O documento discute o uso de mídias no processo educativo. Afirma que as mídias podem ser ferramentas úteis para a educação, mas é importante considerar questões como acesso e permanência dos alunos na escola. Também discute como as mídias convergem em dispositivos como celulares e como a Web 2.0 permite a colaboração e compartilhamento entre usuários.
As mídias no processo educativo: convergência, mobilidade, ...
1. Universidade Federal do Rio Grande – FURG - Universidade Aberta do Brasil
Secretaria de Educação a Distância
Especialização em Mídias na Educação
Disciplina 18: CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS
Polo São Lourenço do Sul
Sérgio Renato Flores
AS MÍDIAS NO PROCESSO EDUCATIVO
1. INTRODUÇÃO
Para Barbero (1996) o desafio de inserir as tecnologias na educação deve ser
extremamente planejado para não ocultar problemas ou agravá-los, assim como de-
ve ser direcionado para que o ambiente escolar não deixe de evidenciar o princípio
do encanto no ensino aprendizagem.
Faz-se necessário também uma análise da relação lógica existente entre so-
ciedade, educação e suas diferenças, justamente para compreender o os problemas
de acesso e permanência dos educandos na escola/universidade, bem como os re-
flexos destas diferenças no acesso aos meios em diferentes comunidades ou até
mesmo entre os escolares de um educandário.
É claro, a afirmação anterior não nega que as mídias são excelentes ferra-
mentas de auxílio ao processo educativo, mas até aqui devemos estar cientes de
que mídias são um todo e compõem várias formas de ferramentas, além do compu-
tador ou internet apenas: televisão, vídeo, jornal, revistas, cds, dvds, cinema, rádio e
outros que assim desempenhariam ainda relevantes préstimos ao processo de ensi-
no aprendizagem. O vislumbramento excessivo a uma determinada ferramenta aca-
ba por determinar inverdades sobre a utilização de outras, parecendo assim que a
verdade absoluta do momento é só a exploração daquela forma.
Qualquer meio de comunicação é totalmente capaz de virar interlocutor cons-
tante no procedimento educacional. Isto significa reconhecer definitivamente que as
metodologias educativas da atualidade da escola devem absorver e apropriar-se
desta denominada iconosfera fascinante, sedutora e, sobretudo eficiente. Negar a
2. utilização das mídias é afastar-se do referencial de mundo que os educandos for-
mam na atualidade fora da escola. As mídias mostram a vida, ou uma alternativa à
ela, demontram os problemas, apontam soluções, distraem, comunicam, ensinam;
em contrapartida, a escola desconectada é enfadonha, distante e cansativa.
Para Levy (1993), tecnologias e inteligências coletivas não causam impactos
na sociedade, mas trabalham como máquinas para a cibercultura, já que estabele-
cem sinergias entre as competências, limitando compartimentalizações, formando
um desejado todo interligado e inseparável.
2. INTERATIVIDADE E CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
Antes da escola, o educando já passou por imersões em outros processos
educacionais no ambiente familiar e com a mídia eletrônica. Alternativas a esta imer-
são são colocadas a todo instante na vida das pessoas e consequentemente do
educando. As mídias e tecnologias de informação e comunicação estão cada vez
mais presentes no cotidiano das pessoas, seja socialmente, ou no ambiente educa-
tivo. Dessa perspectiva emergente surgem a interatividade e a convergência das
mídias propondo transformações no papel do tratamento da informação e comunica-
ção, com os sujeitos passando de consumidores/receptores para autores de produ-
ção no intrincado processo de informação.
Nesse contexto, o celular se transforma em artefato tecnológico produtor de
de convergência de mídias, por apresentar características amplas e diversas reuni-
das num mesmo aparelho (ligação, fotografia, internet, rádio, tv, mensagem, chat,
calculadora, e todas as demais funções que um aplicativo do aparelho possa execu-
tar: controle remoto de tv, rádio do carro, gps...). Diante deste cenário, convém des-
tacar que: a principal capacidade da convergência das mídias é a de possibilitar a
integração de dispositivos digitais e o seu uso sob demanda - a interatividade. Tec-
nologias móveis são ferramentas comuns à comunidade escolar e sociedade, então,
refletir seu uso, possibilidades e implicações na ação docente, torna-se um fator re-
levante para educadores e principalmente, instituição escolar. Estes dispositivos for-
temente presente no espaço escolar pode se convergir na medida em que for usado
na prática docente com perspectiva pedagógica (em aula, apresentações, produ-
ções, filmagens, fotografias) em tempo real e, ser compartilhado na web (you tu-
be/email/blog/etc.), também em tempo real. É notório hoje, afirmar que os estudan-
3. tes pensam de modo diferenciado em virtude das interações vivenciadas a partir dos
artefatos típicos da tecnologia digital.
No âmbito escolar convivemos diariamente com uma diversidade de tecnolo-
gias além do aparelho celular: computador, tablet, internet; todas estas, podendo ser
utilizadas com enormes possibilidades (como apoio a prática, produção de conheci-
mento ou apenas comunicação). Isto é um fator que vem caracterizar que as con-
vergências se fazem presente nas atividades docentes. Entretanto, precisa haver um
redimensionamento das possibilidades em favor da produção de conhecimento, tan-
to para os alunos quanto para o professor, tendo sempre a interatividade com pro-
pósito central.
Sabe-se que em vários países, o acesso aos recursos acomodados pela nova
fase da rede supera as visitas a sites de e-mail. Vale acresecentar que sites como
facebok, myspace, twitter, you tube já implicam em mais da metade do fluxo da in-
ternet. O uso de dispositivos móveis (smartphones, tablets, palmtops, palmhands...)
e de memórias eletrônicas de grande capacidade permitem às pessoas uma cone-
xão a vários aspectos do cotidiano sem qualquer aprofundamento do que é captado,
tais como as notícias circulantes, com divulgações de informações velozes mas su-
perficiais sem permitir ao usuário aprofundar-se nas questões vistas nem no poten-
cial que essas informações poderiam fornecer. A quantidade se sobrepõe à profun-
didade.
Para Levy (1993), o educando também é educado pela mídia, onde aprende a
informar-se, a conhecer - os outros, o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a
relaxar, vendo, ouvindo, o que lhe mostra como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar.
A relação com a mídia eletrônica é prazerosa - ninguém obriga - é feita através da
sedução, da emoção, da exploração sensorial, da narrativa. Mesmo durante o perío-
do escolar a mídia mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável, compacta
- sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das novidades.
A mídia continua educando como contraponto à educação convencional, educa en-
quanto estamos entretidos.
A educação escolar precisa compreender e incorporar as novas linguagens,
desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis
manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e
participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder pú-
blico pode propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação
4. como uma forma paliativa, mas necessária de oferecer melhores oportunidades aos
pobres, e também para contrabalançar o poder dos grupos empresariais e neutrali-
zar tentativas ou projetos autoritários.
3. WEB 2.0 – POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO
Segundo Levy (1999) a Web 2.0 é um termo utilizado para delinear a segunda
geração da World Wide Web, abalizada no compartilhamento da informação e na
colaboração dos internautas. Não se trata de uma atualização da internet, mas a
aglutinação de aplicações web de mídias sociais, de forma a transformar a rede
mundial numa grande comunidade - inteligência coletiva. Não se trata de um update
(atualização da web) mas uma evolução, que transforma os meros consumidores em
produtores da informação, baseado nos ideais da colaboração e da partilha.
Valente (2007) explica que se entenderia por compartilhamentos, todos os
dados (arquivos) que poderiam ser armazenados, compostos, montados, enviados
ou modificados por toda uma coletividade: fotos, filmes, vídeos, músicas, comentá-
rios, pensamentos, notícias, álbuns digitais... Passa por essa sistematização inclusi-
ve a organização de sites favoritos, podcasts, wikis, blogs, gadgets e redes sociais,
ou seja, trata-se de uma mudança tecnológicas, mas, principalmente, na forma como
passou a ser utilizada por usuários e desenvolvedores.
Os caminhos para as mudanças se apresentam viáveis e possíveis. No entan-
to, ainda se encontram aquém do necessário. Isso se deve, particularmente, ao nú-
mero de professores/formadores e de alunos que possuem condições culturais e
conhecimentos prévios necessários para a utilização da WEB 2.0. Capacitações pa-
ra ambos os públicos aliadas a adequadas condições de acesso físico, disponibili-
dade e equipamentos se mostram fundamentais e decisivos.
A WEB 2.0 traz para a escola novos desafios uma vez que não só o ambiente
de sala de aula traz oportunidades para o convívio e a troca. Neste contexto, dois
problemas iniciais podem ser percebidos no que se refere à conduta do professor:
desconhecimento das possibilidades proporcionadas pelas tecnologias, particular-
mente, o uso da internet; e, no caso de conhecer essas possibilidades, há uma su-
butilização desses recursos. Mesmo ferramentas da WEB bastante simples como o
e-mail tendem a ser pouco utilizadas. Programas como ZOHO, APREX, GOOGLE
Docs e editores online viabilizam trabalhos construídos coletivamente e sem a ne-
cessidade de que o usuário possua qualquer tipo de software instalado em sua má-
5. quina. Por sua vez, redes sociais como as viabilizadas pelos softwares NING e
FLICKER fazem com que os usuários finais também sejam os grandes responsáveis
pela produção do conhecimento que circula entre seus participantes. A expansão
das redes via wireless são causa e consequência do crescimento exponencial no
número de novos usuários da internet.
O conteúdo dos websites também sofreu um enorme impacto com a Web 2.0,
dando ao usuário a possibilidade de participar, geralmente gerando e organizando
as informações. Mesmo quando o conteúdo não é gerado pelos usuários, este pode
ser enriquecido através de comentários e avaliação. Algumas aplicações Web 2.0
permitem a personalização do conteúdo mostrado para cada usuário, sob forma de
página pessoal, permitindo a ele a filtragem de informação que ele considera rele-
vante. O conceito usado é comparável com o do software livre: se há muitas pesso-
as olhando, todos os erros são corrigidos facilmente.
O novo ensinar e o novo aprender devem assim partir de uma apropriação de
novas técnicas que, ao serem incorporadas às práticas escolares, possam permitir o
uso pleno e adequado do mundo digital. Neste contexto, a WEB 2.0 apresenta al-
gumas alternativas importantes, pois se encontra fundamentada na pesquisa e na
colaboração.
4. MOBILIDADE E IMERSÃO EM AMBIENTES CONVERGENTES
O processo de ensino-aprendizagem comprometido com a formação global do
indivíduo deve analisar criticamente o repertório de informações disponíveis nas mí-
dias. A educação para a mídia deve funcionar levantando questionamentos, anali-
sando as narrativas, conectando idéias, levando o aluno a fazer relações e elabora-
ções pessoais sobre a sua visão da realidade, compartilhando-as no espaço da sala
de aula. Assim o docente poderá entender a maneira como o educando elabora, re-
cebe e processa as informações de caráter áudio-visual veiculadas pelas mídias.
Dentre as mídias utilizadas no processo ensino-aprendizagem as mais utiliza-
das são o material impresso, a televisão/vídeo, o rádio e a internet. Além disso, tem-
se a informática (não só a internet) como uma das principais mídias utilizadas na
atualidade, tendo a particularidade de ser multimídia, uma vez que agrega recursos
de diversos tipos.
6. 5. CURRÍCULO E CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
Conforme Moran (2007), a difusão de informação é a tarefa mais fácil, fazen-
do com que o professor – com auxílio das tecnologias - se torne o real facilitador do
processo de ensino aprendizagem. Um CD-ROM contém a Enciclopédia Britânica,
que está on line na Internet. A Escola sozinha não é mais o banco de saber e co-
nhecimento, pois o aluno nem precisa estar nela para buscar informação. Entretanto
para mediar esta interpretação, relacioná-las, hierarquizá-las, contextualizá-las, as
tecnologias não se bastam, não se tornam suficientes. O educador terá o papel de
questionar, guiar na busca de novos ângulos, procurar relativizar dados, estimulará
conclusões e reconsiderações. As tecnologias ajudam a ampliar habilidades, mas o
docente é essencial para acomodar cada habilidade ao momento histórico proposto
ou a cada condição de aprendizagem.
Assim transformam-se as tecnologias em pontes de acesso da sala de aula
conectada ao mundo em que o educando e a escola se insere, com diferentes reali-
dades combinadas e integradas, possibilitando melhor apreensão da realidade e
conduzindo ao desenvolvimento potencial do educando, de suas diferentes habilida-
des e tipos de inteligência e de suas diversificadas atitudes.
Moran (2000) descreve uma proposta para pensar em níveis a escola em re-
lação com as tecnologias:
6.1- no nível organizacional: a escola deveria ser mais participativa, mais adaptada a
cada indivíduo, menos centralizadora e autoritária; comparando diferenças do nível
do discurso - do que se diz ou se escreve - com a práxis - com as efetivas expres-
sões de participação;
6.2- no nível de conteúdo: a escola deveria trazer mais a vida e os problemas que
afligem os educandos, assim preparando para o futuro, e estando em sintonia com o
presente e com a realidade da comunidade e mundo em que se inserem educandos
e o ambiente escolar; buscando abordagens do quotidiano e incorporando-as criteri-
osamente na sala de aula;
6.3- no nível comunicacional: conhecer e incorporar todas as linguagens e tecnolo-
gias do homem contemporâneo; valorizando as linguagens audiovisuais, junto com
as convencionais.
Estas alterações aproximariam o ambiente escolar do desenvolvimento das
diferentes inteligências do educando, levando-o a conhecer e perceber melhor o
mundo que o cerca, levando a educação ao desenvolvimento das habilidades de
7. prender a aprender, saber fazer, saber comparar, sintetizar, descrever, e se expres-
sar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atualidade e o mundo interativo e conectado torna muito mais difícil para o
educador contrapor visões críticas, pois as mídias permitem observar e captar outras
formas de mostrar o mesmo objeto ou assunto, representando-o sob ângulo e meios
diferentes, integrando o mundo racional e o mundo afetivo, interferindo nos modos
dedutivos e indutivos de compreensão, localizando o indivíduo em espaços e tem-
pos diferentes, distanciando-se em muito do universo abstrato e complexo da escola
desconectada.
Segundo Moran (2000), o que a sala de aula tenta contrapor, monótona e de-
sorganizadamente guiando-se pelos modelos consumistas vigentes, as mídias rom-
pem segundos após, opondo e contrariando as visões dos educadores e de seus
educandos, transformando em colossal abismo as visões contraditórias da escola e
dos meios de comunicação.
A educação é um procedimento de edificação da consciência crítica. Para is-
so deve desenvolver a inteligência, as habilidades e principalmente, tratar das atitu-
des, ajudando o educando a adotar atitudes positivas, para si mesmo e para os ou-
tros, assim, auxiliando o educando a encontrar um eixo fundamental para a sua vida,
para que possa ser capaz de interpretar o mundo, os fenômenos de conhecimento, e
desenvolva habilidades específicas com atitudes coerentes para a sua realização
pessoal e social.
A escola precisa exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam os
alunos, e também combinar pesquisas escritas com trabalhos de dramatização, de
entrevista gravada, propondo formatos atuais como um programa de rádio uma re-
portagem para um jornal, um vídeo, onde for possível. A motivação dos alunos au-
menta significativamente quando realizam pesquisas, onde se possam expressar em
formato e códigos mais próximos da sua sensibilidade. Mesmo uma pesquisa escri-
ta, se o aluno puder utilizar o computador, adquire uma nova dimensão e, fundamen-
talmente, não muda a proposta inicial.
REFERÊNCIAS
8. BARBERO, Jesús MARTÍN. Heredando el futuro. Pensar la educación desde la co-
municación. In: Nómadas, Bogotá, set/1996, n. 5, p. 10-22.
LËVY, Pierre. Cibercultura. S. Paulo: Editora 34, 1999.
______. Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
São Paulo: Editora 34, 1993.
MORAN, José M. Desafios na Comunicação Pessoal. 3ª Ed. São Paulo: Paulinas,
2007.
______________. Mudanças na comunicação pessoal. São Paulo, Paulinas, 2000.
SILVA, Robson S. da. Web 2.0: um novo modo de ensinar e aprender. Disp:
http://www.educacaoetecnologia.org.br/?p=5540. Acesso em: 12 de dezembro de
2013.
http://ww3.unit.br/simposiodeeducacao/files/2011/08/texto_max-e-lucaas.pdf
VALENTE, Carlos. Second Life e Web 2.0 na educação: o potencial revolucionário
das novas tecnologías. São Paulo: Novatec, 2007.
VESCE, Gabriela E.P. Mídias educacionais. Disp. em: http://www.infoescola.
com/comunicacao/midias-educacionais/. Acesso em 12 de dezembro de 2013.