Muitos líderes sofrem pela confusão que há entre os valores de liderança bíblica e a secular. O que a Bíblia valoriza na liderança? O melhor exemplo de boa liderança foi Jesus Cristo, com sua postura de servo.
Aqui neste subsídio o cooperador Leandro Avelar, comenta sobre a Lição 07 da EBD.
Com adendo e revisão teológica do Ev. Valter Borges.
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Lição 07 – CPAD – Jovens e Adultos
Tema: 2º Coríntios
Comentarista: Pr. Elienai Cabral
LIÇÃO 07 – PAULO, UM MODELO DE LÍDER SERVIDOR
“E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus
em vão” (2 Co 6.1)
Leitura Bíblica em Classe – 2 Coríntios 6.1-10
Objetivos:
Conscientizar-se de que o líder-servidor não age egoisticamente, antes serve ao povo de
Deus com espírito voluntário.
Compreender que o líder na Igreja de Cristo precisa estar pronto para enfrentar as
dificuldades inerentes ao ministério.
Saber quais são as armas de ataque e defesa de um líder-servidor.
Introdução
Liderar, servir, parece palavras completamente opostas, visto que, o líder é uma
“Pessoa que exerce influência sobre o comportamento, pensamento ou opinião dos
outros”1,enquanto o servo é “aquele que não dispõe da sua pessoa, nem de bens”2. Já se
foram os tempos onde a hierarquia entre as duas palavras criava uma barreira quase que
intransponível, no entanto Cristo seguido pelo apóstolo Paulo inicia uma jornada de
exemplos e lições de vida que mudaria completamente a visão até então existente dessas
duas palavras. Para liderar bem primeiro é preciso servir bem, nesta lição vamos abordar o
modelo de líder servidor que foi Paulo e o que devemos fazer para nos tornar um líder e
servo melhor.
O que é liderar?
A liderança é algo perigoso. Quem está na liderança pode transformar homens,
mulheres e montanhas de modo positivo; e, podemos, também, por outro lado, trazer nas
mãos o poder de causar prejuízos irreparáveis aos nossos seguidores pelos erros que
cometemos. Por que tantas organizações, igrejas e escolas estão procurando líderes para
1
Disponível em http://www.priberam.pt/DLPO/Default.aspx – acessado em 28-01-2010 às 8h18
2
Idem
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preencher suas vagas? A resposta está em Ezequiel 22.30 “Busquei entre eles um homem
que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu
não a destruísse; mas a ninguém achei”.3 Os líderes tem o incrível poder de levar as pessoas
ao sucesso ou ao fracasso. “Líderes relutantes” são aqueles lançados na liderança, não por
vontade própria, mas por acaso, e diante dos problemas que surgem, não conseguem
administrá-los e são levados ao fracasso, pois, uma vez na liderança, passam a manifestar
sua habilidade natural, isto é, “improvisação”. Poucos se preparam para a liderança. Vejam
nas inúmeras igrejas evangélicas. Milhares de pessoas alcançam posições de liderança em
igrejas totalmente despreparadas ou com pouquíssimo conhecimento de liderança e de
gerência.4 Hanz Finzel conclui que “O grande dilema é que a liderança requer coração e
intelecto”.
O que faz um grande líder? “Os grandes líderes influenciam-nos a ir a lugares a que
nunca iríamos por conta própria e a fazermos coisas de que nunca tínhamos pensado que
fôssemos capazes”. Mas, infelizmente, os grandes líderes se esquecem do que é ser
liderado, e passam a dominar a vida dos outros. Afinal, o que é liderar? É influenciar.
“Qualquer um que influencia alguém a fazer algo consegue liderar essa pessoa”.5 Mas o
que fazem os fracassos na liderança atual. Muitos líderes sofrem pela confusão que há entre
os valores de liderança bíblica e a secular. O que a Bíblia valoriza na liderança? O melhor
exemplo de boa liderança foi Jesus Cristo, com sua postura de servo. Qual o tipo de
liderança que o pastor, professor, maestro, diácono, líderes de departamentos devem ter? É
o que trataremos a seguir.
Liderança que agrada a Deus
Primeiramente, vamos definir quais são os tipos mais comuns de liderança.
“Tipos de liderança: Autocrata:- lidera em função do cargo que
ocupa, embora muitas vezes não possua as qualidades necessárias a
um líder. Carismático:- é uma conseqüência de fatores emocionais.
O líder é idolatrado de forma doentia. Liderança contra a ética:
lidera grupos que têm por meta fatores que ferem a ética (líder
criminoso). Situacional: lida com cada elemento da equipe de
acordo com a sua maturidade. Para ele cada pessoa é única.
Democrático: tem comportamento firme; é imparcial;procura
3
FINZEL, Hans. Dez erros que um líder não pode cometer. Tradução Aparecida Araújo dos Santos. São
Paulo. Editora VIDA NOVA, 1997. 12 pag.
4
Idem. 13 pag.
5
Ibidem. 15 pag.
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enaltecer o desempenho dos seus subordinados. Estabelece objetivos
e metas claros e cobra resultado na hora certa. Liberal: é do tipo
laissez- faire: deixa as coisas irem acontecendo. Não assume
responsabilidades”. (Disponível em
http://www.webartigos.com/articles/17318/1/Ti pos-de-
Lideranca/pagina1.html, acessado 11/02/2010, às 19h43)
A postura mais problemática na igreja é quando seu líder utiliza a atitude líder-
liderado. E isso contagia toda esfera ao alcance de sua liderança, como uma praga que se
alastra. Segundo Finzel, o pecado nº 1 em liderança é a arrogância autocrática [autoritária]
do tipo líder-liderado6.
“A abordagem líder-liderado na liderança está baseada no modelo
militar de se gritar as ordens aos fracos subalternos. Acontece mais
ou menos assim: ‘Eu sou o responsável aqui; quanto mais rápido
você entender isso, melhor’!Uma prática irritante e alardeadora de
alguns líderes que exercem o estilo líder-liderado é o uso do
conhecimento – ou falta dele – para manter as pessoas na linha.
Conhecimento em uma organização é poder. O líder pode usar esse
poder para dominar os subordinados, fazendo-os tatearem na
escuridão. Os ditadores já perceberam, há muito tempo, que o
conhecimento é seu maior inimigo... Se as pessoas forem mantidas na
escuridão da ignorância, com menor probabilidade se rebelarão
contra um líder cruel. Por essa razão, durante anos, os guardas da
fronteira comunista recebiam ordens de confiscar de turistas
ocidentais jornais e revistas da época. Nos anos em que viajava pela
Europa Oriental, os guardas da fronteira sempre perguntavam se
tínhamos três categorias de ‘contrabando’: armas, livros e revistas, e
Bíblias. Eles sabiam que, se a verdade chegasse às mãos do povo, a
tarefa de manter a tirania ficaria mais difícil”.7
A liderança líder-liderado pode tornar-se uma reação em cadeia. O pastor grita
ordens para seus subordinados. O subordinado vai para casa e grita ordens para a esposa, a
esposa grita ordens para as crianças. As crianças chutam o cachorro, e o cachorro persegue
os gatos da vizinhança! Ser autocrático parece ser totalmente natural para muitos de nós,
6
FINZEL, Hans. Dez erros que um líder não pode cometer. Tradução Aparecida Araújo dos Santos. São
Paulo. Editora VIDA NOVA, 1997. 22 pag.
7
Idem. 23, 24 e 25 pag.
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mas também vem a ser um grande erro.8 Tudo isso é o que não podemos fazer na liderança
eclesiástica.
A liderança de servo, que passaremos a tratar, está baseada no modelo de liderança
apresentado por Cristo, na qual o apóstolo Paulo aplicou em sua liderança no contexto do
mundo mediterrâneo, e quem tem sua aplicação na igreja da atualidade. Em primeiro lugar,
o líder-servo deve estar disposto a “descer e se sujar”, ou seja não ficar sentado esperando
seus subordinados, mas ir com eles, ao encontro deles, e somar com eles. O líder-servo
passa a maior parte do tempo ajudando os outros a desenvolverem suas tarefas. “A
liderança de servo exige que venhamos a sentar e chorar com os que choram dentro de
nossas organizações [igrejas]. Requer que nos rebaixemos e nos sujemos quando há
necessidade de pegar no pesado”.9
O lava-pés
O maior exemplo da liderança de servo é o Senhor Jesus. Na noite em que foi
traído, Jesus mostrou aos seus seguidores exatamente quanto os amava. Jesus “sabendo...
que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os
seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Naquele momento Jesus
começou a dar a última e maior demonstração de liderança de servo: Ele lava os pés dos
discípulos! Quando imagino aquela cena, eu me emociono! Vejo Aquele na qual Paulo
exorta a termos o mesmo sentimento dEle, dizendo que “... se há alguma exortação,
alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há qualquer sentimento
profundo ou compaixão, completai a minha alegria, para que tenhais o mesmo modo de
pensar, o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa. Nada façais por
rivalidade ou por orgulho, mas com humildade, e que assim cada um considere os outro
superiores a si mesmo” (Fp. 2.1-3 – Tradução Almeida Século 21). Todos os líderes-
servos devem ter o “... mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual,
existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo que se devia
prender, mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo e fazendo-
se semelhante aos homens. Assim, na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fp. 2.5-8 – Tradução Almeida Século 21). Jesus o
líder-servo, doou-se a si mesmo em nosso favor, mas antes disso ensinou a lavar os pés um
dos outros. Jesus usou toda sua autoridade, não convencionalmente como o mundo faz, mas
sua autoridade de líder-servo. “O fundamento de sua servidão foi a verdadeira realização de
seu poder, posição e prestígio. Aliás, Ele é o único homem que andou na face da terra com
8
FINZEL, Hans. Dez erros que um líder não pode cometer. Tradução Aparecida Araújo dos Santos. São
Paulo. Editora VIDA NOVA, 1997. 25 pag.
9
Idem.. 29 pag.
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direito de ser um autocrata absoluto. Tendo isso como fundamento, Jesus demonstrou a
liderança de servo, ao tirar a túnica, pegar uma toalha e lavar os pés dos discípulos. Não foi
à toa que Pedro ficou encabulado, envergonhado e humilhado, e reagiu estranhamente, pois
a situação foi embaraçosa. Jesus demonstrou que Ele, podendo ser o maior entre os seus
discípulos, foi servo de todos.”10 Finalmente Jesus disse: “Eu lhes dei exemplo, para que
vocês façam como lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que
o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou.
Agora que vocês sabem estas coisas, serão bem-aventurados se as praticarem” (Jo. 13.15-
17).
Finzel nos dá alternativas para o problema da postura líder-liderado, transformando
sua liderança para o líder-servo. Veja:
“Gerência participativa: dê ao seu grupo de membros o privilégio de
se manifestarem antes que você tome uma atitude. Isso é mais
complicado e requer mais tempo, porém motiva e influencia as
pessoas. Estilo Facilitador: encare seu papel como o de um
facilitador, que faz o possível para que seus membros sejam bem-
sucedidos. Liderança democrática: forme um grupo de liderança
com um processo democrático que possibilite ao grupo exercer um
papel vital na natureza e na direção dos trabalhos. Características
organizacionais planas: veja-se como um parceiro ou condutor dos
encargos, mas não como quem está no topo de uma pirâmide
gigantesca... Liderança de servo: se Aquele que é Senhor dos
senhores e Rei dos reis foi servo de todos, como posso eu, em sã
consciência, pensar que deveria ser servido por aqueles a quem
lidero?”.11
Como líderes e pastores de pessoas não se pode usar de autoridade abusiva, mas ser
servo de todos (Jo 13); não fazer delegações deploráveis, mas dando espaço e liberdade
para as pessoas serem elas mesmas; não deixando de ouvir, mas centralizando-se nas
necessidades de outros (Fp. 2); não fazendo uso da ditadura, mas tendo companheiros ao
longo do caminho; não prendendo, mas soltando com afirmação; não sendo egocêntrico,
mas delegando autoridade.
“‘Cristo Jesus [...] anulou-se completamente. Anulou-se, esvaziou-se
– a grande kenosis. Abriu mão de toda reputação, de toda imagem’.
Posso lembrar meu pai meneando a cabeça e repetindo
10
Idem. 31 pag.
11
FINZEL, Hans. Dez erros que um líder não pode cometer. Tradução Aparecida Araújo dos Santos. São
Paulo. Editora VIDA NOVA, 1997. 32 pag.
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constantemente consigo mesmo: ‘Ah! Se eu pelo menos soubesse o
que significa isso. Há alguma coisa poderosa aqui. Se eu pelo menos
entendesse’. Talvez seja por isso que esse versículo tenha-se fixado
em minha mente e do mesmo modo me perturba. A reputação é tão
importante para mim. Quero ser visto com as pessoas certas, ser
lembrado na luz certa, ser anunciado com meu nome escrito de
forma correta, viver na vizinhança certa, dirigir o tipo de carro,
vestir o ripo certo de roupa. Mas Jesus abriu mão de toda
reputação!” (Gayle D. Erwin. The Jesus style, 1988).12
O desprendimento do apóstolo Paulo
Paulo não se cansa de dizer que, assim como todos nós ele é apenas um servo de
Deus e como servos devemos nos colocar na posição de um serviçal para realizar sua obra,
sabendo que, “nem o que planta é alguma coisa, nem o rega, mas Deus que dá o
crescimento”, (1 Co 3.5-8). Paulo tinha a incumbência de levar a mensagem de Cristo tanto
a Gregos quanto a Gentios (Rm1.5; 11.23) isto, indiferente a aceitação ou não, ele era
responsável e deveria algum dia prestar contas a Deus. Assim como a difusão desta
mensagem gerou alguns inimigos (2 Co 11.24-25), da mesma forma, gerou também
grandes admiradores e seguidores, mas de uma coisa Paulo estava certo, que acima de
qualquer situação ou bem- estar que a “fama” lhe pudesse trazer, não devia se esquecer que
todos aqueles sofrimentos e alegrias eram proporcionados pelo amor e graça de Deus. Em
paralelo a esse serviço evangélico, Paulo se vê na responsabilidade de aliviar as
necessidades dos fiéis pobres de Jerusalém, ele passa a dedicar grande parte de suas
energias e tempo a organizar a coleta de contribuições de “suas igrejas” gentias para enviar
a esses fiéis (Rm 15.25-32; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9; Gl 2.10). Essas contribuições serviram
também para provar a sinceridade da fé dos gentios, e resultou em inúmeras ações de graça
a Deus (2 Co 9.13-14).
Paulo teve como mentor o maior líder administrador e servo que o mundo já viu,
Jesus Cristo (Mt 20.26-28), baseado em seus ensinamentos se tornou um líder e servo
modelo, procurando imitar o mestre em tudo, servindo apenas aos interesses da igreja de
Cristo (2 Co12.15; Fp 2.17; Tt 1.1). Paulo pede para que os coríntios fossem imitadores
dele assim como ele é de Cristo. Ele afirma que não pertence a si mesmo, e que foi
comprado um por bom preço (1 Co 6.20), que seu corpo é morada do Espírito Santo e sua
vida existe apenas para glorificar Deus. Ao dizer "sede meus imitadores...", Paulo não está
pretendendo ser melhor, mais santo, mais puro, mais correto que os outros. Não se coloca
12
Idem 32 pag.
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numa posição de destaque com a arrogância comum dos líderes narcisistas. Ele apenas
reconhece quem adora e diante de quem sua vida é vivida.
Como mencionado na introdução, o líder é uma pessoa que exerce grande influência
na vida de outrem, mas muitos confundem influenciar com o impor, hoje muitos que
pensam serem líderes em vez de influenciar ditam e impõem situações a seus liderados,
causando dissensão e grande insatisfação desta nata. Paulo se torna um modelo de líder por
ser um seguidor nato de Jesus, sabendo falar o necessário quando necessário, nas horas
certas e com pessoas certas, tratava com zelo e amor aqueles que com muita disposição
ganhou para Cristo (2 Co 2.14, 15), ele reconhecia o preço alto que Jesus pagou por cada
vida. Cristo quando lava os pés de seus discípulos mostra que, antes de liderar é possível
conquistar e somente se conquista servindo, mostra também que por maior e mais
importante que Ele fosse, veio primeiramente para servir (Mt.20.28) Por este e por outros
motivos Paulo vê em Cristo a fonte de inspiração para o ministério sadio.
Paulo alerta aos irmãos coríntios de que não se deve esperar o que já está
acontecendo, muitos ficam despercebidos esperando o momento certo para tomar uma
atitude cristã, mas Paulo enfatiza que o tempo aceitável do Senhor é já (2 Co 6.2), ou seja,
para que esperar pelo que está diante de nós? O dia da salvação é agora, devemos ter a
consciência de Cristo e nos despertar para uma tão grande salvação. Enquanto alguns
estavam questionando a autenticidade do apostolado de Paulo, muitos perdiam sua vida
sem conhecer o evangelho genuíno de Deus e isto o preocupava muito, é esta preocupação
que devemos ter nos dias de hoje, pessoas que buscam status por intermédio da palavra,
usufruindo da autoridade imposta para se destacar e adquirir status ou até mesmo
levantando questões infundadas para tentar tirar do poder aqueles que Deus colocou,
enquanto que a pregação da salvação por intermédio de Cristo ficou para segundo plano.
A abnegação de um líder servidor (6.3-10)
Os cuidados de um líder servidor
“Mau testemunho” são duas palavras que muito abalam o cristão-servo, ouvimos
muitas frases como: “para ser crente como aquele ou aquele, eu prefiro ficar como estou”, é
triste ouvir essas palavras, prova que esta pessoa nunca poderia dizer o que dissera Paulo:
“sede pois meus imitadores, assim como eu sou de Cristo”. Uma vida concêntrica e de bom
testemunho diante de Deus, muitas vezes fala mais que muitas palavras, quando esta atitude
parte de um líder é ainda maior o impacto na sociedade em que vive (2 Reis 4.9), por este
motivo Paulo menciona “não dando nos escândalo em coisa alguma, para que nosso
ministério não seja censurado” (2 Co 6.3). Paulo tinha uma convicção extraordinária de
sua qualidade de líder e de servo, o fato de pedir para todos o seguir é o agente
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comprovador desta convicção, em outras palavras, ele dizia: “sejam como sou, pois sendo
como eu, serás um exemplo de cristão fiel e servo de Deus.” Poderia um líder apresentar o
caminho da salvação estando ou vivendo uma vida em contradição ao evangelho de Cristo?
Posso afirmar com toda certeza que sim, infelizmente há muitos casos em nossos dias,
pessoas que pregam um evangelho autêntico levando vidas ao encontro verdadeiro com
Deus enquanto ele vive uma vida mascarada, “do que adianta o homem ganha o mundo
inteiro mas perde a sua alma” (Mc 8.36). A veracidade de um apóstolo está no seu
empenho total pela obra de Deus. Aquilo que o distingue é o contraste entre as riquezas de
sua alma envolvida e os modestos recursos humanos de que dispõe. Os versos 6.3-10 numa
tradução
Quando falamos em Paulo, nos vem à mente um homem vistoso, de porte refinado e
aparência de um soldado em pleno auge de seu preparo físico, mas quando paramos para
estudá-lo, vemos as marcas de sofrimento causado pelo amor ao evangelho. Em sua carta
em Coríntios (2 Co 10.10) ele é descrito como uma pessoa de estrutura corpórea fraca. No
dicionário bíblico universal descreve na sua página número 338 como: “homem de pequena
estatura, calvo, tendo as pernas tortas, forte, de sobrancelhas serradas, com nariz
ligeiramente pronunciado e cheio de encanto” Em 2 Coríntios 11.24-27 Paulo descreve
uma série de atribulações e aflições sofrida por ele, mas em cada dificuldade enfrentada,
extraía grandes aprendizados e conquistas, Charles Ferguson Ball diz em seu livro A vida
e os tempos do apostolo Paulo; “Açoitaram-no diante da porta da sinagoga com 39
chibatadas. Enquanto o chicote rasgava-lhe as costas, Saulo experimentava uma estranha
sensação de alegria por ser considerado digno de sofrer pela causa de cristo. Não fora
exatamente isso o que ele havia feito com os que seguiam a esse mesmo Jesus? O corpo de
Saulo fica marcado para sempre; como orgulho exibia essas marcas por haverem-no
introduzido numa comunhão mais profundo com o Cristo e com os que foram chamados a
sofrer pela fé”. Este trecho do livro confirma a Escritura que diz: “Desde agora, ninguém
me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gl.6.17).
Esse evangelho que hoje é pregado, em que o cristão não pode sofrer nenhum tipo
de prova, está em completo desacordo com o evangelho anunciado pelo apóstolo. Quem
nunca passou por grandes provações, injúrias, calúnias etc., e no final percebeu o quanto
todo aquele processo o fez crescer, o fato de sermos perseguidos é um bom sinal, pois
indica que estamos incomodando o inimigo de nossas almas, e como forma de tentar nos
fazer desistir deste caminho colocam dificuldades e barreiras, mas aquele que está firmado
em Cristo não desiste e ainda se usufrui da prova para tirar aprendizados e experiências
para sua vida. (Jó 42.1-6)
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Os elementos da graça que o sustentam nestas experiências (Veja adendo)
Deus, quando permite que o homem seja provado, pela sua graça nos fornece ou
deixa ao nosso alcance, elementos para usarmos e assim termos forças para suportar essas
provações, elementos esses que dão força, vigor, sabedoria, e que o apóstolo soube muito
bem administrar, são eles:
Pureza – Ciência – Longanimidade – Benignidade - Amor não fingido - Espírito Santo
Pureza: Qualidade do que é puro. Transparência; limpeza; nitidez; diafaneidade.13
Paulo quando teve seu primeiro encontro com Deus, foi completamente liberto, limpo de
todas impurezas que cercavam a sua vida, sua mente que estava cauterizada e pré-
programada para executar a maldade e perseguir o povo de Deus, agora se vê como a mente
de Cristo "Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Más nós
temos a mente de Cristo” (1 Co.2.16).
Ciência: Conjunto de conhecimentos fundados sobre princípios certos. Fig. Saber,
instrução, conhecimentos vastos.14Ao estudar aos pés de Gamaliel (At 22.3), um dos
maiores mestres, Paulo pensava ser uma pessoa cheia de autoridade e conhecimento, mas
ao chegar em (At 22.6) ele tem um encontro com aquele que mudaria toda estrutura de sua
vida, mostrando que o conhecimento verdadeiro não vem de homens mas apenas Deus pode
fornecer.
Longanimidade: Caráter da pessoa que suporta as adversidades e que prossegue no
seu empenho, apesar dos obstáculos. Bondade que faz desprezar as ofensas.15Apesar de
todos os confrontos que enfrentava Paulo nunca desistia, pois era movido por um
compromisso maior, o de levar a palavra da verdade (...)
Benignidade: Afável, Favorável, Suave e bom, Med. Que não apresenta caráter
grave.16
Amor não fingido:“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não
tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o
dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda
a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda
que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o
meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor
13
Disponível em http://www.priberam.pt/DLPO/Default.aspx – acessado em 28-01-2010 às 8h18
14
Idem
15
Ibidem
16
Ibidem
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nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá”; (1 Co 13.1).
Vitor Hugo Mafra17 diz: “Paulo destaca o amor como o maior fruto, o maior dom e
o maior elemento da Tríade Paulina, ao lado da esperança e da fé (1 Co 13.13). Pois fé,
esperança e amor são dons a serem exercitados, veiculado pela expectativa da comunhão
em Cristo pelo Espírito. Sendo assim, essa construção do amor entre fé e esperança ajuda a
concepção paulina para estabelecer conceitos, diretrizes e medidas pastorais a favor das
comunidades primitivas”.
Jesus nos ensinou o verdadeiro significado de amor não fingido,um amor que em
palavras não se pode descrever, porque a grandeza desse Amor não pode ser definida nem
comparada. Deus é Amor e se estamos seguindo Jesus, recebemos Dele esse dom, que é
distribuído para todos aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus. Amar é servir. Quem
ama tem como prioridade o outro. Deseja o bem e a felicidade daquele a quem ama.“Nisto
todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”; (Jo13:35).
Quem ama não finge.
Espírito santo “é o termo usado para traduzir o termo hebraico Ruach HaKodesh,
utilizado na Bíblia hebraica (Velho Testamento) para se referir à presença de Deus na
forma experimentada por um ser humano” 18.
Os cinco elementos citados acima nada seriam sem o sexto. O Espírito Santo é o
agente movedor que faz com que os usemos com prudência, produzindo um amor não
fingido, pureza de coração, longanimidade, benignidade e o conhecimento maior de Deus.
Paulo era um homem tomado pelo espírito de Santo, usava com sabedoria os elementos que
Deus lhe concedeu assim como para todos nós. Esta sabedoria foi o elemento precursor de
uma liderança sadia, pois está baseado nos exemplos deixados por Cristo, quando como
homem, habitou entre os homens. Todas as provações que o apóstolo passou foram
superadas sempre, porque vivia uma vida de compromisso contínuo com Deus.
As armas de ataque e defesa de um líder servidor
As armas de justiça numa guerra espiritual
Paulo sabe que a luta que o cristão é chamado a travar, como ele mesmo
experimentou “...eu sou carnal, vendido ao pecado. Não entendo o que realizo, pois não
17
Disponível em http://vitormafra.blogspot.com/2009/04/assunto-amor-texto-base-1-corintios-13.html -
acessado em 01-02-2010 às 7h53
18
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%ADrito_Santo - acessado em 01-02-2010 às 8h06
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executo o que quero, mas faço o que detesto” (Rm 7.14-15), é uma luta interior e definida
pelo apóstolo como a luta entre os desejos da carne e os desejos do Espírito que são
contrários entre si, levando a pessoa a não fazer o que gostaria (Cf. Gl 5.17).
Embora Paulo saiba e reconheça a dureza dessa luta interior ele afirma com toda
convicção que “os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e
concupiscências” (Gl 5.24). Esta luta não é outra coisa que a luta por libertar-se da maneira
antiga de viver e assim revestir-se de Cristo. Na epístola em que Paulo escreve aos Efésios,
no cap. 6 e v. 13-18 ele descreve as armas disponíveis para que o cristão possa vencer estas
batalhas, ele diz: "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no
dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes,
cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a
preparação do evangelho da paz; embraçando sempre, o escudo da fé, com o qual podereis
apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo
tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os
santos” (Ef.6:13-18).
Os contrastes da vida cristã na experiência de um líder servidor (6:8-9)
Para ser um líder servo de qualidade é preciso saber passar pelos altos e baixos da
vida, ter a convicção que hoje podemos ser caluniados mas amanhã aplaudidos, hoje
esbofeteados, amanhã acolhidos e amados. A maturidade espiritual começa quando
passamos a entender que da mesma forma que Cristo padeceu sofrimento, também granjeou
alegrias e em ambas não se deixou ser abalado, pelo contrário mostrou ter equilíbrio,
tomando suas decisões com sabedoria.
Muitos líderes não conseguem tomar decisões nas horas de pressão, fincando muitas
fezes apavorados com esse fato, quando no louvor do reconhecimento de seu trabalho,
outros não se contentam e deixam se levar pelas ondas do egocentrismo. Mas Paulo em
todas estas coisas, foi mais do que vencedor, pois nessas situações usufruiu da possibilidade
de crescer e se tornar mais experiente, experiências essas que o ajudaram a superar e
transpor barreiras sem perder o foco de sua incumbência.
Paulo responde aos adeptos da teologia da prosperidade (6:10)
“Como pobre, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo”. Em
outras palavras Paulo estava dizendo: não tenho dinheiro, sou construtor de tendas por
ofício, (At. 18:3) não tenho bens materiais, riqueza terrena, mas possuo o maior bem que o
ser humano pode possuir; o conhecimento, a graça e a unção de Cristo, e “isso não vem de
mim é dom de Deus”, essa é para Paulo sua maior riqueza e é essa riqueza que ele transmite
aos povos, riqueza esta que alimenta a alma e o espírito.
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Hoje se prega muito sobre um falso evangelho, em que os servos de Deus não
podem passar por dificuldades, e se estiver passando é porque está em pecado ou algo do
gênero. O apóstolo refuta isso na parte “b” do versículo citado acima, “como nada tendo e
possuindo tudo”. Já recebemos a maior riqueza quando Jesus Cristo entregou a sua vida em
uma cruz, para que hoje, quando aceitá-lo em minha vida posso ser revestido de seu poder
de seu amor e da sua unção.
Muitos estão com seus pensamentos focados no dinheiro e têm se esquecido de que
a maior riqueza não é a terrena, pois tudo o que é terreno passa, mas o que é celestial
permanece para sempre.
Conclusão
Podemos perceber após essa lição que ser líder servidor não é nada fácil, pelo
contrário, é muito difícil, mas como tudo que vem fácil perdemos fácil, cabe a nós
buscarmos o que é difícil, mas onde buscar e em quem se espalhar? Após essa lição creio
que todos já sabem a resposta, Cristo deve ser para nós o que foi para o apóstolo Paulo: o
único modelo de líder servidor; pois mesmo sendo o maior líder que o mundo já viu, se
esvaziou de si mesmo e tornou-se servo. (Mt 13:13-16).
Bibliografia
BUCKLAND. Rev. A.R, M.A. Dicionário bíblico universal, 6ª Edição, Miami, traduzido por
Editora Vida – 1981.
Bíblia de Referência Thompson, Ed. Vida
Bíblia de Estudo Plenitude, Sociedade Bíblica do Brasil.
Leandro de Avelar
Cooperador AD Thelma
Revisão Teológica
Ev Valter Borges
Pastor AD Thelma
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ADENDO 1 – Especificações nos versos 6.3-10
Ministério não censurado
Parece-me importante abordar esse assunto, principalmente, por perceber uma idéia
diferente daquela contida no comentário Lições Bíblicas da CPAD, quando nessa lição
(07), o pastor Elienai Cabral discorre no tópico da II – A abnegação de um líder-servidor,
no item 3. Os elementos da graça que o sustentaram nestas experiências. Ressalto que esse
adendo tem o único objetivo de esclarecer, fornecendo apenas mais uma opção para a
interpretação dessa passagem. Vejamos:
Paulo primeiramente defende que seu ministério não é dado a “...nenhum tipo de
escândalo...”, onde sempre se mostrara cuidadoso para apresentar razões justas para todos,
dentro ou fora da igreja cristã. Seu objetivo era para que “...o ministério não seja
censurado...”, pois um passo em falso dele poderia produzir resultados desastrosos para a
sua mensagem, e seu Senhor poderia vir a ser aprovado ou reprovado, segundo a conduta
de Paulo como embaixador de Cristo. Paulo expressa um temor de que o ministério que lhe
fora dado divinamente, fosse encontrado com máculas, o que levaria a sua mensagem e seu
propósito serem rejeitados. Isso teria conseqüências muito mais sérias do que se ele, como
indivíduo isolado, levasse a culpa. A experiência humana mostra-nos abundantemente que
um ministro do evangelho, quando pecador, de fato injuria o nome do ministério em geral,
e não meramente a sua própria reputação.19
Então Paulo luta para não escandalizar ninguém, antes, “nós nos recomendamos em
tudo como ministros de Deus” (2 Co 6.4). Paulo nunca fizera coisa alguma negativa que
pudesse levar o seu ministério apostólico a ser censurado. Ao contrário, Paulo sempre
fizera coisas positivas, no sentido de um serviço cristão altamente consagrado, que
recomendava a si mesmo e ao seu ministério perante os homens; e, ao assim agir, fazia que
o Cristo que ele pregava, ser um poder real entre os seres humanos.20
A expressão “recomendando-nos” é um particípio que se combina com o vocábulo
“cooperando”, que aparece no verso 1, mostra que Paulo aparece como quem trabalha
junto a Deus Pai e seu Cristo. O vocábulo grego por detrás de “recomendando-nos” é
“sunistemi”, que significa “apresentar”, “recomendar”, “louvar”, “demonstrar”,
“mostrar”, “estabelecer”. Assim, pois, o ministério de Paulo “demonstrava” que ele era
19
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 353 pag.
20
Idem. 353 pag.
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um ministro genuíno de Cristo, o que é um elevado alvo que todos os ministros do
evangelho deveriam seguir.21
O ministério de Paulo era aprovado através de muitas coisas
Aqui temos Paulo relatando no que seu ministério era aprovado, “... em tudo...”. Ele
não dava motivo de escândalo em coisa alguma. Recomendava-se a si mesmo, tanto nos
aspectos negativos, quanto positivos de seu ministério. A Tradução TEB, traz o texto
assim:
“Nós não queremos de modo algum escandalizar ninguém, para que
o nosso ministério não mereça censura. Ao contrário, nós nos
recomendamos em tudo como ministros de Deus. Por uma grande
perseverança nas tribulações, nos constrangimentos, nas angústias,
nos açoites, nas prisões, nos motins, nas fadigas, nas vigílias, nos
jejuns, pela pureza, pelo conhecimento, pela paciência, pela
bondade, pelo Espírito Santo, pelo amor sem fingimento, pela
palavra da verdade, pelo poder de Deus, pelas armas ofensivas e
defensivas da justiça, na glória e no desprezo, na má e na boa fama,
tido como impostores, e no entanto verídicos; desconhecidos, e no
entanto bem-conhecidos; moribundos, e no entanto vivemos;
castigados, sem ser executados. Contristados, mas sempre alegres;
pobres, e enriquecendo a muitos; não tendo nada, nós que no entanto
possuímos tudo!” (2 Co 6.2-10 – Tradução TEB)
O que temos, portanto, aqui? Temos a aprovação de Paulo em todas as situações,
onde, embora sofrendo, permanece fiel e aprovado. Ele sofre perseguições, dificuldades
enfrentadas no ministério, mesmo assim consegue permanecer firme em sua conduta e
integridade moral e espiritual, mesmo em extremo stress, em guerras e infâmias, mas sem
tirar os olhos do alvo, que é Cristo, o Senhor.
Paulo afirma que sua própria conduta de mensageiro divino não constitui pedra de
tropeço capaz de prejudicar a aceitação adequada da graça de Deus pelas pessoas.22 Não
temos aqui auto-recomendação, mas a recomendação de um ministério.
21
O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo – volume 4. R. N. Champlin, Ph. D. 9ª
Reimpressão – São Paulo: CANDEIA, 1995. 353 p.
22
KRUSE, Colin G. The Second Epistle of Paul to the Corinthians – An Introducion and Comentary.
Tradução de Oswaldo Ramos. Revisão Liege Marucci, João Guimarães, Theófilo Vieira. Coordenação
editorial e de produção: Vera Villar. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 1994. 140 p.
(Série Cultura Bíblica).
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“Na muita paciência”, parece que isto seria um título, onde despontam nove
elementos que Paulo relaciona a fim de recomendar seu ministério. São nove fatores
reunidos em três grupos de três:
1º Grupo: “aflições, privações, angustias”, expressos em termos genéricos;
2º Grupo: “açoites, prisões, tumultos”, expressões mais particulares;
3º Grupo: “trabalhos, vigílias, jejuns”, provações assumidas voluntariamente.
“Tumultos”, Paulo tem em mente “desordens civis” ou “multidões em rebelião” (At.
13.50; 14.19); “vigílias” referem-se a sono perdido e noites sem dormir (2 Co 11.27), talvez
por conta das pressões das viagens, do ministério e das preocupações com as igrejas.23
Prosseguindo, Paulo, agora, fala da sua integridade moral e das “armas”
empregadas. E aqui abro um parênsetes para, de certa forma, oferecer uma interpretação
mais coerente com o texto de 2 Co 6.3-10. Paulo não está procurando enfatizar que a
“pureza, ciência, longanimidade, benignidade a presença do Espírito Santo e amor não
fingido”, sejam elementos da graça que o sustentaram nestas experiências, como dizia o
comentarista da EBD. O que Paulo enfatiza aqui é que seu ministério está abalizado nas
faltas de condições, nas perseguições, nas dificuldades enfrentadas no ministério, mas
também, na sua integridade. Ou seja, Paulo mantinha-se íntegro, embora as agruras da vida
ministerial. Essa atitude de líder-servo o fez descer ao mais baixo degrau para “ganhar
alguns”, sem contudo ser reprovado em sua atuação ministerial, no quesito de sua
integridade moral.
Assim, recomenda seu ministério:
1) Na “pureza” [ou “sinceridade”];
2) No “saber”;
3) Na “longanimidade”;
4) Na “bondade”;
5) No “Espírito Santo” [o dinamismo do ministério de Paulo derivava do
Espírito];
6) No “amor não fingido” [verdadeiro];
7) No “na palavra da verdade” [trad. Lit.; provavelmente “evangelho”];
8) No “poder de Deus” [cf. 1 Co 2.5];
9) Pelas “armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas”.24
23
KRUSE, Colin G. The Second Epistle of Paul to the Corinthians – An Introducion and Comentary.
Tradução de Oswaldo Ramos. Revisão Liege Marucci, João Guimarães, Theófilo Vieira. Coordenação
editorial e de produção: Vera Villar. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 1994. 141 p.
(Série Cultura Bíblica).
24
Idem. 141 pag.
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Ministério “pelas armas (hoplon) da justiça, quer ofensivas, quer defensivas” tem
recebido diferentes interpretações: trata-se do ministério que (a) está sujeito a
ataques vindo de qualquer lado; (b) guarnecido com armas ofensivas (espada para a
mão direita) e defensivas (escudo para a esquerda); (c) que se desenvolve tanto na
prosperidade (a mão direita) como na adversidade (a mão esquerda). O que temos
aqui é a arma ofensiva da apresentação e argumentação do evangelho (At. 19.8-10),
pela qual o poder de Deus é liberado a fim de produzir o fracasso dos falsos
argumentos, e da loucura, trazendo as pessoas à obediência da fé.25
Avançando, Paulo prossegue na recomendação de seu ministério,
apresentando nove antíteses. Em cada uma delas, uma parte da antítese representa
uma avaliação de seu ministério “segundo a carne”, e uma outra parte, o verdadeiro
ponto de vista de alguém que está “em Cristo”. Assim é que Paulo recomenda seu
ministério:
1) “Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama”. Os que o
julgavam “segundo a carne” (pessoas de fora, ou talvez os críticos de
Corinto) atribuíram-lhe desonra e infâmia, mas os que havia abandonado
o modo carnal (“segundo a carne”) de avaliar as coisas, atribuíram-lhe
honra e fama.
2) “Como enganadores, e sendo verdadeiros”. Os que criticavam Paulo
porque este não portava cartas de recomendação (2 Co 3.1-3) talvez o
considerava um impostor. Mas os crentes dotados de discernimento
piedoso saberiam reconhecer que Paulo era um verdadeiro apóstolo.
3) “Como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos”. Era um “João-
Ninguém” para os críticos, reconhecido pelos crentes.
4) “Como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos”. Aos
padrões mundanos a carreira de Paulo foi miserável, estava exposto aos
perigos de morte, sempre perseguido, mas Deus o livrou vezes e vezes
sem conta. Contra todas as expectativas, eis que ele vive, não foi
assassinado.
5) “Entristecidos, mas sempre alegres”. Em meio à suas tribulações, Paulo
representava um quadro triste perante quantos o contemplassem
“segundo a carne”, a saber do ponto de visto humano, mas a verdade era
25
KRUSE, Colin G. The Second Epistle of Paul to the Corinthians – An Introducion and Comentary.
Tradução de Oswaldo Ramos. Revisão Liege Marucci, João Guimarães, Theófilo Vieira. Coordenação
editorial e de produção: Vera Villar. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 1994. 142 p.
(Série Cultura Bíblica).
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que ela graça de Deus o apóstolo estava sempre se regozijando (At,
16.19-26).
6) “Pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”.
Paulo afirma ser pobre e como nada tendo, talvez em parte por haver
recusado o sustento financeiro dos coríntios (2 Co 11.7-9), ou porque ele
se recusava a mercadejar “a palavra de Deus” em proveito próprio. No
entanto, o apóstolo se considera rico, porque já estava experimentando
bênçãos espirituais, à guisa de primícias da era vindoura. Paulo se
alegrava pelo fato de, sendo materialmente pobre, poder enriquecer a
tantas pessoas, ao capacitá-las a compartilhar as bênçãos espirituais em
Cristo.
O propósito da longa recomendação de Paulo é mostrar que não havia falhas em seu
ministério; ele desejava, assim, preparar o caminho para um apelo aos coríntios para
que se reconciliassem completamente com ele. Agora o apóstolo está pronto para
iniciar seu apelo.26
Conclusão do ADENDO
Como imaginamos nosso ministério? Como líder-liderado, ou como líder-servo?
Que tipo de igreja pretende-se construir através de nossa liderança e influencia? Igreja
meramente humana, ou espiritual? Como nosso ministério está sendo desenvolvido? Com
escândalos ou com recomendações? A nossa aprovação e recomendação está no resultado
da postura de líder-servo, que sofre perseguições, afrontas, necessidades, sem contudo
perder a integridade, e, mesmo caluniado, mantendo firme a certeza de que o Senhor assiste
e confirma nosso chamado, dando-nos conforto e segurança.
Adendo por
Ev Valter Borges
Pastor AD Thelma
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Tradução de Oswaldo Ramos. Revisão Liege Marucci, João Guimarães, Theófilo Vieira. Coordenação
editorial e de produção: Vera Villar. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, 1994. 144 p.
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