1. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
BETINA GIANASTASIO PIPET DE OLIVEIRA
ALCEU PENNA
Profa.Bruna Lummertz
Croqui da Figura Humana
Torres, 2012
2. ALCEU PENNA
Mineiro de Curvelo, nascido a 10 de janeiro de 1915, Alceu Pena desenhou desde muito
cedo, com visível capacidade e rapidez.
Era o único que desenhava entre os doze irmãos. Sua mãe, Mercedes de Paula Penna
ensinou os primeiros traços, mostrando que o olho era igual a uma vírgula - o que o menino
Alceu repetia em seus desenhos feitos nas calçadas da rua, com giz emprestado por um alfaiate.
Na juventude, ele vem para o Rio de Janeiro para estudar arquitetura, e começa a visitar
jornais e revistas para vender os seus desenhos. Logo inicia sua carreira ilustrando para O Jornal
e O Globo Juvenil. Em 1938 é chamado pra ilustrar uma seção na revista O Cruzeiro, chamada de
“Garotas”, que abordava temas atuais de forma irreverente, alegre e inteligente. A coluna As
Garotas teve sua estréia em 5 de abril do mesmo ano e mais tarde ficou conhecida como As
Garotas do Alceu, inicialmente ela tinha duas páginas, mas logo quatro e na seqüência seis. Neste
período, o oftalmologista Caldas Brito, pai de um amigo descobriu que ele era daltônico. A partir
daí, Alceu passou a marcar a posição de seus guaches para não errar na hora de usá-los e a contar
com a ajuda de Thereza, sua irmã, que morou com ele até a sua morte.
As garotas eram desenhadas com traços que ficavam entre o sensual e o lúdico, vestidas
na moda e desfrutando das praias, bailes, cinema, enfim, do melhor que a vida social do Rio de
Janeiro podia oferecer, conquistando rapidamente a juventude entre 14 e 24 anos. Sua coluna era
uma espécie de vitrine de tendências, responsável por propor, de forma ousada, mudanças no
padrão de comportamento estabelecido. As mensagens subentendidas na abordagem de cada
semana não eram nada moralistas. As Garotas era como um panfleto da emancipação feminina,
sugerindo a exploração de todas as formas de liberdade possíveis num pais de tradição machista
onde a mulher vivia em total submissão aos homens.
Suas Garotas eram utilizadas como referência da moda a ser copiada: roupas, atitudes,
penteados, maquiagem, comportamento, etc. Além de despertar a fantasia juvenil masculina, As
Garotas “pronunciaram, pregaram e difundiram, entre 1938 e 1964, as tendências de liberdade,
independência e emancipação da mulher ocidental, às vezes à frente dos modismos mostrados
pelo cinema e pela moda.”. Elas curtiam a vida a bordo de Cadillacs – sem a necessidade de
companhias masculinas -, saiam sozinhas para os bailes de carnaval e flertavam com braços e
pernas à mostra. Suas personagens não eram fixas, mas o tipo físico era sempre o mesmo: juvenil,
3. magro, de seios pequenos e pouca cintura. Elas diferenciavam-se principalmente pelos traços do
rosto e cores dos cabelos. As garotas eram inspiradas no estilo de vida carioca, embora a
publicação circulasse nacionalmente.
Segundo o amigo Ziraldo:
“Durante anos, todas as moças bonitas deste País (…) se
penteavam, se sentavam, gesticulavam, sorriam e se vestiam como
as Garotas do Alceu. E nos encantavam e nos faziam sonhar. Tanto
que, muitos de nós – quase todos os que se casaram naquela época
– nos tornamos, um pouco, genros do Alceu.
(…)
Suas meninas de olhos expressivos, de gestos delicados e
cheios de graça, de cinturas finas, de longos cabelos e de saias
rodadas, cujo tecido era informado com duas ou três pinceladas – a
gente sabia se era seda ou algodão – eram tão fortes que, me
parece, os leitores conviviam com elas como se convive com um
ser vivo. (… ) Elas tinham vida própria, e tanta que Alceu
desaparecia por trás delas.”
(texto escrito por Ziraldo, para o catálogo da exposição As
garotas do Alceu, em julho de 1983, no Palácio das Artes, Belo
Horizonte, realizada três anos após o falecimento de Alceu)
O próprio Alceu, autodidata, dono de um traço ágil e estilo inconfundível, caprichava na
produção dos desenhos que além de difundir os modelos em voga, detalhava minuciosamente as
texturas e tramas dos tecidos, evidenciando os cores de cada uma das estações. Foram 28 anos
ininterruptos ilustrando As Garotas de Alceu. Accioly Neto e Millôr Fernandes colaboravam com
os pequenos textos que acompanhavam os desenhos.
Os modelos agradavam também às mulheres da alta sociedade que não raro lhe pediam
um modelo exclusivo. Parte da credibilidade do figurinista vinha de seu capricho na produção dos
desenhos e na pesquisa de informações sobre moda.
Foi Alceu que vestiu Marta Rocha para o Miss Universo, em 1954, e renovou a fantasia
da Carmem Miranda, sua grande amiga, quando ela partiu para Hollywood, com o Bando da
Lua.
Além das garotas, em 1950, na revista feminina A Cigarra, Alceu e Álvaro Armando
criaram os quadrinhos “Marido de Madame“, uma série publicada em duas páginas por edição, na
qual os personagens Gonçalo e Lolita dialogavam com rimas (referência à literatura de cordel).
4. Gonçalo e Lolita formavam um casal típico da classe média alta carioca dos anos 1950. A
sofisticada senhora adorava dar ordens ao marido e ele satisfazia as vontades dela.
Ilustrou ainda um grande número de livros em parceria com grandes nomes da literatura,
em sua maioria infantis.
Durante a Segunda Guerra, com Paris, dominada pelos alemães, o Brasil também sofria
com a falta de material vindo da capital francesa. A solução mais uma vez veio de Acciloy Neto:
Alceu Penna se tornaria então estilista, dando ênfase à criação dos trajes de suas Garotas. No
final da década de 50 era também o maior crítico de moda do país.
A partir de 1968, desenhou roupas para os desfiles da Rhodia, que tinham textos de Carlos
Drummond de Andrade e Torquato Neto, músicas de Caetano Veloso e Jorge Ben e cenários de
Cyro del Nero. Estes desfiles estiveram presentes na Europa, Àsia e América do Norte
percorrendo Roma, Paris, Hong Kong, Beirute e depois em quase todas as capitais brasileiras em
espetáculos beneficentes.
Conviveu com os estilistas como Pierre Cardin e Yves Saint-Laurent. Em 1975 descobre
que tem hipertensão. Morre 5 anos depois.
Revendo a obra de Alceu Penna, todos se emocionam não somente pela beleza e nostalgia
de uma época passada, mas principalmente pela sua flagrante modernidade metafórica que se
estende também aos movimentos cotidianos da mulata que samba, do operário em ação, da
rendeira que tece seus bordados em sintonia com o cosmo, capoeira, internet, final de milênio
tudo em constante ebulição movimentando nossa história.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAFAGGI, Lu. Disponível em: http://ladyscomics.com.br/tag/pin-up. Acessado em: 9 de abril
2012
Disponível em: http://www2.uol.com.br/modabrasil/biblioteca/grandesnomes/alceu.
Acessado em: 15 de abril 2012
SENA, Vanessa. Disponível em: http://vanvansena.blogspot.com.br/2012_01_01_archive.
html. Acessado em: 15 de abril 2012
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAFAGGI, Lu. Disponível em: http://ladyscomics.com.br/tag/pin-up. Acessado em: 9 de abril
2012
Disponível em: http://www2.uol.com.br/modabrasil/biblioteca/grandesnomes/alceu.
Acessado em: 15 de abril 2012
SENA, Vanessa. Disponível em: http://vanvansena.blogspot.com.br/2012_01_01_archive.
html. Acessado em: 15 de abril 2012