Este documento discute a resiliência regional no caso do Polo Industrial de Cubatão (SP), Brasil. Analisa as mudanças ocorridas na região após choques ambientais na década de 1980 utilizando um modelo teórico-metodológico de resiliência. Conclui que a região se tornou resiliente, com desempenho superior devido ao controle da poluição e competências territoriais desenvolvidas.
Resiliencia Regional em Perspectivas Teóricas e Empíricas: O Caso do Polo Industrial de Cubatão (SP) Brasil
1. Resiliência regional em perspectivas teóricas e
empíricas: O caso do Polo Industrial de Cubatão
(SP), Brasil.
Autores
SIRLEI PITTERI
LUÍS PAULO BRESCIANI
Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
2. Origem do conceito
Habilidade específica das localidades para reagir, responder e lidar
com incertezas diante de mudanças e adversidades, como desastres
naturais ou provocados artificialmente.
Respostas a uma matriz diversificada de choques externos (crises
financeiras, desastres ambientais, mudanças climáticas, movimentos
terroristas e outros).
Economias de acumulação -> estrutura social de acumulação
(ajustamento contínuo dos sistemas econômicos, sociais e
ambientais)
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3. Problema de Pesquisa e Objetivos
Cubatão (SP) – „Vale da Morte‟ - cidade mais poluída no mundo
(1980) – risco iminente de desindustrialização.
Plano de Ação para Recuperação Ambiental (1983-2008).
Polo Industrial de Cubatão (SP) pode ser
considerado, atualmente, uma região resiliente?
Analisar as mudanças ocorridas no Polo Industrial de Cubatão
(SP) a partir do modelo teórico-metodológico de resiliência
regional.
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4. METODOLOGIA DE PESQUISA
Fundamentação teórica sobre resiliência regional;
Proposição do conceito de resiliência regional;
Criação do modelo teorico-metodológico para investigação
empírica;
Validação do modelo por meio de investigação empírica;
Análise crítica dos limites e possibilidades do modelo
proposto;
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5. PERSPECTIVA TEÓRICAS SOBRE RESILIÊNCIA REGIONAL
A) EQUILÍBRIO ( engenharia da resiliência)
Permite investigar as
veis que descrevem o estado, a natureza e as medidas
dos choques externos;
B) ECONOMIA EVOLUCIONÁRIA (caminho dependente e lock-in)
e que se leve em conta a
ria e geografia dos lugares, para explicar
como a
o espacial da
o, da
o e do consumo o
transformados ao longo do tempo;
C) SISTÊMICA E DE LONGO PRAZO (adaptabilidade e competências territoriais)
Coloca ênfase nas
es de longo prazo. A estrutura social de
o
o
tica e seria resiliente na medida em que permanece
vel ou capaz
de fazer uma “ pida
o” para outra “melhor”.
AGENTES DE MUDANÇAS
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6. Conceito de Resiliência Regional
Resiliência regional é a capacidade das regiões de se
adaptarem com eficiência e efetividade após um choque
endógeno ou exógeno, em que sua estrutura social de
acumulação permaneça no mesmo patamar de
desenvolvimento ou se transforme em uma estrutura social
de acumulação com desempenho superior, quando
comparada ao padrão anterior ao choque ou perturbação.
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8. MODELO CANÔNICO DO CAMINHO DEPENDENTE DA EVOLUÇÃO
INDUSTRIAL ESPACIAL
Cubatão apresentava
condições geográficas
favoráveis para o
desenvolvimento das
economias de
aglomeração.
Usina Henry Boyden (1926)
Via Anchieta (1942-1947).
Desenvolvimento da
infraestrutura
logística entre o
Planalto e o Porto de
Santos.
Petrobras (1950)
23 complexos
industriais, 111 fábricas
e mais de 300 fontes
poluidoras do ar, água e
solo, localizados em
uma estreita faixa de
terra entre o litoral e a
Serra do Mar.
Plano de Ação para
Recuperação
Ambiental
(1983-2008).
10. REDUÇÃO DE POLUENTES DO AR (1983-2008)
“Poluição diminui 98,9 % em Cubatão, mostra estudo” (Estado de SP, 2008);
“Recuperação ambiental: Cubatão, que já foi a cidade mais poluída do Mundo, é exemplo e
referência mundial em recuperação ambiental” (Cidades do Brasil, 2000);
“A cidade que foi sinônimo de poluição, virou símbolo da recuperação ambiental”
(Veja, 22/07/2010);
“Cubatão, um município sustentável (Panorama Ambiental, (maio de 2009);
“30 anos após boom de anencéfalos, Cubatão (SP) registra poucos casos” (Folha de SP, 2008).
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11. PERSPECTIVA SISTÊMICA DE LONGO PRAZO
Três projetos:
Destinado ao controle da poluição,
Fornecer apoio técnico às ações de controle,
Educação ambiental e participação comunitária - lideranças
políticas,
sindicatos, sociedade de amigos de Cubatão, escolas e
igrejas.
Transparência das ações e a participação de instituições para definir ações
necessárias;
Comunidade científica, empresarial, técnica, poder público, classe política e
a população foram ouvidos e convocados a participar;
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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Transformação regional com desempenho superior à situação anterior ao choque;
Os determinantes das competências territoriais estão explícitos na formulação
dos programas apresentados;
Relativo distanciamento entre o discurso e a prática;
Comprometimento entre os atores - sanções da CETESB;
Habilidades de articulação inter-atores ainda são precárias – poderes
locais, entidades regionais, governo estadual e instituições de preservação
ambiental;
Não ocorreu uma difusão das informações com alcance adequado para reverter a
imagem negativa criada pelos problemas ambientais das décadas de 1970-1980.
A imagem de Cubatão como o „Vale da Morte‟ permanece de modo geral.
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13. REFERÊNCIAS
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