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Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação 
2013/2014 
E-government and social media: The role of social media in government! 
Universidade do Minho 
Rui Rocha - Nº 53865 
Tecnologias e Sistemas de Informação no Governo
2 
Índice 
Introdução ..................................................................................................................... 3 
A E-revolução ............................................................................................................... 3 
Os media sociais ........................................................................................................... 4 
E-government e os media sociais .................................................................................. 5 
Quem utiliza os media sociais ...................................................................................... 6 
A importância para os governos ................................................................................... 7 
A Confiança............................................................................................................... 8 
A transparência .......................................................................................................... 8 
Diminuição dos recursos disponíveis ........................................................................ 9 
Limitações e o que implica ......................................................................................... 10 
O Governo Português e os media sociais ....................................................................... 12 
Conclusão ....................................................................................................................... 13 
Referências ..................................................................................................................... 14
3 
Introdução Este relatório enquadra-se na unidade curricular de Tecnologias e Sistemas de Informação no Governo (TSIG) do 4º ano do Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação (MIEGSI) lecionado na Universidade do Minho. 
Irá ser discutida e analisada a questão, “E-government and social media: The role of social media in government!” 
Inicialmente vamos perceber o que são os media sociais, e de que forma estão a gerar uma revolução na forma como comunicamos e interagimos com os outros, os conceitos de e-government e Web 2.0 serão abordados, vamos perceber a importância destas ferramentas para os governos e quais as suas principais limitações e implicações. Vamos tentar responder à questão: quem utiliza os media sociais? E por fim será analisado o panorama no nosso país, o nosso governo utiliza os media socias? Como? E para que fim? 
A E-revolução 
O modelo tradicional de como as pessoas têm acesso às suas notícias mudou. Não só cada vez mais as pessoas obtêm as suas notícias nos media socias, como os media sociais são as noticias. Nunca foi tão fácil aceder a tanta coisa em tão pouco tempo, nunca as pessoas tiveram tanta facilidade em educarem-se e informarem-se. O recurso aos media socias permite espalhar a palavra a milhões de pessoas de forma quase instantânea, promove a partilha e a discussão, nunca a pessoa se sentiu tão parte da noticia como hoje. 
A Primavera Árabe é o espelho desta revolução, governos caíram, mentalidades foram mudadas, e os media sociais foram responsáveis pela rápida e massiva disseminação destes movimentos de mudança, de facto, pode se considerar que foram os grandes responsáveis por incitar estes movimentos. 
Muita da cobertura feita a estes acontecimentos focou-se nos media sociais e até os usou como fonte para uma perspetiva mais próxima do terreno daquilo que estava a acontecer, transformando de forma quase instantânea estórias de pessoas locais, normais, em noticias internacionais. 
Não existem limites para esta revolução, é transversal a todas as classes sociais, não reconhece géneros ou ideação politica, é aberta a todos e ignora limites geográficos, acontece todos os dias, todos os segundos, cresce à nossa volta, com o nosso contributo
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como meros consumidores ou como parte ativa no processo de criação e partilha de notícias e estórias. 
A Primavera Árabe e o movimento Occupy ensinaram uma importante lição ao mundo e aos governos em particular, com recurso aos media sociais, um cidadão normal tem um canal permanentemente aberto para falar, partilhar, ligar-se, e por último mobilizar as massas a agirem. 
Os media sociais 
Os medias sociais incluem redes sociais como o Facebooh, Google+ ou o Twitter, blogs, wikis, ou sites de partilha multimédia como o Youtbe e o Flickr. Insere-se no conceito de Web 2.0, que encara a internet como uma plataforma onde os utilizadores criam conteúdo, e estabelecem redes de contato (Magro, Ryan & Sharp, 2009). 
Media social é uma ferramenta de comunicação que opera dentro das redes sociais (Landsbergen, 2010), possibilita ao público a interação com comunidades diversificadas e de larga escala (Waters et al. 2009). Ao contrário dos governos que operam de forma centralizada e hierárquica, os media sociais permitem às pessoas, criarem redes mais restritas ou mais abrangentes onde podem partilhar informação e resolver problemas (McCarty 2008). 
Segundo Bertot, Jaeger e Grimes (2010), os media sociais assentam em quatro pilares principais: colaboração, participação, empoderamento e tempo. São colaborativos e participativos por natureza, permitem aos utilizadores ligarem-se e formarem comunidades com interesses em comum, fornecem uma plataforma onde podem expressar as suas opiniões e criar conteúdo de forma quase instantânea e quase sem despesas, conseguem ainda democratizar eficazmente os media e a informação. Por último os media socias têm como grande vantagem um modelo alternativo de difusão de notícias, fornece uma via de comunicação de sentido duplo e proporciona interatividade instantânea ao invés do modelo habitual de difusão de notícias, por uma via de sentido único, quer seja a televisão, os jornais ou páginas estáticas de internet. 
Não restam dúvidas que os media socias vão desempenhar um papel cada vez mais importante na interação online e na organização, criação e disseminação de conhecimento. Os sites já referidos, Facebook e Twitter tiveram um aumento de participação e uso de 200 e 368% respetivamente só em 2009. Atualmente, segundo o Statistic Brain e Internet World Stats, o Facebook tem 1.230.000.000 de utilizadores e
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continua a crescer diariamente. Para percebermos a dimensão deste número, se o Facebook fosse um país seria o terceiro mais populoso do mundo. 
Os media sociais são mais do que posts, e tweets, são uma ferramenta poderosa capaz de influenciar milhões em apenas alguns instantes, apesar da sua força os governos têm atuado com lentidão na sua adoção, negligenciando os benefícios do uso destas ferramentas. 
A questão que se coloca não é se os governos devem adotar os media sociais, mas sim como o devem fazer. 
E-government e os media sociais 
A utilização da internet, por parte dos governos, para comunicar com os cidadãos não é uma novidade, esta prática é habitualmente conhecida por e-government e inclui todas as comunicações e atividades online de um governo (Dixon, 2010). 
E-government é o uso de tecnologias de informação e de comunicação (TICs) no governo, como forma de melhorar a eficácia, prestar serviços públicos eficientes e promover valores democráticos (Gil-Garcıa et al. 2003). No entanto a adoção deste tipo de serviços tem sido mais lenta do que o perspetivado, os cidadãos que utilizaram serviços de e-government estão a voltar ao método tradicional, uma vez que ao usarem este tipo de serviços, os cidadãos têm de acreditar que eles são fidedignos (Belanger & Carter, 2008), o que nos conduz a uma questão importante, abordada no seguimento deste trabalho, a confiança nos serviços de e-government e nos media sociais em particular. 
As práticas de e-government enquadram-se bem nesta era das tecnologias, da Web 2.0, da interação online e têm o condão de ver o cidadão como um parceiro na governação (Anttiroiko, 2004). 
Os media sociais permitem aos governos interagir diretamente com os cidadãos, o que fornece uma fonte inestimável de feedback, tornando-os aliados preciosos na governação. Este facto promove um conceito cada vez mais emergente, a e-democracia, que pode ser descrita como um recurso que converte o envolvimento dos cidadãos em processos democráticos (Stayaert, 2000). 
A teoria da democracia diz-nos que os atos eleitorais são importantes para angariar responsabilidade e legitimidade para um governo. As novas tecnologias reduzem os custos e o tempo necessário para transmitir e receber informação dos eleitores, permitem a estes terem a capacidade de avaliar os registos do governos e os seus membros, fornece
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ainda os meios para que os eleitores possam interagir diretamente com os oficiais dos governos. Segundo a pesquisa do Freedom in the World, existem em 2014, 195 países com um sistema democrático como base, os media sociais constituem um recurso chave para o bom funcionamento da democracia, uma democracia funciona melhor quando as pessoas estão diretamente envolvidas no debate político e nas decisões, o que já afirmamos ser promovido pelos media sociais. As novas tecnologias, e os media sociais em particular, podem ser igualmente importantes na recuperação de cidadãos que se desligaram de uma participação ativa no seu governo e no debate social. “E-democracy can overcome space and time constraints on public involvement, as well as those associated with status differentials, such as age, gender, ethnicity, and wealth” (Scott, 2006, p. 344). 
Um estudo efetuado por Bonson, Torres, Royo e Folres (2012) sobre governos locais na Europa, conclui que muitos destes governos perceberam as oportunidades oferecidas pelo uso dos media sociais, e que disponibilizando as suas noticias por estes veículos conseguiam aumentar largamente o alcance de público a um custo muito reduzido, estes governos utilizam também estes meios para aumentar a transparência da sua governação, na tentativa de aumentar a confiança por parte dos seus eleitores. Do ponto de vista do cidadão, este estudo mostrou ainda, que estes se sentem mais envolvidos com o governo e com a tomada de decisão, que se sentem mais próximos dos seus representantes e que possuem uma plataforma onde podem expressar as suas opiniões e serem ouvidos. 
Quem utiliza os media sociais 
Pesquisas mostram uma relação entre a idade dos utilizadores, a sua capacidade de adaptação e adoção de novas tecnologias. 
Os utilizadores predominantes dos media sociais são jovens adultos, e três quartos são adultos com menos de 25 anos, com perfis em redes sociais. A popularidade destes sites atrai cada vez mais utilizadores de faixas etárias mais velhas, em 2005 apenas 8% dos utilizadores adultos tinham um perfil em redes sociais, em 2009 este número aumentou para 35% (Lenhart, 2009). 
A idade é o preditor mais forte para a criação de perfis de utilizadores dos media sociais, adultos entre os 18 e os 34 anos aparecem como os seus maiores utilizadores (Chou et al. 2009). Estes dados são importantes para os governos definirem a sua estratégia de comunicação, criando perfis de público-alvo, e personalizando os conteúdos
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divulgados para estes perfis, assegurando assim que a mensagem chega ao público-alvo pretendido. 
Contudo, embora a idade seja um fator determinante na escolha do público-alvo, não deve ser exclusivo, como já referido, faixas etárias mais velhas aderem cada vez mais aos media socias, e às redes sociais em particular, sendo assim, os governos devem fazer um esforço, para que os seus conteúdos sejam o mais abrangente possíveis de modo a cobrir o máximo de população possível. 
A importância para os governos 
O objetivo do uso dos media sociais não se cinge unicamente à disseminação de informação. As organizações governamentais podem utilizá-los para diversos propósitos: procurar feedback dos cidadãos, re-pronunciamento de políticas públicas, contrução de relações públicas, aumento de confiança nos governos assim como transparência, prevenção de corrupção e aumento da participação dos cidadãos. 
A explosão de conteúdos gerados por utilizadores da internet, fala bem da capacidade e potencial que estes meios empregam no enriquecimento das comunicações e da criação de colaborações. A utilização dos media sociais pelos governos oferece várias potenciais oportunidades: os governos e os cidadãos podem juntar-se de modo a criar novos serviços governamentais para aumentar a qualidade dos serviços atuais; utilização do conceito de crowdsourcing na procura de conhecimento dos cidadãos para o desenvolvimento de soluções inovadoras de larga escala; encorajar uma melhor interação entre os cidadãos e as forças policiais. 
Os media sociais devem ser tidos em consideração não apenas pela administração central mas por todos os ramos do governo. Em 2010 um artigo do jornal Cleveland Plain- Dealer referia: “When a tanker truck exploded July 15, closing a section of Interstate 75 near Detroit, hundreds of motorists were notified of the crash and detours via tweets from the Michigan Department of Transportation…” este é um exemplo de como os media socias podem ser utilizados por outros ramos do governo e ajuda em situações de emergência, nos Estados Unidas mais de uma dezena de estados providenciam informações de trânsito no Twitter, Facebook e Youtube. (Landsbergen 2010). 
Há três oportunidades principais, geradas pelos media sociais, que podem ser exploradas pelos governos, para seu benefício, estas podem mudar a perceção que o cidadão tem do seu governo, promover o debate democrático e ajudar na criação de parcerias estratégicas. São elas a confiança, a transparência e a diminuição de recursos.
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A Confiança 
A confiança é essencial para explicar o que constitui uma boa administração pública. Na administração pública confiança significa manter o equilíbrio entre ter governantes recetivos aos cidadãos e também ter cidadãos que confiem na experiência e capacidade dos governantes para que estes mesmos cidadãos não precisem de ser envolvidos em todas as decisões governamentais. É objetivo de todos os governos aumentarem os níveis de confiança, para o cidadão é mais fácil confiar nas pessoas que constituem o governo do que no conceito abstrato de governo (Giddens, 1990). Os media sociais oferecem, como nenhum outro recurso, acesso às pessoas, permitem o contato direto com os seus representantes. Quanto menos os governos forem vistos como algo abstrato e sem face, e mais como indivíduos, com um nome e uma reputação, maior será a sensação de confiança transmitida e mais fácil será para o cidadão ver os governos como uma coisa, ou alguém, cometido a trabalhar para o seu bem-estar (Landsbergen, 2010). 
O tema da confiança leva-nos inevitavelmente a explorar a transparência, que melhor forma existe de conquistar a confiança das pessoas do que mostrando aquilo que estamos a fazer, sermos honestos e transparentes nas nossas atividades. 
A transparência 
Nesta era de descredibilização dos governos, da falta de credibilidade destes perante os seus cidadãos, em que aumenta o escrutínio dos governos, a transparência é essencial para relações governamentais eficazes (Bertot & Jaeger, 2010). 
Transparência define-se como a disponibilidade de informação sobre assuntos de interesse público, como a capacidade dos cidadãos de participarem nas tomadas de decisão políticas e como a prestação de contas do governo à opinião pública (Cotterrell, 1999). Segundo Piotrowski (2007), a transparência governamental permite aos cidadãos formarem uma opinião mais exata dos governos e do que estes fazem, o que os torna mais capazes de avaliarem a performance de quem os governa e de os poderem responsabilizar pelas suas decisões. 
A transparência nos governos deve ser entendida de forma diferente das restantes organizações, um governo quer-se o mais transparente possível, pelo que o modelo de comunicação e relações públicas de um governo deve ser substancialmente diferente daquele aplicado às restantes organizações (Grunig and Jaatinen, 1999).
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Fairbanks, Plowman, and Rawlins (2007), desenvolveram um modelo de como os governos devem encarar a transparência. Este modelo assenta em três elementos chave: práticas de comunicação, suporte organizacional e provisão de recursos. Heise (1985) afirmou que o mais importante num modelo de comunicação governamental é a capacidade de fornecer informações fidedignas, atempadamente sem qualquer tipo de manipulação. A internet e os media sociais em particular cobrem, como já referimos anteriormente, estes aspetos. São um recurso único na disseminação destas informações e possibilitam a criação de plataformas onde estas informações podem ser requisitadas pelos próprios cidadãos. O contributo da internet para o aumento da transparência nos governos provém da facilidade com que se pode disponibilizar uma enorme quantidade de informação, a um custo reduzido, esta informação pode ser consultada a qualquer momento, em qualquer lugar. Como já vimos anteriormente, os media sociais fornecem uma via de comunicação de duplo sentido entre os governos e os cidadãos, esta possibilidade pode ser usada também para aumentar a transparência dos processos do governo, na medida em que estes podem responder diretamente a questões dos cidadãos e manter diálogos em tempo real sobre o que está a acontecer, por exemplo, numa reunião importante. 
Em Outubro de 2012, Jokowi-Ahok o Governador de Jakarta – Indonésia, começou a disponibilizar no YouTube vídeos das reuniões do governo, o canal do YouTube PemprovDKI, conta com mais 19 mil subscrições e tem mais de 5 milhões de visualizações, estas reuniões são gravadas e publicadas quase sem qualquer tipo de edição. 
Em Portugal, está atualmente a ser criado o portal da transparência municipal (www.portalmunicipal.pt) onde será possível consultar indicadores estatísticos sobre gestão financeira, administrativa, política fiscal e serviços municipais. 
Diminuição dos recursos disponíveis 
Na atualidade, neste perpetuo contexto de crise económica em que nos encontramos, os recursos disponíveis para os governos são cada vez menores, esta realidade é particularmente preocupante ao nível dos governos locais. É evidente que cada vez mais os governos não conseguem fazer tudo sozinhos e encontrar os parceiros certos para atingir as metas públicas é crucial. Cabe aos governos encontrarem formas criativas e inovadoras de assegurarem o acesso a recursos fora da sua alçada (Landsbergen, 2010).
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A participação e o uso eficaz em redes de indivíduos, organizações e instituições, prometem ser uma boa forma de assegurar estes recursos. A capacidade de nutrir estas relações de forma eficaz e de as encontrar é uma capacidade cada vez mais necessária nos governos, os media sociais fornecem uma vantagem em encontrar estas relações, inúmeras organizações têm presença nas redes socias, e estas podem ser um meio importante de chegar até elas. Muitas vezes estas parcerias vêm não só destas organizações privadas mas como de cidadãos comuns, e como referido anteriormente, os media sociais são cruciais no estreitamento e criação destas ligações. 
Limitações e o que implica 
Vários governos de todo o mundo já estão a tirar partido daquilo que os media sociais lhes podem oferecer. Esta é uma área volátil, em constante mudança que requer adaptação, e estratégias de atuação bem definidas, simplesmente instalar ferramentas e tecnologia, não é suficiente, um post no Facebook uma vez por ano a desejar boas festas não é suficiente, não é uma boa utilização de uma ferramenta tão poderosa. 
As várias iniciativas já referidas têm algo em comum, todas prometem um maior envolvimento dos cidadãos, um aumento na transparência dos governos e a sua responsabilização. Atualmente faltam estudos empíricos capazes de provar estas teorias e dar respostas a algumas questões: são estas iniciativas tão eficazes como prometem ser? Até que ponto o seu impacto pode ser sentido nos governos? De facto foi possível comprovar o aumento da transparência dos governos? E a sua responsabilização? Estão os governos realmente a promover espaços de discussão democráticos? Estão estas iniciativas a criar valor para o cidadão? Ou são meros espaços de autopromoção e marketing para os governos? 
Dar novos usos às informações dos governos levanta sempre questões de segurança. A prometida rápida e massiva disseminação de informação também significa que muita gente, dentro do governo, vai ser responsável por esta divulgação. O número de pessoas que pode divulgar informação precisa de ser controlado, e as informações a serem divulgadas precisam de ser expressamente estabelecidas. Não podemos negligenciar o facto de estarmos a lidar com tecnologias pelo que a segurança que estas oferecem pode também ser posta em causa, é necessário estabelecer uma relação de confiança entre os governos e o cidadão, estes têm de ser capazes de confiar na veracidade
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daquilo que os governos lhes dá e na segurança e privacidade que as iniciativas de e- government oferecem. 
A liberdade de expressão num ambiente tão anónimo como a internet potencia exageros, em tempos socialmente conturbados como os que vivemos, este meio é utilizado para dar voz às nossas indignações, por exemplo as páginas de Facebook dos nossos governantes são diariamente bombardeadas com pedidos de explicações e até insultos, a liberdade de expressão garante-nos o direito de nos expressarmos da forma que bem entendermos também é verdade que uma certa conduta é necessária para o bom funcionamento destas iniciativas. Estas páginas são naturalmente geridas por mais de uma pessoa com autorização para divulgar e comentar conteúdo, estas pessoas têm de ser cuidadosas e não podem simplesmente responder na mesma moeda, ou responder mal, só porque alguém expressou uma opinião diferente da sua. E não estão estas pessoas tentadas a ocultar estas vozes de discórdia? Até que ponto estas plataformas que deviam fomentar uma participação democrática são condicionadas pelas pessoas que as gerem? 
Quantidade e qualidade. Estes meios permitem uma fácil divulgação de conteúdo, muitas informações podem ser partilhadas com o cidadão, mas são estas as informações a que o cidadão realmente quer ter acesso? Onde se encontra o equilíbrio entre aquilo que o governo quer divulgar e aquilo que o cidadão quer ver divulgado? É um estado 100% transparente concebível? Ou existem coisas que pela sua natureza devem ser do conhecimento público? 
Questões legais vão sempre surgir quando falamos de informações públicas, o que deve e o que não deve ser divulgado, quem deve fazer esta divulgação, estas questões são importantes mas não impeditivas, devem ser tidas em contas na delineação inicial da estratégia a utilizar pelos governos. 
Qualquer iniciativa tecnológica governamental tem de ultrapassar um simples teste, gera valor para os cidadãos? Melhora os serviços a que estes têm acesso? O cidadão precisa de reconhecer nestas iniciativas uma mais-valia, precisa de as perceber como algo que lhes dará uma vantagem, seja no adquirimento de conhecimento ou no simples facto os aproximar dos seus governantes. 
Todas as decisões no setor público acarretam um certo risco, aqui não é diferente, um governo corre um risco ao escolher utilizar os media socias, assim como corre um risco ao escolher não o fazer. Esta não é uma decisão binária e a solução ideal passaria por encontrar o delicado equilíbrio entre o nível de utilização a dar a estes meios. Simplificando uma resposta complexa, dado os benefícios e olhando às contrapartidas,
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nenhum governo na atualidade se pode dar ao luxo de menosprezar o poder da Internet e dos media socias em particular. 
O Governo Português e os media sociais 
“O Governo de Portugal acredita que é sua obrigação, não só informar, mas garantir ao maior número possível de pessoas a possibilidade de utilizar essa informação na plataforma de debate democrático que é hoje a internet. Cerca de um terço da população portuguesa está hoje ligada via FACEBOOK, o que o torna a mais participada das redes sociais no nosso país”(Governo de Portugal, 2014). O Governo de Portugal tem presença nas duas maiores e mais utilizadas redes sociais do mundo, Facebook e Twitter, a página oficial no Facebook da presidência da República encontra-se em www.facebook.com/presidenciadarepublicaportuguesa, esta página conta este momento com 34 mil Likes, e é utilizada maioritariamente para fornecer informação sobre as atividades do Presidente da República. A presidência da república tem também presença na rede social Twitter, (twitter.com/presidencia), esta conta tem 68.9 mil seguidores e partilhou 2,575 tweets, desde a sua criação em Novembro de 2008, a sua utilização é muito semelhante à da página oficial do Facebook, disponibiliza informações sobre as atividades do Presidente da República, por norma é utilizada como uma via de comunicação de sentido único, disponibilizam informação mas não participam no debate que algumas destas informações geram. Está também presente no Youtube desde 2011, com um canal com 579 subscrições (www.youtube.com/user/PresidenciaRepublica), na mesma senda da partilha de vídeos, é utilizado o portal Sapo Videos (http://v2.videos.sapo.pt/presidencia). A rede social flickr é utilizada para partilhar fotografias das atividades do Presidente da República (https://www.flickr.com/photos/presidencia). Tem ainda presença na plataforma Second Life, “A ilha da Presidência da República no mundo virtual Second Life apresenta uma nova área dedicada ao espírito empreendedor e inovador da Escola de Sagres e à sua importância na história dos descobrimentos Portugueses” (Presidência da República, 2010). Por último existe uma iniciativa chamada the start tracker, da sua responsabilidade, “The Star Tracker is an invitation-only niche social network that aims to connect and empower Global Portuguese Talent around the world. With over 33,000 members in over 250 cities of the world, in 136 countries The Star Tracker is embracing the Portuguese diaspora and believes that social cohesion and
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cultural promotion are determinant to perpetuate a sense of belonging to the Portuguese global tribe”(The Star Tracker). Em Janeiro de 2012, foi criada a iniciativa O Meu Movimento, “O Meu Movimento é uma forma de dar uma oportunidade a todos de participar no debate sobre o futuro do nosso país, defendendo as causas em que acreditam. O movimento mais votado terá direito a uma audiência com o Primeiro-Ministro de Portugal” (https://www.facebook.com/omeumovimento/info). O Governo utiliza também o seu portal, o Portal do Governo para disponibilizar informações sobre os últimos acontecimentos políticos do país (http://www.portugal.gov.pt/pt/mantenha-se-atualizado.aspx?p=2) e tem presença na rede social Twitter, em: twitter.com/govpt, aderiu em 2009 e possui mais de 20 mil seguidores, aqui são também partilhadas informações sobre os acontecimentos políticos nacionais. As duas maiores figuras do nosso Governo têm também presença nas redes socias Facebook e Twitter. (https://www.facebook.com/CavacoSilva?fref=ts; https://twitter.com/prcavacosilva; https://twitter.com/passoscoelho). O Governo Português tem uma presença forte nas redes socias, e faz uma boa utilização das mesmas, no entanto deveria ser mais participativo e incentivar mais o debate, sendo parte dele. 
Conclusão O crescimento das tecnologias de informação e comunicação têm um impacto significativo na nossa forma de viver, na nossa forma de interagir e comunicar com as outras pessoas. Este impacto está a modificar a forma como trabalhamos, e o mesmo está a acontecer com os governos. A oferta de medias sociais é muito vasta e diversificada, pelo que a escolha de onde e como estar presente requer uma estratégia bem elaborada e cuidada por parte dos governos. Ao longo deste trabalho identificamos os benefícios e as limitações do uso destas plataformas, face à sua emergente utilização, nenhum governo pode deixar de estar presente e de tirar vantagens da sua utilização, mas sempre com um espírito de benefício e criação de valor para o cidadão.
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Numa perspetiva diferente, podemos considerar que ferramentas de media social são um novo tipo de dashboards, que podem ajudar os governos na hora da tomada de decisão, estes podem perceber de que forma os cidadãos interagem com a informação divulgada, ao analisarem estes comportamentos podem dirigir a sua informação para grupos de cidadãos mais específicos e assim abordar as suas necessidades específicas. 
Referências 
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E-government e media sociais: Como os governos podem usar as redes para se aproximar dos cidadãos

  • 1. Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação 2013/2014 E-government and social media: The role of social media in government! Universidade do Minho Rui Rocha - Nº 53865 Tecnologias e Sistemas de Informação no Governo
  • 2. 2 Índice Introdução ..................................................................................................................... 3 A E-revolução ............................................................................................................... 3 Os media sociais ........................................................................................................... 4 E-government e os media sociais .................................................................................. 5 Quem utiliza os media sociais ...................................................................................... 6 A importância para os governos ................................................................................... 7 A Confiança............................................................................................................... 8 A transparência .......................................................................................................... 8 Diminuição dos recursos disponíveis ........................................................................ 9 Limitações e o que implica ......................................................................................... 10 O Governo Português e os media sociais ....................................................................... 12 Conclusão ....................................................................................................................... 13 Referências ..................................................................................................................... 14
  • 3. 3 Introdução Este relatório enquadra-se na unidade curricular de Tecnologias e Sistemas de Informação no Governo (TSIG) do 4º ano do Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação (MIEGSI) lecionado na Universidade do Minho. Irá ser discutida e analisada a questão, “E-government and social media: The role of social media in government!” Inicialmente vamos perceber o que são os media sociais, e de que forma estão a gerar uma revolução na forma como comunicamos e interagimos com os outros, os conceitos de e-government e Web 2.0 serão abordados, vamos perceber a importância destas ferramentas para os governos e quais as suas principais limitações e implicações. Vamos tentar responder à questão: quem utiliza os media sociais? E por fim será analisado o panorama no nosso país, o nosso governo utiliza os media socias? Como? E para que fim? A E-revolução O modelo tradicional de como as pessoas têm acesso às suas notícias mudou. Não só cada vez mais as pessoas obtêm as suas notícias nos media socias, como os media sociais são as noticias. Nunca foi tão fácil aceder a tanta coisa em tão pouco tempo, nunca as pessoas tiveram tanta facilidade em educarem-se e informarem-se. O recurso aos media socias permite espalhar a palavra a milhões de pessoas de forma quase instantânea, promove a partilha e a discussão, nunca a pessoa se sentiu tão parte da noticia como hoje. A Primavera Árabe é o espelho desta revolução, governos caíram, mentalidades foram mudadas, e os media sociais foram responsáveis pela rápida e massiva disseminação destes movimentos de mudança, de facto, pode se considerar que foram os grandes responsáveis por incitar estes movimentos. Muita da cobertura feita a estes acontecimentos focou-se nos media sociais e até os usou como fonte para uma perspetiva mais próxima do terreno daquilo que estava a acontecer, transformando de forma quase instantânea estórias de pessoas locais, normais, em noticias internacionais. Não existem limites para esta revolução, é transversal a todas as classes sociais, não reconhece géneros ou ideação politica, é aberta a todos e ignora limites geográficos, acontece todos os dias, todos os segundos, cresce à nossa volta, com o nosso contributo
  • 4. 4 como meros consumidores ou como parte ativa no processo de criação e partilha de notícias e estórias. A Primavera Árabe e o movimento Occupy ensinaram uma importante lição ao mundo e aos governos em particular, com recurso aos media sociais, um cidadão normal tem um canal permanentemente aberto para falar, partilhar, ligar-se, e por último mobilizar as massas a agirem. Os media sociais Os medias sociais incluem redes sociais como o Facebooh, Google+ ou o Twitter, blogs, wikis, ou sites de partilha multimédia como o Youtbe e o Flickr. Insere-se no conceito de Web 2.0, que encara a internet como uma plataforma onde os utilizadores criam conteúdo, e estabelecem redes de contato (Magro, Ryan & Sharp, 2009). Media social é uma ferramenta de comunicação que opera dentro das redes sociais (Landsbergen, 2010), possibilita ao público a interação com comunidades diversificadas e de larga escala (Waters et al. 2009). Ao contrário dos governos que operam de forma centralizada e hierárquica, os media sociais permitem às pessoas, criarem redes mais restritas ou mais abrangentes onde podem partilhar informação e resolver problemas (McCarty 2008). Segundo Bertot, Jaeger e Grimes (2010), os media sociais assentam em quatro pilares principais: colaboração, participação, empoderamento e tempo. São colaborativos e participativos por natureza, permitem aos utilizadores ligarem-se e formarem comunidades com interesses em comum, fornecem uma plataforma onde podem expressar as suas opiniões e criar conteúdo de forma quase instantânea e quase sem despesas, conseguem ainda democratizar eficazmente os media e a informação. Por último os media socias têm como grande vantagem um modelo alternativo de difusão de notícias, fornece uma via de comunicação de sentido duplo e proporciona interatividade instantânea ao invés do modelo habitual de difusão de notícias, por uma via de sentido único, quer seja a televisão, os jornais ou páginas estáticas de internet. Não restam dúvidas que os media socias vão desempenhar um papel cada vez mais importante na interação online e na organização, criação e disseminação de conhecimento. Os sites já referidos, Facebook e Twitter tiveram um aumento de participação e uso de 200 e 368% respetivamente só em 2009. Atualmente, segundo o Statistic Brain e Internet World Stats, o Facebook tem 1.230.000.000 de utilizadores e
  • 5. 5 continua a crescer diariamente. Para percebermos a dimensão deste número, se o Facebook fosse um país seria o terceiro mais populoso do mundo. Os media sociais são mais do que posts, e tweets, são uma ferramenta poderosa capaz de influenciar milhões em apenas alguns instantes, apesar da sua força os governos têm atuado com lentidão na sua adoção, negligenciando os benefícios do uso destas ferramentas. A questão que se coloca não é se os governos devem adotar os media sociais, mas sim como o devem fazer. E-government e os media sociais A utilização da internet, por parte dos governos, para comunicar com os cidadãos não é uma novidade, esta prática é habitualmente conhecida por e-government e inclui todas as comunicações e atividades online de um governo (Dixon, 2010). E-government é o uso de tecnologias de informação e de comunicação (TICs) no governo, como forma de melhorar a eficácia, prestar serviços públicos eficientes e promover valores democráticos (Gil-Garcıa et al. 2003). No entanto a adoção deste tipo de serviços tem sido mais lenta do que o perspetivado, os cidadãos que utilizaram serviços de e-government estão a voltar ao método tradicional, uma vez que ao usarem este tipo de serviços, os cidadãos têm de acreditar que eles são fidedignos (Belanger & Carter, 2008), o que nos conduz a uma questão importante, abordada no seguimento deste trabalho, a confiança nos serviços de e-government e nos media sociais em particular. As práticas de e-government enquadram-se bem nesta era das tecnologias, da Web 2.0, da interação online e têm o condão de ver o cidadão como um parceiro na governação (Anttiroiko, 2004). Os media sociais permitem aos governos interagir diretamente com os cidadãos, o que fornece uma fonte inestimável de feedback, tornando-os aliados preciosos na governação. Este facto promove um conceito cada vez mais emergente, a e-democracia, que pode ser descrita como um recurso que converte o envolvimento dos cidadãos em processos democráticos (Stayaert, 2000). A teoria da democracia diz-nos que os atos eleitorais são importantes para angariar responsabilidade e legitimidade para um governo. As novas tecnologias reduzem os custos e o tempo necessário para transmitir e receber informação dos eleitores, permitem a estes terem a capacidade de avaliar os registos do governos e os seus membros, fornece
  • 6. 6 ainda os meios para que os eleitores possam interagir diretamente com os oficiais dos governos. Segundo a pesquisa do Freedom in the World, existem em 2014, 195 países com um sistema democrático como base, os media sociais constituem um recurso chave para o bom funcionamento da democracia, uma democracia funciona melhor quando as pessoas estão diretamente envolvidas no debate político e nas decisões, o que já afirmamos ser promovido pelos media sociais. As novas tecnologias, e os media sociais em particular, podem ser igualmente importantes na recuperação de cidadãos que se desligaram de uma participação ativa no seu governo e no debate social. “E-democracy can overcome space and time constraints on public involvement, as well as those associated with status differentials, such as age, gender, ethnicity, and wealth” (Scott, 2006, p. 344). Um estudo efetuado por Bonson, Torres, Royo e Folres (2012) sobre governos locais na Europa, conclui que muitos destes governos perceberam as oportunidades oferecidas pelo uso dos media sociais, e que disponibilizando as suas noticias por estes veículos conseguiam aumentar largamente o alcance de público a um custo muito reduzido, estes governos utilizam também estes meios para aumentar a transparência da sua governação, na tentativa de aumentar a confiança por parte dos seus eleitores. Do ponto de vista do cidadão, este estudo mostrou ainda, que estes se sentem mais envolvidos com o governo e com a tomada de decisão, que se sentem mais próximos dos seus representantes e que possuem uma plataforma onde podem expressar as suas opiniões e serem ouvidos. Quem utiliza os media sociais Pesquisas mostram uma relação entre a idade dos utilizadores, a sua capacidade de adaptação e adoção de novas tecnologias. Os utilizadores predominantes dos media sociais são jovens adultos, e três quartos são adultos com menos de 25 anos, com perfis em redes sociais. A popularidade destes sites atrai cada vez mais utilizadores de faixas etárias mais velhas, em 2005 apenas 8% dos utilizadores adultos tinham um perfil em redes sociais, em 2009 este número aumentou para 35% (Lenhart, 2009). A idade é o preditor mais forte para a criação de perfis de utilizadores dos media sociais, adultos entre os 18 e os 34 anos aparecem como os seus maiores utilizadores (Chou et al. 2009). Estes dados são importantes para os governos definirem a sua estratégia de comunicação, criando perfis de público-alvo, e personalizando os conteúdos
  • 7. 7 divulgados para estes perfis, assegurando assim que a mensagem chega ao público-alvo pretendido. Contudo, embora a idade seja um fator determinante na escolha do público-alvo, não deve ser exclusivo, como já referido, faixas etárias mais velhas aderem cada vez mais aos media socias, e às redes sociais em particular, sendo assim, os governos devem fazer um esforço, para que os seus conteúdos sejam o mais abrangente possíveis de modo a cobrir o máximo de população possível. A importância para os governos O objetivo do uso dos media sociais não se cinge unicamente à disseminação de informação. As organizações governamentais podem utilizá-los para diversos propósitos: procurar feedback dos cidadãos, re-pronunciamento de políticas públicas, contrução de relações públicas, aumento de confiança nos governos assim como transparência, prevenção de corrupção e aumento da participação dos cidadãos. A explosão de conteúdos gerados por utilizadores da internet, fala bem da capacidade e potencial que estes meios empregam no enriquecimento das comunicações e da criação de colaborações. A utilização dos media sociais pelos governos oferece várias potenciais oportunidades: os governos e os cidadãos podem juntar-se de modo a criar novos serviços governamentais para aumentar a qualidade dos serviços atuais; utilização do conceito de crowdsourcing na procura de conhecimento dos cidadãos para o desenvolvimento de soluções inovadoras de larga escala; encorajar uma melhor interação entre os cidadãos e as forças policiais. Os media sociais devem ser tidos em consideração não apenas pela administração central mas por todos os ramos do governo. Em 2010 um artigo do jornal Cleveland Plain- Dealer referia: “When a tanker truck exploded July 15, closing a section of Interstate 75 near Detroit, hundreds of motorists were notified of the crash and detours via tweets from the Michigan Department of Transportation…” este é um exemplo de como os media socias podem ser utilizados por outros ramos do governo e ajuda em situações de emergência, nos Estados Unidas mais de uma dezena de estados providenciam informações de trânsito no Twitter, Facebook e Youtube. (Landsbergen 2010). Há três oportunidades principais, geradas pelos media sociais, que podem ser exploradas pelos governos, para seu benefício, estas podem mudar a perceção que o cidadão tem do seu governo, promover o debate democrático e ajudar na criação de parcerias estratégicas. São elas a confiança, a transparência e a diminuição de recursos.
  • 8. 8 A Confiança A confiança é essencial para explicar o que constitui uma boa administração pública. Na administração pública confiança significa manter o equilíbrio entre ter governantes recetivos aos cidadãos e também ter cidadãos que confiem na experiência e capacidade dos governantes para que estes mesmos cidadãos não precisem de ser envolvidos em todas as decisões governamentais. É objetivo de todos os governos aumentarem os níveis de confiança, para o cidadão é mais fácil confiar nas pessoas que constituem o governo do que no conceito abstrato de governo (Giddens, 1990). Os media sociais oferecem, como nenhum outro recurso, acesso às pessoas, permitem o contato direto com os seus representantes. Quanto menos os governos forem vistos como algo abstrato e sem face, e mais como indivíduos, com um nome e uma reputação, maior será a sensação de confiança transmitida e mais fácil será para o cidadão ver os governos como uma coisa, ou alguém, cometido a trabalhar para o seu bem-estar (Landsbergen, 2010). O tema da confiança leva-nos inevitavelmente a explorar a transparência, que melhor forma existe de conquistar a confiança das pessoas do que mostrando aquilo que estamos a fazer, sermos honestos e transparentes nas nossas atividades. A transparência Nesta era de descredibilização dos governos, da falta de credibilidade destes perante os seus cidadãos, em que aumenta o escrutínio dos governos, a transparência é essencial para relações governamentais eficazes (Bertot & Jaeger, 2010). Transparência define-se como a disponibilidade de informação sobre assuntos de interesse público, como a capacidade dos cidadãos de participarem nas tomadas de decisão políticas e como a prestação de contas do governo à opinião pública (Cotterrell, 1999). Segundo Piotrowski (2007), a transparência governamental permite aos cidadãos formarem uma opinião mais exata dos governos e do que estes fazem, o que os torna mais capazes de avaliarem a performance de quem os governa e de os poderem responsabilizar pelas suas decisões. A transparência nos governos deve ser entendida de forma diferente das restantes organizações, um governo quer-se o mais transparente possível, pelo que o modelo de comunicação e relações públicas de um governo deve ser substancialmente diferente daquele aplicado às restantes organizações (Grunig and Jaatinen, 1999).
  • 9. 9 Fairbanks, Plowman, and Rawlins (2007), desenvolveram um modelo de como os governos devem encarar a transparência. Este modelo assenta em três elementos chave: práticas de comunicação, suporte organizacional e provisão de recursos. Heise (1985) afirmou que o mais importante num modelo de comunicação governamental é a capacidade de fornecer informações fidedignas, atempadamente sem qualquer tipo de manipulação. A internet e os media sociais em particular cobrem, como já referimos anteriormente, estes aspetos. São um recurso único na disseminação destas informações e possibilitam a criação de plataformas onde estas informações podem ser requisitadas pelos próprios cidadãos. O contributo da internet para o aumento da transparência nos governos provém da facilidade com que se pode disponibilizar uma enorme quantidade de informação, a um custo reduzido, esta informação pode ser consultada a qualquer momento, em qualquer lugar. Como já vimos anteriormente, os media sociais fornecem uma via de comunicação de duplo sentido entre os governos e os cidadãos, esta possibilidade pode ser usada também para aumentar a transparência dos processos do governo, na medida em que estes podem responder diretamente a questões dos cidadãos e manter diálogos em tempo real sobre o que está a acontecer, por exemplo, numa reunião importante. Em Outubro de 2012, Jokowi-Ahok o Governador de Jakarta – Indonésia, começou a disponibilizar no YouTube vídeos das reuniões do governo, o canal do YouTube PemprovDKI, conta com mais 19 mil subscrições e tem mais de 5 milhões de visualizações, estas reuniões são gravadas e publicadas quase sem qualquer tipo de edição. Em Portugal, está atualmente a ser criado o portal da transparência municipal (www.portalmunicipal.pt) onde será possível consultar indicadores estatísticos sobre gestão financeira, administrativa, política fiscal e serviços municipais. Diminuição dos recursos disponíveis Na atualidade, neste perpetuo contexto de crise económica em que nos encontramos, os recursos disponíveis para os governos são cada vez menores, esta realidade é particularmente preocupante ao nível dos governos locais. É evidente que cada vez mais os governos não conseguem fazer tudo sozinhos e encontrar os parceiros certos para atingir as metas públicas é crucial. Cabe aos governos encontrarem formas criativas e inovadoras de assegurarem o acesso a recursos fora da sua alçada (Landsbergen, 2010).
  • 10. 10 A participação e o uso eficaz em redes de indivíduos, organizações e instituições, prometem ser uma boa forma de assegurar estes recursos. A capacidade de nutrir estas relações de forma eficaz e de as encontrar é uma capacidade cada vez mais necessária nos governos, os media sociais fornecem uma vantagem em encontrar estas relações, inúmeras organizações têm presença nas redes socias, e estas podem ser um meio importante de chegar até elas. Muitas vezes estas parcerias vêm não só destas organizações privadas mas como de cidadãos comuns, e como referido anteriormente, os media sociais são cruciais no estreitamento e criação destas ligações. Limitações e o que implica Vários governos de todo o mundo já estão a tirar partido daquilo que os media sociais lhes podem oferecer. Esta é uma área volátil, em constante mudança que requer adaptação, e estratégias de atuação bem definidas, simplesmente instalar ferramentas e tecnologia, não é suficiente, um post no Facebook uma vez por ano a desejar boas festas não é suficiente, não é uma boa utilização de uma ferramenta tão poderosa. As várias iniciativas já referidas têm algo em comum, todas prometem um maior envolvimento dos cidadãos, um aumento na transparência dos governos e a sua responsabilização. Atualmente faltam estudos empíricos capazes de provar estas teorias e dar respostas a algumas questões: são estas iniciativas tão eficazes como prometem ser? Até que ponto o seu impacto pode ser sentido nos governos? De facto foi possível comprovar o aumento da transparência dos governos? E a sua responsabilização? Estão os governos realmente a promover espaços de discussão democráticos? Estão estas iniciativas a criar valor para o cidadão? Ou são meros espaços de autopromoção e marketing para os governos? Dar novos usos às informações dos governos levanta sempre questões de segurança. A prometida rápida e massiva disseminação de informação também significa que muita gente, dentro do governo, vai ser responsável por esta divulgação. O número de pessoas que pode divulgar informação precisa de ser controlado, e as informações a serem divulgadas precisam de ser expressamente estabelecidas. Não podemos negligenciar o facto de estarmos a lidar com tecnologias pelo que a segurança que estas oferecem pode também ser posta em causa, é necessário estabelecer uma relação de confiança entre os governos e o cidadão, estes têm de ser capazes de confiar na veracidade
  • 11. 11 daquilo que os governos lhes dá e na segurança e privacidade que as iniciativas de e- government oferecem. A liberdade de expressão num ambiente tão anónimo como a internet potencia exageros, em tempos socialmente conturbados como os que vivemos, este meio é utilizado para dar voz às nossas indignações, por exemplo as páginas de Facebook dos nossos governantes são diariamente bombardeadas com pedidos de explicações e até insultos, a liberdade de expressão garante-nos o direito de nos expressarmos da forma que bem entendermos também é verdade que uma certa conduta é necessária para o bom funcionamento destas iniciativas. Estas páginas são naturalmente geridas por mais de uma pessoa com autorização para divulgar e comentar conteúdo, estas pessoas têm de ser cuidadosas e não podem simplesmente responder na mesma moeda, ou responder mal, só porque alguém expressou uma opinião diferente da sua. E não estão estas pessoas tentadas a ocultar estas vozes de discórdia? Até que ponto estas plataformas que deviam fomentar uma participação democrática são condicionadas pelas pessoas que as gerem? Quantidade e qualidade. Estes meios permitem uma fácil divulgação de conteúdo, muitas informações podem ser partilhadas com o cidadão, mas são estas as informações a que o cidadão realmente quer ter acesso? Onde se encontra o equilíbrio entre aquilo que o governo quer divulgar e aquilo que o cidadão quer ver divulgado? É um estado 100% transparente concebível? Ou existem coisas que pela sua natureza devem ser do conhecimento público? Questões legais vão sempre surgir quando falamos de informações públicas, o que deve e o que não deve ser divulgado, quem deve fazer esta divulgação, estas questões são importantes mas não impeditivas, devem ser tidas em contas na delineação inicial da estratégia a utilizar pelos governos. Qualquer iniciativa tecnológica governamental tem de ultrapassar um simples teste, gera valor para os cidadãos? Melhora os serviços a que estes têm acesso? O cidadão precisa de reconhecer nestas iniciativas uma mais-valia, precisa de as perceber como algo que lhes dará uma vantagem, seja no adquirimento de conhecimento ou no simples facto os aproximar dos seus governantes. Todas as decisões no setor público acarretam um certo risco, aqui não é diferente, um governo corre um risco ao escolher utilizar os media socias, assim como corre um risco ao escolher não o fazer. Esta não é uma decisão binária e a solução ideal passaria por encontrar o delicado equilíbrio entre o nível de utilização a dar a estes meios. Simplificando uma resposta complexa, dado os benefícios e olhando às contrapartidas,
  • 12. 12 nenhum governo na atualidade se pode dar ao luxo de menosprezar o poder da Internet e dos media socias em particular. O Governo Português e os media sociais “O Governo de Portugal acredita que é sua obrigação, não só informar, mas garantir ao maior número possível de pessoas a possibilidade de utilizar essa informação na plataforma de debate democrático que é hoje a internet. Cerca de um terço da população portuguesa está hoje ligada via FACEBOOK, o que o torna a mais participada das redes sociais no nosso país”(Governo de Portugal, 2014). O Governo de Portugal tem presença nas duas maiores e mais utilizadas redes sociais do mundo, Facebook e Twitter, a página oficial no Facebook da presidência da República encontra-se em www.facebook.com/presidenciadarepublicaportuguesa, esta página conta este momento com 34 mil Likes, e é utilizada maioritariamente para fornecer informação sobre as atividades do Presidente da República. A presidência da república tem também presença na rede social Twitter, (twitter.com/presidencia), esta conta tem 68.9 mil seguidores e partilhou 2,575 tweets, desde a sua criação em Novembro de 2008, a sua utilização é muito semelhante à da página oficial do Facebook, disponibiliza informações sobre as atividades do Presidente da República, por norma é utilizada como uma via de comunicação de sentido único, disponibilizam informação mas não participam no debate que algumas destas informações geram. Está também presente no Youtube desde 2011, com um canal com 579 subscrições (www.youtube.com/user/PresidenciaRepublica), na mesma senda da partilha de vídeos, é utilizado o portal Sapo Videos (http://v2.videos.sapo.pt/presidencia). A rede social flickr é utilizada para partilhar fotografias das atividades do Presidente da República (https://www.flickr.com/photos/presidencia). Tem ainda presença na plataforma Second Life, “A ilha da Presidência da República no mundo virtual Second Life apresenta uma nova área dedicada ao espírito empreendedor e inovador da Escola de Sagres e à sua importância na história dos descobrimentos Portugueses” (Presidência da República, 2010). Por último existe uma iniciativa chamada the start tracker, da sua responsabilidade, “The Star Tracker is an invitation-only niche social network that aims to connect and empower Global Portuguese Talent around the world. With over 33,000 members in over 250 cities of the world, in 136 countries The Star Tracker is embracing the Portuguese diaspora and believes that social cohesion and
  • 13. 13 cultural promotion are determinant to perpetuate a sense of belonging to the Portuguese global tribe”(The Star Tracker). Em Janeiro de 2012, foi criada a iniciativa O Meu Movimento, “O Meu Movimento é uma forma de dar uma oportunidade a todos de participar no debate sobre o futuro do nosso país, defendendo as causas em que acreditam. O movimento mais votado terá direito a uma audiência com o Primeiro-Ministro de Portugal” (https://www.facebook.com/omeumovimento/info). O Governo utiliza também o seu portal, o Portal do Governo para disponibilizar informações sobre os últimos acontecimentos políticos do país (http://www.portugal.gov.pt/pt/mantenha-se-atualizado.aspx?p=2) e tem presença na rede social Twitter, em: twitter.com/govpt, aderiu em 2009 e possui mais de 20 mil seguidores, aqui são também partilhadas informações sobre os acontecimentos políticos nacionais. As duas maiores figuras do nosso Governo têm também presença nas redes socias Facebook e Twitter. (https://www.facebook.com/CavacoSilva?fref=ts; https://twitter.com/prcavacosilva; https://twitter.com/passoscoelho). O Governo Português tem uma presença forte nas redes socias, e faz uma boa utilização das mesmas, no entanto deveria ser mais participativo e incentivar mais o debate, sendo parte dele. Conclusão O crescimento das tecnologias de informação e comunicação têm um impacto significativo na nossa forma de viver, na nossa forma de interagir e comunicar com as outras pessoas. Este impacto está a modificar a forma como trabalhamos, e o mesmo está a acontecer com os governos. A oferta de medias sociais é muito vasta e diversificada, pelo que a escolha de onde e como estar presente requer uma estratégia bem elaborada e cuidada por parte dos governos. Ao longo deste trabalho identificamos os benefícios e as limitações do uso destas plataformas, face à sua emergente utilização, nenhum governo pode deixar de estar presente e de tirar vantagens da sua utilização, mas sempre com um espírito de benefício e criação de valor para o cidadão.
  • 14. 14 Numa perspetiva diferente, podemos considerar que ferramentas de media social são um novo tipo de dashboards, que podem ajudar os governos na hora da tomada de decisão, estes podem perceber de que forma os cidadãos interagem com a informação divulgada, ao analisarem estes comportamentos podem dirigir a sua informação para grupos de cidadãos mais específicos e assim abordar as suas necessidades específicas. Referências Referências bibliográficas Anttiroiko, A. (2004). Introduction to democratic e-governance. E-transformations in Governance: New Directions in Government and Politics. Hershey, PA: Idea Group Publishing. Bellanger, F. & Carter, L. (2008). Trust and risk in e-government adoption. Journal of Information systems, 17(2), pp. 165-176. Bertot, J. C., Jaeger, P. T. & Grimes, J. M. (2010). Using ICTs to create a culture of transparency: E-government and social media as openness and anti-corruption tools for societies. Government Information Quartly, 27, pp. 264-271. Bonsón, E., Torres, L., Royo, S. & Flores, F. (2012). Local e-government 2.0: Social media and corporate transparency in municipalities. Government Information Quarterly, 29, pp. 123-132. Chou, W., Hunt, Y., Beckjord, E., Moser, R. & Hesse, B. (2009). Social media use in the United States: Implications for health communication. Journal of Medical Internet research, 11(4), pp. 1-12. Cotterrell, R. (1999). Transparency, mass media, ideology and community. Cultural Values, 3(4), pp. 414-426. Dixon, B. (2010). Towards e-government 2.0: An assessment of where e-government 2.0 is and where it is headed. Public Administration and Management, 15, pp. 418-454. Fairbanks, J., Plowman K. D. & Rawlins, B. L. (2007). Transparency in Government Communication. Journal of Public Affairs, 7(10), pp. 23-37. Giddens, A. (1990). The consequences of modernity, Stanford, California: Stanford University Press.
  • 15. 15 Gil-Garcıa, J. R. & Luna-Reyes, L. F. (2003). Towards a definition of electronic government: A comparative review. A. Mendez-Vilas, J. A. Mesa-González, V. Guerrero-Bote, & B F. Zapico-Alonso (Eds.), Techno-legal aspects of information society and new economy: an Overview. Formatex, Badajoz. Grunig, J. & Jaatinen, M. (1999). Strategic, symmetrical public relations in government: From pluralism to societal corporatism. Journal of Communication Management,3(3), pp. 218-234. Heise, J. A. (1985). Toward closing the confidence gap: An alternative approach to communication between public and government. Public Affairs Quarterly, 9(2), pp. 196-217. Kemmis, S. & McTaggart, R. (2000). Participatory action research, in Denzin, N. & Lincoln, Y. (eds.) 2nd edition, Thousand Oaks, California: Sage Publications. Landsbergen, D. (2010). Government as Part of the Revolution: Using Social Media to Achieve Public Goals. Electronic Journal of e-Government, (8)2, pp. 135-147. Lenhart, A. (2009). Adults and social network websites. Pew Internet and American LifeProject. Magro, M. J., Ryan, S. D. & Sharp, J. H. (2009). Using social networking for educational and cultural adaptation: An exploratory study. Journal of Information Technology Education, (10), pp. 1-16. McCarty, M. (2008). Social networks to the rescue. Homeland security today magazine. Piotrowski, S. J. (2007). Governmental transparency in the path of administrative reform. Albany, NY: State University of New York Press. Scott, J. K. (2006). “E” the People: Do U.S. Municipal Government Web Sites Support Public Involvement? Public Administration Review 66(3), pp. 341-353. Stayaert, J. (2000). Local governments online and the role of the president: Government shop versus the electronic community. Social Science Computer Review, 18, pp. 3- 16. Waters, D., Burnett, E., Lamm, A. & Lucas, J. (2009). Engaging stakeholders through social networking: How nonprofit organizations are using Facebook. Public Relations Review, 35(2), pp. 102-106. Sites:
  • 16. 16 Governo de Portugal. (2014). Um estado responsável e transparente. Disponível em: http://www.portugal.gov.pt/pt/os-temas/20140527-estado-responsavel transparente/20140527-estado-responsavel-transparente.aspx Governo de Portugal. (2014). Questões Frequentes. Disponível em: http://www.portugal.gov.pt/pt/questoes-frequentes/porque-o-facebook.aspx Presidência da República. (2010). Questões Freuentes. Disponível em: http://www.presidencia.pt/diadeportugal2010/?idc=561&idi=42412 The Star Tracker. Disponível em: http://thestartracker.com/login.php?return_url=http%3A%2F%2Fthestartracker.com%2Flog-sync%2Fthestartracker.com%2Fdocs%2Fwww%2Findex.php#