A entrevista resume a relevância das uveítes na prática clínica em menos de 3 frases:
1) As uveítes podem ser classificadas de acordo com sua localização anatômica, lateralidade, etiologia, curso e aspecto clínico, podendo ser causadas por infecções ou fatores autoimunes.
2) Os principais sintomas das uveítes dependem de fatores como sua localização e gravidade, podendo causar hiperemia, dor, diminuição da acuidade visual e outros sintomas oculares.
1. VOLUME 2
NÚMERO 3
Outubro DE 2013
ENTREVISTA
Profa. Dra. Maria Auxiliadora
Monteiro Frazão
HIGHLIGHTS
Profa. Dra. Mônica Alves
A relevância
das uveítes na
prática clínica
7ª Conferência
Internacional
sobre Filme Lacrimal
e Superfície Ocular:
Ciência Básica e
Relevância Clínica
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4. 4 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
A relevância das uveítes
na prática clínica
Conheça suas etiologias, classificação,
sintomas e tratamento
Otermo uveíte, originalmente emprega-
do para designar inflamações do tra-
to uveal, composto pela íris, corpo ciliar e
coroide, é atualmente utilizado como sinô-
nimo de inflamação intraocular.Acomete,
frequentemente, além dos tecidos supraci-
tados, a esclera, a retina, o nervo óptico e
o corpo vítreo.
A Professora Dra. Maria Auxiliadora Mon-
teiro Frazão, comenta sobre a doença, sua
etiologia, grupos de risco e opções tera-
pêuticas. Ela destaca a importância de se
considerar os fatores epidemiológicos nesta
enfermidade, além da sua presença como
comorbidade a outras doenças.
EXISTE UMA CLASSIFICAÇÃO PARA AS
UVEÍTES?
Sim. Embora em constante estudo para
seu aprimoramento, em 1987, o Inter-
nacional Uveitis Study Group (IUSG)
elaborou uma classificação e padroni-
zação da nomenclatura para uveítes,
o que trouxe grande auxílio na com-
preensão dos fatores relacionadas à
história natural da doença.
Esta afecção pode ser classificada
de acordo com a localização anatômica,
lateralidade, etiologia, curso e aspec-
to clínico. Portanto, do ponto de vista
anatômico, pode ser: anterior, quando
compromete a íris e o corpo ciliar; in-
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Monteiro Frazão
CRM-SP 63.072
Doutora em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo.
Chefe Setor de Uveítes da Santa Casa de São Paulo (1996-2011).
Presidente da Sociedade Brasileira de Uveítes (2006-2008).
Oftalmologista do Centro de Atendimento ao Paciente com Esclerose Múltipla (CATEM).
ENTREVISTA
5. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 5
termediária, quando afeta o
vítreo e a retina periférica;
posterior, quando a retina
e a coroide são comprome-
tidas; e difusa quando aco-
mete tanto a úvea anterior
como a posterior.
Segundo o curso e apre-
sentação clínica, pode ser,
respectivamente, aguda ou
crônica e granulomatosa ou
não granulomatosa. Segundo
a lateralidade, pode ser uni
ou bilateral e, do ponto de
vista etiológico, é classifica-
da em exógena e endógena.
As uveítes exógenas são
inflamações ou infecções
adquiridas ou secundárias
a traumatismos cirúrgicos
ou acidentais, com ou sem
perfuração ocular. O termo
uveíte endógena abrange um
contingente de doenças in-
flamatórias da úvea e estru-
turas adjacentes, nas quais
alterações imunológicas são
frequentes. Todavia, os agen-
tes causais, bem como os me-
canismos precisos para seu
desenvolvimento, permane-
cem desconhecidos. Assim,
a despeito dos avanços nos
campos de imunologia, mi-
crobiologia e biologia mo-
lecular, muitos casos de
uveítes permanecem sem
diagnóstico etiológico defi-
nido, presumindo-se natu-
reza autoimune. Entende-se
por autoimunidade falha dos
mecanismos de controle des-
sa resposta, que resulta em
autoagressão descontrolada.
QUAL É A SUA ETIOLOGIA?
Baseada no descrito acima,
a etiologia das uveítes é divi-
dida em causas infecciosas,
como toxoplasmose (que em
nosso meio é a principal cau-
sa de uveíte), sífilis, tuber-
culose, herpes vírus simplex
e zoster, toxocaríase, entre
outras, e não infecciosas
(autoimunes).
As uveítes de causa au-
toimunes dividem-se em um
espectro semelhante aos das
doenças autoimunes em ge-
ral. Existem síndromes nas
quais a uveíte é encontrada
como um dos componentes
da doença sistêmica, como
na artrite idiopática juvenil,
espondilite anquilosante, sín-
drome de Voght Koyanagi Ha-
rada, Doença de Behçet, vi-
tiligo e sarcoidose.
Outras doenças caracteri-
zam-se exclusivamente pela
inflamação ocular, como a
oftalmia simpática e uveítes
idiopáticas.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTO-
MAS DA UVEÍTE? ELES SÃO SEM-
PRE FACILMENTE PERCEPTÍVEIS?
Os sintomas apresentados
dependem de alguns fatores,
como localização anatômica,
extensão, intensidade da in-
flamação/infecção e presença
de dano tecidual instalado.
Assim, se a uveíte é so-
mente anterior, ocorre hipe-
remia, mais acentuada na
Uveíte posterior por toxoplasmose com lesão
cicatrizada (menor) e outra exsudativa.
Uveíte anterior aguda em paciente com espondilite anquilosante.
6. 6 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
região perilímbica pela ciclite
(diferente da hiperemia difu-
sa observada na maioria dos
casos de conjuntivites), dor,
fotofobia, lacrimejamento e a
acuidade visual em geral não
está diminuída. Entretanto,
se houver reação intensa da
câmara anterior com grande
quantidade de células, flare,
humor aquoso fibrinoide ou
presença de edema de cór-
nea secundário (que pode
ser setorial, pela presença
de precipitados ceráticos,
descompensando o endoté-
lio naquele local, ou difuso,
por hipertensão intraocular),
a diminuição da acuidade vi-
sual pode ser expressiva.
Nas uveítes intermediá-
rias, tal diminuição depende-
rá da intensidade da inflama-
ção presente no humor vítreo
(HV) e se há presença de
edema cístico da mácula que
ocorre com frequência nesses
casos. Raramente o paciente
queixa-se de dor e a reação
da câmara anterior, quando
presente, é bastante leve.
Se o acometimento é uni-
camente posterior (coroide,
retina, nervo óptico), em ge-
ral, a dor permanece ausente
e a diminuição da visão pode
variar de extremamente leve
até intensa, dependendo da
extensão e localização da le-
são e consequente dano teci-
dual. Assim, lesões de dimen-
sões pequenas e na periferia
da retina praticamente são
assintomáticas. Já aquelas de
grandes dimensões que cau-
sam exsudação importante
para o HV, bem como as que
acometem áreas nobres da
visão, como mácula e nervo
óptico, ou levam ao desco-
lamento da retina, causam
deficiência visual relevante.
Nas uveítes difusas, como
todos os tecidos estão aco-
metidos, em geral há os sin-
tomas observados tanto nas
uveítes anteriores como nas
posteriores. O grau de com-
prometimento da visão de-
pende da apresentação clí-
nica, conforme descrevemos
para as uveítes que compro-
metem esta região.
Pelo exposto, uveítes an-
teriores leves ou posteriores
com lesões periféricas, de
pequenas dimensões e que
pouca exsudação causam, po-
dem passar desapercebidas
pelo oftalmologista, se este
não realizar um exame ocu-
lar criterioso, e até mesmo
pelo paciente.
Isso poderia explicar os
inúmeros pacientes que exa-
minamos nos consultórios
com pequenas lesões de reti-
nocoroidite cicatrizadas, que
ao questionarmos se já tive-
ram uveítes, desconhecem a
sua existência.
QUAL É A POPULAÇÃO MAIS CO-
MUMENTE ACOMETIDA PELA UVEÍ-
TE E POR QUÊ? COMO É FEITO
O DIAGNÓSTICO?
De uma forma geral, a uveí-
te é uma doença que afeta
uma porcentagem maior de
pacientes jovens. Porém, ela
pode se manifestar em qual-
quer faixa etária, de recém-
-nascidos a idosos, sendo que
algumas são características
de determinada faixa etária,
como aquela que acomete as
crianças com artrite idiopá-
tica juvenil.
Outra informação que de-
vemos ponderar é que al-
gumas doenças que cursam
com as uveítes, embora apre-
sentem distribuição mundial,
têm maior prevalência em
locais determinados, como
a toxoplasmose, que é endê-
mica e a principal causa de
uveítes no Brasil, e doença
de Behçet, que prevalece na
região oriental do Mediterrâ-
neo e da Ásia. Evidencia-se
assim a importância do fator
epidemiológico na etiologia
desta doença.
O procedimento para a
formulação de um diagnós-
“Outra informação que devemos ponderar é que
algumas doenças que cursam com as uveítes,
embora apresentem distribuição mundial, têm
maior prevalência em locais determinados, como
a toxoplasmose, que é endêmica e a principal
causa de uveítes no Brasil.”
7. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 7
tico etiológico das uveítes
baseia-se no tripé anamnese/
exame físico, exame ocular
completo (no qual definimos
sua características, pautadas
na classificação descrita aci-
ma) e, se necessário, exames
subsidiários.
Na anamnese devemos le-
var em conta não só a queixa
ocular atual do paciente, mas
também a história pregressa
e seus dados epidemiológi-
cos (naturalidade, sexo, raça,
idade).
O exame físico muitas ve-
zes conclui o diagnóstico,
como no caso do herpes zos-
ter com lesões na face. Ou-
tras vezes, nos ajuda a for-
mular hipóteses diagnósticas
para realizarmos exames la-
boratoriais dirigidos, como
nos casos da roséola, da
lues, das alterações articu-
lares, na artrite reumatoide,
do desconforto gastrointesti-
nal decorrente da doença de
Chron, e assim por diante.
Os exames laboratoriais
e/ou por imagem devem ser
solicitados para confirmar ou
afastar hipóteses diagnósti-
cas baseadas no quadro clí-
nico apresentado pelo pa-
ciente. Pedir uma série de
exames aleatoriamente, como
sorologias para uma série
de doenças infecciosas, sem
que haja um quadro clínico
sugestivo de determinada(s)
doença(s), não agrega qual-
quer benefício ao médico, no
que diz respeito ao seu racio-
cínio clínico, nem ao pacien-
te. O melhor exemplo disso
é tratar pacientes com uveí-
te anterior IgG+ para toxo-
plasmose, sem que haja re-
tinocoroidite, que é a lesão
característica desta doen-
ça. O IgG+ para toxoplas-
mose, assim como para uma
série de outras doenças, só
indicam que o paciente teve
contato pregresso com de-
terminado agente etiológico
e não tem significado clínico
isoladamente.
Ressalto que concluir um
diagnóstico em uveítes nem
sempre é fácil e, por vezes,
apesar de intensa investiga-
ção clínica e laboratorial, os
resultados são inconclusivos.
Nessa jornada, conseguimos
saber o que o paciente não
tem, mas permanecemos,
em cerca de 50% dos casos,
sem esclarecer a etiologia da
doença.
UVEÍTE É IGUAL A CONJUNTIVITE?
Não. Como o própria nomen-
clatura define, conjuntivite é
a inflamação da conjuntiva,
de etiologias múltiplas. Ca-
racteriza-se pela hiperemia,
em geral difusa, da conjunti-
va, tendo espectros diferen-
tes de apresentações clínicas
dependendo de sua causa
(viral, bacteriana, alérgica,
química, entre outras). Ge-
ralmente apresenta-se com
quemose e prurido intenso,
visão preservada, além dos
demais fatores inerentes a
cada agente causador, como
secreção purulenta nos casos
das bacterianas, por exem-
plo. É uma afecção externa
do olho.
As uveítes, como já expos-
to, dizem respeito à inflama-
ção do trato uveal, ou seja,
inflamação intraocular, apre-
sentando sinais e sintomas
diferentes da doença supra-
citada acima.
Cabe ressaltar, entretanto,
que a conjuntivite faz parte
do grupo de doenças que me-
recem realização de diagnós-
tico diferencial com uveítes,
uma vez que ambas apresen-
tam hiperemia ocular. Não é
infrequente recebermos no
consultório pacientes sendo
tratados como portadores de
conjuntivite, mas que, na rea-
lidade, padecem de uveítes.
A UVEÍTE PODE LEVAR A OUTRAS
DOENÇAS MAIS GRAVES, COMO
A CATARATA OU O GLAUCOMA?
NESSES CASOS, QUAL É A PRE-
“Ressalto que con-
cluir um diagnóstico em
uveítes nem sempre é
fácil e, por vezes, ape-
sar de intensa investi-
gação clínica e labora-
torial, os resultados são
inconclusivos.”
8. 8 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
VENÇÃO E O TRATAMENTO, UMA
VEZ INSTALADO O QUADRO?
A catarata (mais frequen-
temente) e o glaucoma são
doenças que podem se desen-
volver como complicação das
uveítes.
A catarata secundária à
uveíte é denominada de “ca-
tarata complicada”, uma vez
que geralmente vem acompa-
nhada de alterações anatô-
micas do segmento anterior,
resultantes do processo infla-
matório, como sinéquias pos-
teriores, membranas, seclu-
sões e oclusões pupilares que
dificultam a realização da ci-
rurgia para sua extração.
Não há como preveni-la,
uma vez que, a despeito do
tratamento precocemente
instituído, ela se desenvol-
ve pela agressão de agentes
inflamatórios liberados na
doença, dentre eles as cito-
cinas, que são agressivas ao
cristalino. Além disso, o pró-
prio colírio de corticoide am-
plamente utilizado para tra-
tar a uveíte anterior possui
ação cataratogênica.
O seu tratamento é cirúr-
gico, realizado pelas técni-
cas de facoemulsificação e
implante de lentes intraocu-
lares, sempre que possível.
Há casos em que o implan-
te de lente intraocular tem
sabidamente mau prognós-
tico, como na artrite idiopá-
tica juvenil, razão pela qual
cada caso deve ser analisado
individualmente.
O glaucoma secundário,
mais comumente observa-
do como complicação das
uveítes anteriores, instala-
-se quando há presença de
alterações anatômicas do
segmento anterior que im-
pedem o escoamento nor-
mal do humor aquoso (HA)
como bloqueio pupilar (se-
clusão ou oclusão) ou siné-
quias anteriores periféricas
e/ou goniossinéquias (ambos
pré-trabeculares), com au-
mento irreversível da pressão
intraocular (PIO) aos níveis
observados anteriormente.
O tratamento do bloqueio
pupilar consiste em realizar
iridectomias a laser ou cirúr-
gicas para restabelecer o flu-
xo do HA para a câmara an-
terior. Já no segundo caso,
a cirurgia filtrante com anti-
metabólitos ou implantes de
drenagem estão indicados.
Importante observar que o
diagnóstico de glaucoma se-
cundário a uveítes só deve
ser firmado após excluído o
de uveíte hipertensiva, cujo
aumento da PIO é transitório
e causado pela obstrução me-
cânica por células inflamató-
rias, fibrina e edema da ma-
lha trabecular, e retorna ao
normal após tratamento do
processo inflamatório com
colírios de corticoide e hi-
potensores, se necessário.
O glaucoma corticogêni-
co deve sempre ser lembrado
como possível diagnóstico di-
ferencial, uma vez que o cor-
ticoide de uso tópico e/ou sis-
têmico é um dos pilares para
o tratamento das uveítes e
instituído na grande maioria
dos pacientes.
O PACIENTE COM UVEÍTE PODE
FAZER USO DE LENTES DE
CONTATO?
Durante o período de ativi-
dade do processo inflama-
tório é recomendável que o
uso de lentes de contato seja
suspenso. Ademais, devemos
nos lembrar que as lentes de
contato gelatinosas absorvem
colírios; desta forma, perde-
ríamos o parâmetro da con-
centração da droga que está
sendo absorvida pelo olho du-
rante o tratamento da doença.
Em pacientes com uveítes
pregressas tratadas, não há
contraindicação do uso de
lentes de contato.
9. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 9
Uveíte e gestação
A GESTANTE PODE PASSAR UVEÍTE PARA O FETO?
Esta pergunta não tem uma resposta direta.
A uveíte não é uma doença transmissível.
Portanto, a mãe não transmite a uveíte, ou
seja, a infecção intraocular para o feto. O que
pode ocorrer é da mãe ter se contaminado
com um agente que causou sua uveíte e o
transmitir através da placenta para o feto.
O risco de transmissão transplacentária,
de um agente para o feto, quando a mãe ad-
quire uma doença infecciosa pela primeira
vez na gestação, é alto. Se o feto vai desen-
volver uveíte dependerá de fatores como pe-
ríodo da gestação que houve a contaminação
e tipo de agente infeccioso.
COMO A MÃE PODE PREVENIR QUE SEU FILHO
ADQUIRA UVEÍTE NA GRAVIDEZ?
A principal medida para prevenir doenças
congênitas que podem causar uveíte é a rea-
lização do pré-natal durante toda a gestação.
Este acompanhamento, além do acompanha-
mento da evolução gestacional, inclui a rea-
lização de sorologias na mãe das principais
doenças que podem causar danos ao feto e
ao recém-nascido (por exemplo toxoplasmo-
se, sífilis, HIV, rubéola).
Além disso, a mãe deve tomar as precau-
ções inerentes que evitem a contaminação
de tais doenças.
ATÉ QUE IDADE UMA CRIANÇA PODE DESENVOLVER
UMA UVEÍTE PROVENIENTE DA GESTAÇÃO DA MÃE?
Na grande maioria dos casos, a doença se
manifesta no primeiro ano de vida (formas
precoces). As formas tardias da doença, como
na sífilis congênita, por exemplo, são raras
após o segundo ano de vida.
Cabe o comentário que muitos preconi-
zam que lesões de retinocoroidite por toxo-
plasmose em pacientes adultos e jovens que
revelam IgG+ e IgM- seriam manifestações
da forma congênita tardia da doença.
COMO SE PODE ADQUIRIR UVEÍTE SEM SER DA
FORMA CONGÊNITA?
A contaminação de doenças infecciosas pode
ser dividida, de forma geral, em: congênita
(via transplacentária) e adquirida (contami-
nação após o nascimento).
A forma como se adquire uma doença que
pode levar à uveíte, sem ser via transplacen-
tária, depende do mecanismo de contami-
nação específico de cada agente infeccioso.
São considerados como meios de conta-
minação: as relações sexuais (doenças se-
xualmente transmissíveis, como, por
exemplo, AIDS, sífilis e herpes sim-
plex 2), a ingestão de alimentos
contaminados (como na toxoplas-
mose), contato próximo com pes-
soas doentes (tuberculose, hanse-
níase e herpes simplex tipo 1), por
meio de inoculação no sangue hu-
mano por vetores (um exemplo é a
doença de Lyme, cujo vetor é o car-
rapato), a transfusão sanguínea,
além da forma traumática (trau-
ma perfurante ou não).
Com relação às doenças au-
toimunes que podem cursar
com as uveítes, não há meio
de contaminação externo,
mas mecanismos imunoló-
gicos e genéticos que pro-
vavelmente predisponham
seu desenvolvimento.
10. 10 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
Tratamento
DOUTORA, POR FAVOR, DESCREVA AS PRINCIPAIS
MEDIDAS QUE DEVEM SER ADOTADAS COTIDIANA-
MENTE PELO PACIENTE COM UVEÍTE.
Como frequentemente ocorre lacrimejamen-
to nas uveítes, particularmente, advirto para
que o paciente não fique secando os olhos
com o mesmo lenço demasiadamente, pois
isso traumatiza as pálpebras e leva comu-
mente ao edema mecânico dessa estrutura.
O uso de óculos escuros minimiza os des-
confortos causados pela fotofobia e midríase
medicamentosa.
Ademais, o paciente deve seguir o tra-
tamento preconizado pelo especialista em
uveítes.
O QUE AS PRINCIPAIS DIRETRIZES NACIONAIS E
INTERNACIONAIS PRECONIZAM NO TRATAMENTO
DAS UVEÍTES?
As diretrizes preconizadas pela Socieda-
de Brasileira de Uveítes para o tratamento
das uveítes não difere daquelas que veem
sendo discutidas no exterior e relatadas na
literatura.
O Ministério da Saúde (portaria SAS MS
nº 498, 23 de abril de 2010) publicou o Proto-
colo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas nas
Uveítes Posteriores Não Infecciosas*
.
Preconiza-se que o tratamento das uveítes
posteriores não infecciosas busque a homeos-
tase imunológica do paciente. A principal
classe de medicamentos para se atingir tais
objetivos são os corticosteroides, represen-
tados pela prednisona.
Quando não se atinge o controle da doen-
ça com esse medicamento ou seus efeitos
adversos são intoleráveis, estão indicados
os imunossupressores.
As principais indicações para introdução
de drogas imunossupressoras são:
X Não resposta adequada à monoterapia
com corticoterapia;
X Toxicidade intolerável da corticoterapia
sistêmica;
X Indicação a longo prazo de corticotera-
pia sistêmica; e
X Uveíte de caráter agressivo e com rápi-
do comprometimento funcional.
Os fármacos indicados são a ciclospori-
na e azatioprina. Os pacientes submetidos à
terapia com esses medicamentos devem ser
avaliados mensalmente, clínica e laborato-
rialmente. Um dos critérios para sua suspen-
são é o controle da doença por pelo menos
um ano, porém, cada caso deve ser avaliado
pelo especialista que o está acompanhando.
Para as uveítes infecciosas, segue-se o
protocolo de tratamento para cada doença
(lues = penicilina cristalina, toxoplasmose =
sulfadiazina e daraprin, e assim por diante).
EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO,
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS TERAPIAS ADOTADAS?
O tratamento das uveítes pode ser tópico,
local e sistêmico e pode ser dividido didati-
camente em inespecífico e específico.
O tratamento inespecífico tem como obje-
tivo erradicar a dor, a inflamação e prevenir
suas complicações. A base desse tratamento
são os corticoides, que, na maioria dos casos,
respondem prontamente à sua instauração.
Nas uveítes anteriores instilamos colírios
de prednisolona, como o Ster®
, ou de dexa-
metasona, como o Dexanom®
, juntamente
com os cicloplégicos. A frequência das insti-
lações desses colírios depende da intensida-
11. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 11
“Nas uveítes anteriores instilamos
colírios de prednisolona, como o
Ster®
, ou de dexametasona, como
o Dexanom®
, juntamente com os
cicloplégicos”
de da reação inflamatória da câmara anterior
e pode ser até de hora em hora, se neces-
sário, inicialmente. A medida que verifica-
mos resposta a este tratamento, iniciamos
sua regressão progressiva. Os colírios com
associações de antibióticos com corticoides
como o Cylocort®
, somente são empregados
de rotina nos períodos pré e pós operatórios,
uma vez qua para o tratamento da inflama-
ção da câmara anterior não é necessário o
uso de antibióticos.
Para o tratamento das uveítes intermediá-
rias e posteriores, utilizamos o corticoide por
via oral. Em casos selecionados, nos quais
não há resposta ao tratamento sistêmico,
temos a opção das injeções subtenonianas
ou intravítreas de triancinolona.
Já o tratamento específico das uveítes,
nas infecciosas, consiste na administração da
medicação própria para combater o agente
infeccioso causador de cada doença (anti-
bióticos, antivirais, antifúngicos etc.), e nas
autoimunes a utilização drogas imunossu-
pressoras, como por exemplo, a ciclosporina,
a ciclofosfamida e a azatioprina. Mais recen-
temente, os agentes biológicos (anticorpos
monoclonais anti TNFα) têm se mostrados
uma opção promissora naqueles casos refra-
tários aos tratamentos convencionais.
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Atlas. Vol II, Ed Cultura Médica 2000:821-29.
*Consultores: Jacobo Melamed, Felipe Diligenti, Bárbara Corrêa
Krug e Karine Medeiros Amaral. Editores: Paulo Dornelles Picon,
Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame. Os autores de-
clararam ausência de conflito de interesses.
12. 12 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
7ª Conferência Internacional
sobre Filme Lacrimal e
Superfície Ocular: Ciência
Básica e Relevância Clínica
Taormina 2013
F
oi realizada, entre os dias 18 e 21
de setembro de 2013, na cidade
de Taormina, na Sicília, Itália, a
7ª
Conferência Internacional sobre
Filme Lacrimal e Superfície Ocular,
que marcou o encontro dos mais ex-
pressivos pesquisadores e especialistas
em superfície ocular de todo mundo.
O evento, que acontece a cada dois
anos, é organizado pela Sociedade de
Superfície Ocular e Filme Lacrimal
(TFOS - www.terarfilm.org) e tem como
objetivo principal promover conheci-
mento e atualização nos mais relevan-
tes assuntos relacionados ao filme la-
crimal e à superfície ocular e divulgar
a pesquisa e os avanços que vêm sendo
obtidos nessa área.
O PAPEL DA TEAR FILM AND OCULAR SUR-
FACE SOCIETY
A TFOS foi fundada pelo renomado pes-
quisador David Sullivan, do Schepens
Eye Research Institute e Havard Me-
dical School, e conta com membros no
mundo todo.
Ao longo de sua existência, a TFOS,
além do apoio e incentivo à pesquisa e
divulgação de conhecimento, tem pro-
movido consensos importantíssimos,
através dos quais os aspectos mais re-
HIGHLIGHTS
Profa. Dra. Mônica Alves
CRM-SP 95.442
Docente da Disciplina de Oftalmologia da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas.
Doutora pela Unicamp.
Pós-Doutorado pela Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
13. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 13
levantes e controversos são analisados e as
publicações resultantes passam a nortear a
pesquisa e a prática clínica.
O consenso sobre olho seco (Dry Eye Wor-
shop – DEWS, 2007) reuniu diversos espe-
cialistas, coletando, padronizando e atuali-
zando informações sobre olho seco em todos
os seus aspectos, tais como, como conceito,
critérios diagnósticos, fisiopatologia, classi-
ficação terapêutica e diretrizes para execu-
ção de estudos clínicos. O resultado dessa
força tarefa foi publicado em 2007, como
um volume completo da revista The Ocular
Surface, e tem acesso pelo site: http://www.
tearfilm.org/dewsreport/pdfs.
Sob os mesmos moldes, conclui-se em
2011 o consenso sobre disfunção das glân-
dulas de meibômio (Meibomian Gland Dis-
function Report – MGD, 2011) publicado na
revista Investigative Ophthalmology and Vi-
sual Science – IOVS, com acesso pelo site:
http://www.iovs.org/content/52.full.pdf, que
traz uma ampla revisão sobre essa condição
que tem sido reportada como uma das prin-
cipais causas de olho seco.
Diversos esforços da comunidade cientí-
fica internacional têm sido dirigidos ao en-
tendimento da composição, função e regu-
lação do filme lacrimal, bem como as suas
interações com a superfície ocular. Vários
estudos têm demostrado que o filme lacrimal
desempenha um papel fundamental na ma-
nutenção e integridade do epitélio da córnea
e conjuntiva, nutrindo, protegendo contra
invasão microbiana e garantindo qualidade
da visão. Em contraponto ao funcionamento
harmônico e integração do filme lacrimal com
a superfície ocular, a deficiência aquosa e os
quadros evaporativos que levam à síndrome
do olho seco apresentam alta prevalência em
todo mundo e diversos fatores associados.
Extensivamente estudado e discutido nessa
conferência, o olho seco representa ainda
um grande desafio, tanto no entendimento
pleno dos seus mecanismos fisiopatológicos
quanto na grande variabilidade dos testes
diagnósticos, e, principalmente, na carência
de agentes terapêuticos.
7ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL TFOS
O principal objetivo da Conferência TFOS é
promover o intercâmbio de informações que
serão valiosas tanto para pesquisadores nas
áreas básicas e indústria farmacêutica, além
de oftalmologistas envolvidos na prática clí-
nica, bem como para empresas que buscam
desenvolvimento de ferramentas diagnósti-
cas para as disfunções de superfície ocular
e do filme lacrimal. Esse evento contou com
participantes de 41 países, incluindo Alema-
nha, Algéria, Argentina, Austrália, Áustria,
Bélgica, Brasil, Bulgária, Canada, China, Co-
reia do Sul, Croácia, Dinamarca, Espanha,
Estados Unidos, Finlândia, França, Georgia,
Grécia, Hungria, Índia, Inglaterra, Itália, Ja-
pão, Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, No-
ruega, Polônia, Portugal, República Tcheca,
Romênia, Rússia, Singapura, Suécia, Suíça,
Tailândia, Taiwan, Turquia, Uruguai e Vene-
zuela. Além disso, a TFOS premiou 14 jovens
pesquisadores pela relevância de seus tra-
balhos apresentados.
14. 14 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
Aspectos mais relevantes abordados
durante a 7ª conferênciaTFOS
NOVAS PROTEÍNAS COM POTENCIAL TERAPÊUTICO
PARA DOENÇAS DA SUPERFÍCIE OCULAR E FILME
LACRIMAL
Na primeira sessão da conferência foram
apresentados trabalhos baseados em medi-
cina translacional sobre evidências de no-
vas proteínas e as perspectivas futuras para
tratamento de disfunções do filme lacrimal
e superfície ocular. O proteoglicano 4, des-
crito como lubricina, é uma glicoproteína da
superfície ocular recentemente descoberta
que teria potencial de ligação da superfície
ocular com lubrificantes e com polímeros
de lentes de contato, proporcionando, as-
sim, menor atrito palpebral e maior confor-
to. Outro estudo apresentou o TFF-3 (Trefoil
Fator Family - 3), que compreende peptídeos
que interagem com as mucinas e podem in-
fluenciar a viscosidade do muco e promover
migração epitelial, resposta imune e antia-
poptótica (de acordo estudos in vitro e em
modelos animais), tendo, assim, potencial te-
rapêutico para doenças da superfície ocular.
Foram apresentados ainda estudos in vi-
tro de biocompatibilidade e retenção e inte-
ração de polímeros proteicos derivados do
tromboelastano, os quais têm potencial para
carrear possíveis mediadores terapêuticos.
15. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 15
DISFUNÇÃO DAS GLÂNDULAS DE MEIBÔMIO (DGM)
A função das glândulas de meibômio e seu
o papel na regulação e manutenção do filme
lacrimal têm sido extensivamente estuda-
dos. A produção e secreção de lípides pelas
glândulas meibomianas promove estabilida-
de do filme lacrimal e previne evaporação
da lágrima e, consequentemente, a sua dis-
função desencadeia quadros evaporativos
que têm sido considerados a principal causa
de olho seco. O pesquisador David Sullivan
apresentou grandes avanços e descobertas
no entendimento dos mecanismos regulató-
rios das glândulas de meibômio desenvol-
vidos na sua linha de pesquisa. O grupo,
liderado por David, conseguiu imortalizar
células epiteliais de glândulas de meibômio
humanas em cultura, mantendo seu cariótipo
normal, e avaliar a resposta dessas células a
diversos agentes. Alterações na proliferação,
diferenciação, sinalização celular, expressão
gênica e lipogênese em resposta a estímulos
hormonais, fatores de crescimento, neuro-
transmissores, toxinas bacterianas e anti-
bióticos têm sido estudadas e representam
um modelo pré-clínico para desenvolvimento
de novas drogas. Um modelo de disfunção
meibomiana in vitro foi criado através da
exposição dessas células imortalizadas da
glândula de meibômio em cultura à isotre-
tinoina, um agente reconhecido como fator
de risco para DGM. Células tratadas com
isotretinoina apresentam redução da ativa-
ção de mediadores de manutenção celular,
inibição de proliferação e consequente morte
celular. Em outros estudos foram identifica-
dos ainda genes das glândulas de meibômio
possivelmente responsáveis pela disfunção
e possíveis alvos terapêuticos.
Ainda nessa sessão, Kelly Nichols, coor-
denadora do relatório sobre disfunção das
glândulas de meibômio realizado em 2011,
apresentou uma atualização sobre os princi-
pais aspectos da DGM, número de citações
da publicação e o impacto desse trabalho nas
pesquisas subsequentes dessa área.
NOVOS PARADIGMAS SOBRE SENSIBILIDADE CÓRNEA:
REPARO E REGENERAÇÃO DE SUPERFÍCIE OCULAR
A síndrome do olho seco é caracterizada
pela deficiência de produção aquosa e/ou
aumento da evaporação do filme lacrimal,
os quais desencadeiam o ressecamento da
superfície e os sinais e sintomas dessa dis-
função. Entretanto, muitos pacientes apre-
sentam importante disparidade na intensi-
dade de sintomas reportados e nos sinais
encontrados ao exame clínico. Em pacientes
portadores de disfunção das glândulas de
meibômio nos quais a instabilidade do filme
lacrimal é decorrente de deficiência lipíca,
há um aumento na taxa de evaporação da
lágrima, muitas vezes sendo os sintomas ir-
ritativos desproporcionais aos achados de
comprometimento do epitélio ou do volume
lacrimal. O professor Perry Rosenthal enfa-
tizou o papel da ativação de termorrecep-
tores da família TRPM8 na gênese da dor e
do desconforto. Esses receptores, presentes
16. 16 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
na superfície ocular, são ativados por peque-
nas variações de temperatura que acontecem
quando a lágrima evapora e a espessura do
filme lacrimal diminui, o que desencadeia
uma resposta de aumento do piscar e la-
crimejamento reflexo. Em pacientes muito
sintomáticos, nos quais a superfície ocular
apresenta bons parâmetros de integridade
epitelial e filme lacrimal, deve-se considerar
ainda possibilidade de neuropatia periférica,
participação da inflamação de superfície na
ativação de nocirreceptores (neuroinflama-
ção) e até mesmo ativação via sistema ner-
voso central. Essas são situações ainda de-
safiadoras para médicos e pacientes. Nessa
sessão foi discutido ainda o papel das lentes
esclerais no controle de sintomas e proteção
da superfície em pacientes com olho seco
evaporativo, uma modalidade terapêutica
com bons resultados.
TRANSPLANTE DE CULTURA DE CÉLULAS LIMBARES
E REGENERAÇÃO DE SUPERFÍCIE
O grupo italiano representado pela Dra.
Pellegrini apresentou resultados de longo
prazo do estudo prospectivo multicêntrico
que avaliou 152 pacientes com queimaduras
químicas severas tratados com enxerto de
células limbares autólogas cultivadas em fi-
brina. De acordo com parâmetros clínicos, o
sucesso terapêutico foi atingido em 66,05%
dos casos, seguido de parcial em 19,14% e
falência em 14,81%. Os autores concluíram,
pelo seguimento e avaliação desses pacien-
tes, que a qualidade do enxerto e o resultado
na regeneração epitelial dependem do núme-
ro de células holoclones com alta expressão
do fator de transcrição p63, detectadas antes
do enxerto, e que os enxertos de culturas de
células limbares são uma alternativa segura
e eficaz no tratamento de condições de ex-
tensa destruição da superfície ocular, como
nas queimaduras alcalinas.
CAMPANHA BLINKING AROUND THE WORLD
Com objetivo de promover a conscientização
sobre a importância do piscar para a renova-
ção do filme lacrimal e manutenção de uma
superfície ocular saudável, a TFOS inova no
lançamento da campanha Blinking around
the world (http://www.blinkaroundtheworld.
com). A diretora executiva da TFOS, Amy
Gallant Sullivan, apresentou o vídeo pro-
mocional da campanha, criado a partir de
vídeos enviados de todas as partes do mun-
do. Profissionais, pesquisadores e pacientes
estão unidos nessa campanha para reforçar
17. Volume 02 | No
03 | outubro/2013 17
a importância do simples ato de piscar para
garantir o conforto e proteger os olhos atra-
vés da renovação do filme lacrimal. A TFOS
e seus membros celebram essa campanha
no site, onde os vídeos podem ser acessa-
dos e novos podem ser enviados; também
acontece o lançamento da música “Blinking
Around The World”, pela cantora italiana Sa-
brina Zappia, disponível pelo iTunes e ama-
zon.com, para arrecadação de fundos para a
campanha.
CONSENSO SOBRE DESCONFORTO E LENTES DE
CONTATO (WWW.TEARFILM.ORG/TFOSCLDREPORT/
INDEX.HTM)
O desconforto relacionado ao uso de lentes
de contato é uma das principais causas de
insatisfação e descontinuidade de uso repor-
tada pelos usuários. Essa condição afeta a
qualidade de vida de milhares de pessoas
em todo mundo e não há ainda um consenso
sobre os principais aspectos relacionados à
definição, classificação, epidemiologia, etio-
logia, diagnóstico e tratamento. Com esse
objetivo, a TFOS lançou seus empenhos na
realização de um consenso sobre descon-
forto e lentes de contato, com duração pre-
vista de 18 meses e 79 participantes de vá-
rias partes do mundo, envolvidos tanto em
pesquisa clínica como em ciências básicas.
Foram estabelecidos 11 subcomitês que fa-
rão a revisão de pub licações e avaliação do
nível de evidência dessas informações, que
serão apresentadas em fóruns abertos para
discussão. A realização desse consenso tem
patrocínio da TFOS e de várias indústrias
farmacêuticas.
18. 18 Volume 02 | No
03 | outubro/2013
Esse grupo de especialistas tem como missão:
X Conduzir avaliação baseada em evidên-
cia sobre desconforto e saúde ocular re-
lacionados à lentes de contato;
X Desenvolver entendimento sobre defini-
ção, classificação, epidemiologia e neu-
robiologia do desconforto relacionado ao
uso de lentes de contato em subcomitês
pré-estabelecidos;
X Avaliar o papel dos materiais, desenho
das lentes de contato, bem como produ-
tos e soluções de cuidado na etiologia
do desconforto;
X Avaliar biocompatibilidade das lentes de
contato com a superfície ocular e filme
lacrimal;
X Desenvolver normatização para estudos
clínicos, incluindo parâmetros para ava-
liação do desconforto relacionado ao uso
de lentes de contato;
X Desenvolver recomendações para ava-
liação e tratamento e recomendações
para pesquisa e inovações nessa área.
Durante o evento, o coordenador do con-
senso, Jack Nichols, apresentou o desenho
do estudo e trabalhos preliminares do grupo.
19. Pode ser usado
com lentes
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componentedafórmula.INTERAÇÃOMEDICAMENTOSA:nãoseconheceminteraçõesmedicamentosas.
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Sci1989;66:796-803.7.
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é contraindicado nos casos de alergia a qualquer componente do medicamento. NÃO USE REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER PERIGOSO PARA A SAÚDE.
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qualquer superfície para evitar contaminação.Não permitir que a ponta do frasco entre em contato direto com os olhos.Mantenha a tampa do frasco bem fechada após o seu uso.Manter o produto fora do alcance das crianças.Armazenar em temperatura
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o produto se ocorrer modificação da coloração da solução ou se a solução se tornar turva.Produto de uso exclusivo em adultos.O uso em crianças representa risco à saúde.INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:Não são conhecidas interações com
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