Este ensaio tem o objetivo de mostrar uma das singularidades das culturas do município de Oriximiná, Estado do Pará, as práticas de cura. Assim como do universo amazônico, a cultura da população deste município é baseada em um místico do folclore, lendas locais, saberes tradicionais e diversas atividades culturais. Mas ainda assim, é necessário apreender que as práticas de cura possuem valor específico que vão além do folclore, constituído de saberes historicamente construídos e de valor social e político que estão dentro deste cenário. Oriximiná está localizado no oeste do Estado do Pará e o segundo maior em extensão geográfica do Estado. Seu principal Rio é intitulado “Trombetas” que possui ao longo de seu percurso 153 comunidades rurais. O nome Oriximiná possui diversas denominações e por isso se deve entender a construção da comunidade local que caracterizada por indígenas, afrodescendentes, italianos e portugueses. Iniciou-se denominada Uruá-Tapera ou Mura-Tapera, passando a freguesia de Santo Antônio de Uruá-tapera (1886), posteriormente como Vila de Oriximiná (1894) e finalmente município de Oriximiná (1934) (IBGE, 2016). Sabe-se que rezadores e benzedeiros são ainda hoje de grande importância inclusive na atenção à saúde e ainda observados nos contextos da Amazônia. Medeiros (2013) revela em suas análises o novo “benzedor”, que entende a importância do novo modelo de saúde e se dispõe a unir seus conhecimentos à ciência. Na verdade, há hoje uma percepção e reintrodução de práticas de cura de cunho religioso até mesmo pela valorização da terapia alternativa pelo próprio Ministério da Saúde principalmente pela concepção das políticas públicas de saúde que valorizam o uso de plantas medicinais por meio do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de práticas integrativas e complementares. Logo, é possível implementar este ofício e suas atividades nos serviços de saúde pública, ainda que seja pelo reconhecimento de sua importância no cotidiano das populações e povos da Amazônia.