Este documento discute a origem e disseminação do candomblé no Brasil e em Sergipe, desde a chegada dos primeiros escravos africanos até a atualidade. Aborda a pluralidade cultural africana trazida para o país e a formação do candomblé como religião sincrética. Também analisa a figura histórica de Lixandre de Laranjeiras, um importante pai de santo sergipano.
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Celestino artigo
1. CURA E FÉ NO CANDOMBLÉ: DAS ORIGENS À COMERCIALIZAÇÃO
NO SEIO DAS RELIGIÕES
Edmilson Celestino de Barros1
RESUMO
O presente artigo sobre o tema Cura e fé no candomblé: das origens à comercialização das
religiões apresenta uma reflexão sobreas origens da religiosidade dos africanos e sua
disseminação no Brasil. Aborda ainda as perspectivas que envolvem o processo de cura e a fé
que professam os adeptos da religião afrobrasileira, inclusive de como esses poderes passaram
a ser consumidos dentro da ambiência do capitalismo. O estudo se justifica diante da
importância da ampliação de conhecimentos sobre usos e costumes que contribuíram para a
formação da cultura no Brasil. O objetivo principal deste artigo é o de esboçar linhas gerais
que circundam o cenário plural da religiosidade afrobrasileira e de algumas de suas mais
importantes manifestações. O presente trabalho ajusta o foco, especificamente, no recorte que
pontua fenômenos relativos à cura e à fé nas divindades cultuadas nos terreiros de
candomblé.Para a reflexão e posterior elaboração deste estudo foram consultadas fontes na
área dos estudos relativos à africanidade. Os aspectos abordados na fundamentação teórica
são: Breve notícia dos escravos e do candomblé em terras brasileiras; De como o candomblé
chegou a Sergipe; Época de Perseguição aos adeptos da religião africana; A crônica de
Lixandre de Laranjeiras, o mais renomado pai de santo e curandeiro sergipano; Cura, Fé e
comercializaçãoreligiosa.
Palavras-chave:Cura; fé; Lixandre de Laranjeiras; comercialização.
ABSTRACT
This article on the topic in Candomblé and faith healing: the marketing of the origins of
religions is a reflection on the origins of religiosity of Africans and its dissemination in Brazil.
Also discusses the prospects that involve the process of healing and faith professed fans of
afro-Brazilian religion, including how these powers have to be consumed within the ambience
of capitalism. The study is warranted before the importance of expanding knowledge about
customs and traditions that contributed to the formation of culture in Brazil. The aim of this
paper is to outline the general scenario surrounding the plural of afro-Brazilian religion and
some of its most important manifestations. This work sets the focus, specifically, the cut
scores that phenomena related to healing and faith in the deities worshiped in Candomblé. For
reflection and further elaboration of this study were found in the sources of the studies of the
African. The theoretical aspects are addressed in: Brief News of slaves and land in the
Brazilian Candomblé, Candomblé came from as the Sergipe season Persecution of African
religion followers; The chronic Lixandre of Orange, the most renowned and holy father
Sergipe healer, Healing, Faith and commercialization of religion.
Keywords: healing, faith; LixandreLaranjeiras; marketing
1
Aluno Aspirante ao Mestrado em Ciências Sociais, da Universidade Federal de Sergipe.
2. 1
1INTRODUÇÃO
Desde que os ritos religiosos de presença africana chegaram ao Brasil, especialmente
defrontando-se com a colonização de base católica e liderada por jesuítas, o conflito sobre a fé
se acirrou gerando contendas, constrangimentos e perseguições. A Igreja Católica se
encontrava diante de uma realidade cultural de manifestações panteístas e cujo poder estaria
centrado na mão dos deuses orixás. Esses seres transcendentais e, no mínimo, bizarros na
concepção cristã eram cultuados fervorosamente e detinham poderes milagrosos, tanto da cura
das doenças quanto um domínio total sobre as forças da Natureza. Senhores da vida e da
morte, os orixás são os seres cultuados por adeptos do candomblé, tanto pelos africanos que
aqui entraram na condição de escravos, quanto pelos seus descendentes e outros que
formaramo povo brasileiro a partir da miscigenação índio-europeia-africana.
Esse cenário de construção de uma história foi assinalado pelo sincretismo religioso,
pelo preconceito racial e cultural e pelo fator econômico. As questões da fé aparecem, via de
regra, envolvidas com as questões relativas ao lucro, ao ganho e ao poder social. Para
exemplificar tal situação este texto contém um depoimento sobre o mais famoso pai de santo
de Sergipe e conhecido fora dos limites do estado.
No Evangelho da Lei Cristã uma passagem mostra a revolta de Cristo contra os
vendilhões do templo; a Igreja Católica foi acusada de vender indulgências; outras religiões
unem fé e economia sob o pretexto de necessitarem manter os seus templos e promover suas
atividades. Ainda consta que, em geral, rezas, mezinhas, benzeduras, missas, cultos e rituais
diversos estão ligados a pagamentos, pelo menos simbólicos. Casos há em que uma galinha
serve de retribuição por alguém ter sido supostamente curado de algum mal. Há ainda as
promessas pagas em espécie. Com o advento da globalização e o progresso das comunicações,
religiões dispõem de todo o aparato tecnológico, incluindo redes de TV e emissoras de rádio,
as quais vendem outros produtos modernos, a exemplo de CDs, DVDs e inúmeros outros
artigos relativos à fé.
Para a realização deste estudo foi consultada a literatura competente sobre o tema –
conforme consta das referências – e, ainda, os depoimentos orais de pessoas ligadas ao
candomblé, mais precisamente ao Centro Filhos de Obá.Esclareça-se que ainda há muitas
deficiências e carências de estudos científicos sobre o candomblé em Sergipe.
Estudos como este são importantes para o público em geral e não apenas para
adeptos das religiões de presença africana.
3. 2
O propósito deste estudo é o de alargar os horizontes da compreensão do continente
africano, de sua relevância no processo de formação sócio-econômica do povo brasileiro e dos
aspectos da fé relativos à sua religiosidade.
Bastide(s/d) se ocupou em recuperar informações sobre quantos negros foram
trazidos para o Brasil. Não tendo como conseguir uma resposta exata, menciona
estudos de historiadores. Esses estudiosos aproximaram as quantidades da seguinte
forma e por aproximação: 12 a 14 milhões (Calógeras), 2 500 000 (Pedro Calmon –
número considerado por Calógeras extremamente baixo), 3 600 000 (para Taunay),
etc. Sendo assim, e “por conseguinte, podemos concluir que hoje há um acordo em
relação a uma quantia aproximada de 3 milhões e meio de negros chegados ao Brasil
desde os primórdios da colonização até ao fim do tráfico legal ou clandestino”.
(BASTIDE, p. 53).
Para alcançar tal objetivo, o trabalho se encontra roteirizado em 5 (cinco) seções
assim dispostas: a) Breve notícia dos escravos e do candomblé em terras brasileiras; b) De
como o candomblé chegou a Sergipe; c) Época de Perseguição aos adeptos da religião
africana; d) A crônica de Lixandre de Laranjeiras, o mais renomado pai de santo e curandeiro
sergipano; e) Cura, Fé e comercialização religiosa.
Esperamos, dessa forma, haver oferecido uma pequena contribuição aos estudos
atinentes à cultura de origem e presença africana.
2METODOLOGIA
O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa do tipo teórica. Um fator interno que
a move é o afeto, interesse do pesquisador que professa a religião de presença africana e cuja
formação universitária palmilha os caminhos da sociologia e da antropologia. Como fator
externo se pode afirmar que o tema é de suma importância social e do interesse dos
universitários dos cursos dessas áreas citadas. O levantamento da literatura foi realizado nas
universidades localizadas em Aracaju/SE, nas fontes eletrônicas.
Todo o material foi devidamente fichado para, em seguida, ser traçado o plano de
desenvolvimento textual relativo ao tema escolhido. Em seguida, foram processadas as outras
partes componentes do artigo, a exemplo das considerações finais, introdução, resumo, etc.
Finalmente, o texto foi revisado pelo autor e colocado nas normas da ABNT. Houve
mais uma revisão da linguagem e a impressão do presente trabalho.
4. 3
3DESENVOLVIMENTO
3.1BreveNotícia dos Escravos e doCandomblé em Terras Brasileiras
Para Pieruccie Prandi (1996, p. 9) “não é a religião enquanto conservação e
permanência que deve interessar à sociologia, mas sim a religião em mudança, a religião
como possibilidade de ruptura e inovação, a mudança religiosa e, portanto, cultural.” Esta
mudança cultural é evidente ao se olhar para o panorama atual do candomblé em terras
brasileiras, em constante mutação, e até se distanciando de suas origens.
No entender de Souza Junior (2003, p. 29), é significativo o destaque dado pelas
ciências sociais ao fenômeno do sincretismo. Nota também o estudioso que esse fenômeno
esteve sempre em evidência, no Brasil, e utilizado de maneira preconceituosa quando se tenta
perfilar os cultos de origem africana, ao longo dos séculos,“reorganizados pelos seus
descendentes”.
Posterior ao silêncio que se seguiu após a obra de Nina Rodrigues, coube a Arthur
Ramos o uso da palavra sincretismo para designar uma simbiose, expressa como
uma mescla curiosa onde várias formas míticas entravam em contato, fundindo-se
umas com as outras, as mais adiantadas absorvendo as mais atrasadas. (SOUZA
JUNIOR, 2003, p. 32).
Em torno dessas origens da religiosidade afro-brasileira é que Lody (2006, p.3)
adianta ser
[...]crescente, sem dúvida, o interesse e as questões sobre a presença do sagrado e
suas muitas transformações decorrentes das diversas Áfricas aqui
fixadasinterpretadas com regionalidade e crescente abrasileiramento. São marcas
decisivas de tradições vivenciadas dos códigos de moral e ética, muitos deles
milenares e ainda vigentes em confrontos pós-modernos.
Segundo Dantas (1988, p. 59) a história do terreiro das religiões de origem africana é
geralmente proveniente da oralidade e em versões não “necessariamente falsas ou
verdadeiras”, mas que “orientam recortes e seleções do que será realçado ou não”, pois,
[...] o que é apresentado como um simples discurso sobre o passado termina agindo
sobre ele, operando reconstruções, evocando identidades, realizando, enfim, um
trabalho de produção de sentido que visa legitimar ações no presente. (idem, p. 60).
Foram várias as culturas do imenso continente africano que aportaram ao Brasil
colônia e, longe está de se pensar tal realidade cultural como algo singular. Foi essa
pluralidade que contribuiu para o assentamento do candomblé neste país.
A religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto chamada de
anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que
5. 4
foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus
Orixás/Inquices/Voduns, sua cultura, e seu idioma, entre 1549 e 1888. O culto
perpetuado no Brasil é monoteísta, ao contrário do que alguns estudiosos afirmam,
pois concentra-se em um Deus Supremo e Único, com nomes que variam de acordo
com cada etnia. (p. 1).
Em seus estudos sobre o tráfico de escravos e o candomblé, Verger (2000, p. 19)
assegura que as primeiras levas de escravos foram trazidas para o Novo Mundo em 1502,
início do século XVI, “em virtude de um edito real que permitiu o transporte de escravos
negros da Espanha para Hispañiola (que, mais tarde, se tornou República Dominicana e
Haiti), pois a escravidão não existia na Península Ibérica”. Adianta ainda o estudioso que “O
comércio entre a Bahia e o porto de Ajuda (Ouidah), na antiga Costa dos Escravos, era
particularmente intenso”, (p. 21).
Uma distribuição dos negros por “nação”, baseada nos contratos de compra e venda
de escravos, entre 1838 e 1860, extraídos do Arquivo Municipal da cidade de
Salvador (Bahia), indica as seguintes cifras: nago (2049), djêdjê (286), mina (117),
Calabar (39), Benin (27), e Cacheu (12), ou seja, 3 060 de origem sudanesa; e:
angola (267), cabinda (65), congo (48), benguela (29), gabão 95), cassange (4) e
Moçambique (42), ou seja, 460 de origem banto. (idem, p. 23).
Outra vez abordando a temática do candomblé, especificamente, Prandi (2004, p.
223) anota que a
[...] religião brasileira dos orixás e outras divindades africanas que se constituiu na
Bahia no século XIX – e demais modalidades religiosas conhecidas pelas
denominações regionais de xangô, em Pernambuco, tambor-de-mina, no Maranhão,
e batuque, no Rio Grande do Sul, formavam, até meados do século XX, uma espécie
de instituição de resistência cultural, primeiramente dos africanos, e depois dos afro-
descendentes, resistência à escravidão e aos mecanismos de dominação da sociedade
branca e cristã que marginalizou os negros e os mestiços mesmo após a abolição da
escravatura.
3.2 De como o Candomblé Chegou a Sergipe
As religiões africanas se espalharam por todo o território brasileiro, especialmente
pela faixa litorânea onde até a atualidade predomina. Passar da Bahia para Sergipe é um
pequeno passeio, dois estados vizinhos do nordeste brasileiro.
Da Bahia, os africanos eram levados para Sergipe; de Pernambuco, para Paraíba e
Alagoas. Do Maranhão se espalhavam pelo Pará. Com a exploração da mineração,
Minas Gerais atraiu a mão-de-obra escrava. Devido à expansão agrícola da cana-de-
açúcar e do café, são requisitados para trabalhar nas terras fluminenses (hoje, Rio de
Janeiro), abrangendo os cafezais paulistas. Com a queda dos engenhos nordestinos,
muitos escravos foram vendidos para o Sul do País. A partir daí, de fazenda em
fazenda, do trabalho na exploração das minas do Centro-Oeste ou em serviço
doméstico aqui, ali, o negro foi-se espalhando e marcando sua presença em todo o
País. A compra do escravo podia ser feita no local de desembarque como se fosse
6. 5
mercadoria. Eram eles escolhidos pelos dentes e pelo físico. Os jornais também eram
utilizados, com anúncios de compra e venda de escravos, como registra o jornal
"Diário de Pernambuco", do dia quatro de maio de 1835: "Vende-se ou troca-se negra
muito boa lavadeira e vendedeira de rua, por uma que engoma e coza". A troca por
animais ou objetos domésticos fazia-se bastante comum: “... uma negra que saiba
cozinhar e engomar ou um escravo que sirva de pajem, por uma canoa grande de
carregar 1500 tijolos [...]”O Nordeste, como porta de entrada do africano, tem em sua
população o maior número de descendentes. (PAULA, 2011, p.1).
No que se refere à formação do candomblé, Pacheco (2011) menciona a presença de
africanos sediados no nordeste, especificamente nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe
e Bahia.
Cumpre ainda frisar que, no que tange às modalidades religiosas,o Nordeste originou
também manifestações semelhantes às religiões indígenas ou com elas entrosadas, mas que
foram, gradativamente, incorporando características das religiões afro-brasileiras ou, ainda, as
influenciaram de uma ou de outra maneira.
Trata-se docatimbó, religião deespíritos aos quais se dá o nome de mestres
ecaboclos, que se incorporam no transe paraaconselhar, receitar e curar. Esse tronco
afro-ameríndio tem particularidades em diferentes lugares, sendo chamado
de Jurema, toré, pajelançababaçuê,encantariaecura. (PRANDI, 1998, p. 66).
3.3 Época de Perseguição aos Adeptos da Religião Africana
Todo tipo de preconceito teve espaço na sociedade do Brasil colônia: linguístico,
racial, de classes sociais e o preconceito religioso, mormente contra o candomblé, o que se
caracterizou um sentimento duplo contra um povo de pele negra e sua manifestação espiritual.
Os escravos professavam sua fé às escondidas dos exigentes olhos da elite e da classe média
que se formava no país. Entretanto, desde o início da colonização brasileira até a atualidade,
sabe-se que, também às escondidas, indivíduos de todas as classes sociais buscavam e ainda
buscam as religiões de presença africana.
E, até hoje, situações de preconceito seguido de perseguição não mudou para os
adeptos da religião africana e de suas variantesafro-brasileiras. Segundo Prandi (2004, p.225),
“Continuam a sofrer agressões, hoje menos da polícia e mais de seus rivais pentecostais, e
seguem sob forte preconceito, o mesmo preconceito que se volta contra os negros,
independentemente de religião”.2
Ainda assim, é preciso lembrar com Bastide (s/d, p. 141) que, no que diz respeito à
questão da liberdade de ação para africanos e seus descendentes, não tinha a população de
2
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n52/a15v1852.pdf>. Acesso em: 15 set. 2011.
7. 6
africanos e seus descendentes sempre a mesma fisionomia. Portanto,nem todos os negros
foram necessariamente escravos, alguns formavam uma classe e, “se bem que ela constituísse
a camada mais baixa da população livre, formava, em relação aos escravos, uma camada
superior na escala social”.
Os orixás são deuses, espécies de entidades míticas reverenciadas nos terreiros de
candomblés. Esses orixás, ao que se acredita, escolhem, iluminam e conferem poderes aos
seus representantes na terra: os pais de santo e as mães de santo. Por haverem difundido esta
forma religiosa e este poder sobre as coisas, nasceu o conflito com outras religiões – no Brasil
colonial, especialmente ligadoaos dogmas do cristianismo. E, assim, foram ocorrendo as
perseguições.
A pequisadoraCileine de Lourenço, professora da Bryant University, de
RhoadIsland, nos Estados Unidos, atribui ao pensamento dos colonizadores boa
parte da origem do preconceito: "Eles precisavam justificar o tráfico das pessoas e a
escravidão nas colônias e para isso 'animalizaram' os negros". Ela conta que, no
século 16, alguns zoológicos europeus exibiam negros e indígenas em jaulas,
colocando na mesma baia indivíduos de grupos inimigos, para que brigassem
diante do público. Além disso, a Igreja na época considerava civilizado somente
quem era cristão. (grifo do autor).3
Por se falar de perseguições, observe-se esta passagem de fato recente, constante de
um estudo de Santos et ali (2009), p. 6-7) que menciona ocorrências persecutórias em terreiro
de candomblé localizado na cidade de Aracaju;
Supõe-se que durante as festividades, alguns vizinhos incomodados com o barulho
dos atabaques e dos fogos denunciavam os terreiros. Ou até mesmo, por haver uma
rivalidade entre os terreiros existentes, algum adepto por estar chateado com alguma
atitude do sacerdote denunciava com o intuito de prejudicar a festa. [...] Quando o
chefe Zé D’Obakoussou foi para o estado do Rio de Janeiro, abriu assim uma filial,
permanecendo por 31 anos como líder de um dos terreiros (Afro Axé
IléObakoussou) mais famosos do Rio, ganhando fama e prestígio. A sua irmã, Maria
da Glória (Dofona), assumiu e ficou incumbida de cuidar do terreiro na Avenida Rio
de Janeiro aqui na capital aracajuana.4
3.4 A Crônica de Lixandre de Laranjeiras, o mais Renomado Pai de Santo e Curandeiro
Sergipano
Famoso e perseguido pai de santo, Lixandre de Laranjeiras entrou para o imaginário
popular entre narrativas da oralidade e também em pesquisas. Trata esta parte do texto de um
3
Disponível em: <http://www.orixas.ifatola.com/index.php?option=com–
content&view=article&id=16&Itemid=58>. Acesso em: 01 set. 2011.
4
Disponível em: <http://www.pos.ufs.br/antropologia/seciri/down/GT–04/Flavia–Delfino–dos–Santos.pdf>.
Acesso em: 02 set. 2011.
8. 7
depoimento de João Marcos, filho de Paulo Gitokí (irmão de santo e primo sanguíneo de
Cecilinha, sua antecessora na Linhagem do terreiro Filhos de Obá), sobre Alexandre de
Laranjeiras– que também foi visado pela sua fama de feiticeiro, pela fé que professava e por
eventuais trabalhos envolvendo rituais de cura. Vale salientar que esse terreiro permanece
inalteravelmente marcado pela figura lendária de Lixandre no tocante à prática de ritos de
Magia e Fé.
Considerado louco, Lixandre teria sido expulso de casa pelo pai, aos sete anos de
idade, tendo sido acolhido pela fundadora do Centro Filhos de Obá. Relata-se que,
nessa época, a família de Lixandre, evangélica, não aceitava e nem compreendia as
ações mediúnicas do menino que já recebia dos seus orixás, poderes antes não
percebidos naquela criança, como por exemplo, cura de enfermidades, contato com
os mortos, dentre outros. (BARROS, 2011, p.56).
Para João Marcos, segundo depoimentos que recebeu da parte de Paulo Gitokí,
Lixandre não alterou nenhum dos ritos da casa, mesmo quando da introdução do Igêchá, do
Angóla, da nação de Preto e Quêto, juntando-as ao Nagô, já presente naquele terreiro. E foi
assim, recomendando os mesmos preceitos, que o pai de santo fortaleceu a tradição e legou a
herança à sua antecessora e uma das fundadoras do Centro Filhos de Obá, Tá Joaquina.
O que ocorreu certa feita, é que Lixandre– contou Paulo Gitokí a João Marcos – teria
sido preso por haver, supostamente, colocado um despacho de grandes proporções em frente
ao Palácio Olímpio Campos, sede do Governo de Sergipe, nos idos do final dos anos 40 e
início dos anos 50. Tal feito lhe fora atribuído tendo em vista que ele era nesse período o
principal ator social que compunha a tríade dos mais poderosos babalorixás de Sergipe que
eram: Umbelina Araujo (Bilina), Erundina Nobre (Maná de Euí) e Alexandre José da Silva
(Lixandre de Laranjeiras).
Tendo em vista que a mãe de santo Bilina não confeccionava ebós de tais
características como as desse que foi, ao que se crê, deixado em frente à porta principal do
palácio sergipano, e, por sua vez, Maná de Euí tinha uma boa convivência com os
representantes do poder político, esta estaria acima de suspeitas. Ficou para Lixandre a
suposta autoria do ebó palaciano. Enfim, e por tal razão, Lixandre teve sua prisão decretada e
foi exilado para a cadeia de Recife (Pernambuco), onde ficavam os presos considerados
perigosos.
Partedo trajeto Aracaju/Recife, àquela época, era feito por via ferroviária. Consta que
o trem em que viajava o pai de santo Lixandre, descarrilou, tendo sido totalmente destruído o
vagão no qual se encontrava alojado. Apesar do grave acidente, Alexandre escapa ileso, o que
provocou grande admiração ao comandante da guarnição que o acompanhara para a prisão.
9. 8
Esse comandante, logo após a fatalidade ocorrida e da qual escaparam ilesos ele e o feiticeiro,
passou a ver no pai de santo uma espécie de divindade e o libertou para ir aonde bem
entendesse, desde que se comprometesse, durante os próximos dois anos a não voltar a
Sergipe.
Alexandre José da Silva, desde seus cinco anos de idade, aprendera a arte dos cultos e
dos feitiços africanos e, por tal motivo, tornou-se a figura mais respeitada e comentada
do Candomblé em terras sergipanas (pelo mito que se criou em torno da figura do
Babalorixá que tinha o poder da vida e da morte em suas mãos). (Idem, p. 58).
Ao selarem o acordo, Lixandre segue adiante, embrenhando-se na espessa mata,
enfrentando a fome, a sede e o rigor da natureza naquelas paragens. Foi assim que teria
alcançado a localidade de Cachoeira de São Félix, região com forte tradição nos ritos de
religião africana, na Bahia. Foi ali onde conheceu Manezinho de Sandaió, célebre pai de
santo, de quem se torna um grande amigo e com quem troca conhecimentos relativos ao
curandeirismo. Pelo que consta, então, Lixandre deve ter encontrado uma forma de chegar à
Bahia, pois, ao que se sabe, seguia para Recife. De volta a Laranjeiras, acompanhado do filho
de seu amigo babalorixá baiano, encontra Tá Inácia, oriunda do terreiro de Santa Bárbara,
comandando por Bilina, Nessa oportunidade foi que estes três seguidores da religião de
presença africana se reuniram com a finalidade de assentar os orixás na roça/terreiro.
Nas viagens que fez em território brasileiro, o pai de santo de Laranjeiras sempre
participava dos eventos e dos feitorios em diversos terreiros visitados, havendo
estreitado mais os laços religiosos com o pessoal da Bahia. Assim, tornou-se íntimo
do pai de santo Manezinho de Sandaió, de Oxossi, que muito confiava na sabedoria
de seu amigo religioso a ponto de o terreiro o convidar, quando Manezinho faleceu,
para organizar o ritual do Axexê. Foi então que o Oxossi do finado não aceitou ser
despachado e solicitou ser despachado para a roça do Filhos de Obá. (Idem, p. 57).
O historiador Cardoso (2011, p.1) apresenta um artigo sobre o sistema ferroviário
sergipano. Consta desse estudo que, no ano de 1908, “iniciam-se as obras do primeiro trecho,
entrando pela fronteira da Bahia, seguindo por Tomar do Geru até Aracaju”. Nesse mesmo
estudo, menciona-se a notícia daquele que ficou conhecido como “o terrível desastre do km
458”, ocorrido em 18 de março de 1946, às 19 horas, com um saldo de sessenta mortos.
3.5 Cura, Fé e ComercializaçãoReligiosa
Em A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, Max Weber (2008),trata dos
aspectos que envolvem a fé e a cultura do capital, esta intrinsecamente relacionada ao
protestantismo.
10. 9
Convém frisar que o candomblé em sua origem não tem relações com o
protestantismo e nem surgiu de uma contenda com outra religião. Entretanto, não se pode
afirmar que, a esta altura da civilização humana, haja purismo em qualquer forma de
religiosidade. Afirma Weber (2008, p. 48) que, “o capitalismo hodierno, dominando de longa
data a vida econômica, educa e cria para si mesmo, por via da seleção econômica, os sujeitos
econômicos –empresários e operários– de que necessita”.
Bastos (1979, p. 13) esclarece quanto às origens e marcas das religiões afro-mágicas
que,
[...] a África foi submetida às invasões islâmicas (Oriente Médio) e bérberes
(Mediterrâneo), o que estabeleceu não só misturas mono-politeístas, como, aos
poucos, foi separando as áreas de predominância feiticista e as que se vincularam ao
misticismo maometano (malês).
Em importante e premiada tese de doutorado, Miranda (2004, p.80) aprofunda a
pesquisa sobre a arte de curar, as práticas médicas e a condição de assistência à saúde dos
escravos na época do Brasil colônia. Revê a Inquisição e as ciências em Portugal de “ensino
anacrônico e sofrendo uma forte influência da pedagogia monástica [...]”. Reporta-se ao
misticismo do pajé e de seu modelo de curar, além de outros procedimentos terapêuticos dos
indígenas; ao universo dos físicos e dos cirurgiões; à arte de curar dos jesuítas; aos
curandeiros. Entre as doenças dos escravos, estão arroladas pelo autor, a exemplo de:
perturbações da nutrição, bócio, tétano, infecções bacterianas, doenças venéreas, sarna,
melancolia e etc.
No Brasil, a extensão territorial e os poucos profissionais mais habilitados a
exercerem a medicina dificultaram a prática do cumprimento dos regulamentos
sanitários de Portugal. Devido a esses obstáculos, a fiscalização das atividades dos
profissionais médicos praticamente inexistiu. Desta forma, todos,
indistintamente,medicavam de qualquer maneira. (Idem, p. 242-245).
[...]
No Brasil colonial, a falta de instituições voltadas para o ensino médico e de
interesse dos médicos portugueses em se transferir para a Colônia, em decorrência
dos baixos salários e das precárias condições de vida nesta, provocaram uma grande
escassez desses profissionais, em todo território da Capitania de Pernambuco. (Idem,
p. 267-268).
Sobre a mesma temática da arte de curar, mais precisamente fazendo menção ao
século XIX – momento da introdução da medicina acadêmica como fundamento da
modernidade na prática médica – e ao Estado de Minas Gerais, Figueiredo (2008, p. 106) faz
constar de sua pesquisa que “os feitiços eram utilizados para uma gama variada de situações:
problemas amorosos, dificuldades financeiras, problemas de saúde”.
11. 10
Quanto ao curandeirismo, Figueiredo (op. cit.) anota que consta de dois dicionários
(no de Domingos Vieira, edição portuguesa de 1871; e no de Morais e Silva, de 1813)que,
tanto a atividade do curandeiro quanto a do médico-feiticeiro “estavam cercadas por um
mistério” (Idem, p. 131). Depois, tratando da clientela, apresenta um questionamento e a
correspondente resposta: “Quem procura os curandeiros? Praticamente todos que acreditavam
em sua atuação, independentemente da posição social” (Idem, p. 135)
Acerca das doenças e de aspectos relativos à comercialização, Souza (1986, 109)
adianta que,
Para a maioria esmagadora dos habitantes da colônia, as doenças, as forças e
armadilhas da Natureza apresentavam-se como indomáveis, irredutíveis. A fé
mostrava, por isso mesmo, contornos tradicionais, arcaicos, onde a demanda de bens
materiais e de vantagens concretas assumia grande importância, como se fosse uma
espécie de “toma lá-dá cá”. [...] A colônia não fugia a esta regra.
Quanto à dimensão sociológica e cosmológica do mercado, Mello e Barros (1993,
p.5), consideram que “uma viagem ao mundo afro-brasileiro começa no mercado. Nas sete
portas do Mercado Modelo ou na Ferira de Água de Meninos, pois a Bahia é, como gostava
de dizer Mãe Aninha, uma ‘Roma africana”. Trata-se de negócios de todo tipo, inclusive
relativos a “despachos”, “lavagens” e “romarias”.
Dinheiro e mercadorias; narrativas, informações e cumprimentos têm em comum o
fato de serem coisas trocadas. São regidas pelo princípio que governa todas as
formas da troca. E porque a troca é movimento e implica transitividade, todas elas
estão subordinadas a Èsù, o grande princípio dinâmico na cosmovisão do
candomblé. Não é pois de estranhar-se que dentre os títulos de Èsù, que são muitos,
se encontre também o de Olóojà, isto é, “dono-do-mercado”. (Idem, p. 7).
Ainda vale lembrar que, conforme a tradição oral, os afrodescendentes costumavam
batizar seus filhos várias vezes com o intuito de que tivessem muitos padrinhos e, sendo
assim, ganhariam mais presentes. Assim, fé e interesses estão de mãos dadas.
4CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os africanos trouxeram seus usos, costumes e religiosidades quando foram
“arrastados” para o Brasil na condição de escravos. Tudo o que faziam e no que criam foi
sendo, ao longo dos anos da colonização, disseminado em terras brasileiras e se diluindo no
caldo da cultura dos europeus e também dos nativos da nova terra. Foram muitos os percalços
dessa caminhada que marcam a nossa história de povo. A opressão se perpetuou de diversas
formas enquanto as lutas para a afirmação de descendentes dessa miscigenação lograssem
algumas pequenas vitórias.
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O fascínio dos cultos afro exerceram e exercem ainda influência sobre os sujeitos das
diversas classes sociais. Entre os rituais destaca-se o do candomblé, objeto do presente artigo.
Foi possível acompanhar um pouco dessa trajetória do candomblé desde o continente
africano até o Brasil e centrar o foco em sua manifestação no Estado de Sergipe onde os
praticantes da religião de presença africana também sofreram a discriminação e a perseguição,
inclusive na figura das maiores autoridades.
Em um país de formação católico-cristã e de influência direta da catequese jesuítica,
professar a fé em orixás e tê-los na conta de deuses, não seria algo de fácil e de pacífica
aceitação. A fé dos adeptos do candomblé mostra-se forte e inabalável. Os babalorixás, as
ialorixás e os pais e as mães de santo são, no contexto do candomblé, pessoas especiais e
dotadas de poderes, inclusive sobre a vida e a morte. Esse poderio incomoda as cúpulas de
outras denominações religiosas que se sentem aviltadas ao serem colocadas em pé de
igualdade com os orixás – mesmo se sabendo que indivíduos pertencentes a diversas religiões
também frequentam cultos oferecidos aos deuses da fé africana e a eles confiam suas
necessidades, inclusive de cura. Portanto, neles crêem.
O babalorixá mais famoso do Estado de Sergipe foi Lixandre de Laranjeiras. Este
também realizou comprovadamente feitos de sua fé que o entronizaram no imaginário
popular. Ficou conhecido por toda a população sergipana e além das divisas do estado. Era
consultado por pessoas de todas as classes sociais e tinha, ainda, inconteste aceitação na alta
sociedade, pois atendia gente “fina” e especialmente políticos. Lixandre tornou-se um motivo
de preocupação para os que lhe providenciaram uma perseguição cinematográfica, conforme
relatamos na crônica inserida ao presente texto. Lixandre de Laranjeiras ficou rico em função
das atividades que praticava no candomblé. Pessoas desesperadas e poderosas ofereciam-lhe
“mundos e fundos” para conseguirem alcançar os seus objetivos. Entretanto, sabe-se também
que o célebre “feiticeiro” também praticava o bem “sem olhar a quem” e patrocinava obras
filantrópicas.
Constatamos nesta breve pesquisa que, o dinheiro, o lucro, a troca, sempre estiveram
presentes na religião candomblé que tem em um dos seus orixás, Èsù, um deus dos negócios.
Este trabalho tem uma importância pequena perante a dimensão territorial e cultural
do continente africano. Entretanto, contribui para ampliar o conhecimento sobre essa parte
fascinante do mundo e que auxiliou na formação do povo brasileiro.
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