O documento discute a importância da formação tecnológica de professores, desde a graduação até a formação continuada. Aponta que as licenciaturas não preparam adequadamente os professores para o uso de tecnologias educacionais e que as ações de formação continuada são insuficientes. Defende que as tecnologias devem ser incorporadas de forma cotidiana na formação inicial e continuada para qualificar os professores para o uso pedagógico dessas ferramentas.
2. O QUE É TECNOLOGIA?
Técnhè vem do Grego – estudos especializados
sobre os procedimentos próprios de qualquer
técnica, arte ou ofício.
É o know-how, savoir-faire ou conhecimento
processual. Ou seja, é o “saber fazer com”.
Tudo aquilo que, não existindo na natureza, o
ser humano inventa para expandir os seus
poderes, tornar o seu trabalho mais fácil e
fazer a sua vida mais agradável.
3. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TE)
Desde o Século XVI, partindo da pedra de giz,
passando pelo mimeógrafo chegando ao
retroprojetor, a tecnologia analógica dominou na
sala de aula até o meado do Século XX.
O computador faz chegar a
TECNOLOGIA DIGITAL na sala de
aula pelas mãos de Seymour
Papert (MIT/USA) na Década de
1960. Na seguinte chega ao
ensino superior brasileiro, a
pedido da Marinha de Guerra.
4. AS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS DE
ANALÓGICAS A DIGITAIS
•o quadro negro, verde e branco
•a pena e a caneta tinteiro
netas
•o lápis
•o livro •a lapiseira
•o caderno • a caneta esferográfica
•as cartas •a apostila
•o rádio •a calculadora •o computador, o software
•a televisão educativo e os ambientes
•o vídeo tape digitais interativos:
•o CD-ROM teleconferência, chats, fóruns,
eu
•o DVD-ROM correio eletrônico, blogues,
•A Vídeoconferência wiki, ambientes virtuais, etc.
5. Educação e suas
tecnologias: o marco legal
No inciso II do Art. 32 da LDB consta: “o aluno deverá ter a
compreensão […] da tecnologia […]”
Art. 36, inciso I da mesma lei: “destacará a educação tecnológica
básica […]”, e logo em seguida no parágrafo 1º, inciso I consta ainda
que: “Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o
educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos e
tecnológicos que presidem a produção moderna”.
A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,
em regime de colaboração, deverão promover a
formação inicial, a continuada e a capacitação dos
profissionais de magistério.
6. Educação e suas
tecnologias: o marco legal
Resolução CNE Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002, Art. 2 institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da
Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação
plena:
[...]
Art. 2º A organização curricular de cada instituição observará, além do
disposto nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
outras formas de orientação inerentes à formação para a atividade
docente, entre as quais o preparo para:
[...]
VI. o uso de tecnologias da informação e da comunicação
e de metodologias, estratégias e materiais de apoio
inovadores;
7. Educação com tecnologia:
o marco legal
Parecer CNE nº 9, 8/5/2001:
[...] é necessário, também, que os cursos de formação ofereçam condições para que
os futuros professores aprendam a usar tecnologias de informação e comunicação,
cujo domínio é importante para a docência e para as demais dimensões da vida
moderna”.
As escolas de formação devem garantir, com qualidade e em quantidade suficiente,
recursos pedagógicos, tais como: bibliotecas, laboratórios, videoteca, entre outros,
além de recursos de tecnologia da informação, para que formadores e futuros
professores realizem satisfatoriamente as tarefas de formação.
É fundamental, portanto, promover atividades constantes de aprendizagem
colaborativa e de interação, de comunicação entre os professores em formação e deles
com os formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas
sistemáticas para se efetivarem. Para isso, a escola de formação deverá criar
dispositivos de organização curricular e institucional que favoreçam sua realização,
empregando, inclusive, recursos de tecnologia da informação que possibilitem a
convivência interativa dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional.
8. E AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO?
Ensino tradicional -> CONTEÚDO e ao Professor cabia sua transmissão
Pedagogia do amor -> o • J. J. Rousseau, Froebel, Pestalozzi
aluno estuda o que quer,
são os precursores dessa corrente
quando quer
Escola Nova ->
• ativo de Ferrière
foco vai do • de trabalho de Kerschensteiner
conteúdo para o • dos Centros de Interesse de Décroly
MÉTODO e do • da liberdade de Neill
• de projetos de Dewey
professor para o • individualizado de Montessori
aluno
Modelo tecnológico de Tyler -> privilegiando os objetivos como elemento
didático mais importante
9.
10. E O PROFESSOR MUDOU?
De detentor e difusor do saber para:
•Maeuta autônomo (Sócrates, John Dewey, Pedro Demo);
•Mediador do conhecimento (Paulo Freire e Jean Piaget);
•Organizador do ambiente social (Lev Vygotsky);
•Provocador (Célestin Freinet);
•Facilitador (Carl Rogers);
•Transformador (Donald Schön);
• Incentivador (Jerome Bruner);
•Animador (Pierre Lévy);
•Estimulador (José Moran);
•Motivador; Pesquisador; Gestor do conhecimento; etc.
11. E A FORMAÇÃO DO
PROFESSOR MUDOU?
Qual licenciatura forma um professor maeuta autônomo,
mediador do conhecimento, organizador do ambiente social,
provocador , facilitador, transformador, incentivador, animador,
estimulador, motivador, pesquisador, gestor do conhecimento?
Em relação às tecnologias, qual licenciatura trata:
•da questão da prática educativa apoiada em meios digitais?
•do posicionamento e da qualificação tecnológica do professor?
12. O QUE NOSSAS PESQUISAS APONTAM NA
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA INICIAL E
CONTINUADA?
A legislação educacional para a formação de professores é descumprida
acintosamente nas licenciaturas quando se trata de tecnologia educacional.
Ainda estamos presos à Escola Nova de Anísio Teixeira quando se trata de
uso de estratégias de ensino.
É necessário repensar o currículo inicial de formação de professores com o
objetivo de elevar o nível de qualificação tecnológico dos licenciandos.
Se o formador de professor não usa a tecnologia em aula como exigir
que o egresso use?
13. O QUE NOSSAS PESQUISAS APONTAM NA
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA INICIAL E
CONTINUADA?
O baixo nível de qualificação tecnológica indica que são necessárias ações de
formação para o desenvolvimento das habilidades requeridas no uso das
tecnologias educacionais em sala de aula.
As ações de formação continuam sendo desarticuladas, pecando pela falta de
interdisciplinaridade, desconexas entre si, voltadas para o disponível nos
órgão de formação e não para as necessidades do formando.
A formação continuada do professor, em relação à qualificação tecnológica,
não resulta diretamente em melhoria da aprendizagem do aluno.
Os professores pesquisados não apresentam a capacidade de elaborar
por si próprio seu material com fundamento teoricamente e como
marca de emancipação e de autonomia.
14. Origem desses estudos:
GOMES, Luzane Francisca. A Formação Tecnológica do Professor: O caso das
Licenciaturas do CUR/UFMT. Monografia de graduação. Rondonópolis: UFMT,
2010.
QUEIROZ, Gesane Zanata. O Nível de Desempenho em Informática Educativa
dos Professores da Rede Pública de Ensino de Juscimeira-MT. Monografia de
graduação. Rondonópolis: UFMT, 2010
SANTOS, José Junio Moura dos. O PROINFO na rede escolar estadual: Um
diagnóstico em Rondonópolis-MT. Monografia de graduação. Rondonópolis:
UFMT, 2010.
SUDRÉ, Núria Catiuxe Santos. A formação tecnológica continuada do
professor: O caso da rede pública estadual de Rondonópolis-MT. Monografia
de graduação. Rondonópolis: UFMT, 2010
15. Discutindo alternativas para a entrada do computador
na escola, chegamos ao consenso de que a “porta de
entrada” dessa tecnologia será na formação do
professor. [...] Logo, é preciso que o professor saiba o
que fazer com o equipamento, antes de empregá-lo ou
colocar o aluno frente à máquina.
(FERREIRA, 1999a, pp. 114-115)
16. Claro que isso não acontece num passe de mágica. Primeiro a
tecnologia chega na formação universitária, depois na sala do
professor em atividade nas escolas, para em seguida, entrar na sala de
aula. Nessa ordem é possível vislumbrar o sucesso do emprego dessas
tecnologias.
[...] Obviamente que não basta comprar equipamentos e entulhar nas escolas, os EUA
assim procederam e fracassaram. Aqui mesmo, no Mato Grosso, há
aproximadamente dez anos atrás foram comprados computadores que nunca foram
utilizados nas escolas, numa atitude irresponsável dos dirigentes daquela época.
Em Primavera do Leste a Secretaria de Educação em parceria com a
UFMT vem desenvolvendo um projeto inédito no estado, onde a
máquina entra pela “sala do professor” e chegará até o aluno, numa
segunda etapa.
(FERREIRA, 1999b, p. 2)
17. A partir daquela data foi elaborado um plano de capacitação
docente para o uso da tecnologia computacional na Educação, com
a finalidade de atualizar os professores efetivos da rede escolar
municipal, no uso de microcomputadores, redes e softwares
educativos.
[...]
Isto significa que o professor deixa de ser o repassador de
conhecimento - o computador pode fazer isto e o faz muito mais
eficientemente do que o professor - para ser o criador de
ambientes de aprendizado e facilitador do processo pelo qual o
aluno adquire conhecimento. As novas tendências de uso do
computador na educação mostram que ele pode ser um importante
aliado neste processo que estamos começando a entender.
(FERREIRA, 2000, pp. 30, 45)
18. Não é a tecnologia que ensina essa é tarefa do professor [...] vejo o
aparato tecnológico como algo capaz de, no máximo, favorecer a
aprendizagem.
[...]
Os primeiros materiais didáticos criados pelos professores, em 2008,
com objetivo de formação própria, não possuem a intenção de serem
levados à sala de aula. Sobre tal material dá-se a formação tecno-
pedagógica dos agentes envolvidos, tratando-se da criação de uma
apresentação multimídia, utilizando os dados coletados nos livros
didáticos em uso na escola, bem como outros dados coletados na
internet e em uma visita de campo, programada para as turmas de 4ª
série, a um quilombo existente na região.
(FERREIRA, 2008, pp.51, 166).
19. Geisa Mendes (Faculdade de Educação) - Considerando os desafios impostos pelo século
XXI, principalmente com a disseminação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC),
como conceber e promover a formação do professor para a docência no ensino superior?
Ruy Ferreira - Criar uma disciplina específica na formação (inicial ou
continuada) do professor é reduzir demais o potencial das tecnologias
digitais emergentes em qualquer campo. O emprego maciço e cotidiano das
TIC nas atividades pedagógicas dos cursos de graduação, por parte do
formador em interação com o formando, oferece ao aprendiz a vivência do
emprego das TIC no dia a dia de sua formação e posteriormente em sua
própria prática pedagógica.
Jornal da PUC-Campinas. Ano V - Número 94, 12 a 25 de outubro de 2009
O problema está na falta de informação e de formação. Precisamos de
uma mudança de mentalidade. [...] Falta-nos pensar na Educação
como uma política de estado e não de governo. Ou pior, de ministro.
Jornal Conexão Professor. Informativo da SEDUC-RJ – Junho 2010.
(http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/index.asp)
20. Os professores são a porta de entrada da inovação na escola, sem seduzi-lo para o
novo, nada mudará na prática. [...]
Desconheço cidade paulista ou mato-grossense que use todo o potencial das
tecnologias da informação e comunicação na totalidade de suas escolas e com seus
professores. [...]
Melhor ainda quando formos capazes de afirmar que a formação continuada do
profissional de educação faz parte de seu dia-a-dia e que ele domina o conhecimento
tecnológico necessário para até se auto-instruir. [...]
Tantas experiências bem ou má sucedidas poderiam ser aqui relatadas, entretanto o
tempo conspirou contra mim. No segundo dia de trabalho neste artigo tive um infarto
agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e entre o dia 30 de Agosto e 17 de Setembro
estive internado na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis e na UTI do
Hospital Geral Universitário, de Cuiabá, onde entre angioplastias e cateterismos,
escrevi este texto. Foi uma benção, ter algo para realizar e por conta disso preocupar-
me com a Vida e a Educação.
Revista Vida & Educação. Ano III. Nº 27. Fortaleza/CE. Jan-Mar 2010
21. Sobre a tecnologia na escola e o professor:
• Como foram pensadas e por quem?
• Atendem a especificidade da educação brasileira, ou, mais
uma vez, trata-se de modelos copiados?
• A quem interessa essa imagem de resistência criada em
torno dos educadores?
• Quais são as possibilidades reais de se efetuar tais
mudanças?
• Que estrutura oferecem as políticas educacionais para que
essas mudanças aconteçam na prática?
3º CIEPG – 2011 (Ponta Grossa/PR)
Nossos estudos continuam.
Mas, não estou só!!!
22. OUTROS OLHARES PARA O
PROBLEMA
José Armando Valente (UNICAMP) vem batendo na tecla que o professor não
deve passar por treinamento em tecnologia, mas sim por cursos de formação
que mudem a postura do educador frente ao ensino com tecnologia.
Christina da Silva e Nyrma de Azevedo (UFRJ): É preciso haver mudança na
subjetividade dos professores, de forma a que possam utilizar com
naturalidade os diferentes recursos tecnológicos na sua prática pedagógica
cotidiana
Pedro Demo: Toda proposta que investe na introdução das TIC na escola só
pode dar certo passando pelas mãos dos professores. O que transforma
tecnologia em aprendizagem, não é a máquina, o programa eletrônico, o
software, mas o professor, em especial em sua condição socrática.
23. OUTROS OLHARES PARA O
PROBLEMA
Antonio Battro e Percival Denham: “Será
preciso uma nova geração de educadores, eles
mesmos educados nas modalidades digitais, para
que a transformação se complete”.
Pedro Demo: Ao final, a melhor tecnologia na
escola é o professor, insubstituível .
24. SINTETIZANDO
• As tecnologias estão ao nosso dispor, basta ter dinheiro.
• Cabe ao professor usá-las conforme suas necessidades
pedagógicas.
• Ainda não há um paradigma quanto ao método ou estratégia
em se tratando da didática com tecnologia.
• A lei diz que temos que usar na sala de aula. A lei diz que na
formação formando e o formador de professores devem
estar imersos em tecnologias no cotidiano. Vamos cumprir a
lei!
• O currículo da licenciatura não forma, deforma.
• A universidade precisa sair do armário e assumir a
responsabilidade pela formação do professor, seja ela inicial
ou continuada.
• Estados e municípios devem por dinheiro na formação
permanente do professor, via bolsa ou algo assim.