1. O documento descreve o movimento cultural do Renascimento na Europa entre os séculos XV e XVI, caracterizado pela redescoberta dos valores clássicos da Grécia e Roma antigas e pelo surgimento de um novo humanismo.
2. Nessa época, houve uma mudança do teocentrismo medieval para um pensamento mais antropocêntrico, colocando o homem no centro.
3. O Classicismo surge nesse período como estética que buscava a imitação dos modelos clássicos da antiguidade e valorizava
2. O que foi o Renascimento?
• Importante movimento de renovação cultural, ocorrido
na Europa durante os séculos XV e XVI.
• É considerado o marco inicial da era moderna.
• Estimulou a vida urbana e o surgimento de um novo
homem.
•Naturalismo: volta à natureza
•Hedonismo: defesa do prazer individual
•Neoplatonismo: elevação espiritual por meio da
interiorização.
3. Qual a visão do mundo?
• “Homem tornou-se a medida de todas as coisas”.
• Não se tratava de opor o homem a Deus e medir suas
forças. Deus continuou sendo soberano. Tratava-se na
verdade de valorizar as pessoas em si, encontrar nelas
as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento
católico medieval.
4. Contexto histórico
• Plenitude de uma grande transformação política,
econômica e cultural ; assinala o início dos tempos
modernos. Esse período é conhecido como
Renascimento, porque os homens estavam
preocupados em redescobrir a Antiguidade
(renasce a cultura antiga).
• O teocentrismo medieval (Deus no centro de tudo)
cede lugar ao antropocentrismo, o homem adquire
consciência de sua capacidade realizadora:
conquista, inventa, cria, descobre, produz. A
preocupação passa a ser com a realidade imediata,
com o humano e com a vida terrena, deixando em
segundo plano as questões referentes à eternidade,
à salvação e à redenção da alma.
5. • O homem do Renascimento identifica na
cultura greco-latina os valores da época e passa
a cultuá-la. Integra seu universo artístico os
deuses da mitologia grega.
• Procura compreender o mundo sob o prisma da
razão e associa ao equilíbrio entre razão e
emoção de Beleza, Bem e Verdade.
Contexto histórico
6. • Todas essas mudanças têm como pano de fundo, a
crise dos valores medievais, com o enfraquecimento do
teocentrismo e da hierarquia nobreza-clero-povo,
devida à decomposição do feudalismo e ao surgimento
da burguesia.
• A substituição de uma concepção teocêntrica por outra
antropocêntrica não significou hostilidade em relação
ao cristianismo. Tratava-se apenas de uma mudança de
perspectiva cultural, de Deus para o Homem, que se
tornou a medida de todas as coisas.
Contexto histórico
7. • A concepção estética que surgiu a partir do Humanismo
e do Renascimento convencionou-se chamar
Classicismo, porque “clássicos” eram os antigos artistas
e filósofos greco-latinos dignos de serem estudados nas
“classes”.
• O Classicismo estendeu-se aos séculos XVI, XVII, e XVIII,
o que determinou que os historiadores incluíssem sob
a denominação “época clássica”, não apenas o
Renascimento, mas também o Barroco e o Arcadismo
(este último também conhecido como Neoclassicismo).
Contexto histórico
9. Em Portugal...
. Conquista do norte da África;
. Caminho marítimo para as Índias;
. Descobrimento do Brasil;
. Monopólio do Poder político e econômico do
rei;
. Dinastia de Avis: D. Afonso V, D. JoãoII,
D. Manuel, o Venturoso
10. Monalisa
Revela o interesse do
Renascimento pelo
homem. Reproduzida
de todas as formas
imagináveis, a magia
dessa figura “feminina”
continua intacta.
12. Davi
A valorização do ser
humano resultou na
criação de muitas telas
e esculturas que
valorizavam as formas
humanas ou que
retratavam corpos nus.
13. Pietá
A figura do Cristo morto parece
ter vida correndo nas veias. Os
olhos abaixados da Virgem, ao
contrário da tradição, emocionam
pela dor e pela resignação. Seu
manto, drapeado, arranca do
mármore uma leveza.
14. Arquitetura
A aplicação dessas ordens não é arbitrária, elas
representam as tão almejadas proporções
humanas: a base é o pé, a coluna, o corpo, e o
capitel, a cabeça.
17. LITERATURA - MARCO INICIAL
Em 1527, quando Francisco Sá de Miranda
retorna a Portugal, vindo da Itália, trazendo o
doce estilo novo (soneto + medida nova).
18. 1- Imitação dos autores clássicos gregos e
romanos da antigüidade
2- Uso da mitologia
3- Predomínio da razão sobre os sentimentos
4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem
excesso de figuras literárias
5- Idealismo
6- Amor Platônico
7- Busca da universalidade e impessoalidade
Características do Classicismo
19. Características do Classicismo
• 1. Imitação e observância da estética dos autores
da Antiguidade: gregos: Homero, Teócrito,
Anacreonte, Sófocles, Aristóteles, Demóstenes
etc.; latinos: Cícero, Virgílio, Ovídio, Plauto,
Horácio etc.
• 2. Preocupação com a forma, busca da perfeição
formal. Rigorosa exigência quanto à metrica e à
rima; acentuada preocupação com a correção
gramatical, com a clareza na expressão do
pensamento, com o equilíbrio entre os gêneros
literários.
20. • 3. Construção frasal tendendo à inversão dos
termos da oração e das orações no período,
por imitação aos latinos:
Quando eu, senhora, em vós os olhos ponho,
e vejo o que não vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresviando, como em sonho.
(Sá de Miranda)
Características do Classicismo
21. • 4. Utilização da mitologia greco-latina para
efeitos artísticos, considerando-se também que
as personagens mitológicas simbolizam ações,
sentimentos e atitudes humanas.
• 5. Universalidade e impessoalidade. Preocupação
com as verdades eternas e gerais, evitando-se o
particular e o pessoal: a individualidade e o
subjetivismo devem ceder lugar à preocupação
com o homem e com a objetividade.
Características do Classicismo
22. • 6. Temas sobre os descobrimentos e a expansão,
preocupação com a História e com as realizações
humanas.
• 7. Idealismo. Apesar de objetiva, a arte clássica
não é naturalista; a realidade sensível devia ser
idealizada pelo artista. Por exemplo, a mulher
amada não era descrita como simples criatura
humana, mas idealizada como um ser angelical, e
a natureza era descrita como uma região
paradisíaca.
Características do Classicismo
23. LUÍS VAZ
DE
CAMÕES
Luís Vaz de Camões,
poeta-filósofo: de
influência medieval e
clássica, de temática
variada e abrangente
(os mistérios da
condição humana, a
presença do homem no
mundo, os conceitos e
contradições amorosas
etc.)
25. A poesia e a vida…
Obra Poética
• Camões cultivou, além dos metros tradicionais, todos os géneros
poéticos renascentistas, destacando-se o Soneto e a Canção.
Também escreveu teatro: os autos Anfitriões, Filodemo e El-rei
Seleuco.
• É possível considerar que Camões transformou em poesia parte
da sua experiência de vida (como fazem, cada um aproveitando de
modo diferente essa experiência, muitos poetas) mas essa
consideração não deve transformar em autobiografia cada texto
seu...
Os Lusíadas
26. Cantando espalharei por toda a parte…
O que é uma epopeia?
Podemos dizer que a epopeia é uma narrativa em verso,
isto é, uma história que alguém conta e que tem a forma
de um poema.
De que falam as epopeias? As epopeias celebram os
feitos grandiosos de heróis, sejam eles lendários ou
personagens históricas.
A Epopeia
27. Cantando espalharei por toda a parte…
O que é uma epopeia?
Podemos dizer que a epopeia é uma narrativa em verso, isto é,
uma história que alguém conta e que tem a forma de um
poema.
De que falam as epopeias? As epopeias celebram os feitos
grandiosos de heróis, sejam eles lendários ou personagens
históricas.
A Epopeia
Aquiles – Ilíada (sec. IX-VII a.C.)
Ulisses – Odisseia (sec. IX-VII a.C.)
Eneias – Eneida (séc. I a.C.)
Vasco da Gama (e o povo Português)
– Os Lusíadas (sec. XVI)
28. Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
30. Os Lusíadas (1572)
O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:
1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3)
Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial
os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5)
O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na
composição da obra.
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18)
O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé
católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144)
A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica
portuguesa.
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156)
Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais
atenção.
31. São elementos da estrutura clássica da epopeia:
a Proposição;
a Invocação;
a Dedicatória (elemento facultativo);
a Narração (iniciada in medias res)
A Epopeia
Quando os
acontecimentos já
decorrem, sendo depois
retomados por analepse.
Onde o poeta apresenta o
assunto da sua epopeia.
Onde o poeta pede o
auxílio de entidades
superiores.
32. A armada de Vasco da Gama partiu do Restelo no dia 8 de Julho de 1497 e
chegou a Calecute, na Índia, no dia 20 de Maio de 1498.
33. Resumo do enredo
Portugal, como foi visto anteriormente,
passava por um momento de grandiosidade
diante das demais nações européias. Esse
momento era ainda mais valorizado pelo
espírito de nacionalismo que surgia nos
séculos XV e XVI. Motivados com a
liderança nas grandes navegações, foram
várias as tentativas de fazer uma epopéia
sobre o assunto e, com isso, registrar para a
posteridade esse momento de glória.
35. O EPISÓDIO DE INÊS DE CASTRO
Camões, como outros artistas que retrataram a morte
de Inês de Castro, prefere a imagem da espada
encravada no peito, sem dúvida, mais lírica, à do
degolamento:
Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro, que sustinha
As obras com que Amor matou de amores
Aquele que depois a fez rainha,
As espadas banhando e as brancas flores
Que ela dos olhos seus regadas tinha,
Se encarniçavam, férvidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos.
36. Tu, só tu puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano
Tuas aras banhar em sangue humano.
37.
38. O lirismo dentro da obra épica
Os Lusíadas é uma obra de caráter épico onde o universo
masculino é o predominante. Assim, todo o episódio de Inês de
Castro entra em perfeito contraste com a restante obra. Neste
episódio a personagem central é feminina e o lirismo presente nos
sonetos camonianos é transposto para estas estâncias. Luís de
Camões consegue estabelecer com o leitor um contacto
inquestionavelmente emotivo. com os versos O desespero que
Camões coloca nas falas de Inês (inventadas por si) faz com que
um universo de terror progrida e “arraste” consigo o próprio leitor.
Existem momentos em que o leitor é levado a sentir compaixão e
levado também a partilhar o sofrimento das personagens da
tragédia, a piedade perante tal destino trágico instala-se dando
assim origem à Catarse.
40. —"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
— "Dura inquietação d'alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
42. EPISÓDIO DO VELHO DO RESTELO
A cena mostra, logo de início urna massa aflita e desesperada com a partida
de seus filhos e esposos. As mulheres, chorando, representam toda a multidão
que ficava em terra firme vendo seus queridos partirem para o desconhecido:
Em tão longo caminho e duvidoso,
Por perdidos as gentes nos julgavam;
As mulheres c’um choro piedoso,
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo
Qual via dizendo: — “Ó filho, a quem eu tinha
Só para refrigério e doce amparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará penoso e amaro
Porque me deixas, mísera e mesquinha?
Porque de mi te vás, á filho caro,
A fazer funéreo enterramento
Onde sejas de peixes mantimento?
43. A fala do velho do Restelo pode ser interpretada como a
sobrevivência da mentalidade feudal, agrária, oposta ao
expansionismo e às navegações, que configuravam os interesses
da burguesia e da monarquia. É a expressão rigorosa do
conservadorismo. Certo é que Camões, mesmo numa epopéia que
se propõe a exaltar as Grandes Navegações, dá a palavra aos que
se opõem ao projeto expansionista. Portanto, O Velho do Restelo
representa a oposição passado x presente, antigo x novo. O Velho
chama de vaidoso aqueles que, por cobiça ou ânsia de glória, por
sua audácia ou coragem, se lançam às aventuras ultramarinas.
Simboliza a preocupação daqueles que antevêem um futuro
sombrio para a Pátria.
45. GIGANTE ADAMASTOR
O gigante chama os portugueses de ousados e afirma que nunca
repousam e que tem por meta a glória particular, pois chegaram aos
confins do mundo. Repare na ênfase que se dá ao fato de aquelas
águas nunca terem sido navegadas por outros: o gigante diz que
aquele mar que há tanto ele guarda nunca foi conhecido por outros.
E disse: "Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar nos longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’estranho ou próprio lenho:
46. Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
47.
48. No plano histórico, simboliza a superação
pelos portugueses do medo do “Mar
Tenebroso”, das superstições medievais que
povoavam o Atlântico e o Índico de monstros
e abismos. Adamastor é uma visão, um
espectro, uma alucinação que existe só nas
crendices dos portugueses. É contra seus
próprios medos que os navegadores triunfam.
52. ILHA DOS AMORES
Vênus imagina um meio de recompensá-los por todas as dificuldades
enfrentadas com um prêmio. Auxiliada por Cupido prepara-lhes uma
ilha maravilhosa onde as mais belas ninfas esperarão por eles. Camões
mostra o local como um verdadeiro paraíso:
Nesta frescura tal desembarcaram
Já das naus os segundos argonautas,
Onde pela floresta se deixavam
Andar as belas deusas, como incautas
Algüas doces cítaras tocavam,
Algüas harpas e sonoras flautas;
Outras, cos arcos de ouro, se fingiam
Seguir os animais que não seguiam.
(...)
Duma os cabelos de ouro o vento leva
Correndo, e de outra as flaldas delicadas.
Acende-se o desejo, que se cava
Nas alvas carnes, súbito mostradas.
53. Mas cá onde mais se alarga, ali tereis
Parte também, co pau vermelho nota;
De Santa Cruz o nome lhe poreis;
Descobri-la-á a primeira vossa frota.
Ao longo desta costa, que tereis,
Irá buscando a parte mais remota
O Magalhães, no feito, com verdade
Português, porém não na lealdade.
54.
55. Todo o episódio tem um carácter simbólico.
Em primeiro lugar, serve para desmitificar o recurso à mitologia
pagã, apresentada aqui como simples ficção, útil para "fazer versos
deleitosos".
Em segundo lugar, representa a glorificação do povo português, a
quem é reconhecido um estatuto de excepcionalidade. Pelo seu
esforço continuado, pela sua persistência, pela sua fidelidade à
tarefa de expansão da fé cristã, os portugueses como que se
divinizam. Tornam-se assim dignos de ombrear com os deuses,
adquirindo um estatuto de imortalidade que é afinal o prémio
máximo a que pode aspirar o ser humano.
De certo modo, podemos dizer que é o amor que conduz os
portugueses à imortalidade. Não o amor no sentido vulgar da
palavra, mas o amor num sentido mais amplo: o amor
desinteressado, o amor da pátria, o amor ao dever, o empenhamento
total nas tarefas colectivas, a capacidade de suportar todas as
dificuldades, todos os sacrifícios.
56. Voltando aos comentários que se podem tecer a respeito do epílogo da
obra, é perceptível certo tom melancólico nas palavras do poeta que,
prevendo o fim dos bons tempos de Portugal, aproveita para fazer sua
“voz rouca” ser ouvida novamente ao criticar a corte que cercava
D.Sebastião e a perda dos bons costumes da sociedade, a corrupção que
por sua vez levaria o país ao “caos”, como se pode notar na estrofe 145
“No mais, Musa, no mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com quem mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dua austera, apagada e vil tristeza.”.
57. De mais, há que se dizer que Camões
estava correto em sua “profecia”, pois após
8 anos da publicação de “Os Lusíadas”,
data que coincide com a morte do poeta, o
rei D.Sebastião desaparece na Batalha de
Alcácer-Quibir, o que tem como
consequência o declive de Portugal e
submissão ao domínio espanhol.