1. O documento discute o arcadismo e neoclassicismo nos séculos XVIII, que buscavam simplicidade em oposição ao barroco;
2. Apresenta poemas de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga que ilustram esses estilos através do uso de temas pastorais e mitológicos;
3. Discutem a poesia de outros autores como Basílio da Gama e Bocage no contexto do pré-romantismo brasileiro do século XVIII.
2. BUSCA A SIMPLICIDADE; MÍMESIS (IMITAÇÃO)
Faz a imaginação de um bem amado,
Que nele se transforme o peito amante;
(Cláudio Manuel da Costa)
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
(Luís Vaz de Camões)
“L'amante nel amato se transforma”
(Petrarca)
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3. Inutilia truncat (“corte-se o inútil”)
Alguém há de cuidar que é frase inchada,
Daquela que lá se usa entre essa gente,
Que julga que diz muito e não diz nada.
O nosso humilde gênio não consente,
Que outra coisa se diga, mais que aquilo
Que só convém ao espírito inocente.
(Cláudio Manuel da Costa, Glauceste Satúrnio)
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5. Carpe diem (“aproveite o dia”), Omnia fluent
Ah! Não, minha Marília,
aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(Tomás Antônio Gonzaga, Dirceu)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADlia_de_Dirceu
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6. Fugere urbem (“fugir da cidade”), Locus
amoenus (“local ameno”)
Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.
Eu não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade.
(Cláudio Manuel da Costa)
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8. Aurea mediocritas (“equilíbrio do ouro”)
O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os Impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói pobre,
Como o maior Augusto.
(Tomás Antônio Gonzaga)
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9. BRASIL: 1768 – 1836
Época da mineração
Poetas líricos:
inconfidentes
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10. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
Obras Poéticas (1768, poesia lírica)
– sonetos
– musa principal: Nise
– tema fundamental: Amor
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11. Não vês, Nise, este vento desabrido,
Que arranca os duros troncos? Não vês esta,
Que vem cobrindo o céu, sombra funesta,
Entre o horror de um relâmpago incendido?
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12. Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.
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14. Vestígios do Barroco
– natureza rude
– vocabulário rebuscado
– presença de antíteses
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15. Às vezes expressa saudade da
Metrópole (Portugal)
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16. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
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Liras de Marília de Dirceu (poesia lírica)
− tematiza o pastoralismo; ideal de propriedade
autossuficiente
− presença do narcisismo e do epicurismo
Epicuro pregava a busca
equilibrada dos
prazeres; carpe diem
a) 1.ª parte: lirismo do noivado
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Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
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Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
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Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua Aldeia;
Vestia finas lãs e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
24. POESIA ÉPICA DO ARCADISMO E PRÉ-ROMANTISMO
Basílio da Gama Santa Rita Durão
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(Termindo Sipílio) (Frei José de Santa Rita
Durão)
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− Gen. Gomes Freire
de Andrade
X
− jesuíta Balda
− Cacambo (guerreiro)
− Lindoia
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− episódio principal: “morte de Lindoia”
− crítica ao jesuitismo
− versos decassílabos brancos
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− 1510: náufrago Diogo Álvares Correia
Caramuru, de Santa Rita Durão
− Paraguaçu
− Moema
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− episódio principal: “morte de Moema”
− versos decassílabos em oitava-rima
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Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
A
B
A
B
A
B
C
C
29. Portugal (1756 – 1825)
Bocage
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(Elmano Sadino)
32. BOCAGE
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Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
− boêmio e jogador
− vida e obra similares a Camões
Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.
− grande sonetista
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a) Poesia lírica − Idílios Marítimos
− fingimento
− várias musas: Marília,
Anarda, Urselina,
Gertrúria...
− mitologia
− locus amoenus
(Arcadismo)
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Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira.
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
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Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento;
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio de razão seguisse pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria.
Outro Aretino fui... A santidade
Manchei - ... Oh! Se me creste, gente impia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
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Da grande Manteigui, puta rafada,
Se descreve a brutal incontinência;
Do cafre infame a porra desmarcada,
Do cornífero esposo a paciência;
Como, à força de tanta caralhada,
Perdendo o negro a rígida potência,
Foge da puta, que sem alma fica,
Dando mil berros por amor da pica.
Ana Jacques Mondtegui, natural do Damão
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É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carualho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.