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O PAPEL SOCIAL DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NAS
COMUNIDADES SICOOBNORTE
José Generoso dos Santos1
José Eduardo Zdanowicz2
Artigo apresentado para formação no Curso MBA em
Gestão de Cooperativas, do Centro Universitário
UNIVATES, como parte da exigência para a
obtenção do título de
Pós- Graduado em Gestão de Cooperativas.
Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Zdanowicz
Rio Branco – AC, janeiro de 2015.
1
José Generoso dos Santos, Acadêmico do Curso de Especialização Lato Sensu MBA em Gestão de
Cooperativas pelo Centro Universitário – UNIVATES.
2
José Eduardo Zdanowicz, Doutor pela Universidade de León – Espanha, Professor Universitário.
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo avaliar a aplicabilidade do sétimo princípio
do Cooperativismo nas comunidades atingidas pelas ações socioeconômicas da
Cooperativa de Crédito Sicoob Acre. O artigo retrata, na sua primeira parte, a
gênese das cooperativas e a sua importância na sociedade, como forma de inclusão
social. Na sequência, analisa-se o estudo de caso da Cooperativa nos trabalhos
sociais desenvolvidos no âmbito da comunidade, incentivando financeiramente a
Escolinha de Futebol da PMAC (Polícia Militar do Acre) que trabalha com crianças e
adolescente em situação de risco e as ações desenvolvidas na Creche Sagrado
Coração de Jesus, a qual atende crianças de comunidades em situação de extrema
pobreza.
Principais Palavras: Cooperativismo; Crianças; Socioeconômico; Inclusão social.
ABSTRACT
This article aims to evaluate the applicability of the seventh principle of
Cooperatives in communities affected by socioeconomic shares of Cooperative
Credit Sicoob Acre. The article shows, in its first part the genesis of Cooperatives and
its importance in society, as a form of social inclusion. Following analysis of the case
study of the Cooperative in social work within the community, financially encouraging
Little School Football of PMAC (Police Military Acre) working with children and
adolescents at risk and the actions developed in Nursery Heart of Jesus which
serves children from communities in extreme poverty.
Key Words: Cooperative; Children; socioeconomic; Social inclusion.
4
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como finalidade precípua demonstrar a aplicabilidade do
sétimo princípio do Cooperativismo de Crédito, que versa sobre o interesse pela
comunidade, aplicado às comunidades assistidas pela área de atuação do Sicoob
Acre, buscando gerar uma reflexão filosófica sócio-política.
Ao se estudar sobre a gênese do cooperativismo, ao longo da história da
humanidade, os modelos de produção demonstram-se ineficazes, não suprindo as
necessidades básicas da população. Todos tiveram suas particularidades, porém
eles manifestaram na sua essência a exploração do homem pelo homem, gerando a
estratificação social. Isso vem ocasionando grandes desigualdades sociais, conflitos
de classes, violência, fome, miséria, corrupção e outros problemas sociais.
O sentimento cooperativista nasceu em 1843, na cidade de Rochdale,
Inglaterra, motivado pelo excedente de mão de obra oriunda das migrações rurais e
da Revolução Industrial. Embora as fábricas produzissem e gerassem riquezas,
esse momento caracterizou-se pela exploração dos trabalhadores pelos patrões, em
especial as mulheres e crianças, em condições sub-humanas e carga-horárias
excessivas de trabalho. Como resposta às péssimas condições sociais, no ano de
1844, um grupo de 28 tecelões criou a primeira cooperativa de consumo, a qual em
1866 contava com 5.300 sócios que durou por 70 anos, comprovando a importância
do trabalho cooperativo na superação de barreiras e dificuldades humanas.
Com isso, a palavra cooperativismo tem muitas significações que se
caracteriza pela aplicação das forças e faculdades humanas sejam físicas ou
intelectuais para alcançar determinado fim. Para a Organização das Cooperativas do
Brasil (OCB), cooperativismo é uma forma de organização que tem como diferencial
promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social, simultaneamente. É
um modelo socioeconômico com referenciais de participação democrática,
solidariedade, independência e autonomia, baseado em sete princípios
cooperativistas.
No entanto, em pleno século XXI, vivemos um sistema Capitalista, em que tudo
se resume ao lucro, na exploração do homem pelo próprio homem, aumentando as
diferenças entre ricos e pobres e os bolsões de miséria nos países mais pobres do
mundo, de forma que a educação pública não atinge seus melhores padrões de
qualidade e a saúde é muito precária. E, os índices de violência estão aumentando
5
desordenadamente, fugindo aos controles das instituições formais, comprovando,
que se esperarmos apenas do Estado, a tendência é o caos social.
O sistema Capitalista retém e acumula as riquezas, os resultados de
investimentos, em contrapartida o cooperativismo distribui-os com seus associados,
investindo nas comunidades que participam da socioeconomia.
Um dos sete princípios do cooperativismo é o interesse pela comunidade, no
qual visa à melhoria das condições de vida dos associados, ou seja, não apenas a
obtenção de resultados (sobras), mas também o bem-estar social destes. A história
do cooperativismo demonstra que a preocupação com a comunidade foi a fonte de
toda a construção doutrinária.
Embora a doutrina traga o sétimo princípio de forma expressa e enfática,
sendo aplicado por cooperativas do Sistema SICOOB nas comunidades, poucas são
as produções científicas que tratam desse tema, motivo pelo qual se faz necessário
a realização dessa pesquisa como meio de embasar novos trabalhos na área social.
Portanto, o trabalho aborda a relevância da elaboração de políticas
cooperativistas como forma de integrar as organizações, no âmbito das
comunidades, visto que existem dados concretos dos efeitos positivos alcançados
pelos investimentos econômicos, sociais, educacionais, esportivos e de segurança
pública.
No desenvolvimento da pesquisa buscou-se uma familiarização com o
fenômeno para se obter uma percepção do problema e descobrir novas ideias,
característica que nos permite classifica-lo um estudo exploratório (CERVO, 2002).
Segundo Gil (2008), “estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vista torná-lo mais explícito ou construir
hipóteses”.
O universo da pesquisa, ou seja, a população e a amostra que serão
pesquisadas. Segundo Lakatos e Marconi (1991), essa delimitação do universo da
pesquisa consiste em explicitar que pessoas ou coisas, fenômenos, etc. serão
pesquisados, enumerando suas características comuns, como por exemplo, sexo,
faixa etária, organização a que pertencem e comunidade onde vivem.
A escolha de uma amostra só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto
é, quando não abrange a totalidade dos componentes do universo. Segundo Lakatos
e Marconi (1991), nos estudos por amostragem, é preciso escolher uma parte (ou
6
amostra), de tal forma que ela seja a mais representativa possível do todo e, a partir
dos resultados obtidos, relativos a essa parte, poder inferir, o mais legitimamente
possível, os resultados da população total, se essa fosse verificada.
Por conseguinte, este trabalho objetiva demonstrar através de pesquisas
bibliográficas e de estudo de caso da Cooperativa do Sicoob Acre, a importância da
implantação e implementação de políticas sociais voltadas para o bem-estar
econômico, financeiro e social das comunidades onde a Cooperativa está inserida.
E, desta forma, poder avaliar a viabilidade de investimentos nas comunidades do
Sicoob Acre para a inclusão social de crianças e adolescentes em condição de
vulnerabilidade socioeconômica.
Foram aplicados trinta e oito questionários com os participantes do Programa,
pais ou responsáveis e o facilitador, em seguida os dados foram tabulados no
software Excel 2008, possibilitando à geração dos gráficos necessários a análise.
2 COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB ACRE
Nos anos 90 a população acriana, em especial, os servidores públicos
estaduais passavam por momentos de dificuldades financeiras no Estado, a Frente
Popular quando assumiu em 1999 teve muitas dificuldades porque o antecessor
deixou a folha de pagamento atrasada há quatro meses. As Secretarias sucateadas,
sem orçamento, de forma que o funcionalismo público estava desacreditado, e
paralelamente a este quadro as representações de classe da Polícia Militar deste
Estado, a saber, os clubes Cabos e Soldados, Subtenentes e Sargentos, e Oficiais
encontravam-se em dificuldades financeiras e com dívidas no mercado, assim como
todo o efetivo da Polícia Militar. Não conseguiam honrar seus compromissos, em
virtude do atraso salarial.
Isso ensejou a agiotagem dentro das instituições, onde muitas pessoas
extorquiam o “minguado” salário dos servidores, de maneira que o endividamento
era muito grande.
Diante desse cenário, no dia 8 de abril de 1999 um grupo formado por vinte e
cinco policias militares, reunidos em Assembleia Geral no auditório da Emater – Acre
aprovou a criação da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policias
Militares do Estado do Acre - CREDMAC. Ficou definido que cada cooperado
integralizaria R$ 20,00 (vinte reais), totalizando R$ 500,00 (quinhentos reais) por
7
mês de capital social. Nessa assembleia, foi eleita a primeira Diretoria, o Conselho
de Administração e o Conselho Fiscal, sendo aberta uma conta num banco público.
A Cooperativa iniciou emprestando pequenos valores aos associados, como os
valores subscritos, mas não atendia à demanda. Foi necessário fazer sorteios do
próximo cooperado contemplado a contrair o empréstimo, pois a procura era maior
que a oferta, porém em outubro do mesmo ano chegou a homologação do Banco
Central do Brasil. Nesse momento, já havia mais de 200 (duzentos cooperados) e
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de Capital Social.
A primeira sede foi em uma sala na Av. Benjamim Constant nos altos da
Lanchonete Pão de Queijo, depois no Palácio das Secretarias do Governo e, por
último, no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, onde está até hoje. A razão
social mudou para Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores em
Segurança Pública do Estado do Acre/ SICOOB Acre.
Em 2008, a Cooperativa SICOOB Acre recebia muitos pedidos de ajuda
financeira dos associados e pessoas da comunidade, para realizar as mais diversas
atividades culturais, desportivas e sociais. Os pedidos eram submetidos à avaliação
do Conselho de Administração da Cooperativa, para aprovação.
Paralelo a isso, a Cooperativa foi procurada por associados para auxiliar
financeiramente um grupo de crianças e adolescentes filhos de cooperados, com
intuito de montar uma equipe de futebol para proporcionar lazer. No começo era
apenas brincadeira e lazer, mas, que necessitava de planejamento e investimentos
em recursos humanos, infraestrutura e materiais esportivos (coletes, tênis, chuteiras,
camisas, meiões, calções e bolas) e de apoio (garrafas térmicas, bebedouros, frete
de transporte e reforma da quadra).
O Conselho de Administração da Cooperativa Sicoob Acre aprovou a compra
de materiais e equipamentos no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e ajuda para
custear as demais despesas no valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais)
mensais por dois anos. No início do Projeto, foram matriculadas cerca de cinquenta
crianças na escolinha. A preferência era as crianças dos bairros periféricos de Rio
Branco como forma de incluí-las, socialmente, através da prática esportiva,
retirando-as da ociosidade e assédio da criminalidade.
Assim, a procura por vagas aumentou e tornou-se necessário dividir os grupos
em sub 10, sub 11 a sub 13, sub 14 a sub 15. Muitas crianças chegavam ao
8
treinamento, descalças, sujas, tímidas, porém cheias de esperança de
permanecerem no Projeto. As crianças vinham em grupos, sozinhas ou
acompanhadas dos pais ou responsáveis. As ausências eram rotineiras, motivadas
muitas vezes, pela falta de meio de transporte.
Com os treinamentos diários muitas crianças destacaram-se, chamando a
atenção dos organizadores, com diversos convites para participarem de
competições desportivas nas respectivas faixas etárias.
Eram necessários mais investimentos para participar dos campeonatos, então
foi deliberado através do Conselho de Administração que a Cooperativa Sicoob Acre
financiaria o pagamento das inscrições nos torneios, resultando em inúmeros títulos,
que trouxeram alegrias e mais responsabilidades a todos os envolvidos no Projeto.
O resultado final do projeto para aquelas crianças que ultrapassaram a idade limite
dos 15 (quinze) anos, constituía na perspectiva de uma vida cidadã, com
possibilidade de ingresso nas equipes de futebol da base local, e fora do Estado,
como foi o exemplo de alguns jovens que ingressaram nas categorias de base do
Clube de Futebol e Regatas do Flamengo do Rio de Janeiro.
Quanto às ações sociais em instituição informal de caridade destaca-se a
Creche Sagrado Coração de Jesus, localizada na Rua Baguari, Bairro Taquari, em
Rio Branco – Acre que atende a 74 crianças de dois a quatro anos de idade, em dois
turnos, manhã e tarde. Ela não recebe apoio institucional do Governo Estado do
Acre, porém a Prefeitura Municipal de Rio Branco realiza o pagamento do aluguel da
casa que serve de sede para a creche, bem como cedeu os sete funcionários de
apoio e parte dos alimentos utilizados, ficando dependente de doações da
comunidade.
Motivada pela grande procura por vagas na creche Sagrado Coração de Jesus,
a Administração da instituição não governamental estabeleceu o critério do sorteio
para a distribuição das vagas, contemplando dessa maneira as crianças mais
carentes, filhos de mães solteiras que não têm onde deixá-los quando saem para
trabalhar e nem possuem poder aquisitivo para pagar uma babá.
Muitos dos objetos e materiais de apoio são oriundos de doações voluntárias
de moradores do próprio bairro. Assim, sensibilizados com o bem-estar das crianças
os gestores da Cooperativa SICOOB Acre, atendendo ao sétimo princípio do
cooperativismo, estabeleceu parceria com a Creche Sagrado Coração de Jesus e
9
realizou um café da manhã, com atividades recreativas desenvolvidas pelos
colaboradores da Cooperativa Sicoob Acre e distribuição de brinquedos no Dia das
Crianças.
Com isso, a Cooperativa de Crédito Sicoob Acre ultrapassa as fronteiras da
instituição financeira, demonstrando uma real preocupação com as mazelas sociais
impostas por um sistema que a cada dia gera mais desigualdades sociais. A
Cooperativa ao influenciar positivamente as comunidades próximas, de maneira que
consigam despertar a possibilidade de uma realidade futura diferenciada,
principalmente às crianças e adolescentes proveniente de locais à margem da
sociedade que na sua grande maioria são corrompidas para o “mundo” do tráfico e
da prostituição na mais tenra idade.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com TAKAHASHI (1982), no Brasil, o cooperativismo só surgiu no
final do Século XIX, atribuindo-se o interesse por esse novo tipo de sociedade
socioeconômica criada com a abolição da escravatura.
As crescentes preocupações das pessoas por melhores condições de vida,
redução dos índices de violência, programas na área educacional, social, de lazer,
menor carga fiscal, melhores salários, condições de trabalho e fim da corrupção. Um
dos indicadores são as manifestações sociais desencadeados no país em junho de
2013.
A população vem demonstrando sua indignação com a governança institucional
do país. Assim, o presente trabalho é baseado em um estudo de caso, que tem
como objetivo geral atender aos anseios das comunidades na qual está inserida a
Cooperativa SICOOB Acre, visando minimizar os impactos da ausência de politicas
públicas nessas comunidades.
O desenvolvimento de uma comunidade vai depender de uma conjugação de
elementos políticos, institucionais e sociais que podem estar agrupados
genericamente com o título de capacidade social de organização dela. E, sem a
presença desses elementos não será possível produzir o passo qualitativo do
crescimento ao desenvolvimento.
10
Uma alternativa para as demandas de crédito e de serviços financeiros tem sido
encontrada no cooperativismo. O crédito do cooperativismo financeiro vem se
mostrando uma forte alternativa para as demandas financeiras em muitos países
como Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Holanda apresentando resultados
satisfatórios.
Segundo BALDUS e WILLENS, (apud PEREIRA 1994), a cooperação é uma
forma de integração social e pode ser entendido como ação conjugada em que as
pessoas se unem de modo formal ou informal, para alcançar o mesmo objetivo.
As ações implementadas por uma cooperativa de crédito, em determinada
região, possibilitam deslocar o estado estacionário dessa economia em processo de
dinâmica de transição, promovendo um verdadeiro milagre econômico dentro do
quadro geral de crescimento. Uma vez que o solidarismo passa a existir na prática
cooperativista é, por sua natureza, um movimento não especulativo. Essa união
entre pessoas de forma coletiva promove o seu autodesenvolvimento econômico,
transcende ao contraste que existe na especulação capitalista (DOMINGUES, 2002).
O objetivo das cooperativas de crédito, no entendimento de Schardong (2002),
sempre foi promover a captação de recursos financeiros para financiar as atividades
econômicas dos cooperados, a administração das suas poupanças e a prestação
dos serviços de natureza bancária por eles demandados. Dessa forma, o
cooperativismo evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova
forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. Por unir as
pessoas através da ajuda mútua, assumindo uma forma igualitária e social, o
cooperativismo é aceito por todos os governos e reconhecido como fórmula
democrática para a solução de problemas socioeconômicos.
Destaca-se que o primeiro Instituto a disciplinar o cooperativismo de crédito no
Brasil foi a Lei nº 5.764/71, que segundo Meinem e Port (2014), antes mesmo da
Constituição Federal de 1988 já assegurava a plenitude associativista.
Ao se analisar a importância das cooperativas, é necessário compreender o seu
significado, de acordo com a Lei nº 5.764/71, “são sociedades de pessoas, com
forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência,
constituídas para prestar serviços aos associados”.
Conforme o Art. 28 da Lei nº 5.764/71, que define a política nacional de
cooperativismo, além dos fundos obrigatórios nela contidos, as cooperativas podem
11
criar outros com fins específicos e tempo determinado e direcioná-los para
atividades nas comunidades onde as cooperativas estão inseridas.
Art. 28. As cooperativas são obrigadas a constituir:
I - Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao
desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10% (dez por cento),
pelo menos, das sobras líquidas do exercício;
II - Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado à
prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto
nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído de 5% (cinco por
cento), pelo menos, das sobras líquidas apuradas no exercício.
§ 2º Os serviços a serem atendidos pelo Fundo de Assistência
Técnica, Educacional e Social poderão ser executados mediante convênio
com entidades públicas e privadas.
Para Meinem e Port (2014), integrar o conteúdo da CF/88, dentro do modelo
adotado pelo Brasil, significa fazer parte das diretrizes fundamentais do
ordenamento político-jurídico-econômico-social do Estado.
No ano de 2009, foi editada a Lei Complementar nº 130 que
passou a reconhecer o Sistema Nacional Cooperativo, como identidade
institucionalizada passa a assumir relevância inédita no contexto do Sistema
Financeiro Nacional.
De acordo Meinem e Port (2014), “as cooperativas são importantes instâncias
de inclusão social nas comunidades e regiões em que atuam, sendo que estas não
possuem um condão mágico para solucionar os problemas sociais, mas sem dúvida
são norteadas por princípios e valores que possibilitam o seu funcionamento,
movimento este baseado na solidariedade”.
De acordo com Meinem e Port (2014) no quesito inclusão são louváveis os
programas sociais e educativos desenvolvidos pelo cooperativismo financeiro
brasileiro, sejam eles por meio do Programa: A União faz a Vida, desenvolvido pelo
SICRED, do Cooperjovem, coordenado pelo SESCOOP, do Progri, desenvolvido
pelo CECRED, do Coopercriança, coordenado pela CONFEBRAS, e tantos outros
concebidos por meio de iniciativas individuais.
O cooperativismo de crédito deve praticar, diariamente, os sete princípios
cooperativistas que norteiam a existência desse modelo, como afirma Meinem e Port
12
(2014), o cooperativismo é um estilo de vida, desvinculado de qualquer sistema
político ou religioso, organizado por meio da união das pessoas em torno de
objetivos comuns.
Ainda conforme Meinem e Port (2014), em uma cooperativa, o que os
associados percebem são os produtos e serviços que ela oferece, mas o que de fato
sustenta a entidade são raízes e os fundamentos sobre os quais está construída,
que são os princípios e valores do cooperativismo. Quanto maior for a cooperativa,
mas apegada ela deve estar a sua base filosófica e doutrinária, garantindo sua
solvência, seu crescimento e desenvolvimento e sua perpetuidade no tempo.
Segundo Schneider, inclusão social é oferecer aos associados oportunidades
de participarem da distribuição de trabalho e renda do país, dentro de um sistema
que beneficie a todos e não somente uma camada da sociedade. O modelo
econômico vigente se alimenta da exclusão de grande parcela da população em
relação aos meios de produção.
Ainda, segundo o mesmo autor, as cooperativas surgiram e continuam
surgindo em tempos de crise. As cooperativas permitem obter a realização
econômica para seus associados, distribuem renda, geram benefícios sociais e no
plano político, permitindo ao associado espaços de participação e a assunção do
protagonismo no processo decisório da atividade econômica e organizacional. Há
quem entenda que o cooperativismo pode ser considerado uma terceira via, entre o
capitalismo e o socialismo que pode levar a inclusão social, pois ao gerar empregos
para a sociedade, as pessoas estão sendo incluídos no processo produtivo.
4 ESTUDO DE CASO
Atualmente, vislumbra-se um momento histórico representado por um novo
momento político de fortes bases sociais e articulação da sociedade civil. Não existe
política social que se desenvolva sem um movimento engajado da sociedade. A
Constituição Cidadã de 1988 deixou o cidadão consciente dos seus direitos e
obrigações. A linha mestra das ações sociais deve nascer de uma visão profunda da
relação de interdependência entre governo-empresa-homem-natureza, caracterizado
pelo convênio Público, Privado e Comunidade (PPC).
13
O SICOOB Acre está baseado nos princípios cooperativistas, demonstrando
interesse pela comunidade resolveu estabelecer parcerias com comunidades mais
carentes do município de Rio Branco particularmente com a escolinha de futebol da
Polícia Militar que tem como público alvo crianças e adolescentes com idade entre
10 e 15 anos de diversas comunidades. E, a Creche Sagrado Coração de Jesus,
localizada no Bairro Taquari, que recebe crianças de 2 a 4 anos de idades dessa
comunidade e bairros adjacentes, proporcionando expectativa de práticas saudáveis
de atividades sociais e desportivas, contribuindo para uma sociedade mais justa e
igualitária para todos.
Os dados foram coletados através de aplicação de questionários nas duas
entidades pesquisadas, inquirindo os participantes dos Projetos, seus responsáveis
e gestores que desenvolvem as atividades. É uma amostra de 38 pessoas
pesquisadas, selecionadas ao acaso dentro do universo dos Projetos.
A pesquisa envolveu público de diversas comunidades que embora os Projetos
sejam concentrados em espaços físicos determinados demonstrou que atingem pelo
menos dez bairros diferentes, na sua maioria mais distante do centro da cidade. A
faixa etária pesquisada ficou entre 13 a 57 anos.
Ao se analisar os dados da pesquisa, verificou-se no caso da Creche Sagrado
Coração de Jesus, por se tratar de uma comunidade em situação de extrema
pobreza a maioria das mães que têm filhos na instituição são adolescentes, mães
solteiras, e às vezes, fora do mercado de trabalho, tendo como única alternativa
para alimentar seus filhos o período em que ficam na creche.
Podemos observar através do Gráfico 1, que o projeto é abrangente e atende
tanto filhos de cooperados como não-cooperados, sendo esses em maior
quantidade que aqueles.
14
Gráfico 1: Representação do público do Projeto que são Cooperados e não-cooperados
Quando questionados sobre a contribuição da Cooperativa SICOOB Acre na
inclusão social. Os pesquisados responderam que conseguiam atingir tanto os
aspectos financeiros, econômicos e sociais. No Gráfico 2, percebemos que o mais
representativo foi a contribuição social por proporcionar oportunidades que tiram
essas crianças e adolescentes da situação de risco e em segundo lugar o financeiro.
Gráfico 2: Contribuição da Cooperativa SICOOB Acre na inclusão
O Gráfico 3 demonstra que para os pesquisados a Cooperativa poderá
desenvolver novas ações, em termos socioeconômicos voltadas às crianças, por ser
0
2
4
6
8
10
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14
16
18
COOPERADOS NÃO-COOPERADOS
NÚMERODECOOPERADOSENÃO-
COOPERADOS
RELAÇÃO COM A COOPERATIVA SICOOB ACRE
RELAÇÃO COOPERADOS NOS PROJETOS
SOCIAIS DA COOPERATIVA SICOOB ACRE
ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
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24
FINANCEIROS ECONÔMICOS SOCIAIS
ENTREVISTADOS
ASPECTOS
CONTRIBUIÇÃO DA COOPERATIVA NA
INCLUSÃO
ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
15
o público mais susceptível de abusos de toda ordem, porém o mesmo gráfico
também indicou possiblidades de atuação com pessoas carentes de todo gênero.
Gráfico 3: Novas ações em termos socioeconômicos
O Gráfico 4 demonstra que a contribuição das ações realizadas pela
Cooperativa em ambos os Projetos representou grande importância nos trabalhos
ordinários executados pelas entidades pesquisadas, visto que possibilitou
desenvolver atividades extras que não seriam possíveis sem os recursos injetados
nos Projetos.
Gráfico 4: Melhoria do trabalho
Com base nos gráficos apresentados podemos dizer que os resultados obtidos
confirmam a hipótese apresentada no artigo, que os investimentos das cooperativas
0
2
4
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8
10
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14
16
CRIANÇAS MULHERES IDOSOS CARENTES
ENTREVISTADOS
PÚBLICO
NOVAS AÇÕES EM TERMOS
SOCIOECONÔMICOS
ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
0
2
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6
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12
14
16
18
20
22
POUCO MÉDIO MUITO
ENTREVISTADOS
PERCENTUAL
CONTRIBUIÇÃO DA COOPERTATIVA NA MELHORIA
DO TRABALHO
ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
16
de crédito nas comunidades do entorno gera relacionamento positivo com elas,
sendo estas alcançadas pelos serviços sociais da cooperativa, atendendo ainda, o
sétimo princípio do cooperativismo.
Observamos ainda, quão carentes são essas comunidades dos serviços
públicos básicos, principalmente o publico infanto-juvenil, carentes dos serviços de
saúde, educação, moradia, segurança, lazer, esporte e alimentação. Nossa visão
antes das pesquisas era superficial dos enormes problemas enfrentados pelas
comunidades alcançadas pelo projeto.
5 CONCLUSÕES
Nesta pesquisa desenvolveu-se o conceito do sétimo principio do
cooperativismo demonstrando o interesse pela comunidade, em ações para integrar
socialmente. Ênfase às crianças e adolescentes em situação de risco iminente que
estão afastados de ações do Poder Público e o comprometimento da Cooperativa
estudada nas práticas de ações sociais.
O SICOOB Acre vem investindo fortemente na responsabilidade social, com
intuito de continuar a desenvolver projetos e as ações sociais para beneficiar
principalmente as comunidades carentes locais.
A divulgação de projetos e ações traz como consequência a melhoria das
condições sociais das comunidades alcançadas que se beneficia e fortalece ainda o
sistema cooperativista local.
Observou-se também no desenvolvimento do trabalho que além da inexistência
de projetos voltados para esse fim pelo SICOOB Nacional, os existentes ocorrem de
forma isolada, esporadicamente sem planejamento de curto, médio e longo prazo. O
mais indicado seria a existência de um Projeto integrado, a exemplo do Dia de
Cooperar realizado pela OCB/Sescoop Nacional.
Atualmente, o cooperativismo financeiro ainda representa uma pequena
parcela do Sistema Financeiro Nacional, mas essa preocupação com o social das
comunidades do entorno e com seus cooperados torna-se um diferencial de
mercado.
Com isso, percebemos a viabilidade de investimentos das cooperativas de
crédito em projetos sociais dentro de comunidades carentes do aparato social, ou
17
por consequência da falta de planejamento familiar ou muitos casos por causa da
drogadição, que atualmente é um mal que assola muitas famílias. Investindo nas
crianças e adolescentes dessas comunidades o cooperativismo de crédito está
cumprindo sua função social.
Além disso, vale constar que o desenvolvimento para que seja sustentável
deve atender os princípios econômico, ambiental e social, este último trata do
cuidado com o ser humano, de tentar garanti-los uma vida digna.
Foi possível verificar que 73% do público amostral não eram cooperados ou
parentes destes em linha reta ou colateral, 66% dos participantes afirmaram que os
Projetos foram fundamentais na vida social e financeira dos seus filhos e ficou
demonstrado com a pesquisa que a cooperativa SICOOB Acre facilitou o trabalho
das Instituições envolvidas em 83%, sejam de maneira financeira e social, incluindo
as pessoas através do esporte, lazer e educação.
Por tudo que foi exposto, devemos aprofundar os estudos e estreitar ainda
mais o relacionamento com essas comunidades, demonstrando para a sociedade
civil organizada, que a relação da cooperativa, com seus associados e comunidade
não deve se restringir a uma relação comercial como em outras instituições
financeiras. A cooperativa além de oferecer todos os produtos e serviços financeiros
aos seus associados oferece ainda, participação nos resultados, lazer, cidadania
aos seus associados, e inclusão social as suas comunidades.
18
REFERÊNCIAS
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Presidência da República. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>
Acessado em 15 de fev 2015.
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2014.
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LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MEINEM, E.; PORT, M. Cooperativismo financeiro. Brasília: Confebras, 2014.
PEREIRA, Anísio Cândido. Contribuição e análise das demonstrações
financeiras das sociedades cooperativas brasileiras. Caderno de Estudos nº10,
São Paulo, FIPECAFI, 1994.
SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de Crédito: instrumento de organização da
sociedade. Porto Alegre: RI GEL, 2002.
SCHNEIDER, José Odelso. O cooperativismo como gerador de renda e o seu
impacto social. Portal do cooperativismo de crédito. Disponível em: <
http://cooperativismodecredito.com.br/news/2010/11/o-cooperativismo-como-
gerador-de-renda-e-o-seu-impacto-social/> Acessado em 16 de fev 2014.
TAKAHASHI, M. Análise de Administração contábil das cooperativas agrícolas
do estado do Paraná. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1982.
(Dissertação de Mestrado).
19
ANEXO
Inicio do projeto em 2008, já colhendo o fruto do esforço de todos, sendo
homenageados em solenidade oficial.
Figura 1: Início do Projeto Escolinha da PMAC em 2008.
Figura 2: Seleção de crianças para a escolinha da PMAC.
20
Figura 3: Adolescentes da Escolinha PMAC em campeonato estadual Sub-15.
Figura 4: Fachada da Creche Sagrado Coração de Jesus
21
Figura 5: Dia das Crianças na Creche Sagrado Coração de Jesus

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  • 1. O PAPEL SOCIAL DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NAS COMUNIDADES SICOOBNORTE José Generoso dos Santos1 José Eduardo Zdanowicz2 Artigo apresentado para formação no Curso MBA em Gestão de Cooperativas, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência para a obtenção do título de Pós- Graduado em Gestão de Cooperativas. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Zdanowicz Rio Branco – AC, janeiro de 2015. 1 José Generoso dos Santos, Acadêmico do Curso de Especialização Lato Sensu MBA em Gestão de Cooperativas pelo Centro Universitário – UNIVATES. 2 José Eduardo Zdanowicz, Doutor pela Universidade de León – Espanha, Professor Universitário.
  • 2. RESUMO O presente artigo tem por objetivo avaliar a aplicabilidade do sétimo princípio do Cooperativismo nas comunidades atingidas pelas ações socioeconômicas da Cooperativa de Crédito Sicoob Acre. O artigo retrata, na sua primeira parte, a gênese das cooperativas e a sua importância na sociedade, como forma de inclusão social. Na sequência, analisa-se o estudo de caso da Cooperativa nos trabalhos sociais desenvolvidos no âmbito da comunidade, incentivando financeiramente a Escolinha de Futebol da PMAC (Polícia Militar do Acre) que trabalha com crianças e adolescente em situação de risco e as ações desenvolvidas na Creche Sagrado Coração de Jesus, a qual atende crianças de comunidades em situação de extrema pobreza. Principais Palavras: Cooperativismo; Crianças; Socioeconômico; Inclusão social. ABSTRACT This article aims to evaluate the applicability of the seventh principle of Cooperatives in communities affected by socioeconomic shares of Cooperative Credit Sicoob Acre. The article shows, in its first part the genesis of Cooperatives and its importance in society, as a form of social inclusion. Following analysis of the case study of the Cooperative in social work within the community, financially encouraging Little School Football of PMAC (Police Military Acre) working with children and adolescents at risk and the actions developed in Nursery Heart of Jesus which serves children from communities in extreme poverty. Key Words: Cooperative; Children; socioeconomic; Social inclusion.
  • 3. 4 1 INTRODUÇÃO O presente artigo tem como finalidade precípua demonstrar a aplicabilidade do sétimo princípio do Cooperativismo de Crédito, que versa sobre o interesse pela comunidade, aplicado às comunidades assistidas pela área de atuação do Sicoob Acre, buscando gerar uma reflexão filosófica sócio-política. Ao se estudar sobre a gênese do cooperativismo, ao longo da história da humanidade, os modelos de produção demonstram-se ineficazes, não suprindo as necessidades básicas da população. Todos tiveram suas particularidades, porém eles manifestaram na sua essência a exploração do homem pelo homem, gerando a estratificação social. Isso vem ocasionando grandes desigualdades sociais, conflitos de classes, violência, fome, miséria, corrupção e outros problemas sociais. O sentimento cooperativista nasceu em 1843, na cidade de Rochdale, Inglaterra, motivado pelo excedente de mão de obra oriunda das migrações rurais e da Revolução Industrial. Embora as fábricas produzissem e gerassem riquezas, esse momento caracterizou-se pela exploração dos trabalhadores pelos patrões, em especial as mulheres e crianças, em condições sub-humanas e carga-horárias excessivas de trabalho. Como resposta às péssimas condições sociais, no ano de 1844, um grupo de 28 tecelões criou a primeira cooperativa de consumo, a qual em 1866 contava com 5.300 sócios que durou por 70 anos, comprovando a importância do trabalho cooperativo na superação de barreiras e dificuldades humanas. Com isso, a palavra cooperativismo tem muitas significações que se caracteriza pela aplicação das forças e faculdades humanas sejam físicas ou intelectuais para alcançar determinado fim. Para a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), cooperativismo é uma forma de organização que tem como diferencial promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social, simultaneamente. É um modelo socioeconômico com referenciais de participação democrática, solidariedade, independência e autonomia, baseado em sete princípios cooperativistas. No entanto, em pleno século XXI, vivemos um sistema Capitalista, em que tudo se resume ao lucro, na exploração do homem pelo próprio homem, aumentando as diferenças entre ricos e pobres e os bolsões de miséria nos países mais pobres do mundo, de forma que a educação pública não atinge seus melhores padrões de qualidade e a saúde é muito precária. E, os índices de violência estão aumentando
  • 4. 5 desordenadamente, fugindo aos controles das instituições formais, comprovando, que se esperarmos apenas do Estado, a tendência é o caos social. O sistema Capitalista retém e acumula as riquezas, os resultados de investimentos, em contrapartida o cooperativismo distribui-os com seus associados, investindo nas comunidades que participam da socioeconomia. Um dos sete princípios do cooperativismo é o interesse pela comunidade, no qual visa à melhoria das condições de vida dos associados, ou seja, não apenas a obtenção de resultados (sobras), mas também o bem-estar social destes. A história do cooperativismo demonstra que a preocupação com a comunidade foi a fonte de toda a construção doutrinária. Embora a doutrina traga o sétimo princípio de forma expressa e enfática, sendo aplicado por cooperativas do Sistema SICOOB nas comunidades, poucas são as produções científicas que tratam desse tema, motivo pelo qual se faz necessário a realização dessa pesquisa como meio de embasar novos trabalhos na área social. Portanto, o trabalho aborda a relevância da elaboração de políticas cooperativistas como forma de integrar as organizações, no âmbito das comunidades, visto que existem dados concretos dos efeitos positivos alcançados pelos investimentos econômicos, sociais, educacionais, esportivos e de segurança pública. No desenvolvimento da pesquisa buscou-se uma familiarização com o fenômeno para se obter uma percepção do problema e descobrir novas ideias, característica que nos permite classifica-lo um estudo exploratório (CERVO, 2002). Segundo Gil (2008), “estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista torná-lo mais explícito ou construir hipóteses”. O universo da pesquisa, ou seja, a população e a amostra que serão pesquisadas. Segundo Lakatos e Marconi (1991), essa delimitação do universo da pesquisa consiste em explicitar que pessoas ou coisas, fenômenos, etc. serão pesquisados, enumerando suas características comuns, como por exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem e comunidade onde vivem. A escolha de uma amostra só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto é, quando não abrange a totalidade dos componentes do universo. Segundo Lakatos e Marconi (1991), nos estudos por amostragem, é preciso escolher uma parte (ou
  • 5. 6 amostra), de tal forma que ela seja a mais representativa possível do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, poder inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se essa fosse verificada. Por conseguinte, este trabalho objetiva demonstrar através de pesquisas bibliográficas e de estudo de caso da Cooperativa do Sicoob Acre, a importância da implantação e implementação de políticas sociais voltadas para o bem-estar econômico, financeiro e social das comunidades onde a Cooperativa está inserida. E, desta forma, poder avaliar a viabilidade de investimentos nas comunidades do Sicoob Acre para a inclusão social de crianças e adolescentes em condição de vulnerabilidade socioeconômica. Foram aplicados trinta e oito questionários com os participantes do Programa, pais ou responsáveis e o facilitador, em seguida os dados foram tabulados no software Excel 2008, possibilitando à geração dos gráficos necessários a análise. 2 COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB ACRE Nos anos 90 a população acriana, em especial, os servidores públicos estaduais passavam por momentos de dificuldades financeiras no Estado, a Frente Popular quando assumiu em 1999 teve muitas dificuldades porque o antecessor deixou a folha de pagamento atrasada há quatro meses. As Secretarias sucateadas, sem orçamento, de forma que o funcionalismo público estava desacreditado, e paralelamente a este quadro as representações de classe da Polícia Militar deste Estado, a saber, os clubes Cabos e Soldados, Subtenentes e Sargentos, e Oficiais encontravam-se em dificuldades financeiras e com dívidas no mercado, assim como todo o efetivo da Polícia Militar. Não conseguiam honrar seus compromissos, em virtude do atraso salarial. Isso ensejou a agiotagem dentro das instituições, onde muitas pessoas extorquiam o “minguado” salário dos servidores, de maneira que o endividamento era muito grande. Diante desse cenário, no dia 8 de abril de 1999 um grupo formado por vinte e cinco policias militares, reunidos em Assembleia Geral no auditório da Emater – Acre aprovou a criação da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policias Militares do Estado do Acre - CREDMAC. Ficou definido que cada cooperado integralizaria R$ 20,00 (vinte reais), totalizando R$ 500,00 (quinhentos reais) por
  • 6. 7 mês de capital social. Nessa assembleia, foi eleita a primeira Diretoria, o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal, sendo aberta uma conta num banco público. A Cooperativa iniciou emprestando pequenos valores aos associados, como os valores subscritos, mas não atendia à demanda. Foi necessário fazer sorteios do próximo cooperado contemplado a contrair o empréstimo, pois a procura era maior que a oferta, porém em outubro do mesmo ano chegou a homologação do Banco Central do Brasil. Nesse momento, já havia mais de 200 (duzentos cooperados) e R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de Capital Social. A primeira sede foi em uma sala na Av. Benjamim Constant nos altos da Lanchonete Pão de Queijo, depois no Palácio das Secretarias do Governo e, por último, no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, onde está até hoje. A razão social mudou para Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores em Segurança Pública do Estado do Acre/ SICOOB Acre. Em 2008, a Cooperativa SICOOB Acre recebia muitos pedidos de ajuda financeira dos associados e pessoas da comunidade, para realizar as mais diversas atividades culturais, desportivas e sociais. Os pedidos eram submetidos à avaliação do Conselho de Administração da Cooperativa, para aprovação. Paralelo a isso, a Cooperativa foi procurada por associados para auxiliar financeiramente um grupo de crianças e adolescentes filhos de cooperados, com intuito de montar uma equipe de futebol para proporcionar lazer. No começo era apenas brincadeira e lazer, mas, que necessitava de planejamento e investimentos em recursos humanos, infraestrutura e materiais esportivos (coletes, tênis, chuteiras, camisas, meiões, calções e bolas) e de apoio (garrafas térmicas, bebedouros, frete de transporte e reforma da quadra). O Conselho de Administração da Cooperativa Sicoob Acre aprovou a compra de materiais e equipamentos no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e ajuda para custear as demais despesas no valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) mensais por dois anos. No início do Projeto, foram matriculadas cerca de cinquenta crianças na escolinha. A preferência era as crianças dos bairros periféricos de Rio Branco como forma de incluí-las, socialmente, através da prática esportiva, retirando-as da ociosidade e assédio da criminalidade. Assim, a procura por vagas aumentou e tornou-se necessário dividir os grupos em sub 10, sub 11 a sub 13, sub 14 a sub 15. Muitas crianças chegavam ao
  • 7. 8 treinamento, descalças, sujas, tímidas, porém cheias de esperança de permanecerem no Projeto. As crianças vinham em grupos, sozinhas ou acompanhadas dos pais ou responsáveis. As ausências eram rotineiras, motivadas muitas vezes, pela falta de meio de transporte. Com os treinamentos diários muitas crianças destacaram-se, chamando a atenção dos organizadores, com diversos convites para participarem de competições desportivas nas respectivas faixas etárias. Eram necessários mais investimentos para participar dos campeonatos, então foi deliberado através do Conselho de Administração que a Cooperativa Sicoob Acre financiaria o pagamento das inscrições nos torneios, resultando em inúmeros títulos, que trouxeram alegrias e mais responsabilidades a todos os envolvidos no Projeto. O resultado final do projeto para aquelas crianças que ultrapassaram a idade limite dos 15 (quinze) anos, constituía na perspectiva de uma vida cidadã, com possibilidade de ingresso nas equipes de futebol da base local, e fora do Estado, como foi o exemplo de alguns jovens que ingressaram nas categorias de base do Clube de Futebol e Regatas do Flamengo do Rio de Janeiro. Quanto às ações sociais em instituição informal de caridade destaca-se a Creche Sagrado Coração de Jesus, localizada na Rua Baguari, Bairro Taquari, em Rio Branco – Acre que atende a 74 crianças de dois a quatro anos de idade, em dois turnos, manhã e tarde. Ela não recebe apoio institucional do Governo Estado do Acre, porém a Prefeitura Municipal de Rio Branco realiza o pagamento do aluguel da casa que serve de sede para a creche, bem como cedeu os sete funcionários de apoio e parte dos alimentos utilizados, ficando dependente de doações da comunidade. Motivada pela grande procura por vagas na creche Sagrado Coração de Jesus, a Administração da instituição não governamental estabeleceu o critério do sorteio para a distribuição das vagas, contemplando dessa maneira as crianças mais carentes, filhos de mães solteiras que não têm onde deixá-los quando saem para trabalhar e nem possuem poder aquisitivo para pagar uma babá. Muitos dos objetos e materiais de apoio são oriundos de doações voluntárias de moradores do próprio bairro. Assim, sensibilizados com o bem-estar das crianças os gestores da Cooperativa SICOOB Acre, atendendo ao sétimo princípio do cooperativismo, estabeleceu parceria com a Creche Sagrado Coração de Jesus e
  • 8. 9 realizou um café da manhã, com atividades recreativas desenvolvidas pelos colaboradores da Cooperativa Sicoob Acre e distribuição de brinquedos no Dia das Crianças. Com isso, a Cooperativa de Crédito Sicoob Acre ultrapassa as fronteiras da instituição financeira, demonstrando uma real preocupação com as mazelas sociais impostas por um sistema que a cada dia gera mais desigualdades sociais. A Cooperativa ao influenciar positivamente as comunidades próximas, de maneira que consigam despertar a possibilidade de uma realidade futura diferenciada, principalmente às crianças e adolescentes proveniente de locais à margem da sociedade que na sua grande maioria são corrompidas para o “mundo” do tráfico e da prostituição na mais tenra idade. 3 REFERENCIAL TEÓRICO De acordo com TAKAHASHI (1982), no Brasil, o cooperativismo só surgiu no final do Século XIX, atribuindo-se o interesse por esse novo tipo de sociedade socioeconômica criada com a abolição da escravatura. As crescentes preocupações das pessoas por melhores condições de vida, redução dos índices de violência, programas na área educacional, social, de lazer, menor carga fiscal, melhores salários, condições de trabalho e fim da corrupção. Um dos indicadores são as manifestações sociais desencadeados no país em junho de 2013. A população vem demonstrando sua indignação com a governança institucional do país. Assim, o presente trabalho é baseado em um estudo de caso, que tem como objetivo geral atender aos anseios das comunidades na qual está inserida a Cooperativa SICOOB Acre, visando minimizar os impactos da ausência de politicas públicas nessas comunidades. O desenvolvimento de uma comunidade vai depender de uma conjugação de elementos políticos, institucionais e sociais que podem estar agrupados genericamente com o título de capacidade social de organização dela. E, sem a presença desses elementos não será possível produzir o passo qualitativo do crescimento ao desenvolvimento.
  • 9. 10 Uma alternativa para as demandas de crédito e de serviços financeiros tem sido encontrada no cooperativismo. O crédito do cooperativismo financeiro vem se mostrando uma forte alternativa para as demandas financeiras em muitos países como Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Holanda apresentando resultados satisfatórios. Segundo BALDUS e WILLENS, (apud PEREIRA 1994), a cooperação é uma forma de integração social e pode ser entendido como ação conjugada em que as pessoas se unem de modo formal ou informal, para alcançar o mesmo objetivo. As ações implementadas por uma cooperativa de crédito, em determinada região, possibilitam deslocar o estado estacionário dessa economia em processo de dinâmica de transição, promovendo um verdadeiro milagre econômico dentro do quadro geral de crescimento. Uma vez que o solidarismo passa a existir na prática cooperativista é, por sua natureza, um movimento não especulativo. Essa união entre pessoas de forma coletiva promove o seu autodesenvolvimento econômico, transcende ao contraste que existe na especulação capitalista (DOMINGUES, 2002). O objetivo das cooperativas de crédito, no entendimento de Schardong (2002), sempre foi promover a captação de recursos financeiros para financiar as atividades econômicas dos cooperados, a administração das suas poupanças e a prestação dos serviços de natureza bancária por eles demandados. Dessa forma, o cooperativismo evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. Por unir as pessoas através da ajuda mútua, assumindo uma forma igualitária e social, o cooperativismo é aceito por todos os governos e reconhecido como fórmula democrática para a solução de problemas socioeconômicos. Destaca-se que o primeiro Instituto a disciplinar o cooperativismo de crédito no Brasil foi a Lei nº 5.764/71, que segundo Meinem e Port (2014), antes mesmo da Constituição Federal de 1988 já assegurava a plenitude associativista. Ao se analisar a importância das cooperativas, é necessário compreender o seu significado, de acordo com a Lei nº 5.764/71, “são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados”. Conforme o Art. 28 da Lei nº 5.764/71, que define a política nacional de cooperativismo, além dos fundos obrigatórios nela contidos, as cooperativas podem
  • 10. 11 criar outros com fins específicos e tempo determinado e direcioná-los para atividades nas comunidades onde as cooperativas estão inseridas. Art. 28. As cooperativas são obrigadas a constituir: I - Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10% (dez por cento), pelo menos, das sobras líquidas do exercício; II - Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, constituído de 5% (cinco por cento), pelo menos, das sobras líquidas apuradas no exercício. § 2º Os serviços a serem atendidos pelo Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social poderão ser executados mediante convênio com entidades públicas e privadas. Para Meinem e Port (2014), integrar o conteúdo da CF/88, dentro do modelo adotado pelo Brasil, significa fazer parte das diretrizes fundamentais do ordenamento político-jurídico-econômico-social do Estado. No ano de 2009, foi editada a Lei Complementar nº 130 que passou a reconhecer o Sistema Nacional Cooperativo, como identidade institucionalizada passa a assumir relevância inédita no contexto do Sistema Financeiro Nacional. De acordo Meinem e Port (2014), “as cooperativas são importantes instâncias de inclusão social nas comunidades e regiões em que atuam, sendo que estas não possuem um condão mágico para solucionar os problemas sociais, mas sem dúvida são norteadas por princípios e valores que possibilitam o seu funcionamento, movimento este baseado na solidariedade”. De acordo com Meinem e Port (2014) no quesito inclusão são louváveis os programas sociais e educativos desenvolvidos pelo cooperativismo financeiro brasileiro, sejam eles por meio do Programa: A União faz a Vida, desenvolvido pelo SICRED, do Cooperjovem, coordenado pelo SESCOOP, do Progri, desenvolvido pelo CECRED, do Coopercriança, coordenado pela CONFEBRAS, e tantos outros concebidos por meio de iniciativas individuais. O cooperativismo de crédito deve praticar, diariamente, os sete princípios cooperativistas que norteiam a existência desse modelo, como afirma Meinem e Port
  • 11. 12 (2014), o cooperativismo é um estilo de vida, desvinculado de qualquer sistema político ou religioso, organizado por meio da união das pessoas em torno de objetivos comuns. Ainda conforme Meinem e Port (2014), em uma cooperativa, o que os associados percebem são os produtos e serviços que ela oferece, mas o que de fato sustenta a entidade são raízes e os fundamentos sobre os quais está construída, que são os princípios e valores do cooperativismo. Quanto maior for a cooperativa, mas apegada ela deve estar a sua base filosófica e doutrinária, garantindo sua solvência, seu crescimento e desenvolvimento e sua perpetuidade no tempo. Segundo Schneider, inclusão social é oferecer aos associados oportunidades de participarem da distribuição de trabalho e renda do país, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente uma camada da sociedade. O modelo econômico vigente se alimenta da exclusão de grande parcela da população em relação aos meios de produção. Ainda, segundo o mesmo autor, as cooperativas surgiram e continuam surgindo em tempos de crise. As cooperativas permitem obter a realização econômica para seus associados, distribuem renda, geram benefícios sociais e no plano político, permitindo ao associado espaços de participação e a assunção do protagonismo no processo decisório da atividade econômica e organizacional. Há quem entenda que o cooperativismo pode ser considerado uma terceira via, entre o capitalismo e o socialismo que pode levar a inclusão social, pois ao gerar empregos para a sociedade, as pessoas estão sendo incluídos no processo produtivo. 4 ESTUDO DE CASO Atualmente, vislumbra-se um momento histórico representado por um novo momento político de fortes bases sociais e articulação da sociedade civil. Não existe política social que se desenvolva sem um movimento engajado da sociedade. A Constituição Cidadã de 1988 deixou o cidadão consciente dos seus direitos e obrigações. A linha mestra das ações sociais deve nascer de uma visão profunda da relação de interdependência entre governo-empresa-homem-natureza, caracterizado pelo convênio Público, Privado e Comunidade (PPC).
  • 12. 13 O SICOOB Acre está baseado nos princípios cooperativistas, demonstrando interesse pela comunidade resolveu estabelecer parcerias com comunidades mais carentes do município de Rio Branco particularmente com a escolinha de futebol da Polícia Militar que tem como público alvo crianças e adolescentes com idade entre 10 e 15 anos de diversas comunidades. E, a Creche Sagrado Coração de Jesus, localizada no Bairro Taquari, que recebe crianças de 2 a 4 anos de idades dessa comunidade e bairros adjacentes, proporcionando expectativa de práticas saudáveis de atividades sociais e desportivas, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Os dados foram coletados através de aplicação de questionários nas duas entidades pesquisadas, inquirindo os participantes dos Projetos, seus responsáveis e gestores que desenvolvem as atividades. É uma amostra de 38 pessoas pesquisadas, selecionadas ao acaso dentro do universo dos Projetos. A pesquisa envolveu público de diversas comunidades que embora os Projetos sejam concentrados em espaços físicos determinados demonstrou que atingem pelo menos dez bairros diferentes, na sua maioria mais distante do centro da cidade. A faixa etária pesquisada ficou entre 13 a 57 anos. Ao se analisar os dados da pesquisa, verificou-se no caso da Creche Sagrado Coração de Jesus, por se tratar de uma comunidade em situação de extrema pobreza a maioria das mães que têm filhos na instituição são adolescentes, mães solteiras, e às vezes, fora do mercado de trabalho, tendo como única alternativa para alimentar seus filhos o período em que ficam na creche. Podemos observar através do Gráfico 1, que o projeto é abrangente e atende tanto filhos de cooperados como não-cooperados, sendo esses em maior quantidade que aqueles.
  • 13. 14 Gráfico 1: Representação do público do Projeto que são Cooperados e não-cooperados Quando questionados sobre a contribuição da Cooperativa SICOOB Acre na inclusão social. Os pesquisados responderam que conseguiam atingir tanto os aspectos financeiros, econômicos e sociais. No Gráfico 2, percebemos que o mais representativo foi a contribuição social por proporcionar oportunidades que tiram essas crianças e adolescentes da situação de risco e em segundo lugar o financeiro. Gráfico 2: Contribuição da Cooperativa SICOOB Acre na inclusão O Gráfico 3 demonstra que para os pesquisados a Cooperativa poderá desenvolver novas ações, em termos socioeconômicos voltadas às crianças, por ser 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 COOPERADOS NÃO-COOPERADOS NÚMERODECOOPERADOSENÃO- COOPERADOS RELAÇÃO COM A COOPERATIVA SICOOB ACRE RELAÇÃO COOPERADOS NOS PROJETOS SOCIAIS DA COOPERATIVA SICOOB ACRE ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 FINANCEIROS ECONÔMICOS SOCIAIS ENTREVISTADOS ASPECTOS CONTRIBUIÇÃO DA COOPERATIVA NA INCLUSÃO ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
  • 14. 15 o público mais susceptível de abusos de toda ordem, porém o mesmo gráfico também indicou possiblidades de atuação com pessoas carentes de todo gênero. Gráfico 3: Novas ações em termos socioeconômicos O Gráfico 4 demonstra que a contribuição das ações realizadas pela Cooperativa em ambos os Projetos representou grande importância nos trabalhos ordinários executados pelas entidades pesquisadas, visto que possibilitou desenvolver atividades extras que não seriam possíveis sem os recursos injetados nos Projetos. Gráfico 4: Melhoria do trabalho Com base nos gráficos apresentados podemos dizer que os resultados obtidos confirmam a hipótese apresentada no artigo, que os investimentos das cooperativas 0 2 4 6 8 10 12 14 16 CRIANÇAS MULHERES IDOSOS CARENTES ENTREVISTADOS PÚBLICO NOVAS AÇÕES EM TERMOS SOCIOECONÔMICOS ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 POUCO MÉDIO MUITO ENTREVISTADOS PERCENTUAL CONTRIBUIÇÃO DA COOPERTATIVA NA MELHORIA DO TRABALHO ESCOLINHA CRECHE SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
  • 15. 16 de crédito nas comunidades do entorno gera relacionamento positivo com elas, sendo estas alcançadas pelos serviços sociais da cooperativa, atendendo ainda, o sétimo princípio do cooperativismo. Observamos ainda, quão carentes são essas comunidades dos serviços públicos básicos, principalmente o publico infanto-juvenil, carentes dos serviços de saúde, educação, moradia, segurança, lazer, esporte e alimentação. Nossa visão antes das pesquisas era superficial dos enormes problemas enfrentados pelas comunidades alcançadas pelo projeto. 5 CONCLUSÕES Nesta pesquisa desenvolveu-se o conceito do sétimo principio do cooperativismo demonstrando o interesse pela comunidade, em ações para integrar socialmente. Ênfase às crianças e adolescentes em situação de risco iminente que estão afastados de ações do Poder Público e o comprometimento da Cooperativa estudada nas práticas de ações sociais. O SICOOB Acre vem investindo fortemente na responsabilidade social, com intuito de continuar a desenvolver projetos e as ações sociais para beneficiar principalmente as comunidades carentes locais. A divulgação de projetos e ações traz como consequência a melhoria das condições sociais das comunidades alcançadas que se beneficia e fortalece ainda o sistema cooperativista local. Observou-se também no desenvolvimento do trabalho que além da inexistência de projetos voltados para esse fim pelo SICOOB Nacional, os existentes ocorrem de forma isolada, esporadicamente sem planejamento de curto, médio e longo prazo. O mais indicado seria a existência de um Projeto integrado, a exemplo do Dia de Cooperar realizado pela OCB/Sescoop Nacional. Atualmente, o cooperativismo financeiro ainda representa uma pequena parcela do Sistema Financeiro Nacional, mas essa preocupação com o social das comunidades do entorno e com seus cooperados torna-se um diferencial de mercado. Com isso, percebemos a viabilidade de investimentos das cooperativas de crédito em projetos sociais dentro de comunidades carentes do aparato social, ou
  • 16. 17 por consequência da falta de planejamento familiar ou muitos casos por causa da drogadição, que atualmente é um mal que assola muitas famílias. Investindo nas crianças e adolescentes dessas comunidades o cooperativismo de crédito está cumprindo sua função social. Além disso, vale constar que o desenvolvimento para que seja sustentável deve atender os princípios econômico, ambiental e social, este último trata do cuidado com o ser humano, de tentar garanti-los uma vida digna. Foi possível verificar que 73% do público amostral não eram cooperados ou parentes destes em linha reta ou colateral, 66% dos participantes afirmaram que os Projetos foram fundamentais na vida social e financeira dos seus filhos e ficou demonstrado com a pesquisa que a cooperativa SICOOB Acre facilitou o trabalho das Instituições envolvidas em 83%, sejam de maneira financeira e social, incluindo as pessoas através do esporte, lazer e educação. Por tudo que foi exposto, devemos aprofundar os estudos e estreitar ainda mais o relacionamento com essas comunidades, demonstrando para a sociedade civil organizada, que a relação da cooperativa, com seus associados e comunidade não deve se restringir a uma relação comercial como em outras instituições financeiras. A cooperativa além de oferecer todos os produtos e serviços financeiros aos seus associados oferece ainda, participação nos resultados, lazer, cidadania aos seus associados, e inclusão social as suas comunidades.
  • 17. 18 REFERÊNCIAS BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de outubro de 1988; Presidência da República. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acessado em 15 de fev 2015. BRASIL, Lei 5.764 de dezembro de 1971; Presidência da República. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp130.htm> Acessado em 15 de fev 2014. BRASIL, Lei 5.764 de dezembro de 1971; Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm> Acessado em 15 de jun 2014. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. DOMINGUES, J. N; DOMINGUES, J.A. S. MEINEN, E. Cooperativas de crédito no direito brasileiro. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MEINEM, E.; PORT, M. Cooperativismo financeiro. Brasília: Confebras, 2014. PEREIRA, Anísio Cândido. Contribuição e análise das demonstrações financeiras das sociedades cooperativas brasileiras. Caderno de Estudos nº10, São Paulo, FIPECAFI, 1994. SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de Crédito: instrumento de organização da sociedade. Porto Alegre: RI GEL, 2002. SCHNEIDER, José Odelso. O cooperativismo como gerador de renda e o seu impacto social. Portal do cooperativismo de crédito. Disponível em: < http://cooperativismodecredito.com.br/news/2010/11/o-cooperativismo-como- gerador-de-renda-e-o-seu-impacto-social/> Acessado em 16 de fev 2014. TAKAHASHI, M. Análise de Administração contábil das cooperativas agrícolas do estado do Paraná. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1982. (Dissertação de Mestrado).
  • 18. 19 ANEXO Inicio do projeto em 2008, já colhendo o fruto do esforço de todos, sendo homenageados em solenidade oficial. Figura 1: Início do Projeto Escolinha da PMAC em 2008. Figura 2: Seleção de crianças para a escolinha da PMAC.
  • 19. 20 Figura 3: Adolescentes da Escolinha PMAC em campeonato estadual Sub-15. Figura 4: Fachada da Creche Sagrado Coração de Jesus
  • 20. 21 Figura 5: Dia das Crianças na Creche Sagrado Coração de Jesus