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A MORTE

A morte

       As perdas são inevitáveis, mas discutir essas perdas não é tarefa fácil. Poucas
são as discussões acerca deste tema, também raros são os pais que falam com as
crianças sobre a morte – negar a morte é negar a vida – tendo em consideração esta
citação é importante aprender a lidar com a perda pois durante o nosso percurso de
vida somos confrontados com ela. A aceitação deve fazer parte da direcção saudável
para a retomada de vida.

       A morte faz parte do processo natural do ser humano, tal como o acto de
nascer – somos seres finitos.

       A vida e a morte andam de mãos dadas – enquanto a vida é um período/tempo
que decorre desde o nascimento até à morte. A morte é o término da vida biológica,
física. Esta é um fenómeno físico, psicológico, social e religioso que afecta a pessoa na
sua totalidade: corpo, espírito, emoções e experiência de vida.

       O nosso destino, a morte, que na etapa de desenvolvimento mais avançada
(idoso), passa a visitar mais vezes o pensamento destas pessoas.

       A perda de alguém que nos é querido é indescritível. O tempo é o maior aliado
para ultrapassar este turbilhão de emoções e pensamentos. A recuperação
normalmente é lenta e gradual, e a pessoa que sofre a morte de alguém tem de
possuir um papel activo neste processo de luto – luto normal. Quando a severidade
dos sintomas do luto, característica de uma fase inicial que se segue à perda, acaba por
se prolongar por um período superior ao habitual – luto patológico, normalmente este
luto patológico associa-se à depressão.

       Actualmente, e cada vez mais, as pessoas morrem nos hospitais, lares o que faz
com que os familiares não presenciam o momento da perda. Este afastamento no
momento da morte, juntamente com o menor apoio da comunidade, numa sociedade
cada vez mais individualista, são factores sociais que dificultam enormemente o
processo de luto.
A MORTE

       O processo de luto consiste numa adaptação à perda, envolvendo uma serie
de tarefas ou fases para que tal aconteça.

Os sentimentos mais comuns neste processo de luto, são os seguintes:

        Tristeza
        Raiva
        Culpa e auto-censura
        Ansiedade
        Solidão
        Fadiga
        Desespero
        Choque
        …

Pensamentos habituais após a perda

        Descrença (não acreditar na morte assim que se ouve)
        Confusão
        Preocupação
        Alucinações
        …

Comportamentos usualmente manifestados após a morte

        Distúrbios do sono
        Distúrbios do apetite
        Isolamento social
        Sonhos com a pessoa falecida
        Chorar
        …

       Este processo de luto é crucial para ultrapassar a perda de alguém pela qual
nutrimos um sentimento de amor, carinho…. Como tal de seguida passo a enunciar as
quatro tarefas essências do processo de luto. Existe uma serie de tarefas de luto que
A MORTE

têm de ser concretizadas para que se restabeleça e para o processo de luto ficar
concluído. Desta forma, a adaptação à perda de acordo com Worden (1991) envolve
quatro tarefas básicas.

   1. Aceitar a realidade da morte

       Inicialmente existe um sentimento de que tal não aconteceu. A primeira tarefa
do sofrimento é apercebermo-nos da realidade de que a pessoa morreu e não voltará.
Chegar a uma aceitação da perda leva tempo, pois envolve não só uma aceitação
intelectual mas também emocional.

   2. Trabalhar a dor da perda

       Muitas pessoas experimentam dor física, bem como dor emocional e
comportamental associado à perda. Esta dor presente deve ser verbalizada. No
entanto em muitos casos por parte da pessoa em luto existe uma negação desta dor,
mas esta negação mais cedo ou mais tarde vai colapsar normalmente numa depressão.

   3. Ajustar a um ambiente em que o falecido está ausente

       Ajustar-se a um novo ambiente tem diferentes significados para diferentes
pessoas, dependendo da relação que se tinha com a pessoa falecida e os vários papeis
que ela desempenhava.

       Verifica-se a existência de três áreas de ajustamento que se tem de fazer
depois de perder alguém que nos é mais próximo: ajustamentos externos,
ajustamentos internos e ajustamentos de crenças. Ficar preso nesta tarefa significa
que não há uma adaptação à perda.




   4. Transferir emocionalmente o falecido e prosseguir com a vida

       Uma pessoa nunca perde as memórias de uma relação significativa (amizade,
casamento…).
A MORTE

          Para muitas pessoas, esta é a tarefa mais difícil de alcançar, ficando-se por
vezes preso nela e só tomando consciência disso muito tempo depois, verificando que
as suas vidas estagnaram após a perda.

          Não obstante esta tarefa pode ser alcançada e a pessoa percebe que pode
voltar a amar sem deixar de amar a pessoa que perdeu.

          Este processo de luto termina quando as quatro tarefas que mencionei
anteriormente são completadas.

          Quanto à duração do processo, não existe uma resposta conclusiva sendo
impossível definir uma data precisa. O luto é um processo que não progride de forma
linear, podendo ser novamente trabalhado.

          Um sinal de uma reacção do sofrimento finalizada é quando a pessoa consegue
pensar no falecido sem dor e quando consegue reinvestir as suas emoções na vida e
nos vivos.

          Na nossa cultura a morte possui uma conotação negativa, sendo considerado
um acto cruel conotado com muita dor e tristeza. A titulo de curiosidade, e
contrapondo a forma como a nossa sociedade interpreta e analise a morte, os jovens
invit (esquimós), mostram carinho, apoio, interesse e afeição para com os parentes
mais velhos, no entanto, podem abandona-los no meio de uma estrada ou ajuda-los a
cometer o suicídio por afogamento ou estrangulamento. Esta aparente crueldade
enraíza-se numa concepção particular da vida e da morte da própria essência do ser
humano, sem contradição.

          Isto mostra-nos que a morte é vista e interpretava de diversas formas, cada
cultura tem a sua própria ideia da morte – diversidade cultural.

          Em suma a morte desorganiza, deprime mesmo assim, é importante lembrar
que o luto tem começo, meio e fim. A dor que se sente inicialmente deve transformar-
se em lembranças saudáveis para que possamos buscar novos sentidos para continuar
a vida.

                                                                   Autoria Helena Dias

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  • 1. A MORTE A morte As perdas são inevitáveis, mas discutir essas perdas não é tarefa fácil. Poucas são as discussões acerca deste tema, também raros são os pais que falam com as crianças sobre a morte – negar a morte é negar a vida – tendo em consideração esta citação é importante aprender a lidar com a perda pois durante o nosso percurso de vida somos confrontados com ela. A aceitação deve fazer parte da direcção saudável para a retomada de vida. A morte faz parte do processo natural do ser humano, tal como o acto de nascer – somos seres finitos. A vida e a morte andam de mãos dadas – enquanto a vida é um período/tempo que decorre desde o nascimento até à morte. A morte é o término da vida biológica, física. Esta é um fenómeno físico, psicológico, social e religioso que afecta a pessoa na sua totalidade: corpo, espírito, emoções e experiência de vida. O nosso destino, a morte, que na etapa de desenvolvimento mais avançada (idoso), passa a visitar mais vezes o pensamento destas pessoas. A perda de alguém que nos é querido é indescritível. O tempo é o maior aliado para ultrapassar este turbilhão de emoções e pensamentos. A recuperação normalmente é lenta e gradual, e a pessoa que sofre a morte de alguém tem de possuir um papel activo neste processo de luto – luto normal. Quando a severidade dos sintomas do luto, característica de uma fase inicial que se segue à perda, acaba por se prolongar por um período superior ao habitual – luto patológico, normalmente este luto patológico associa-se à depressão. Actualmente, e cada vez mais, as pessoas morrem nos hospitais, lares o que faz com que os familiares não presenciam o momento da perda. Este afastamento no momento da morte, juntamente com o menor apoio da comunidade, numa sociedade cada vez mais individualista, são factores sociais que dificultam enormemente o processo de luto.
  • 2. A MORTE O processo de luto consiste numa adaptação à perda, envolvendo uma serie de tarefas ou fases para que tal aconteça. Os sentimentos mais comuns neste processo de luto, são os seguintes:  Tristeza  Raiva  Culpa e auto-censura  Ansiedade  Solidão  Fadiga  Desespero  Choque  … Pensamentos habituais após a perda  Descrença (não acreditar na morte assim que se ouve)  Confusão  Preocupação  Alucinações  … Comportamentos usualmente manifestados após a morte  Distúrbios do sono  Distúrbios do apetite  Isolamento social  Sonhos com a pessoa falecida  Chorar  … Este processo de luto é crucial para ultrapassar a perda de alguém pela qual nutrimos um sentimento de amor, carinho…. Como tal de seguida passo a enunciar as quatro tarefas essências do processo de luto. Existe uma serie de tarefas de luto que
  • 3. A MORTE têm de ser concretizadas para que se restabeleça e para o processo de luto ficar concluído. Desta forma, a adaptação à perda de acordo com Worden (1991) envolve quatro tarefas básicas. 1. Aceitar a realidade da morte Inicialmente existe um sentimento de que tal não aconteceu. A primeira tarefa do sofrimento é apercebermo-nos da realidade de que a pessoa morreu e não voltará. Chegar a uma aceitação da perda leva tempo, pois envolve não só uma aceitação intelectual mas também emocional. 2. Trabalhar a dor da perda Muitas pessoas experimentam dor física, bem como dor emocional e comportamental associado à perda. Esta dor presente deve ser verbalizada. No entanto em muitos casos por parte da pessoa em luto existe uma negação desta dor, mas esta negação mais cedo ou mais tarde vai colapsar normalmente numa depressão. 3. Ajustar a um ambiente em que o falecido está ausente Ajustar-se a um novo ambiente tem diferentes significados para diferentes pessoas, dependendo da relação que se tinha com a pessoa falecida e os vários papeis que ela desempenhava. Verifica-se a existência de três áreas de ajustamento que se tem de fazer depois de perder alguém que nos é mais próximo: ajustamentos externos, ajustamentos internos e ajustamentos de crenças. Ficar preso nesta tarefa significa que não há uma adaptação à perda. 4. Transferir emocionalmente o falecido e prosseguir com a vida Uma pessoa nunca perde as memórias de uma relação significativa (amizade, casamento…).
  • 4. A MORTE Para muitas pessoas, esta é a tarefa mais difícil de alcançar, ficando-se por vezes preso nela e só tomando consciência disso muito tempo depois, verificando que as suas vidas estagnaram após a perda. Não obstante esta tarefa pode ser alcançada e a pessoa percebe que pode voltar a amar sem deixar de amar a pessoa que perdeu. Este processo de luto termina quando as quatro tarefas que mencionei anteriormente são completadas. Quanto à duração do processo, não existe uma resposta conclusiva sendo impossível definir uma data precisa. O luto é um processo que não progride de forma linear, podendo ser novamente trabalhado. Um sinal de uma reacção do sofrimento finalizada é quando a pessoa consegue pensar no falecido sem dor e quando consegue reinvestir as suas emoções na vida e nos vivos. Na nossa cultura a morte possui uma conotação negativa, sendo considerado um acto cruel conotado com muita dor e tristeza. A titulo de curiosidade, e contrapondo a forma como a nossa sociedade interpreta e analise a morte, os jovens invit (esquimós), mostram carinho, apoio, interesse e afeição para com os parentes mais velhos, no entanto, podem abandona-los no meio de uma estrada ou ajuda-los a cometer o suicídio por afogamento ou estrangulamento. Esta aparente crueldade enraíza-se numa concepção particular da vida e da morte da própria essência do ser humano, sem contradição. Isto mostra-nos que a morte é vista e interpretava de diversas formas, cada cultura tem a sua própria ideia da morte – diversidade cultural. Em suma a morte desorganiza, deprime mesmo assim, é importante lembrar que o luto tem começo, meio e fim. A dor que se sente inicialmente deve transformar- se em lembranças saudáveis para que possamos buscar novos sentidos para continuar a vida. Autoria Helena Dias