2. No ano de 1853, já havia uma disputa entre os
estados de Santa Catarina e do Paraná: não havia
acordo sobre o local onde deveria se situar a
fronteira entre ambos.
Assim, com o objetivo de resolver o assunto, o
estado de Santa Catarina recorreu ao Supremo
Tribunal Federal que deu ganho de causa aos
catarinenses.
Essa disputa durou mais de 60 anos.
Território contestado:
3. A cidade de Mafra tem esse
nome como uma homenagem
ao advogado Manuel da Silva
Mafra que defendeu
brilhantemente os interesses de
Santa Catarina junto aos
tribunais, na disputa de limites
com o Paraná.
4. A questão envolvia uma área de
terras de aproximadamente 48.000
km2
e tinha muita importância
social e econômica para o Paraná
e Santa Catarina.
Essa disputa envolvendo uma
questão de limites ficou conhecida
como
a Questão do Contestado.
8. A disputa entre os estados do Paraná e de
Santa Catarina envolvia uma questão de
terras.
Já se sabia que as terras que estavam sendo
disputadas eram ricas em erva-mate e em
mata nativa, formada principalmente por
árvores de madeira nobre e imensos
pinheirais.
Ambos os estados desejavam essas terras que
significavam mais riqueza vinda da natureza, a
possibilidade de recolher mais impostos etc.
A área era então como uma “terra sem dono”.
9. Em breve, as fazendas de criação de gado que
estavam instaladas nas regiões de Lages,
Curitibanos e Campos Novos foram aumentando
a sua ação e iniciando a ocupação da região
contestada; fazendas e pequenas serrarias foram
surgindo.
Já o homem simples, com pouco ou nenhum
recurso, entrava mato a dentro em busca de um
lugar onde pudesse viver com sua família e
trabalhar. Escolhido o lugar, fazia a sua casa,
começava as suas plantações e ali vivia. Estes
eram os posseiros, que não tinham nenhum
documento que lhes garantisse a propriedade da
terra.
10. Esses posseiros geralmente eram caboclos.
Homens religiosos, dotados de boa fé, acreditavam
em monges que passavam pela região, pregando,
rezando e dando remédios para a população.
Esses monges não eram padres, mas a população
os considerava como homens santos e neles
acreditava. Um desses monges, muito famoso, era
italiano e havia chegado ao Brasil em 1.844. Era
conhecido como monge João Maria e descrito
como um homem simples, magro e de barbas
brancas.
11.
12.
13. Nesse clima de fé em monges, bem mais
tarde, a população vai acreditar em Miguel
Lucena, que embora procurado pela polícia
do estado do Paraná, se intitulava também
monge José Maria.
Este vai ter um papel decisivo nas lutas
armadas que vão acontecer na região do
Contestado.
14. Companhias estrangeiras
Há muito tempo o governo brasileiro desejava
construir uma estrada de ferro que fizesse a
ligação entre São Paulo e Rio Grande do Sul.
Essa construção foi efetuada por uma empresa
norte-americana, a Brazil Railway Company.
A estrada começou a ser construída no ano de
1906. A empresa construtora recebeu, como
pagamento, o direito de explorar uma faixa de terra
de 15 km de cada lado da ferrovia. Logo a
empresa Brazíl Railway, que era uma empresa
muito poderosa, criou a Brazil Lumber Company.
15. O objetivo da Lumber era explorar a madeira que
ali havia. Assim, como empresa madeireira, a
Lumber construiu no Brasil, duas serrarias que
estavam entre as maiores do mundo. Isso
significa uma enorme derrubada de árvores e
devastação ambiental.
A serraria da Lumber que foi instalada em Três
Barras (SC) era o maior empreendimento
madeireiro da América do Sul.
A empresa precisava de operários para a
construção da estrada de ferro, para explorar a
área, derrubar árvores e transformá-las em
madeiras para a exportação. Muitos aí tiveram
emprego.
16. Mas a ação da companhia gerou problemas. Ao
explorar a larga faixa de terra ao lado da ferrovia,
provocou a expulsão dos que ali trabalhavam e
viviam — eram os posseiros.
Além disso, ao encerrar as atividades de
construção da estrada, afirma-se que perto de 8.000
trabalhadores perderam o emprego, muitos da
região e muitos vindos de longe.
Essas populações ficaram sem trabalho e sem ter
para onde ir. Era uma situação geral de muita
insegurança e mesmo de preocupação com a
sobrevivência.
17. Como se tratava de populações muito religiosas,
acreditaram no monge José Maria que andava
pela região pregando um mundo melhor onde,
sob a lei de Deus, não haveria desigualdade entre
os homens.
O monge José Maria logo passou a ser seguido
por uma grande multidão de revoltados e
descontentes. Breve começou a preparação para
confrontos militares. A população de posseiros
armou-se como podia: facões, foices, armas
de caça. Passam a atacar as povoações
próximas, dando início a uma verdadeira guerra
na região.
18. O governo do Paraná toma providências, no ano
de 1912, e enfrenta uma luta contra os revoltosos.
O combate deu-se na região de Irani. Na ocasião,
morre o monge José Maria e também o
comandante das tropas paranaenses João
Gualberto.
Mas as lutas apenas haviam iniciado. Vão se
estender até o ano de 1915 e delas vai participar o
exército brasileiro.
Grande número de militares e de armamentos se
deslocaram para essa região do país. A luta durou
quatro anos. Houve milhares de mortes, de ambos
os lados; em ambos os lados da luta houve heróis.
19. A guerra do Contestado é considerada como o
maior conflito armado ocorrido na região sul
do Brasil.
Na guerra do Contestado, pela primeira vez o
avião foi usado, no Brasil, como arma de
guerra.
Chegou a paz, no ano de 1916. Com o apoio do
presidente da República, Wenceslau Brás, foi
estabelecido que a região do Contestado deveria
ser dividida em duas partes: o Paraná ficaria
com, aproximadamente, 20.000 Km2
e Santa
Catarina com 28.000 Km2
.
20. Nessa extensão territorial moravam
populações que assim passaram a ser
“catarinenses”.
Desse modo, o acordo de 1916 trouxe
para Santa Catarina um aumento de
população e de território, dando-se
assim a definitiva configuração do
território catarinense.