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Sobre o silusba e a respectia história prof. betâmio de almeida
1. DEPOIMENTO SOBRE O SILUSBA E A RESPECTIVA HISTÓRIA
A. Betâmio de Almeida /Novembro de 2010
Em 2011 vai realizar-se a 10.ª edição do Simpósio de Hidráulica e Recursos
Hídricos dos Países de Língua Portuguesa (SILUSBA) que é organizado pela
APRH e por Associações congéneres do espaço lusófono.
É com muito gosto que me associo à comemoração especial relativa a este
acontecimento. Declaro, desde já, que a minha posição não é neutra ou de
mera amabilidade. Está “contaminada” por memórias muito gratificantes e pelo
sentimento de ter tido o privilégio de estar na origem desta série de simpósios e
de ter participado activamente na organização de um número significativo de
edições (oito).
O SILUSBA é o herdeiro do Simpósio Luso-Brasileiro ou SILUSB cuja primeira
edição ocorreu no Brasil, em Novembro de 1983, na cidade de Blumenau. Em
1994, a APRH e a ABRH organizaram a primeira edição do SILUSBA, que
coincidiu com o 6.º SILUSB. Alargou-se, assim, o universo de participantes e
de intervenção, mantendo, contudo, os principais objectivos definidos
anteriormente.
Circunstâncias fortuitas estiveram na origem do SILUSB: numa visita em 1982
a centros de investigação e universidades brasileiras proporcionou-se a
realização de uma reunião informal no COPPE, na Universidade Federal do Rio
de Janeiro, com um grupo restrito de (“jovens”) professores de Hidráulica e
Recursos Hídricos. À época, em Portugal e no Brasil, abria-se um novo ciclo de
desenvolvimento científico: a investigação e a pós-graduação nacionais
começavam a estruturar-se e a afastarem-se de uma grande dependência
externa para a formação especializada. A esta constatação, e ao entusiarmo
por uma afirmação de identidade, juntava-se o florescimento da modelação
matemática e computacional baseada em conceitos consistentes e capaz de
constituir um apoio poderoso e eficaz à engenharia.
Todos, naquela reunião, estavam empenhados, nos respectivos domínios de
especialização, na utilização e divulgação de técnicas de modelação
matemática e queríamos contribuir para o desenvolvimento das mesmas. A
visão estratégica partilhada era a seguinte: 1 – os países de língua portuguesa
reuniam condições para o desenvolvimento de conhecimentos científicos
avançados; 2 – os técnicos nacionais deviam participar na resolução dos
problemas colocados pela sociedade com tecnologias apropriadas; 3 – o laço
transatlântico devia ser estabelecido a partir da base, da colaboração entre
técnicos e investigadores, num processo que integrasse, de forma eficaz, o
intercâmbio de ideias e o relacionamento pessoal.
O acordo foi selado. Um Simpósio Luso-Brasileiro poderia ser o primeiro passo:
O Paulo Canedo e o Rui Vieira junto da ABRH e eu junto da APRH
defenderíamos esta proposta. O resultado pode agora ser celebrado: as
direcções das duas associações apoiaram, incentivaram e têm mantido esta
iniciativa que foi posteriormente alargada aos restantes países lusófonos.
2. Significativamente, a designação do 1.º SILUSB foi a de “Simpósio Luso-
Brasileiro sobre Simulação e Modelação em Hidráulica e Recursos Hídricos”
assinalando, assim, a preocupação dominante dos proponentes. Nas edições
posteriores, a temática foi convenientemente alargada de modo a incluir os
aspectos considerados mais relevantes e que, simultaneamente, pudessem
cativar mais os participantes. O enfoque foi passando do estrito intercâmbio
técnico-científico para a inclusão da promoção de serviços e da vertente
comercial sem esquecer a cooperação institucional.
A meu ver, o sucesso do SILUSBA é o resultado do empenho, preserverança e
bom senso das sucessivas direcções e colaboradores das associações
organizadoras, que souberam garantir patrocínios e qualidade, e do esforço
das equipas responsáveis pela organização de cada evento que foram
inovando e consolidando a estrutura operacional. Desde a angariação de
apoios até à preparação dos programas técnicos e lúdicos encontrei sempre
entusiasmo e dedicação aos ideais estratégicos do Simpósio. Sem querer
diminuir o mérito de outras edições, permitam-me que recorde o 3.º SILUSBA,
realizado em 1997 na cidade de Maputo, em Moçambique, o qual mereceu o
alto patrocínio do Presidente da República Portuguesa e o apoio activo e
criativo de colegas e autoridades moçambicanas com um elevado número de
participantes entusiasmados. Este SILUSBA ainda é, volvidos 13 anos,
recordado por muitos de uma forma muito positiva e carinhosa.
O segredo do sucesso, contudo, transcende a boa organização e a escolha dos
temas. É o resultado da possibilidade de deslocação e do encontro de falantes
da masma língua, com interesses comuns, afastados geograficamente mas
com uma grande capacidade de atracção. Tenho a convicção que o SILUSBA
já foi “responsável” por muitas novas parcerias e amizades. Discutir assuntos
controversos, estabelecer acordos ou opinar na língua comum constitui um
acto cultural e social com retorno garantido e que muito nos conforta. Neste
contexto, faço votos que a cooperação nos domínios da Hidráulica e dos
Recursos Hídricos, entre os países de língua portuguesa, se fortaleça nas
vertentes académica, institucional e comercial. A título de exemplo feliz, neste
ano de 2010, permitam-me que refira o início do primeiro curso do Mestrado
em Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Eduardo Mondlane, de
Maputo em cooperação com o Instituto Superior Técnico, de Lisboa. Seria bom
que mais iniciativas equivalentes, envolvendo estes e outros países, tivessem
lugar em 2011!
Desejo um grande sucesso ao 10,º SILUSBA como instrumento eficaz face aos
desafios das mudanças e à necessidade de responder aos mesmos, no vasto
território dos países lusófonos, e oportunidade para melhorar o bem estar dos
povos desses países.
Lisboa, Novembro de 2010
A. Betâmio de Almeida
Professor Emérito (UTL/IST)