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Entrevista* com André Silva Martins, professor da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Juiz de Fora.


Nas últimas décadas tem-se visto um aumento na valorização do voluntariado e a
aceitação de que a responsabilidade por determinadas áreas que são, legalmente,
deveres do Estado – como educação, saúde e assistência social – deve ser da própria
sociedade civil. Como isso começou a acontecer no Brasil? E onde surgiu esse modelo?
Esse movimento tem algumas datas-chave. No Brasil, ele começou nos anos 1990, e se
intensificou especialmente a partir de 1997 e 1998. Mais tarde, em 2001, foi gerado um
grande movimento com a adesão do país à celebração do Ano Internacional do
Voluntariado.
E os antecedentes vieram dos Estados Unidos, mais precisamente na década de 1960,
quando o país registrava uma série de protestos contra a guerra do Vietnã, com um
movimento estudantil e pacifista muito organizado e articulado. Isso sinalizou um problema
na coesão social do país. O presidente John Kennedy, em 1961, lançou então uma iniciativa
chamada ‘Corpo de Paz’. Tratava-se de uma organização que começava a reunir e
mobilizar voluntários, especialmente estudantes, para que fosse apreendido um novo
sentido de cidadania. O presidente disse algo que ficou famoso: ‘Não pergunte o que o seu
país pode fazer por você’. Em seguida, ele completava: ‘Pergunte o que você pode fazer
pelo seu país’.
Havia, portanto, uma falta de coesão social, e ela precisava ser recuperada. Começou a ser
intensificada uma série de ações dirigidas aos estudantes, e essas ações eram articuladas a
movimentos pré-existentes, especialmente as organizações religiosas. O trabalho
filantrópico, embora com suas particularidades, enriquecia a iniciativa.
No Brasil, não há registros desse tipo de movimento antes da década de 1990. Isso
começou a partir da Comunidade Solidária, uma instância de poder do governo Fernando
Henrique Cardoso. A Comunidade Solidária foi presidida pela primeira dama, Ruth
Cardoso, que assumiu a tarefa política de incentivar o crescimento de novas organizações
da sociedade civil e estimular a formação de um exército de voluntários no nosso país.
Além de atuar no desenvolvimento das políticas sociais focalizadas, as novas organizações
da sociedade civil e os voluntários atuariam também como cimentos da coesão social para
uma nova cultura cívica.
Podemos dizer – é uma idéia que eu tenho defendido e que tem sido bem aceita – que o
voluntariado é a expressão da nova cidadania.


O que isso significa?
Uma nova forma de participação em relação às questões sociais. Mas a tentativa de
recuperar o espírito cívico vem com um elemento fundador: apagar qualquer perspectiva de
organização a partir da consciência classe e de projetos contra-hegemônicos. O fenômeno
do voluntariado procura difundir que todos se tornaram iguais, que não existem mais

*
    Realizada por Raquel Torres em 09/06/2009
antagonismos, somente diferenças que podem ser resolvidas pela colaboração de todos em
prol do bem-comum. E isso, de fato, fortalece um redimensionamento do papel do Estado
na sociedade. Mas pergunto: quem mais ganha com a conciliação entre os que são
historicamente dominados e os dominantes? Será que um assalariado tem os mesmos
interesses e necessidades de vida que um empresário?
Retomando, para se estabelecer a coesão social, as organizações não-governamentais
(ONGs) assumem um papel importante como parceiras do Estado e os voluntários passam a
ter um papel decisivo nesse processo. Os voluntários passam a dar conta de assistência,
educação, saúde, cultura, atuando como parceiros ou como agentes da nova sociabilidade.
Portanto, pode-se dizer que há duas faces desse movimento: a necessidade de construir uma
nova cidadania, um espírito cívico, que sustentem o novo papel do Estado nas questões
sociais.


Fale sobre a relação entre o trabalho voluntário e as empresas privadas, que têm
investido no conceito de responsabilidade social, incentivado o voluntariado e
inclusive adotado programas de voluntariado. O Bradesco, por exemplo, tem o
Bradesco Voluntários, o Itaú também tem. O que isso significa?
Não há apenas bancos envolvidos nesses projetos. Empresas do setor industrial também
vêm atuando cada vez mais no incentivo a programas de voluntariado. De alguma forma,
nos anos 2000, o voluntariado se tornou critério de empregabilidade.


Como assim?
O empregador passa a valorizar especialmente quem tem experiência nesse tipo de atuação
política. O voluntariado tem um papel importante na viabilização dos projetos criados pela
ideologia da responsabilidade social, algo que sinaliza a intervenção dos empresários nas
questões sociais.
Os trabalhadores, agora voluntários, são vistos como colaboradores das empresas, e as
empresas organizam cursos de formação, campanhas para que o trabalhador se torne um
colaborador nas questões sociais e no próprio processo de produção. Isso confirma a
redefinição do papel do Estado nas questões sociais e conforma um novo tipo de
trabalhador e uma nova relação entre capital e trabalho.
Os trabalhadores deixam de se organizar sindicalmente, mudam sua consciência política
coletiva, e passam a se organizar em torno do voluntariado. O trabalhador começa a ver a
realidade acriticamente e se torna um colaborador.
Isso também está ligado a um processo de reestruturação produtiva: o trabalhador tem que
ser polivalente, flexível, adaptar-se e dispor-se a atuar em diferentes setores.
Tomemos como exemplo um coral de empresa. O empregado dedica horas além da sua
jornada para o coral. Ele ensaia e se apresenta em orfanatos, hospitais, levando sempre a
marca da empresa. E, assim, a empresa dá visibilidade a uma ação nova. O que as empresas
procuram demonstrar com isso é: ‘Não estamos preocupadas apenas com o lucro. Estamos
preocupadas com as pessoas e com a sociedade’.
Até 1995, falava-se em filantropia empresarial. A partir da Comunidade Solidária, os
empresários perceberam que o que estava sendo proposto era muito mais que filantropia. A
partir daí, adotaram o nome responsabilidade social, que é também uma forma de sinalizar
como as pessoas devem se organizar e qual o papel que o Estado deve ter.
Também localizamos esse movimento nos Estados Unidos, nos anos 1960. Lá, ao mesmo
tempo em que a juventudes protestava contra guerras, contra a destruição ambiental, ela
denunciava as empresas que haviam lucrado com a guerra. Então, houve um movimento
forte por parte dessas empresas, procurando dizer: ‘se tivemos lucro, temos
responsabilidade por coisas boas por aqui’. A preocupação era investir em áreas sociais e
mostrar que o lucro recebido com a guerra, com as mortes, estava sendo, em parte,
revertido em programas sociais no país. Essas empresas se reuniram para dar forma a isso,
ganharam força e alavancaram de vez no fim dos anos 1980.


Existem exemplos de ação voluntária hoje que esteja ligada à busca por novos
projetos de sociedade?
Essa é uma expressão nova da conformação social. Não se trata de consciência política
elevada. É apenas a manutenção das relações sociais, do status quo. Não vejo exemplos que
mostrem ação voluntária a partir da mobilização.
Não se pode confundir voluntariado com militância política. São fenômenos distintos na
forma e no conteúdo.


Fale sobre as mudanças nas relações de trabalho, no que diz respeito ao voluntariado.
Não existe também uma forma de precarização?
Seria mais correto dizer que é uma forma específica de expressar a precarização. Esse
trabalho indica uma forma nova de precarização do trabalho.


É um sintoma?
Sim, é mais um sintoma do que um elemento detonador de fato. Mas não é um fenômeno
isolado do processo. Existe uma luta dos empresários por reduzir os direitos trabalhistas,
revisando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), diminuindo a licença-maternidade...
Há várias propostas nesse sentido – mesmo que se faça um amplo movimento pelas ações
voluntárias e pela responsabilidade social.
E existe a intensificação do tempo de trabalho, o voluntariado nesses casos gera um
sobretrabalho. O empregado que faz voluntariado faz essas ações fora da sua jornada, em
geral, e nunca é remunerado. Além disso, essas ações se tornam uma poderosa ferramenta
de marketing. Porque quando a empresa precisa fazer uma campanha de marketing, ela
paga profissionais para isso. Mas, quando se utiliza desses mecanismos, o marketing é feito
com custo é zero.

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Entrevista revela origem e impactos do voluntariado no Brasil

  • 1. Entrevista* com André Silva Martins, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Nas últimas décadas tem-se visto um aumento na valorização do voluntariado e a aceitação de que a responsabilidade por determinadas áreas que são, legalmente, deveres do Estado – como educação, saúde e assistência social – deve ser da própria sociedade civil. Como isso começou a acontecer no Brasil? E onde surgiu esse modelo? Esse movimento tem algumas datas-chave. No Brasil, ele começou nos anos 1990, e se intensificou especialmente a partir de 1997 e 1998. Mais tarde, em 2001, foi gerado um grande movimento com a adesão do país à celebração do Ano Internacional do Voluntariado. E os antecedentes vieram dos Estados Unidos, mais precisamente na década de 1960, quando o país registrava uma série de protestos contra a guerra do Vietnã, com um movimento estudantil e pacifista muito organizado e articulado. Isso sinalizou um problema na coesão social do país. O presidente John Kennedy, em 1961, lançou então uma iniciativa chamada ‘Corpo de Paz’. Tratava-se de uma organização que começava a reunir e mobilizar voluntários, especialmente estudantes, para que fosse apreendido um novo sentido de cidadania. O presidente disse algo que ficou famoso: ‘Não pergunte o que o seu país pode fazer por você’. Em seguida, ele completava: ‘Pergunte o que você pode fazer pelo seu país’. Havia, portanto, uma falta de coesão social, e ela precisava ser recuperada. Começou a ser intensificada uma série de ações dirigidas aos estudantes, e essas ações eram articuladas a movimentos pré-existentes, especialmente as organizações religiosas. O trabalho filantrópico, embora com suas particularidades, enriquecia a iniciativa. No Brasil, não há registros desse tipo de movimento antes da década de 1990. Isso começou a partir da Comunidade Solidária, uma instância de poder do governo Fernando Henrique Cardoso. A Comunidade Solidária foi presidida pela primeira dama, Ruth Cardoso, que assumiu a tarefa política de incentivar o crescimento de novas organizações da sociedade civil e estimular a formação de um exército de voluntários no nosso país. Além de atuar no desenvolvimento das políticas sociais focalizadas, as novas organizações da sociedade civil e os voluntários atuariam também como cimentos da coesão social para uma nova cultura cívica. Podemos dizer – é uma idéia que eu tenho defendido e que tem sido bem aceita – que o voluntariado é a expressão da nova cidadania. O que isso significa? Uma nova forma de participação em relação às questões sociais. Mas a tentativa de recuperar o espírito cívico vem com um elemento fundador: apagar qualquer perspectiva de organização a partir da consciência classe e de projetos contra-hegemônicos. O fenômeno do voluntariado procura difundir que todos se tornaram iguais, que não existem mais * Realizada por Raquel Torres em 09/06/2009
  • 2. antagonismos, somente diferenças que podem ser resolvidas pela colaboração de todos em prol do bem-comum. E isso, de fato, fortalece um redimensionamento do papel do Estado na sociedade. Mas pergunto: quem mais ganha com a conciliação entre os que são historicamente dominados e os dominantes? Será que um assalariado tem os mesmos interesses e necessidades de vida que um empresário? Retomando, para se estabelecer a coesão social, as organizações não-governamentais (ONGs) assumem um papel importante como parceiras do Estado e os voluntários passam a ter um papel decisivo nesse processo. Os voluntários passam a dar conta de assistência, educação, saúde, cultura, atuando como parceiros ou como agentes da nova sociabilidade. Portanto, pode-se dizer que há duas faces desse movimento: a necessidade de construir uma nova cidadania, um espírito cívico, que sustentem o novo papel do Estado nas questões sociais. Fale sobre a relação entre o trabalho voluntário e as empresas privadas, que têm investido no conceito de responsabilidade social, incentivado o voluntariado e inclusive adotado programas de voluntariado. O Bradesco, por exemplo, tem o Bradesco Voluntários, o Itaú também tem. O que isso significa? Não há apenas bancos envolvidos nesses projetos. Empresas do setor industrial também vêm atuando cada vez mais no incentivo a programas de voluntariado. De alguma forma, nos anos 2000, o voluntariado se tornou critério de empregabilidade. Como assim? O empregador passa a valorizar especialmente quem tem experiência nesse tipo de atuação política. O voluntariado tem um papel importante na viabilização dos projetos criados pela ideologia da responsabilidade social, algo que sinaliza a intervenção dos empresários nas questões sociais. Os trabalhadores, agora voluntários, são vistos como colaboradores das empresas, e as empresas organizam cursos de formação, campanhas para que o trabalhador se torne um colaborador nas questões sociais e no próprio processo de produção. Isso confirma a redefinição do papel do Estado nas questões sociais e conforma um novo tipo de trabalhador e uma nova relação entre capital e trabalho. Os trabalhadores deixam de se organizar sindicalmente, mudam sua consciência política coletiva, e passam a se organizar em torno do voluntariado. O trabalhador começa a ver a realidade acriticamente e se torna um colaborador. Isso também está ligado a um processo de reestruturação produtiva: o trabalhador tem que ser polivalente, flexível, adaptar-se e dispor-se a atuar em diferentes setores. Tomemos como exemplo um coral de empresa. O empregado dedica horas além da sua jornada para o coral. Ele ensaia e se apresenta em orfanatos, hospitais, levando sempre a marca da empresa. E, assim, a empresa dá visibilidade a uma ação nova. O que as empresas procuram demonstrar com isso é: ‘Não estamos preocupadas apenas com o lucro. Estamos preocupadas com as pessoas e com a sociedade’.
  • 3. Até 1995, falava-se em filantropia empresarial. A partir da Comunidade Solidária, os empresários perceberam que o que estava sendo proposto era muito mais que filantropia. A partir daí, adotaram o nome responsabilidade social, que é também uma forma de sinalizar como as pessoas devem se organizar e qual o papel que o Estado deve ter. Também localizamos esse movimento nos Estados Unidos, nos anos 1960. Lá, ao mesmo tempo em que a juventudes protestava contra guerras, contra a destruição ambiental, ela denunciava as empresas que haviam lucrado com a guerra. Então, houve um movimento forte por parte dessas empresas, procurando dizer: ‘se tivemos lucro, temos responsabilidade por coisas boas por aqui’. A preocupação era investir em áreas sociais e mostrar que o lucro recebido com a guerra, com as mortes, estava sendo, em parte, revertido em programas sociais no país. Essas empresas se reuniram para dar forma a isso, ganharam força e alavancaram de vez no fim dos anos 1980. Existem exemplos de ação voluntária hoje que esteja ligada à busca por novos projetos de sociedade? Essa é uma expressão nova da conformação social. Não se trata de consciência política elevada. É apenas a manutenção das relações sociais, do status quo. Não vejo exemplos que mostrem ação voluntária a partir da mobilização. Não se pode confundir voluntariado com militância política. São fenômenos distintos na forma e no conteúdo. Fale sobre as mudanças nas relações de trabalho, no que diz respeito ao voluntariado. Não existe também uma forma de precarização? Seria mais correto dizer que é uma forma específica de expressar a precarização. Esse trabalho indica uma forma nova de precarização do trabalho. É um sintoma? Sim, é mais um sintoma do que um elemento detonador de fato. Mas não é um fenômeno isolado do processo. Existe uma luta dos empresários por reduzir os direitos trabalhistas, revisando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), diminuindo a licença-maternidade... Há várias propostas nesse sentido – mesmo que se faça um amplo movimento pelas ações voluntárias e pela responsabilidade social. E existe a intensificação do tempo de trabalho, o voluntariado nesses casos gera um sobretrabalho. O empregado que faz voluntariado faz essas ações fora da sua jornada, em geral, e nunca é remunerado. Além disso, essas ações se tornam uma poderosa ferramenta de marketing. Porque quando a empresa precisa fazer uma campanha de marketing, ela paga profissionais para isso. Mas, quando se utiliza desses mecanismos, o marketing é feito com custo é zero.