Slides apresentados no I Sim letras evento de Letras na UFAC Campos Floresta na cidade de Cruzeiro do Sul em novembro de 2014 - uma comunicação no evento.
3. “Quando foi o pós-colonialismo?”
(Stuart Hall)
• “O termo ‘pós-colonial’ não
se restringe a descrever
uma sociedade ou época.
Ele relê a colonização como
parte de um processo
global essencialmente
transnacional e
transcultural – e produz
uma reescrita descentrada
diaspórica das grandes
narrativas imperiais do
passado, centradas na
nação” (p.102)
4. Desconstrução de uma narrativa essencialista
• As questões referentes à temáticas como
colonialismo, pós-colonialismo, modernidade e
pós-modernidade podem (correm o risco de)
nos remeter à discursos consolidados e que
direcionam nosso(s) olhar(es) à uma
perspectiva fragmentada de nossa história e
que mesmo entendida como diversa se
encontra ainda submetida a uma lógica de
silenciamento e apagamento das diferenças, um
discurso idealizado, totalizante e universalista.
5. Proposta de contracultura da modernidade
• [...] o interesse pela subordinação social e
política dos negros e outros povos não
europeus não se apresenta nos debates
contemporâneos em torno do conteúdo
filosófico, ideológico ou cultural e das
consequências da modernidade. Em seu lugar,
uma modernidade inocente emerge das
relações sociais aparentemente felizes que
agraciaram a vida pós-iluminismo em Paris,
Londres e Berlin (GILROY, 2001 p. 107).
6. PÓS-COLONIALISMO
• O pensamento colonial é fundador do
pensamento moderno e a concepção de ser
greco-romano ou germânico ocidentalizado ou
eurocêntrico representa em grande parte o
desmonte de outras narrativas, assim como o
silenciamento e apagamento de diversos
povos e grupos, com seus respectivos saberes
e culturas.
7. Imperialismo Linguístico como fio
condutor do estabelecimento da
modernidade nas Américas e nas
Áfricas.
• “... O ensino de línguas sempre teve uma
dimensão fortemente colonialista.”
(Philipson,1992:47)
8. Para além do lá e aqui...
• “As diferenças entre as culturas colonizadora e
colonizada permanecem profundas. Mas nunca
operaram de forma absolutamente binária nem
certamente o fazem mais”(HALL, 2009).
As concepções de falante nativo e não-nativo
comprometem nosso olhar a uma perspectiva
essencialista daqueles que chamamos de “outro”
e assim nos aprisionamos e nos limitamos
também.
9. Sobre a “Pedagogia Mainstream” e
seus efeitos silenciadores
• Tem-se privilegiado uma pedagogia direcionada ao ensino-aprendizagem
de inglês que podemos chamar mainstream
(CANAGARAJAH, 1999): aquela que vende para o mundo —
sem exageros, haja vista que essa pedagogia alimenta um
grande comércio internacional — certa maneira de ensinar e
aprender inglês, institucionalizada e legitimada por
tradicionalíssimos centros de pesquisa britânicos e norte-americanos,
que, aliada a propósitos de e para o mercado e a
políticas econômicas neoliberais, tende a homogeneizar os
sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem
dessa LE, desconsiderando/apagando suas subjetividades e
contextos locais.
10. Deslocamentos discursivos
(o estabelecimento do plural)
• “A desconstrução de conceitos-chave
(nacionalidade, raça, identidade, sexualidade)
pelos chamados discursos “pós” não foi
seguida pela extinção ou desaparecimento
dos mesmos, mas por sua proliferação
(conforme alertou Foucault), estes ocupando
uma posição “descentrada” no discurso”
(HALL, 2011).
12. “O inglês está no mundo, mas o
mundo está em nossas aulas de
inglês?”
• E se a resposta for sim, que mundo é esse?
Estaria ele submetido a uma ordem
preestabelecida historicamente,
hierarquizada, categorizada, totalizante,
essencialista, universal e comercial?
13. A linguagem nos proporciona a construção de
realidades, leituras e narrativas
Velho Mundo
• Cultura
• Arte
• Erudito
• Centro
Novo Mundo
• Folclore
• Artesanato
• Popular
• Periferia
14. A Noção de Linguagem como Discurso
• Quando nomeamos, aprisionamos o “outro”
em nossa concepção/visão de mundo.
• “Todo enunciado, inevitavelmente situado
socio-historicamente, filia-se a um ou mais
discursos, que, por sua vez, vincula(m)-se a
ideologias (FOUCAULT, 2010).
15. Outras narrativas são possíveis (e necessárias)
• Desconstruir, descolonizar-se e reinterpretar
fazem parte de um deslocamento necessário
para que possamos (re)pensar outra(s)
história(s) que pode(m) ser também
narrada(s) a partir de outro(s) olhar(es).
16. Political attitude towards language (beyond
linguistic)
• “Language, it is widely admitted today, is
fraught with power relations. And the activity
of teaching only brings to light the unequal
distribution of power between the parties
involved” (RAJAGOPALAN, 2005)
17. Por uma Pedagogia Intercultural Crítica
• “Em dois artigos provocadores para a revista
especializada britânica ELT Journal publicada pela
Oxford University Press, Rajagopalan (1999,2004)
aborda pontos importantes no tocante as novas
posturas a serem assumidas pelos professores de
inglês como língua internacional, argumentando,
dentre outras coisas, que ensinar inglês hoje em
dia significa muito mais que levar um aluno a
falar uma segunda língua (SL) ou uma língua
estrangeira(LE)...” (SIQUEIRA, 2008)
18. Por uma Pedagogia Intercultural Crítica
• “Para o autor, se estiverem dotados de uma
consciência crítica sobre sua real tarefa e sobre o
que significa ensinar uma língua de alcance
internacional atualmente, os docentes de ILI não
precisam se sentir culpados de estarem a serviço
de uma gigantesca empreitada neocolonialista.
Rajagopalan alerta que o professor de inglês não
deve se enxergar como agente de quaisquer
forças externas, muito menos como um soldado
estrangeiro a serviço do imperialismo
estadunidense.” (SIQUEIRA, 2008)
19. • “The time has come for the
primal history of modernity to
be reconstructed from the
slaves point of view”
20. Referências
• CERTEAU, Michel de. A Escrita da História/ Michel de Certeau; tradução de
Maria de Lourdes Menezes – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
• CESAR, Chico. Mama África. Compositor e intérprete: Chico César. CD Cuscuz-
Clã/Aos Vivos: Faixa 07, 1995 – disponível em http://artists.letssingit.com/chico-cesar-
album-cuscuz-cla-5q2s4h
• FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Michel Foucault; São Paulo: Edições
Loyola, 21ª edição; 2011.
• GILROY, Paul. O Atlântico Negro. São Paulo: Editora 34, 2001.
• HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade/ Stuart Hall;
tradução: Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro – 7 ed. – Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
• HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidade e Mediações Culturais. Trad. Adelaine La
Guardia Resende...[et all]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
• KACHRU, Braj. The Other Tongue: English Across Cultures. Edited by Braj B.
Kachru – Illinois; 2nd Edition, 1992.
• RAJAGOPALAN, Kanavillil. Post Colonial World and Post Modern Identity:
Implications for Language Teaching Kanavillil Rajagopalan. DELTA, 21: ESPECIAL
2005.