Análise Econômica Credit Suisse Brasil: Projeções e Eventos da Semana de 25 a 28 de Junho
1. 22 de junho de 2012
Emerging Markets Research Brasil
Dados da semana
Análise Econômica Credit Suisse Brasil
Projeções Resultados
Nilson Teixeira
+55 11 3841 6288 Eventos Credit Suisse anteriores
nilson.teixeira@credit-suisse.com
2ª feira, 25 de junho
Iana Ferrão
+55 11 3841 6345 8h30 Relatório de Mercado (Consenso) n/d n/d
Iana.ferrao@credit-suisse.com
14h30 Nota da dívida pública federal (R$ trilhões) n/d 1,9
Leonardo Fonseca 15h00 Balança comercial semanal (US$ bilhões) n/d 0,4
+55 11 3841 6348
leonardo.fonseca@credit-suisse.com 3ª feira, 26 de junho
Daniel Lavarda 10h30 Crédito bancário livre em maio (%, ante maio de 2011) 16,6 15,9
+55 11 3841 6352
daniel.lavarda@credit-suisse.com
10h30 Taxa de inadimplência de maio (%) 5,8 5,8
14h30 Arrecadação federal de maio (R$ trilhões) 76,5 92,6
Tales Rabelo
+55 11 3841 6353 4ª feira, 27 de junho
tales.rabelo@credit-suisse.com
12h30 Fluxo cambial semanal (US$ bilhões) n/d -0,3
Resultado primário do governo central de maio (R$ bilhões) 1,5 11,2
5ª feira, 28 de junho
8h00 Inflação IGP-M de junho (%) 0,52 1,02
10h30 Resultado fiscal do setor público (R$ bilhões) 5,0 14,2
10h30 Dívida líquida do setor público (% PIB) 34,8 35,7
Fonte: Tesouro Nacional, Receita Federal, Banco Central, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, FGV, Credit
Suisse
26 DE JUNHO Crédito bancário em maio (Banco Central)
3ª FEIRA O estoque de crédito bancário totalizou R$ 2,1 trilhões (49,6% do PIB) em abril
10h30 de 2012, do qual R$ 1,347 trilhão correspondeu a operações com recursos
livres (31,8% do PIB) e R$ 753 bilhões a operações com recursos direcionados
(17,8% do PIB), que incluem operações de crédito do BNDES e os créditos
habitacional e rural.
Esperamos que o crescimento do estoque de crédito com recursos livres ante o
mesmo período do ano anterior aumente de 15,9% em abril para 16,6% em
maio. Nossa projeção assume aceleração do crédito livre para pessoa jurídica
ante o mesmo período do ano anterior de 16,4% em abril para 17,9% em maio.
Assim como nos últimos meses (desde março), julgamos que os créditos com
recursos externos, que representam 10,3% do crédito livre para pessoa jurídica,
acelerem bastante em maio devido ao impacto da depreciação cambial ocorrida
no mês. O crescimento dessas operações, denominadas em dólar, aumentou
de 15,6% em fevereiro para 24,9% em março e 30,7% em abril.
Este boletim foi preparado pelo Credit Suisse, em seu nome e em nome das empresas ligadas ao grupo Credit Suisse é distribuído a título gratuito, com a finalidade
única de prestar informações ao mercado em geral. Apesar de ter sido tomado todo o cuidado necessário de forma a assegurar que as informações aqui prestadas
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2. 22 de junho de 2012
Em relação ao crédito livre para pessoa física, esperamos ligeira redução do crescimento
do estoque ante o mesmo período do ano anterior de 15,4% em abril para 15,3% em maio.
Nossa expectativa é de certa estabilidade no crescimento do crédito livre para pessoa
física em maio, após forte desaceleração do crédito livre para pessoa física nos últimos
trimestres, quando o crescimento do crédito livre para pessoa física diminuiu de 18,4%
em abril de 2011 para 15,4% em abril de 2012. Entendemos que a ação dos bancos
públicos adotada a partir de abril e intensificada em maio pode contribuir para interromper
essa trajetória nos próximos meses. Como discutimos no Macro Brasil "Impacto do corte
dos spreads bancários dependerá da abrangência dessa medida", de 2 de maio, o
impacto das medidas de redução dos juros pode ser expressivo na eventualidade de o
Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal transferirem os benefícios da redução de
juros para grande parte de seus tomadores de crédito. Em abril, por exemplo, o spread
bancário nas operações de crédito livre para pessoa física diminuiu para 33,2 pontos
percentuais (pp), após atingir 35,1 em abril.
Prevemos estabilidade da taxa de inadimplência (saldos em atraso acima de 90 dias) no
crédito livre referencial em 5,8% entre abril e maio. Projetamos estabilidade nas taxas de
inadimplência tanto nas operações para pessoa física (em 7,6% no período) quanto para
pessoa jurídica (em 4,1%). A estabilidade em abril dos percentuais de saldos em atraso
entre 15 e 90 dias nas operações para pessoas físicas (em 6,8%) e para pessoas
jurídicas (em 2,3%) nos sugerem acomodação nos níveis de inadimplência no curto prazo.
Para os próximos meses, julgamos que a inadimplência (sobretudo nas operações para
pessoas físicas) será bastante influenciada pela magnitude do impacto da redução dos
juros dos bancos públicos e pela oferta de crédito dessas instituições.
26 DE JUNHO Arrecadação federal de maio (Receita Federal)
3ª FEIRA
Projetamos arrecadação federal de R$ 76,5 bilhões em maio, ante R$ 92,6 bilhões em
14h30
abril e R$ 71,5 bilhões em maio de 2011. Nossa projeção considera crescimento real de
1,8% ante o mesmo período do ano anterior, versus crescimento de 3,5% em abril e de
10,3% em março para a mesma base de comparação (Gráfico 1). No acumulado no ano
ante o mesmo período do ano anterior, prevemos diminuição do crescimento da
arrecadação federal de 6,3% em abril para 5,3% em maio.
Em maio, entendemos que o menor crescimento da arrecadação federal será influenciado
pelo desempenho menos favorável das receitas de impostos sobre o lucro das empresas,
em especial do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social
sobe Lucro Líquido (CSLL). Julgamos que a desaceleração desses recolhimentos está
relacionada ao menor crescimento da atividade.
Nesse ambiente, as empresas que recolhem sobre a modalidade de lucro presumido, por
exemplo, tendem a informar projeções de menor lucratividade à Receita Federal. Nesse
sentido, projetamos recuo real de 16,5% na receita do IRPJ ante maio de 2011 e de 9,2%
na CSLL sob essa mesma base de comparação.
Adicionalmente, julgamos que os seguintes movimentos tiveram impacto sobre a
arrecadação federal de maio:
Dados da semana 2
3. 22 de junho de 2012
• Projetamos recuo da arrecadação da CIDE combustíveis de 44,0% ante maio de 2011,
em linha com a trajetória apresentada por essa alínea nos últimos meses. Esses
resultados negativos são decorrência da desoneração aplicada no final de 2011 e com
vigência programada para até junho deste ano.
• Esperamos crescimento das receitas com Impostos sobre Produtos Industrializados
(IPI), em particular, do IPI sobre fumo (aumento de 129,7% ante maio de 2011),
resultado relacionado ao novo regime de tributação que passou a incidir sobre cigarros
em abril deste ano.
• Maior contribuição das receitas previdenciárias para o crescimento ante o mesmo
período do ano anterior da arrecadação, de 1,5 ponto percentual em abril (p.p.) para
2,5 p.p. em maio. Nesse sentido, esperamos que outras alíneas também
relacionadas aos rendimentos das famílias contribuam mais significativamente para o
crescimento da arrecadação, em função do crescimento da massa salarial habitual real
de 4,7% no acumulado em 12 meses até abril. Tende a ser beneficiada por esse
movimento a arrecadação com o Imposto de Renda Retido da Fonte (IRRF), por
exemplo.
Gráfico 1: Crescimento da arrecadação federal
%, ante o mesmo período do ano anterior
23,1
2,8 21,3 Receitas da Previdência Social
0,4 2,9
Demais Contribuições
1,4
Impostos Total
11,8
9,1
2,3 10,3
2,3 1,7 9,1
8,1 7,5 5,3
7,2 1,3 1,9 1,7 0,4
6,4 6,0 5,9
1,4 3,6 0,5 1,7 0,3
7,9 7,9 0,3 0,4 1,1 1,5
5,4 1,8 1,5 3,5 2,4
2,3 6,2 0,8
4,1 2,7 3,3 3,5 1,0 1,8
0,9 1,4 2,3 2,1 0,9
-0,7 -0,7 0,2 0,2 -0,5
-1,2 -0,3
-2,7
-4,5
Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 Jan-12 Fev-12 Mar-12 Abr-12 Mai-12e
Fonte: Receita Federal, Credit Suisse
27 DE JUNHO Resultado primário do governo central de maio (Tesouro Nacional)
4ª FEIRA
Projetamos superávit primário de R$ 1,5 bilhão para o governo central (Governo Federal,
Previdência Social e Banco Central) em maio, inferior ao superávit primário de R$ 11,2
bilhões de abril e ao de R$ 4,4 bilhões em maio de 2011. Se confirmado, esse resultado
representaria no acumulado de janeiro a maio um superávit primário de R$ 47,0 bilhões
(versus R$ 48,4 bilhões no mesmo período em 2011), ou 48% da meta fiscal de R$ 97,1
bilhões definida para o governo central em 2012. No acumulado em 12 meses,
Dados da semana 3
4. 22 de junho de 2012
esperamos recuo do superávit primário do governo central como proporção do PIB de
2,3% em abril para 2,2% em maio.
Nossa projeção considera elevação do crescimento ante o mesmo mês do ano anterior
das receitas líquidas de 1,9% em abril para 5,1% em maio. Essa aceleração será
influenciada, principalmente, pelas menores transferências aos Estados e Municípios, em
particular, das alíneas relacionadas aos repasses constitucionais, que incluem,
principalmente, a repartição do Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e do
Imposto de Renda (IR). De acordo com nossa projeção, o crescimento das transferências
constitucionais ante o mesmo período do ano anterior recuará de 4,7% em abril para
-17,4% em maio. O ambiente de menor lucratividade das empresas no 2T12 na
comparação com o 1T12 explicará o menor crescimento da arrecadação desses
impostos e, logo, a desaceleração dos repasses a estados e municípios.
Do ponto de vista das despesas do governo central, prevemos crescimento de 10,2%
ante o mesmo período do ano anterior, superior à alta média mensal na mesma base de
comparação de janeiro a maio de 7,7% (Gráfico 2). As maiores despesas com custeio e
capital, em especial com subsídios e subvenções econômicas (de R$ 0,7 bilhão em maio
de 2011 para R$ 1,6 bilhão em maio deste ano), serão determinantes para explicar essa
aceleraçào dos desembolsos. Por outro lado, esperamos que as despesas com o
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) diminuam de R$ 3,3 bilhões em abril
para R$ 2,9 bilhões em maio, mantendo-se ainda em nível superior à média mensal de
R$ 2,4 bilhões em 2011 e equivalente à média em 2012.
Gráfico 2: Crescimento real das receitas liquidas e das despesas do governo central
%, ante o mesmo período do ano anterior
29,3
21,3 Receita Líquida Total
17,6 Despesa Total
16,8
12,3 11,2 11,1
10,8 10,8 11,0 10,1 10,6 10,2
9,2 8,5 6,7
9,0 7,7
5,1 8,0 5,0 7,2 6,3
3,6 5,4 5,1
1,1 3,4 1,7 1,9
0,9 2,8
-0,6
-1,9 -2,1 -2,2
-12,4
Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 Jan-12 Fev-12 Mar-12 Abr-12 Mai-12e
Fonte: Tesouro Nacional, Credit Suisse
Dados da semana 4
5. 22 de junho de 2012
28 DE JUNHO Inflação IGP-M de junho (FGV)
5ª FEIRA
Prevemos inflação IGP-M de 0,52% em junho, inferior aos resultados do IGP-10 de junho
8h
(0.73%) e do IGP-M de maio (1,02%). No acumulado em 12 meses, esperamos elevação
da inflação medida pelo indicador, de 4,3% em maio para 5,0% em junho, o terceiro
aumento consecutivo da inflação IGP-M nessa base de comparação (Tabela 1).
Tabela 1: Inflação IGP-M e seus componentes
%
Inflação mensal Inflação acum. em 12 meses
Peso
Jun-12e Mai-12 Abr-12 Jun-12e Mai-12 Abr-12
IGP-M 100 0,52 1,02 0,86 5,0 4,3 3,7
IPA 60 0,51 1,17 0,97 4,6 3,6 2,5
IPA – agropecuários 17 -0,03 0,85 1,18 5,9 3,7 1,0
IPA - industriais 43 0,70 1,29 0,89 4,2 3,6 3,0
IPC 30 0,15 0,49 0,55 5,1 4,8 5,2
INCC 10 1,50 1,30 0,83 7,3 7,2 7,9
Fonte: FGV, Credit Suisse
Dentre os componentes do índice, projetamos:
• Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M, peso de 60% no índice): esperamos que
a inflação IPA-M diminua de 1,17% em maio para 0,50% em junho, movimento que
tende a ser disseminado entre os componentes do indicador. Esperamos que a
redução da inflação de produtos agropecuários, de 0,85% em maio para -0,03% em
junho, seja explicada, principalmente, pela desaceleração de preços de determinados
alimentos in natura (e.g., tomate) e commodities agrícolas (e.g., soja, trigo). No setor
industrial, esperamos diminuição da inflação ao produtor, de 1,29% para 0,70% no
período, em decorrência, sobretudo, do menor repasse da depreciação cambial dos
últimos meses para os preços de produtos químicos e celulose e do forte recuo de
preços de determinadas commodities industriais nos mercados internacionais (e.g.,
petróleo).
• Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M, peso de 0,30% no indicador): esperamos
diminuição da inflação ao consumidor, de 0,49% em maio para 0,15% em junho,
movimento explicado, principalmente pela menor inflação de ex-alimentos (que
considera a inflação agregada de bens industriais, serviços e preços administrados) no
período. Dentre os fatores que contribuirão para a menor inflação de ex-alimentos no
mês, destacamos a provável redução de preços dos automóveis (automóveis novos e
usados), item que tem contribuído significativamente para a desaceleração dos
indicadores de inflação ao consumidor divulgados mais recentemente (e.g., IPCA-15
de junho). No acumulado em 12 meses, prevemos elevação da inflação IPC-M, de
4,8% em maio para 5,1% em junho.
• Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-10, peso de 10% no indicador):
prevemos aceleração dos custos da construção civil, de 1,30% em maio para 1,50%
em junho, em decorrência do maior impacto dos dissídios salariais da categoria em
Dados da semana 5
6. 22 de junho de 2012
junho ante maio. Prevemos que a inflação acumulada em 12 meses no indicador
aumente de 7,2% em maio para 7,3% em junho.
28 DE JUNHO Contas fiscais de maio (Banco Central)
5ª FEIRA
Projetamos superávit primário do setor público consolidado (governo central, governos
10h30
regionais e empresas estatais) de R$ 5,0 bilhões em maio, abaixo dos saldos positivos de
R$ 14,2 bilhões de abril e de R$ 7,5 bilhões de maio de 2011. Se materializado, esse
resultado primário para maio seria o menor apurado para o mês desde 2004, com
exceção dos anos de 2009 e 2010. No acumulado em 12 meses como proporção do PIB,
prevemos redução no superávit primário de 3,1% em abril para 3,0% em maio, abaixo da
meta fiscal para 2012 de 3,1% do PIB (equivalente a R$ 139,8 bilhões - Gráfico 3). Nossa
projeção considera superávit primário do governo central de R$ 1,5 bilhões, o que
corresponderia a 2,2% do PIB no acumulado em 12 meses (recuo ante 2,3% em abril).
Em relação aos resultados dos governos regionais e empresas estatais, assumimos
superávit primário de R$ 3,5 bilhões e estabilidade no acumulado em 12 meses em 0,8%
como proporção do PIB em maio.
Gráfico 3: Resultado Primário do setor público consolidado e metas fiscais
% do PIB
3,0
Governo Central
2,5
Meta do governo central
2,2 2,3
2,2 2,2
2,0 2,0
1,5
1,4
1,1 Meta governos reginais e empresas estatais
1,0
0,9 0,8 0,8
0,5
Governos regionais e empresas estatais
0,0
Jan-09 Mai-09 Set-09 Jan-10 Mai-10 Set-10 Jan-11 Mai-11 Set-11 Jan-12 Mai-12e
Fonte: Banco Central, Credit Suisse
Projetamos redução da dívida líquida do setor público de 35,7% do PIB em abril para
34,8% em maio, nível mínimo da série histórica devido, principalmente, à expressiva
depreciação cambial de 6,9% no mês. Nossa projeção considera um discreto aumento no
pagamento de juros nominais, de R$ 17,2 bilhões em abril para R$ 17,5 bilhões em maio,
com recuo no acumulado em 12 meses como proporção do PIB de 5,5% em abril para
5,4% do PIB em maio. Em função da redução em magnitude aproximadamente
equivalente tanto do resultado primário quanto do pagamento de juros como proporção do
PIB no acumulado em 12 meses, esperamos estabilidade do déficit nominal em maio em
2,4% do PIB. Essa previsão é compatível com um aumento do déficit mensal, de R$ 3,0
bilhões em abril para R$ 12,4 bilhões em maio.
Dados da semana 6