A entrevista discute os eventos e iniciativas planejados pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, incluindo congressos internacionais, cursos de pós-graduação, e programas de formação contínua. O diretor também destaca a importância da aprendizagem ao longo da vida e da colaboração entre as faculdades.
1. 8 www.diariodominho.pt Entrevista Diário do Minho
QUINTA-FEIRA, 2 de fevereiro de 2012
Entrevista Diário do Minho / Rádio Faculdade de Filosofia a Miguel Gonçalves
FacFil foi berço da Universidade Católica
DR
Aproximando-se a celebração do dia da Universidade e perdoando-nos a imodéstia,
Católica (5 de fevereiro), o Diário do Minho, em par- um quase “case study”.
ceria com o programa Periscópio da Rádio FF publica
hoje uma entrevista com o Doutor Miguel Gonçalves, LM Ainda a este nível, esta-
diretor da Faculdade de Filosofia. É a primeira de mos a fazer um grande es-
forço no sentido de ir ao en-
quatro entrevistas com os diretores de cada uma das
contro daquilo que a região
faculdades e com o diretor do Centro Regional. A
nos pede.
entrevista pode ser ouvida, na íntegra, no site www. MG Efetivamente, para além
facfil.braga.ucp.pt
dos colóquios e congressos
no âmbito das temáticas já
Luís da Silva Pereira FacFil, sr. diretor, é um pe- enunciadas, temos ainda em
Luísa Magalhães/Rádio FF queno grupo de grandes agenda outro tipo de iniciati-
pessoas. Concorda? vas. Destacaria, sem ser exaus-
Luísa Magalhães (LM): A Rá- MG Não só concordo como su- tivo, a abertura das candida-
dio FF queria que o senhor blinho. É minha convicção que, turas para licenciados de pré-
diretor lançasse um olhar para termos grandes realiza- Bolonha que podem vir com-
sobre o que, da Faculda- ções, mais importante do que pletar os segundos ciclos, den-
de de Filosofia, pode sair os recursos é constituirmos tro da nossa oferta, a preços
para Portugal, para a UCP boas equipas, grupos coesos, bastante competitivos. As can-
e para a zona onde estamos dinâmicas de racionalização, didaturas estão abertas para
inseridos. em constante processo de ava- 2.ºs ciclos (mestrados) que vão
Miguel Gonçalves (MG): Co- liação. Se não fosse este o ca- da Literatura ao Ensino da Filo-
meço por dar os parabéns à minho trilhado desde há anos sofia, passando pela Ética e pela
Direcção de Programas porque pela UCP e pela Faculdade de Filosofia Política, Filosofia da Re-
este é um espaço que, num Filosofia, não seríamos capa- ligião e ainda nas áreas da Psi-
Miguel Gonçalves, diretor da Faculdade de Filosofia
curso de Ciências da Comu- zes de fazer pelo menos tão cologia, das Ciências da Comu-
nicação, dificilmente se com- bem como os melhores, sem aqui se realiza. Gostaríamos ternacional de Psicologia do Tra- trada na Comunicação Em- nicação, das Ciências da Infor-
preenderia que não existisse, termos os mesmos recursos. de ouvi-lo sobre os próxi- balho e das Organizações”, e ain- presarial. mação e Documentação, etc.
e, por outro lado, por se tra- Recordo que, se de início, a mos eventos… da um congresso da Associação Para esta casa, e à nossa es- Acabámos também de anun-
tar de uma iniciativa que me Faculdade de Filosofia era so- MG Sem querer esquecer nada Internacional de Psicologia Ana- cala, os eventos anunciados ciar um grande pacote de
parece tão oportuna quan- bretudo conhecida interna- nem ninguém teremos, já em lítica. Em setembro e outubro apenas serão levados a bom formação no âmbito daquilo
to feliz, e que tem a ver com cionalmente a partir do cur- abril, dois colóquios interna- temos mais dois momentos: o termo com o total empenho que designamos de “Formação
a parceria estabelecida entre so que lhe deu nome, e por cionais: um no âmbito da Li- II Congresso Internacional “Co- de cada docente. Neste par- Contínua”, destinada, em par-
a Rádio FF e o jornal Diário ser aqui que nasceu uma das teratura, dedicado a “Camões municação, Cognição e Media: ticular, somos uma institui- ticular, a quem está no ensi-
do Minho. mais prestigiadas revistas in- e os seus contemporâneos”, e Discurso Político e Económico” ção de referência, e esta ga- no, e que costuma obter bas-
Efetivamente, aproxima-se a ternacionais no âmbito da Fi- que resulta de uma feliz par- e o Congresso Internacional“Do rantia, associada a uma polí- tante adesão. Temos ainda em
comemoração do Dia Nacio- losofia, nas últimas décadas, o ceria entre a Faculdade de Fi- Reino das Sombras: Represen- tica de publicação igualmen- carteira a divulgação de algu-
nal da UCP, que, em 2012, nome da Faculdade de Filoso- losofia, a Universidade de tações da Morte”. te consistente, quer a nível da mas propostas, quer ao nível
coincide, também, com o 45.º fia (e da própria cidade) tem Coimbra e a Universidade dos Para além destes eventos, há “Revista Portuguesa de Filoso- das pós-graduações, quer ao
aniversário da própria criação chegado aos cinco continen- Açores. Depois, também ou- também as iniciativas mais re- fia”, da “Revista Portuguesa de nível daquilo que, de uma for-
da UCP. Esta celebração na tes, pela via da organização tro sobre as “Narrativas do po- gulares, quer ao nível de con- Humanidades” e da “Revista ma mais apelativa, e eventual-
UCP-Braga assume um sig- (e também da participação) der feminino” ainda durante ferências e seminários, quer Pessoas&Sintomas”, mas tam- mente destinado a outro pú-
nificado muito especial por- de congressos internacionais, o mês de abril. sob a forma de oficinas. Cito bém ao nível da publicação blico, se designa por masters.
que corresponde à celebra- por todos reconhecidos como Em meados de julho realizar- apenas duas: uma, no âmbito de monografias e atas, fazem O Conselho Científico aprovou
ção do 65.º aniversário da Fa- verdadeiros embaixadores, e -se-á o primeiro “Congresso In- das Artes Visuais; outra, cen- de nós, na opinião de muitos, uma Pós-graduação em “Neu-
culdade de Filosofia de Bra- como momentos privilegia- ropsicologia e Psicoterapia” e
ga que, sendo uma obra da dos para essa afirmação. um Master em “Comunicação
Companhia de Jesus, consti- Empresarial”. Está ainda para
tui o berço da própria UCP, já
que esta é, historicamente, a
sua primeira Faculdade, erigi-
da em 1947.
LM Os congressos que te-
mos organizado fazem par-
te de uma estratégia de pro-
jeção da Faculdade de Filo-
“ Para termos grandes realizações, mais importante
do que os recursos é constituirmos boas equipas,
grupos coesos, dinâmicas de racionalização,
breve a apreciação de uma
proposta de Pós-graduação
em “Psicologia Forense e Cri-
minal” e outra no domínio da
em constante processo de avaliação
”
LM O que temos aqui na
sofia e da investigação que “Psicologia da Educação”.
2. Diário do Minho
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Estudar na Católica
não é necessariamente mais caro
DR
LM Ouvimos também falar de quilo que somos e fazemos, de puro individualismo é não
cursos especializados dirigi- daquilo que é hoje, afinal, a só pouco avisada como, mais
dos à comunidade sénior. Faculdade de Filosofia. do que isso, condenada ao fra-
MG Aproveito para referir ain- casso. Somos seres relacionais
da essa iniciativa ao nível do LM Estudar é uma das coisas ou, se preferir, “sistemas aber-
Centro Regional, já que neles que vale a pena fazer na tos”…
estão envolvidas as três Facul- vida…
dades: tencionamos apresen- MG Aprender é seguramente LM Uma atitude negativa,
tar, a breve prazo, o Progra- uma das formas mais inteli- por todas as razões.
ma “Sophia”, destinado a quem gentes de estar na vida ou de MG No momento em que as
tenha mais de cinquenta anos passarmos por esta vida. Pre- maiores instituições universi-
e queira aproveitar a reforma firo a angústia que, tantas ve- tárias falam em fusões – e al-
antecipada para continuar a zes, o conhecimento e a sa- gumas está previsto que ocor-
sentir-se útil e a ter o seu tem- bedoria nos causam, à “felici- ram no presente ano letivo –,
po ocupado. Poderá encon- dade” de nada sabermos, da e se nós, localmente, somos
trem na universidade (de for- Faculdade de Filosofia procura ir ao encontro do que a região precisa ignorância… Daí a importân- um Centro Regional, estranho
ma obviamente não tão for- cia que deve assumir para cada seria que não trabalhássemos
mal porque não confere grau) mais variadas, recobrindo áre- ritualidade, Música, etc. num total de 6; 11 de 2.º ci- um de nós, para além da trans- de forma articulada, aprovei-
um tempo para aprofundar as as como Cinema, Arte, Psico- Se a esta oferta acrescentar- clo, e 4 de 3.º ciclo, ficaremos missão de conhecimento, tam- tando sinergias. Caso as Fa-
mais diversas temáticas trans- logia, Literatura, Língua, Espi- mos os cursos de 1.º ciclo, com o quadro completo da- bém o da própria produção e culdades de Filosofia, de Teo-
versais às principais áreas que partilha de conhecimento. Em logia e de Ciências Sociais agis-
temos no Centro Regional. É boa verdade, falar de Ensino
“
sem como ilhas isoladas, difi-
um programa dirigido à co- Aprender é seguramente uma das formas Superior sem falar de produ- cilmente seriam viáveis. Mas,
munidade sénior, mas sem que ção de conhecimento e de par- felizmente, esse é um proble-
mais inteligentes de estar na vida ou de passarmos por esta
seja de verdadeira especializa- tilha desse mesmo conheci- ma que não se coloca. Para
ção. A única condição prévia
vida. Prefiro a angústia que, tantas vezes,
mento é uma contradição nos afirmarmos a nossa individua-
é que possuam cinquenta anos o conhecimento e a sabedoria nos causam, à “felicidade” próprios termos. Qualquer ati- lidade não precisamos de ser
ou mais. As temáticas são as de nada sabermos, da ignorância…
” tude de “ensimesmamento” ou “íntimos desconhecidos”…
Vale a pena escolher a Universidade Católica
LM Que terá o diretor da Faculdade de Filosofia a dizer aos um terço daquilo que financiam o correspondente ensino Católica, seja também, em muitos casos, uma questão de
alunos de todos os ciclos que nos ouvem através da rádio FF? público, e nós faremos o que faz o Estado. saber gerir, convenientemente, o orçamento familiar.
Temos também de continuar a apostar na mais-valia que
MG Desafio-os a que, acima de tudo, e em todas as circuns- LM Uma provocação final: até que ponto não se poderia constituem, por exemplo, os nossos ex-alunos. Eles são o
tâncias, exerçam o seu dever de plena cidadania. investir numa campanha de sensibilização dos alunos das melhor cartão de visita da própria Faculdade e os seus em-
Mas, se me permitem ir um pouco mais além, há um direito escolas secundárias, explicando que os nossos vários cursos, baixadores mais credíveis.
que os nossos alunos têm e que está na base de uma das tendo equivalência em termos académicos e de qualidade, Se tivéssemos oportunidade de fazer um trabalho de levan-
suas maiores queixas. Refiro-me à manifesta discriminação antes de irem procurar noutra qualquer cidade, poderiam tamento de quantos quadros ou altos quadros (ministros,
que há entre o ensino superior público e o ensino superior pensar em termos do custo que têm quando saem de Braga. ex-ministros, deputados, ex-deputados, autarcas) a Uni-
privado ou, no caso vertente, concordatário, e cuja expressão A deslocação pode implicar o triplo do dinheiro. A provo- versidade Católica tem colocado ao serviço de Portugal e
máxima se traduz no valor das propinas. Quero dizer que os cação vai no sentido de lançarmos essa campanha já em como eles podem interferir, positivamente, neste processo,
alunos da Católica (e eventualmente os alunos do ensino março … teríamos muito a ganhar. A palavra dos alunos e ex-alunos,
superior privado ou cooperativo), têm o direito de pugnar aliada ao que acabámos de dizer, são a nossa melhor forma
pelo cumprimento integral da Constituição no que ao ensino MG Efetivamente, impõe-se que tenhamos uma atitude mais de divulgação.
diz respeito, e que é a possibilidade de poderem escolher, pedagógica, não só em relação aos potenciais candidatos Vale a pena escolher a Universidade Católica, pelo ambiente,
livremente, a sua escola. como em relação às próprias famílias. Sendo evidente o pelos valores, pela proximidade, pela qualidade, enfim, pelo
Se o Estado estivesse interessado em deixar fazer quem faz desnível entre propinas, tal não significa que optar pela futuro; e vale a pena, enquanto pais, escolher a Universidade
melhor por menor custo, estou convencidíssimo de que nós, Católica não possa ser, para além de uma escolha na quali- Católica porque, afinal, o facto de ter uma propina mais cara
Universidade Católica, éramos capazes de fazer tão bem ou dade e no rigor, uma questão de racionalidade financeira. O relativamente às públicas, quando consideradas todas as
melhor do que os demais, como é reconhecido por todos, e facto de terem que pagar uma residência ou um quarto, as despesas que possam vir a fazer, sobretudo se tiverem que
por um valor muito menos elevado. Ganhariam os alunos, deslocações, e todos os outros custos que andam necessa- se deslocar para outra cidade, faz com que aqui os custos
os pais, a sociedade e o país. Financiem o nosso ensino em riamente associados, faz com que estudar em Braga, na não sejam necessariamente mais elevados