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       Teoria da Comunicação II

          Prof. Hugo Lovisolo




“O caos no Rio, pelas redes sociais”
O caos no Rio, pelas redes sociais
     “Os consumidores da Geração Internet estão dando mais um passo e se tornando produtores,

                     criando produtos e serviços juntamente com as empresas.”

                                        (Tapscott, p.111)


   1. Introdução

   Os cariocas ficaram imersos em criminalidade e conectividade entre os dias 21 e
28 de novembro de 2010. Ou melhor, não apenas os cariocas, mas também aqueles
de outras localidades (estados e países) que acompanharam de forma significativa o
ocorrido no Rio de Janeiro. A ideia inicial desse trabalho surgiu a partir do momento em
que foi percebido que a listagem de Trending Topics (10 tópicos mais comentados) da
rede social Twitter no Brasil tinha os 10 termos relacionados ao caos no Rio. Portanto, o
objetivo deste trabalho é explorar essa relação entre o uso da internet e suas ferramentas
com os confrontos entre a polícia e facções criminosas no período destacado. Para
isso, o material de análise selecionado foram perfis do Twitter, como @caosrj,
@vozdacomunidade e @CasodePolicia, que se fizeram presentes como agregadores de
notícias, sobre tiroteios, carros queimados, operações policiais, etc. Independentemente
do foco, o trabalho também vai buscar fazer um panorama completo da presença do
assunto nessa rede e na recém-popularizada no país Facebook, partindo do princípio que
ambas foram pensadas e movimentadas para definir o que #everdade e o que #eboato.




   2. As redes

    Para entender o fenômeno do uso das redes sociais, é preciso em primeiro lugar
entender o que elas são e proporcionam. A mais utilizada durante o caos no Rio de
Janeiro foi amplamente o Twitter, que proporciona uma experiência de envio e troca,
apenas entre pessoas que se considerem relevantes mutuamente, de mensagens diretas
e reduzidas a no máximo 140 caracteres. Essa proposta condiz perfeitamente com a
sociedade de informação que está instalada nas grandes metrópoles desde os últimos
anos, onde o público busca informações rápidas, fragmentadas e preferencialmente
confiáveis. Importante nessa análise é reconhecer a imensidão de mensagens enviadas
na língua portuguesa pelos usuários do serviço: das 50 milhões de mensagens mundiais
enviadas todos os dias, 4.5 milhões usam a língua portuguesa. Esse número se torna
ainda mais expressivo quando analisado de forma percentual, sendo referente à 9%,
se instalando na terceira colocação no ranking dos idiomas mais usados, ficando atrás
do inglês, que corresponde a metade das micromensagens diárias, e do japonês, que é
usado em 14% dos textos.

    Já o Facebook é uma rede que utiliza diretamente o conceito de perfil pessoal,
de forma que ocorram “demonstrações públicas de identidade” (Tapscott, p.72).
Diferentemente do Twitter, o Facebook não faz uso direto do serviço de envio de
mensagens a toda a lista de contatos, embora também conte com a ferramenta. O
foco dessa rede social, amplamente comum nos Estados Unidos e que ainda caminha
a passos curtos no Brasil, é a troca de mensagens diretas entre seus usuários, sem
generalização de público receptor.



                                     “E por serem as redes sociais dirigidas por jovens, são eles
                                     que estão impulsionando o renascimento de novos modelos
                                     de colaboração que sacodem as janelas e abalam as paredes
                                     de todas as instituições.”

                                     (Tapscott, p.74)




   3. O caos e as redes

   Como dito no epílogo e na citação logo acima, os jovens se organizam e produzem
através de ferramentas criadas por eles e para eles. E nestes termos, a cobertura do
caos que tomou conta do Rio de Janeiro se demonstrou diretamente interligada com as
teorias da publicação A Hora da Geração Digital. E mais do que isso, não foram apenas
jovens que se organizaram, eles obrigaram até a grande mídia e o governo (em dados
momentos, secretários governamentais e representantes das forças policiais davam
declarações ao vivo pela internet para tranquilizar a população) a lançar mão dessas
ferramentas para garantir a não perda de credibilidade e audiência.

    Por exemplo, o canal por assinatura GloboNews se viu obrigado a disponibilizar
por streaming gratuito diretamente do site Globo.com sua programação na íntegra,
já que por motivos comerciais o braço popular da emissora precisou manter a grade
normal, com novelas. Já a redação do jornal Extra, em sua editoria “Casos de
Polícia e Segurança” teve durante a maior parte da cobertura dos eventos no Rio,
funcionários, em sua maioria jovens, que serviram como “âncoras” do constante
noticiário implementado durante o conflito. Para divulgar essa apuração e checagem
de denúncias que chegavam a todo momento, fizeram uso da ferramenta TwitCam, que
transmite ao vivo por streaming o vídeo do usuário que realiza a transmissão, no caso,
o perfil do Twitter @CasodePolicia. E deve ser destacada também a situação curiosa
presenciada pelos espectadores em determinado momento de uma das transmissões:
o “apresentador” do boletim retira os fones de ouvido e o microfone, e em off conversa
com colegas do trabalho, deliberadamente explicando o que está fazendo, e por sinal,
os que o questionavam realmente não entendiam o funcionamento da ferramenta, o que
leva a conclusão de que poderiam ser mais velhos e portanto, provavelmente, superiores
hierarquicamente a ele. Nesse cenário, percebe-se claramente que um grande veículo
de comunicação, jornal Extra, já percebeu a importância de estar em contato direto
com o leitor, espectador, internauta, jovem, e portanto, conforme descreve o autor, teve
que se reinventar como veículo transmissor de novidades, para um híbrido que recebia
informações daqueles que antes eram consumidores, e precisava apenas validar ou não o
relatado.

    Mas se o perfil @CasodePolicia era um braço de uma empresa de comunicação
funcionando como agregador de notícias, indivíduos independentes decidiram
tomar a mesma iniciativa. Foi o caso do periódico mensal Voz da Comunidade, que
é um jornal comunitário do conjunto de favelas do Alemão, que possuía o perfil
@vozdacomunidade, sendo seguido por menos 200 pessoas. Dada a iniciativa, o
número de pessoas que se interessaram pelo trabalho do jovem de 17 anos, que
posteriormente viria a ser ajudado por outros dois de 11 e 13 anos de idade, saltou para
cerca de 28 mil (número do dia 30 de novembro de 2010). Segundo órgãos da imprensa,
eles foram de verdade a ‘voz da comunidade’, a partir do momento que representavam
moradores da região e ao mesmo tempo disseminadores de informação. E isso não
apenas para o público do Rio de Janeiro em geral, mas também para empresas de
comunicação internacionais que monitoravam as postagens do grupo para se manterem
atualizados, já que o @vozdacomunidade adquiriu credibilidade suficiente na internet
ao longo de seu trabalho.

   Mas talvez o verdadeiro modelo de agregador de notícias independente que se fez
presente de forma expressiva durante o conflito no Rio de Janeiro foi o @caosrj. O
gerenciador da conta organizou perfil no Twitter e no Facebook, de forma que atingisse
um número cada vez maior de público ou até otimizasse a prestação de serviço àqueles
que já recorriam a ele. O @caosrj é administrado pelo estudante de comunicação
social Pablo Tavares, morador de Niterói, sendo isso o que o difere dos outros dois
perfis já citados aqui: ele não morava no município do Rio ou sequer próximo do
epicentro do conflito. Portanto, todo o trabalho de apuração foi feito a partir do relato
e da participação de outros usuários das redes sociais, o que exemplifica e demonstra
uma colaboração coletiva espontânea, onde todos os usuários, ativos ou passivos,
ganharam. Segundo Pablo “as fontes de informações eram os próprios usuários” (tal
paradigma levanta também um outro confronto com o modelo tradicional de mídia:
nas redes sociais, a revelação da fonte da informação é quase uma convenção social), o
que se faz necessário, a partir do momento em que “a Geração Internet sabe ser cética
sempre que está online” (Tapscott, p. 99), ou seja, os usuários sabiam ser céticos com
as informações que eles próprios postavam e disseminavam. Isso, portanto, evitava a
sensação de insegurança popular e o pânico desnecessário.

   Importante destacar também é a aceitação dos grandes veículos de comunicação aos
serviços prestados pelos perfis @vozdacomunidade e @caosrj. Segundo Pablo, “na
maioria das vezes, as grandes empresas destacaram positivamente o serviço, como
Estadão, Veja, Uol e o jornalista e apresentador Marcelo Tas”. Este último, uma
personalidade que goza de tal credibilidade na internet e entre o público jovem, que foi
de suma importância para o crescimento desses perfis no Twitter, a partir do momento
que ao elogiá-los, transfere sua credibilidade para eles. Outro ponto interessante a ser
abordado é a colaboração direta entre os perfis aqui citados. Por diversos momentos
eles “retwittaram” informações veiculadas por aqueles que deveriam ser “concorrentes”,
se fosse pensado de forma conservadora. Pelo contrário. Na internet, o que conta é a
colaboração, e todos esses perfis demonstraram isso, principalmente, dada a situação em
que o Rio de Janeiro se encontrava.
4. Conclusão

    Independentemente do desfecho político e policial do caos no Rio de Janeiro, a
cobertura do evento verificada na internet deve ficar como um modelo a ser seguido.
Não por ser inovador e interativo, mas por proporcionar uma participação direta e ativa
do público na produção do conteúdo que deve ser consumido por esse mesmo público.
Em suma, as atividades promovidas pelos perfis são exemplos plenos e quase perfeitos
das práticas descritas por Don Tapscott na obra A Hora da Geração Digital, e talvez
para a sorte da camada consumidora, eles devem ditar a moda daqui para a frente em
termos de jornalismo no Brasil.
5. Bibliografia

TAPSCOTT, Don. A Hora da Geração Digital. Editora Nova Fronteira, 2010.

   6. Portais de notícias

http://g1.globo.com

http://extra.globo.com

http://veja.abril.com.br

http://odia.terra.com.br

   7. Entrevistas

Pablo Tavares

. @caosrj (http://www.twitter.com/caosrj)

. Facebook: Caos Rj (http://www.facebook.com/profile.php?id=100001920440849)

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O caos no Rio de Janeiro pelas redes sociais

  • 1. Pedro Henriques 2009.1.02936.11 Teoria da Comunicação II Prof. Hugo Lovisolo “O caos no Rio, pelas redes sociais”
  • 2. O caos no Rio, pelas redes sociais “Os consumidores da Geração Internet estão dando mais um passo e se tornando produtores, criando produtos e serviços juntamente com as empresas.” (Tapscott, p.111) 1. Introdução Os cariocas ficaram imersos em criminalidade e conectividade entre os dias 21 e 28 de novembro de 2010. Ou melhor, não apenas os cariocas, mas também aqueles de outras localidades (estados e países) que acompanharam de forma significativa o ocorrido no Rio de Janeiro. A ideia inicial desse trabalho surgiu a partir do momento em que foi percebido que a listagem de Trending Topics (10 tópicos mais comentados) da rede social Twitter no Brasil tinha os 10 termos relacionados ao caos no Rio. Portanto, o objetivo deste trabalho é explorar essa relação entre o uso da internet e suas ferramentas com os confrontos entre a polícia e facções criminosas no período destacado. Para isso, o material de análise selecionado foram perfis do Twitter, como @caosrj, @vozdacomunidade e @CasodePolicia, que se fizeram presentes como agregadores de notícias, sobre tiroteios, carros queimados, operações policiais, etc. Independentemente do foco, o trabalho também vai buscar fazer um panorama completo da presença do assunto nessa rede e na recém-popularizada no país Facebook, partindo do princípio que ambas foram pensadas e movimentadas para definir o que #everdade e o que #eboato. 2. As redes Para entender o fenômeno do uso das redes sociais, é preciso em primeiro lugar entender o que elas são e proporcionam. A mais utilizada durante o caos no Rio de Janeiro foi amplamente o Twitter, que proporciona uma experiência de envio e troca, apenas entre pessoas que se considerem relevantes mutuamente, de mensagens diretas e reduzidas a no máximo 140 caracteres. Essa proposta condiz perfeitamente com a sociedade de informação que está instalada nas grandes metrópoles desde os últimos anos, onde o público busca informações rápidas, fragmentadas e preferencialmente confiáveis. Importante nessa análise é reconhecer a imensidão de mensagens enviadas
  • 3. na língua portuguesa pelos usuários do serviço: das 50 milhões de mensagens mundiais enviadas todos os dias, 4.5 milhões usam a língua portuguesa. Esse número se torna ainda mais expressivo quando analisado de forma percentual, sendo referente à 9%, se instalando na terceira colocação no ranking dos idiomas mais usados, ficando atrás do inglês, que corresponde a metade das micromensagens diárias, e do japonês, que é usado em 14% dos textos. Já o Facebook é uma rede que utiliza diretamente o conceito de perfil pessoal, de forma que ocorram “demonstrações públicas de identidade” (Tapscott, p.72). Diferentemente do Twitter, o Facebook não faz uso direto do serviço de envio de mensagens a toda a lista de contatos, embora também conte com a ferramenta. O foco dessa rede social, amplamente comum nos Estados Unidos e que ainda caminha a passos curtos no Brasil, é a troca de mensagens diretas entre seus usuários, sem generalização de público receptor. “E por serem as redes sociais dirigidas por jovens, são eles que estão impulsionando o renascimento de novos modelos de colaboração que sacodem as janelas e abalam as paredes de todas as instituições.” (Tapscott, p.74) 3. O caos e as redes Como dito no epílogo e na citação logo acima, os jovens se organizam e produzem através de ferramentas criadas por eles e para eles. E nestes termos, a cobertura do caos que tomou conta do Rio de Janeiro se demonstrou diretamente interligada com as teorias da publicação A Hora da Geração Digital. E mais do que isso, não foram apenas jovens que se organizaram, eles obrigaram até a grande mídia e o governo (em dados momentos, secretários governamentais e representantes das forças policiais davam declarações ao vivo pela internet para tranquilizar a população) a lançar mão dessas ferramentas para garantir a não perda de credibilidade e audiência. Por exemplo, o canal por assinatura GloboNews se viu obrigado a disponibilizar
  • 4. por streaming gratuito diretamente do site Globo.com sua programação na íntegra, já que por motivos comerciais o braço popular da emissora precisou manter a grade normal, com novelas. Já a redação do jornal Extra, em sua editoria “Casos de Polícia e Segurança” teve durante a maior parte da cobertura dos eventos no Rio, funcionários, em sua maioria jovens, que serviram como “âncoras” do constante noticiário implementado durante o conflito. Para divulgar essa apuração e checagem de denúncias que chegavam a todo momento, fizeram uso da ferramenta TwitCam, que transmite ao vivo por streaming o vídeo do usuário que realiza a transmissão, no caso, o perfil do Twitter @CasodePolicia. E deve ser destacada também a situação curiosa presenciada pelos espectadores em determinado momento de uma das transmissões: o “apresentador” do boletim retira os fones de ouvido e o microfone, e em off conversa com colegas do trabalho, deliberadamente explicando o que está fazendo, e por sinal, os que o questionavam realmente não entendiam o funcionamento da ferramenta, o que leva a conclusão de que poderiam ser mais velhos e portanto, provavelmente, superiores hierarquicamente a ele. Nesse cenário, percebe-se claramente que um grande veículo de comunicação, jornal Extra, já percebeu a importância de estar em contato direto com o leitor, espectador, internauta, jovem, e portanto, conforme descreve o autor, teve que se reinventar como veículo transmissor de novidades, para um híbrido que recebia informações daqueles que antes eram consumidores, e precisava apenas validar ou não o relatado. Mas se o perfil @CasodePolicia era um braço de uma empresa de comunicação funcionando como agregador de notícias, indivíduos independentes decidiram tomar a mesma iniciativa. Foi o caso do periódico mensal Voz da Comunidade, que é um jornal comunitário do conjunto de favelas do Alemão, que possuía o perfil @vozdacomunidade, sendo seguido por menos 200 pessoas. Dada a iniciativa, o número de pessoas que se interessaram pelo trabalho do jovem de 17 anos, que posteriormente viria a ser ajudado por outros dois de 11 e 13 anos de idade, saltou para cerca de 28 mil (número do dia 30 de novembro de 2010). Segundo órgãos da imprensa, eles foram de verdade a ‘voz da comunidade’, a partir do momento que representavam moradores da região e ao mesmo tempo disseminadores de informação. E isso não apenas para o público do Rio de Janeiro em geral, mas também para empresas de comunicação internacionais que monitoravam as postagens do grupo para se manterem atualizados, já que o @vozdacomunidade adquiriu credibilidade suficiente na internet
  • 5. ao longo de seu trabalho. Mas talvez o verdadeiro modelo de agregador de notícias independente que se fez presente de forma expressiva durante o conflito no Rio de Janeiro foi o @caosrj. O gerenciador da conta organizou perfil no Twitter e no Facebook, de forma que atingisse um número cada vez maior de público ou até otimizasse a prestação de serviço àqueles que já recorriam a ele. O @caosrj é administrado pelo estudante de comunicação social Pablo Tavares, morador de Niterói, sendo isso o que o difere dos outros dois perfis já citados aqui: ele não morava no município do Rio ou sequer próximo do epicentro do conflito. Portanto, todo o trabalho de apuração foi feito a partir do relato e da participação de outros usuários das redes sociais, o que exemplifica e demonstra uma colaboração coletiva espontânea, onde todos os usuários, ativos ou passivos, ganharam. Segundo Pablo “as fontes de informações eram os próprios usuários” (tal paradigma levanta também um outro confronto com o modelo tradicional de mídia: nas redes sociais, a revelação da fonte da informação é quase uma convenção social), o que se faz necessário, a partir do momento em que “a Geração Internet sabe ser cética sempre que está online” (Tapscott, p. 99), ou seja, os usuários sabiam ser céticos com as informações que eles próprios postavam e disseminavam. Isso, portanto, evitava a sensação de insegurança popular e o pânico desnecessário. Importante destacar também é a aceitação dos grandes veículos de comunicação aos serviços prestados pelos perfis @vozdacomunidade e @caosrj. Segundo Pablo, “na maioria das vezes, as grandes empresas destacaram positivamente o serviço, como Estadão, Veja, Uol e o jornalista e apresentador Marcelo Tas”. Este último, uma personalidade que goza de tal credibilidade na internet e entre o público jovem, que foi de suma importância para o crescimento desses perfis no Twitter, a partir do momento que ao elogiá-los, transfere sua credibilidade para eles. Outro ponto interessante a ser abordado é a colaboração direta entre os perfis aqui citados. Por diversos momentos eles “retwittaram” informações veiculadas por aqueles que deveriam ser “concorrentes”, se fosse pensado de forma conservadora. Pelo contrário. Na internet, o que conta é a colaboração, e todos esses perfis demonstraram isso, principalmente, dada a situação em que o Rio de Janeiro se encontrava.
  • 6. 4. Conclusão Independentemente do desfecho político e policial do caos no Rio de Janeiro, a cobertura do evento verificada na internet deve ficar como um modelo a ser seguido. Não por ser inovador e interativo, mas por proporcionar uma participação direta e ativa do público na produção do conteúdo que deve ser consumido por esse mesmo público. Em suma, as atividades promovidas pelos perfis são exemplos plenos e quase perfeitos das práticas descritas por Don Tapscott na obra A Hora da Geração Digital, e talvez para a sorte da camada consumidora, eles devem ditar a moda daqui para a frente em termos de jornalismo no Brasil.
  • 7. 5. Bibliografia TAPSCOTT, Don. A Hora da Geração Digital. Editora Nova Fronteira, 2010. 6. Portais de notícias http://g1.globo.com http://extra.globo.com http://veja.abril.com.br http://odia.terra.com.br 7. Entrevistas Pablo Tavares . @caosrj (http://www.twitter.com/caosrj) . Facebook: Caos Rj (http://www.facebook.com/profile.php?id=100001920440849)