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A formalização difícil: o modernismo brasileiro e seus desdobramentos
na contemporaneidade
Objetivos
Partindo de um estudo prévio, desenvolvido
em 2007/8 sobre o modernismo europeu e os
impasses de sua transposição ao Brasil, essa
pesquisa busca agora compreender a
constituição muitas vezes hesitante das formas
na poesia e nas artes visuais brasileiras
contemporâneas, atentando, por um lado, ao
aspecto de continuidade em relação ao
modernismo brasileiro (sobretudo no que diz
respeito à questão da “forma difícil”, trabalhada
por Rodrigo Naves em seu livro A forma difícil);
por
outro,
buscou-se
iluminar
as
especificidades que distinguem esse momento
da produção artística do momento anterior.

Material e/ou método
Estudo de textos teóricos sobre arte pósmoderna, bem como de obras contemporâneas
(poesia e pintura), por meio de uma leitura que
parta da forma para dali extrair elementos
vinculados ao seu entorno (social, histórico,
estético).

acordo com as solicitações do presente. Isso
parece estar no cerne do que pode ser visto
como uma diluição ou afrouxamento da
produção contemporânea. “A poesia deixou de
ser companheira de viagem do presente”, diz
Iumna Simon (2008, p. 152).

Conclusão
Pareceu-nos, ao longo da pesquisa, que a
formalização difícil, proposta por Rodrigo
Naves a respeito das artes brasileiras, atinge
igualmente a poesia, embora se possa notar
diferenças sugestivas. Algo do movimento que
não se cumpre (NAVES, R. 2001, p. 13), da
“queda como sedimentação” (Ibid., p. 15), dá
forma a essa poesia canhestra, que tem raízes
em dificuldades históricas com as quais parece
ainda não saber lidar muito bem. O peso do
mundo, em constante transformação, surge
acomodado em uma forma desajeitada, pouco
contundente, e o verniz de poesia – o
malabarismo lingüístico mesclado a certa
filosofia – é incapaz de alçar essas obras ao
lugar de “companheiras do presente”.

Referências bibliográficas
Resultados e discussão
Embora falar de poesia (ou pintura)
contemporânea pareça ser um achatamento
dos diferentes movimentos que surgiram desde
a década de 50 até hoje, não podemos deixar
de notar como essas poéticas se relacionam de
perto com a tradição moderna. Dessa forma, se
cada movimento possui uma linguagem
própria, é possível compreendê-los, também,
em sua vinculação com o modernismo. Notase, no entanto, que essa retomada da
experiência modernista se dá de forma pouco
crítica: a tradição é incorporada não como algo
incompleto (cujos impasses implicariam ainda a
busca de uma saída possível), ou como um
obstáculo a ser superado, mas como um dado
à disposição, que não precisa ser elaborado de

SCHWARZ, R. “A carroça, o bonde e o poeta
modernista”. Em: Que horas são?: ensaios.
São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
SIMON, I. M. “Considerações sobre a poesia
brasileira em fim de século”. Em: Novos
Estudos CEBRAP, nº 35, nov. de 1999.
___________. “Situação de sítio”. Em: Novos
Estudos CEBRAP, nº 82, nov. de 2008.
SIMON, I. M. & DANTAS, V. “Poesia ruim,
sociedade pior”. Em: Novos Estudos CEBRAP,
nº 12, junho de 1985.

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  • 1. A formalização difícil: o modernismo brasileiro e seus desdobramentos na contemporaneidade Objetivos Partindo de um estudo prévio, desenvolvido em 2007/8 sobre o modernismo europeu e os impasses de sua transposição ao Brasil, essa pesquisa busca agora compreender a constituição muitas vezes hesitante das formas na poesia e nas artes visuais brasileiras contemporâneas, atentando, por um lado, ao aspecto de continuidade em relação ao modernismo brasileiro (sobretudo no que diz respeito à questão da “forma difícil”, trabalhada por Rodrigo Naves em seu livro A forma difícil); por outro, buscou-se iluminar as especificidades que distinguem esse momento da produção artística do momento anterior. Material e/ou método Estudo de textos teóricos sobre arte pósmoderna, bem como de obras contemporâneas (poesia e pintura), por meio de uma leitura que parta da forma para dali extrair elementos vinculados ao seu entorno (social, histórico, estético). acordo com as solicitações do presente. Isso parece estar no cerne do que pode ser visto como uma diluição ou afrouxamento da produção contemporânea. “A poesia deixou de ser companheira de viagem do presente”, diz Iumna Simon (2008, p. 152). Conclusão Pareceu-nos, ao longo da pesquisa, que a formalização difícil, proposta por Rodrigo Naves a respeito das artes brasileiras, atinge igualmente a poesia, embora se possa notar diferenças sugestivas. Algo do movimento que não se cumpre (NAVES, R. 2001, p. 13), da “queda como sedimentação” (Ibid., p. 15), dá forma a essa poesia canhestra, que tem raízes em dificuldades históricas com as quais parece ainda não saber lidar muito bem. O peso do mundo, em constante transformação, surge acomodado em uma forma desajeitada, pouco contundente, e o verniz de poesia – o malabarismo lingüístico mesclado a certa filosofia – é incapaz de alçar essas obras ao lugar de “companheiras do presente”. Referências bibliográficas Resultados e discussão Embora falar de poesia (ou pintura) contemporânea pareça ser um achatamento dos diferentes movimentos que surgiram desde a década de 50 até hoje, não podemos deixar de notar como essas poéticas se relacionam de perto com a tradição moderna. Dessa forma, se cada movimento possui uma linguagem própria, é possível compreendê-los, também, em sua vinculação com o modernismo. Notase, no entanto, que essa retomada da experiência modernista se dá de forma pouco crítica: a tradição é incorporada não como algo incompleto (cujos impasses implicariam ainda a busca de uma saída possível), ou como um obstáculo a ser superado, mas como um dado à disposição, que não precisa ser elaborado de SCHWARZ, R. “A carroça, o bonde e o poeta modernista”. Em: Que horas são?: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. SIMON, I. M. “Considerações sobre a poesia brasileira em fim de século”. Em: Novos Estudos CEBRAP, nº 35, nov. de 1999. ___________. “Situação de sítio”. Em: Novos Estudos CEBRAP, nº 82, nov. de 2008. SIMON, I. M. & DANTAS, V. “Poesia ruim, sociedade pior”. Em: Novos Estudos CEBRAP, nº 12, junho de 1985.