SlideShare a Scribd company logo
1 of 10
Download to read offline
ARTIGO ARTICLE1004
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
Prescrições de medicamentos para gestantes:
um estudo farmacoepidemiológico
Drug prescription for pregnant women:
a pharmacoepidemiological study
1 Faculdade de Ciências
da Saúde, Universidade
Metodista de Piracicaba,
Piracicaba, Brasil.
2 Faculdade de Saúde
Pública, Universidade de
São Paulo, São Paulo, Brasil.
Correspondência
T. A. Carmo
Faculdade de Ciências
da Saúde, Universidade
Metodista de Piracicaba.
Rua Nuporanga 20,
Piracicaba, SP
13420-252, Brasil.
thacarmo@unimep.br
Thais Adriana do Carmo 1
Sandra Maria O. O. Nitrini 2
Abstract
Prescription drug use by pregnant women should
be viewed as a public health issue, since there
are numerous gaps in knowledge on the conse-
quences for both the mother and the fetus. Phar-
macoepidemiological studies can help mini-
mize the inherent risks in drug treatment by es-
tablishing a profile of drug consumption during
pregnancy, providing an evaluation of this ser-
vice, and identifying intervention measures. The
purpose of this study was to establish a prescrip-
tion profile for pregnant women treated under
the National Health System (SUS) in Piracica-
ba, São Paulo State, Brazil, using prescription
indicators recommended by the World Health
Organization and the U.S. Food and Drug Ad-
ministration classification of medicines accord-
ing to risk to the fetus. According to the current
study, during prenatal consultations 44.7% of
the women received drug prescriptions, and the
most widely prescribed group of drugs were those
acting on the hematopoietic system (34.9%). Of
this total, 26.0% of the drugs were included in
fetal risk category C, 1.5% in category D, and
1.5% in category E. These data point to the med-
icalization of pregnancy and the need for inter-
vention measures aimed at rational prescrip-
tion drug use during the prenatal period.
Drugs; Pregnant Women; Drug Prescriptions
Introdução
A utilização de medicamentos por gestantes e
seus efeitos sobre o feto passou a ser objeto de
grande preocupação após a tragédia da talido-
mida ocorrida entre 1950 e 1960. Cerca de 10
mil crianças nascidas naquele período apre-
sentaram focomelia, bem como outras altera-
ções congênitas, associadas à utilização deste
medicamento durante a gravidez 1.
Esta catástrofe teve importante repercus-
são internacional constituindo-se um alerta
sobre a questão da segurança na utilização de
novos fármacos, da importância de normas
mais rigorosas em estudos clínicos antes da li-
beração de medicamentos para o consumo e a
necessidade de criação de órgãos de Farmaco-
vigilância. Especificamente em relação à gravi-
dez, provocou também decisivas mudanças
nas atitudes e práticas relativas a prescrição 2,3.
Acreditava-se até então, que a placenta
funcionava como uma barreira, protegendo o
feto de qualquer agressão farmacológica. Atu-
almente sabe-se que a maioria dos fármacos
contidos nos medicamentos utilizados por
gestantes atravessa a placenta e atinge a cor-
rente sangüínea do feto 4. Deve-se considerar
então, que quando uma grávida ingere ou re-
cebe qualquer medicamento dois organismos
serão afetados, sendo que um deles (o feto)
ainda não tem a mesma capacidade de meta-
bolizar substâncias que a mãe, estando por-
PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1005
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
tanto, mais sujeitos a efeitos negativos não es-
perados 5.
Meadows 6 observa que enquanto há certe-
za do uso e segurança ao feto para alguns me-
dicamentos, na maioria dos casos o conheci-
mento é limitado, transformando a prescrição
medicamentosa na gravidez num grande dile-
ma que deve ser avaliado entre o médico e a
paciente. Para a maioria dos medicamentos, o
potencial teratogênico é desconhecido 7.
Um agente pode ser considerado teratogê-
nico quando produz uma alteração, maior ou
menor, na morfologia e ou fisiologia normais
do feto 8. Tais alterações, principalmente as
má-formações congênitas, têm maior risco de
acontecer quando o medicamento com poten-
cial teratogênico é utilizado no primeiro trimes-
tre de gravidez (período de diferenciação em-
briológica). Nos outros períodos podem ocorrer
danos fetais decorrentes de alterações na fisio-
logia materna, efeitos farmacológicos sobre o
feto e interferência no desenvolvimento fetal.
Existem algumas classificações de medica-
mentos conforme o risco associado ao seu uso
durante a gravidez. A classificação adotada pe-
lo Food and Drug Administration (FDA – Esta-
dos Unidos) enquadra os medicamentos em
cinco categorias 6,7:
• Categoria A: medicamentos para os quais
não foram constatados riscos para o feto em
ensaios clínicos cientificamente desenhados e
controlados;
• Categoria B: medicamentos para os quais
os estudos com animais de laboratório não de-
monstraram risco fetal (mas não existem estu-
dos adequados em humanos) e medicamentos
cujos estudos com animais indicaram algum
risco, mas que não foram comprovados em hu-
manos em estudos devidamente controlados;
• Categoria C: medicamentos para os quais os
estudos em animais de laboratório revelaram
efeitos adversos ao feto, mas não existem estu-
dos adequados em humanos e medicamentos
para os quais não existem estudos disponíveis;
• Categoria D: medicamentos para os quais a
experiência de uso durante a gravidez mostrou
associação com o aparecimento de má-forma-
ções, mas que a relação risco-benefício pode
ser avaliada;
• Categoria X: medicamentos associados
com anormalidades fetais em estudos com ani-
mais e em humanos e ou cuja relação risco-be-
nefício contra indica seu uso na gravidez.
Outro aspecto que deve ser observado quan-
do se trata da utilização de medicamentos por
mulheres grávidas é a provável alteração de ca-
racterísticas farmacocinéticas dos medicamen-
tos no período da gestação 9. Segundo dados
da literatura internacional, pouco se sabe so-
bre estas alterações 6,10.
Entretanto, apesar de todos os riscos, o qua-
dro que se apresenta atualmente é o da medi-
calização da gestante, fenômeno relatado por
diferentes autores, tanto em países europeus,
Estados Unidos e Brasil 2,3,7,11,12,13, fruto, entre
outros determinantes, da lógica de mercado
inerente às práticas dos produtores de medica-
mentos e, por outro lado, da hegemonia da vi-
são mecanicista, biomédica e cartesiana do
processo saúde-doença 14.
Estudos de utilização de medicamentos
Partindo do pressuposto que não há como abs-
ter gestantes da utilização de medicamentos e,
conseqüentemente, da exposição de seus fi-
lhos aos riscos inerentes a uma terapia medi-
camentosa, os estudos epidemiológicos, po-
dem ser utilizados para protegê-los de riscos
desnecessários 12,15.
A incorporação dos métodos epidemiológi-
cos para estudar e mensurar os eventos medi-
camento-mediados que ocorrem nas popula-
ções, começou a surgir há cerca de trinta anos
e a partir daí a Farmacoepidemiologia, ciência
constituída por duas grandes áreas: os estudos
de eventos adversos ou benéficos decorrentes
do uso de medicamentos através de estudos
controlados e os Estudos de Utilização de Me-
dicamentos (EUM) 16.
Os EUM têm como objetivos identificar os
sujeitos, os fatores interferentes e o modo como
os medicamentos são utilizados nas populações.
Tais objetivos são importantes para tomada de
decisões não somente em relação aos medica-
mentos, mas também sobre a cadeia de saúde
de forma global, já que o uso de medicamentos
se dá dentro de um contexto mais amplo 17.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), ba-
seada nestes conceitos, desenvolveu, padroni-
zou e testou um conjunto de indicadores bási-
cos de utilização de medicamentos publicados
em 1993. Tais indicadores são parâmetros alta-
mente normatizados, objetivos, que não preci-
sam ser adaptados a cada país ou a cada reali-
dade e cujo emprego é recomendado para qual-
quer estudo sobre o uso de medicamentos 18,19.
É importante salientar que cada vez mais os
EUM têm sido considerados como importante
ferramenta para planejar e gerenciar os servi-
Carmo TA, Nitrini SMOO1006
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
ços de Assistência Farmacêutica, nortear as
políticas de medicamentos e subsidiar as polí-
ticas de saúde. Isto porque os medicamentos
ocupam atualmente um lugar importante nos
sistemas de saúde, tanto no aspecto econômi-
co, quanto nos aspectos técnicos (resolutivida-
de dos serviços) e sociais (uso racional de me-
dicamentos).
Considerando os aspectos apresentados,
este trabalho teve como objetivo a investigação
das prescrições medicamentosas em gestantes
usuárias de um Serviço Público de Saúde, utili-
zando-se dos indicadores de prescrição preco-
nizados pela OMS, da classificação dos medi-
camentos prescritos nas categorias de risco ao
feto segundo o FDA e de análise dos medica-
mentos mais prescritos.
Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido no Município de
Piracicaba, São Paulo, Brasil, com gestantes
usuárias de serviços de pré-natal de atenção
primária, no período de janeiro a outubro de
2001. No total foram entrevistadas 427 mulhe-
res (cerca de 5,6% do total de consultas de pré-
natal realizadas no período), que faziam o
acompanhamento de pré-natal em Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e na maternidade da
Santa Casa de Misericórdia (nesta última so-
mente com gestantes encaminhadas pelo Sis-
tema Único de Saúde – SUS – e matriculadas
em UBS sem o serviço de pré-natal).
Tratou-se, segundo Rouquayrol & Almeida
Filho 20, de um estudo individuado – observa-
cional – transversal (ou seccional), baseado em
avaliações individuais.
A partir dos objetivos traçados, optou-se,
dentre os indicadores propostos pela OMS, por
se construir apenas os indicadores de prescri-
ção, entendendo-se que tais indicadores refle-
tem o funcionamento da assistência à saúde
em relação a diversos aspectos chaves relacio-
nados à utilização de medicamentos, tais co-
mo: grau de polimedicação, tendência de pres-
crição por nome genérico, abuso de medica-
mentos específicos (antibióticos e injetáveis) e
porcentagem de adesão dos prescritores à lista
de medicamentos considerados essenciais pe-
lo município.
Para tentar evitar qualquer viés metodoló-
gico, não se entrevistou gestantes de risco ou
em atendimento de urgência, mas apenas aque-
las em consultas de rotina.
Para definição do tamanho da amostra, par-
tiu-se da hipótese de uma prevalência de 80% de
utilização de pelo menos um medicamento por
gestante 2,7,11,12,13 e uma margem de erro tolerá-
vel de 5% (com um nível de confiança de 95%).
Visando-se garantir também a recomenda-
ções da OMS 21 de realização de trinta entrevis-
tas por serviço de saúde, estabeleceu-se que nas
unidades onde havia pré-natal seriam envolvi-
das no mínimo trinta gestantes de cada uma. As
demais seriam entrevistadas na maternidade.
Para obtenção dos dados foi utilizado ques-
tionário estruturado, aferido em pré-teste rea-
lizado após análise e aprovação pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pú-
blica (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).
As entrevistas foram realizadas antes e após
a consulta médica. Os dados obtidos após a
consulta foram destinados à construção dos
indicadores de prescrição:
1. Número médio de medicamentos por con-
sulta: média obtida dividindo-se o número to-
tal de medicamentos prescritos pelo total de
entrevistas realizadas.
2. Porcentagem de medicamentos prescritos
por nome genérico (para nome genérico, consi-
derou-se a Denominação Comum Brasileira 22:
número de medicamentos
% =
prescritos pelo nome genérico
x 100
número total de medicamentos
receitados
3. Porcentagem de consultas em que se pres-
creve antibióticos:
número de consultas em que
% =
se receita um antibiótico
x 100
número total de consultas
envolvidas no estudo
4. Porcentagem de consultas em que se pres-
creve um medicamento injetável (a única vaci-
na mencionada – dupla adulta – não foi conta-
bilizada como injetável):
número de consultas em que
% =
se receita um injetáveis
x 100
número total de consultas
envolvidas no estudo
5. Porcentagem de medicamentos prescritos
que figuram na lista de medicamentos essenci-
ais (Lista de Medicamentos Padronizados –
LMP – pelo município):
número de medicamentos prescritos
mencionados na lista de
% =
medicamentos essenciais
x 100
número total de consultas
envolvidas no estudo
PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1007
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
Partindo-se do pressuposto de que os indi-
cadores do uso de medicamentos são parâme-
tros de primeiro nível, concebidos, entre outras
coisas, para estimular uma análise mais pro-
funda e detalhada em situações específicas e
orientar medidas subseqüentes 21, após identi-
ficação dos medicamentos prescritos, buscou-
se categorizá-los segundo potencial de risco
para o feto, utilizando-se a classificação do FDA.
Resultados
A grande maioria das mulheres envolvidas na
pesquisa era de regiões periféricas (94,1%) do
Município de Piracicaba. A idade variou de 13
a 43 anos, sendo a média de 23,4 anos, com des-
vio padrão de 5,9 anos e intervalo de confiança
entre 5,7 a 41,1 anos. Apenas 25,0% delas ti-
nham idade acima de 28 anos.
Em relação ao grau de escolaridade, 0,9%
eram analfabetas, 15,7% estudaram até a 4a sé-
rie do Ensino Fundamental e 50,8% até a 8a sé-
rie. Com ensino superior foram encontradas
apenas 0,9% das mulheres.
Considerando-se as 379 respostas obtidas,
a renda familiar média foi de 3,4 salários míni-
mos vigentes (aproximadamente 70 dólares men-
sais), com desvio padrão de 2,1, sendo que 75,0%
das gestantes tinham renda familiar inferior a
4,4 salários mínimos. A renda per capita por
domicílio correspondeu a 0,9 salário mínimo.
Em relação ao trimestre de gestação, 46,7%
das mulheres entrevistadas estavam no último
trimestre.
Após serem consultadas, 44,7% das gestan-
tes tiveram prescrição medicamentosa. O mai-
or número de prescrições medicamentosas
ocorreu em gestantes que estavam no segundo
trimestre de gestação (43,5%).
A Tabela 1 apresenta a classificação dos me-
dicamentos prescritos nas consultas de pré-
natal segundo os grupos e subgrupos farmaco-
lógicos definidos pela Relação Nacional de Me-
dicamentos Essenciais 23 e, dentro de cada gru-
po, os medicamentos mais freqüentes.
No primeiro trimestre de gestação os grupos
farmacológicos mais prescritos foram: medica-
mentos que atuam sobre o sistema hematopoiéti-
co – 37,5%; medicamentos que atuam sobre o sis-
tema digestivo – 26,1% e os antiinfecciosos – 18,2%.
Indicadores de prescrição (OMS):
indicadores de prescrição
Foram obtidos os seguintes valores:
• Número médio de medicamentos por con-
sulta: 0,6;
• Porcentagem de medicamentos prescritos
pelo nome genérico: 49,4%;
• Porcentagem de consultas em que foram
prescritos antibióticos: 5,6%;
• Porcentagem de consultas em que foram
prescritos medicamentos injetáveis: 0,7%;
• Porcentagem de medicamentos prescritos
que constavam na lista de medicamentos pa-
dronizados pelo município: 53,5%.
Classificação dos medicamentos prescritos
nas categorias de risco ao feto (FDA)
Na Tabela 2 estão apresentadas as freqüências
dos medicamentos prescritos segundo a classi-
ficação do FDA, seguida dos três medicamen-
tos mais prescritos dentro de cada uma delas.
Discussão
Após passarem pela consulta médica de pré-na-
tal, 44,7% das mulheres receberam prescrição
medicamentosa, sendo que o maior número de
prescrições (43,5%) ocorreu para aquelas que
estavam no segundo trimestre de gestação. Nos
artigos consultados não foram encontrados pa-
râmetros para inferir sobre a qualificação destes
valores. Entretanto, discutir prescrições é aspec-
to fundamental para buscar uma utilização ra-
cional de medicamentos. Segundo a OMS 24, os
dados disponíveis mostram que de uma forma
geral o pessoal médico e outros profissionais
que formulam prescrições estão muito distan-
tes de utilizar os medicamentos racionalmen-
te. Na realidade, a prescrição medicamentosa
constitui-se em uma prática definida em um
contexto maior e mais complexo, que é o pro-
cesso saúde – doença como um todo, refletindo
as concepções existentes na comunidade na
qual está inserida. Acredita-se então, que atra-
vés da análise das prescrições alguns aspectos
interferentes possam ser explicitados e a partir
daí proporem-se medidas de intervenção.
De acordo com os dados obtidos, os grupos
farmacológicos mais prescritos foram: medica-
mentos que atuam sobre o sistema hematopoi-
ético – 34,9%; antiinfecciosos – 21,2%; e os que
atuam sobre o sistema digestivo – 15,6%. Tais
informações são compatíveis com outros arti-
gos consultados. O interessante é que não hou-
ve variabilidade destes grupos em função do
trimestre de gestação.
Em relação aos medicamentos que atuam
sobre o sistema hematopoiético, os produtos
tinham como princípio ativo: sulfato ferroso
(monodroga), compostos de ferro associados a
suplementos vitamínicos, ácido fólico (mono-
Carmo TA, Nitrini SMOO1008
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
Tabela 1
Medicamentos, por nome genérico, prescritos em consultas de pré-natal (SUS) segundo grupo farmacológico
(Relação Nacional de Medicamentos Essenciais). Piracicaba, São Paulo, Brasil, 2001.
Grupo farmacológico Medicamento Freqüência %
Analgésicos e medicamentos antienxaquecas
Analgésicos não opióides Dipirona* 1 0,4
Paracetamol 17 6,3
Antiinflamatórios e antigotosos
Antiinflamatórios não esteróides Indometacina 1 0,4
Diclofenaco de sódio 1 0,4
Antiinflamatórios esteróides Triancinolona 1 0,4
Hidrocortisona* 1 0,4
Antiinfecciosos
Antibióticos Amoxacilina 1 0,4
Ampicilina 6 2,2
Benzil penicilina benzatina 1 0,4
Cefalexina 14 5,2
Tetraciclina* 1 0,4
Nitrofurantoína 3 1,1
Nistatina 16 5,9
Cetoconazol* 2 0,7
Antifúngicos Tinidazol* 3 1,1
Isoconazol 2 0,7
Terconazol 1 0,4
Antiparasitários Metronidazol 4 1,5
Espiramicina 2 0,7
Anti-sépticos e desinfetantes Cetilpiridínio 1 0,4
Imuno-moduladores e imunoterápicos
Vacina e toxóides Vacina dupla-adulta 2 0,7
Nutrientes
Nutrição e reposição hídrica parental Glicose 25% 1 0,4
Vitaminas e sais minerais Vitamina A* 7 2,6
Vitamina C 1 0,4
Vitamina C* 3 1,1
Cálcio 1 0,4
Vitamina B6* 7 2,6
Medicamentos que atuam sobre
o sistema cardiovascular
Antihipertensivos Metildopa 3 1,1
Dermatológicos
Medicamentos antipruriginosos
e antiinflamatórios tópicos Lisozima 1 0,4
Ácido mucopolissacárido- 1 0,4
polissulfúrico
Medicamentos que atuam sobre
o sistema respiratório
Anti-asmáticos Fenilefrina* 2 0,7
Etafedrina* 1 0,4
Antitussígenos e fluidificantes Ambroxol 2 0,7
Bromexina 2 0,7
Iodeto de potássio* 3 1,1
Medicamentos que atuam sobre o sistema endócrino
reprodutor e produtos farmacêuticos correlatos
Medicamentos que atuam na motilidade uterina Hesperidina* 8 3,0
Isoxsuprina 1 0,4
(continua)
PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1009
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
droga) e ácido fólico associado em suplemen-
tos vitamínicos.
Quanto ao uso de sais de ferro na gestação,
percebe-se se trata de uma intervenção de roti-
na 2,7. Entretanto, Mengue et al. 7 ressaltam que
as evidências que sustentam esta conduta são
fracas e os benefícios do tratamento não são
claramente definidos.
A favor da prescrição de suplementos de
ferro, está a recomendação da OMS de que de-
vido às altas taxas de anemia nos países de ter-
ceiro mundo, deve-se ministrar tais medica-
mentos a todas as mulheres nos últimos quatro
a cinco meses de gravidez 25.
Entretanto, contra a prescrição de suple-
mentos de ferro de maneira generalizada, está o
fato de que somente 5,0 a 10,0% do ferro ingeri-
do é absorvido em condições normais. O orga-
nismo humano só absorve ferro em proporções
maiores (25,0%) em situações de deficiência 9.
Deste modo, a ingestão diária através da dieta é
geralmente suficiente para manter os níveis
adequados de ferro no organismo, justificando-
se a utilização de medicamentos com ferro so-
mente em casos de anemia diagnosticada 25.
Além disto, devido à má absorção do sal, as
preparações de ferro freqüentemente podem
causar alterações gastrointestinais 25,26 e exis-
tem trabalhos sugerindo propriedades terato-
gênicas quando da sua ingestão no primeiro
trimestre de gravidez 25,27.
Considerando como dose profilática 25 a
30mg de ferro elementar/dia 9,28, vale destacar
que nas prescrições analisadas 94,8% dos me-
dicamentos com ferro estavam em concentra-
ções acima da dose recomendada, embora ain-
da dentro da faixa terapêutica (180mg/dia). Es-
ta informação é importante porque se sabe que
os efeitos adversos do ferro oral são geralmen-
te dose-dependente e a dose tóxica é muito
próxima da dose terapêutica 9. Estes dados su-
gerem um uso inadequado dos suplementos de
ferro, sujeitando as gestantes e seus fetos a efei-
tos adversos desnecessário.
Em relação ao ácido fólico, vitamina hidros-
solúvel do complexo B, sabe-se que a deficiên-
cia materna ou a utilização de medicamentos
antagonistas do seu metabolismo no período
periconcepcional (de um a dois meses antes do
último período menstrual) estão associados a
um aumento do risco de defeitos no tubo neu-
ral (DTN) 29,30.
Nesta perspectiva, Werler et al. 30 descre-
vem estudo caso-controle, onde os resultados
obtidos sugerem que uma suplementação diá-
ria de 0,4mg entre os dois meses antes da con-
Tabela 1 (continuação)
Grupo farmacológico Medicamento Freqüência %
Medicamentos que atuam sobre
o sistema hemocitopoiético
Antianêmicos Ácido fólico 5 1,8
Ácido fólico* 2 0,7
Sulfato ferroso 60 22,3
Ferro* 27 10,0
Medicamentos que atuam sobre
o sistema digestivo
Antiulcerosos Cimetidina 2 0,7
Antiácidos Hidróxido de Alumínio * 11 4,1
Hidróxido de Alumínio 3 1,1
Antieméticos e agentes pró-cinéticos Metoclopromida 2 0,7
Dimenidrato 2 0,7
Bromoprida 3 1,1
Antidiarréicos sintomáticos
Antiespasmódicos e correlatos Hioscina 18 6,7
Laxativos Bisacodil 1 0,4
Outros (medicamentos que não se enquadram
em nenhum grupo)
Dexpantenol 1 0,4
Dimeticona 1 0,4
Nafazolina* 2 0,7
Passiflora* 1 0,4
Total 269 100,0
* em associação com outras substâncias.
Carmo TA, Nitrini SMOO1010
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
cepção e o início da gestação reduz os riscos de
má-formação, entre elas a ocorrência de espi-
nha bífida, defeito nos lábios e no palato, má-
formação do coração, membros, trato urinário
e cérebro.
De fato, o relato do uso de ácido fólico por
gestantes é comum tanto nos artigos consulta-
dos quanto foi no presente trabalho. Entretan-
to, assim como em relação aos suplementos de
ferro, o que chama a atenção é a concentração
dos medicamentos utilizados. Considerando
como dose recomendada uma suplementação
diária de 0,4mg de ácido fólico no período pe-
rinatal e até a décima segunda semana de gra-
videz 25, do total de prescrições 47,9% estavam
acima da dose diária recomendada. Vale ressal-
tar que até a concentração de 0,8mg/dia, o áci-
do fólico é considerado categoria A de risco ao
feto. Acima disto passa a ser categoria C 31. Ou-
tro aspecto a ser destacado é a prescrição de áci-
do fólico para mulheres no segundo e no terceiro
trimestre de gravidez, quando já não ocorre seu
efeito protetor contra má-formação congênita.
Levando-se em consideração que os suple-
mentos de ácido fólico também podem causar
efeitos colaterais tais como: choque anafiláti-
co, prurido, erupção na pele, estreitamento dos
brônquios e mal estar 32, os dados obtidos su-
gerem a necessidade de adequação de quase
metade das prescrições na busca de minimizar
os problemas decorrentes da utilização de tais
medicamentos.
Quanto à utilização do sulfato ferroso e do
ácido fólico em associação a outras vitaminas,
os resultados são bastante controversos. Segun-
do Chetley 25, não há justificativa para o uso de
tais medicamentos. Por outro lado, Scholl et al.
33 relatam estudo realizado nos Estados Uni-
dos, com mulheres de baixa renda, onde a in-
gestão de multivitamínicos contribuiu para um
ganho de peso adequado das gestantes e uma
diminuição de partos prematuros.
Diniz 34 ressalta que a deficiência de Vita-
mina A é também um dos mais importantes
problemas nutricionais dos países em desen-
volvimento. E parece estar relacionada com o
aparecimento de má-formação congênita. En-
tretanto, destaca que altas doses de Vitamina A
podem ser teratogênicas, principalmente quan-
do administradas no início da gravidez. Por is-
Tabela 2
Distribuição dos medicamentos prescritos em consultas de pré-natal (SUS), segundo categorias de risco ao feto
(FDA), e os três mais freqüentes (por nome genérico) dentro de cada categoria. Piracicaba, São Paulo, Brasil, 2001.
Categorias Freqüência % Medicamentos Freqüência %
A 96 35,7 Sulfato ferroso 60 62,5
Ferro (assoc.) 27 23,1
Vitamina A (assoc.) 3 3,1
B 74 27,5 Paracetamol 17 23,9
Nistatina 16 22,5
Cefalexina 14 19,7
C 70 26,0 Hioscina 18 25,1
Hidróxido de alumínio (assoc.) 11 15,7
Vitamina B6* 7 10,0
D 5 1,5 Iodeto de potássio (assoc.) 3 60,0
Tetraciclina (assoc.) 1 20,0
Indometacina** 1 20,0
E 4 1,5 Vitamina A (assoc.) (acima de 3.000UI) 4 100,0
Sem informações 20 7,3 Hesperidina (assoc.) 8 40,0
Bromoprida 3 15,0
Ambroxol 2 10,0
Isoconazol 2 10,0
* classificação dependente da dose;
** quando utilizado no terceiro trimestre de gestação.
PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1011
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
so a suplementação indiscriminada não é re-
comendada.
De fato, doses acima de 10 mil UI de Vita-
mina A diárias são consideradas categoria X de
risco ao feto 31, ou seja, possuem teratogenici-
dade confirmada e não devem ser usadas na
gestação. Berglund et al. 4 citam a associação de
má-formação óssea e craniana em crianças a
doses excessivas da Vitamina A e seus derivados.
Em relação à classificação dos medicamen-
tos pelo risco ao feto, sugere-se que cerca de
40,0% dos medicamentos prescritos às gestan-
tes foram de medicamentos cuja segurança de
uso na gravidez pode ser questionada, pois co-
loca em risco a formação das futuras crianças.
O mais grave, porém, foi a prescrição de medi-
camentos sabidamente teratogênicos.
Quanto aos resultados obtidos para os indi-
cadores é importante salientar que, segundo
Hogerzeil et al. 35, para três deles é muito difícil
definir valores ótimos. São os seguintes: o nú-
mero médio de medicamentos por consulta,
porcentagem de consultas em que se prescre-
vem antibióticos e porcentagem de consultas
em que se prescrevem injetáveis. Isto ocorre
porque tais indicadores sofrem influência de
diferentes fatores fortemente dependentes de
características regionais e locais (perfil de mor-
bidade, características dos serviços de saúde,
existência de lista de medicamentos padroni-
zados, entre outros) 36.
Por outro lado, para os indicadores que me-
dem a porcentagem de medicamentos prescri-
tos pelo nome genérico e a porcentagem dos
medicamentos prescritos que constam da lista
de medicamentos padronizados, os valores são
óbvios: eles devem ser o mais alto possível, con-
siderando-se que:
• Se existe uma lista de medicamentos pa-
dronizados, de medicamentos essenciais àque-
la localidade ou serviço, ela deve ser seguida, a
menos que não reflita as demandas existentes
(nestes casos valores baixos podem indicar ne-
cessidade de sua revisão);
• A prescrição por nome genérico faz parte
das estratégias da OMS para se aumentar o
acesso da população ao medicamento e pro-
mover a utilização racional dos mesmos 24.
Sendo assim, os três indicadores abaixo não
podem ser avaliados em relação a sua adequa-
ção, mas devem ser analisados dentro de um
contexto:
• Número médio de medicamentos por con-
sulta: 0,6;
• Porcentagem de consultas em que se pres-
creveram antibióticos: 5,6%;
• Porcentagem de consultas em que se pres-
creveram injetáveis: 0,7%.
A princípio parecem valores baixos se com-
parados com os relatados em outros trabalhos,
entretanto, frente à observação de que cerca de
77,0% das prescrições avaliadas apresentavam
algum tipo de problema (risco potencial ao fe-
to e ou dose ou posologia inadequadas) consti-
tuem-se apenas em dados descritivos não de-
vendo ser agregados a nenhum juízo de valor.
Quanto aos demais indicadores (porcenta-
gem de medicamentos prescritos pelo nome
genérico e porcentagem de medicamentos pres-
critos constantes da LMP), pode-se dizer que
os valores encontrados são baixos, sugerindo a
necessidade de discussão das práticas de pres-
crição. Primeiro, porque, a partir deles, parece
haver desconhecimento da legislação por par-
te dos prescritores: a metade dos medicamen-
tos prescritos não estava grafada pelo nome
genérico. Segundo, porque estes dados revelam
a não adesão dos profissionais às políticas na-
cional e local de medicamentos e conseqüen-
temente à Política de Saúde. E, por outro lado,
a alta prescrição de medicamentos não-padro-
nizados, sugere a necessidade de revisão da
LMP e talvez sua adequação.
Conclusão
Considerando-se os resultados obtidos, suge-
re-se uma existência de um padrão de prescri-
ção na gestação que merece ser discutido vi-
sando à minimização de riscos efeitos adversos
desnecessários, que pode comprometer os re-
sultados do atendimento de pré-natal oferecido.
Recomenda-se, então, que medidas de in-
tervenção sejam tomadas promovendo uma
utilização racional dos medicamentos e dos re-
cursos disponíveis, tais como: um programa de
conscientização dos prescritores sobre a im-
portância da prescrição por nome genérico,
tanto em relação à questão legal, quanto em
relação à otimização do seu trabalho e dos ser-
viços de saúde que integra; discussão e, se ne-
cessário, revisão da LMP; divulgação da LMP
existente; estímulo à educação continuada dos
profissionais de saúde envolvidos com o pré-
natal, visando uma melhoria da qualidade das
prescrições e conseqüentemente da atenção à
gestante e, principalmente, discussões com to-
dos os sujeitos do processo sobre a concepção
de saúde-doença que norteia as práticas do
serviço e da comunidade, visando resgatar a
representação da gestação como um processo
fisiológico normal, que exige cuidados, mas
que não é patológico e, portanto, não implica
necessariamente em intervenções curativas,
entre elas a prescrição de medicamentos.
Carmo TA, Nitrini SMOO1012
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
Colaboradores
T. A. Carmo escreveu o artigo e S. M. O. O. Nitrini con-
tribuiu na revisão do manuscrito.
Resumo
A utilização de medicamentos por gestantes deve ser
considerada um problema de saúde pública, pois exis-
tem inúmeras lacunas sobre suas conseqüências ao fe-
to e à gestante. Os estudos farmacoepidemiológicos
podem contribuir para minimizar os riscos inerentes à
terapia medicamentosa, traçando um perfil do consu-
mo de medicamentos na gestação, propiciando uma
avaliação do serviço e apontando medidas de inter-
venção. O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil
de prescrição de medicamentos em gestantes usuárias
do SUS de Piracicaba, São Paulo, Brasil, utilizando-se
os indicadores de prescrição recomendados pela Orga-
nização Mundial da Saúde e a classificação de medi-
camentos segundo risco ao feto do Food and Drug Ad-
ministration. Encontrou-se que, na consulta de pré-
natal, 44,7% das mulheres receberam prescrição medi-
camentosa, sendo o grupo de medicamento mais pres-
crito aquele que atua sobre o sistema hematopoiético
(34,9%). Do total, 26,0% dos medicamentos foram in-
cluídos na categoria C de risco ao feto; 1,5% na catego-
ria D e 1,5% na categoria E. Estes dados sugerem uma
medicalização da gestação e a necessidade de medidas
de intervenção para uma utilização racional dos me-
dicamentos no pré-natal.
Medicamentos; Mulheres Grávidas; Prescrição de Me-
dicamentos
Referências
1. Mellin GW, Katzenstein M. The saga of Thalido-
mide (conclude): neuropathy to embryopathy,
with case reports of congenital anomalies. N Eng
J Med 1962; 267:1238-44.
2. Collaborative Group on Drug Use in Pregnancy.
Medication during pregnancy: a intercontinental
cooperative study. Int J Gynaecol Obstet 1992;
39:185-96.
3. Forfar JO, Nelson MM. Epidemiology of drugs
taken by pregnant women: drugs that may affect
the fetus adversely. Clin Pharmacol Ther 1990;
14:632-42.
4. Berglund F, Frodh H, Lundborg P, Prame B, San-
nerstedt R. Drug use during pregnancy and
breast-feeding. Acta Obstet Gynecol Scand Suppl
1984; 126:1-55.
5. Fundo das Nações Unidas para a Infância. A pres-
crição: diretrizes para a utilização racional de me-
dicamentos nos serviços básicos de saúde. São
Paulo: Fundo das Nações Unidas para a Infância/
Universidade de São Paulo; 1992.
6. Meadows M. Pregnancy and the drug dilemma.
FDA Consumer [serial online] 2001; http://www.
fda.gov.fdac/feature/2001/301-preg.html (aces-
sado em16/Jan/2002).
7. Mengue SS, Schenkel EP, Duncan BB, Schmidt
MI. Uso de medicamentos por gestantes em seis
cidades brasileiras. Rev Saúde Pública 2001; 35:
415-20.
8. Niebyl JR. Uso de drogas na gravidez. 2a Ed. São
Paulo: Livraria Roca; 1989.
9. Fuchs FD, Wannmacher L. Farmacologia clínica:
fundamentos da terapêutica racional. 2a Ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998.
10. Boobis AR, Lewis P. Drugs in pregnancy: altered
pharmacokinetics. Br J Hosp Med 1982; 28:566-
73.
11. Piper JM, Baum C, Kennedy DL. Prescription drug
use before and during pregnancy in a Medicaid
population. Am J Obstet Gynecol 1987; 157:148-56.
12. Fonseca MRCC. Uso de medicamentos na gravi-
dez: uma abordagem farmacoepidemiológica
[Dissertação de Mestrado]. Campinas: Universi-
dade Estadual de Campinas; 1998.
13. Gomes KRO, Moron AF, Silva R, Siqueira AA.
Prevalência do uso de medicamentos na gravidez
e relações com as características maternas. Rev
Saúde Pública 1999; 33:246-54.
14. Barros JAC. Pensando o processo saúde doença: a
que responde o modelo biomédico? Saúde Soc
2002; 11:67-84.
15. Castro CGSO. Estudos farmacoepidemiológicos:
perspectiva para a racionalidade terapêutica pe-
diátrica e perinatal. Boletim da Sobravime 1998;
30:13-5.
16. Strom BL. What is pharmacoepidemiology? In:
Strom BL, editor. Pharmacoepidemiology. 2nd Ed.
New York: John Wiley & Sons; 1994. p. 3-11.
17. Lee D, Bergman U. Studies of drug utilization. In:
Strom BL, editor. Pharmacoepidemiology. 2nd Ed.
New York: John Wiley & Sons; 1994. p. 379-93.
18. Hogerzeill HV. Promoting rational prescribing: an
international perspective. Br J Clin Pharmacol
1995; 39:1-6.
PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1013
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004
19. Organización Mundial de la Salud. Investigación
del uso de los medicamentos. Boletín de Medica-
mentos Esenciales 1993; 14:1.
20. Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiologia
& saúde. 5a Ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1999.
21. Organización Mundial de la Salud. Como investi-
gar el uso de medicamentos en los serviços de
salud. Geneva: Organización Mundial de la Salud;
1993.
22. Ministério da Saúde. Portaria no 1.179 de 17 de
junho de 1996. Aprova as denominações comuns
brasileiras, DCB. http:www.saude.gov.br (aces-
sado em 16/Jan/2002).
23. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medi-
camentos Essenciais: RENAME – 2000. Brasília:
Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério da
Saúde; 2000.
24. Organización Mundial de la Salud. Uso racional
de los medicamentos. London: Organización
Mundial de la Salud; 1986.
25. Chetley A. Medicamentos problema. 2a Ed. Lima:
Acción Internacional para la Salud América Lati-
na y el Caribe; 1995.
26. Lopes MCS, Ferreira LOC, Batista Filho M. Uso
diário e semanal de sulfato ferroso no tratamento
de anemia em mulheres no período reprodutivo.
Cad Saúde Pública 1999; 15:799-808.
27. Freire WB. La anemia por deficiencia de hierro:
estrategias de la OPS/OMS para combatila. Salud
Publica Mex 1998; 40:199-205.
28. Zanini AC, Oga S. Guia de medicamentos/Grupo
de Trabalho Zanini – Oga. 2a Ed. São Roque: IPEX
Editora; 1997.
29. King PB, Lie RT, Irgens LM. Spina bifida and cleft
lip among newborns of Norwegian women with
epilepsy: changes related to the use of anticon-
vulsants. Am J Public Health 1996; 86:1454-6.
30. Werler MM, Hayes C, Lovik C, Shapiro S, Mitchell
AA. Multivitamin supplementation and risk of
birth defects. Am J Epidemiol 1999; 150:675-82.
31. Briggs GG, Freeman RK, Yaffe SJ. Drogas na
gravidez e na lactação. 2a Ed. São Paulo: Livraria
Roca Ltda; 1987.
32. BPR Guia de remédios. São Paulo: BPR – Consul-
toria, Projetos e Comércio Ltda; 1999.
33. School TO, Hediger ML, Bendich A, Schall JI,
Smith WK, Krueger PM. Use of multivitamin min-
eral prenatal supplements influence on the out-
come of pregnancy. Am J Epidemiol 1997; 146:
134-41.
34. Diniz AS. Combate à deficiência de vitamina A:
linhas de ação e perspectiva. Rev Bras Saúde
Matern Infant 2002; 1:31-6.
35. Hogerzeil HV, Bimo, Ross-Degnan D, Laing RO,
Ofori-Adjei D, Santoso B, et al. Field tests for ra-
tional drug use in twelve developing countries.
Lancet 1993; 342:1408-10.
36. Santos V. Indicadores selecionados do uso de
medicamentos – OMS, no município de Ribeirão
Preto – SP [Tese de Doutorado]. São Paulo: Facul-
dade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo; 1999.
Recebido em 25/Abr/2003
Versão final reapresentada em 05/Jan/2004
Aprovado em 09/Mar/2004

More Related Content

What's hot

Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãOAleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
Biblioteca Virtual
 
Seminário química orgânica
Seminário química orgânicaSeminário química orgânica
Seminário química orgânica
Cristina Monteiro
 
13 30 Lorenzo Bandeira Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
13 30 Lorenzo Bandeira   Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...13 30 Lorenzo Bandeira   Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
13 30 Lorenzo Bandeira Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
Jose Eduardo
 
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
Cassyano Correr
 
Assistencia farmaceutica
Assistencia farmaceuticaAssistencia farmaceutica
Assistencia farmaceutica
jlpgemeinder
 
Experiências em Farmácia Clínica
Experiências  em Farmácia ClínicaExperiências  em Farmácia Clínica
Experiências em Farmácia Clínica
Sandra Brassica
 
Estudos De Utilização De Medicamentos
Estudos De Utilização De MedicamentosEstudos De Utilização De Medicamentos
Estudos De Utilização De Medicamentos
sbrassica
 
Farmacoepidemiologia Basica
Farmacoepidemiologia BasicaFarmacoepidemiologia Basica
Farmacoepidemiologia Basica
Safia Naser
 
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
JOFARUFPR
 

What's hot (20)

Farmácia clínica
Farmácia clínicaFarmácia clínica
Farmácia clínica
 
Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãOAleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
Aleitamento Materno E Uso De Medicamentos Durante A LactaçãO
 
Seminário química orgânica
Seminário química orgânicaSeminário química orgânica
Seminário química orgânica
 
13 30 Lorenzo Bandeira Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
13 30 Lorenzo Bandeira   Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...13 30 Lorenzo Bandeira   Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
13 30 Lorenzo Bandeira Cuidado Farmac%E Autico A Pacientes Hipertensos E Di...
 
O que são transtornos menores?
O que são transtornos menores?O que são transtornos menores?
O que são transtornos menores?
 
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
Efeitos da atenção farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 2 em farmácia ...
 
Assistencia farmaceutica
Assistencia farmaceuticaAssistencia farmaceutica
Assistencia farmaceutica
 
Farmacos com llemt
Farmacos com llemtFarmacos com llemt
Farmacos com llemt
 
Experiências em Farmácia Clínica
Experiências  em Farmácia ClínicaExperiências  em Farmácia Clínica
Experiências em Farmácia Clínica
 
Farmacoterapia baseada em evidências: Uma abordagem sobre os processos da far...
Farmacoterapia baseada em evidências: Uma abordagem sobre os processos da far...Farmacoterapia baseada em evidências: Uma abordagem sobre os processos da far...
Farmacoterapia baseada em evidências: Uma abordagem sobre os processos da far...
 
Estudos De Utilização De Medicamentos
Estudos De Utilização De MedicamentosEstudos De Utilização De Medicamentos
Estudos De Utilização De Medicamentos
 
Assistência farmacêutica HAB/SES/DF 2015
Assistência farmacêutica HAB/SES/DF   2015Assistência farmacêutica HAB/SES/DF   2015
Assistência farmacêutica HAB/SES/DF 2015
 
Medicamentos e amamentação
Medicamentos e amamentaçãoMedicamentos e amamentação
Medicamentos e amamentação
 
Farmacoepidemiologia Basica
Farmacoepidemiologia BasicaFarmacoepidemiologia Basica
Farmacoepidemiologia Basica
 
Interacoes medicamentosas
Interacoes medicamentosasInteracoes medicamentosas
Interacoes medicamentosas
 
Projeto Piloto de Cuidado Farmacêutica na Atenção Básica em Curitiba- Aprese...
Projeto Piloto de Cuidado  Farmacêutica na Atenção Básica em Curitiba- Aprese...Projeto Piloto de Cuidado  Farmacêutica na Atenção Básica em Curitiba- Aprese...
Projeto Piloto de Cuidado Farmacêutica na Atenção Básica em Curitiba- Aprese...
 
Âmbito Farmacêutico: Atividades que o farmacêutico pode desenvolver
Âmbito Farmacêutico: Atividades que o farmacêutico pode desenvolverÂmbito Farmacêutico: Atividades que o farmacêutico pode desenvolver
Âmbito Farmacêutico: Atividades que o farmacêutico pode desenvolver
 
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
Palestra 8 - "Reconciliação medicamentosa: Um serviço clínico"
 
Gestao clinica de medicamentos na atenção primária a saude cassyano correr ufpr
Gestao clinica de medicamentos na atenção primária a saude cassyano correr ufprGestao clinica de medicamentos na atenção primária a saude cassyano correr ufpr
Gestao clinica de medicamentos na atenção primária a saude cassyano correr ufpr
 
Gestão Clínica de Medicamentos na Atenção Primária à Saúde
Gestão Clínica de Medicamentos na Atenção Primária à SaúdeGestão Clínica de Medicamentos na Atenção Primária à Saúde
Gestão Clínica de Medicamentos na Atenção Primária à Saúde
 

Similar to Prescricoes de-medicamentos-para-gestantes

praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdfpraticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
MarcioCruz62
 
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
Biblioteca Virtual
 
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de FarmáciaAnais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
Instituto Racine
 
Farmacoterapia pediátrica e neonatal
Farmacoterapia pediátrica e neonatalFarmacoterapia pediátrica e neonatal
Farmacoterapia pediátrica e neonatal
Sandra Brassica
 
Artigo avaliação do consumo de ce
Artigo   avaliação do consumo de ceArtigo   avaliação do consumo de ce
Artigo avaliação do consumo de ce
Roberto Taffarel
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
Biblioteca Virtual
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
Biblioteca Virtual
 
41 artigo5
41 artigo541 artigo5
41 artigo5
itesoto
 
Erros de Medicação - Marcelo Polacow
Erros de Medicação - Marcelo PolacowErros de Medicação - Marcelo Polacow
Erros de Medicação - Marcelo Polacow
Marcelo Polacow Bisson
 
Riscos Novas Tecnologias Saúde
Riscos Novas Tecnologias SaúdeRiscos Novas Tecnologias Saúde
Riscos Novas Tecnologias Saúde
Isabella Oliveira
 

Similar to Prescricoes de-medicamentos-para-gestantes (20)

Uso de medicamentos durante a gravidez
Uso de medicamentos durante a gravidezUso de medicamentos durante a gravidez
Uso de medicamentos durante a gravidez
 
Atenção farmacêutica a grupos de risco
Atenção farmacêutica a grupos de riscoAtenção farmacêutica a grupos de risco
Atenção farmacêutica a grupos de risco
 
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR GESTANTES. UMA REVISÃO
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR GESTANTES. UMA REVISÃOPRINCIPAIS MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR GESTANTES. UMA REVISÃO
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR GESTANTES. UMA REVISÃO
 
Praticas-Seguras-na-Dispensacao-de-Medicamentos.pptx
Praticas-Seguras-na-Dispensacao-de-Medicamentos.pptxPraticas-Seguras-na-Dispensacao-de-Medicamentos.pptx
Praticas-Seguras-na-Dispensacao-de-Medicamentos.pptx
 
praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdfpraticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
praticas-seguras-na-dispensacao-de-medicamentos-230630180632-43dcaa83.pdf
 
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
Medicamentos E AmamentaçãO AtualizaçãO E RevisãO Aplicadas à ClíNica Materno ...
 
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de FarmáciaAnais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
Anais da 20ª Semana Racine - Congresso de Farmácia
 
Apostila md farmacoepidemiologia
Apostila md   farmacoepidemiologiaApostila md   farmacoepidemiologia
Apostila md farmacoepidemiologia
 
Introdução à Atenção Farmacêutica
Introdução à Atenção FarmacêuticaIntrodução à Atenção Farmacêutica
Introdução à Atenção Farmacêutica
 
Farmacoterapia pediátrica e neonatal
Farmacoterapia pediátrica e neonatalFarmacoterapia pediátrica e neonatal
Farmacoterapia pediátrica e neonatal
 
Artigo avaliação do consumo de ce
Artigo   avaliação do consumo de ceArtigo   avaliação do consumo de ce
Artigo avaliação do consumo de ce
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
 
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
AmamentaçãO E Uso De AntiinflamatóRios NãO EsteróIdes Pela Nutriz InformaçõEs...
 
Urm lenita wannmacher
Urm   lenita wannmacherUrm   lenita wannmacher
Urm lenita wannmacher
 
41 artigo5
41 artigo541 artigo5
41 artigo5
 
Programa multidisciplinar de atenção farmacêutica
Programa multidisciplinar de atenção farmacêuticaPrograma multidisciplinar de atenção farmacêutica
Programa multidisciplinar de atenção farmacêutica
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Erros de Medicação - Marcelo Polacow
Erros de Medicação - Marcelo PolacowErros de Medicação - Marcelo Polacow
Erros de Medicação - Marcelo Polacow
 
Riscos Novas Tecnologias Saúde
Riscos Novas Tecnologias SaúdeRiscos Novas Tecnologias Saúde
Riscos Novas Tecnologias Saúde
 
Congresso brasileiro auditoria quimioterapia oral_2013_pdf
Congresso brasileiro auditoria quimioterapia oral_2013_pdfCongresso brasileiro auditoria quimioterapia oral_2013_pdf
Congresso brasileiro auditoria quimioterapia oral_2013_pdf
 

Recently uploaded

8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
Leila Fortes
 

Recently uploaded (10)

Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdfENFERMAGEM - MÓDULO I -  HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
ENFERMAGEM - MÓDULO I - HISTORIA DA ENFERMAGEM, ETICA E LEGISLACAO.pptx.pdf
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 

Prescricoes de-medicamentos-para-gestantes

  • 1. ARTIGO ARTICLE1004 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 Prescrições de medicamentos para gestantes: um estudo farmacoepidemiológico Drug prescription for pregnant women: a pharmacoepidemiological study 1 Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, Brasil. 2 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Correspondência T. A. Carmo Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba. Rua Nuporanga 20, Piracicaba, SP 13420-252, Brasil. thacarmo@unimep.br Thais Adriana do Carmo 1 Sandra Maria O. O. Nitrini 2 Abstract Prescription drug use by pregnant women should be viewed as a public health issue, since there are numerous gaps in knowledge on the conse- quences for both the mother and the fetus. Phar- macoepidemiological studies can help mini- mize the inherent risks in drug treatment by es- tablishing a profile of drug consumption during pregnancy, providing an evaluation of this ser- vice, and identifying intervention measures. The purpose of this study was to establish a prescrip- tion profile for pregnant women treated under the National Health System (SUS) in Piracica- ba, São Paulo State, Brazil, using prescription indicators recommended by the World Health Organization and the U.S. Food and Drug Ad- ministration classification of medicines accord- ing to risk to the fetus. According to the current study, during prenatal consultations 44.7% of the women received drug prescriptions, and the most widely prescribed group of drugs were those acting on the hematopoietic system (34.9%). Of this total, 26.0% of the drugs were included in fetal risk category C, 1.5% in category D, and 1.5% in category E. These data point to the med- icalization of pregnancy and the need for inter- vention measures aimed at rational prescrip- tion drug use during the prenatal period. Drugs; Pregnant Women; Drug Prescriptions Introdução A utilização de medicamentos por gestantes e seus efeitos sobre o feto passou a ser objeto de grande preocupação após a tragédia da talido- mida ocorrida entre 1950 e 1960. Cerca de 10 mil crianças nascidas naquele período apre- sentaram focomelia, bem como outras altera- ções congênitas, associadas à utilização deste medicamento durante a gravidez 1. Esta catástrofe teve importante repercus- são internacional constituindo-se um alerta sobre a questão da segurança na utilização de novos fármacos, da importância de normas mais rigorosas em estudos clínicos antes da li- beração de medicamentos para o consumo e a necessidade de criação de órgãos de Farmaco- vigilância. Especificamente em relação à gravi- dez, provocou também decisivas mudanças nas atitudes e práticas relativas a prescrição 2,3. Acreditava-se até então, que a placenta funcionava como uma barreira, protegendo o feto de qualquer agressão farmacológica. Atu- almente sabe-se que a maioria dos fármacos contidos nos medicamentos utilizados por gestantes atravessa a placenta e atinge a cor- rente sangüínea do feto 4. Deve-se considerar então, que quando uma grávida ingere ou re- cebe qualquer medicamento dois organismos serão afetados, sendo que um deles (o feto) ainda não tem a mesma capacidade de meta- bolizar substâncias que a mãe, estando por-
  • 2. PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1005 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 tanto, mais sujeitos a efeitos negativos não es- perados 5. Meadows 6 observa que enquanto há certe- za do uso e segurança ao feto para alguns me- dicamentos, na maioria dos casos o conheci- mento é limitado, transformando a prescrição medicamentosa na gravidez num grande dile- ma que deve ser avaliado entre o médico e a paciente. Para a maioria dos medicamentos, o potencial teratogênico é desconhecido 7. Um agente pode ser considerado teratogê- nico quando produz uma alteração, maior ou menor, na morfologia e ou fisiologia normais do feto 8. Tais alterações, principalmente as má-formações congênitas, têm maior risco de acontecer quando o medicamento com poten- cial teratogênico é utilizado no primeiro trimes- tre de gravidez (período de diferenciação em- briológica). Nos outros períodos podem ocorrer danos fetais decorrentes de alterações na fisio- logia materna, efeitos farmacológicos sobre o feto e interferência no desenvolvimento fetal. Existem algumas classificações de medica- mentos conforme o risco associado ao seu uso durante a gravidez. A classificação adotada pe- lo Food and Drug Administration (FDA – Esta- dos Unidos) enquadra os medicamentos em cinco categorias 6,7: • Categoria A: medicamentos para os quais não foram constatados riscos para o feto em ensaios clínicos cientificamente desenhados e controlados; • Categoria B: medicamentos para os quais os estudos com animais de laboratório não de- monstraram risco fetal (mas não existem estu- dos adequados em humanos) e medicamentos cujos estudos com animais indicaram algum risco, mas que não foram comprovados em hu- manos em estudos devidamente controlados; • Categoria C: medicamentos para os quais os estudos em animais de laboratório revelaram efeitos adversos ao feto, mas não existem estu- dos adequados em humanos e medicamentos para os quais não existem estudos disponíveis; • Categoria D: medicamentos para os quais a experiência de uso durante a gravidez mostrou associação com o aparecimento de má-forma- ções, mas que a relação risco-benefício pode ser avaliada; • Categoria X: medicamentos associados com anormalidades fetais em estudos com ani- mais e em humanos e ou cuja relação risco-be- nefício contra indica seu uso na gravidez. Outro aspecto que deve ser observado quan- do se trata da utilização de medicamentos por mulheres grávidas é a provável alteração de ca- racterísticas farmacocinéticas dos medicamen- tos no período da gestação 9. Segundo dados da literatura internacional, pouco se sabe so- bre estas alterações 6,10. Entretanto, apesar de todos os riscos, o qua- dro que se apresenta atualmente é o da medi- calização da gestante, fenômeno relatado por diferentes autores, tanto em países europeus, Estados Unidos e Brasil 2,3,7,11,12,13, fruto, entre outros determinantes, da lógica de mercado inerente às práticas dos produtores de medica- mentos e, por outro lado, da hegemonia da vi- são mecanicista, biomédica e cartesiana do processo saúde-doença 14. Estudos de utilização de medicamentos Partindo do pressuposto que não há como abs- ter gestantes da utilização de medicamentos e, conseqüentemente, da exposição de seus fi- lhos aos riscos inerentes a uma terapia medi- camentosa, os estudos epidemiológicos, po- dem ser utilizados para protegê-los de riscos desnecessários 12,15. A incorporação dos métodos epidemiológi- cos para estudar e mensurar os eventos medi- camento-mediados que ocorrem nas popula- ções, começou a surgir há cerca de trinta anos e a partir daí a Farmacoepidemiologia, ciência constituída por duas grandes áreas: os estudos de eventos adversos ou benéficos decorrentes do uso de medicamentos através de estudos controlados e os Estudos de Utilização de Me- dicamentos (EUM) 16. Os EUM têm como objetivos identificar os sujeitos, os fatores interferentes e o modo como os medicamentos são utilizados nas populações. Tais objetivos são importantes para tomada de decisões não somente em relação aos medica- mentos, mas também sobre a cadeia de saúde de forma global, já que o uso de medicamentos se dá dentro de um contexto mais amplo 17. A Organização Mundial da Saúde (OMS), ba- seada nestes conceitos, desenvolveu, padroni- zou e testou um conjunto de indicadores bási- cos de utilização de medicamentos publicados em 1993. Tais indicadores são parâmetros alta- mente normatizados, objetivos, que não preci- sam ser adaptados a cada país ou a cada reali- dade e cujo emprego é recomendado para qual- quer estudo sobre o uso de medicamentos 18,19. É importante salientar que cada vez mais os EUM têm sido considerados como importante ferramenta para planejar e gerenciar os servi-
  • 3. Carmo TA, Nitrini SMOO1006 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 ços de Assistência Farmacêutica, nortear as políticas de medicamentos e subsidiar as polí- ticas de saúde. Isto porque os medicamentos ocupam atualmente um lugar importante nos sistemas de saúde, tanto no aspecto econômi- co, quanto nos aspectos técnicos (resolutivida- de dos serviços) e sociais (uso racional de me- dicamentos). Considerando os aspectos apresentados, este trabalho teve como objetivo a investigação das prescrições medicamentosas em gestantes usuárias de um Serviço Público de Saúde, utili- zando-se dos indicadores de prescrição preco- nizados pela OMS, da classificação dos medi- camentos prescritos nas categorias de risco ao feto segundo o FDA e de análise dos medica- mentos mais prescritos. Metodologia Este trabalho foi desenvolvido no Município de Piracicaba, São Paulo, Brasil, com gestantes usuárias de serviços de pré-natal de atenção primária, no período de janeiro a outubro de 2001. No total foram entrevistadas 427 mulhe- res (cerca de 5,6% do total de consultas de pré- natal realizadas no período), que faziam o acompanhamento de pré-natal em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e na maternidade da Santa Casa de Misericórdia (nesta última so- mente com gestantes encaminhadas pelo Sis- tema Único de Saúde – SUS – e matriculadas em UBS sem o serviço de pré-natal). Tratou-se, segundo Rouquayrol & Almeida Filho 20, de um estudo individuado – observa- cional – transversal (ou seccional), baseado em avaliações individuais. A partir dos objetivos traçados, optou-se, dentre os indicadores propostos pela OMS, por se construir apenas os indicadores de prescri- ção, entendendo-se que tais indicadores refle- tem o funcionamento da assistência à saúde em relação a diversos aspectos chaves relacio- nados à utilização de medicamentos, tais co- mo: grau de polimedicação, tendência de pres- crição por nome genérico, abuso de medica- mentos específicos (antibióticos e injetáveis) e porcentagem de adesão dos prescritores à lista de medicamentos considerados essenciais pe- lo município. Para tentar evitar qualquer viés metodoló- gico, não se entrevistou gestantes de risco ou em atendimento de urgência, mas apenas aque- las em consultas de rotina. Para definição do tamanho da amostra, par- tiu-se da hipótese de uma prevalência de 80% de utilização de pelo menos um medicamento por gestante 2,7,11,12,13 e uma margem de erro tolerá- vel de 5% (com um nível de confiança de 95%). Visando-se garantir também a recomenda- ções da OMS 21 de realização de trinta entrevis- tas por serviço de saúde, estabeleceu-se que nas unidades onde havia pré-natal seriam envolvi- das no mínimo trinta gestantes de cada uma. As demais seriam entrevistadas na maternidade. Para obtenção dos dados foi utilizado ques- tionário estruturado, aferido em pré-teste rea- lizado após análise e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pú- blica (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). As entrevistas foram realizadas antes e após a consulta médica. Os dados obtidos após a consulta foram destinados à construção dos indicadores de prescrição: 1. Número médio de medicamentos por con- sulta: média obtida dividindo-se o número to- tal de medicamentos prescritos pelo total de entrevistas realizadas. 2. Porcentagem de medicamentos prescritos por nome genérico (para nome genérico, consi- derou-se a Denominação Comum Brasileira 22: número de medicamentos % = prescritos pelo nome genérico x 100 número total de medicamentos receitados 3. Porcentagem de consultas em que se pres- creve antibióticos: número de consultas em que % = se receita um antibiótico x 100 número total de consultas envolvidas no estudo 4. Porcentagem de consultas em que se pres- creve um medicamento injetável (a única vaci- na mencionada – dupla adulta – não foi conta- bilizada como injetável): número de consultas em que % = se receita um injetáveis x 100 número total de consultas envolvidas no estudo 5. Porcentagem de medicamentos prescritos que figuram na lista de medicamentos essenci- ais (Lista de Medicamentos Padronizados – LMP – pelo município): número de medicamentos prescritos mencionados na lista de % = medicamentos essenciais x 100 número total de consultas envolvidas no estudo
  • 4. PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1007 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 Partindo-se do pressuposto de que os indi- cadores do uso de medicamentos são parâme- tros de primeiro nível, concebidos, entre outras coisas, para estimular uma análise mais pro- funda e detalhada em situações específicas e orientar medidas subseqüentes 21, após identi- ficação dos medicamentos prescritos, buscou- se categorizá-los segundo potencial de risco para o feto, utilizando-se a classificação do FDA. Resultados A grande maioria das mulheres envolvidas na pesquisa era de regiões periféricas (94,1%) do Município de Piracicaba. A idade variou de 13 a 43 anos, sendo a média de 23,4 anos, com des- vio padrão de 5,9 anos e intervalo de confiança entre 5,7 a 41,1 anos. Apenas 25,0% delas ti- nham idade acima de 28 anos. Em relação ao grau de escolaridade, 0,9% eram analfabetas, 15,7% estudaram até a 4a sé- rie do Ensino Fundamental e 50,8% até a 8a sé- rie. Com ensino superior foram encontradas apenas 0,9% das mulheres. Considerando-se as 379 respostas obtidas, a renda familiar média foi de 3,4 salários míni- mos vigentes (aproximadamente 70 dólares men- sais), com desvio padrão de 2,1, sendo que 75,0% das gestantes tinham renda familiar inferior a 4,4 salários mínimos. A renda per capita por domicílio correspondeu a 0,9 salário mínimo. Em relação ao trimestre de gestação, 46,7% das mulheres entrevistadas estavam no último trimestre. Após serem consultadas, 44,7% das gestan- tes tiveram prescrição medicamentosa. O mai- or número de prescrições medicamentosas ocorreu em gestantes que estavam no segundo trimestre de gestação (43,5%). A Tabela 1 apresenta a classificação dos me- dicamentos prescritos nas consultas de pré- natal segundo os grupos e subgrupos farmaco- lógicos definidos pela Relação Nacional de Me- dicamentos Essenciais 23 e, dentro de cada gru- po, os medicamentos mais freqüentes. No primeiro trimestre de gestação os grupos farmacológicos mais prescritos foram: medica- mentos que atuam sobre o sistema hematopoiéti- co – 37,5%; medicamentos que atuam sobre o sis- tema digestivo – 26,1% e os antiinfecciosos – 18,2%. Indicadores de prescrição (OMS): indicadores de prescrição Foram obtidos os seguintes valores: • Número médio de medicamentos por con- sulta: 0,6; • Porcentagem de medicamentos prescritos pelo nome genérico: 49,4%; • Porcentagem de consultas em que foram prescritos antibióticos: 5,6%; • Porcentagem de consultas em que foram prescritos medicamentos injetáveis: 0,7%; • Porcentagem de medicamentos prescritos que constavam na lista de medicamentos pa- dronizados pelo município: 53,5%. Classificação dos medicamentos prescritos nas categorias de risco ao feto (FDA) Na Tabela 2 estão apresentadas as freqüências dos medicamentos prescritos segundo a classi- ficação do FDA, seguida dos três medicamen- tos mais prescritos dentro de cada uma delas. Discussão Após passarem pela consulta médica de pré-na- tal, 44,7% das mulheres receberam prescrição medicamentosa, sendo que o maior número de prescrições (43,5%) ocorreu para aquelas que estavam no segundo trimestre de gestação. Nos artigos consultados não foram encontrados pa- râmetros para inferir sobre a qualificação destes valores. Entretanto, discutir prescrições é aspec- to fundamental para buscar uma utilização ra- cional de medicamentos. Segundo a OMS 24, os dados disponíveis mostram que de uma forma geral o pessoal médico e outros profissionais que formulam prescrições estão muito distan- tes de utilizar os medicamentos racionalmen- te. Na realidade, a prescrição medicamentosa constitui-se em uma prática definida em um contexto maior e mais complexo, que é o pro- cesso saúde – doença como um todo, refletindo as concepções existentes na comunidade na qual está inserida. Acredita-se então, que atra- vés da análise das prescrições alguns aspectos interferentes possam ser explicitados e a partir daí proporem-se medidas de intervenção. De acordo com os dados obtidos, os grupos farmacológicos mais prescritos foram: medica- mentos que atuam sobre o sistema hematopoi- ético – 34,9%; antiinfecciosos – 21,2%; e os que atuam sobre o sistema digestivo – 15,6%. Tais informações são compatíveis com outros arti- gos consultados. O interessante é que não hou- ve variabilidade destes grupos em função do trimestre de gestação. Em relação aos medicamentos que atuam sobre o sistema hematopoiético, os produtos tinham como princípio ativo: sulfato ferroso (monodroga), compostos de ferro associados a suplementos vitamínicos, ácido fólico (mono-
  • 5. Carmo TA, Nitrini SMOO1008 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 Tabela 1 Medicamentos, por nome genérico, prescritos em consultas de pré-natal (SUS) segundo grupo farmacológico (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais). Piracicaba, São Paulo, Brasil, 2001. Grupo farmacológico Medicamento Freqüência % Analgésicos e medicamentos antienxaquecas Analgésicos não opióides Dipirona* 1 0,4 Paracetamol 17 6,3 Antiinflamatórios e antigotosos Antiinflamatórios não esteróides Indometacina 1 0,4 Diclofenaco de sódio 1 0,4 Antiinflamatórios esteróides Triancinolona 1 0,4 Hidrocortisona* 1 0,4 Antiinfecciosos Antibióticos Amoxacilina 1 0,4 Ampicilina 6 2,2 Benzil penicilina benzatina 1 0,4 Cefalexina 14 5,2 Tetraciclina* 1 0,4 Nitrofurantoína 3 1,1 Nistatina 16 5,9 Cetoconazol* 2 0,7 Antifúngicos Tinidazol* 3 1,1 Isoconazol 2 0,7 Terconazol 1 0,4 Antiparasitários Metronidazol 4 1,5 Espiramicina 2 0,7 Anti-sépticos e desinfetantes Cetilpiridínio 1 0,4 Imuno-moduladores e imunoterápicos Vacina e toxóides Vacina dupla-adulta 2 0,7 Nutrientes Nutrição e reposição hídrica parental Glicose 25% 1 0,4 Vitaminas e sais minerais Vitamina A* 7 2,6 Vitamina C 1 0,4 Vitamina C* 3 1,1 Cálcio 1 0,4 Vitamina B6* 7 2,6 Medicamentos que atuam sobre o sistema cardiovascular Antihipertensivos Metildopa 3 1,1 Dermatológicos Medicamentos antipruriginosos e antiinflamatórios tópicos Lisozima 1 0,4 Ácido mucopolissacárido- 1 0,4 polissulfúrico Medicamentos que atuam sobre o sistema respiratório Anti-asmáticos Fenilefrina* 2 0,7 Etafedrina* 1 0,4 Antitussígenos e fluidificantes Ambroxol 2 0,7 Bromexina 2 0,7 Iodeto de potássio* 3 1,1 Medicamentos que atuam sobre o sistema endócrino reprodutor e produtos farmacêuticos correlatos Medicamentos que atuam na motilidade uterina Hesperidina* 8 3,0 Isoxsuprina 1 0,4 (continua)
  • 6. PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1009 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 droga) e ácido fólico associado em suplemen- tos vitamínicos. Quanto ao uso de sais de ferro na gestação, percebe-se se trata de uma intervenção de roti- na 2,7. Entretanto, Mengue et al. 7 ressaltam que as evidências que sustentam esta conduta são fracas e os benefícios do tratamento não são claramente definidos. A favor da prescrição de suplementos de ferro, está a recomendação da OMS de que de- vido às altas taxas de anemia nos países de ter- ceiro mundo, deve-se ministrar tais medica- mentos a todas as mulheres nos últimos quatro a cinco meses de gravidez 25. Entretanto, contra a prescrição de suple- mentos de ferro de maneira generalizada, está o fato de que somente 5,0 a 10,0% do ferro ingeri- do é absorvido em condições normais. O orga- nismo humano só absorve ferro em proporções maiores (25,0%) em situações de deficiência 9. Deste modo, a ingestão diária através da dieta é geralmente suficiente para manter os níveis adequados de ferro no organismo, justificando- se a utilização de medicamentos com ferro so- mente em casos de anemia diagnosticada 25. Além disto, devido à má absorção do sal, as preparações de ferro freqüentemente podem causar alterações gastrointestinais 25,26 e exis- tem trabalhos sugerindo propriedades terato- gênicas quando da sua ingestão no primeiro trimestre de gravidez 25,27. Considerando como dose profilática 25 a 30mg de ferro elementar/dia 9,28, vale destacar que nas prescrições analisadas 94,8% dos me- dicamentos com ferro estavam em concentra- ções acima da dose recomendada, embora ain- da dentro da faixa terapêutica (180mg/dia). Es- ta informação é importante porque se sabe que os efeitos adversos do ferro oral são geralmen- te dose-dependente e a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica 9. Estes dados su- gerem um uso inadequado dos suplementos de ferro, sujeitando as gestantes e seus fetos a efei- tos adversos desnecessário. Em relação ao ácido fólico, vitamina hidros- solúvel do complexo B, sabe-se que a deficiên- cia materna ou a utilização de medicamentos antagonistas do seu metabolismo no período periconcepcional (de um a dois meses antes do último período menstrual) estão associados a um aumento do risco de defeitos no tubo neu- ral (DTN) 29,30. Nesta perspectiva, Werler et al. 30 descre- vem estudo caso-controle, onde os resultados obtidos sugerem que uma suplementação diá- ria de 0,4mg entre os dois meses antes da con- Tabela 1 (continuação) Grupo farmacológico Medicamento Freqüência % Medicamentos que atuam sobre o sistema hemocitopoiético Antianêmicos Ácido fólico 5 1,8 Ácido fólico* 2 0,7 Sulfato ferroso 60 22,3 Ferro* 27 10,0 Medicamentos que atuam sobre o sistema digestivo Antiulcerosos Cimetidina 2 0,7 Antiácidos Hidróxido de Alumínio * 11 4,1 Hidróxido de Alumínio 3 1,1 Antieméticos e agentes pró-cinéticos Metoclopromida 2 0,7 Dimenidrato 2 0,7 Bromoprida 3 1,1 Antidiarréicos sintomáticos Antiespasmódicos e correlatos Hioscina 18 6,7 Laxativos Bisacodil 1 0,4 Outros (medicamentos que não se enquadram em nenhum grupo) Dexpantenol 1 0,4 Dimeticona 1 0,4 Nafazolina* 2 0,7 Passiflora* 1 0,4 Total 269 100,0 * em associação com outras substâncias.
  • 7. Carmo TA, Nitrini SMOO1010 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 cepção e o início da gestação reduz os riscos de má-formação, entre elas a ocorrência de espi- nha bífida, defeito nos lábios e no palato, má- formação do coração, membros, trato urinário e cérebro. De fato, o relato do uso de ácido fólico por gestantes é comum tanto nos artigos consulta- dos quanto foi no presente trabalho. Entretan- to, assim como em relação aos suplementos de ferro, o que chama a atenção é a concentração dos medicamentos utilizados. Considerando como dose recomendada uma suplementação diária de 0,4mg de ácido fólico no período pe- rinatal e até a décima segunda semana de gra- videz 25, do total de prescrições 47,9% estavam acima da dose diária recomendada. Vale ressal- tar que até a concentração de 0,8mg/dia, o áci- do fólico é considerado categoria A de risco ao feto. Acima disto passa a ser categoria C 31. Ou- tro aspecto a ser destacado é a prescrição de áci- do fólico para mulheres no segundo e no terceiro trimestre de gravidez, quando já não ocorre seu efeito protetor contra má-formação congênita. Levando-se em consideração que os suple- mentos de ácido fólico também podem causar efeitos colaterais tais como: choque anafiláti- co, prurido, erupção na pele, estreitamento dos brônquios e mal estar 32, os dados obtidos su- gerem a necessidade de adequação de quase metade das prescrições na busca de minimizar os problemas decorrentes da utilização de tais medicamentos. Quanto à utilização do sulfato ferroso e do ácido fólico em associação a outras vitaminas, os resultados são bastante controversos. Segun- do Chetley 25, não há justificativa para o uso de tais medicamentos. Por outro lado, Scholl et al. 33 relatam estudo realizado nos Estados Uni- dos, com mulheres de baixa renda, onde a in- gestão de multivitamínicos contribuiu para um ganho de peso adequado das gestantes e uma diminuição de partos prematuros. Diniz 34 ressalta que a deficiência de Vita- mina A é também um dos mais importantes problemas nutricionais dos países em desen- volvimento. E parece estar relacionada com o aparecimento de má-formação congênita. En- tretanto, destaca que altas doses de Vitamina A podem ser teratogênicas, principalmente quan- do administradas no início da gravidez. Por is- Tabela 2 Distribuição dos medicamentos prescritos em consultas de pré-natal (SUS), segundo categorias de risco ao feto (FDA), e os três mais freqüentes (por nome genérico) dentro de cada categoria. Piracicaba, São Paulo, Brasil, 2001. Categorias Freqüência % Medicamentos Freqüência % A 96 35,7 Sulfato ferroso 60 62,5 Ferro (assoc.) 27 23,1 Vitamina A (assoc.) 3 3,1 B 74 27,5 Paracetamol 17 23,9 Nistatina 16 22,5 Cefalexina 14 19,7 C 70 26,0 Hioscina 18 25,1 Hidróxido de alumínio (assoc.) 11 15,7 Vitamina B6* 7 10,0 D 5 1,5 Iodeto de potássio (assoc.) 3 60,0 Tetraciclina (assoc.) 1 20,0 Indometacina** 1 20,0 E 4 1,5 Vitamina A (assoc.) (acima de 3.000UI) 4 100,0 Sem informações 20 7,3 Hesperidina (assoc.) 8 40,0 Bromoprida 3 15,0 Ambroxol 2 10,0 Isoconazol 2 10,0 * classificação dependente da dose; ** quando utilizado no terceiro trimestre de gestação.
  • 8. PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1011 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 so a suplementação indiscriminada não é re- comendada. De fato, doses acima de 10 mil UI de Vita- mina A diárias são consideradas categoria X de risco ao feto 31, ou seja, possuem teratogenici- dade confirmada e não devem ser usadas na gestação. Berglund et al. 4 citam a associação de má-formação óssea e craniana em crianças a doses excessivas da Vitamina A e seus derivados. Em relação à classificação dos medicamen- tos pelo risco ao feto, sugere-se que cerca de 40,0% dos medicamentos prescritos às gestan- tes foram de medicamentos cuja segurança de uso na gravidez pode ser questionada, pois co- loca em risco a formação das futuras crianças. O mais grave, porém, foi a prescrição de medi- camentos sabidamente teratogênicos. Quanto aos resultados obtidos para os indi- cadores é importante salientar que, segundo Hogerzeil et al. 35, para três deles é muito difícil definir valores ótimos. São os seguintes: o nú- mero médio de medicamentos por consulta, porcentagem de consultas em que se prescre- vem antibióticos e porcentagem de consultas em que se prescrevem injetáveis. Isto ocorre porque tais indicadores sofrem influência de diferentes fatores fortemente dependentes de características regionais e locais (perfil de mor- bidade, características dos serviços de saúde, existência de lista de medicamentos padroni- zados, entre outros) 36. Por outro lado, para os indicadores que me- dem a porcentagem de medicamentos prescri- tos pelo nome genérico e a porcentagem dos medicamentos prescritos que constam da lista de medicamentos padronizados, os valores são óbvios: eles devem ser o mais alto possível, con- siderando-se que: • Se existe uma lista de medicamentos pa- dronizados, de medicamentos essenciais àque- la localidade ou serviço, ela deve ser seguida, a menos que não reflita as demandas existentes (nestes casos valores baixos podem indicar ne- cessidade de sua revisão); • A prescrição por nome genérico faz parte das estratégias da OMS para se aumentar o acesso da população ao medicamento e pro- mover a utilização racional dos mesmos 24. Sendo assim, os três indicadores abaixo não podem ser avaliados em relação a sua adequa- ção, mas devem ser analisados dentro de um contexto: • Número médio de medicamentos por con- sulta: 0,6; • Porcentagem de consultas em que se pres- creveram antibióticos: 5,6%; • Porcentagem de consultas em que se pres- creveram injetáveis: 0,7%. A princípio parecem valores baixos se com- parados com os relatados em outros trabalhos, entretanto, frente à observação de que cerca de 77,0% das prescrições avaliadas apresentavam algum tipo de problema (risco potencial ao fe- to e ou dose ou posologia inadequadas) consti- tuem-se apenas em dados descritivos não de- vendo ser agregados a nenhum juízo de valor. Quanto aos demais indicadores (porcenta- gem de medicamentos prescritos pelo nome genérico e porcentagem de medicamentos pres- critos constantes da LMP), pode-se dizer que os valores encontrados são baixos, sugerindo a necessidade de discussão das práticas de pres- crição. Primeiro, porque, a partir deles, parece haver desconhecimento da legislação por par- te dos prescritores: a metade dos medicamen- tos prescritos não estava grafada pelo nome genérico. Segundo, porque estes dados revelam a não adesão dos profissionais às políticas na- cional e local de medicamentos e conseqüen- temente à Política de Saúde. E, por outro lado, a alta prescrição de medicamentos não-padro- nizados, sugere a necessidade de revisão da LMP e talvez sua adequação. Conclusão Considerando-se os resultados obtidos, suge- re-se uma existência de um padrão de prescri- ção na gestação que merece ser discutido vi- sando à minimização de riscos efeitos adversos desnecessários, que pode comprometer os re- sultados do atendimento de pré-natal oferecido. Recomenda-se, então, que medidas de in- tervenção sejam tomadas promovendo uma utilização racional dos medicamentos e dos re- cursos disponíveis, tais como: um programa de conscientização dos prescritores sobre a im- portância da prescrição por nome genérico, tanto em relação à questão legal, quanto em relação à otimização do seu trabalho e dos ser- viços de saúde que integra; discussão e, se ne- cessário, revisão da LMP; divulgação da LMP existente; estímulo à educação continuada dos profissionais de saúde envolvidos com o pré- natal, visando uma melhoria da qualidade das prescrições e conseqüentemente da atenção à gestante e, principalmente, discussões com to- dos os sujeitos do processo sobre a concepção de saúde-doença que norteia as práticas do serviço e da comunidade, visando resgatar a representação da gestação como um processo fisiológico normal, que exige cuidados, mas que não é patológico e, portanto, não implica necessariamente em intervenções curativas, entre elas a prescrição de medicamentos.
  • 9. Carmo TA, Nitrini SMOO1012 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 Colaboradores T. A. Carmo escreveu o artigo e S. M. O. O. Nitrini con- tribuiu na revisão do manuscrito. Resumo A utilização de medicamentos por gestantes deve ser considerada um problema de saúde pública, pois exis- tem inúmeras lacunas sobre suas conseqüências ao fe- to e à gestante. Os estudos farmacoepidemiológicos podem contribuir para minimizar os riscos inerentes à terapia medicamentosa, traçando um perfil do consu- mo de medicamentos na gestação, propiciando uma avaliação do serviço e apontando medidas de inter- venção. O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil de prescrição de medicamentos em gestantes usuárias do SUS de Piracicaba, São Paulo, Brasil, utilizando-se os indicadores de prescrição recomendados pela Orga- nização Mundial da Saúde e a classificação de medi- camentos segundo risco ao feto do Food and Drug Ad- ministration. Encontrou-se que, na consulta de pré- natal, 44,7% das mulheres receberam prescrição medi- camentosa, sendo o grupo de medicamento mais pres- crito aquele que atua sobre o sistema hematopoiético (34,9%). Do total, 26,0% dos medicamentos foram in- cluídos na categoria C de risco ao feto; 1,5% na catego- ria D e 1,5% na categoria E. Estes dados sugerem uma medicalização da gestação e a necessidade de medidas de intervenção para uma utilização racional dos me- dicamentos no pré-natal. Medicamentos; Mulheres Grávidas; Prescrição de Me- dicamentos Referências 1. Mellin GW, Katzenstein M. The saga of Thalido- mide (conclude): neuropathy to embryopathy, with case reports of congenital anomalies. N Eng J Med 1962; 267:1238-44. 2. Collaborative Group on Drug Use in Pregnancy. Medication during pregnancy: a intercontinental cooperative study. Int J Gynaecol Obstet 1992; 39:185-96. 3. Forfar JO, Nelson MM. Epidemiology of drugs taken by pregnant women: drugs that may affect the fetus adversely. Clin Pharmacol Ther 1990; 14:632-42. 4. Berglund F, Frodh H, Lundborg P, Prame B, San- nerstedt R. Drug use during pregnancy and breast-feeding. Acta Obstet Gynecol Scand Suppl 1984; 126:1-55. 5. Fundo das Nações Unidas para a Infância. A pres- crição: diretrizes para a utilização racional de me- dicamentos nos serviços básicos de saúde. São Paulo: Fundo das Nações Unidas para a Infância/ Universidade de São Paulo; 1992. 6. Meadows M. Pregnancy and the drug dilemma. FDA Consumer [serial online] 2001; http://www. fda.gov.fdac/feature/2001/301-preg.html (aces- sado em16/Jan/2002). 7. Mengue SS, Schenkel EP, Duncan BB, Schmidt MI. Uso de medicamentos por gestantes em seis cidades brasileiras. Rev Saúde Pública 2001; 35: 415-20. 8. Niebyl JR. Uso de drogas na gravidez. 2a Ed. São Paulo: Livraria Roca; 1989. 9. Fuchs FD, Wannmacher L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 2a Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. 10. Boobis AR, Lewis P. Drugs in pregnancy: altered pharmacokinetics. Br J Hosp Med 1982; 28:566- 73. 11. Piper JM, Baum C, Kennedy DL. Prescription drug use before and during pregnancy in a Medicaid population. Am J Obstet Gynecol 1987; 157:148-56. 12. Fonseca MRCC. Uso de medicamentos na gravi- dez: uma abordagem farmacoepidemiológica [Dissertação de Mestrado]. Campinas: Universi- dade Estadual de Campinas; 1998. 13. Gomes KRO, Moron AF, Silva R, Siqueira AA. Prevalência do uso de medicamentos na gravidez e relações com as características maternas. Rev Saúde Pública 1999; 33:246-54. 14. Barros JAC. Pensando o processo saúde doença: a que responde o modelo biomédico? Saúde Soc 2002; 11:67-84. 15. Castro CGSO. Estudos farmacoepidemiológicos: perspectiva para a racionalidade terapêutica pe- diátrica e perinatal. Boletim da Sobravime 1998; 30:13-5. 16. Strom BL. What is pharmacoepidemiology? In: Strom BL, editor. Pharmacoepidemiology. 2nd Ed. New York: John Wiley & Sons; 1994. p. 3-11. 17. Lee D, Bergman U. Studies of drug utilization. In: Strom BL, editor. Pharmacoepidemiology. 2nd Ed. New York: John Wiley & Sons; 1994. p. 379-93. 18. Hogerzeill HV. Promoting rational prescribing: an international perspective. Br J Clin Pharmacol 1995; 39:1-6.
  • 10. PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS PARA GESTANTES 1013 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1004-1013, jul-ago, 2004 19. Organización Mundial de la Salud. Investigación del uso de los medicamentos. Boletín de Medica- mentos Esenciales 1993; 14:1. 20. Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiologia & saúde. 5a Ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. 21. Organización Mundial de la Salud. Como investi- gar el uso de medicamentos en los serviços de salud. Geneva: Organización Mundial de la Salud; 1993. 22. Ministério da Saúde. Portaria no 1.179 de 17 de junho de 1996. Aprova as denominações comuns brasileiras, DCB. http:www.saude.gov.br (aces- sado em 16/Jan/2002). 23. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medi- camentos Essenciais: RENAME – 2000. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério da Saúde; 2000. 24. Organización Mundial de la Salud. Uso racional de los medicamentos. London: Organización Mundial de la Salud; 1986. 25. Chetley A. Medicamentos problema. 2a Ed. Lima: Acción Internacional para la Salud América Lati- na y el Caribe; 1995. 26. Lopes MCS, Ferreira LOC, Batista Filho M. Uso diário e semanal de sulfato ferroso no tratamento de anemia em mulheres no período reprodutivo. Cad Saúde Pública 1999; 15:799-808. 27. Freire WB. La anemia por deficiencia de hierro: estrategias de la OPS/OMS para combatila. Salud Publica Mex 1998; 40:199-205. 28. Zanini AC, Oga S. Guia de medicamentos/Grupo de Trabalho Zanini – Oga. 2a Ed. São Roque: IPEX Editora; 1997. 29. King PB, Lie RT, Irgens LM. Spina bifida and cleft lip among newborns of Norwegian women with epilepsy: changes related to the use of anticon- vulsants. Am J Public Health 1996; 86:1454-6. 30. Werler MM, Hayes C, Lovik C, Shapiro S, Mitchell AA. Multivitamin supplementation and risk of birth defects. Am J Epidemiol 1999; 150:675-82. 31. Briggs GG, Freeman RK, Yaffe SJ. Drogas na gravidez e na lactação. 2a Ed. São Paulo: Livraria Roca Ltda; 1987. 32. BPR Guia de remédios. São Paulo: BPR – Consul- toria, Projetos e Comércio Ltda; 1999. 33. School TO, Hediger ML, Bendich A, Schall JI, Smith WK, Krueger PM. Use of multivitamin min- eral prenatal supplements influence on the out- come of pregnancy. Am J Epidemiol 1997; 146: 134-41. 34. Diniz AS. Combate à deficiência de vitamina A: linhas de ação e perspectiva. Rev Bras Saúde Matern Infant 2002; 1:31-6. 35. Hogerzeil HV, Bimo, Ross-Degnan D, Laing RO, Ofori-Adjei D, Santoso B, et al. Field tests for ra- tional drug use in twelve developing countries. Lancet 1993; 342:1408-10. 36. Santos V. Indicadores selecionados do uso de medicamentos – OMS, no município de Ribeirão Preto – SP [Tese de Doutorado]. São Paulo: Facul- dade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo; 1999. Recebido em 25/Abr/2003 Versão final reapresentada em 05/Jan/2004 Aprovado em 09/Mar/2004