Este documento descreve os principais sistemas de prevenção e combate a incêndios, incluindo normas pertinentes, sistemas de hidrantes, detecção e alarme de emergência, e combate a incêndio com espuma. É dividido em seções sobre reservatórios de água, bombas de incêndio, hidrantes, mangueiras, esguichos, caixas para equipamentos, e detalha os componentes e funcionamento dos sistemas.
1. Instituto Federal de Pernambuco – campus Ipojuca
Disciplina: Fundamentos de Controle de Emergência
Professor: Eraldo Alves da Silva
Principais Sistemas de Prevenção e Combate a Incêndios
Normas Pertinentes
● NR. 23 – Proteção contra incêndios (portaria 3.214/78 do MTBE).
● Código de segurança contra incêndio e pânico do Estado de Pernambuco (COSCIPE) -
Norma Técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de Pernambuco.
● Tarifa do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB)
1. Sistema de Hidrantes – composto por:
● Reservatório de água: térreo ou elevado.
● Bombas para pressurização do sistema.
● Canalização em aço carbono com diâmetro variado na cor vermelha.
● Hidrantes com válvulas e conexão storz.
● Mangueiras de incêndio.
● Chaves para conexão de mangueiras.
● Esguicho universal ou tipo agulheta.
● Caixa para guarda das mangueiras e demais materiais.
1.1. Reservatório de água
O reservatório de água (caixa d’água) é responsável por manter a
quantidade de água necessária para abastecer o sistema de
hidrantes durante o seu uso nas situações de emergência.
Os reservatórios podem ser do tipo elevado (foto) ou térreo.
1.2. Bombas de Incêndio
São bombas hidráulicas, destinadas a recalcar água nas redes hidráulicas para uso em ações de
prevenção e combate a incêndios.
São abastecidas por dois processos diferentes:
a) pressão – quando a água corre para a bomba pela pressão gerada por seu próprio peso.
2. b) sucção – quando a bomba se abastece num manancial abaixo do nível em que ela se encontra.
As bombas podem ser acionadas por motores elétricos ou à explosão.
1.2.1. Bombas elétricas
Bomba Jockey – bomba hidráulica, movida a eletricidade, que é acionada e desligada
automaticamente através da diferença de pressão na rede hidráulica de incêndio. Sua finalidade é
manter o sistema permanentemente pressurizado, quando os hidrantes não estão sendo usados.
Bomba elétrica principal – bomba hidráulica, movida a eletricidade, que é acionada e desligada
automaticamente através da diferença de pressão na rede hidráulica de incêndio. Sua finalidade é
manter o sistema permanentemente pressurizado quando a bomba jockey não suporta a demanda de
vazão. O seu acionamento ocorre quando o hidrante é aberto para uso no combate a um incêndio.
Nesta foto a primeira bomba (menor e à esquerda) é a bomba jockey e a outra a elétrica
1.2.2 Bomba a combustão - bomba hidráulica, movida por motor à combustão (geralmente diesel),
que é acionada e desligada automaticamente através da diferença de pressão na rede hidráulica de
incêndio, nos casos de incêndio. Sua finalidade é manter o sistema permanentemente pressurizado,
quando os hidrantes estão sendo usados.
As bombas de incêndio são instaladas na “Casa de Bombas
de Incêndio”.
Deve sempre existir na casa de bombas duas bombas com
diferentes formas de acionamento: uma acoplada a motor
elétrico e outra acoplada a motor com combustão interna
(geralmente diesel), pois em caso de falha de uma das
bombas existirá a outra poderá ser usada.
1.3. Hidrante
É um ponto de tomada de água provido de dispositivo de manobra (válvulas angulares) com
união tipo engate rápido (storz) para combate a incêndio. Podem ser do tipo coluna, parede e
subterrâneo. Em áreas industriais o hidrante de coluna é o mais usado. Em áreas comerciais e
edificações (parte interna) o hidrante de parede é mais frequente. O hidrante subterrâneo é o tipo
3. utilizado nas áreas públicas para acoplamento das viaturas do corpo de bombeiros.
Hidrante de coluna Hidrante de parede Hidrante subterrâneo Válvula angular
1.4. Mangueiras de Incêndio
Conduto flexível utilizado para conduzir a água, sob pressão, da fonte de suprimento ao lugar
onde deve ser lançada.
● Confeccionadas em fibras sintéticas na parte externa e
revestimento interno de borracha.
● Resistentes à pressão de acordo com o uso a que se destina.
● Possuem na extremidade conexões tipo storz, que permitem
conectar no hidrante, a união entre mangueiras e a conexão do
esguicho.
● O comprimento das mangueiras, usualmente empregadas nas
empresas é de 15 metros.
● Possuem dois diâmetros distintos: 2 ½” e 1 ½”.
Cuidados com as mangueiras de incêndio
● Evitar arrastar por cantos vivos ou pontiagudos.
● Evitar manobras violentas de derivantes ou fechamento abrupto de esguichos ou hidrantes.
● Evitar curva acentuada na extremidade conectada ao hidrante.
● Evitar o contato direto com o fogo, brasas ou superfícies quentes.
● Evitar queda ou arraste das uniões sobre o piso.
● Não utilizar para outros fins que não o combate a incêndio.
● Quando fora de uso, guardar enrolada e abrigada em local ventilado e isento de umidade.
● Não colocar a mangueira para secar ao sol, nem guardar a mesma úmida.
1.4. Chaves para conexão de mangueiras.
Peça metálica utilizada para facilitar os acoplamentos e
desacoplamentos das mangueiras quando, por motivo de
pressão, a força física não for suficiente para executar essas
operações.
4. 1.5. Esguichos agulheta e universal
Peça metálica adaptada à extremidade da linha de mangueira, destinada a dar forma e
controlar o jato d’água.
O esguicho agulheta só permite que se forme o
jato d’água compacto, sólido ou pleno. Ele não
permite que se interrompa o fluxo da água,
devendo neste caso se fechar o registro do
hidrante. O seu uso principal é nas operações de
rescaldo.
O esguicho regulável permite que se regule a
forma do jato, chegando à formação de neblina,
muito usada nas operações de resfriamento e
combate a incêndio. Esse tipo de esguicho
Esguicho agulheta Esguicho regulável permite que se interrompa o fluxo de água.
1.6. Caixa para guarda das mangueiras e demais materiais
A caixa de mangueiras é o local onde devem ser
acondicionados os seguintes equipamentos: mangueiras de
incêndio, esguichos e chaves de mangueiras.
Deve ficar o mais próximo possível do hidrante e conter os
equipamentos nas quantidades adequadas às quantidades de
saídas existentes no hidrante.
Exemplo: Para um hidrante de duas saídas a caixa de
mangueiras deve conter: 4 mangueiras, 4 chaves de
mangueiras e dois esguichos.
Pode ser fabricada em metal, fibra de vidro ou alvenaria.
1.7. Derivante
Dispositivo metálico destinado a dividir uma linha de mangueira em outras de igual diâmetro
ou de diâmetro inferior
O uso do derivante permite que as equipes de brigada possam a partir
de uma linha de mangueiras de 2 ½” conectada ao hidrante, formar
duas linhas de mangueira de 1 ½” e, com isso, melhorar a eficiência
no combate ao incêndio.
5. 2. Sistema de Detecção e Alarme de Emergência
Sistema constituído pelo conjunto de elementos planejadamente dispostos e adequadamente
interligados, que fornece informações de princípios de incêndio, por meio de indicações sonoras e
visuais, e controla os dispositivos de segurança e de combate automático instalados no prédio.
Tem a finalidade de informar à brigada de emergência, quando da ocorrência de um sinistro.
É composto dos seguintes elementos:
• Quadro sinótico com os pontos de alarme (painel central de alarme).
• Detectores automáticos (fumaça, temperatura etc)
• Botoeiras de acionamento manual (acionadores manuais).
• Sirenes.
2.1. Quadro sinótico com os pontos de alarme (painel central de alarme)
• Processa os sinais provenientes dos circuitos de detecção, convertendo-os em indicações
adequadas e controlando o acionamento dos demais componentes do sistema.
• Supervisiona os laços dos detectores e acionadores manuais.
Na central de alarme convencional não há a
indicação do local exato onde está ocorrendo a
emergência.
Na central de alarme endereçável aparece no
display do painel o local exato onde se localiza
a botoeira de emergência que foi acionada
manualmente ou do detector acionado
Central de Alarme Convencional Central de Alarme Endereçável automaticamente.
O painel central de alarme deve ser instalado em um local onde haja a presença permanente de
pessoas, durante todos os horários. Nas empresas em geral, a central de alarme é instalada na
portaria da empresa.
2.2. Detectores Automáticos
São dispositivos que, de forma automática, captam a presença de fumaça, variação de
temperatura etc e enviam o sinal para a central de alarme de incêndio.
6. Detector de fumaça - Sua ativação ocorre quando da presença de
partículas e/ou gases, visíveis ou não, e de produtos de combustão, no
ponto da instalação.
Detector de Fumaça Fotoelétrico
Detector térmico - Sua ativação ocorre quando a temperatura ambiente
(caso dos térmicos) ou o gradiente da temperatura (caso dos
termovelocimétricos) ultrapassa um valor pré-determinado.
Detector de térmico
2.3. Acionador manual
Dispositivo destinado a transmitir a informação de um princípio de incêndio, quando
acionado pelo elemento humano.
O seu funcionamento consiste basicamente no envio do sinal de alarme através do circuito
eletrônico, à Central de Controle.
O tipo de acionador manual depende da central
de alarme instalada e pode ser convencional ou
endereçável (indica exatamente o local onde
está localizado o acionador).
Em alguns há necessidade de quebra do vidro.
Em outros, basta ser feita uma pressão sobre o
Acionador manual convencional Acionador manual endereçável
mesmo para que este seja acionado.
2.4. Sirenes
Dispositivo que indica de forma sonora e, em alguns casos, visual, a ocorrência de uma
emergência que foi informada através do acionador manual ou do detector automático.
Sirene tipo corneta à prova Sirene eletrônica à prova
Sirene corneta d’àgua d’água Sirene audiovisual
7. 3. Sistema de combate a incêndio com espuma
A espuma mecânica é amplamente aplicada para combate a incêndios em líquidos
combustíveis e inflamáveis.
A espuma destinada à extinção de incêndio é um agregado estável de bolhas, que tem a
propriedade de cobrir e aderir aos líquidos combustíveis e inflamáveis, formando uma camada
resistente e contínua que isola do ar, e impede a saída para a atmosfera dos vapores voláteis desses
líquidos.
Sua atuação se baseia na criação de uma capa de cobertura sobre a superfície livre dos
líquidos, com a finalidade de:
1) Separar combustível e comburente;
2) Impedir e reduzir a liberação de vapores inflamáveis;
3) Separar as chamas da superfície dos combustíveis;
4) Esfriar o combustível e superfícies adjacentes.
Sua aplicação destina-se ao combate de incêndio de grandes dimensões que envolvam locais
que armazenem líquido combustível e inflamável.
Também se destina a:
a) extinção de fogos de líquidos de menor densidade que a água;
b) prevenção da ignição em locais onde ocorra o derrame de líquidos inflamáveis;
A espuma não é eficaz em:
a) fogo em gases;
b) fogo em vazamento de líquidos sobre pressão;
c) fogo em materiais que reagem com a água.
A espuma é um agente extintor condutor de eletricidade e, normalmente, não deve ser
aplicada na presença de equipamentos elétricos energizados.
Os vários tipos de espuma apresentam características peculiares ao tipo de fogo a combater,
que as tornam mais ou menos adequadas.
8. 3.1. Os sistemas de espuma são classificados conforme:
3.1.1. Capacidade de mobilidade:
a) Fixos - são equipamentos para proteção de tanque de armazenamento de combustível, cujos
componentes são fixos, permanentemente, desde a estação geradora de espuma até à câmara
aplicadora;
b) Semifixos - são equipamentos destinados à proteção de tanque de armazenamento de
combustível, cujos componentes, permanentemente fixos, são complementados por equipamentos
móveis para sua operação. São, normalmente, móveis o reservatório de extrato e o conjunto dosador
(proporcionador).
c) Móveis - são as instalações totalmente independentes, normalmente veículos ou carretas,
podendo se locomover e aplicar session ("aonde") forem necessários, requerendo somente sua
conexão a um abastecimento de água adequado.
3.1.2. Forma de funcionamento:
a) automático;
b) semi-automático;
c) manual.
3.2. Principais Componentes do Sistema de Espuma
3.2.1. Líquido Gerador de Espuma (LGE)
O LGE é o produto base para a formação da espuma de combate a
incêndio em líquidos combustíveis e inflamáveis, a partir da sua
mistura com água em proporções adequadas. O tipo de LGE a ser
usado depende da categoria de combustível ou inflamável. Por
exemplo, existe LGE para derivados de hidrocarbonetos derivados
de petróleo e para combustíveis da família do álcool.
O LGE tem um tempo de vida útil e, portanto, é importante que se
observe a validade do mesmo antes de disponibilizá-lo para uso.
3.2.2. Reserva (tanque) de extrato
São reservatórios, tanques nos quais se armazena a quantidade de líquido gerador de espuma
necessária para o funcionamento do sistema.
9. Componentes básicos:
a) Indicador de nível, com válvula de isolamento;
b) registro para abertura e fechamento;
c) conexão para enchimento e esvaziamento;
d) conexão para o proporcionador.
O material com que é construído o tanque de extrato deve ser adequado ao líquido gerador que
armazena (problemas de corrosão e etc.).
3.2.3. Elemento dosador (proporcionador)
São equipamentos responsáveis pela mistura do líquido gerador de espuma e a água, na
proporção adequada para formação da espuma que se deseja.
Seu funcionamento se baseia no efeito "venturi", que é passagem da água proporcionando a
sucção do líquido gerador de espuma na dosagem preestabelecida.
A proporção é fundamental para permitir uma espuma eficiente ao combate ao fogo. Normalmente
a proporção é de 3% para hidrocarburentes e 6% para combustíveis polares.
Representação do efeito Venturi ocorrido durante a
interligação do proporcionador de LGE ao sistema de
hidrante.
3.2.4. Esguichos e canhões lançadores de espuma
São elementos portáteis e fixos, cuja função é dar forma a espuma e fazê-la atingir ao tanque
de combustível em chama.
Os esguichos lançadores utilizados no sistema manual diferencia-se
dos canhões de espuma quanto à capacidade de lançar e alcançar os
tanques de combustíveis no que tange a sua altura.
Os esguichos só são recomendados para tanques de até 6m de
altura, enquanto que os canhões atingem alturas mais elevadas.
Os esguichos de espuma são utilizados nos sistemas móveis
ou como complemento de apoio às instalações fixas. O uso desses
dispositivos expõem os operadores a sérios riscos.
10. 3,2.5. Câmaras de espuma
São elementos especialmente projetados para a aplicação de espuma de baixa expansão, sobre
a superfície de combustíveis contidos em tanques de armazenamento de grande diâmetro e altura.
Tem a característica de aplicar a espuma no interior do tanque em chamas por meio da
descarga na parede do tanque. Pode ser constituído de elementos especiais no interior do tanque,
que fazem com que a espuma caia de forma mais suave sobre a superfície do líquido.
É composta por um selo de vidro que impede a saída de vapores voláteis do interior do
tanque, mas que se rompem quando o sistema entra em funcionamento, permitindo a passagem da
espuma. Dispõe também de uma placa de orifício que regula a pressão, de forma a possibilitar a
formação de uma espuma adequada.
3.2.6. Tubulações e acessórios
As tubulações são responsáveis pela condução da água ou pré-mistura para os equipamentos que
formam ou aplicam espuma. Deve ser resistente à corrosão.
Quantos aos acessórios, estes devem resistir a altas pressões uma vez que os sistemas de espuma,
normalmente, trabalham com valores elevados de pressão, decorrente das perdas de carga nos
equipamentos e pressões mínimas para a formação da espuma.