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Ano 14, Nº 3
Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação
Social da Universidade Católica de Brasília
Distribuição Gratuita
Brasília, maio 2013
Foto:SamitaBarbosa
Igrejas inclusivas
Jornal - Laboratório - UCB
Pág. 12 e 13
Comunidade LGBT XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
RISCOS
Eclâmpsia é a principal causa de
morte entre gestantes no país
Pág. 15
LAZER
Veja o raio x da situação dos principais
parques do Distrito Federal
Pág. 05
TRABALHO
Comércio emprega 20% dos trabalhadores da
cidade diz pesquisa da Codeplan
Pág. 04
2
OPINIÃO
EDITORIAL
EXPEDIENTE
O fazer jornalístico vai além do diplo-
ma. A preocupação em apurar a notícia,
escrevê-la de forma ética e acessível aos
leitores é justamente o que aprendemos
em um curso de quatro anos que nos
torna bacharéis em Comunicação e ha-
bilitados em Jornalismo. Durante oito
semestres, convivemos com professores
e profissionais que nos incentivam a in-
terpretar e traduzir a informação. Um
processo construído coletivamente, que
é fruto de percepções sobre assuntos
que devem se tornar públicos, discutidos
na reunião de pauta e finalizados com a
matéria publicada no jornal.	
Criamos,recriamos,escrevemos e rees-
crevemos. Contudo, nem sempre acerta-
mos.A intenção de trazer ao Artefato
um tema como o acesso de crianças com
transtorno do espectro autista às classes
regulares do ensino fundamental é justifi-
cada pela relevância da chamada inclusão.
Apesar do zelo na construção do tex-
to, ferimos o Estatuto da Criança e do
Adolescente na matéria Modelo de inclu-
são ao não preservar e zelar pela priva-
cidade de nossos pequenos personagens.
Reconhecemos o equívoco e nos descul-
pamos publicamente, reforçando a pro-
posta do jornal de agendar nossos leitores
para temas importantes, mas dentro de
uma perspectiva coerente com os precei-
tos éticos.O Artefato,enquanto exercí-
cio laboratorial,pensa e repensa cotidiana-
mente suas práticas e nosso papel como
futuros jornalistas.Talvez esse seja o maior
diferencial de um jornal que quer evitar
erros, mas que, quando eles acontecem,
reconhece e se retrata.É essa a importân-
cia da formação universitária.
Aprender com os próprios erros
Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social
da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 3, maio de 2013
Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola
Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto
Professores responsáveis: Karina Gomes Barbosa e Fernanda Vasques
Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo
Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense
Editores-chefe: Anna Cléa Maduro e Michelle Brito
Editores de fotografia: Mariana Lima e Samita Barbosa
Editores de web: Renata Cardoso e Victor Araújo
Editores de arte: Felipe Carvalho e Percy Souza
Editores de texto: Lane Barreto, Luana Lopes, Maria Rita Almeida,
Raiane Samara, Rayanne Alves e Samuel Paz
Repórteres: Altieres Losan, Ana Carolina Alves, Ana Paula Viana, Anna Cléa Maduro, Carlos Ribeiro,
Dayane Oliveira, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Flávia Sousa, Heloise Meneses, Henrique Carmo,
Jéssica Antunes, Júnior Assis, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara
Viana, Percy Souza, Quéssia Maia, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Robson Abreu, Lane
Barreto, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thyago Santos,
Walquíria Reise e Yale Duarte
Subeditores de fotografia: Adriano Lima, Juliana Procópio
Checadores: Carlos Ribeiro, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Quéssia Maia, Robson Abreu e Thyago Santos
Diagramadores: Altieres Losan, Enaile Nunes, Felipe Carvalho, Herinque Carmo, Jéssica Antunes, Júnior
Assis e Samanta Lima
Fotógrafos: Adriana Braga, Alessandro Alves, Allan Viríssimo, Carlos Ribeiro, Jéssica Lilia, Jussara Rodri-
gues, Lucas Batista, Luma Soares, Priscila Suares, Raíssa Merielle, Renata de Paula e Sued Viera
Tiragem: 2 mil exemplares
Impressão: Gráfica Saturno
Universidade Católica de Brasília
EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF
CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237
Jornal - Laboratório - UCB
facebook.com/artefato.ucb
artefato@ucb.br@
Edições anteriores:
http://issuu.com/jornalartefato
Ilustração: Henrique Carmo
Leve derrapada
>> Samuel Paz
Proteger os policiais militares do
Distrito Federal em dias de chuva é
algo justo e necessário. Não só para
evitar que se molhem, mas também
para torná-los visíveis e evitar aciden-
tes. Mas precisava planejar a compra
das benditas capas justo para os me-
ses de seca? Ou ainda:precisava com-
prar 17 mil unidades para um efetivo
de 15 mil policiais? O governador
Agnelo Queiroz disse que a licitação
se justifica porque os equipamentos
têm grande durabilidade.
No fim das contas, o argumen-
to foi reforçado por uma auditoria
da Secretaria de Transparência e
Controle do DF. Concluiu-se que,
houve falhas na pré-cotação de
preços, fase que determina o valor
médio do produto e norteia as ne-
gociações. Uma das empresas pro-
curadas cobrou muito mais do que
as concorrentes (R$ 480 cada, con-
tra R$ 150 em compra feita pelos
bombeiros de Pernambuco) e elevou
o valor de referência. Contudo, não
houve irregularidades.
Pode até ser que tudo tenha sido
feito de acordo com a lei, mas um
dedinho de imoralidade, aí tem.
Tentaram enfiar as capas no pacote
de investimentos para as copas das
Confederações e do Mundo de fu-
tebol – que acontecerão no auge da
seca.Quiseram se aproveitar do regi-
me especial de compras para os tor-
neios, pular etapas, agilizar as coisas.
O bom e velho jeitinho.
O governador aquaplanou um pou-
co quando defendeu a compra, mas
logo recuperou o controle. Quem
mais sofreu com a tempestade po-
lítica foi o coronel Suamy Santana,
afastado do cargo de comandante da
Polícia Militar. Enquanto isso, homens
e mulheres da PM seguem engasga-
dos com o ar seco de Brasília e as
trapalhadas dos patrões.
3
DEMOCRACIA
A lei agora é anunciar o voto
Campanha nacional mobiliza parlamentares e cidadãos na luta pela transparência em todo o país
POLÍTICA
>> Anna Cléa Maduro
Renata Cardoso
Ciro e a colegaAmanda participam de todas as manifestações políticas na capital federal
No mês de abril, deputados dis-
tritais lançaram uma campanha
para garantir a votação aberta em to-
dos os estados brasileiros e na capital
federal.A mobilização pretende asse-
gurar que a Câmara dos Deputados,
Senado Federal e demais instâncias
públicas do país sejam transparentes
na prestação de contas à população.
Ou seja, todas as pessoas terão aces-
so às decisões dos parlamentares so-
bre qualquer emenda, lei ou determi-
nação política.
A ideia de acabar com o voto secre-
to não é nova. A iniciativa surgiu em
2006 com a Emenda à Lei Orgânica
do DF 47/2006 do deputado distrital
Chico Leite (PT). O projeto garan-
tiu que todas as determinações da
Câmara Legislativa do Distrito Federal
passassem a ser abertas.“Aqui conse-
guimos um avanço que precisamos
levar a todo o Poder Legislativo bra-
sileiro. É preciso que haja o fim desse
tipo de voto,pois o sigilo no processo
de votações é uma das características
mais prejudiciais à democracia”,expli-
ca o distrital.
Agora a intenção é ampliar o pro-
cesso de votação transparente com a
Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 20/2013, de autoria do sena-
dor Paulo Paim (PT-RS). Caso seja
aprovada, todos os votos realizados
no Congresso, assembleias legislati-
vas e câmaras de vereadores do país
deverão ser declarados.“O voto se-
creto é um incentivo à corrupção”,
enfatizou o senador durante a cam-
panha pela aprovação da PEC. Para
Paim,“é um absurdo o voto secreto
do homem público em um Estado
democrático de Direito. Assim, a
sociedade não sabe como cada de-
putado vota num afastamento de
parlamentar, no impeachment de um
presidente ou até mesmo num veto.
Não dá para aceitar”, acrescentou.
Além dos parlamentares
Paralelamente à mobilização dos
senadores e deputados, a população
também tem se manifestado a favor
da transparência nas votações. Uma
petição feita no site Avaaz.org, no dia
10 de abril, já alcançou mais de 300
mil assinaturas. Intitulado “Voto Aberto
Já!”, o documento informa: É hora de
acabar com a votação secreta que é
um verdadeiro cheque em branco para
os políticos. Assine essa petição agora
e compartilhe com todos. Quando al-
cançarmos 500 mil assinaturas, entre-
garemos a petição diretamente ao pre-
sidente da Comissão de Constituição e
Justiça. O estudante da Universidade
de Brasília (UnB) Ciro Rockert dos
Santos foi um dos primeiros a regis-
trar a opinião no documento on-line.
Para ele, ações como essas são es-
senciais para garantir mudanças no
cenário político brasileiro.“O povo é
soberano. Quando ele se organiza e
forma movimentos sociais, tem mais
força, voz e assim poderá ser ouvido
com maior clareza, atenção e res-
peito. O voto secreto impede de sa-
bermos quais foram os políticos que
votaram contra ou a favor de alguma
lei ou emenda”, lembra o estudante.
O professor da UnB Leonardo
Barreto confirma a importância da
participação popular e reconhece a
necessidade de movimentos a partir
de forças exteriores ao Congresso.
“O voto secreto é um instrumento
de camuflagem do parlamentar, pois
serve para esconder seu posiciona-
mento, seja do eleitor ou do gover-
no. Dificilmente ele abrirá mão des-
se instrumento de forma voluntária,
então se não for por meio de pres-
são popular, não acontecerá”, escla-
rece o especialista.
Mas nem todos os cidadãos são a
favor de os parlamentares compar-
tilharem todas as decisões com a
sociedade. Na opinião do estudante
de Direito da Universidade Católica
de Brasília (UCB) Victor Rodrigues,
deve ser mantido o voto secreto na
apreciação dos vetos presidenciais,
já que se trata da fiscalização que o
Poder Legislativo tem sobre o Poder
Executivo. Para ele, “o voto secreto
nesse caso é importante para man-
ter o equilíbrio entre as instituições
e a liberdade de consciência dos le-
gisladores sobre determinadas leis,
além de evitar pressões e chanta-
gens do governo sobre os parlamen-
tares”, destaca.
Todos contra um
A busca pelo fim do voto secreto
não se limita à PEC 20/2013.Em 2011,
deputados de diversos partidos cria-
ram a Frente Parlamentar em Defesa
doVoto Aberto com o mesmo objeti-
vo: pressionar o Legislativo e garantir
a aprovação das votações abertas em
diversos contextos.Existem PECs,por
exemplo,que pregam o fim do sigilo de
voto em caso de cassação, decretação
de perda de mandato de parlamentar,
aprovação ou exoneração de autori-
dades.
A Proposta de Emenda à
Constituição mais antiga sobre o
tema é de 2001, apresentada pelo
ex-deputado e ex-governador de
São Paulo,LuizAntonio Fleury (PTB).
Em 2006,ela foi aprovada em primei-
ro turno pela Câmara e até hoje não
voltou à pauta. Além disso, outras
duas PECs aprovadas pela Comissão
de Constituição e Justiça do Senado
(CCJ) em 2010 seguem sem decisão
final até hoje.
Foto:JéssicaLília
Ilustração: Henrique Carmo
4
TRABALHOECONOMIA
Oditado popular diz que“o traba-
lho enobrece e dignifica o ho-
mem”, mas não é apenas isso: ele mo-
vimenta a economia e gera renda para
milharesdefamílias.NoDistritoFederal,
segundo dados da Companhia de
Desenvolvimento do Planalto Central
(Codeplan), existem atualmente 1,25
milhões de trabalhadores. Para conhe-
cer um pouco mais sobre essas pessoas,
o Artefato foi às ruas e conversou
com gente que trabalha na lavoura, na
correria de um shopping ou em meio à
papelada de um órgão público.
Catarino Luiz de Lima, 52, ou ape-
nas Luizinho - como ele prefere ser
chamado,nasceu na cidade mineira de
Araxá. Aos 12 anos mudou-se com os
pais e dois irmãos para uma chácara
na área rural de Brazlândia. Nesse pe-
daço de terra medindo cerca de 800
metros quadrados, Luizinho aprendeu
a plantar feijão, mandioca e milho. É
dessa forma que o agricultor mineiro
ganha a vida.
De acordo com o IBGE,assim como
Luizinho, outras 22 mil pessoas ga-
nham a vida nas lavouras do DF. “Fui
ensinado desde menino que a terra
pode ser uma ótima fonte de sustento.
Levo isso para toda vida e ensino para
o meus filhos”,afirma.
Porém, a vida de agricultor também
tem seus problemas. Luizinho recla-
ma da grande quantidade de roubos a
chácaras, que vem ocorrendo na loca-
lidade.“Os bandidos gostam muito de
roubar o maquinário usado no plantio
.Volta e meia fico sabendo de um vizi-
nho que teve o lote invadido”,relata.
Em meio a betoneiras, tijolos e ci-
mento, o servente de pedreiro Cássio
Araújo,25,tira uma pausa para apreciar
a marmita do dia. No cardápio: arroz,
feijão carioca, carne de porco frita e
chuchu refogado.“O almoço é a hora
do dia mais esperada por um peão
de obra”, brinca. O jovem morador
de Ceilândia começou a trabalhar
em obras aos 16 anos e, hoje, é uma
das 79 mil pessoas que trabalham na
construção civil aqui no DF, segundo
informações da Codeplan.“Ajudei um
vizinho a erguer um muro e gostei do
serviço, desde então vi que tinha jeito
pra esse tipo de trabalho”,conta.
Araújo recebe cerca de R$ 600,
além de cesta básica e vale-transporte.
Entretanto o rapaz revela que sonha
com salários melhores, mas a falta de
estudos atrapalha.“Estudei só até a oi-
tava série e tudo que sei sobre cons-
trução eu aprendi na prática.Hoje em
dia até para ser mestre de obras é
preciso ter o segundo grau”,desabafa.
Para o engenheiro civil Celso Bartes
a falta de qualificação é uma questão
que afeta tanto empregadores como
empregados “As construtoras ofere-
cem bons salários e benefícios,porém
é preciso que o trabalhador se quali-
fique. Não basta saber rebocar bem
uma parede, é preciso ter uma noção
geral da obra”,explica.
Memorandos e vitrines
Brasília possui atualmente 199 mil
servidores públicos distribuídos en-
tre os governos local e federal, se-
gundo dados da Pesquisa Emprego
e Desemprego (PED), realizada em
março. Sandra Bueno, 32, funcionária
da Secretaria de Cultura do DF há
oito anos,conta que buscou o serviço
público não apenas pela estabilidade:
“Queria um emprego que pagasse o
suficiente pra eu bancar a minha facul-
dade e também que oferecesse uma
carga horária de trabalho flexível”.
Além disso, a servidora acredita
que o trabalho em um órgão público
não é sinônimo de monotonia.“Tudo
depende da forma como você enca-
ra as suas tarefas e as demandas que
surgem.Eu trabalho em um setor que
lida diretamente com artistas da cida-
de,então cada dia é uma nova história,
um novo aprendizado”,relata.
Quem trabalha no comércio repre-
senta 20% do número de trabalhado-
res do DF, o que corresponde a 246
mil pessoas, de acordo com os dados
da PED. Esses comerciários estão dis-
tribuídos em centros comerciais,lojas
de rua e feiras .“O grande diferencial
do comércio em relação aos demais
setores da economia está na diversi-
ficação dos locais de trabalho e dos
produtos oferecidos, o que resulta
também em um profissional mais ver-
sátil e antenado com as tendências”,
explica o economista Jorge Macedo.
A vendedora Débora Martins, 22,
trabalha numa loja de roupas mascu-
lina em um shopping na Asa Norte há
oito meses.A jovem conta que traba-
lhar no comércio é cansativo, apesar
disso,ela elogia o trabalho.“Tem muito
cliente mal educado,às vezes dá vonta-
de de largar tudo e sair correndo,mas
em compensação o comércio faz com
que conheçamos pessoas diferentes a
cada dia, além de oferecer uma varie-
dade de atividades”,comenta.
Novo cenário
Para o economista Leon
Nascimento, a economia do Distrito
Federal se diversificou nos últimos
anos e o setor privado ganhou espa-
ço. “Nos últimos 20 anos o número
de estabelecimentos comerciais tri-
plicou. Até mesmo a indústria, mes-
mo que em pequenos índices, vem
aumentado a participação no merca-
do, e isso ajuda dar equilíbrio na eco-
nomia, pois não ocorre uma grande
dependência de apenas um setor”,
explica.
O especialista completa e afirma
que o crescimento da iniciativa pri-
vada tem outro forte papel no setor
econômico:“O comércio, a constru-
ção civil e o setor de serviços têm
como função absorver boa parte da
mão de obra de uma cidade. Não
podemos ter uma economia de-
pendente apenas de um única ativi-
dade, como o serviço público, por
exemplo”, comenta.
Quem são os trabalhadores da capital?
Homens e mulheres que trabalham no comércio, na construção civil e na agricultura contam suas
experiências nas áreas que mais empregam no Distrito Federal
>> Percy Souza
Ilustração:HenriqueCarmo
5
CIDADESLAZER
Procuram-se
parques de verdade
No DF, a maior parte deles está apenas no
papel e aguarda construção de estrutura física
CIDADES
Quem procura uma área de lazer
com árvores, pista para cami-
nhadas e ciclismo, recreação para
crianças e aparelhos de ginástica,
deveria encontrar esta estrutura
nos 72 parques administrados pelo
Instituto Brasília Ambiental (Ibram)
distribuídos na cidade. Mas, a reali-
dade é outra: apenas 14 deles, sob
gestão do órgão,estão em condições
básicas de funcionamento. Em igual
situação estão o Parque da Cidade,
no Plano Piloto, e o taguaparque, em
Taguatinga.Porém,são administrados
por suas cidades.
Frequentador do Parque da
Cidade Sarah Kubitschek,o servidor
público Fernando Salgueiro con-
sidera ruim a estrutura básica do
local para os frequentadores.“Ele é
um dos principais do DF e deveria
ser a vitrine da cidade, mas acabou
se tornando numa vitrine trincada e
esquecida”, comenta.
O Parque da Cidade é um dos
principais locais de lazer da Capital.
Além das pistas para caminhadas e
corrida, o lugar dispõe de restau-
rantes, bosques com churrasqueiras,
parques infantis e um centro hípico.
Salgueiro reclama da falta de manu-
tenção e conta que não se arrisca a
usar os banheiros de lá. “A situação
é precária, falta investimento e o po-
der público faz muita propaganda e
toma poucas ações”, afirma.
Verde esperança
A Secretaria de Estado do
Meio Ambiente e Recursos Hídri-
cos do Distrito Federal (Semarh)
iniciou em junho de 2011, nas co-
memorações da Semana do Meio
>> Lane Barreto
Ambiente, o programa Brasí-
lia, Cidade Parque. De acordo
com a Secretaria, o projeto
tem o objetivo de revitalizar
72 parques e 20 unidades de
conservação que existem no
DF. O secretário da Semarh,
Eduardo Brandão, esclarece
que a maior parte desses lo-
cais foram instituídos como
parques, mas só existe no
papel: “Cria-se um decreto
estabelecendo uma poligonal e
nada mais é feito. Muitas pesso-
as acreditam que esses locais são
terrenos baldios”, explica.
O programa utiliza o método
da compensação ambiental para
arrecadar recursos financeiros
para as reformas e manutenção
dos parques e áreas de conser-
vação. “Quando é feita uma obra
que gera impacto ambiental, é co-
brado em torno de 1,5 % do valor
do empreendimento para a cons-
trutora”, explica Brandão. Segun-
do ele, a forma de pagamento pe-
las empreiteiras é definido com a
própria Semarh, e a construtora
pode utilizar os próprios funcio-
nários para a execução da com-
pensação ambiental.
Ainda segundo o secretário,
com a compensação ambiental,
o recurso disponível para manu-
tenção e revitalização dos par-
ques passou de R$ 1,5 milhão
por ano para R$ 100 milhões.
Além disso, existe a vantagem de
não precisar de licitação para a
contratação de empresas para
a reforma, o que torna o pro-
cesso mais rápido.
Parque e clube
O Ibram disponibiliza, atual-
mente, apenas um parque para a
população do Núcleo Bandeirante,
cidade que fica a 13 km de Bra-
sília. O Parque Recreativo do Nú-
cleo Bandeirante está localizado
no cruzamento da Estrada Parque
Núcleo Bandeirante (EPNB) com a
Estrada Parque Indústria e Abaste-
cimento (EPIA). O local já foi um
clube administrado pelo Serviço
Social da Indústria (Sesi).
Apesar de o local aparecer na
lista de parques em funcionamen-
to fornecida pelo Ibram, alguns
moradores da cidade não sabem
que o acesso ao local é gratuito.
“Eu não tinha conhecimento que
era um parque aberto ao público,
sabia da existência do local, mas
fiz a carteirinha e achava que tinha
que pagar para frequentar”, diz o
militar Pedro Henrique Mendonça
que mora no Núcleo há um ano.
Como é um local onde fun-
ciona um parque e um clube ao
mesmo tempo, existe diferença
de dia para visitação do público e
dos associados. O local fica aber-
to à visitações em geral de terça
a sexta, das 07h às 21h. Sábados,
domingos e feriados, o horário de
funcionamento é das 08h30 às 17h;
porém, não é permitida a entrada
da comunidade, apenas dos sócios
do clube.
O parque tem uma grande área
verde, com duas quadras de es-
porte, campo de futebol gramado
e de areia e playground. Para Men-
donça, os finais de semana seriam
os dias em que as pessoas mais
usariam o local. “Nesses dias, eles
cobram uma taxa para entrar e é
fechado ao público. Não sei se isto
está certo ou errado”, critica. Ele
ainda ressalta que encontra o lugar
aberto apenas no meio de semana.
Por meio de nota o Ibram in-
formou ao Artefato que, apesar
de ser o gestor do parque, o terre-
no é do GDF e que a Administra-
ção da cidade autorizou uma ONG
administrar o local. Eles disseram
ainda que já existe uma ação na
justiça para resolver o proble-
ma. Mas que por enquanto, o lo-
cal permanece aberto apenas aos
associados nos fins de semana.
Infográfico: Henrique Carmo
6
Jovens da classe média trabalham menos
OPORTUNIDADECIDADES
Pesquisa da Codeplan aponta diferenças entre pessoas da mesma faixa etária em diferentes cidades
>> Yale Duarte
Pesquisa sobre o perfil dos
jovens brasilienses aponta
diferentes índices na empre-
gabilidade entre a classe mé-
dia e a periferia.Levantamento
realizado pela Companhia
de Planejamento do DF
(Codeplan), divulgado em
2012, revela que pessoas en-
tre 18 e 24 anos que moram
em bairros nobres da capital
trabalham menos. Lago Sul,
Cruzeiro e Plano Piloto apre-
sentam o menor número de
empregados nessa faixa etária.
Em 2009, dados da Pesquisa
Domiciliar Socioeconômica
(PEDS), realizada pela Code-
plan em 15 cidades do DF, en-
tre elas Gama, Brazlândia, Cei-
lândia e Samambaia, aponta-
ram que a população de baixa
renda correspondia a 250 mil
habitantes, sendo 25 mil jo-
vens entre 20 e 24 anos. Desse
total, 38% não trabalham e não es-
tudam. Idade considerada adequada
para ingressar no mercado de tra-
balho, estudar para concursos públi-
cos ou disputar uma boa colocação
dentro de uma empresa são algumas
questões que incomodam quem está
iniciando uma carreira profissional.
Recém-formada em direito,
Dayane Rodrigues, 23, moradora de
Vicente Pires, conta que apenas fez
estágio obrigatório para concluir o
curso de graduação. “O trabalho é
enobrecedor, mas tenho uma con-
dição confortável em que posso es-
colher entre estudar ou trabalhar.
Opto por estudar”. Dayane tenta
ingressar no serviço público desde
que terminou a faculdade e deseja
entrar no mercado de trabalho ape-
nas quando for aprovada.
Sociólogo e professor da
Universidade de Brasília (UnB),
Marcello Barra afirma que a pesqui-
sa realizada pela Codeplan é muito
importante e o que se viu no DF não
é exclusivo da cidade nem do país: é
uma realidade mundial. “O trabalho
é central não só para entender, mas
para construir outro modelo, outro
tipo de sociedade”, comenta. Em
relação às classes de baixa renda,
o sociólogo diz que há uma maior
exploração da força de trabalho.“A
classe burguesa retira mão de obra
do trabalhador e o futuro desses jo-
vens acaba condenando-se à escas-
sez”, conclui Marcello.
Trabalhar ou estudar
Auxiliar de escritório na
Universidade Católica de Brasília,
Maria Isabel da Silva, 16, trabalha há
11 meses na instituição. “Comecei
a trabalhar por incentivo da escola
onde estudo, mas uso o meu salá-
rio para ajudar em casa”, afirma a
estudante.
Alguns jovens se interessam em
começar a vida profissional mais
cedo por serem de famílias de bai-
xa renda, outros apenas pela liber-
dade de ter o próprio dinheiro. A
empresa Serasa Experian, especiali-
zada em divulgar dados a clientes
empresários, disponibilizou no site
uma pesquisa a respeito da classe
média brasileira, que atinge 100 mi-
lhões de pessoas, sendo 32 milhões
jovens que moram no subúrbio.
Desse total, nove milhões são tra-
balhadores de baixa renda.
Rayanne Oliveira Fernandes, 23,
vive essa realidade. Ela começou
a trabalhar aos 17 anos em uma
empresa de decoração de festas
para ajudar a mãe com
as despesas de casa e
pagar a própria faculda-
de. “Eu trabalhava aos
finais de semana porque
ainda fazia o terceiro
ano. Como eu precisa-
va, procurei o meio mais
fácil, que era a empresa
da minha prima”, com-
pleta. Depois desse pe-
ríodo, Rayanne trabalhou
em quatro empresas de
grande porte em Brasília.
Ela conta que após mui-
to esforço iniciou um
curso de graduação em
Ciências Contábeis, mas
não o concluiu. “Ajudava
a pagar contas e com-
prava comida, isso era
bom, mas trabalhar o dia
todo e estudar à noite fi-
cou muito cansativo.Tive
que desistir, já que não tinha ou-
tra opção de emprego”, afirma ela.
A pedagoga Abadia Guimarães
trabalha em uma instituição de
ensino superior em Taguatinga.
Ela conta que o ideal seria que os
jovens da periferia pudessem es-
tudar primeiro. “O certo seria se
preparar para o mercado de tra-
balho, mas sabemos o quanto é di-
fícil. Os estudantes acabam tendo
opções como a marginalidade e o
trabalho. E que venha o trabalho”,
alerta a pedagoga.
Marcello Barra
O que se viu no
DF não é exclusivo da
cidade nem do país: é
uma realidade mundial
Aos 16 anos, Maria Isabel da Silva (à direita) é auxiliar de escritório no período da tarde
Foto: Renata de Paula
7
CONSCIENTIZAÇÃO
Uso da bicicleta no DF cresce entre quem tem mais informação:Apesar do investimento em ciclovias,
para especialistas, governo não tem interesse em campanhas de educação
CIDADES
>> Elza Milhomem 	
Heloíse Meneses
Magrela. Assim muita gente
chama a bicicleta.Veículo leve
que, comparado ao carro ou moto,
não pesa no bolso de quem adere
a um estilo de vida mais saudável
e barato, sem enfrentar trânsito
intenso. Engarrafamentos fizeram
com que os brasilienses aderissem
ao uso da bicicleta.
O teórico e especialista em trân-
sito alemão Hass-Klau foi o cria-
dor do termo Verkehrsberuhigung,
que traduzido para o português
significa Acalmia de Trânsito - mais
conhecido em inglês como Traffic
Calming. Em 1990, ele desenvol-
veu estudos para uma política de
moderação no trânsito. A ideia é
sugerir a redução da velocidade
média dos automóveis nas áreas
edificadas e o estímulo ao tráfego
de pedestres, ao ciclismo, ao trans-
porte público e à renovação urba-
na. Com isso, o sistema cicloviário
fica mais acessível para uma parte
da população que se interessa por
esse novo conceito.
O assessor de imprensa Nelson
Araújo é ciclista há três anos e
acredita que o Estado precisa ter
mais intenção em promover políti-
cas públicas de conscientização no
trânsito para motoristas e ciclistas.
“Assim como foi em Brasília na
época da implantação da faixa de
pedestre, tem de haver campanhas
de conscientização e fiscalização
sempre ativas”, declara.
Há dois anos, Nelson trocou
o ônibus pela bicicleta. Para ele,
a decisão de pedalar se tornou
um estilo de vida. “É divertido,
prazeroso e econômico. Ganho
tempo de locomoção no meu dia-
a-dia e acho que todos deveriam
pensar sobre isso para que aumen-
te a consciência social e ambien-
tal”, destaca.
Segundo o GDF, o Distrito Federal
possui mais de 227 mil bicicletas e
229 km de ciclovias concluídas. Só
em 2012, 150 km de ciclofaixas – sis-
tema criado para ciclistas utilizarem
em domingos e feriados - receberam
investimentos de R$ 16 milhões nas
regiões do Sudoeste, Recanto das
Emas, Santa Maria e Ceilândia.A pre-
visão do governo é ampliar de 229
para 600 km de ciclovias até o fim
de 2014.
O presidente da União de Ciclistas
do Brasil (UCB) Arturo Alcorta ex-
plica que acontece atualmente no
Brasil um rápido crescimento do uso
da bicicleta como meio de transpor-
te por pessoas que têm mais acesso
à informação. Segundo os especialis-
tas Horton, Cox e Rosen, em artigo
científico divulgado pela Mobilize,
o uso da bicicleta na Dinamarca e
Holanda como meio de transporte
é maior por aqueles que possuem
carro.
Para Arturo, não há interesse do
governo em realizar campanhas
educativas. “Nós acreditamos que
apenas com insistência por par-
te dos ciclistas em cima do poder
público é que conseguiremos re-
sultados a curto e médio prazo”,
destaca.
A estudante Flávia Marra vai to-
dos os dias de carro de casa até a
universidade e acredita que muitos
ciclistas não respeitam as regras de
trânsito.“A maioria anda no meio da
pista junto com os carros, atravessa
a faixa de pedestres sem descer da
bicicleta e muitas vezes não dá o si-
nal de vida”, reclama.
Já Uirá Lourenço, ciclista há 10
anos, acredita que para melhorar o
trânsito é necessário fugir da lógica
rodoviarista (sistema apenas para au-
tomóveis) de transporte:“Concedem
cada vez mais espaço para o automó-
vel ampliando vias e estacionamen-
tos, mas é necessário lembrar-se da
lógica humana da mobilidade saudá-
vel, que investe fortemente nos mo-
dos alternativos e não motorizados
de transporte”.
Uirá pedala desde a época da uni-
versidade. Hoje, a família usa a bici-
cleta para se locomover.“Foi natural
passar a cultura da bicicleta a minha
mulher e aos meus filhos. Eles sabem
da importância da pedalada, da pra-
ticidade e dos benefí-
cios à saúde para nós
e para os outros”, diz.
Pedalando fora
De acordo com
a UCB, capitais eu-
ropeias têm inves-
tido com sucesso
no transporte por
bicicleta. Amsterdã
e Copenhague os-
tentam índices de
mais de 30% dos des-
locamentos para o
trabalho feitos pela
magrela. Segundo
Uirá, no Brasil são
necessários trajetos
contínuos integrados
ao transporte coleti-
vo e vagas seguras e
confortáveis para o
estacionamento de
bicicletas. “Isso inclui
sinalização, educa-
ção, fiscalização entre
outras medidas, como moderação
de tráfego”, afirma.
“Infelizmente, os governos na
esfera local e federal não têm in-
vestido na necessária mudança de
pensamento. Além de construir in-
fraestrutura (ciclovia, por exemplo),
é preciso mudar progressivamente
os costumes, passar a valorizar os
modos coletivos e saudáveis de lo-
comoção”, pondera Uirá.
Procurado pelo Artefato,
o Comitê Gestor da Política
de Mobilidade Urbana por
Bicicletas, órgão do governo res-
ponsável por assuntos estraté-
gicos relacionados a acessibili-
dade, não quis se posicionar.
Até 2014, ciclovias serão ampliadas para 600km
Foto:SuedVieira
Mais alguns quilômetros e força no pedal
8
Acabou a luz
APAGÃOCIDADES
Implantação de novas linhas energéticas é uma solução para quedas de energia
frequentes em Brasília, porém apenas 10% das obras estão concluídas
>> Henrique Carmo
Na capital do Brasil, em plena pre-
paração para os grandes even-
tos de 2014 e 2016, problemas com
energia elétrica estão cada vez mais
frequentes. Para tentar minimizar o
problema, a Companhia Energética de
Brasília (CEB), junto com o Governo
do Distrito Federal colocou em anda-
mento a implantação linhas de distri-
buição de energia.
Três linhas de alta tensão já foram
entregues em Santa Maria, Riacho
Fundo, (atenderá a Hípica e o Setor
de Embaixadas Sul) e Sudoeste que
levará energia ao Estádio Nacional.
A CEB fará 11 investimentos,
entre linhas de distribuição e novas
subestações, que fazem parte de um
pacote de obras estabelecido em
conjunto com a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) para a
realização dos jogos de 2014.
Segundo a companhia, nem
todas as obras são necessariamente
para o Estádio. A maior parte vai
reforçar a energia do DF. Segundo
um relatório emitido pela Aneel em
fevereiro deste ano, A CEB tem
apenas 10% das obras concluídas.
Das 11 obras prioritárias, uma está
concluída e cinco estão atrasadas.
Para oito obras, a CEB propôs novo
prazo de conclusão.
Apagões
A CEB afirma que o último grande
apagão aconteceu em outubro do
ano passado,porém pequenas quedas
de energia vêm trazendo alguns
transtornos. Na última tempestade
ocorrida em abril deste ano, um dos
prejudicados foi a equipe da rádio
Ativa-FM, em Samambaia. Segundo
Rener Lopez, um dos locutores da
emissora, foram perdidos quase
todos os equipamentos. Rener
diz que o prejuízo não ficou só
nos equipamentos. A rádio está
fora do ar desde então, perdendo
anunciantes e patrocinadores. A
equipe da rádio já entrou com o
pedido de ressarcimento de danos
junto à companhia, o locutor não
soube informar o valor do prejuízo.
Para fazer o pedido é preciso
entrar no site da CEB ou retirar o
formulário em umas das agências
da empresa. No documento devem
ser informadas inclusive a data e a
hora em que o ocorreu a queima
do aparelho. Devem também estar
anexados ao pedido ao menos três
orçamentos, que servirão de base
para a companhia ressarcir o prejuízo.
O prazo para receber a indenização
pode chegar a até 45 dias.
Os prejuízos com a falta de energia
também afetam os sinais de trânsito
da cidade, causando transtornos
nas pistas da capital. No começo
do mês de abril, um apagão na Asa
Norte mobilizou o Detran para
monitorar os cruzamentos da W3
Norte, porque semáforos ficaram
desligados por toda a manhã e no
início da tarde.A CEB informou que
o fato foi causado por alagamento
em uma subestação próxima, que
fornece a energia local.
Os problemas
Por meio de nota ao Artefato,a
CEB aponta como um dos problemas
a arborização da cidade. Segundo
a companhia, galhos frequente-
mente se encostam às redes, o que
causa o desligamento. A empresa
tem um programa de podas,
porém não consegue atender a de-
manda. Um transbordamento na
rede esgoto causou a inundação
do transformador no Núcleo
Bandeirante,o que causou uma queda
de energia na região. A companhia
afirma que a maioria dos casos de
falta de energia foge de seu alcance
por se tratar de fatores externos.
A empresa afirma que passou
cerca dez anos sem investimentos
necessários para acompanhar a
demanda crescente do DF. O sistema
ficou sobrecarregado, informa.
Somente em 2011 projetos de
melhorias foram retomados. Em
2012 o Governo do Distrito Federal
fez um investimento de R$ 160
milhões na empresa. Em 2011, 2012
e 2013 foram gastos pela CEB quase
meio bilhão de reais em reformas,
ampliações e manutenção do sistema
energético da cidade. Apesar desses
valores, atualmente a companhia é
considerada a terceira pior empresa
do ramo do país, segundo ranking da
Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) divulgado em março. O
ranking faz referência ao desempenho
da companhia em 2012.
Foto: Alessandro Alves
Propaganda no Núcleo Bandeirante garante que a CEB está nos eixos. Empresa pediu mais prazo para oito obras
99
Lúcio Domingues pedalou até Machu Picchu,no
Peru.Percorria cerca de 170km por dia.
VIAGEM
Mochila nas costas e pés na estrada
Em busca de aventuras e cultura, os mochileiros precisam levar coragem nas bagagens
>> Thyago Santos
Viajar para descansar? Nada
disso. Para quem pretende fazer
uma viagem ao estilo “mochilão”,
repousar é improvável. De acordo
com a Sociedade Brasileira da
Aventura (BAS, na sigla em inglês),
mochileiro é a tradução do termo
backpacker, atribuído ao fato de os
viajantes usarem grandes mochilas.
Segundo o BAS,o perfil dessa pessoa
é o de alguém que busca gastar
pouco, ir a lugares inusitados de
maneiras incomuns, ter experiências
raras e crescimento pessoal.
No Brasil, existe um portal
destinado especialmente ao
mochileiro. A jornalista Claudia
Severo de Almeida e o fotógrafo
Silnei Andrade são os idealizadores
e administradores do site, que existe
desde 1999. Segundo a jornalista, o
site nasceu com a necessidade de um
espaço mais dinâmico e interativo
para a troca de informações
entre usuários, que acontecia na
revista eletrônica Mochila Brasil.
“Oferecemos informações para
viajantes,fornecidas por eles mesmos,
além de um espaço de integração
entre os interessados, sobretudo
brasileiros”, afirma Claudia.
Um dos usuários do portal é o
bancário Luzardo Alves. O destino
escolhido por ele foi a Patagônia
chilena, mais precisamente a cidade
de Puerto Natales. A escolha do
destino se deu por meio do site.
“Eles fornecem toda a base, desde
dicas do que levar até sugestões
sobre onde ficar”, aponta o bancário.
A preparação total da viagem que
ele realizou sozinho levou cerca de
três semanas, e a partida aconteceu
em março de 2012. Para chegar
ao destino, Luzardo embarcou em
três aviões, um ônibus e um táxi,
totalizando 24 horas de trajeto. “O
objetivo da viagem era conhecer o
parque ecológico Torres Del Paine.
Como sou apaixonado por fotografia,
não pude deixar de lado a câmera
fotográfica”, conta.
A objetividade e organização são
características de um mochileiro
precavido, e Luzardo se encaixa
perfeitamente nessas duas. Ele conta
que traçou tudo o que faria durante
a viagem:os lugares que iria conhecer,
o que faria e até os horários.“Decidi
a minha rotina, os locais a que queria
ir e quanto tempo gastaria neles.
Cada dia foi planejado. O mochileiro
precisa fazer esse planejamento,e não
pode escapar dele. Orçar os gastos
também é importante”, ressalta.
E não é só Luzardo que passou a
viajar de forma independente.Apesar
de não existirem dados concretos
sobre o aumento de mochileiros,
Claudia Severo acredita que houve
um crescimento considerável desse
tipo de aventureiro. “Se levarmos
em conta os acessos ao site, o
número de blogs pipocando sobre
o assunto e o interesse das pessoas
nas comunidades relacionadas, pode-
se afirmar que sim, aumentou. Mas
não podemos falar em números”,
comenta a jornalista.
Sobre duas rodas
Há quem prefira dispensar os
modos tradicionais de viajar.É o caso
do segurança Lúcio Domingues. Em
junho de 2012, se uniu a três amigos
para ir de bicicleta até Machu Picchu,
no Peru. O trajeto foi planejado
durante três anos. Começou em
Brasília e chegou ao fim após 27 dias.
Pedalando com mais dois amigos
e ajudados por outro em uma
caminhonete, eles seguiram por uma
COMPORTAMENTO
rota que passou por locais como o
Pantanal e a Bolívia.Percorriam cerca
de 170 km por dia. Rapadura diluída
na água e sanduíches eram refeições
constantes. As despesas da viagem,
incluindo alimentação, estadia para
dormir,gasolina e os gastos de todos
os integrantes, totalizaram R$ 10
mil, patrocinados pela seguradora na
qual trabalham.
Durante o trajeto, o único
problema de saúde foi um mal estar
no fígado causado pela mudança
na alimentação. Lúcio levou apenas
alguns casacos na bagagem, mesmo
indo a uma região com baixas
temperaturas. “Às vezes a gente
dormia com a roupa de frio que
usávamos para pedalar, e mesmo
assim ainda sentíamos frio”, lembra.
O segurança conta que conheceu
muitas pessoas e recomenda esse
tipo de experiência.“Acho que quem
puder fazer deve tentar sim. Foi uma
experiência única.Vi muitas coisas e
passei por momentos que vou levar
por toda a vida”, constata.
Como se preparar
para um mochilão?
Pesquise os principais meios de
transporte e valor das hospedagens
Reúna o máximo de informações
sobre o lugar
Crie um roteiro dos locais que irá visitar
Tenha diferentes formas de efetuar
pagamento (dinheiro e cartão)
Conheça minimamente o linguajar do local
Compare preços e economize
o máximo possível
Luzardo Alves conheceu a Patagonia Chilena
em um mochilão que realizou sozinho.
Ilustração:HenriqueCarmo
Fotos: arquivos pessoais
10
MODA
Foto:PriscilaSuares
COMPORTAMENTO
Comprar uma peça ou acessório
daquela grife badalada ou de
um estilista conceituado parece
fora de questão? Pois essa é a
forte aposta do varejo de moda
fast fashion, que, com a estratégia,
permite que os clientes tenham
acesso a produtos de prestígio
com preços mais populares.
No Brasil, a Riachuelo e a C&A
são as principais lojas que investem
nessas linhas exclusivas.A primeira
já lançou peças produzidas por
personalidades da moda como
Cris Barros,Marcelo Sommer,Thaís
Gusmão e a grife Daslu.A segunda,
já firmou parceria com Reinaldo
Lourenço, Glória Coelho, Stella
McCartney e as grifes Santa Lolla
e Maria Filó. Para o produtor de
moda Marcus Barozzi, a intenção
dessascriaçõesétrazeraassinatura,
as cores, a modelagem e o estilo
dessas marcas para um público
novo.“É necessário observar o life
style das pessoas. Essas coleções
aliam o desejo que o consumidor
tem de se aproximar das marcas
com o da loja de promover as
vendas”,afirma.
Um estudo realizado pelo Ibope
Inteligênciaprevêquecadabrasileiro,
neste ano, gastará cerca de R$
800 no setor de vestuário, 18% a
mais que no ano de 2012, quando
a estimativa de valor foi de quase
R$ 700.A pesquisa também aponta
que as classes sociais B e C detêm o
maior poder de consumo:40% cada,
o que representa um total de mais
de R$ 100 bilhões juntas.
Segundo pesquisa feita pela
eCGlobalNet, rede na qual con-
sumidores discutem sobre serviços,
consumo e produtos na internet, a
preferência por comprar em lojas
de departamento foi observada
em 30% dos 2.180 internautas
brasileiros entrevistados. A
variedade de roupas encontradas
nesses locais foi o principal fator
para esse resultado. Essas lojas,
geralmente, trabalham com o fast
fashion (moda rápida, em tradução
literal),ou seja,a produção contínua
e em grande escala de coleções de
roupas diferenciadas em um curto
período de tempo.
O estilista Romildo Nascimento
diz que o diferencial de se criar
uma coleção para lojas fast fashion
é que ambas as partes saem
ganhando. “O estilista tem seu
produto consumido por pessoas
que não tinham acesso à marca e
as lojas levam peças diferenciadas
ao seu cliente”, ressalta. Segundo o
profissional, esse público não busca
somente produtos baratos, mas
também um valor agregado naquilo
que compra e a possibilidade de
exibir status adquirido.
De acordo com a especialista
em design de moda Aline Sanromã,
a procura por produtos em lojas
de departamento realmente tem
crescido nos últimos anos. “Quem
disse que para se vestir bem é
preciso gastar muito? Creio que é
essa a questão que motiva estilistas e
grifes a criarem para as lojas”,afirma.
Ela também diz que é necessário
avaliar a conjuntura econômica do
país.“Mais emprego,melhor renda e
o surgimento da nova classe média
são indicadores importantes porque
o público se torna mais consciente
sobre a moda, mas ainda não tem
total poder aquisitivo para adquirir
peças de grife”,completa.
não vestir tão bem. “Não seja só
um consumidor da moda. Seja um
“antenado”, principalmente, com
a moda que mais se adapta ao
seu corpo, ao seu estilo de vida.
Assim fica mais fácil fazer uma boa
compra, seja de grife ou em fast
fashion”, conclui.
Glamour do fast fashion
Lojas de departamentos investem em coleções exclusivas de grifes
e estilistas famosos para atrair consumidores
>> Ana Carolina Alves
Dayane Oliveira
Mudança rápida de coleções é o
diferencial em lojas fast fashion
De olho nos preços
A Santa Lolla, grife que comercializa sapatos, bolsas e acessórios criou, recentemente, uma coleção
exclusiva para a C&A. Abaixo, está um comparativo de preços entre seus produtos originais e alguns
modelos similares confeccionados especialmente para a loja de fast fashion.
Sapatilha vermelha com tachas douradas
Grife – R$ 199,90
Fast Fashion – R$ 79,90
Sapato preto e estampa animal print
Grife – R$ 309,90
Fast Fashion – R$ 99,90
Bota preta com spikes
Grife – 389, 90
Fast Fashion – 209,90
Bolsa vermelha com detalhes dourados
Grife – 319,90
Fast Fashion – 159,90
A moda é baratear
Por que esses produtos
têm um preço tão inferior
se comparado aos originais?
A diferença está na escolha
dos tecidos e materiais que
são usados para a confecção
das peças. Uma camisa, que
em determinada grife seria
de seda, por exemplo, pode
ser vendida com modelo
similar, mas feita de poliéster.
“O consumidor terá acesso a
um produto com referência
de moda e que talvez não
conseguisse adquirir de
outra forma. Entretanto,
nem sempre com qualidade,
justamente pelos tecidos
e acabamentos utilizados”,
revela Aline Sanromã.
A especialista ainda reforça
que para aproveitar as coleções,
a dica é não comprar tudo o
que se vê pela frente e sim
optar por peças-chave como
casacos e blazers, que têm sido
destaque em muitas linhas
exclusivas. Também lembra
que é importante provar
tudo, pois, quando exposto, o
produto pode ser lindo, mas
11
COMPORTAMENTOCUIDADOR
Profissão: babá de animais
Para quem não tem onde deixar o bicho de estimação na hora
de passear ou trabalhar, o serviço de pet sitter é uma opção>> Nayara Viana
Walquíria Reis
Donos de bichos que não encon-
tram a possibilidade de levar o
animal na viagem ou passeio, podem
ter dúvidas sobre onde e com quem
deixá-lo. Para solucionar o problema,
surgiu uma nova profissão - pet sit-
ter - profissional que oferece serviço
domiciliar de cuidado e companhia
para o animal de estimação.
É possível manobrar as necessidades
deixando os bichos com algum amigo
ou parente mais próximo,ou levar con-
sigo em viagens, mas cada animal tem
seu temperamento e costumes, o que
pode gerar frustrações para o próprio
pet ou para quem fica com ele. “Isso
pode até mesmo estimular agressivida-
de,provocar medo no animal ou afetar
sua saúde se ficar com alguém sem co-
nhecimentos necessários”,é o que afir-
ma Renato de Couto, 25, que trabalha
com psicologia canina há sete anos e há
dois,incluiu os serviços de pet sitter em
sua empresa.
Entre as vantagens do serviço de pet
sitter está a de “manter o animal em
sua residência, evitando assim, possíveis
frustrações nele como também falta
de vagas ou preços mais altos em ho-
téis para animais”, explica Renato. São
executados serviços básicos de alimen-
tação,repouso e higiene,passeios recre-
ativos e alguns oferecem adestramento.
A personalização de atendimento reduz
também possíveis riscos de saúde ao
pet, mantém a rotina criada pelo pro-
prietário, além de oferecer cuidados
especiais para filhotes e animais idosos .
A solução é interessante, mas é ne-
cessário atenção ao contratar um pet
sitter: “Infelizmente, o mercado brasi-
liense não analisa muito o currículo
nesses serviços, dando oportunidade
para amadores,o que é arriscado”,aler-
ta Renato. Para ele, ficar com o animal
ou entrar na casa dos donos, é preci-
so atender a requisitos.“Essas pessoas
Foto:LumaSoares
podem se utilizar de má fé para entrar
na residência ou na falta de conheci-
mento, prejudicar a saúde deles”, com-
plementa. Renato desenvolve o traba-
lho com cães,mas existe pet sitters para
diferentes animais de estimação.
Lohraine Fagundes, além de cachor-
ros atende aves, tartarugas, peixes, mas
afirma que a demanda maior é para cui-
dar de gatos. Ela começou a oferecer
os serviços de cuidadora há um ano
e descobriu a atividade por meio da
irmã, Sofia Bethlem, que é adestradora.
“Eu estava precisando de dinheiro e foi
quando a minha irmã deu a ideia” conta.
Juntas, elas abriram uma empresa que
atende clientes em todo o DF. Mas an-
tes de oferecer os serviços,as profissio-
nais se especializaram na área.
Isabela Gusmão e o sócio Saulo
Magalhães também trabalham como
pet sitters. Eles abriram um serviço es-
pecializado para animais há seis meses
no Plano Piloto. “Nós fazemos uma
primeira visita até a residência com a
intenção de conhecer o animal e levan-
tar dados sobre ele em um cadastro
que é preenchido pelo cliente”, escla-
rece Isabela Gusmão.Após o primeiro
contato para identificar a raça, idade e
costumes do mascote, os cuidadores
voltam à residência e atendem o animal
de acordo com suas necessidades.
O negócio
Existempasseadores,hotéisecreches
paraanimaisdeestimação,masoserviço
de pet sitter tem sido popularizado e
se revela como oportunidade para
empresários que investem em cursos
profissionalizantes. A tendência dessa
profissão veio dos Estados Unidos e
conquistou o público brasileiro.
As diárias cobradas por um“cuidador
de animais”, termo mais conhecido no
Distrito Federal, variam de R$20 a 60,
conforme a localização,horas e funções.
Segundo Renato, em sua empresa esse
serviço pode faturar mensalmente até
R$3 mil, principalmente em meses de
muitos feriados.
Renato aconselha quem deseja
entrar na profissão: “Procure atuar
incialmente junto à pessoas que já
trabalham na área, recebendo pouco
ou mesmo nada pelo conhecimento”.
Ele defende a ideia de que livros e
internet ensinam muito, mas que a
prática é fundamental. Por enquanto,
os “babás de animais” não estão
enquadrados em uma categoria
profissional específica perante a lei.
Os interessados em encontrar um
cuidador disponível também podem
recorrer a um serviço na internet. O
www.pethub.com.br já existe há dois
anos e usuários podem se cadastrar
tanto para contratar um profissional
quanto para oferecer trabalho.
Para saber mais sobre o trabalho
oferecido por: Renato, acesse: www.
seuamigao.com.br
Lohraine Fagundes: (61) 8205-8010
Isabela Gusmão e Saulo Magalhães:
9866-0407
Para ser um cuidador, Renato aconselha cursos preparatórios e amor por animais
12
DIREITOS HUMANOSCOMPORTAMENTO
Fé sem preconceito
Há mais de oito anos, igrejas inclusivas no DF recebem gays,
lésbicas e transgêneros e pregam o valor à estrutura familiar
>> Michelle Brito
Samita Barbosa
Foto:SamitaBarbosa
O pastorAlexandre Feitosa prega na ComunidadeApascentar localizada no Conic.Os cultos acontecem às quartas 19h30,e aos domingos às18h
Em meio à variedade da
vida noturna do Setor de
Diversões Sul, vulgo Conic, –
bares, cinema, casas noturnas
– de quarta-feira a domingo
templos religiosos denominados
igrejas inclusivas recebem gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e
transgêneros. Estabelecida em
2005, pelo professor e pastor
Ivaldo Gitirana, a Comunidade
Athos é a primeira de Brasília
direcionada a acolher as minorias
sexuais: “A nossa estrutura não
é diferente das demais. Temos
cultos, liturgias e pessoas que
buscam a Deus”, explica.
A Comunidade Athos recebeu
em uma noite de sábado mais
de 50 fiéis. Quem dirigia o culto
era a pastora Márcia Dias. Os
que escutavam eram casais como
Jociano Barros e Eder Freitas.
Há sete anos Eder convidou
seu companheiro, Jociano, para
conhecer o local, que tem como
slogan A igreja que valoriza a sua
identidade. Jociano já foi católico
e revela: “Eu participava de tudo,
mas não era permitido fazer o ato
mais esperado ao fim da missa:
comungar. Aceitei conhecer a
igreja inclusiva, pois aqui sou
tratado como qualquer outro
membro”, conta.
Pastor e teólogo, Alexandre
Feitosa é casado com Jean
Charles há dois anos. Juntos eles
organizam os cultos, a escola
bíblica e o aconselhamento pastoral
da Comunidade Cristã Inclusiva
Apascentar, também localizada no
Conic. “A teologia inclusiva nasceu
para, biblicamente, inserir essas
pessoas na igreja por meio de um
novo entendimento dos textos
bíblicos”, explica Alexandre. No
culto, realizado aos domingos, os
fiéis cantam músicas religiosas e
escutam algumas passagens da Bíblia.
Além das atividades internas, os
participantes também organizam
evangelizações em bares,
quiosques do Parque da Cidade
e casas noturnas. Distribuem
panfletos, convidam para o culto
ou oram com as pessoas. Segundo
Ivaldo, “muita gente adentra
o espírito ‘evangeliquês’ e se
esquece de lutar pelos direitos
humanos. A nossa liderança tem
que sair do quadrado do templo,
ir além da parte imaterial. Pois
o espiritual acrescenta todos os
outros pontos”, destaca.  
Filha de pastor evangélico, a
psicanalista Maria Machado*
frequenta a Comunidade
Apascentar com a esposa Rose
Andrade*. Ela conta que, mesmo
depois de se assumir homossexual
aos 18 anos, manteve um
casamento heterossexual durante
13 anos. “Meu pai era pastor
missionário e, claro, não aceitou.
Ele quis me expulsar de casa, mas
minha mãe não deixou”, revela.
Maria assumiu sua sexualidade e,
hoje, mantém união estável com
Rose. Elas realizaram a cerimônia
religiosa em uma igreja inclusiva
de São Paulo.
Dimensão familiar
Dados do censo de 2010
realizado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram que, em Brasília, 1.241
É fundamental respeitar o outro como um ser que
respira, ama, chora, ora. Precisamos conhecer
para aprender a lidar com todas estas diferenças
Ivaldo Gitirana
13
COMPORTAMENTO
Desafios da comunidade LGBT
Fábio Oliveira administra o site, a página do facebook e o twitter da Comunidade Athos. Além dos pedidos de orações, Fábio já
recebeu recados como: “Vocês não têm vergonha de sujar o evangelho?”. As conquistas dos homossexuais são recentes no Brasil.
Há três anos o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. E, atualmente, se discute
a diminuição da maioridade para realização de cirurgia de mudança de sexo. Segundo Zuchiwschi, “o Brasil tem um grande atraso
na legislação que diz respeito à gays, lésbicas e transgêneros em relação a outros países”. Ele afirma que a sociedade brasileira in-
fluencia nessas decisões e que deve haver “um diálogo para o conhecimento com caráter pedagógico para conscientizar as pessoas”.
pessoas declararam que dividem
a mesma residência com cônjuge
ou companheiro do mesmo
sexo.  Nacionalmente esse
número chega a 60 mil.Alexandre
e seu companheiro, Jean, já
frequentaram igrejas tradicionais.
Jean, inclusive, já foi casado com
uma mulher, com quem tem
um filho. “Dentro das igrejas
tradicionais você é pressionado
a mudar. Muitos homossexuais
vivem um casamento frustrado
por causa desta pressão”, revela.
No que diz respeito à relação
entre a Comunidade Apascentar
e os atuais movimentos pelos
direitos da comunidade LGBT,
Alexandre e Jean enfatizam:
“Temos uma ressalva com essa
militância. Pessoas seminuas,
se beijando em passeatas gays,
não estão nos representado.
Haverá preconceito enquanto
a comunidade agir como
promíscua”, destaca. A igreja
condena a promiscuidade e
o adultério. “Defendemos os
valores éticos, a família e a união
estável”, afirma Jean.
O Pastor Ivaldo Gitirana
também se casou com seu
companheiro Douglas Santos.
Ivaldo foi seminarista em 2001. Lá
confessou sobre a sua afetividade
quando estava em formação. “Ser
padre era meu sonho. Estava
apaixonado, confessei a respeito
e a decisão foi a minha retirada”,
Os homossexuais
querem ser tratados
como seres humanos
completos. Expressar a
religião faz parte disso
José Zuchiwschi
conta.  Ivaldo saiu do seminário,
aprofundou-se nos estudos
litúrgicos no Centro de Estudos
Bíblicos (CEBI) e trouxe para
Brasília o conceito de teologia
inclusiva e o método histórico
crítico, modo de interpretar a
Bíblia. “É fundamental respeitar o
outro como um ser que respira,
ama, chora e ora. Precisamos
conhecerparaaprenderalidarcom
todas estas diferenças” adverte.
ICM no Brasil
As Igrejas inclusivas surgiram no
final da década de 1960 a partir da
Igreja Comunidade Metropolitana
(ICM) nos Estados Unidos. Este
ano, completaram 10 anos de
inserção no Brasil. O objetivo
é acolher as minorias sexuais e
promover a integração saudável
da sexualidade e da espiritualidade
LGBT à comunidade em geral.
“Nós acreditamos que, assim
como está escrito na Bíblia,
Deus não faz interpretação de
pessoas. E isso nos proporciona
aprofundar nos estudos bíblicos,
de maneira que não encontramos
flechas que possam ser atiradas
contra nós”, explica Ivaldo.
A ICM se espalhou por vários
países e foi responsável, a partir
de 2000, pela criação de igrejas
inclusivas em vários estados do
Brasil. O especialista em gestão e
direitos humanos e professor da
Universidade de Brasília (UnB)
José Zuchiwschi visitou, nos
Estados Unidos, igrejas inclusivas
na década de 1990 e acompanha
os movimentos sociais em prol dos
direitos humanos.“Os homossexuais
querem ser tratados como seres
humanos completos. Ter direito de
expressar a religião faz parte disso”
esclarece o professor.
* Nomes fictícios
DIREITOS HUMANOS
Com o slogan A igreja que valoriza a sua identidade, a Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado cerca de 50 fiéis
Foto: Allan Viríssimo
14
COMPORTAMENTO
O carinho doado às crianças ajudam na superação do preconceito contra o vírus da doença
DISCRIMINAÇÃO
Barreira para portadores do HIV
Preconceito gera isolamento social e inibição na busca por tratamento eficiente
>> Robson Abreu
Samanta Lima
Apesar dos avanços nas polí-
ticas de prevenção e assis-
tência aos portadores do HIV, no
Brasil o preconceito ainda é um
desafio para cerca de 500 mil pes-
soas diagnosticadas com o vírus,
conforme dados divulgados em
2012 pelo Ministério da Saúde. De
acordo com o psicólogo Marcelo
Trindade, a discriminação está di-
retamente ligada ao medo e ao
desconhecimento das formas de
infecção.“Mesmo com informação,
as pessoas ainda associam o vírus
a uma sentença de morte. Acham
que a contaminação é algo distan-
te da realidade”, explica.
O psicólogo relata que a pes-
soa que convive com o vírus ou
que tem a doença, na maioria das
vezes, não sabe lidar com o diag-
nóstico, o que gera a exclusão da
vida social e o isolamento familiar.
“Geralmente o preconceito contra
os soropositivos ocorre primeiro
na família e no mercado de traba-
lho. Muitos morrem não devido à
síndrome, mas sim de doenças psi-
cossomáticas, por se sentirem só,
depressivos. Com isso, eles se auto
discriminam”, afirma Marcelo.
O cabelereiro Alex Viana*, por-
tador do HIV há 13 anos, afirma
que precisou aprender a lidar
com o preconceito, principal-
mente na família. Depois de so-
frer a primeira pneumonia, a mãe
decidiu separar todos os talhe-
res, copos, roupas de cama e até
móveis. “Não era por falta de in-
formação, ela era uma pessoa es-
clarecida. Dizia que era para me
proteger de outras doenças, mas
com aquela atitude tinha vergo-
nha de mim”, desabafa.
Foto:RaíssaMeirelles
Direitos adquiridos
O projeto de lei
6124/2005, em tramita-
ção no Senado, toma cri-
me a discriminação de
pessoas que vivem com
o vírus. O PL prevê puni-
ções que podem chegar
a quatro anos de reclu-
são, além de multa. Para
a advogada Fernanda
Andrade, a medida é
bem vinda, mas só será
exercida quando o cida-
dão aprender a respeitar
o soropositivo. “O ideal
seria não precisar da lei,
porém a sociedade não
é madura o suficiente
para entender que a aids é uma
doença crônica e que o paciente
pode viver bem”, ressalta.
A proposta foi apresentada pela
ex-senadora Serys Slhessarenko
(PT – MT) e, após ser aprovada na
Câmara, voltou ao Senado porque
sofreu alterações. A mais polêmi-
ca é a possibilidade de enquadrar
como crime a demissão ou exo-
neração de funcionários em ra-
zão da sorologia. O defensores
do projeto alegam que é essen-
cial manter esse inciso, pois coíbe
ações de assédio moral cometi-
das pelas empresas contra soro-
positivos, como o caso de Alex.
“Fui demitido de uma empresa
dois meses após avisar que sou
portador. Haviam proposto que
eu assumisse a gerência do local,
mas, depois da revelação, me de-
mitiram”, relata.
Crianças acolhidas
Há seis anos, Vick Tavares abriu
mão do ateliê de costura para
criar a instituição Vida Positiva,
que acolhe crianças e adolescen-
tes com aids. O local, na 711 Sul,
é repleto de amor e carinho, vin-
dos de uma mulher que há mais
de uma década convive com his-
tórias marcantes.
Atualmente, 17 meninos e meni-
nas são assistidos pela instituição.
Nove vivem na casa e cerca de 40
famílias recebem assistência em
medicamentos, alimentos e acom-
panhamento médico. O objetivo da
ONG é proporcionar estabilidade
às crianças incentivando a supera-
ção do preconceito e inserindo os
portadores do vírus na sociedade.
Vick adotou uma das delas,
Cláudia*, 9, que luta contra a dis-
criminação desde pequena, como
conta a mãe. “Um dia cheguei à
escola e ela estava isolada dos
outros meninos. Ela havia con-
tado que tinha o vírus. Hoje ela
está em outra escola, que a res-
peita, mas não comenta sobre o
HIV”, diz Vick.
Visite o blog para mais informações do instituto Vida Positiva:
www.vibraçoespositivashiv.blogspot.com.br
MarceloTrindade
Hoje, mesmo com
informação, as pessoas
ainda associam o vírus
a uma sentença de
morte
*Nomes fictícios
15
Gravidez que se torna um trauma
Na pré-eclâmpsia, a pressão sanguínea é elevada, o feto para de se desenvolver
e quando evoluída pode levar à morte da mãe e do bebê
>> Dayanne Teixeira
SAÚDE
Foto:AdrianaBraga
RISCOS
Andréa diz ter superado o medo de engravidar
SAÚDESAÚDE
Ganho de peso, inchaço, dores
de cabeça, insuficiência uri-
nária, dores abdominais e alterações
na visão são sintomas que, se apre-
sentados a partir do quinto mês de
gestação, ou seja, 20 semanas, são
preocupantes. Podem ser resultado
da pré-eclâmpsia,uma doença em que
a gestante desenvolve hipertensão e
proteína na urina, a proteinúra. De
acordo com o Ministério da Saúde, a
pré-eclâmpsia e a eclâmpsia estão en-
tre as primeiras causas de morte ma-
terna no Brasil e determinam o maior
número de óbitos perinatais, além do
aumento significativo de recém nasci-
dos com sequelas.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a pré-eclâmpsia é um
distúrbio que afeta cerca de 5% das
mulheres grávidas. A psicóloga Isabella
Mendonça conta que já atendeu à
muitas mães vítimas da síndrome:
“Elas sempre chegam muito abaladas.
A maioria perdeu o filho,então temos
que curar uma depressão causada pela
perda e o trauma de ter uma possível
pré-eclâmpsia em uma futura gestação.
Não é um tratamento fácil ou rápido”.
A ginecologista e obstetra, Edina de
Macedo Fontes, afirma que a doença
não é muito conhecida, portanto, as
mulheres só ficam sabendo sobre ela
quando a desenvolvem, Para informar
e auxiliar, o Ministério da Saúde distri-
bui desde 2010 o Manual Técnico da
Gestação deAlto Risco.
De acordo com a médica, o moti-
vo exato da síndrome ainda é desco-
nhecido.“Não existem certezas nesse
assunto, mas as possíveis causas in-
cluem doenças autoimunes,problemas
nos vasos sanguíneos e genes”,explica.
Ela também relata que,entre os fatores
de risco, estão a primeira gestação ou
gestação múltipla, como gêmeos, obe-
sidades, gravidez em idade superior a
35 anos e históricos anteriores de dia-
betes ou doença renal.Para detectar o
distúrbio são realizados testes físicos,
laboratoriais e monitoração da saúde
do bebê.
Segundo a doutora Edina Macedo,as
mulheres diagnosticadas com síndro-
me não se sentem doentes. “Existem
variados níveis da doença. Na grave, a
gestante pode apresentar dores de ca-
beça que não cessam facilmente, dor
abaixo das costelas, na região da ve-
sícula biliar, ou, ainda, quando o bebê
chuta”, explica. Além disso, a redução
do fluxo de sangue para a placenta
pode restringir o desenvolvimento
da criança.“A única forma de curar a
pré-eclâmpsia é realizando o parto”,
completa.De acordo com o Ministério
da Saúde, quando diagnosticada, a mãe
passa a tomar medicamentos para
controlar a pressão arterial e evitar
convulsões e injeções de esteroide
após 24 semanas, para ajudar a acele-
rar no desenvolvimento dos pulmões.
Bruna Morais,27,teve pré-eclâmpsia
em duas gestações: “Minha primeira
gravidez foi tranquila. Não tive pro-
blema algum, mas quatro anos depois,
na minha segunda, senti fortes dores
e perdi minha filha aos oito meses de
gestação”. Ela relata que esperou seis
anos para engravidar novamente: “Eu
estava esperançosa. Minha pressão
estava baixa, só que com 26 semanas
comecei a perder líquido e minha
pressão subiu novamente. Meu bebê
nasceu com 28 semanas. Após cinco
dias na UTI ele faleceu”. Ela comenta
que o pior de tudo foi não conseguir
ver o filho, pois estava em estado gra-
ve, decorrente da síndrome. A tia de
Bruna teve pré-eclâmpsia em duas ges-
tações e eclâmpsia em uma.
Final Feliz
Com uma pressão arterial de 9/5,
Andréa Cassese engravidou aos 28
anos. Aos cinco meses de gestação ela
começou a inchar. Aos seis, foi perce-
bido que o desenvolvimento do bebê
estava estagnando.“Fui para a consulta
do sétimo mês.Estava completando 30
semanas e me sentia muito bem. Meu
bebê não mexia muito, mas achei que
Ministério da Saúde
A pré-eclâmpsia e a
eclâmpsia continuam
sendo a primeira causa de
morte materna no Brasil.
fosse normal. Durante
minha pré-avaliação, mi-
nha pressão estava 13/9.
O médico juntou tudo
e diagnosticou a pré-
-eclâmpsia”,relata.
A criança estava des-
nutrindo. A placenta
não passava nutrientes.
“Primeiramente o par-
to seria feito para salvar
meu filho. O medo é de
que ele estivesse em so-
frimento fetal”, conta. O
quadro mudou quando
a pressão da mãe estava
18/16 e o risco era de
que ela morresse. “Meus
rins pararam. Meu médi-
co falou para meu marido
que teriam que escolher
entre eu e meu filho”,
lembra.
Andréa teve hemorra-
gia após o parto, então
a pressão começou a
igualar. Seu filho Gabriel
ficou 45 dias na UTI. Ela
teve anemia forte e ficou
algumas vezes internada
para realizar o tratamento. “Senti os
efeitos da doença durante o resguar-
do.Teve uma vez que minha pressão
ficou 20/18 e fiquei temporariamente
cega”,explica.
Ela ainda comenta que,mesmo com
todo o trauma, sempre quis ter dois
filhos. “Pesquisei bastante sobre o que
poderia ocorrer numa segunda gravi-
dez. Eu tenho pavor de que aconteça
algo”. Hoje, aos 33 anos,Andréa está
no oitavo mês de gestação e a gravidez
está ocorrendo sem nenhum proble-
ma ou sinal de pré-eclâmpsia.Ela toma
remédios para prevenir a pressão
alta.
16
DESCANSO
Um sono considerado normal
é aquele em que uma pessoa
descansa, física e mentalmente, e
acorda preparada para as ativida-
des cotidianas. Segundo especialis-
tas, crianças precisam de aproxi-
madamente 14 a 16 horas de sono
por dia. Adolescentes precisam de
mais ou menos nove horas diárias
e adultos, de seis a oito horas. No
entanto, nem sempre é assim que
acontece. Uma pesquisa realiza-
da pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) em 2012 aponta que
cerca de 40% da população mun-
dial e 43% da brasileira sofrem
com algum distúrbio ou síndrome
relacionada ao sono.
Entre os problemas mais comuns
estão a insônia e a apneia do sono.
Nesta última, o indivíduo sofre
breves e repetidas interrupções da
respiração enquanto dorme, cau-
sadas por obstruções na passagem
do ar pela garganta. O tratamento
depende de cada caso. O mais efi-
caz e mais utilizado é o Continuous
Positive Airway Pressur (CPAP),
aparelho que previne o fechamen-
to das vias aéreas.
Algumas doenças podem ser he-
reditárias, como a narcolepsia, con-
dição do sistema nervoso caracte-
rizada por episódios inevitáveis de
sono. Um dos sintomas é a sonolên-
cia excessiva e a preguiça durante o
dia, que pode deixar a pessoa desa-
tenta ao realizar atividades cotidia-
nas. O tratamento mais adequado é
à base de remédios que diminuem
a sonolência durante o dia e tirar
cochilos programados.
O neurologista especializado
em saúde do sono do Hospital
Universitário de Brasília (HUB)
Raimundo Nonato explica as cau-
sas desse distúrbio: “A narcolepsia
é uma doença genética. Os meca-
nismos imunológicos ainda não são
bem esclarecidos. Ela inclui a perda
de neurônios produtores de hipo-
cretina, uma substância responsável
por manter um animal em vigília”.A
produção de hipocretina pode ser
estimulada por alimentos que con-
tenham açúcar e proteína animal.
Sonâmbulo
O consultor de comércio exterior
Dormir mal prejudica a saúde
Distúrbios do sono afetam desde crianças a idosos e podem ir além de uma noite mal dormida
Luiz Felipe Gonzales teve sonam-
bulismo em grande parte da infân-
cia, adolescência e começo da vida
adulta. Soube do problema, carac-
terizado por movimentos do corpo
durante o sono profundo, por meio
de relatos dos pais e amigos,que de-
monstraram preocupação.
Por conta disso, resolveu pro-
curar ajuda de um especialista em
medicina do sono.“Achava um exa-
gero tudo isso, mas fui convecido
de que esse tratamento psicote-
raupêutico me faria bem. Descobri
que as causas eram preocupações
e estresse,principamente na minha
adolescência, em época de provas
e trabalhos”, explica Luiz Felipe.
Segundo especialistas, episódios
de sonambulismo ocorrem quan-
do a consciência e a memória dor-
mem e a parte motora desperta
>> Rayanne Alves
SAÚDE
Ilustração: Henrique Carmo
– por barulho, ronco ou crise epi-
lética. Ainda não existem estudos
que relacionam problemas psico-
lógicos à doença, mas sabe-se que
crianças são as mais atingidas. Na
medida em que crescem, o sonam-
bulismo pode desaparecer.
Mente afetada
As doenças que afetam o sono
podem ter causas psicológicas e se
diagnosticadas podem ser tratadas
adequadamente. Estresse, angús-
tia e depressão podem provocar
esses problemas. A neurologista
Jane Lúcia Machado, do Instituto
do Sono de Brasília (Insono), aler-
ta que a insônia ou qualquer ou-
tra dificuldade para dormir pode
levar a doenças como ansiedade
ou depressão. Um problema pode
desencadear outro.
Luiz Felipe Gonzales
Descobri que as causas
do meu problema eram
preocupações e estresse,
principalmente na
adolescência, em época de
provas e trabalhos.
17
Unhas de diferentes cores e
tamanhos fazem parte da
vaidade de muitas mulheres. Mas,
a preocupação em mantê-las com
o esmalte da moda ou ir frequen-
temente aos salões de beleza, não
as afastam das infecções. Os ho-
mens também podem sofrer com
problemas causados pela falta de
cuidado com as unhas. Por ser um
depósito de bactérias, a unha se
torna uma ameaça à saúde. O cui-
dado vai além da estética e deve se
tornar um hábito.
O dermatologista Cristiano
Velasco, explica que a unha fun-
ciona como proteção da pele e o
descuido pode causar prejuízos.
“As doenças são relacionadas a fa-
tores de risco expostos na rotina
de cada pessoa, desde a ida à mani-
cure, sapatos apertados e falta de
limpeza”, esclarece.
É preciso ficar atento à aparência
da unha e notar o surgimento de
manchas ou sinais de enfraqueci-
mento. Estas observações podem
ajudar no diagnóstico de alguma
doença. Outra proteção são as cutí-
culas, que geralmente são retiradas.
Riscos
Pequenas lesões causadas por fun-
gos favorecem a chance de infecção
e podem ser ocasionadas pelo uso
de instrumentos não higienizados
em salões de beleza.“Os riscos va-
riam desde a presença de bactérias
em lesões na unha ou até em casos
mais graves, onde a unha machuca-
da pode ser uma porta de entrada
para infecções sistêmicas, afetando
o organismo”,alerta a infectologista,
Luciana Lara.
A micose, por exemplo, é uma do-
ença ocasionada por fungos que se
manifestam entre a unha e o dedo.
Os sintomas são o acúmulo, aumen-
to e deformação das cutículas. “É
comum ter fungos na pele, mas isso
pode se agravar quando eles cres-
cem desordenadamente em contato
com a unha. A micose pode surgir
por cima da unha ou na parte infe-
rior e acometem principalmente os
pés”, afirma CristianoVelasco.
A funcionária pública, Ana
Queiroz, 40, teve micose de unha:
“Senti uma forte dor ao redor
da unha, fui ao médico e ele disse
que era uma inflamação. De acor-
do com ele era uma celulite”. A
celulite é uma infecção que apare-
ce devido à presença de bactérias.
Tratamento e prevenção
As doenças de unha têm cura e o
tratamento pode ocorrer por meio
de medicamentos orais ou por laser.
O tempo de tratamento para quem
utiliza medicamentos é de seis a de-
zoito meses para alcançar resulta-
dos eficientes. Para quem quer um
resultado mais rápido a recomenda-
ção é o laser.
Para prevenir as infecções de unha
Além da estética
Infecções de unha podem ser evitadas com cuidados básicos
e com a esterilização de instrumentos em salões de beleza
Foto:QuéssiaMaia
>> Ana Paula Viana
Quéssia Maia
HIGIENE
é necessário que as pessoas obser-
vem as condições de higiene nos sa-
lões de beleza, bem como cuidados
pessoais. “O compartilhamento de
lixas e equipamentos de manicure
podem transmitir infecções.Para
evitá-las é recomendada a limpe-
za frequente das unhas, mas sem-
pre utilizando materiais individuais.
Outro hábito recomendado é o de
manter sempre os pés bem limpos e
secos antes do uso de calçados fe-
chados”, recomenda a infectologista,
Luciana.
A empresária Fátima Lima, 32, que
vai ao salão com frequência, leva o
próprio material. “Geralmente levo
meu alicate,palito,lixa e até esmalte.
Não consigo usar os instrumentos
da manicure, fico com receio de pe-
gar alguma doença, até porque ela
atende várias pessoas por dia. No
começo ficava com vergonha de le-
var, mas fui me acostumando e indico
isso para todas as mulheres”, afirma.
Estética x Saúde
A variedade no mercado é exten-
sa. Unhas de porcelana, em gel ou
postiças fazem sucesso nos salões.
A manicure Quênia Cristina, 28,
trabalha há um ano e afirma que
para fazer as unhas postiças utiliza
material descartável.
A procura pela unha perfeita é
constante, porém o dermatologis-
ta Cristiano Velasco ressalta que
unhas feitas em gel, postiças ou
porcelana podem piorar a quantida-
de de fungos fazendo com que eles
se alastrem. “Quanto mais os fun-
gos se espalham pelas unhas pos-
tiças, devido a umidade e pressão
que oferecem as unhas verdadeiras,
mais a pessoa fica propícia a infec-
ções”, declara.
SAÚDE
Luciana Lara, infectologista
O compartilhamento de lixas e
equipamentos de manicure pode
transmitir infecções.
Nem sempre manter as unhas com o esmalte da moda é sinônimo de saúde e higiene
18
Em busca do rock perdido
Músicos apontam as dificuldades de voltar ao destaque na cena brasiliense
>> Raiane Samara
Entre as décadas de 80 e 90,
Brasília se tornou referência
nacional pela produção musical no
campo do rock. Grandes nomes da
música brasileira como Legião Urbana,
Capital Inicial e Plebe Rude, tornaram
a cidade popularmente conhecida
como Capital do Rock. “Brasília
ganhou esse título porque daqui saíam
bandas boas,as pessoas consideravam
que a produção do rock nacional era
muito legal, e era mesmo”, afirma
a locutora da rádio Transamérica
Brasília,Drica Mendonça.
Com o tempo, outros ritmos
tomaram conta do mercado
brasiliense e o rock foi perdendo
o destaque no gosto popular. Uma
pesquisa do Instituto Brasileiro de
Opinião Pública e Estatística (Ibope)
divulgada em janeiro deste ano diz que,
56% dos ouvintes de rádio em Brasília
escutam sertanejo com frequência.
“Esse é o som que todos querem
ouvir, é o som da moda, vamos dizer
assim,o que o rock já foi em Brasília”,
aponta o baterista da banda de rock
The Neves, DanAbreu.
O guitarrista e vocalista da banda
Distintos Filhos, Paulo Veríssimo,
alega que o rock não perdeu o
lugar para outros ritmos, foram os
próprios músicos do estilo que não se
organizaram profissionalmente. “Não
curto sertanejo, mas vejo que eles
são bem mais preparados que nós.São
mais profissionais e não tocam apenas
por cerveja. É preciso valorizar-se
para ser valorizado”, admite.
Segundooprodutorcultural, Paulão
Silva, para conseguir preferência nos
espaços para shows e a disseminação
do ritmo na cidade, é preciso ter
apoio e patrocínio o que, para ele,se
torna mais fácil sendo um estilo com
maior divulgação na mídia, como funk
e sertanejo.
Drica explica que estar na mídia
não significa que o ritmo seja
preferência, ou que seja muito bom.
Segundo ela, a música atualmente é
um mercado mais financeiro do que
cultural, por trás do sucesso existe
um grande empresário investindo.
v“Por isso que é tão difícil as bandas
de rock independente chegarem a
tocar em várias rádios, porque é um
investimento muito caro. Tudo que
você imaginar quando envolve música
é pago”, diz a apresentadora.
Já Paulão conta que o público é
culpado por essa desvalorização. “En_
quanto o show do seu amigo ali é R$
10, ninguém vai. Mas depois que ele
aparece na televisão e o show passa a
ser R$ 50, todo mundo quer ir, quer
saber quem é,e de onde veio”,comenta.
Quando o assunto é prospecção,
o baterista Dan pondera que almejar
sucesso fora, antes mesmo de
fortalecer a cena local, contribui para
a falta de espaço na cidade.
O guitarrista PauloVeríssimo diz que
asbandasencontramumaoportunidade
maior em outros estados, pois apesar
de enfraquecido dentro da cidade, o
rock de Brasília ainda é renomado no
país. “O fato de a gente ter bandas
clássicas como Legião e Plebe, faz com
que as pessoas queiram conhecer o
que de novo estamos fazendo.E hoje o
nosso maior público é fora de Brasília”,
declara o músico.
Iniciativas
O Fundo de Apoio a Cultura (FAC)
oferece ajuda financeira aos artistas
de Brasília e inclusive é utilizado
pelas bandas de rock independente.
Segundo Paulão, o apoio funciona
e ajuda muito, mas os músicos não
podem depender apenas disso. “Fora
esse apoio do governo,o que ajuda é a
independência, fazer um coletivo com
vários produtores e conseguir fazer
um festival,gravar um disco,com ajuda
de um e de outro”,diz ele.
Em parceria, músicos e produtores
criaram o movimento Brasília, Capital
do Rock. O manifesto oficializado em
fevereiro de 2012 busca registrar o
rockcomosímboloculturaldacidadee
trazer ações de incentivo à valorização
cultural. O primeiro desses projetos,
o Rock Sem Fronteiras, foi aprovado
pela Secretaria de Cultura (Secult) em
março deste ano. Serão feitos eventos
mensais no SESC Garagem, palco de
grandes shows nas décadas de 80 e 90,
apresentando bandas do cenário local
e convidados.
Paulão Silva é produtor do festival
Porão do Rock (PDR) que traz
atrações nacionais e internacionais
para Brasília, além de artistas locais
escolhidos por meio das seletivas
realizadas nas cidades satélites. De
acordo com o produtor, um evento
como o PDR é muito importante
para alcançar projeção nacional. “O
destaque é maior, tem imprensa do
Brasil inteiro. A banda pode tocar
com equipamento, palco, todo apoio
e liberdade para mostrar o seu
potencial”, articula.
Valorização
Na opinião de Dan Abreu, o tempo
é fundamental para que as bandas
atuais tenham ascensão: “Creio que
elas têm muita qualidade e muito
potencial, só que é muito difícil fazer
um som original e de qualidade”.
Veríssimo aponta que ainda é preciso
que as bandas façam um bom trabalho
e deem o melhor de si para atrair
público e atenção da mídia.“É preciso
dedicação, profissionalismo e muito
trabalho. Acredito que ainda somos
bem vistos fora de Brasília, mas pode
melhorar”,finaliza.
Drica conta que desde julho de
2012, a Transamérica modificou a
programação local, e só toca rock.
Segundo ela, a audiência da rádio
aumentou, provando que o estilo ainda
tem força.“A gente aposta que vai dar
certo. Acreditamos que o rock não
morreu aqui em Brasília, ele só precisa
ganhar força.E vai ganhar”,completa.
O rock não morreu
aqui em Brasília, ele
só precisa ganhar
forças, e vai ganhar.
Drica Mendonça
MÚSICACULTURA
A bandaThe Neves nasceu em 2009 e está produzindo o segundo CD com ajuda dos fãs
Foto:RaianeSamara
19
Atores na vida real, jovens sao incentivados a compartilharem o que aprenderam
a outras pessoas em suas comunidades
Arte sem limites
por cidadãos que têm o desejo de
mostrar aos moradores de suas lo-
calidades a importância dessa arte
no aspecto social.As pessoas que fa-
zem parte desse conjunto desenvol-
vem as atividades em escolas, casas,
locais públicos e particulares. Por
meio desse trabalho, eles mostram a
importância de jovens estarem dire-
tamente ligados ao movimento.
Em Ceilândia,grupos como o Força
Tarefa e Repensar realizam ações vo-
luntárias junto às comunidades sem
cobrar nada. “Nossa proposta é in-
serir os jovens no mercado cultural’’,
afirma o B. boy papel. A arte permi-
tiu ao dançarino conhecer mais de
cinco países, onde ele representou o
Brasil em campeonatos de breaking.
Para ele, as pessoas interessadas por
alguma arte precisam de um apoio
maior do governo e da cidade.
O crescimento de movimentos
sociais com envolvimento de jovens
tem despertado o interesse de ór-
gãos governamentais. Os grupos são
capazes de movimentar inúmeras
pessoas da comunidade onde vivem,
em prol de reivindicação e atividades
>> Júnior Assis
Amúsica, a dança e o grafite
encantam e despertam o in-
teresse dos jovens em comunidades
carentes do Distrito Federal. A mis-
tura de culturas, crenças e realida-
des envolve o cotidiano de cada um
deles. Na busca para alcançar algo
melhor, essas pessoas se dedicam ao
mundo da arte e da cultura.
Com base em dados do Cadastro
Único DF, cerca de cem mil jovens
entre 15 e 29 anos estão em situ-
ação de extrema pobreza. Para al-
cançar esse grupo, os movimentos
sociais utilizam a dança e a música.
Somente depois de uma aproxima-
ção concreta começam a tratar do
tema política, com todo cuidado. “A
pessoa que chega até nós não quer
saber de política.Então,no começo,a
gente mostra a dança e depois a im-
portância da política para a sua co-
munidade e para a cultura”, diz Alan
Jhone Moreira, conhecido como B.
boy papel.
Os movimentos de hip hop, grafite,
DJ e break chegam às comunidades e
escolas do DF para ajudar na forma-
ção cultural. São grupos formados
que fazem no intuito de divulgar a
cultura e a cidadania.
Em janeiro deste ano,o GDF criou
o Conselho de Juventude do DF
(Conjuve-DF). O objetivo é dar aos
jovens a liberdade de escolher pes-
soas que os representem para dis-
cutir assuntos como democracia e
políticas públicas voltadas para esse
setor. “O conselho da juventude é
um espaço de troca, e também de
interlocução entre o governo com
esse público”, relata o coordena-
dor de Juventude da Secretaria de
Governo, Carlos Odas.
A inserção dos jovens na cultura
e na política é um diferencial nos
movimentos sociais.“Para o adoles-
cente é muito importante que ele
esteja participando dos projetos”,
relata o B. boy papel.A participação
desse grupo nas oficinas ministra-
das pelos profissionais que dedicam
suas vidas a um trabalho voluntá-
rio é grande. Essas pessoas ensinam
aos alunos a importância de esta-
rem envolvidos em ações realizadas
no bairro onde moram.
As pessoas envolvidas na arte
encontram no hip hop a oportu-
nidade de mudar de vida. É o caso
de Lucas da Silva, 19. Ele mora em
uma comunidade carente no setor
Sol Nascente, em Ceilândia, mas não
desanima e vê no break a chance de
crescer na vida.“A dança é uma for-
ma que eu encontrei para fugir das
drogas”, afirma o rapaz.
Hip hop nas escolas
Cada vez mais estudantes da rede
pública no DF são alcançados pelas
manifestações culturais. O grupo
ForçaTarefa desenvolve atividades de
música e grafite em diversas escolas.
“A ideia sempre foi formar jovens
que aprendam a arte e passem paraB. boy papel(esquerda) ajuda jovens por meio da dança no Centro Cultural de Ceilândia
outras pessoas”, conta o diretor da
organização, Rivas Cruz.
Para o cantor de rap Cleidilson da
Silva, o movimento de hip hop tem
um valor imenso,os indivíduos alcan-
çados pela dança passam a ter uma
nova visão de sua comunidade. Eles
começam a entender que os movi-
mentos artísticos culturais fazem
parte do seu cotidiano. “As escolas
são as principais responsáveis pela
disseminação dos movimentos na ci-
dade”, enfatiza.
Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), no DF o grupo de pesso-
as entre 10 e 29 anos soma quase
953 mil. Os movimentos que usam
o hip hop para alcançar esse públi-
co, hamam a atenção pelo interesse
em formar futuros representantes
da arte.“Se a pessoa está envolvida
em cenas culturais aprende muito
mais”, afirma o coordenador da
Central dos Movimentos Populares,
Marcelo Didonet.
As pessoas que trabalham com
o hip hop, grafite, DJ e o breaking
nas cidades do Distrito Federal
lutam pela propagação da cultura.
Envolver esses indivíduos em ativi-
dades que vão beneficiar sua locali-
dade é um dos objetivos dos grupos.
“Nos espaços que são construídos
mais coletivamente, você tem uma
tolerância maior à diferença e à di-
versidade”, relata Carlos Odas.
A ideia sempre foi
formar jovens que
aprendam a arte e
passem para outras
pessoas.
Rivas Cruz
JUVENTUDE CULTURA
Foto:JussaraRodrigues
20
Ao se tratar de água, o Brasil tem,
além do oceano que banha seu
litoral, o maior reservatório de água
doce do mundo, equivalente a 12%
do volume total, segundo a Agência
Nacional das Águas (ANA).. Para
usufruir de toda essa imensidão
subaquática, nas profundezas de
lagos, rios e oceanos, nada melhor
do que a prática do mergulho. Usada
nos primórdios para a pesca, hoje a
atividade vai além de simplesmente
submergir na água.
Segundo o instrutor e mergulhador
profissional Luciano Terra, o estilo
de mergulho mais seguro e mais
praticado é o autônomo. Nesta
modalidade, o praticante respira por
meio de tubos ligados a cilindros
que reservam oxigênio e garantem
maior tempo de permanência
debaixo d´água. Parece simples, mas
alguns cuidados devem ser tomados.
“Apesar de toda a segurança, não
deixa de ser um esporte de risco por
lidarmos com grandes profundidades
e com o aumento da pressão
atmosférica. A intenção é minimizar
os riscos”, conta Luciano.
Em Brasília, para poder mergulhar
no Lago Paranoá ou em outro
reservatório de água, é necessário
que o praticante tenha credencial
obtida após curso fornecido por
escola de mergulho. “Para que a
pessoa se habilite da forma correta,
são oferecidas aulas teóricas com
toda a parte fisiológica, psicológica
e ambiental, e práticas, feitas
inicialmente na piscina e, depois, no
lago”, ressalta Luciano. De acordo
com ele, os cursos costumam ser
criteriosos, em prol da segurança de
todos.“A pessoa só sai do curso se
estiver realmente apta a mergulhar.
Pensamos na qualidade da formação
dos mergulhadores. A segurança
está acima de tudo”, frisa.
Mergulho em apneia
Outra forma de mergulhar,
desta vez sem o uso de cilindros
de oxigênio, é utilizando apenas
o ar dos pulmões. Chamado
também de mergulho livre, esta
modalidade consiste em prender
voluntariamente a respiração, o
que é chamado fisiologicamente
de apneia. De acordo com a
Associação Internacional para o
Desenvolvimento deApneia (AIDA),
este estilo de mergulho, consagrado
como esporte em meados de 1990,
“é um meio de nos conhecermos
melhor e, também, de conhecermos
o mundo aquático”.
Para o mergulhador profissional
e instrutor Michel Med, ao
contrário do estilo autônomo,
considerado por ele como esporte
de contemplação, mergulhar sem
equipamentos é sinônimo de
superação de limites. “O mergulho
em apneia é um esporte de
competição, no qual o objetivo é
chegar ao ponto mais profundo
possível ou simplesmente ficar o
maior tempo submerso”, explica.
De acordo com Michel, que
mergulha há pelo menos 15 anos, a
prática deste esporte, apesar de ser
mais acessível por não necessitar
de equipamentos, é mais perigosa
e também deve ser feita sob
supervisão de algum especialista
mesmo em ambientes rasos, como
piscinas. “A longa privação de
oxigênio, com alteração dos níveis
de CO2 na corrente sanguínea,
podem desligar o cérebro, levando a
pessoa ao desmaio e a um possível
afogamento se não houver uma
rápida intervenção de alguém que
esteja no local”, adverte.
Acessibilidade nas águas
Uma nova iniciativa no Centro-
Oeste, mais especificamente em
Brasília, busca a integração e maior
qualidade de vida de pessoas com
lesão medular por meio da prática do
mergulho com equipamentos. Esse
é o Projeto Raia Manta, criado em
2011 e que agora faz parceria com
o Projeto Integração, coordenado
pela clínica de reabilitação Caminhar.
“Já credenciei um garoto com
tetraplegia, que teoricamente
seria impossibilitado de fazer uma
atividade como essa, mas nós
conseguimos habilitá-lo para a
prática, como seria com qualquer
outra pessoa”, conta Luciano Terra,
idealizador do Projeto.
O instrutor também afirma que
o mergulho pode ser benéfico no
que diz respeito à parte fisiológica.
“Além de ser uma atividade
prazerosa, saudável, o mergulho
já possui estudos recentes que
comprovam que pessoas com lesão
medular ao praticar a atividade
aumentam a sensibilidade nos
membros inferiores”, garante
o mergulhador que também é
professor de educação física.
Quanto aos benefícios da
atividade, quem sentiu na pele foi
Rafael Marajó, 28, que há dois anos
faz o uso da cadeira de rodas devido
a uma lesão medular causada por
um tiro que perfurou seu pulmão.
Participante da edição de 2013 do
Projeto, iniciado em abril, Rafael
ressaltou a sensação de liberdade
em baixo d’água. “Ao mergulhar a
sensação é indescritível. Na água,
lá embaixo, é você e a imensidão.
Na cadeira de rodas é difícil sentir
toda essa liberdade”, conta ele após
experiência com o mergulho na
piscina. Sua expectativa, porém, é
mergulhar em lagos, rios e, quem
sabe, em alto mar. “Para quem
acredita, não existe limitação que o
impeça de fazer nada”, frisou.
LAZERESPORTE
Prazer até debaixo d´água
Com modalidades distintas de mergulho, atividade oferece desafio para uns e benefícios para todos
>> Carlos Ribeiro
Ao mergulhar a
sensação é indescritível.
Na água, lá embaixo, é
você e a imensidão
Rafael Marajó
O mergulho com auxílio de equipamentos é seguro e não exige preparo físico
Foto:LucasBatista
21
JOGO ESPORTEESPORTE
Uma nova modalidade de espor-
te cresce entre as atividades de
recreação nas escolas de Brasília: o
badminton. O jogo de origem asi-
ática necessita apenas de raque-
te fina e comprida, peteca e local
apropriado – o ideal é um ambien-
te fechado para que o vento não
interfira –, para ser executado. As
regras também são simples: vence
quem marcar 21 pontos primeiro.
Esses pontos são contabilizados
quando a peteca passa por cima da
rede e toca o campo do adversário
ou quando o jogador a lança para
fora da quadra.
A simplicidade e dinâmica do
jogo começaram a ganhar espa-
ço entre os jovens de Brasília por
volta de 2011, quando o badmin-
ton entrou para as olimpíadas es-
colares, na categoria de 12 e 14
anos. Além disso, o presiden-
te da Federação Brasiliense
de Badminton, Cristiano
Rodrigo Chew, conta que
atualmente a modalidade
é divulgada e praticada
em algumas escolas do
Distrito Federal, entre
elas o Colégio Marista de
Brasília,a EscolaAdventista
do Gama e o Centro de
Ensino Fundamental 113, do
Recanto das Emas.
Apesar de só se popularizar ago-
ra, o badminton não é novidade no
DF. Chegou à capital na década de
80, com o professor de educação
física e atual vice-diretor do Centro
Interescolar de Educação Física
(CIEF), Cícero Neves. Cícero foi o
primeiro presidente da Federação
Brasiliense de Badminton e o pio-
neiro a trabalhar com a modalidade
em Brasília, depois de se aperfeiço-
ar em São Paulo. Um dos primeiros
locais onde o educador começou
a ensinar o jogo foi no CIEF, insti-
tuição do GDF que oferece o bad-
minton para alunos da rede pública.
“Naquela época lotávamos as nove
quadras de basquete do CIEF com
pessoas que participavam dos en-
contros”, recorda Cícero.
Este ano, o badminton tam-
bém foi implantado no projeto
“Mais Educação” do Ministério da
Educação (MEC), sendo inserido
na grade curricular dos alunos da
rede pública.
Atletas
Jailson Lucieno é professor de
educação física no
Centro de Ensino
Fundamental 113, do
Recanto
das Emas. Ele incen-
tiva seus alunos a jo-
garem badminton pelo
menos duas vezes na se-
mana. Para Jailson, por se
tratar de um esporte que exi-
ge velocidade, estimula o desen-
volvimento dos alunos e incenti-
va os estudos. “Não basta o aluno
estar na sala de aula, ele também
precisa participar de outras
atividades que complemen-
tem a aprendizagem”, pontua.
A jogadora Michele
Karoline, 17, treina três vezes
por semana com Jailson. Para
a adolescente, a modalidade
é apenas um divertimento.
Contudo, ela conta que já sentiu
os resultados da atividade física.
“Tenho mais energia para estudar
na escola”, confessa.
Já a estudante Vanessa Neves,
15, ficou em segundo lugar nos jo-
gos escolares da rede pública. Ela
garante que sua vida mudou de-
pois que começou a praticar bad-
minton, pois, além de melhorar o
rendimento escolar, a atividade
também ajudou com o proble-
ma num dos joelhos. “Antes as
dores eram fortes, agora não dói
tanto”, afirma. Ela reforça que só
teve resultados positivos com a
modalidade e a indica para outras
pessoas. “O badminton te ajuda a
ter mais concentração nas coisas,
por ser um esporte que estimula o
raciocínio”, esclarece.
Espaço
O local onde se pratica o bad-
minton é fundamental. Por utilizar
equipamentos leves, principalmen-
te a peteca, locais fechados sempre
foram os mais adequados. Entre
1999 e 2002 o jogo não foi prati-
cado no DF, justamente por conta
dos lugares: “Tivemos dificuldade
para encontrar espaço para prati-
car”, lamenta Cristiano Chew, da
Federação Brasiliense.
O presidente da federa-
ção lembra que o espor-
te só voltou em 2002
porque conseguiu lu-
gar na Universidade
Petecas em movimento
Presente nas atividades escolares, o badminton começa a se destacar em Brasília
>> Maria Rita Almeida
Susana Senna
O badminton te ajuda a
ter mais concentração nas
coisas, por ser um esporte
que estimula o raciocínio
Vanessa Neves
de Brasília, onde permaneceu até
2011, quando ficou sem professor
responsável. Segundo Cristiano,
uma das propostas da nova ges-
tão da Confederação Brasileira de
Badminton, que começou o man-
dato em maio do ano passado, é a
construção de três centros de trei-
namento localizados em Brasília,
Piauí e São Paulo.
No DF, vai ser instalado no
Centro Olímpico da UnB. De acor-
do com Cícero,“esses polos serão
especificamente para atividades de
badminton de alto rendimento”.
Além de universitários da institui-
ção, o espaço será aberto para alu-
nos da rede pública.”Quantos mais
pessoas praticarem teremos mais
atletas com alto nível”, argumenta.
Origem do Badminton
De acordo com a Confederação Brasileira
de Badminton (CBBD), o esporte nasceu
na Índia, com o nome de poona. Com a
colonização do país, os ingleses conheceram
o jogo e o levaram para a Europa.
Na década de 70 o nome poona passou
para badminton. Isso porque o esporte foi
praticado na fazenda de Badminton, de
propriedade do Duque de Beaufort´s.
Preço dos equipamentos:
Duas raquetes e três petecas custam
aproximadamente R$ 34,90. O valor pode
variar de acordo com a marca do produto.
Ilustração:HenriqueCarmo
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  • 1. Ano 14, Nº 3 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, maio 2013 Foto:SamitaBarbosa Igrejas inclusivas Jornal - Laboratório - UCB Pág. 12 e 13 Comunidade LGBT XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX RISCOS Eclâmpsia é a principal causa de morte entre gestantes no país Pág. 15 LAZER Veja o raio x da situação dos principais parques do Distrito Federal Pág. 05 TRABALHO Comércio emprega 20% dos trabalhadores da cidade diz pesquisa da Codeplan Pág. 04
  • 2. 2 OPINIÃO EDITORIAL EXPEDIENTE O fazer jornalístico vai além do diplo- ma. A preocupação em apurar a notícia, escrevê-la de forma ética e acessível aos leitores é justamente o que aprendemos em um curso de quatro anos que nos torna bacharéis em Comunicação e ha- bilitados em Jornalismo. Durante oito semestres, convivemos com professores e profissionais que nos incentivam a in- terpretar e traduzir a informação. Um processo construído coletivamente, que é fruto de percepções sobre assuntos que devem se tornar públicos, discutidos na reunião de pauta e finalizados com a matéria publicada no jornal. Criamos,recriamos,escrevemos e rees- crevemos. Contudo, nem sempre acerta- mos.A intenção de trazer ao Artefato um tema como o acesso de crianças com transtorno do espectro autista às classes regulares do ensino fundamental é justifi- cada pela relevância da chamada inclusão. Apesar do zelo na construção do tex- to, ferimos o Estatuto da Criança e do Adolescente na matéria Modelo de inclu- são ao não preservar e zelar pela priva- cidade de nossos pequenos personagens. Reconhecemos o equívoco e nos descul- pamos publicamente, reforçando a pro- posta do jornal de agendar nossos leitores para temas importantes, mas dentro de uma perspectiva coerente com os precei- tos éticos.O Artefato,enquanto exercí- cio laboratorial,pensa e repensa cotidiana- mente suas práticas e nosso papel como futuros jornalistas.Talvez esse seja o maior diferencial de um jornal que quer evitar erros, mas que, quando eles acontecem, reconhece e se retrata.É essa a importân- cia da formação universitária. Aprender com os próprios erros Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 3, maio de 2013 Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto Professores responsáveis: Karina Gomes Barbosa e Fernanda Vasques Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense Editores-chefe: Anna Cléa Maduro e Michelle Brito Editores de fotografia: Mariana Lima e Samita Barbosa Editores de web: Renata Cardoso e Victor Araújo Editores de arte: Felipe Carvalho e Percy Souza Editores de texto: Lane Barreto, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Raiane Samara, Rayanne Alves e Samuel Paz Repórteres: Altieres Losan, Ana Carolina Alves, Ana Paula Viana, Anna Cléa Maduro, Carlos Ribeiro, Dayane Oliveira, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Flávia Sousa, Heloise Meneses, Henrique Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara Viana, Percy Souza, Quéssia Maia, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Robson Abreu, Lane Barreto, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thyago Santos, Walquíria Reise e Yale Duarte Subeditores de fotografia: Adriano Lima, Juliana Procópio Checadores: Carlos Ribeiro, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Quéssia Maia, Robson Abreu e Thyago Santos Diagramadores: Altieres Losan, Enaile Nunes, Felipe Carvalho, Herinque Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis e Samanta Lima Fotógrafos: Adriana Braga, Alessandro Alves, Allan Viríssimo, Carlos Ribeiro, Jéssica Lilia, Jussara Rodri- gues, Lucas Batista, Luma Soares, Priscila Suares, Raíssa Merielle, Renata de Paula e Sued Viera Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Saturno Universidade Católica de Brasília EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237 Jornal - Laboratório - UCB facebook.com/artefato.ucb artefato@ucb.br@ Edições anteriores: http://issuu.com/jornalartefato Ilustração: Henrique Carmo Leve derrapada >> Samuel Paz Proteger os policiais militares do Distrito Federal em dias de chuva é algo justo e necessário. Não só para evitar que se molhem, mas também para torná-los visíveis e evitar aciden- tes. Mas precisava planejar a compra das benditas capas justo para os me- ses de seca? Ou ainda:precisava com- prar 17 mil unidades para um efetivo de 15 mil policiais? O governador Agnelo Queiroz disse que a licitação se justifica porque os equipamentos têm grande durabilidade. No fim das contas, o argumen- to foi reforçado por uma auditoria da Secretaria de Transparência e Controle do DF. Concluiu-se que, houve falhas na pré-cotação de preços, fase que determina o valor médio do produto e norteia as ne- gociações. Uma das empresas pro- curadas cobrou muito mais do que as concorrentes (R$ 480 cada, con- tra R$ 150 em compra feita pelos bombeiros de Pernambuco) e elevou o valor de referência. Contudo, não houve irregularidades. Pode até ser que tudo tenha sido feito de acordo com a lei, mas um dedinho de imoralidade, aí tem. Tentaram enfiar as capas no pacote de investimentos para as copas das Confederações e do Mundo de fu- tebol – que acontecerão no auge da seca.Quiseram se aproveitar do regi- me especial de compras para os tor- neios, pular etapas, agilizar as coisas. O bom e velho jeitinho. O governador aquaplanou um pou- co quando defendeu a compra, mas logo recuperou o controle. Quem mais sofreu com a tempestade po- lítica foi o coronel Suamy Santana, afastado do cargo de comandante da Polícia Militar. Enquanto isso, homens e mulheres da PM seguem engasga- dos com o ar seco de Brasília e as trapalhadas dos patrões.
  • 3. 3 DEMOCRACIA A lei agora é anunciar o voto Campanha nacional mobiliza parlamentares e cidadãos na luta pela transparência em todo o país POLÍTICA >> Anna Cléa Maduro Renata Cardoso Ciro e a colegaAmanda participam de todas as manifestações políticas na capital federal No mês de abril, deputados dis- tritais lançaram uma campanha para garantir a votação aberta em to- dos os estados brasileiros e na capital federal.A mobilização pretende asse- gurar que a Câmara dos Deputados, Senado Federal e demais instâncias públicas do país sejam transparentes na prestação de contas à população. Ou seja, todas as pessoas terão aces- so às decisões dos parlamentares so- bre qualquer emenda, lei ou determi- nação política. A ideia de acabar com o voto secre- to não é nova. A iniciativa surgiu em 2006 com a Emenda à Lei Orgânica do DF 47/2006 do deputado distrital Chico Leite (PT). O projeto garan- tiu que todas as determinações da Câmara Legislativa do Distrito Federal passassem a ser abertas.“Aqui conse- guimos um avanço que precisamos levar a todo o Poder Legislativo bra- sileiro. É preciso que haja o fim desse tipo de voto,pois o sigilo no processo de votações é uma das características mais prejudiciais à democracia”,expli- ca o distrital. Agora a intenção é ampliar o pro- cesso de votação transparente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 20/2013, de autoria do sena- dor Paulo Paim (PT-RS). Caso seja aprovada, todos os votos realizados no Congresso, assembleias legislati- vas e câmaras de vereadores do país deverão ser declarados.“O voto se- creto é um incentivo à corrupção”, enfatizou o senador durante a cam- panha pela aprovação da PEC. Para Paim,“é um absurdo o voto secreto do homem público em um Estado democrático de Direito. Assim, a sociedade não sabe como cada de- putado vota num afastamento de parlamentar, no impeachment de um presidente ou até mesmo num veto. Não dá para aceitar”, acrescentou. Além dos parlamentares Paralelamente à mobilização dos senadores e deputados, a população também tem se manifestado a favor da transparência nas votações. Uma petição feita no site Avaaz.org, no dia 10 de abril, já alcançou mais de 300 mil assinaturas. Intitulado “Voto Aberto Já!”, o documento informa: É hora de acabar com a votação secreta que é um verdadeiro cheque em branco para os políticos. Assine essa petição agora e compartilhe com todos. Quando al- cançarmos 500 mil assinaturas, entre- garemos a petição diretamente ao pre- sidente da Comissão de Constituição e Justiça. O estudante da Universidade de Brasília (UnB) Ciro Rockert dos Santos foi um dos primeiros a regis- trar a opinião no documento on-line. Para ele, ações como essas são es- senciais para garantir mudanças no cenário político brasileiro.“O povo é soberano. Quando ele se organiza e forma movimentos sociais, tem mais força, voz e assim poderá ser ouvido com maior clareza, atenção e res- peito. O voto secreto impede de sa- bermos quais foram os políticos que votaram contra ou a favor de alguma lei ou emenda”, lembra o estudante. O professor da UnB Leonardo Barreto confirma a importância da participação popular e reconhece a necessidade de movimentos a partir de forças exteriores ao Congresso. “O voto secreto é um instrumento de camuflagem do parlamentar, pois serve para esconder seu posiciona- mento, seja do eleitor ou do gover- no. Dificilmente ele abrirá mão des- se instrumento de forma voluntária, então se não for por meio de pres- são popular, não acontecerá”, escla- rece o especialista. Mas nem todos os cidadãos são a favor de os parlamentares compar- tilharem todas as decisões com a sociedade. Na opinião do estudante de Direito da Universidade Católica de Brasília (UCB) Victor Rodrigues, deve ser mantido o voto secreto na apreciação dos vetos presidenciais, já que se trata da fiscalização que o Poder Legislativo tem sobre o Poder Executivo. Para ele, “o voto secreto nesse caso é importante para man- ter o equilíbrio entre as instituições e a liberdade de consciência dos le- gisladores sobre determinadas leis, além de evitar pressões e chanta- gens do governo sobre os parlamen- tares”, destaca. Todos contra um A busca pelo fim do voto secreto não se limita à PEC 20/2013.Em 2011, deputados de diversos partidos cria- ram a Frente Parlamentar em Defesa doVoto Aberto com o mesmo objeti- vo: pressionar o Legislativo e garantir a aprovação das votações abertas em diversos contextos.Existem PECs,por exemplo,que pregam o fim do sigilo de voto em caso de cassação, decretação de perda de mandato de parlamentar, aprovação ou exoneração de autori- dades. A Proposta de Emenda à Constituição mais antiga sobre o tema é de 2001, apresentada pelo ex-deputado e ex-governador de São Paulo,LuizAntonio Fleury (PTB). Em 2006,ela foi aprovada em primei- ro turno pela Câmara e até hoje não voltou à pauta. Além disso, outras duas PECs aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) em 2010 seguem sem decisão final até hoje. Foto:JéssicaLília Ilustração: Henrique Carmo
  • 4. 4 TRABALHOECONOMIA Oditado popular diz que“o traba- lho enobrece e dignifica o ho- mem”, mas não é apenas isso: ele mo- vimenta a economia e gera renda para milharesdefamílias.NoDistritoFederal, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), existem atualmente 1,25 milhões de trabalhadores. Para conhe- cer um pouco mais sobre essas pessoas, o Artefato foi às ruas e conversou com gente que trabalha na lavoura, na correria de um shopping ou em meio à papelada de um órgão público. Catarino Luiz de Lima, 52, ou ape- nas Luizinho - como ele prefere ser chamado,nasceu na cidade mineira de Araxá. Aos 12 anos mudou-se com os pais e dois irmãos para uma chácara na área rural de Brazlândia. Nesse pe- daço de terra medindo cerca de 800 metros quadrados, Luizinho aprendeu a plantar feijão, mandioca e milho. É dessa forma que o agricultor mineiro ganha a vida. De acordo com o IBGE,assim como Luizinho, outras 22 mil pessoas ga- nham a vida nas lavouras do DF. “Fui ensinado desde menino que a terra pode ser uma ótima fonte de sustento. Levo isso para toda vida e ensino para o meus filhos”,afirma. Porém, a vida de agricultor também tem seus problemas. Luizinho recla- ma da grande quantidade de roubos a chácaras, que vem ocorrendo na loca- lidade.“Os bandidos gostam muito de roubar o maquinário usado no plantio .Volta e meia fico sabendo de um vizi- nho que teve o lote invadido”,relata. Em meio a betoneiras, tijolos e ci- mento, o servente de pedreiro Cássio Araújo,25,tira uma pausa para apreciar a marmita do dia. No cardápio: arroz, feijão carioca, carne de porco frita e chuchu refogado.“O almoço é a hora do dia mais esperada por um peão de obra”, brinca. O jovem morador de Ceilândia começou a trabalhar em obras aos 16 anos e, hoje, é uma das 79 mil pessoas que trabalham na construção civil aqui no DF, segundo informações da Codeplan.“Ajudei um vizinho a erguer um muro e gostei do serviço, desde então vi que tinha jeito pra esse tipo de trabalho”,conta. Araújo recebe cerca de R$ 600, além de cesta básica e vale-transporte. Entretanto o rapaz revela que sonha com salários melhores, mas a falta de estudos atrapalha.“Estudei só até a oi- tava série e tudo que sei sobre cons- trução eu aprendi na prática.Hoje em dia até para ser mestre de obras é preciso ter o segundo grau”,desabafa. Para o engenheiro civil Celso Bartes a falta de qualificação é uma questão que afeta tanto empregadores como empregados “As construtoras ofere- cem bons salários e benefícios,porém é preciso que o trabalhador se quali- fique. Não basta saber rebocar bem uma parede, é preciso ter uma noção geral da obra”,explica. Memorandos e vitrines Brasília possui atualmente 199 mil servidores públicos distribuídos en- tre os governos local e federal, se- gundo dados da Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), realizada em março. Sandra Bueno, 32, funcionária da Secretaria de Cultura do DF há oito anos,conta que buscou o serviço público não apenas pela estabilidade: “Queria um emprego que pagasse o suficiente pra eu bancar a minha facul- dade e também que oferecesse uma carga horária de trabalho flexível”. Além disso, a servidora acredita que o trabalho em um órgão público não é sinônimo de monotonia.“Tudo depende da forma como você enca- ra as suas tarefas e as demandas que surgem.Eu trabalho em um setor que lida diretamente com artistas da cida- de,então cada dia é uma nova história, um novo aprendizado”,relata. Quem trabalha no comércio repre- senta 20% do número de trabalhado- res do DF, o que corresponde a 246 mil pessoas, de acordo com os dados da PED. Esses comerciários estão dis- tribuídos em centros comerciais,lojas de rua e feiras .“O grande diferencial do comércio em relação aos demais setores da economia está na diversi- ficação dos locais de trabalho e dos produtos oferecidos, o que resulta também em um profissional mais ver- sátil e antenado com as tendências”, explica o economista Jorge Macedo. A vendedora Débora Martins, 22, trabalha numa loja de roupas mascu- lina em um shopping na Asa Norte há oito meses.A jovem conta que traba- lhar no comércio é cansativo, apesar disso,ela elogia o trabalho.“Tem muito cliente mal educado,às vezes dá vonta- de de largar tudo e sair correndo,mas em compensação o comércio faz com que conheçamos pessoas diferentes a cada dia, além de oferecer uma varie- dade de atividades”,comenta. Novo cenário Para o economista Leon Nascimento, a economia do Distrito Federal se diversificou nos últimos anos e o setor privado ganhou espa- ço. “Nos últimos 20 anos o número de estabelecimentos comerciais tri- plicou. Até mesmo a indústria, mes- mo que em pequenos índices, vem aumentado a participação no merca- do, e isso ajuda dar equilíbrio na eco- nomia, pois não ocorre uma grande dependência de apenas um setor”, explica. O especialista completa e afirma que o crescimento da iniciativa pri- vada tem outro forte papel no setor econômico:“O comércio, a constru- ção civil e o setor de serviços têm como função absorver boa parte da mão de obra de uma cidade. Não podemos ter uma economia de- pendente apenas de um única ativi- dade, como o serviço público, por exemplo”, comenta. Quem são os trabalhadores da capital? Homens e mulheres que trabalham no comércio, na construção civil e na agricultura contam suas experiências nas áreas que mais empregam no Distrito Federal >> Percy Souza Ilustração:HenriqueCarmo
  • 5. 5 CIDADESLAZER Procuram-se parques de verdade No DF, a maior parte deles está apenas no papel e aguarda construção de estrutura física CIDADES Quem procura uma área de lazer com árvores, pista para cami- nhadas e ciclismo, recreação para crianças e aparelhos de ginástica, deveria encontrar esta estrutura nos 72 parques administrados pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) distribuídos na cidade. Mas, a reali- dade é outra: apenas 14 deles, sob gestão do órgão,estão em condições básicas de funcionamento. Em igual situação estão o Parque da Cidade, no Plano Piloto, e o taguaparque, em Taguatinga.Porém,são administrados por suas cidades. Frequentador do Parque da Cidade Sarah Kubitschek,o servidor público Fernando Salgueiro con- sidera ruim a estrutura básica do local para os frequentadores.“Ele é um dos principais do DF e deveria ser a vitrine da cidade, mas acabou se tornando numa vitrine trincada e esquecida”, comenta. O Parque da Cidade é um dos principais locais de lazer da Capital. Além das pistas para caminhadas e corrida, o lugar dispõe de restau- rantes, bosques com churrasqueiras, parques infantis e um centro hípico. Salgueiro reclama da falta de manu- tenção e conta que não se arrisca a usar os banheiros de lá. “A situação é precária, falta investimento e o po- der público faz muita propaganda e toma poucas ações”, afirma. Verde esperança A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídri- cos do Distrito Federal (Semarh) iniciou em junho de 2011, nas co- memorações da Semana do Meio >> Lane Barreto Ambiente, o programa Brasí- lia, Cidade Parque. De acordo com a Secretaria, o projeto tem o objetivo de revitalizar 72 parques e 20 unidades de conservação que existem no DF. O secretário da Semarh, Eduardo Brandão, esclarece que a maior parte desses lo- cais foram instituídos como parques, mas só existe no papel: “Cria-se um decreto estabelecendo uma poligonal e nada mais é feito. Muitas pesso- as acreditam que esses locais são terrenos baldios”, explica. O programa utiliza o método da compensação ambiental para arrecadar recursos financeiros para as reformas e manutenção dos parques e áreas de conser- vação. “Quando é feita uma obra que gera impacto ambiental, é co- brado em torno de 1,5 % do valor do empreendimento para a cons- trutora”, explica Brandão. Segun- do ele, a forma de pagamento pe- las empreiteiras é definido com a própria Semarh, e a construtora pode utilizar os próprios funcio- nários para a execução da com- pensação ambiental. Ainda segundo o secretário, com a compensação ambiental, o recurso disponível para manu- tenção e revitalização dos par- ques passou de R$ 1,5 milhão por ano para R$ 100 milhões. Além disso, existe a vantagem de não precisar de licitação para a contratação de empresas para a reforma, o que torna o pro- cesso mais rápido. Parque e clube O Ibram disponibiliza, atual- mente, apenas um parque para a população do Núcleo Bandeirante, cidade que fica a 13 km de Bra- sília. O Parque Recreativo do Nú- cleo Bandeirante está localizado no cruzamento da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) com a Estrada Parque Indústria e Abaste- cimento (EPIA). O local já foi um clube administrado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi). Apesar de o local aparecer na lista de parques em funcionamen- to fornecida pelo Ibram, alguns moradores da cidade não sabem que o acesso ao local é gratuito. “Eu não tinha conhecimento que era um parque aberto ao público, sabia da existência do local, mas fiz a carteirinha e achava que tinha que pagar para frequentar”, diz o militar Pedro Henrique Mendonça que mora no Núcleo há um ano. Como é um local onde fun- ciona um parque e um clube ao mesmo tempo, existe diferença de dia para visitação do público e dos associados. O local fica aber- to à visitações em geral de terça a sexta, das 07h às 21h. Sábados, domingos e feriados, o horário de funcionamento é das 08h30 às 17h; porém, não é permitida a entrada da comunidade, apenas dos sócios do clube. O parque tem uma grande área verde, com duas quadras de es- porte, campo de futebol gramado e de areia e playground. Para Men- donça, os finais de semana seriam os dias em que as pessoas mais usariam o local. “Nesses dias, eles cobram uma taxa para entrar e é fechado ao público. Não sei se isto está certo ou errado”, critica. Ele ainda ressalta que encontra o lugar aberto apenas no meio de semana. Por meio de nota o Ibram in- formou ao Artefato que, apesar de ser o gestor do parque, o terre- no é do GDF e que a Administra- ção da cidade autorizou uma ONG administrar o local. Eles disseram ainda que já existe uma ação na justiça para resolver o proble- ma. Mas que por enquanto, o lo- cal permanece aberto apenas aos associados nos fins de semana. Infográfico: Henrique Carmo
  • 6. 6 Jovens da classe média trabalham menos OPORTUNIDADECIDADES Pesquisa da Codeplan aponta diferenças entre pessoas da mesma faixa etária em diferentes cidades >> Yale Duarte Pesquisa sobre o perfil dos jovens brasilienses aponta diferentes índices na empre- gabilidade entre a classe mé- dia e a periferia.Levantamento realizado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), divulgado em 2012, revela que pessoas en- tre 18 e 24 anos que moram em bairros nobres da capital trabalham menos. Lago Sul, Cruzeiro e Plano Piloto apre- sentam o menor número de empregados nessa faixa etária. Em 2009, dados da Pesquisa Domiciliar Socioeconômica (PEDS), realizada pela Code- plan em 15 cidades do DF, en- tre elas Gama, Brazlândia, Cei- lândia e Samambaia, aponta- ram que a população de baixa renda correspondia a 250 mil habitantes, sendo 25 mil jo- vens entre 20 e 24 anos. Desse total, 38% não trabalham e não es- tudam. Idade considerada adequada para ingressar no mercado de tra- balho, estudar para concursos públi- cos ou disputar uma boa colocação dentro de uma empresa são algumas questões que incomodam quem está iniciando uma carreira profissional. Recém-formada em direito, Dayane Rodrigues, 23, moradora de Vicente Pires, conta que apenas fez estágio obrigatório para concluir o curso de graduação. “O trabalho é enobrecedor, mas tenho uma con- dição confortável em que posso es- colher entre estudar ou trabalhar. Opto por estudar”. Dayane tenta ingressar no serviço público desde que terminou a faculdade e deseja entrar no mercado de trabalho ape- nas quando for aprovada. Sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), Marcello Barra afirma que a pesqui- sa realizada pela Codeplan é muito importante e o que se viu no DF não é exclusivo da cidade nem do país: é uma realidade mundial. “O trabalho é central não só para entender, mas para construir outro modelo, outro tipo de sociedade”, comenta. Em relação às classes de baixa renda, o sociólogo diz que há uma maior exploração da força de trabalho.“A classe burguesa retira mão de obra do trabalhador e o futuro desses jo- vens acaba condenando-se à escas- sez”, conclui Marcello. Trabalhar ou estudar Auxiliar de escritório na Universidade Católica de Brasília, Maria Isabel da Silva, 16, trabalha há 11 meses na instituição. “Comecei a trabalhar por incentivo da escola onde estudo, mas uso o meu salá- rio para ajudar em casa”, afirma a estudante. Alguns jovens se interessam em começar a vida profissional mais cedo por serem de famílias de bai- xa renda, outros apenas pela liber- dade de ter o próprio dinheiro. A empresa Serasa Experian, especiali- zada em divulgar dados a clientes empresários, disponibilizou no site uma pesquisa a respeito da classe média brasileira, que atinge 100 mi- lhões de pessoas, sendo 32 milhões jovens que moram no subúrbio. Desse total, nove milhões são tra- balhadores de baixa renda. Rayanne Oliveira Fernandes, 23, vive essa realidade. Ela começou a trabalhar aos 17 anos em uma empresa de decoração de festas para ajudar a mãe com as despesas de casa e pagar a própria faculda- de. “Eu trabalhava aos finais de semana porque ainda fazia o terceiro ano. Como eu precisa- va, procurei o meio mais fácil, que era a empresa da minha prima”, com- pleta. Depois desse pe- ríodo, Rayanne trabalhou em quatro empresas de grande porte em Brasília. Ela conta que após mui- to esforço iniciou um curso de graduação em Ciências Contábeis, mas não o concluiu. “Ajudava a pagar contas e com- prava comida, isso era bom, mas trabalhar o dia todo e estudar à noite fi- cou muito cansativo.Tive que desistir, já que não tinha ou- tra opção de emprego”, afirma ela. A pedagoga Abadia Guimarães trabalha em uma instituição de ensino superior em Taguatinga. Ela conta que o ideal seria que os jovens da periferia pudessem es- tudar primeiro. “O certo seria se preparar para o mercado de tra- balho, mas sabemos o quanto é di- fícil. Os estudantes acabam tendo opções como a marginalidade e o trabalho. E que venha o trabalho”, alerta a pedagoga. Marcello Barra O que se viu no DF não é exclusivo da cidade nem do país: é uma realidade mundial Aos 16 anos, Maria Isabel da Silva (à direita) é auxiliar de escritório no período da tarde Foto: Renata de Paula
  • 7. 7 CONSCIENTIZAÇÃO Uso da bicicleta no DF cresce entre quem tem mais informação:Apesar do investimento em ciclovias, para especialistas, governo não tem interesse em campanhas de educação CIDADES >> Elza Milhomem Heloíse Meneses Magrela. Assim muita gente chama a bicicleta.Veículo leve que, comparado ao carro ou moto, não pesa no bolso de quem adere a um estilo de vida mais saudável e barato, sem enfrentar trânsito intenso. Engarrafamentos fizeram com que os brasilienses aderissem ao uso da bicicleta. O teórico e especialista em trân- sito alemão Hass-Klau foi o cria- dor do termo Verkehrsberuhigung, que traduzido para o português significa Acalmia de Trânsito - mais conhecido em inglês como Traffic Calming. Em 1990, ele desenvol- veu estudos para uma política de moderação no trânsito. A ideia é sugerir a redução da velocidade média dos automóveis nas áreas edificadas e o estímulo ao tráfego de pedestres, ao ciclismo, ao trans- porte público e à renovação urba- na. Com isso, o sistema cicloviário fica mais acessível para uma parte da população que se interessa por esse novo conceito. O assessor de imprensa Nelson Araújo é ciclista há três anos e acredita que o Estado precisa ter mais intenção em promover políti- cas públicas de conscientização no trânsito para motoristas e ciclistas. “Assim como foi em Brasília na época da implantação da faixa de pedestre, tem de haver campanhas de conscientização e fiscalização sempre ativas”, declara. Há dois anos, Nelson trocou o ônibus pela bicicleta. Para ele, a decisão de pedalar se tornou um estilo de vida. “É divertido, prazeroso e econômico. Ganho tempo de locomoção no meu dia- a-dia e acho que todos deveriam pensar sobre isso para que aumen- te a consciência social e ambien- tal”, destaca. Segundo o GDF, o Distrito Federal possui mais de 227 mil bicicletas e 229 km de ciclovias concluídas. Só em 2012, 150 km de ciclofaixas – sis- tema criado para ciclistas utilizarem em domingos e feriados - receberam investimentos de R$ 16 milhões nas regiões do Sudoeste, Recanto das Emas, Santa Maria e Ceilândia.A pre- visão do governo é ampliar de 229 para 600 km de ciclovias até o fim de 2014. O presidente da União de Ciclistas do Brasil (UCB) Arturo Alcorta ex- plica que acontece atualmente no Brasil um rápido crescimento do uso da bicicleta como meio de transpor- te por pessoas que têm mais acesso à informação. Segundo os especialis- tas Horton, Cox e Rosen, em artigo científico divulgado pela Mobilize, o uso da bicicleta na Dinamarca e Holanda como meio de transporte é maior por aqueles que possuem carro. Para Arturo, não há interesse do governo em realizar campanhas educativas. “Nós acreditamos que apenas com insistência por par- te dos ciclistas em cima do poder público é que conseguiremos re- sultados a curto e médio prazo”, destaca. A estudante Flávia Marra vai to- dos os dias de carro de casa até a universidade e acredita que muitos ciclistas não respeitam as regras de trânsito.“A maioria anda no meio da pista junto com os carros, atravessa a faixa de pedestres sem descer da bicicleta e muitas vezes não dá o si- nal de vida”, reclama. Já Uirá Lourenço, ciclista há 10 anos, acredita que para melhorar o trânsito é necessário fugir da lógica rodoviarista (sistema apenas para au- tomóveis) de transporte:“Concedem cada vez mais espaço para o automó- vel ampliando vias e estacionamen- tos, mas é necessário lembrar-se da lógica humana da mobilidade saudá- vel, que investe fortemente nos mo- dos alternativos e não motorizados de transporte”. Uirá pedala desde a época da uni- versidade. Hoje, a família usa a bici- cleta para se locomover.“Foi natural passar a cultura da bicicleta a minha mulher e aos meus filhos. Eles sabem da importância da pedalada, da pra- ticidade e dos benefí- cios à saúde para nós e para os outros”, diz. Pedalando fora De acordo com a UCB, capitais eu- ropeias têm inves- tido com sucesso no transporte por bicicleta. Amsterdã e Copenhague os- tentam índices de mais de 30% dos des- locamentos para o trabalho feitos pela magrela. Segundo Uirá, no Brasil são necessários trajetos contínuos integrados ao transporte coleti- vo e vagas seguras e confortáveis para o estacionamento de bicicletas. “Isso inclui sinalização, educa- ção, fiscalização entre outras medidas, como moderação de tráfego”, afirma. “Infelizmente, os governos na esfera local e federal não têm in- vestido na necessária mudança de pensamento. Além de construir in- fraestrutura (ciclovia, por exemplo), é preciso mudar progressivamente os costumes, passar a valorizar os modos coletivos e saudáveis de lo- comoção”, pondera Uirá. Procurado pelo Artefato, o Comitê Gestor da Política de Mobilidade Urbana por Bicicletas, órgão do governo res- ponsável por assuntos estraté- gicos relacionados a acessibili- dade, não quis se posicionar. Até 2014, ciclovias serão ampliadas para 600km Foto:SuedVieira Mais alguns quilômetros e força no pedal
  • 8. 8 Acabou a luz APAGÃOCIDADES Implantação de novas linhas energéticas é uma solução para quedas de energia frequentes em Brasília, porém apenas 10% das obras estão concluídas >> Henrique Carmo Na capital do Brasil, em plena pre- paração para os grandes even- tos de 2014 e 2016, problemas com energia elétrica estão cada vez mais frequentes. Para tentar minimizar o problema, a Companhia Energética de Brasília (CEB), junto com o Governo do Distrito Federal colocou em anda- mento a implantação linhas de distri- buição de energia. Três linhas de alta tensão já foram entregues em Santa Maria, Riacho Fundo, (atenderá a Hípica e o Setor de Embaixadas Sul) e Sudoeste que levará energia ao Estádio Nacional. A CEB fará 11 investimentos, entre linhas de distribuição e novas subestações, que fazem parte de um pacote de obras estabelecido em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a realização dos jogos de 2014. Segundo a companhia, nem todas as obras são necessariamente para o Estádio. A maior parte vai reforçar a energia do DF. Segundo um relatório emitido pela Aneel em fevereiro deste ano, A CEB tem apenas 10% das obras concluídas. Das 11 obras prioritárias, uma está concluída e cinco estão atrasadas. Para oito obras, a CEB propôs novo prazo de conclusão. Apagões A CEB afirma que o último grande apagão aconteceu em outubro do ano passado,porém pequenas quedas de energia vêm trazendo alguns transtornos. Na última tempestade ocorrida em abril deste ano, um dos prejudicados foi a equipe da rádio Ativa-FM, em Samambaia. Segundo Rener Lopez, um dos locutores da emissora, foram perdidos quase todos os equipamentos. Rener diz que o prejuízo não ficou só nos equipamentos. A rádio está fora do ar desde então, perdendo anunciantes e patrocinadores. A equipe da rádio já entrou com o pedido de ressarcimento de danos junto à companhia, o locutor não soube informar o valor do prejuízo. Para fazer o pedido é preciso entrar no site da CEB ou retirar o formulário em umas das agências da empresa. No documento devem ser informadas inclusive a data e a hora em que o ocorreu a queima do aparelho. Devem também estar anexados ao pedido ao menos três orçamentos, que servirão de base para a companhia ressarcir o prejuízo. O prazo para receber a indenização pode chegar a até 45 dias. Os prejuízos com a falta de energia também afetam os sinais de trânsito da cidade, causando transtornos nas pistas da capital. No começo do mês de abril, um apagão na Asa Norte mobilizou o Detran para monitorar os cruzamentos da W3 Norte, porque semáforos ficaram desligados por toda a manhã e no início da tarde.A CEB informou que o fato foi causado por alagamento em uma subestação próxima, que fornece a energia local. Os problemas Por meio de nota ao Artefato,a CEB aponta como um dos problemas a arborização da cidade. Segundo a companhia, galhos frequente- mente se encostam às redes, o que causa o desligamento. A empresa tem um programa de podas, porém não consegue atender a de- manda. Um transbordamento na rede esgoto causou a inundação do transformador no Núcleo Bandeirante,o que causou uma queda de energia na região. A companhia afirma que a maioria dos casos de falta de energia foge de seu alcance por se tratar de fatores externos. A empresa afirma que passou cerca dez anos sem investimentos necessários para acompanhar a demanda crescente do DF. O sistema ficou sobrecarregado, informa. Somente em 2011 projetos de melhorias foram retomados. Em 2012 o Governo do Distrito Federal fez um investimento de R$ 160 milhões na empresa. Em 2011, 2012 e 2013 foram gastos pela CEB quase meio bilhão de reais em reformas, ampliações e manutenção do sistema energético da cidade. Apesar desses valores, atualmente a companhia é considerada a terceira pior empresa do ramo do país, segundo ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgado em março. O ranking faz referência ao desempenho da companhia em 2012. Foto: Alessandro Alves Propaganda no Núcleo Bandeirante garante que a CEB está nos eixos. Empresa pediu mais prazo para oito obras
  • 9. 99 Lúcio Domingues pedalou até Machu Picchu,no Peru.Percorria cerca de 170km por dia. VIAGEM Mochila nas costas e pés na estrada Em busca de aventuras e cultura, os mochileiros precisam levar coragem nas bagagens >> Thyago Santos Viajar para descansar? Nada disso. Para quem pretende fazer uma viagem ao estilo “mochilão”, repousar é improvável. De acordo com a Sociedade Brasileira da Aventura (BAS, na sigla em inglês), mochileiro é a tradução do termo backpacker, atribuído ao fato de os viajantes usarem grandes mochilas. Segundo o BAS,o perfil dessa pessoa é o de alguém que busca gastar pouco, ir a lugares inusitados de maneiras incomuns, ter experiências raras e crescimento pessoal. No Brasil, existe um portal destinado especialmente ao mochileiro. A jornalista Claudia Severo de Almeida e o fotógrafo Silnei Andrade são os idealizadores e administradores do site, que existe desde 1999. Segundo a jornalista, o site nasceu com a necessidade de um espaço mais dinâmico e interativo para a troca de informações entre usuários, que acontecia na revista eletrônica Mochila Brasil. “Oferecemos informações para viajantes,fornecidas por eles mesmos, além de um espaço de integração entre os interessados, sobretudo brasileiros”, afirma Claudia. Um dos usuários do portal é o bancário Luzardo Alves. O destino escolhido por ele foi a Patagônia chilena, mais precisamente a cidade de Puerto Natales. A escolha do destino se deu por meio do site. “Eles fornecem toda a base, desde dicas do que levar até sugestões sobre onde ficar”, aponta o bancário. A preparação total da viagem que ele realizou sozinho levou cerca de três semanas, e a partida aconteceu em março de 2012. Para chegar ao destino, Luzardo embarcou em três aviões, um ônibus e um táxi, totalizando 24 horas de trajeto. “O objetivo da viagem era conhecer o parque ecológico Torres Del Paine. Como sou apaixonado por fotografia, não pude deixar de lado a câmera fotográfica”, conta. A objetividade e organização são características de um mochileiro precavido, e Luzardo se encaixa perfeitamente nessas duas. Ele conta que traçou tudo o que faria durante a viagem:os lugares que iria conhecer, o que faria e até os horários.“Decidi a minha rotina, os locais a que queria ir e quanto tempo gastaria neles. Cada dia foi planejado. O mochileiro precisa fazer esse planejamento,e não pode escapar dele. Orçar os gastos também é importante”, ressalta. E não é só Luzardo que passou a viajar de forma independente.Apesar de não existirem dados concretos sobre o aumento de mochileiros, Claudia Severo acredita que houve um crescimento considerável desse tipo de aventureiro. “Se levarmos em conta os acessos ao site, o número de blogs pipocando sobre o assunto e o interesse das pessoas nas comunidades relacionadas, pode- se afirmar que sim, aumentou. Mas não podemos falar em números”, comenta a jornalista. Sobre duas rodas Há quem prefira dispensar os modos tradicionais de viajar.É o caso do segurança Lúcio Domingues. Em junho de 2012, se uniu a três amigos para ir de bicicleta até Machu Picchu, no Peru. O trajeto foi planejado durante três anos. Começou em Brasília e chegou ao fim após 27 dias. Pedalando com mais dois amigos e ajudados por outro em uma caminhonete, eles seguiram por uma COMPORTAMENTO rota que passou por locais como o Pantanal e a Bolívia.Percorriam cerca de 170 km por dia. Rapadura diluída na água e sanduíches eram refeições constantes. As despesas da viagem, incluindo alimentação, estadia para dormir,gasolina e os gastos de todos os integrantes, totalizaram R$ 10 mil, patrocinados pela seguradora na qual trabalham. Durante o trajeto, o único problema de saúde foi um mal estar no fígado causado pela mudança na alimentação. Lúcio levou apenas alguns casacos na bagagem, mesmo indo a uma região com baixas temperaturas. “Às vezes a gente dormia com a roupa de frio que usávamos para pedalar, e mesmo assim ainda sentíamos frio”, lembra. O segurança conta que conheceu muitas pessoas e recomenda esse tipo de experiência.“Acho que quem puder fazer deve tentar sim. Foi uma experiência única.Vi muitas coisas e passei por momentos que vou levar por toda a vida”, constata. Como se preparar para um mochilão? Pesquise os principais meios de transporte e valor das hospedagens Reúna o máximo de informações sobre o lugar Crie um roteiro dos locais que irá visitar Tenha diferentes formas de efetuar pagamento (dinheiro e cartão) Conheça minimamente o linguajar do local Compare preços e economize o máximo possível Luzardo Alves conheceu a Patagonia Chilena em um mochilão que realizou sozinho. Ilustração:HenriqueCarmo Fotos: arquivos pessoais
  • 10. 10 MODA Foto:PriscilaSuares COMPORTAMENTO Comprar uma peça ou acessório daquela grife badalada ou de um estilista conceituado parece fora de questão? Pois essa é a forte aposta do varejo de moda fast fashion, que, com a estratégia, permite que os clientes tenham acesso a produtos de prestígio com preços mais populares. No Brasil, a Riachuelo e a C&A são as principais lojas que investem nessas linhas exclusivas.A primeira já lançou peças produzidas por personalidades da moda como Cris Barros,Marcelo Sommer,Thaís Gusmão e a grife Daslu.A segunda, já firmou parceria com Reinaldo Lourenço, Glória Coelho, Stella McCartney e as grifes Santa Lolla e Maria Filó. Para o produtor de moda Marcus Barozzi, a intenção dessascriaçõesétrazeraassinatura, as cores, a modelagem e o estilo dessas marcas para um público novo.“É necessário observar o life style das pessoas. Essas coleções aliam o desejo que o consumidor tem de se aproximar das marcas com o da loja de promover as vendas”,afirma. Um estudo realizado pelo Ibope Inteligênciaprevêquecadabrasileiro, neste ano, gastará cerca de R$ 800 no setor de vestuário, 18% a mais que no ano de 2012, quando a estimativa de valor foi de quase R$ 700.A pesquisa também aponta que as classes sociais B e C detêm o maior poder de consumo:40% cada, o que representa um total de mais de R$ 100 bilhões juntas. Segundo pesquisa feita pela eCGlobalNet, rede na qual con- sumidores discutem sobre serviços, consumo e produtos na internet, a preferência por comprar em lojas de departamento foi observada em 30% dos 2.180 internautas brasileiros entrevistados. A variedade de roupas encontradas nesses locais foi o principal fator para esse resultado. Essas lojas, geralmente, trabalham com o fast fashion (moda rápida, em tradução literal),ou seja,a produção contínua e em grande escala de coleções de roupas diferenciadas em um curto período de tempo. O estilista Romildo Nascimento diz que o diferencial de se criar uma coleção para lojas fast fashion é que ambas as partes saem ganhando. “O estilista tem seu produto consumido por pessoas que não tinham acesso à marca e as lojas levam peças diferenciadas ao seu cliente”, ressalta. Segundo o profissional, esse público não busca somente produtos baratos, mas também um valor agregado naquilo que compra e a possibilidade de exibir status adquirido. De acordo com a especialista em design de moda Aline Sanromã, a procura por produtos em lojas de departamento realmente tem crescido nos últimos anos. “Quem disse que para se vestir bem é preciso gastar muito? Creio que é essa a questão que motiva estilistas e grifes a criarem para as lojas”,afirma. Ela também diz que é necessário avaliar a conjuntura econômica do país.“Mais emprego,melhor renda e o surgimento da nova classe média são indicadores importantes porque o público se torna mais consciente sobre a moda, mas ainda não tem total poder aquisitivo para adquirir peças de grife”,completa. não vestir tão bem. “Não seja só um consumidor da moda. Seja um “antenado”, principalmente, com a moda que mais se adapta ao seu corpo, ao seu estilo de vida. Assim fica mais fácil fazer uma boa compra, seja de grife ou em fast fashion”, conclui. Glamour do fast fashion Lojas de departamentos investem em coleções exclusivas de grifes e estilistas famosos para atrair consumidores >> Ana Carolina Alves Dayane Oliveira Mudança rápida de coleções é o diferencial em lojas fast fashion De olho nos preços A Santa Lolla, grife que comercializa sapatos, bolsas e acessórios criou, recentemente, uma coleção exclusiva para a C&A. Abaixo, está um comparativo de preços entre seus produtos originais e alguns modelos similares confeccionados especialmente para a loja de fast fashion. Sapatilha vermelha com tachas douradas Grife – R$ 199,90 Fast Fashion – R$ 79,90 Sapato preto e estampa animal print Grife – R$ 309,90 Fast Fashion – R$ 99,90 Bota preta com spikes Grife – 389, 90 Fast Fashion – 209,90 Bolsa vermelha com detalhes dourados Grife – 319,90 Fast Fashion – 159,90 A moda é baratear Por que esses produtos têm um preço tão inferior se comparado aos originais? A diferença está na escolha dos tecidos e materiais que são usados para a confecção das peças. Uma camisa, que em determinada grife seria de seda, por exemplo, pode ser vendida com modelo similar, mas feita de poliéster. “O consumidor terá acesso a um produto com referência de moda e que talvez não conseguisse adquirir de outra forma. Entretanto, nem sempre com qualidade, justamente pelos tecidos e acabamentos utilizados”, revela Aline Sanromã. A especialista ainda reforça que para aproveitar as coleções, a dica é não comprar tudo o que se vê pela frente e sim optar por peças-chave como casacos e blazers, que têm sido destaque em muitas linhas exclusivas. Também lembra que é importante provar tudo, pois, quando exposto, o produto pode ser lindo, mas
  • 11. 11 COMPORTAMENTOCUIDADOR Profissão: babá de animais Para quem não tem onde deixar o bicho de estimação na hora de passear ou trabalhar, o serviço de pet sitter é uma opção>> Nayara Viana Walquíria Reis Donos de bichos que não encon- tram a possibilidade de levar o animal na viagem ou passeio, podem ter dúvidas sobre onde e com quem deixá-lo. Para solucionar o problema, surgiu uma nova profissão - pet sit- ter - profissional que oferece serviço domiciliar de cuidado e companhia para o animal de estimação. É possível manobrar as necessidades deixando os bichos com algum amigo ou parente mais próximo,ou levar con- sigo em viagens, mas cada animal tem seu temperamento e costumes, o que pode gerar frustrações para o próprio pet ou para quem fica com ele. “Isso pode até mesmo estimular agressivida- de,provocar medo no animal ou afetar sua saúde se ficar com alguém sem co- nhecimentos necessários”,é o que afir- ma Renato de Couto, 25, que trabalha com psicologia canina há sete anos e há dois,incluiu os serviços de pet sitter em sua empresa. Entre as vantagens do serviço de pet sitter está a de “manter o animal em sua residência, evitando assim, possíveis frustrações nele como também falta de vagas ou preços mais altos em ho- téis para animais”, explica Renato. São executados serviços básicos de alimen- tação,repouso e higiene,passeios recre- ativos e alguns oferecem adestramento. A personalização de atendimento reduz também possíveis riscos de saúde ao pet, mantém a rotina criada pelo pro- prietário, além de oferecer cuidados especiais para filhotes e animais idosos . A solução é interessante, mas é ne- cessário atenção ao contratar um pet sitter: “Infelizmente, o mercado brasi- liense não analisa muito o currículo nesses serviços, dando oportunidade para amadores,o que é arriscado”,aler- ta Renato. Para ele, ficar com o animal ou entrar na casa dos donos, é preci- so atender a requisitos.“Essas pessoas Foto:LumaSoares podem se utilizar de má fé para entrar na residência ou na falta de conheci- mento, prejudicar a saúde deles”, com- plementa. Renato desenvolve o traba- lho com cães,mas existe pet sitters para diferentes animais de estimação. Lohraine Fagundes, além de cachor- ros atende aves, tartarugas, peixes, mas afirma que a demanda maior é para cui- dar de gatos. Ela começou a oferecer os serviços de cuidadora há um ano e descobriu a atividade por meio da irmã, Sofia Bethlem, que é adestradora. “Eu estava precisando de dinheiro e foi quando a minha irmã deu a ideia” conta. Juntas, elas abriram uma empresa que atende clientes em todo o DF. Mas an- tes de oferecer os serviços,as profissio- nais se especializaram na área. Isabela Gusmão e o sócio Saulo Magalhães também trabalham como pet sitters. Eles abriram um serviço es- pecializado para animais há seis meses no Plano Piloto. “Nós fazemos uma primeira visita até a residência com a intenção de conhecer o animal e levan- tar dados sobre ele em um cadastro que é preenchido pelo cliente”, escla- rece Isabela Gusmão.Após o primeiro contato para identificar a raça, idade e costumes do mascote, os cuidadores voltam à residência e atendem o animal de acordo com suas necessidades. O negócio Existempasseadores,hotéisecreches paraanimaisdeestimação,masoserviço de pet sitter tem sido popularizado e se revela como oportunidade para empresários que investem em cursos profissionalizantes. A tendência dessa profissão veio dos Estados Unidos e conquistou o público brasileiro. As diárias cobradas por um“cuidador de animais”, termo mais conhecido no Distrito Federal, variam de R$20 a 60, conforme a localização,horas e funções. Segundo Renato, em sua empresa esse serviço pode faturar mensalmente até R$3 mil, principalmente em meses de muitos feriados. Renato aconselha quem deseja entrar na profissão: “Procure atuar incialmente junto à pessoas que já trabalham na área, recebendo pouco ou mesmo nada pelo conhecimento”. Ele defende a ideia de que livros e internet ensinam muito, mas que a prática é fundamental. Por enquanto, os “babás de animais” não estão enquadrados em uma categoria profissional específica perante a lei. Os interessados em encontrar um cuidador disponível também podem recorrer a um serviço na internet. O www.pethub.com.br já existe há dois anos e usuários podem se cadastrar tanto para contratar um profissional quanto para oferecer trabalho. Para saber mais sobre o trabalho oferecido por: Renato, acesse: www. seuamigao.com.br Lohraine Fagundes: (61) 8205-8010 Isabela Gusmão e Saulo Magalhães: 9866-0407 Para ser um cuidador, Renato aconselha cursos preparatórios e amor por animais
  • 12. 12 DIREITOS HUMANOSCOMPORTAMENTO Fé sem preconceito Há mais de oito anos, igrejas inclusivas no DF recebem gays, lésbicas e transgêneros e pregam o valor à estrutura familiar >> Michelle Brito Samita Barbosa Foto:SamitaBarbosa O pastorAlexandre Feitosa prega na ComunidadeApascentar localizada no Conic.Os cultos acontecem às quartas 19h30,e aos domingos às18h Em meio à variedade da vida noturna do Setor de Diversões Sul, vulgo Conic, – bares, cinema, casas noturnas – de quarta-feira a domingo templos religiosos denominados igrejas inclusivas recebem gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros. Estabelecida em 2005, pelo professor e pastor Ivaldo Gitirana, a Comunidade Athos é a primeira de Brasília direcionada a acolher as minorias sexuais: “A nossa estrutura não é diferente das demais. Temos cultos, liturgias e pessoas que buscam a Deus”, explica. A Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado mais de 50 fiéis. Quem dirigia o culto era a pastora Márcia Dias. Os que escutavam eram casais como Jociano Barros e Eder Freitas. Há sete anos Eder convidou seu companheiro, Jociano, para conhecer o local, que tem como slogan A igreja que valoriza a sua identidade. Jociano já foi católico e revela: “Eu participava de tudo, mas não era permitido fazer o ato mais esperado ao fim da missa: comungar. Aceitei conhecer a igreja inclusiva, pois aqui sou tratado como qualquer outro membro”, conta. Pastor e teólogo, Alexandre Feitosa é casado com Jean Charles há dois anos. Juntos eles organizam os cultos, a escola bíblica e o aconselhamento pastoral da Comunidade Cristã Inclusiva Apascentar, também localizada no Conic. “A teologia inclusiva nasceu para, biblicamente, inserir essas pessoas na igreja por meio de um novo entendimento dos textos bíblicos”, explica Alexandre. No culto, realizado aos domingos, os fiéis cantam músicas religiosas e escutam algumas passagens da Bíblia. Além das atividades internas, os participantes também organizam evangelizações em bares, quiosques do Parque da Cidade e casas noturnas. Distribuem panfletos, convidam para o culto ou oram com as pessoas. Segundo Ivaldo, “muita gente adentra o espírito ‘evangeliquês’ e se esquece de lutar pelos direitos humanos. A nossa liderança tem que sair do quadrado do templo, ir além da parte imaterial. Pois o espiritual acrescenta todos os outros pontos”, destaca.   Filha de pastor evangélico, a psicanalista Maria Machado* frequenta a Comunidade Apascentar com a esposa Rose Andrade*. Ela conta que, mesmo depois de se assumir homossexual aos 18 anos, manteve um casamento heterossexual durante 13 anos. “Meu pai era pastor missionário e, claro, não aceitou. Ele quis me expulsar de casa, mas minha mãe não deixou”, revela. Maria assumiu sua sexualidade e, hoje, mantém união estável com Rose. Elas realizaram a cerimônia religiosa em uma igreja inclusiva de São Paulo. Dimensão familiar Dados do censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em Brasília, 1.241 É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora, ora. Precisamos conhecer para aprender a lidar com todas estas diferenças Ivaldo Gitirana
  • 13. 13 COMPORTAMENTO Desafios da comunidade LGBT Fábio Oliveira administra o site, a página do facebook e o twitter da Comunidade Athos. Além dos pedidos de orações, Fábio já recebeu recados como: “Vocês não têm vergonha de sujar o evangelho?”. As conquistas dos homossexuais são recentes no Brasil. Há três anos o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. E, atualmente, se discute a diminuição da maioridade para realização de cirurgia de mudança de sexo. Segundo Zuchiwschi, “o Brasil tem um grande atraso na legislação que diz respeito à gays, lésbicas e transgêneros em relação a outros países”. Ele afirma que a sociedade brasileira in- fluencia nessas decisões e que deve haver “um diálogo para o conhecimento com caráter pedagógico para conscientizar as pessoas”. pessoas declararam que dividem a mesma residência com cônjuge ou companheiro do mesmo sexo.  Nacionalmente esse número chega a 60 mil.Alexandre e seu companheiro, Jean, já frequentaram igrejas tradicionais. Jean, inclusive, já foi casado com uma mulher, com quem tem um filho. “Dentro das igrejas tradicionais você é pressionado a mudar. Muitos homossexuais vivem um casamento frustrado por causa desta pressão”, revela. No que diz respeito à relação entre a Comunidade Apascentar e os atuais movimentos pelos direitos da comunidade LGBT, Alexandre e Jean enfatizam: “Temos uma ressalva com essa militância. Pessoas seminuas, se beijando em passeatas gays, não estão nos representado. Haverá preconceito enquanto a comunidade agir como promíscua”, destaca. A igreja condena a promiscuidade e o adultério. “Defendemos os valores éticos, a família e a união estável”, afirma Jean. O Pastor Ivaldo Gitirana também se casou com seu companheiro Douglas Santos. Ivaldo foi seminarista em 2001. Lá confessou sobre a sua afetividade quando estava em formação. “Ser padre era meu sonho. Estava apaixonado, confessei a respeito e a decisão foi a minha retirada”, Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos completos. Expressar a religião faz parte disso José Zuchiwschi conta.  Ivaldo saiu do seminário, aprofundou-se nos estudos litúrgicos no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) e trouxe para Brasília o conceito de teologia inclusiva e o método histórico crítico, modo de interpretar a Bíblia. “É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora e ora. Precisamos conhecerparaaprenderalidarcom todas estas diferenças” adverte. ICM no Brasil As Igrejas inclusivas surgiram no final da década de 1960 a partir da Igreja Comunidade Metropolitana (ICM) nos Estados Unidos. Este ano, completaram 10 anos de inserção no Brasil. O objetivo é acolher as minorias sexuais e promover a integração saudável da sexualidade e da espiritualidade LGBT à comunidade em geral. “Nós acreditamos que, assim como está escrito na Bíblia, Deus não faz interpretação de pessoas. E isso nos proporciona aprofundar nos estudos bíblicos, de maneira que não encontramos flechas que possam ser atiradas contra nós”, explica Ivaldo. A ICM se espalhou por vários países e foi responsável, a partir de 2000, pela criação de igrejas inclusivas em vários estados do Brasil. O especialista em gestão e direitos humanos e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Zuchiwschi visitou, nos Estados Unidos, igrejas inclusivas na década de 1990 e acompanha os movimentos sociais em prol dos direitos humanos.“Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos completos. Ter direito de expressar a religião faz parte disso” esclarece o professor. * Nomes fictícios DIREITOS HUMANOS Com o slogan A igreja que valoriza a sua identidade, a Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado cerca de 50 fiéis Foto: Allan Viríssimo
  • 14. 14 COMPORTAMENTO O carinho doado às crianças ajudam na superação do preconceito contra o vírus da doença DISCRIMINAÇÃO Barreira para portadores do HIV Preconceito gera isolamento social e inibição na busca por tratamento eficiente >> Robson Abreu Samanta Lima Apesar dos avanços nas polí- ticas de prevenção e assis- tência aos portadores do HIV, no Brasil o preconceito ainda é um desafio para cerca de 500 mil pes- soas diagnosticadas com o vírus, conforme dados divulgados em 2012 pelo Ministério da Saúde. De acordo com o psicólogo Marcelo Trindade, a discriminação está di- retamente ligada ao medo e ao desconhecimento das formas de infecção.“Mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus a uma sentença de morte. Acham que a contaminação é algo distan- te da realidade”, explica. O psicólogo relata que a pes- soa que convive com o vírus ou que tem a doença, na maioria das vezes, não sabe lidar com o diag- nóstico, o que gera a exclusão da vida social e o isolamento familiar. “Geralmente o preconceito contra os soropositivos ocorre primeiro na família e no mercado de traba- lho. Muitos morrem não devido à síndrome, mas sim de doenças psi- cossomáticas, por se sentirem só, depressivos. Com isso, eles se auto discriminam”, afirma Marcelo. O cabelereiro Alex Viana*, por- tador do HIV há 13 anos, afirma que precisou aprender a lidar com o preconceito, principal- mente na família. Depois de so- frer a primeira pneumonia, a mãe decidiu separar todos os talhe- res, copos, roupas de cama e até móveis. “Não era por falta de in- formação, ela era uma pessoa es- clarecida. Dizia que era para me proteger de outras doenças, mas com aquela atitude tinha vergo- nha de mim”, desabafa. Foto:RaíssaMeirelles Direitos adquiridos O projeto de lei 6124/2005, em tramita- ção no Senado, toma cri- me a discriminação de pessoas que vivem com o vírus. O PL prevê puni- ções que podem chegar a quatro anos de reclu- são, além de multa. Para a advogada Fernanda Andrade, a medida é bem vinda, mas só será exercida quando o cida- dão aprender a respeitar o soropositivo. “O ideal seria não precisar da lei, porém a sociedade não é madura o suficiente para entender que a aids é uma doença crônica e que o paciente pode viver bem”, ressalta. A proposta foi apresentada pela ex-senadora Serys Slhessarenko (PT – MT) e, após ser aprovada na Câmara, voltou ao Senado porque sofreu alterações. A mais polêmi- ca é a possibilidade de enquadrar como crime a demissão ou exo- neração de funcionários em ra- zão da sorologia. O defensores do projeto alegam que é essen- cial manter esse inciso, pois coíbe ações de assédio moral cometi- das pelas empresas contra soro- positivos, como o caso de Alex. “Fui demitido de uma empresa dois meses após avisar que sou portador. Haviam proposto que eu assumisse a gerência do local, mas, depois da revelação, me de- mitiram”, relata. Crianças acolhidas Há seis anos, Vick Tavares abriu mão do ateliê de costura para criar a instituição Vida Positiva, que acolhe crianças e adolescen- tes com aids. O local, na 711 Sul, é repleto de amor e carinho, vin- dos de uma mulher que há mais de uma década convive com his- tórias marcantes. Atualmente, 17 meninos e meni- nas são assistidos pela instituição. Nove vivem na casa e cerca de 40 famílias recebem assistência em medicamentos, alimentos e acom- panhamento médico. O objetivo da ONG é proporcionar estabilidade às crianças incentivando a supera- ção do preconceito e inserindo os portadores do vírus na sociedade. Vick adotou uma das delas, Cláudia*, 9, que luta contra a dis- criminação desde pequena, como conta a mãe. “Um dia cheguei à escola e ela estava isolada dos outros meninos. Ela havia con- tado que tinha o vírus. Hoje ela está em outra escola, que a res- peita, mas não comenta sobre o HIV”, diz Vick. Visite o blog para mais informações do instituto Vida Positiva: www.vibraçoespositivashiv.blogspot.com.br MarceloTrindade Hoje, mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus a uma sentença de morte *Nomes fictícios
  • 15. 15 Gravidez que se torna um trauma Na pré-eclâmpsia, a pressão sanguínea é elevada, o feto para de se desenvolver e quando evoluída pode levar à morte da mãe e do bebê >> Dayanne Teixeira SAÚDE Foto:AdrianaBraga RISCOS Andréa diz ter superado o medo de engravidar SAÚDESAÚDE Ganho de peso, inchaço, dores de cabeça, insuficiência uri- nária, dores abdominais e alterações na visão são sintomas que, se apre- sentados a partir do quinto mês de gestação, ou seja, 20 semanas, são preocupantes. Podem ser resultado da pré-eclâmpsia,uma doença em que a gestante desenvolve hipertensão e proteína na urina, a proteinúra. De acordo com o Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia estão en- tre as primeiras causas de morte ma- terna no Brasil e determinam o maior número de óbitos perinatais, além do aumento significativo de recém nasci- dos com sequelas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pré-eclâmpsia é um distúrbio que afeta cerca de 5% das mulheres grávidas. A psicóloga Isabella Mendonça conta que já atendeu à muitas mães vítimas da síndrome: “Elas sempre chegam muito abaladas. A maioria perdeu o filho,então temos que curar uma depressão causada pela perda e o trauma de ter uma possível pré-eclâmpsia em uma futura gestação. Não é um tratamento fácil ou rápido”. A ginecologista e obstetra, Edina de Macedo Fontes, afirma que a doença não é muito conhecida, portanto, as mulheres só ficam sabendo sobre ela quando a desenvolvem, Para informar e auxiliar, o Ministério da Saúde distri- bui desde 2010 o Manual Técnico da Gestação deAlto Risco. De acordo com a médica, o moti- vo exato da síndrome ainda é desco- nhecido.“Não existem certezas nesse assunto, mas as possíveis causas in- cluem doenças autoimunes,problemas nos vasos sanguíneos e genes”,explica. Ela também relata que,entre os fatores de risco, estão a primeira gestação ou gestação múltipla, como gêmeos, obe- sidades, gravidez em idade superior a 35 anos e históricos anteriores de dia- betes ou doença renal.Para detectar o distúrbio são realizados testes físicos, laboratoriais e monitoração da saúde do bebê. Segundo a doutora Edina Macedo,as mulheres diagnosticadas com síndro- me não se sentem doentes. “Existem variados níveis da doença. Na grave, a gestante pode apresentar dores de ca- beça que não cessam facilmente, dor abaixo das costelas, na região da ve- sícula biliar, ou, ainda, quando o bebê chuta”, explica. Além disso, a redução do fluxo de sangue para a placenta pode restringir o desenvolvimento da criança.“A única forma de curar a pré-eclâmpsia é realizando o parto”, completa.De acordo com o Ministério da Saúde, quando diagnosticada, a mãe passa a tomar medicamentos para controlar a pressão arterial e evitar convulsões e injeções de esteroide após 24 semanas, para ajudar a acele- rar no desenvolvimento dos pulmões. Bruna Morais,27,teve pré-eclâmpsia em duas gestações: “Minha primeira gravidez foi tranquila. Não tive pro- blema algum, mas quatro anos depois, na minha segunda, senti fortes dores e perdi minha filha aos oito meses de gestação”. Ela relata que esperou seis anos para engravidar novamente: “Eu estava esperançosa. Minha pressão estava baixa, só que com 26 semanas comecei a perder líquido e minha pressão subiu novamente. Meu bebê nasceu com 28 semanas. Após cinco dias na UTI ele faleceu”. Ela comenta que o pior de tudo foi não conseguir ver o filho, pois estava em estado gra- ve, decorrente da síndrome. A tia de Bruna teve pré-eclâmpsia em duas ges- tações e eclâmpsia em uma. Final Feliz Com uma pressão arterial de 9/5, Andréa Cassese engravidou aos 28 anos. Aos cinco meses de gestação ela começou a inchar. Aos seis, foi perce- bido que o desenvolvimento do bebê estava estagnando.“Fui para a consulta do sétimo mês.Estava completando 30 semanas e me sentia muito bem. Meu bebê não mexia muito, mas achei que Ministério da Saúde A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia continuam sendo a primeira causa de morte materna no Brasil. fosse normal. Durante minha pré-avaliação, mi- nha pressão estava 13/9. O médico juntou tudo e diagnosticou a pré- -eclâmpsia”,relata. A criança estava des- nutrindo. A placenta não passava nutrientes. “Primeiramente o par- to seria feito para salvar meu filho. O medo é de que ele estivesse em so- frimento fetal”, conta. O quadro mudou quando a pressão da mãe estava 18/16 e o risco era de que ela morresse. “Meus rins pararam. Meu médi- co falou para meu marido que teriam que escolher entre eu e meu filho”, lembra. Andréa teve hemorra- gia após o parto, então a pressão começou a igualar. Seu filho Gabriel ficou 45 dias na UTI. Ela teve anemia forte e ficou algumas vezes internada para realizar o tratamento. “Senti os efeitos da doença durante o resguar- do.Teve uma vez que minha pressão ficou 20/18 e fiquei temporariamente cega”,explica. Ela ainda comenta que,mesmo com todo o trauma, sempre quis ter dois filhos. “Pesquisei bastante sobre o que poderia ocorrer numa segunda gravi- dez. Eu tenho pavor de que aconteça algo”. Hoje, aos 33 anos,Andréa está no oitavo mês de gestação e a gravidez está ocorrendo sem nenhum proble- ma ou sinal de pré-eclâmpsia.Ela toma remédios para prevenir a pressão alta.
  • 16. 16 DESCANSO Um sono considerado normal é aquele em que uma pessoa descansa, física e mentalmente, e acorda preparada para as ativida- des cotidianas. Segundo especialis- tas, crianças precisam de aproxi- madamente 14 a 16 horas de sono por dia. Adolescentes precisam de mais ou menos nove horas diárias e adultos, de seis a oito horas. No entanto, nem sempre é assim que acontece. Uma pesquisa realiza- da pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012 aponta que cerca de 40% da população mun- dial e 43% da brasileira sofrem com algum distúrbio ou síndrome relacionada ao sono. Entre os problemas mais comuns estão a insônia e a apneia do sono. Nesta última, o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme, cau- sadas por obstruções na passagem do ar pela garganta. O tratamento depende de cada caso. O mais efi- caz e mais utilizado é o Continuous Positive Airway Pressur (CPAP), aparelho que previne o fechamen- to das vias aéreas. Algumas doenças podem ser he- reditárias, como a narcolepsia, con- dição do sistema nervoso caracte- rizada por episódios inevitáveis de sono. Um dos sintomas é a sonolên- cia excessiva e a preguiça durante o dia, que pode deixar a pessoa desa- tenta ao realizar atividades cotidia- nas. O tratamento mais adequado é à base de remédios que diminuem a sonolência durante o dia e tirar cochilos programados. O neurologista especializado em saúde do sono do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Raimundo Nonato explica as cau- sas desse distúrbio: “A narcolepsia é uma doença genética. Os meca- nismos imunológicos ainda não são bem esclarecidos. Ela inclui a perda de neurônios produtores de hipo- cretina, uma substância responsável por manter um animal em vigília”.A produção de hipocretina pode ser estimulada por alimentos que con- tenham açúcar e proteína animal. Sonâmbulo O consultor de comércio exterior Dormir mal prejudica a saúde Distúrbios do sono afetam desde crianças a idosos e podem ir além de uma noite mal dormida Luiz Felipe Gonzales teve sonam- bulismo em grande parte da infân- cia, adolescência e começo da vida adulta. Soube do problema, carac- terizado por movimentos do corpo durante o sono profundo, por meio de relatos dos pais e amigos,que de- monstraram preocupação. Por conta disso, resolveu pro- curar ajuda de um especialista em medicina do sono.“Achava um exa- gero tudo isso, mas fui convecido de que esse tratamento psicote- raupêutico me faria bem. Descobri que as causas eram preocupações e estresse,principamente na minha adolescência, em época de provas e trabalhos”, explica Luiz Felipe. Segundo especialistas, episódios de sonambulismo ocorrem quan- do a consciência e a memória dor- mem e a parte motora desperta >> Rayanne Alves SAÚDE Ilustração: Henrique Carmo – por barulho, ronco ou crise epi- lética. Ainda não existem estudos que relacionam problemas psico- lógicos à doença, mas sabe-se que crianças são as mais atingidas. Na medida em que crescem, o sonam- bulismo pode desaparecer. Mente afetada As doenças que afetam o sono podem ter causas psicológicas e se diagnosticadas podem ser tratadas adequadamente. Estresse, angús- tia e depressão podem provocar esses problemas. A neurologista Jane Lúcia Machado, do Instituto do Sono de Brasília (Insono), aler- ta que a insônia ou qualquer ou- tra dificuldade para dormir pode levar a doenças como ansiedade ou depressão. Um problema pode desencadear outro. Luiz Felipe Gonzales Descobri que as causas do meu problema eram preocupações e estresse, principalmente na adolescência, em época de provas e trabalhos.
  • 17. 17 Unhas de diferentes cores e tamanhos fazem parte da vaidade de muitas mulheres. Mas, a preocupação em mantê-las com o esmalte da moda ou ir frequen- temente aos salões de beleza, não as afastam das infecções. Os ho- mens também podem sofrer com problemas causados pela falta de cuidado com as unhas. Por ser um depósito de bactérias, a unha se torna uma ameaça à saúde. O cui- dado vai além da estética e deve se tornar um hábito. O dermatologista Cristiano Velasco, explica que a unha fun- ciona como proteção da pele e o descuido pode causar prejuízos. “As doenças são relacionadas a fa- tores de risco expostos na rotina de cada pessoa, desde a ida à mani- cure, sapatos apertados e falta de limpeza”, esclarece. É preciso ficar atento à aparência da unha e notar o surgimento de manchas ou sinais de enfraqueci- mento. Estas observações podem ajudar no diagnóstico de alguma doença. Outra proteção são as cutí- culas, que geralmente são retiradas. Riscos Pequenas lesões causadas por fun- gos favorecem a chance de infecção e podem ser ocasionadas pelo uso de instrumentos não higienizados em salões de beleza.“Os riscos va- riam desde a presença de bactérias em lesões na unha ou até em casos mais graves, onde a unha machuca- da pode ser uma porta de entrada para infecções sistêmicas, afetando o organismo”,alerta a infectologista, Luciana Lara. A micose, por exemplo, é uma do- ença ocasionada por fungos que se manifestam entre a unha e o dedo. Os sintomas são o acúmulo, aumen- to e deformação das cutículas. “É comum ter fungos na pele, mas isso pode se agravar quando eles cres- cem desordenadamente em contato com a unha. A micose pode surgir por cima da unha ou na parte infe- rior e acometem principalmente os pés”, afirma CristianoVelasco. A funcionária pública, Ana Queiroz, 40, teve micose de unha: “Senti uma forte dor ao redor da unha, fui ao médico e ele disse que era uma inflamação. De acor- do com ele era uma celulite”. A celulite é uma infecção que apare- ce devido à presença de bactérias. Tratamento e prevenção As doenças de unha têm cura e o tratamento pode ocorrer por meio de medicamentos orais ou por laser. O tempo de tratamento para quem utiliza medicamentos é de seis a de- zoito meses para alcançar resulta- dos eficientes. Para quem quer um resultado mais rápido a recomenda- ção é o laser. Para prevenir as infecções de unha Além da estética Infecções de unha podem ser evitadas com cuidados básicos e com a esterilização de instrumentos em salões de beleza Foto:QuéssiaMaia >> Ana Paula Viana Quéssia Maia HIGIENE é necessário que as pessoas obser- vem as condições de higiene nos sa- lões de beleza, bem como cuidados pessoais. “O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure podem transmitir infecções.Para evitá-las é recomendada a limpe- za frequente das unhas, mas sem- pre utilizando materiais individuais. Outro hábito recomendado é o de manter sempre os pés bem limpos e secos antes do uso de calçados fe- chados”, recomenda a infectologista, Luciana. A empresária Fátima Lima, 32, que vai ao salão com frequência, leva o próprio material. “Geralmente levo meu alicate,palito,lixa e até esmalte. Não consigo usar os instrumentos da manicure, fico com receio de pe- gar alguma doença, até porque ela atende várias pessoas por dia. No começo ficava com vergonha de le- var, mas fui me acostumando e indico isso para todas as mulheres”, afirma. Estética x Saúde A variedade no mercado é exten- sa. Unhas de porcelana, em gel ou postiças fazem sucesso nos salões. A manicure Quênia Cristina, 28, trabalha há um ano e afirma que para fazer as unhas postiças utiliza material descartável. A procura pela unha perfeita é constante, porém o dermatologis- ta Cristiano Velasco ressalta que unhas feitas em gel, postiças ou porcelana podem piorar a quantida- de de fungos fazendo com que eles se alastrem. “Quanto mais os fun- gos se espalham pelas unhas pos- tiças, devido a umidade e pressão que oferecem as unhas verdadeiras, mais a pessoa fica propícia a infec- ções”, declara. SAÚDE Luciana Lara, infectologista O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure pode transmitir infecções. Nem sempre manter as unhas com o esmalte da moda é sinônimo de saúde e higiene
  • 18. 18 Em busca do rock perdido Músicos apontam as dificuldades de voltar ao destaque na cena brasiliense >> Raiane Samara Entre as décadas de 80 e 90, Brasília se tornou referência nacional pela produção musical no campo do rock. Grandes nomes da música brasileira como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, tornaram a cidade popularmente conhecida como Capital do Rock. “Brasília ganhou esse título porque daqui saíam bandas boas,as pessoas consideravam que a produção do rock nacional era muito legal, e era mesmo”, afirma a locutora da rádio Transamérica Brasília,Drica Mendonça. Com o tempo, outros ritmos tomaram conta do mercado brasiliense e o rock foi perdendo o destaque no gosto popular. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) divulgada em janeiro deste ano diz que, 56% dos ouvintes de rádio em Brasília escutam sertanejo com frequência. “Esse é o som que todos querem ouvir, é o som da moda, vamos dizer assim,o que o rock já foi em Brasília”, aponta o baterista da banda de rock The Neves, DanAbreu. O guitarrista e vocalista da banda Distintos Filhos, Paulo Veríssimo, alega que o rock não perdeu o lugar para outros ritmos, foram os próprios músicos do estilo que não se organizaram profissionalmente. “Não curto sertanejo, mas vejo que eles são bem mais preparados que nós.São mais profissionais e não tocam apenas por cerveja. É preciso valorizar-se para ser valorizado”, admite. Segundooprodutorcultural, Paulão Silva, para conseguir preferência nos espaços para shows e a disseminação do ritmo na cidade, é preciso ter apoio e patrocínio o que, para ele,se torna mais fácil sendo um estilo com maior divulgação na mídia, como funk e sertanejo. Drica explica que estar na mídia não significa que o ritmo seja preferência, ou que seja muito bom. Segundo ela, a música atualmente é um mercado mais financeiro do que cultural, por trás do sucesso existe um grande empresário investindo. v“Por isso que é tão difícil as bandas de rock independente chegarem a tocar em várias rádios, porque é um investimento muito caro. Tudo que você imaginar quando envolve música é pago”, diz a apresentadora. Já Paulão conta que o público é culpado por essa desvalorização. “En_ quanto o show do seu amigo ali é R$ 10, ninguém vai. Mas depois que ele aparece na televisão e o show passa a ser R$ 50, todo mundo quer ir, quer saber quem é,e de onde veio”,comenta. Quando o assunto é prospecção, o baterista Dan pondera que almejar sucesso fora, antes mesmo de fortalecer a cena local, contribui para a falta de espaço na cidade. O guitarrista PauloVeríssimo diz que asbandasencontramumaoportunidade maior em outros estados, pois apesar de enfraquecido dentro da cidade, o rock de Brasília ainda é renomado no país. “O fato de a gente ter bandas clássicas como Legião e Plebe, faz com que as pessoas queiram conhecer o que de novo estamos fazendo.E hoje o nosso maior público é fora de Brasília”, declara o músico. Iniciativas O Fundo de Apoio a Cultura (FAC) oferece ajuda financeira aos artistas de Brasília e inclusive é utilizado pelas bandas de rock independente. Segundo Paulão, o apoio funciona e ajuda muito, mas os músicos não podem depender apenas disso. “Fora esse apoio do governo,o que ajuda é a independência, fazer um coletivo com vários produtores e conseguir fazer um festival,gravar um disco,com ajuda de um e de outro”,diz ele. Em parceria, músicos e produtores criaram o movimento Brasília, Capital do Rock. O manifesto oficializado em fevereiro de 2012 busca registrar o rockcomosímboloculturaldacidadee trazer ações de incentivo à valorização cultural. O primeiro desses projetos, o Rock Sem Fronteiras, foi aprovado pela Secretaria de Cultura (Secult) em março deste ano. Serão feitos eventos mensais no SESC Garagem, palco de grandes shows nas décadas de 80 e 90, apresentando bandas do cenário local e convidados. Paulão Silva é produtor do festival Porão do Rock (PDR) que traz atrações nacionais e internacionais para Brasília, além de artistas locais escolhidos por meio das seletivas realizadas nas cidades satélites. De acordo com o produtor, um evento como o PDR é muito importante para alcançar projeção nacional. “O destaque é maior, tem imprensa do Brasil inteiro. A banda pode tocar com equipamento, palco, todo apoio e liberdade para mostrar o seu potencial”, articula. Valorização Na opinião de Dan Abreu, o tempo é fundamental para que as bandas atuais tenham ascensão: “Creio que elas têm muita qualidade e muito potencial, só que é muito difícil fazer um som original e de qualidade”. Veríssimo aponta que ainda é preciso que as bandas façam um bom trabalho e deem o melhor de si para atrair público e atenção da mídia.“É preciso dedicação, profissionalismo e muito trabalho. Acredito que ainda somos bem vistos fora de Brasília, mas pode melhorar”,finaliza. Drica conta que desde julho de 2012, a Transamérica modificou a programação local, e só toca rock. Segundo ela, a audiência da rádio aumentou, provando que o estilo ainda tem força.“A gente aposta que vai dar certo. Acreditamos que o rock não morreu aqui em Brasília, ele só precisa ganhar força.E vai ganhar”,completa. O rock não morreu aqui em Brasília, ele só precisa ganhar forças, e vai ganhar. Drica Mendonça MÚSICACULTURA A bandaThe Neves nasceu em 2009 e está produzindo o segundo CD com ajuda dos fãs Foto:RaianeSamara
  • 19. 19 Atores na vida real, jovens sao incentivados a compartilharem o que aprenderam a outras pessoas em suas comunidades Arte sem limites por cidadãos que têm o desejo de mostrar aos moradores de suas lo- calidades a importância dessa arte no aspecto social.As pessoas que fa- zem parte desse conjunto desenvol- vem as atividades em escolas, casas, locais públicos e particulares. Por meio desse trabalho, eles mostram a importância de jovens estarem dire- tamente ligados ao movimento. Em Ceilândia,grupos como o Força Tarefa e Repensar realizam ações vo- luntárias junto às comunidades sem cobrar nada. “Nossa proposta é in- serir os jovens no mercado cultural’’, afirma o B. boy papel. A arte permi- tiu ao dançarino conhecer mais de cinco países, onde ele representou o Brasil em campeonatos de breaking. Para ele, as pessoas interessadas por alguma arte precisam de um apoio maior do governo e da cidade. O crescimento de movimentos sociais com envolvimento de jovens tem despertado o interesse de ór- gãos governamentais. Os grupos são capazes de movimentar inúmeras pessoas da comunidade onde vivem, em prol de reivindicação e atividades >> Júnior Assis Amúsica, a dança e o grafite encantam e despertam o in- teresse dos jovens em comunidades carentes do Distrito Federal. A mis- tura de culturas, crenças e realida- des envolve o cotidiano de cada um deles. Na busca para alcançar algo melhor, essas pessoas se dedicam ao mundo da arte e da cultura. Com base em dados do Cadastro Único DF, cerca de cem mil jovens entre 15 e 29 anos estão em situ- ação de extrema pobreza. Para al- cançar esse grupo, os movimentos sociais utilizam a dança e a música. Somente depois de uma aproxima- ção concreta começam a tratar do tema política, com todo cuidado. “A pessoa que chega até nós não quer saber de política.Então,no começo,a gente mostra a dança e depois a im- portância da política para a sua co- munidade e para a cultura”, diz Alan Jhone Moreira, conhecido como B. boy papel. Os movimentos de hip hop, grafite, DJ e break chegam às comunidades e escolas do DF para ajudar na forma- ção cultural. São grupos formados que fazem no intuito de divulgar a cultura e a cidadania. Em janeiro deste ano,o GDF criou o Conselho de Juventude do DF (Conjuve-DF). O objetivo é dar aos jovens a liberdade de escolher pes- soas que os representem para dis- cutir assuntos como democracia e políticas públicas voltadas para esse setor. “O conselho da juventude é um espaço de troca, e também de interlocução entre o governo com esse público”, relata o coordena- dor de Juventude da Secretaria de Governo, Carlos Odas. A inserção dos jovens na cultura e na política é um diferencial nos movimentos sociais.“Para o adoles- cente é muito importante que ele esteja participando dos projetos”, relata o B. boy papel.A participação desse grupo nas oficinas ministra- das pelos profissionais que dedicam suas vidas a um trabalho voluntá- rio é grande. Essas pessoas ensinam aos alunos a importância de esta- rem envolvidos em ações realizadas no bairro onde moram. As pessoas envolvidas na arte encontram no hip hop a oportu- nidade de mudar de vida. É o caso de Lucas da Silva, 19. Ele mora em uma comunidade carente no setor Sol Nascente, em Ceilândia, mas não desanima e vê no break a chance de crescer na vida.“A dança é uma for- ma que eu encontrei para fugir das drogas”, afirma o rapaz. Hip hop nas escolas Cada vez mais estudantes da rede pública no DF são alcançados pelas manifestações culturais. O grupo ForçaTarefa desenvolve atividades de música e grafite em diversas escolas. “A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e passem paraB. boy papel(esquerda) ajuda jovens por meio da dança no Centro Cultural de Ceilândia outras pessoas”, conta o diretor da organização, Rivas Cruz. Para o cantor de rap Cleidilson da Silva, o movimento de hip hop tem um valor imenso,os indivíduos alcan- çados pela dança passam a ter uma nova visão de sua comunidade. Eles começam a entender que os movi- mentos artísticos culturais fazem parte do seu cotidiano. “As escolas são as principais responsáveis pela disseminação dos movimentos na ci- dade”, enfatiza. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no DF o grupo de pesso- as entre 10 e 29 anos soma quase 953 mil. Os movimentos que usam o hip hop para alcançar esse públi- co, hamam a atenção pelo interesse em formar futuros representantes da arte.“Se a pessoa está envolvida em cenas culturais aprende muito mais”, afirma o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Didonet. As pessoas que trabalham com o hip hop, grafite, DJ e o breaking nas cidades do Distrito Federal lutam pela propagação da cultura. Envolver esses indivíduos em ativi- dades que vão beneficiar sua locali- dade é um dos objetivos dos grupos. “Nos espaços que são construídos mais coletivamente, você tem uma tolerância maior à diferença e à di- versidade”, relata Carlos Odas. A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e passem para outras pessoas. Rivas Cruz JUVENTUDE CULTURA Foto:JussaraRodrigues
  • 20. 20 Ao se tratar de água, o Brasil tem, além do oceano que banha seu litoral, o maior reservatório de água doce do mundo, equivalente a 12% do volume total, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA).. Para usufruir de toda essa imensidão subaquática, nas profundezas de lagos, rios e oceanos, nada melhor do que a prática do mergulho. Usada nos primórdios para a pesca, hoje a atividade vai além de simplesmente submergir na água. Segundo o instrutor e mergulhador profissional Luciano Terra, o estilo de mergulho mais seguro e mais praticado é o autônomo. Nesta modalidade, o praticante respira por meio de tubos ligados a cilindros que reservam oxigênio e garantem maior tempo de permanência debaixo d´água. Parece simples, mas alguns cuidados devem ser tomados. “Apesar de toda a segurança, não deixa de ser um esporte de risco por lidarmos com grandes profundidades e com o aumento da pressão atmosférica. A intenção é minimizar os riscos”, conta Luciano. Em Brasília, para poder mergulhar no Lago Paranoá ou em outro reservatório de água, é necessário que o praticante tenha credencial obtida após curso fornecido por escola de mergulho. “Para que a pessoa se habilite da forma correta, são oferecidas aulas teóricas com toda a parte fisiológica, psicológica e ambiental, e práticas, feitas inicialmente na piscina e, depois, no lago”, ressalta Luciano. De acordo com ele, os cursos costumam ser criteriosos, em prol da segurança de todos.“A pessoa só sai do curso se estiver realmente apta a mergulhar. Pensamos na qualidade da formação dos mergulhadores. A segurança está acima de tudo”, frisa. Mergulho em apneia Outra forma de mergulhar, desta vez sem o uso de cilindros de oxigênio, é utilizando apenas o ar dos pulmões. Chamado também de mergulho livre, esta modalidade consiste em prender voluntariamente a respiração, o que é chamado fisiologicamente de apneia. De acordo com a Associação Internacional para o Desenvolvimento deApneia (AIDA), este estilo de mergulho, consagrado como esporte em meados de 1990, “é um meio de nos conhecermos melhor e, também, de conhecermos o mundo aquático”. Para o mergulhador profissional e instrutor Michel Med, ao contrário do estilo autônomo, considerado por ele como esporte de contemplação, mergulhar sem equipamentos é sinônimo de superação de limites. “O mergulho em apneia é um esporte de competição, no qual o objetivo é chegar ao ponto mais profundo possível ou simplesmente ficar o maior tempo submerso”, explica. De acordo com Michel, que mergulha há pelo menos 15 anos, a prática deste esporte, apesar de ser mais acessível por não necessitar de equipamentos, é mais perigosa e também deve ser feita sob supervisão de algum especialista mesmo em ambientes rasos, como piscinas. “A longa privação de oxigênio, com alteração dos níveis de CO2 na corrente sanguínea, podem desligar o cérebro, levando a pessoa ao desmaio e a um possível afogamento se não houver uma rápida intervenção de alguém que esteja no local”, adverte. Acessibilidade nas águas Uma nova iniciativa no Centro- Oeste, mais especificamente em Brasília, busca a integração e maior qualidade de vida de pessoas com lesão medular por meio da prática do mergulho com equipamentos. Esse é o Projeto Raia Manta, criado em 2011 e que agora faz parceria com o Projeto Integração, coordenado pela clínica de reabilitação Caminhar. “Já credenciei um garoto com tetraplegia, que teoricamente seria impossibilitado de fazer uma atividade como essa, mas nós conseguimos habilitá-lo para a prática, como seria com qualquer outra pessoa”, conta Luciano Terra, idealizador do Projeto. O instrutor também afirma que o mergulho pode ser benéfico no que diz respeito à parte fisiológica. “Além de ser uma atividade prazerosa, saudável, o mergulho já possui estudos recentes que comprovam que pessoas com lesão medular ao praticar a atividade aumentam a sensibilidade nos membros inferiores”, garante o mergulhador que também é professor de educação física. Quanto aos benefícios da atividade, quem sentiu na pele foi Rafael Marajó, 28, que há dois anos faz o uso da cadeira de rodas devido a uma lesão medular causada por um tiro que perfurou seu pulmão. Participante da edição de 2013 do Projeto, iniciado em abril, Rafael ressaltou a sensação de liberdade em baixo d’água. “Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é você e a imensidão. Na cadeira de rodas é difícil sentir toda essa liberdade”, conta ele após experiência com o mergulho na piscina. Sua expectativa, porém, é mergulhar em lagos, rios e, quem sabe, em alto mar. “Para quem acredita, não existe limitação que o impeça de fazer nada”, frisou. LAZERESPORTE Prazer até debaixo d´água Com modalidades distintas de mergulho, atividade oferece desafio para uns e benefícios para todos >> Carlos Ribeiro Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é você e a imensidão Rafael Marajó O mergulho com auxílio de equipamentos é seguro e não exige preparo físico Foto:LucasBatista
  • 21. 21 JOGO ESPORTEESPORTE Uma nova modalidade de espor- te cresce entre as atividades de recreação nas escolas de Brasília: o badminton. O jogo de origem asi- ática necessita apenas de raque- te fina e comprida, peteca e local apropriado – o ideal é um ambien- te fechado para que o vento não interfira –, para ser executado. As regras também são simples: vence quem marcar 21 pontos primeiro. Esses pontos são contabilizados quando a peteca passa por cima da rede e toca o campo do adversário ou quando o jogador a lança para fora da quadra. A simplicidade e dinâmica do jogo começaram a ganhar espa- ço entre os jovens de Brasília por volta de 2011, quando o badmin- ton entrou para as olimpíadas es- colares, na categoria de 12 e 14 anos. Além disso, o presiden- te da Federação Brasiliense de Badminton, Cristiano Rodrigo Chew, conta que atualmente a modalidade é divulgada e praticada em algumas escolas do Distrito Federal, entre elas o Colégio Marista de Brasília,a EscolaAdventista do Gama e o Centro de Ensino Fundamental 113, do Recanto das Emas. Apesar de só se popularizar ago- ra, o badminton não é novidade no DF. Chegou à capital na década de 80, com o professor de educação física e atual vice-diretor do Centro Interescolar de Educação Física (CIEF), Cícero Neves. Cícero foi o primeiro presidente da Federação Brasiliense de Badminton e o pio- neiro a trabalhar com a modalidade em Brasília, depois de se aperfeiço- ar em São Paulo. Um dos primeiros locais onde o educador começou a ensinar o jogo foi no CIEF, insti- tuição do GDF que oferece o bad- minton para alunos da rede pública. “Naquela época lotávamos as nove quadras de basquete do CIEF com pessoas que participavam dos en- contros”, recorda Cícero. Este ano, o badminton tam- bém foi implantado no projeto “Mais Educação” do Ministério da Educação (MEC), sendo inserido na grade curricular dos alunos da rede pública. Atletas Jailson Lucieno é professor de educação física no Centro de Ensino Fundamental 113, do Recanto das Emas. Ele incen- tiva seus alunos a jo- garem badminton pelo menos duas vezes na se- mana. Para Jailson, por se tratar de um esporte que exi- ge velocidade, estimula o desen- volvimento dos alunos e incenti- va os estudos. “Não basta o aluno estar na sala de aula, ele também precisa participar de outras atividades que complemen- tem a aprendizagem”, pontua. A jogadora Michele Karoline, 17, treina três vezes por semana com Jailson. Para a adolescente, a modalidade é apenas um divertimento. Contudo, ela conta que já sentiu os resultados da atividade física. “Tenho mais energia para estudar na escola”, confessa. Já a estudante Vanessa Neves, 15, ficou em segundo lugar nos jo- gos escolares da rede pública. Ela garante que sua vida mudou de- pois que começou a praticar bad- minton, pois, além de melhorar o rendimento escolar, a atividade também ajudou com o proble- ma num dos joelhos. “Antes as dores eram fortes, agora não dói tanto”, afirma. Ela reforça que só teve resultados positivos com a modalidade e a indica para outras pessoas. “O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio”, esclarece. Espaço O local onde se pratica o bad- minton é fundamental. Por utilizar equipamentos leves, principalmen- te a peteca, locais fechados sempre foram os mais adequados. Entre 1999 e 2002 o jogo não foi prati- cado no DF, justamente por conta dos lugares: “Tivemos dificuldade para encontrar espaço para prati- car”, lamenta Cristiano Chew, da Federação Brasiliense. O presidente da federa- ção lembra que o espor- te só voltou em 2002 porque conseguiu lu- gar na Universidade Petecas em movimento Presente nas atividades escolares, o badminton começa a se destacar em Brasília >> Maria Rita Almeida Susana Senna O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio Vanessa Neves de Brasília, onde permaneceu até 2011, quando ficou sem professor responsável. Segundo Cristiano, uma das propostas da nova ges- tão da Confederação Brasileira de Badminton, que começou o man- dato em maio do ano passado, é a construção de três centros de trei- namento localizados em Brasília, Piauí e São Paulo. No DF, vai ser instalado no Centro Olímpico da UnB. De acor- do com Cícero,“esses polos serão especificamente para atividades de badminton de alto rendimento”. Além de universitários da institui- ção, o espaço será aberto para alu- nos da rede pública.”Quantos mais pessoas praticarem teremos mais atletas com alto nível”, argumenta. Origem do Badminton De acordo com a Confederação Brasileira de Badminton (CBBD), o esporte nasceu na Índia, com o nome de poona. Com a colonização do país, os ingleses conheceram o jogo e o levaram para a Europa. Na década de 70 o nome poona passou para badminton. Isso porque o esporte foi praticado na fazenda de Badminton, de propriedade do Duque de Beaufort´s. Preço dos equipamentos: Duas raquetes e três petecas custam aproximadamente R$ 34,90. O valor pode variar de acordo com a marca do produto. Ilustração:HenriqueCarmo