O documento fornece informações sobre o processo de criação de siri mole em tanques, descrevendo o ciclo de muda dos crustáceos, as espécies de siri encontradas no Brasil e detalhes sobre um sistema experimental de criação em tanques no litoral sul de São Paulo.

1. RESPOSTA TÉCNICA
Título
Criação de siri mole
Resumo
Informações sobre o processo de criação de siri mole.
Palavras-chave
Siri mole; criação de siri mole; ecdise
Assunto
Alimentos e bebidas
Demanda
Informações sobre como criar siri mole e técnica para que o mesmo fique mole.
Solução apresentada
Introdução
Siri é o nome dado a várias espécies de crustáceos Decápodes Braquiúros. Pertence à
família dos Portunídeos. Em linhas gerais tem o corpo achatado, a cabeça e o tórax fundem-
se numa só peça.
O siri é um animal invertebrado, ou seja, não possui ossos. No litoral brasileiro pode-se
encontrar 14 espécies conhecidas e alguns exemplares com mais de 15 centímetros de
envergadura. Ele vive nas praias lodosas e podem subir pelos riachos que desembocam no
mar; embora a maioria viva no mar, há os que habitam as embocaduras dos rios ou mesmo
pantanais e mangues. Na época de colocar os ovos, a fêmea retorna ao mar, para que as
larvas de desenvolvam. O siri é carnívoro, alimentando-se de peixes, moluscos e outros
crustáceos. Sua carne é muito apreciada e tem grande valor comercial.
Entre as principais espécies de siris, convém destacar as principais:
. Siri-da-areia (Arenus cribarius), tem a carapaça de cor vermelha, com pingos brancos e
redondos; recebe o nome também de siri-chita ou siri-chinga;
. Siri-açu (Callinects exasoeratus), é o maior de todos; recebe também o nome de siri-do-
mangue;
. Siri-candeia (Acheolus spinimanus), de cor avermelhada e com pinças maiores que todos
os demais; também chamado de candeia;
. Siri-goiá (Cronius ruber), assemelha-se ao caranguejo chamado Guiá;
. Siri-Mirim (Callinectes danai), é o menor de todos, de cor castanho escuro com manchas
amarelas;
. Siri-Azul (Callinectes sapidus ), encontrado no litoral sul de São Paulo.
A maior diferença entre o siri e o caranguejo é que o siri apresenta o último par de pernas
em forma de remo. Apesar de possuírem 10 pés, os siris usam apenas quatro pares para se
locomover. O par restante tem a forma de pinças, com as quais o animal se defende e
prende os alimentos para levá-los à boca.
Descrição morfofisiológica
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2. O siri possui uma fase larval de 44 dias, que é relativamente longa propiciando a dispersão;
o crescimento e a maturação são rápidos, ocorrendo em um pouco menos de um ano,
contribuindo para gerações mais curtas e promovendo o crescimento populacional mais
rápido. Possui a habilidade de estocar esperma e produzir desovas múltiplas e de alta
fecundidade em sucessões rápidas, favorecendo a expansão de populações fundadoras. A
dieta é carnívora generalista e permite a exploração oportunística de recursos alimentares
variados.
Siri-mole (soft crab)
Os crustáceos para crescerem realizam um processo dominado de ecdise ou muda, fazendo
a troca da carapaça por outra, a qual é sintetizada abaixo da antiga. Este processo é
fisiológico, em geral em quatro estágios no ciclo, descritos a seguir:
. pró-ecdise (ou pré-muda): caracteriza por acúmulo contínuo de reservas de alimento e por
um aumento no cálcio do sangue. As camadas membranosas e parte das camadas
calcificadas do velho esqueleto (exoesqueleto) são eliminadas pela digestão;
. ecdise (ou muda): o corpo incha com a absorção de água através das brânquias e sai
rapidamente do antigo esqueleto que, comumente é comido para a obtenção de sais de
cálcio;
. pós-ecdise: o animal fica refugiado e não se alimenta durante a primeira parte desta fase,
quando é secretada a endocutícula (porção interna da cutícula) e ocorre a calcificação e
endurecimento do esqueleto novo;
. intermuda: quando está em repouso, esta fase pode ser longa ou curta, tendo como
característica o exoesqueleto totalmente formado e reservas de alimento são acumuladas
para a próxima muda.
Através deste processo os crustáceos fazem o seu crescimento desde suas fases larvais até
adulta. Logo após a muda, os indivíduos apresentam apenas uma película que dará origem
a carapaça em poucas horas (aproximadamente 3 horas). Durante este processo, os siris
apresentam sinais característicos que indicam o estágio de desenvolvimento no qual se
encontram. Estes sinais devem ser observados, sendo utilizados como indicadores para a
captura de indivíduos próximo de muda.
Sistema de obtenção de siri-mole em tanques
Este tipo de técnica ainda não está totalmente desenvolvida e implantada, porém, alguns
estudo estão sendo realizados em Ilha Comprida SP , pelo pesquisador Jocemar
Tomasino Mendonça, do Instituto de Pesca APTA/SAA Núcleo do Litoral Sul.
A estrutura para obtenção de siri-mole em tanques, constou de três tanques de fibra com
capacidade de 200 litros ( cada um ), dois tanques de filtro biológico e um tanque
reservatório. O sistema é fechado, comportando 2000 litros de água salgada em todo
complexo. Neste sistema, deve-se controlar os seguintes parâmetros: temperatura da água,
salinidade ( com refratômetro de campo), alcalinidade, pH, oxigênio dissolvido (ml/L) e
análise de amônia. Para as análises relacionadas acima, pode-se utilizar kit de psinicultura
marinha.
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Tanque Tanque Tanque
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3. Filtro Tanque de Filtro
Biológico Bomba Biológico
Figura 1: Esquemático da criação de siri-mole
Fonte: Jurerê Internacional
Os siris foram capturados no próprio habitat, e mantidos durante 173 dias no sistema, para
observação da muda, depredação pela própria espécie, procriação e manutenção da vida.
Tomou-se o cuidado de capturar-se menos fêmeas que machos, para manter o processo
reprodutivo natural.
Durante a manutenção dos siris em cativeira, houve aumento na concentração de amônia,
acarretando aumento da mortalidade, necessitando renovação da água do sistema. Isto
ocorre devido aos dejetos dos siris, vista a grande permanência dos exemplares que
estejam fora do momento de muda, que necessitam ser alimentados. Para aumentar o
número de indivíduos no sistema e não comprometer a qualidade da água, seria necessário
a seleção de indivíduos mais próximos da muda, quando estes deverão ficar no máximo três
dias de permanência nos tanques, assim não necessitando a contínua alimentação e
diminuindo os dejetos nos tanques.
O sistema fechado permite manter certa independência da variação da qualidade da água
no ambiente. Para se obter a maior produtividade possível, o pescador ou produtor deve se
ater na qualidade da água, para que não tenha perdas na sua produção, sendo esse um
fator de extrema importância. Outro fator importante é a seleção das peças, que deverão ser
aptas para entrar em processo de muda no menor tempo possível, diminuindo o período de
permanência do indivíduo no sistema, possibilitando um maior número de ciclos nos tanques
e aumento da produtividade.
Conclusões e recomendações
Como este processo ainda está em estudo e não existem dados de custo de instalação,
rentabilidade e quais mecanismos de confinamento são os mais adequados, sugere-se que
seja feito contato com o Instituto de Pesca, que é a instituição que está desenvolvendo e
implantando este processo junto ao Liitoral Sul do Estado de São Paulo.
Instituto de Pesca APTA/SAA
Núcleo do Litoral Sul
Pesquisador Jocemar Tomasino Mendonça
e-mail: pescasulpaulista@yahoo.com.br
Fontes consultadas
JURERÊ INTERNACIONAL. A andada e o siri-mole. Disponível em:
<http://www.jurerecni.com.br/site/content/jurerecom/content/meioambiente/secao.asp?secao
_id=307 >. Acesso em: 28 set. 2006.
OVERMUNDO. O siri mole. Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/guia/o-siri-
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4. mole >. Acesso em: 28 set. 2006.
SMARTKIDS. Animais marinhos. Disponível em
<http://www.smartkids.com.br/pergunte/marinhos/sipi.php >. Acesso em: 29 set. 2006.
CURIOSIDADE ANIMAL. Siri. Disponível em:
<http://www.linkscampeoes.com.br/cur_animais/crustaceos_siri.shtml >. Acesso em: 20 set.
2006.
MENDONÇA, J.T.; HIBERATH, R.C. Sistema de obtenção de siri-mole no litoral sul de
São Paulo. Instituto de Pesca APTA/SAA Núcleo do Litoral Sul.
Elaborado por
Lilian Guerreiro
Nome da Instituição respondente
REDETEC Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro
Data de finalização
02 out. 2006.
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