"O Banquete (o amor, o belo)" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano de fundo são os sete discursos acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que depois de muitas festas, com bebidas em excesso, resolveram dar uma trégua à orgia e instituíram um encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
A teoria platônica das formas e a definição de Amor no diálogo O Banquete de Platão
1.
2. Apresentar a teoria platônica das formas, partindo da
tentativa de definição universal do Amor, presente
no diálogo “O Banquete”.
Professor Henry
3. A avaliação será feita por meio da análise da
atividade que será realizada em casa, a contribuição
nos debates e o trabalho de representação da ideia
de amor por meio de linguagem poética.
Professor Henry
5. A psicanalista Betty Milan comenta o entendimento comum de
que o Amor é completude, fazendo referência ao mito grego
segundo o qual homem e mulher eram um só corpo com oito
membros e dois rostos, que teria sido separado por Zeus, dando
origem a eterna procura do Homem por sua metade.
Esse mito é esclarecedor na compreensão do mundo grego e da
filosofia idealista platônica.
Professor Henry
6. Vira e mexe ouço alguém dizer: "Fulano (a) não me completa". Como se a
completude existisse. Trata-se de um mito originário da Grécia que se perpetua no
nosso imaginário. Segundo o mito, nos primórdios, a forma humana era uma
esfera com quatro mãos, quatro pernas, duas cabeças e dois sexos. Os seres
humanos se deslocavam para a frente e para trás e, ao correr, giravam sobre os
oitos membros. Seu orgulho e sua força eram tamanhos que, para enfraquecê-los,
Zeus os cortou pela metade. Para os gregos, o corte deu origem ao amor, que
junta as metades de dois seres faz um.
Num de seus seminários, Lacan retomou esse mito para ensinar que, na verdade, o
amor é "o desejo impossível de ser um quando há dois". Noutras palavras, é o
desejo impossível da completude, já que o desejo de um sujeito nunca coincide
inteiramente com o do outro. A coincidência que o amante pode celebrar é a da
crença na liberdade do amado. Uma crença que se expressa assim: "Faça o que
você deseja porque o seu desejo é o meu". Com ela, a relação se renova
continuamente e se perpetua, torna-se possível.
Professor Henry
7. Isso significa que o egoísmo é incompatível com o amor e este requer uma
educação especial. Que o próprio amor, aliás, oferece, porque ele torna os
amantes inteligentes. A paixão cega, mas o sentimento amoroso ilumina. O
amante não precisa perguntar ao amado o que este quer, pois quem ama sabe a
resposta.
A letra de uma das nossas canções populares diz que não anda bem quem anda
atrás de amor e paz. Só é assim, no entanto, quando é da paixão que se trata e a
relação entre os amantes é de espelhamento; quando um não autoriza o outro a
ser ele mesmo, a diferir.
Fala-se muito na aceitação da diferença, porém ela é rara. Implica uma
generosidade que não é espontânea e precisa ser conquistada. Para tanto,
qualquer via é boa. A da educação laica ou religiosa, de qualquer religião, como
bem disse o Dalai-Lama, numa das suas conferências em Paris, insistindo na ideia
de que para cada um a melhor religião é aquela na qual foi formado. Porque, em
última instância, todas as religiões são contrárias ao egoísmo.
Betty Milan
Professor Henry
8. “Lacan ensinou que o amor é o DESEJO impossível
de ser um quando há dois. Noutras palavras, é o
desejo impossível da completude”
Professor Henry
10. O QUE É AMOR?
Professor Henry
Formem grupos
Escrevam suas resposta no caderno
11. Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
h
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
h
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
h
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Professor Henry Luís Vaz de Camões (1524-1580)
12. Apesar da dificuldade de se definir um
sentimento em palavras, cada grupo deverá
construir uma resposta conjunta e escrever no
quadro uma única palavra que defina o amor.
Professor Henry
Por que o grupo escolheu tal definição?
13. O Amor vem sendo objeto de análise e reflexão
por muitos séculos e mesmo os gregos já se
ocupavam de tentar defini-lo. Uma das passagens
da filosofia grega que abarca esse tema é O
Banquete, de Platão.
Professor Henry
14. "O Banquete (o amor, o belo)" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele
mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano de fundo são os sete discursos
acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que depois de muitas festas, com
bebidas em excesso, resolveram dar uma trégua à orgia e instituíram um
encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros
Professor Henry
15. O texto foi escrito como um diálogo.
Precisamos de seis voluntários para representar os
personagens na leitura do texto.
1. Fedro, o retórico
2. Pausânias, o rico negociante
3. Erixímaco, o médico
4. Aristófanes, o escritor de comédias
5. Agatão, o poeta
6. Sócrates, o filósofo
Professor Henry
16. O que mais chamou a sua atenção no
texto?
Professor Henry
17. Em casa, vocês deverão reler o texto e responder as seguintes
perguntas por escrito:
1) Em que a explicação de Sócrates sobre o que é o Amor difere
da resposta dos outros personagens?
2) Como Sócrates relaciona Amor e Filosofia?
Professor Henry
19. Retomemos a atividade que vocês realizaram em casa.
Vamos discutir suas respostas.
1) Em que a explicação de Sócrates sobre o que é o Amor
difere da resposta dos outros personagens?
2) Como Sócrates relaciona Amor e Filosofia?
Professor Henry
20. A ideia de Sócrates sobre o Amor se caracteriza primeiramente
por não pretender fazer um elogio, mas compreender sua
essência.
Definam os seguintes valores universais:
1. Belo
2. Verdade.
Professor Henry
-É mais fácil identificar coisas belas do que o Belo.
-É mais fácil identificar expressões verdadeiras do que a Verdade.
-Da mesma forma, o Amor que Platão aborda nesse diálogo não é a
coisa amada ou o sentimento de amar, mas a ideia transcendente de
amor.
21. “A Alegoria da Caverna”, de Platão.
Texto de profunda relevância para a compreensão da
visão grega do mundo das ideias.
Leitura do texto em grupo (alunos se alternarão na
leitura em voz alta, para que a classe acompanhe e tire
dúvidas coletivamente).
Professor Henry
22. Mundo Sensível Mundo inteligível
Diferença Identidade
Aparência Essência
Particular Universal
Acidental Necessário
Relativo Absoluto
Corpo (soma) Alma (psiqué)
Corpóreo Incorpóreo
Finito Infinito
Dóxa (opinião) Epistéme (ciência)
Professor Henry
23. As coisas do mundo sensível participam das ideias de belo,
verdade etc. e, para os platônicos, essas são ideias que habitam
outra dimensão chamada de mundo inteligível, que não
pertencem completamente ao mundo dos homens, mas podem
apenas ser vislumbradas por meio da observação das coisas que
participam delas e se dão à nossa percepção.
Discutindo a capacidade do Homem de conhecer o que não é
sensível...
Professor Henry
25. Por que todos os cavalos são iguais,
Sofia? Talvez você ache que eles não
são iguais. Mas existe algo que é
comum a todos os cavalos; algo que
garante que nós jamais teremos
problemas para reconhecer um cavalo.
26. Naturalmente, o “exemplar” isolado do
cavalo, este sim “flui”, “passa”. Ele
envelhece e fica manco, depois adoece
e morre. Mas a verdadeira “forma do
cavalo” é eterna e imutável.
27. Para Platão, este aspecto eterno e
imutável não é, portanto, um “elemento
básico” físico. Eternos e imutáveis são
os modelos espirituais ou abstratos, a
partir dos quais todos os fenômenos
são formados
28. Eu explico melhor: os pré-socráticos tinham
oferecido uma explicação muito plausível para
as transformações da natureza, sem ter de
pressupor que algo efetivamente “se
transformava”. Eles achavam que no ciclo da
natureza havia partículas mínimas, eternas e
constantes, que não se desintegravam.
29. Muito bem, Sofia! Eu disse muito bem! Só que eles
não tinham explicação aceitável de como estas
partículas mínimas, que um dia tinham se juntado
para formar um cavalo, se juntavam novamente
quatrocentos ou quinhentos anos mais tarde para
formar outro cavalo, novinho em folha! Ou um
elefante, ou um crocodilo.
30. O que Platão quer dizer é
que os átomos de Demócrito
nunca podem se juntar para
formar um “crocofante” ou
um “eledito”. E foi isto,
precisamente, que colocou
em marcha suas reflexões
filosóficas.
31. Se você já entendeu o que estou
dizendo, pode pular este parágrafo.
Caso não tenha entendido, vou tentar
ser mais claro: digamos que você
pegue uma caixa cheia de peças de
Lego e construa um cavalo. Depois
você desmancha o que fez e recoloca
as peças de volta na caixa. Você não
pode esperar obter outro cavalo
apenas chacoalhando a caixa de
peças.
32. Afinal, como é que as peças de
Lego podem produzir um cavalo
por si mesmas?
33. Não... você é que tem que
montar o cavalo novamente
Sofia. E se você conseguir, isto
significa que na sua cabeça você
tem uma imagem do que seja um
cavalo. O cavalo do Lego foi
formado, portanto, a partir de
uma imagem padrão que
permanece inalterada de cavalo
para cavalo.
34. Você não chegou a uma conclusão
semelhante sobre os cinquenta
bolos iguais?
35. Vamos imaginar agora que você caia do
espaço na Terra e nunca tenha visto uma
padaria. Então você passa pela vitrine
muito convidativa de uma padaria e vê
sobre um tabuleiro cinquenta broas
exatamente iguais, todas em forma de
anõezinhos.
36. Suponho que, nessas condições, você vá coçar
a cabeça e se perguntar como todas aquelas
broas podem ser iguais. E é bem possível que
você perceba que um anãozinho está sem um
braço, o outro perdeu um pedaço da cabeça e
um terceiro tem uma barriga maior que a dos
outros.
37. Contudo, depois de pensar bem, você chega à
conclusão de que todas as broas em forma de
anãozinho tem um denominador comum.
Embora nenhum deles seja absolutamente
perfeito, você suspeita que eles devem ter uma
origem comum. E chega à conclusão de que
todos foram assados na mesma fôrma.
38. E mais ainda, Sofia: isto desperta em
você o desejo de ver esta fôrma, pois
fica claro que ela deve ser
indescritivelmente mais perfeita e, de
certa forma, mais bonita do que uma
de suas frágeis e imperfeitas cópias.
39. Se você resolveu esta questão
sozinha, então você conseguiu
resolver um problema filosófico
exatamente da mesma maneira
que Platão.
40. Como a maioria dos filósofos, ele
também “caiu do espaço na Terra”, por
assim dizer. (Ele foi lá para a pontinha
dos finos pelos do coelho).
41. Platão ficou admirado com a
semelhança entre todos os
fenômenos da natureza e
chegou, portanto, à
conclusão de que “por cima”
ou “por trás” de tudo o que
vemos à nossa volta há um
número limitado de formas.
43. Por trás de todos os cavalos, porcos e homens
existe a “ideia cavalo”, “a ideia porco” e a “ideia
homem”. (E é por causa disto que a citada padaria
pode fazer broas em forma de porquinhos ou de
cavalos, além de anõezinhos. Pois uma padaria que
se preze geralmente tem mais de uma fôrma. Só
que uma única fôrma é suficiente para todo um tipo
de broa).
45. Platão acreditava numa
realidade autônoma por trás
do “mundo dos sentidos”. A
essa realidade ele deu no
nome de mundo das ideias
(mundo inteligível). Nele
estão as “imagens padrão”,
as imagens primordiais,
eternas e imutáveis, que
encontramos na natureza.
Esta notável concepção é
chamada por nós de a teoria
das ideias de Platão.
46. O amor analisado pelo mundo sensível apresenta
diversas interpretações, mas a pergunta que fica é:
Professor Henry
Qual é a “forma” do amor?
Trabalho P1 – 3º trimestre:
Desenvolver individualmente um poema ou um soneto
com o título “A Forma Inteligível do Amor”
Entregar na próxima aula de Filosofia.
47. Bibliografia
Platão, "O Banquete" In: Chauí, M, Introdução à Filosofia I, PP.208-212, Cia.
Letras, 2002
Platão, "O Alegoria da Caverna" In: Matos, O, A Polifonia da Razão, P.35,
Scipione, 1997
Camões, L, Sonetos de Camões, "Amor é fogo que arde sem se ver", Atelier Ed.,
Lisboa
Professor Henry