discoid lupus erythematosus: * Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - USP General review and a series ofcases Departamento de Clínica Médica Serviço de Dermatologia Av. Prot. Dr. Orlando Marques de ofa specialized service in the cily Paiva,87 Cidade Universitária ofSão Paulo, Brazil São Paulo - SP e-mail: borges@usp.br *CarlosEduardolarsson1-CRMV-SPn° 1037 MaryOtsukal - CRMV-SP n° 8503 I Professor Titular do Departamento de Clínica Médica - FMVZ - USP 1 Médica VeterináJia do Serviço de Dermatologia do Hospital Veterinário - FMVZ - USP RESUMO Em função de sua grande ocorrência em serviço especializado de dermatologia, vinculado ao Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo, revisam-se os principais aspectos do lúpus eritematoso discóide, no que se refere às suas etiopatogenia, epidemiologia, aos aspectos sintomáticos e lesionais (em carnívoros e herbívoros domésticos), diagnóstico e protocolo de terapia. Enfocam-se dados bra- sileiros (paulistas e cariocas) e norte-americanos, relativos à magnitude de ocorrência frente às de- mais doenças auto-imunes diagnosticadas, segundo as variáveis: definição racial, sexual e idade de carnívoros domésticos, comparando-os àqueles evidenciados em pacientes humanos. Palavras chave: LE cutâneo, LE discóide, LE fixo, "Collie nose", lúpus eritematoso. Etiopatogenia sistêmica, nos cães e, tampouco, nos eqüinos acometidos (SCOTT, 1988; SCOTT et aI., 1996). o homem, o lúpus eritematoso discóide (LED) e o Contrariamente ao que está bem caracterizado nos lúpus eritematoso sistêmico (LES) podem ser con- quadros de LES (Tabela I), que cursam com lesões cu- siderados como formas clínicas polares de uma tâneas, por vezes múltiplas, mormente em áreas expos- mesma enfermidade ou como entidades clínicas in- tas, com comprometimento visceral, com intensidade e dividualizadas. A transição da forma fixa (LED) para a evolução variáveis (aguda, subaguda ou crônica) e, es- forma sistêmica não ocorre (MARTEN e BLACK- poradicamente, até fatal, o LED é dermatose relativa- BURN, 1961) ou é muito pouco freqüente, aparecendo mente benigna, principalmente por inexistirem manifes- em percentis oscilantes entre menos de 5% (SAMPAIO tações sistêmicas, o que lhe confere, habitualmente, bom et aI., 1982) à, no máximo, 6,5% de conversões (MI- prognóstico e o entendimento de que se constitua em va- LLARD e ROWELL, 1979). Em medicina veterinária riante benigna da enfermidade lúpica, tanto em medicina não se tem evidenciado a conversão da forma fixa para a humana como na medicina veterinária. 29
  • 2. LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capilal de São Paulo! Discoitl Iuplls erytliematosl/s: general rev;ew anti a ser;es of cases of a speciolizetl serv;ce in the city of São POLllo, fim:.;I! Rev. educo contin. CRMV~SI) I Cofltiw/Ous Etlucatioll loumol CRMV~SP, São Paulo, volume 3, fascículo I, p. 029 - 036, 2000. Tabela J - Freqüências das manifestações clínicas do LES em cães e no homem. Também, na etiopatogenia do LES canino, aventou-se o papel desem- Manifestação Cão Homem penhado por retrovírus, pelos vírus Febre 100 55-86 vacinais da cinomose, da hepatite, da Poliartrite para-influenza e do parvovírus; em 90,6 89-100 Nefropatia cães e camundongos, pelos hormôni- 65.3 40-60 Dermatopatia os estrogênicos com incidência maior 60 25-70 Linfoade/esplenomegalia 49.3 20-67 em fêmeas e uma aparente proteção Anemia hemolítica 13.3 conferida pelos andrógenos e pelas 12.4 Trombocitopenia drogas antiestrogênicas utilizadas em 4 8-50 Miosites 8 - modelos experimentais com murinos, Pleuropericardite por fatores ambientais (alimentos e 8 25-56 Neuropatias 1.6 radiação actínica) e por drogas, no 40 Polineurites 1.3 homem (procainamída, hidralazina, iso- 2.5-20 niazida, penicilamina, anticonvulsivan- Fonte: CHABANNE et ai., (1999). tes e anticonceptivos) e, nos outros A etiopatogenia é, ainda, basicamente desconhe- animais, por imunógenos. cida na medicina, seja humana, seja veterinária. Difere, De todo esse mecanismo multi fatorial, descrito em termos gerais, de uma aparente etiologia multifatori- para o LES, apenas a radiação ultravioleta é considerada ai, relatada nos animais e no homem, acometidos pelo como um fator desencadeante ou perpetuante do LED LES. em cães, em eqüinos e no próprio homem (SAMPAIO el No LES considera-se haver uma origem genética, ai., 1982; OLIVRY, 1996; SCOTT et ai., 1996). Cerca predispondo tanto pacientes humanos como caninos a de 50% de cães com LED manifestam agravamento do desenvolver esta modalidade. De fato, existe determina- quadro frente à exposição solar cotidiana (SCOTT et ai., do percentil de incidência da doença e de anomalias so- 1996). rológicas em ascendentes de famílias de pacientes, hu- No LE canino, a patogenia das lesões de pele é ain- manos e caninos, com LES. Segundo PROENÇA el ai., da incerta. Têm-se como características da apresentação (1989), na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa das lesões tegumentares: a fotossensibilidade (tanto ao UVA de Misericórdia de São Paulo (FCMSCM), no período de como ao UVB), a lesão de ceratinócitos (associados a lin- 1982-1988, pôde-se identificar 4% de pacientes acometi- fócitos T e a macrófagos), a infiltração linfocitária (no ho- dos por LES, que possuíam uma história familiar do qua- mem há predomínio de plasmócitos, todavia, consideram- dro clínico. Em veterinária, em linhagens de cães Berger se os linfócitos b como importantes), a produção de auto- Alemães, considera-se que a presença de haptotipos (an- anticorpos e a deposição de imunocomplexos. tígeno DLA-77) teriam um valor preditivo da enfermida- Na Figura I, dispõe-se, de forma esquemática, o de (OLIVRY, 1996). suposto mecanismo etiopatogênico responsável pelo de- -- sencadeamento dos Luz solar (UVAlB) -- -- Citotoxicidade AC - dependente quadros de LED, qual seja: a indução, pela ra- diação ultravioleta (UVA e UVB), da ex- express(io alllo-anligênica 1 pressão de auto-antíge- nos (citoplasmáticos e OUEJI..~TJ.·OClTO DA ,JEUBR.·jA~ Atratantes (lL I) nucleares), na superfície - 8.·1.5:-/ L I inroci l:írios da membrana celular dos ceratinóticos. Sub- 1 seqüentemente, há a ANA atividade linfoc. B IgM - Citotoxicidade (TNFa. [L 3.6.8) Figura 1: Esquema da etiopatogenia do LED canino - !nfi 11 r3do linfo- histiocitário produção de auto-anti- corpos que se ligam aos antígenos superficiais dos ceratinócitos, ao ní- vel da membrana basal, 30
  • 3. LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revi ão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Discoid lupus el}'lhemoIOSlls: general review and a series of cases of a speciali~ed service in lhe city of São Paulo, Brazill Rev. educo contin. CRMV-SP I Cominuous Educalion }oumal CRMV-SP, São Paulo, volume 3, fascículo I, p. 029 - 036, 2000. de encadeando fenômeno citotóxicos. Tabela 2 - Dados comparativo da apresentação de LED em cães, segundo a definição racial (%), em São Paulo e ova Iorque. Os ceratinócitos lesados liberam inter- leucinas (IL I , IL3 , IL6, IL S)' fatores Brasil EUA alfa de necro e tumoral, estimulado- (São Paulo) (Nova Iorque) res e ativadores de granulócitos, mo- Akita 43,7 - nócitos e macrófago . A essa altera- Pastor Alemão 18,7 18,8 (7,6) çõe se as ociam, nos ca os de LES Pinscher 12,5 - com manifestações cutâneas (50% e Collie - 37,5 (4,5) 33% dos casos de LES, em cães e ga- Pastor de Shetland - 12,5 (1,0) tos respectivamente, segundo KIMM Husky Siberiano - 12,5 (1,3) e NOXON, 1985) e elevação da pro- dução de imunoglobulinas, da ativida- ( ) - % de demanda relativa à raça na população do Hospital do New de de linfócitos b e dos níveis de anti- York State College of Veterinary Medicine (EUA). corpos anti-nucleares (ANA). No que tange ao LE, mormente Fonte: SCOTT et ai., (1987), LARSSON (1998). na variedade sistêmica, sugere-se o envolvimento de um mecanismo de hipersensibilidade do Medicine, cerca de 0,3% de todas as dermatoses. O LES, tipo m, ou eja, deposição de imunocomplexos. por sua vez, teria um percentual de ocorrência de 0,03% (SCOTT et al., 1983a, 1987) (Tabela 2). Caracterização epidemiológica Em São Paulo, no Serviço de Dermatologia da comparada ao lED Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Uni- versidade de São Paulo (LARSSON et ai., 1998), no No LES humano, a ocorrência, em termos de período de 1986-1998, dentre os 68 casos de dermato es predisposição sexual, é na proporção de 8 mulheres: 1 auto-imunes diagno ticados, 35 eram de doença lúpica homem, segundo SAMPAIO et al., (1982) e de 3 mu- (51,5%), sendo 31 (45,5%) da modalidade fixa (Figura lheres: 1 homem, segundo PROENÇA et al., (1989). 2). No Rio de Janeiro, por sua vez, no período de 1993- O LED acomete pacientes em média de idade 1997, no Serviço de Dermatologia da Universidade Fe- de 36,8 anos (PROENÇA et al., 1989) sendo muito deral Rural do Rio de Janeiro, diagnosticaram-se 28 ca- mais freqüente em pacientes brancos (68%) relati- sos de dermatoses auto-imunes, sendo 17 casos de LE vamente aos pardos, negros ou amarelos. Em São (60,7%). Destes, apenas dois (7%) eram de LED; os Paulo, na FCMSCM, no período de 6 anos (1982- demais 15 (53,5%), eram da forma si têmica (RAMA- 1988), atendia-se um caso de LED a cada 361 novas DINHA et aI., 1993). consultas. O LED foi descrito em caninos na década de 70 (ROSEKRANTZ, LED - 31 (88,5%) 1993), nos eqüinos e em felinos (WI- LLIAMS et al., 1989; GUAGUERE e MAGNOL, 1989) na década de 80. No Bra il, a primeira citação de LED em cão data de 1985 (LARSSO et al., 1985). Inexistem relato de ocorrênci- as, no país, do LED em outros espéci- mens de animais, domésticos ou selva- gens. O LED é considerado, nos E ta- dos Unido, como a segunda dermatose auto-imune dentre os cães, ficando aquém apenas do casos de pênfigo fo- LES - 4 (11,5'%) liáceo. A modalidade fixa do LE canino representa, no Hospital Veterinário do Figura 2: Prevalência do lúpus eritemato o em caninos. Serviço de Dermatologia da FMVZI New York State College of Veterinary USP, 1986-1998 31
  • 4. LARSSON, C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Discoid /upus el)'thelllatosus: general revielV and a series of cases of a specialized service in lhe city of São Pau/o, Brazi/I Rev. educo contin. CRMV-SP I Contil1uous Education Jouma/ CRMV-SP, São Paulo, volume 3, fa cículo I, p. 029 - 036, 2000. sob a forma de máculas alopécicas, eritematosas, desca- mativas, crostosas, com evolução para discrornia tegumen- CRD* - 20 (570/0) tar e pilar (1eucoderrnia e leucotriquia) (SCOTT, 1988). • Felinos Também, apresentam lesões (alopecia, eritema, escamas e crostas), predominantemente, faciais e auri- culares, com igual tendência àquela dos eqüinos, para a despigmentação tegumentar nasal (KIMM e NOXON, 1985). • Caninos Figura 3: Prevalência de LED em cães, segundo a definição racial e Inicia-se o quadro pela discromia progressiva do raça. Serviço de Dermatologia da FMVZlUSP, 1986-1998 plano nasal (de negro transforma-se numa coloração acinzentada ou azul escura) com concomitante subs- tancial modificação na arquitetura desta região (de as- pecto losângico e áspero, dito em "calçamento de pe- dra", torna-se liso), aspecto este que auxilia na diferen- ciação di agnóstica com o vitiligo, uma vez que super- põem-se eritema e descamação nasal. Em fases tardi- as, surgem lesões erodo-ulcerativas e crostosas. A der- matite nasal, vista em 95,4% dos casos, com certa fre- qüência tem o aspecto típico em "asa de borboleta" ou Fêmea - em "vespertílio", tal como o evidenciado em pacientes 37% humanos. Estas lesões nasais são vistas, inicialmente, na porção dorsal, na junção muco-cutânea ou ao longo Figura 4: Prevalência de LED em cães, segundo o sexo. Serviço de das porções ventral ou mediaI, das dobras alares, ten- Dermatologia da FMVZlUSP, 1986-1998 dendo a evoluir para toda região nasal incluindo a ponte (Figuras 5 a 9). Aparentemente, nos cães acometidos pelo LED, Menos freqüentemente se têm lesões auriculares em São Paulo (Figuras 3 e 4), inexiste predisposi- (25%), perioculares (19%), labiais (12,5%), palatinas ção relativa à definição racial (57,0% em animais (12,5%), distais dos membros (12,5%), sob a forma de com raça definida, sendo, todavia, mais freqüente em pododermatite generalizada (OLIVRY, 1996), e na ge- animais entre o segundo e quinto ano de vida (68%) nitália. Por vezes, há lesões estritamente nasodigitais e, curiosamente, dentre os machos (63%). SCOTT (6,2%) ou auriculares (SCOTT et ai., 1983). et aI., (1996), nos EUA, e CARLOTTI (1989), na A dor e o prurido são de intensidade variável, no França, afirmaram inexistir predisposição sexual ou geral de pouca importância (OLIVRY, 1996). O prurido etária. relatado por 10,5% daqueles pacientes humanos (PRO- No que tange aos animais de raça definida (Figu- ENÇA et aI., 1989), é de intensidade variável, e igual, ra 3), aqueles mais acometidos no Brasil (São Paulo) são segundo o decurso evolutivo, nos animais acometidos. Akita (43,7%), Pastor Alemão (18,7%) e Pinscher A tendência evolutiva é a formação de cicatrizes (12,5%). Nos EUA (SCOTT et aI., 1996) são Col1ies e de leucodermia, de intensidade variável. Quando ocor- (37,5%), Pastor Alemão (18,8%), Pastor de Shetland re agravamento lesional nasal, com formação de úlce- (12,5%), Husky Siberiano (12,5%). ras atingindo arteríolas, embora raro, pode ocorrer qua- dro hemorrágico agudo. Quadros sintomáticos e lesionais Diagnóstico • Eqüinos Topograficamente, as lesões instalam-se nas re- Baseia-se, para sua elaboração, nos dados anam- giões cefálica (face e pavilhões auriculares) e cervical, nésicos, nos achados do exame físico e nos resultados da 32
  • 5. LARSSON. C. E.; OTSUKA, M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I Disco;d Iup/ls e')',hematos/ls: general rev;ew a"d a series of cases of a specialized senl;ce in ,he ci'y of São Paulo. Bra:.ill Rev. educo conLin. CRMV-SI) I COI/I;WlOlIS Educm;ofl JOltma/ CRMV-SP. São Paulo. volume 3. fascfculo I. p. 029 - 036. 2000. Figura 5: Weimaraner eom LED - plano nasal discrômico, Figura 8: SRD -lesão facial, em vespertOio, alopécica, ccratóti- com pcrda do solcamento típico. Lesões, vesligiais, dccor- ca e erosada. Erosão no espel ho nasal. Mimetiza aquelas de pen- rentes da biópsia com "punch" de Keyc (CEU93). figo erilemaloso, dermatite actíniea ou demodicidose. (CEU97). Figura 6: Pastor Alcmão com LED - coxins plantarcs ccra- Figura 9: Poodle com LED - pavilhão auricular (face medi- lóticos mimetizando lesões vestigiais de cinomose ou aque- ai) com notável erilema, áreas erosadas, exsudativas e com las do pênfigo foliáceo (CEU97). deposição de malerial melicérico (CEU95). Os resultados de determinação do quadro hemáti- co, do exame de urina e da bioquímica sérica (eletrofore- se de proteínas séricas) são irrelevantes para efeito de estabelecimento do diagnóstico. A pesquisa da eventu- al presença de células LE é quase sempre negativa. Os testes sorológicos, em busca de anticorpos antinuclea- res, raramente mostram resultados positivos e, quando o são, segundo SCOTT el aI., (1983, 1983a), em seis porcento dos casos, os títulos são muito baixos. Segun- do WHITE el aI., (1992), em apenas 9,4% dos cães, Figura 7: SRD - Icsão geográfica periocular, alopécica, ce- com LED respectivamente, vê-se a presença de antí- ratótica, croslosa, erosada, com eritema dc base, mimctizan- do quadros de demodicidose, hipovitaminose H ou síndro- genos nucleares extraíveis e de antígeno protéico ribo- me úveo-dermalológico. (CEU95). nuclear. Já o exame histopatológico de pele biopsiada pro- picia elementos fundamentais para a conclusão diagnós- histopatologia da pele. Habitualmente, não se interpõem tica. Observam-se, habitualmente, dermatite de interfa- maiores dificuldades para estabelecê-lo, contrariamen- ce (dos tipos liquenóides, hidrópica ou de ambas), mar- te ao que é habitual nos casos de LES que, segundo cante degeneração hidrópica (81 %), presença (94%) de SCOTT el ai., (1996), é um dos maiores desafios ao ceratinócitos apoptóticos (células basais degeneradas, clínico, face à pletora de manifestações em distintos arredondadas, eosinofílicas, bem individualizadas - "cor- órgãos ou sistemas. pos colóides" ou de "civatte"), incontinência pigmentar 33
  • 6. LARSSON. C. E.: OTSUKA. M. Lúpus eritemalOSO discóide - LED: revisão e casuíslica em serviço especializado da Capital de São Paulo! Discoid lI/pus et)'fhematoSlls: general revielV (111(1 o series Df coses Df li specillli:ed sen1ice ill fhe cit)' Df Seio POlllo. Bra:ill Rev. educo contin. CRMV-SIJ I Cmui1luolls Educmioll lOl/mal CRMV·5P. São Paulo. volume 3. fascículo I. p. 029 ~ 036, 2000. (87,5%), infiltrado de células mononucleares e de plas- Terapia mócitos (perivasculares e peri-apendiculares), depósi- to dérmico exagerado de mucopolissacarídeos (ácido Face ao curso, habitualmente, benigno do qua- hialurônico) (SCOTT et 01., 1983, 1983a, 1996; OLJ- dro de lúpus fixo, os protocolos de terapia, a escolher, VRY, 1996). não causam grandes dúvidas ao clínico. Embasam-se Na imunopatologia, através da imunofluorescên- na gravidade do quadro e na opção do proprietário. cia direta (IFD) evidenciam-se deposição de imuno- Recomenda-se, sempre, a educação e orientação dos globulinas (IgA - 70%; IgG - 40%; IgM - 40%) e/ou proprietários, para que se evite a exposição solar, e de complemento (C 3 - 90%) ao longo da membrana que se use fotoprotetores (FP 15). Geralmente, recor- basal, de aspectos linear a granuloso, regular ou irre- re-se à corticoideterapia tópica e à vitaminoterapia gular. Há que se ter extremo cuidado ao se interpre- (vitamina E). Nos casos refratários a estas medidas, tar a positividade quanto à presença de IgM ao longo aí sim, utilizam-se dos corticosteróides sistêmicos (RO- da membrana nasal dos coxin e focinho de cães e SEKRANTZ, 1993) ou de combinações vitamino-an- gatos, já que este achado é habitual (SCOTT et 01., tibióticas, "per-os". 1982, 1983, 1983a, 1996; GROSS el 01., 1992; OLl- À terapia com vitamina E (DL - acetato de alfa VRY, 1996). Deve-se colher fragmentos de pele, para tocoferol, na dose de 400-800 UI por animal, a cada a IFD, de áreas despigmentadas, eritematosas e não doze horas, duas horas antes ou após o repasto), habi- ulceradas, recorrendo-se, quando possível, ao fixador tualmente se associa a corticoideterapia. de Michel, que preserva as deposições por longo pe- Terapia tópica, com especialidades farmacêuti- ríodo. Portanto, o chamado teste de banda lúpica é cas, à base de corticóides f1uorados, duas vezes ao dia positivo na quase totalidade dos animais com LED, (durante 10-14 dias) e, após a remissão do quadro agu- tendo sido detectado, também, na parede de vasos do, aumentando-se o intervalo posológico (para cada dérmicos (10% dos casos) tal como no homem 48 ou 72 horas) ou passando para aqueles menos po- (HALLlWELL, 1981; SCOTT et 01., 1983, 1983a; tentes (hidrocortizona a 0,5-2,5%). ROSEKRA TZ, 1993.). A associação tetraciclina e niacinamida (ni- Os resultados dos testes de imunof1uorescência cotinamida) é uma alternativa de terapia bastante indireta (IFI) são sempre negativos. Como alternativa utilizada (WHITE, el 01., 1990) com eficácia, no à IFD, para a detecção de imunoreatores, tem-se o LED, de 14% ( bons resultados) e 65% (resultados teste da imunoperoxidase (IP) que apresenta, como excelentes). Destarte, alguns autores como RO- vantagem, a possibilidade de empregar fragmentos de SEKRANTZ (1993) somente obtiveram respostas, tegumento fixados e já preparados. Ainda mais, não de qualquer magnitude, em apenas 25% dos casos. necessita do custoso equipamento de IF. Todavia, a A dose recomendada é de 250 mg, de cada uma grande desvantagem da IP decorre do grande número das drogas, para cães com menos de 10 quilogra- de resultados falso-positivos (MOORE el 01., 1987). mas e o dobro desta para aqueles com mais de 10 Considera-se, entretanto, que os testes imuno- quilogramas de peso, a cada 8 horas, "per-os". patológicos são desnecessários para a elaboração do Como efeitos colaterais observam-se, raramente, diagnóstico conclusivo e devem, portanto, ficar num vômitos, diarréia e anorexia. Nestes casos, deve-se segundo plano, frente à corriqueira histopatologia, sen- retirar a niacinamida do protocolo. do, então, nada mais que uma mera complementação. Na corticoideterapia oral, emprega-se a predni- sona (I mg/kg, VO, cada 12 horas, durante cerca de 2 Diagnóstico diferencial semanas) passando, quando da melhora, para o es- quema de dias alternados. Em alguns casos somente Com dermatoses, mormente aquelas com sede no se necessitam de corticóides sistêmicos ao menos nos plano e espelho nasal: meses estivais. LES, complexo pênfigo (foliáceo ou eritematoso), Raramente se emprega a azatioprina combina- farmacodermias (eritema polimorfo), micose fungóide, da aos corticóides (usam-se 1-1,5 mg/kg a cada 24 síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada "simile", dermatite horas/VO e, com a melhora, a cada 48-72 horas). de contacto, carcinoma espinocelular, "collie-nose", der- Monitorar o número de plaquetas e hemácias, a cada matomiosite familiar canina, demodiciose, dermatofitose, 2 semanas, durante os primeiros 3 ou 4 meses e, a piodermites, dermatoses actÍnicas, ceratose naso-digital seguir, a cada um ou dois meses. É, ainda, recomen- e vitiligo. dável a determinação, também, da função hepática. 34
  • 7. LARSSON, C. E.: OTSUKA. M. Lúpus eritematoso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capital de São Paulo I DiscoM Iuplls el)'themalOslIs: general review alld a series of cases of o speáali:.ed senlice ill lhe city of São Paulo. Brazill Rev. educo contin. CRMV-SP I Comillllolls Educotioll lOtlmof CRMV-5P. São Paulo, volume 3, fascículo J. p. 029 - 036, 2000. SUMMARY As a result of its occurrence in the dermatology service ofthe Veterinary Hospital ofthe Universida- de de São Paulo, the main aspects related to etiopathogeny, epidemiology, symptoms and lesions (both in domestics carnivores and herbivores), diagnosis and treatment protocol of discoid lúpus erythema- tosus are reviewed in this study. Brazilian and American data are presented and discussed in relation to the occurrence of other auto-immune diseases according to variables such as race definition, sex and age of domestics carnivores, which are compared to those reported in humans. Key words: Cutaneous lupus erythematosus, Collie nose, immunemediated dermatosis of dogs. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I - CARLOTTI, D.N. Autoimmune mediated skin diseases. J. 9 - MARTEN, R.H.; BLACKBURN, E.K. Lúpus erythemalo- Small Animal Practice, v. 30, n. 4, p. 223-7, 1989. sus: a 5-year follow-up of 77 cases. Arch, Dermatol. v. 83, p. 430-6. 196 I. 2 - CHABANE, L.; FOURNEL, c.; RIGAL, O.: MONIER, J.c. Canine systemic lúpus erythemalosus. Pan 11. Comp, lO - MILLARD, L.G.: ROWELL, N.R. Abnormallaboratory tesl Cont. Ed., v. 2 I. n. 5, p. 402-21, 1999. results and their relationship to prognosis in discoid Iú- pus erythematosus. Arch. Dermatol. v. 115. n. 9. p. 3 - GROSS, T.L.; IHRKE, P.J.; WALDER. E.J. Velerinary der- 1055-8. 1979. malopathology~St. Louis: Mosby. 1992. p. 22-6. 11 - MOORE, F.,M.; WHITE. S.D.: CARPENTER, J.L.: TOR- 4 - GUAGUÉRE, E.; MAG OL. J.P. Lúpus érylhémateux dis- CHO , E. Localizalion of immunoglobulins and com- coide à localisation auriculaire chez Ie chien. Prato Méd. plemem by the peroxidase antiperoxidase method in Chirur. Anim. Comp" v. 24. n. 2. p. 10 I. 1989. autoimmune and noo autoimmune canine dermatopa- thies. Veto Immuno/lmmunopath., v. 14, n.I. p. 1-9. 5 - HALLlWELL, R.E.W. Skin diseases associated with autoim- 1987. munity. Pan 11. The nonbullous autoimmune skin disea- ses. Comp. Conto Ed., v. 3, n. I. p. 156-62, 1981. 12 - OLlVRY, T. Les dermatoses auto-immunes: 20 ans plus tardo 6 - KIMM, T.J.; NOXON, J.O. Systemic Iupus erythematosus In: JOURNÉE DE DERMATOLOGIE VÉTÉRINAIRE, in dogs and cals. lowa Stale Veterinarian, v. 45. n. 2, p. 6 eme , Bruxelles: SAVAB, 1996. Proceedings. 105-10, 1985. 13 - PROENÇA, N.G.; FRUCCHI, H.; BERNARDES, M.F. As- 7 - LARSSON, C.E.; ARAUJO, v.c.; GONÇALVES, M.A.; PA- pectos epidemiológicos do Iúpus eritemalosos discóide RANHOS, A.S. Lúpus eritematoso discóide em cão, da em São Paulo - Brasil. An, bras. Dermatol., v. 64. n. 3. p. Capital São Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE 159-60, 1989. CLíNICOS VETERINÁRIOS DE PEQUENOS ANI- MAIS, 8, Pono Alegre, Rio Grande do Sul, ANCLlVE- 14 - RAMADINHA, R.R.; TORRES, L.F.; GONZÁLEZ, A.P.: PA-RS, 1985. Anais. LATORRE, O.J.M. a survey of canine autoimune skin diseases seen in lhe Small Animal Veterinary Hospital, 8 - LARSSON, C.E.; OTSUKA, M.; LUCAS, R.; NAHAS. C.R.: UFRRJ, BraziI (1993-97). In: CONGRESSO MUNDI- PENTEADO. A.L.B.; GONÇALVES. M.A.: MICHA- AL DE WSAVA, 23, Buenos Aires: WSAVA-AVEACA. LANY, .S.; BALDA, A.C. Immune mediated dermato- outubro de 1993. Anais, p. 810. sis in dogs of São Paulo - Brazil - EpidemiologicaI as- pects. In: CONGRESS OF THE WORLD SMALL A 1- 15 - ROSEKRANTZ, W.S. Discoid lupus erythemalOsus. In: MAL VETERI ARY ASSOCIATION. 23. - Buenos Ai- GRIFFIN, C.E.: KWOCHKA. K.W.: MACDO ALO. res: WSAVA-AVEACA. October 1998. Proceedings, J.M. Currenl velerinary dermatology St. Louis: Mos- Tomo 11. p. 809. by, 1993. p. 149-53. 35
  • 8. LARSSON, C. E.: OTSUKA, M. Lúpus erilemaloso discóide - LED: revisão e casuística em serviço especializado da Capiwl de São Paulo 1Discoid lupus etylhemlllOsw;: general reliew lIml li series of cases of li specialized sen1ice ill lhe cilY of São Paulo. 8ro:.i11 Rev. educo contin. CRMV-SI) 1 COlllifl/wUS Educalio" Joumal CRMV-SP, São Paulo. volume 3. fascículo I, p. 029 - 036,2000. 16 - SAMPAIO, S.A.P.; CASTRO, R.M.; RIVITTI, E.A. Afec- Systemic lúpus erythematosus. J. Am. Anim. Hosp. As- ções_do tecido conectivo e do subcutâneo - Lúpus erite- soe., v. 19, n. 4, p. 461-79, 1983a. matoso. In: Dermatologia básica, 2.ed. São Paulo: Ar- tes Médicas, 1982. p. 177-9. 22 - SCOTT, D.W.; WALTO ,D.K.; SLATER, M.; SMITH, C.A.; LEWIS, R.M. Immune-mediated dermatosis in do- 17 - SCOTT, D.W. Large animal dermatology., Philadelphia: mestics animais: ten years after - Pari I. Comp. Cont. Saunders, 1988. p. 314-7. Ed., v. 9, n. 4, p. 418-34,1987. 18 - SCOTT, D.W.; MANNING, TO.; SMITH, C.A.; LEWIS, R.M. Linear IgA dermatoses in the dog: bullous pemphi- 23 - WHITE, S.D.; ROSYCH K. R.A.W.: SCHUR, P.H Theeffi· goid, discoid lupas erythematosus and a sub corneal pus- cacy of tetracycline and niacinamide in thc treatment of tular dermatitis. CorneU vet., v. 72, n. 4, p. 394-402. autoimmune skin disease in 20 dogs. In: A UAL 1982. MEMBERS MEETI G AAVD & ACVD, San Francis- co, 1990. Proeeedings American Academy of Veteri· 19 - SCOTT, D.W.; MILLER JÚNIOR, W.H.; GRIFFIN, C.E. nary Dermatology, 1990. p. 43. Muller & Kirk dermatologia de pequenos animais. 5.ed, Rio de Janeiro: InterJivros, 1996. p. 534-43. 24 - WHITE, S.D.; ROSYCHUK, R.A.W.; SCHUR, P.H .. Inves- 20 - SCOTT, D.W.; WALTON, D.K.; MANNING, TO.; SMI- tigation of antibodies to extractable nuclear antigens in TH, C.A.; LEWIS, R.M. Canine 1úpus erythematosus. 11 dogs. Am. J. Vet. Res.. v. 53. n. 6, p. 1019-21, 1992. - Diseoid lupus erythematosus. J. Am. Anim, Hosp. As- soe., v. 19, n. 4, p. 48 I-8, 1983. 25· WILLlAMS, R.E.; MACKIE, R.M.; O'KEEFE, R.; THOM- SON, W. The contribution of direct immunofluorescence 21 - SCOTT, D.W.; WALTON, D.K.; MANNING, TO.; SMI- to the diagnosis of lúpus erythematosus. J. Cutan. Pa- TH, C.A.; LEWIS, R.M. Canine lupus erythematous. I - tho., v. 16, n. 3, p. 122·5. 1989. 36