7. A história de personagens que ajudaram a construir
uma São João de muitos países
A intensa busca por melhores condições de vida fez com que de tomate, em Indaiatuba. Com as economias ganhas, Sasaoka Dong”. Com os olhos marejados,
diversos povos, ao longo da história, saíssem de seus territórios e comprou terras em São João, se mudando com a mulher e os dois confessa que quer regressar para
se aventurassem em lugares distantes. Persas, Hebreus, Maias, filhos. Hoje é um agricultor bem sucedido. Segundo ele, uma de ver os pais em 2010.
Medos, Gregos, Romanos, enfim, muitos perderam suas vidas por suas grandes dificuldades “foi aprender a nova língua”. Com um
desejar melhor sorte para seus familiares. No Brasil após 1888, sorriso, diz que gosta muito do Brasil e não sente saudade de seu
com a Abolição da Escravatura, houve incentivo por parte do país.
governo para a entrada de imigrantes europeus, para substituir o Chineses, vidas dedicadas ao comércio
trabalho dos negros africanos. Vieram principalmente para Natural de Guang Dong, China, Camila, nome brasileiro de Chen
auxiliar como mão-de-obra nas plantações de café do estado de Xing Xiu, reside atualmente em São João. No Brasil há oito anos, Uma das
SP. Uma das colônias estrangeiras que mais cresceram foi a dos diz que não tinha uma vida fácil na terra natal. Ela viajou 24 mil grandes
italianos, a maior do mundo fora do país de origem. quilômetros num navio até o porto de Santos. Hoje, trabalha dificuldades
A Itália no Brasil como comerciante e, mesmo em melhor situação financeira, não
Em 1931, nascia Anselmo Zagaroli, em Roma, Itália. Seus pais esquece as dificuldades do passado. Sobre voltar ao país de foi aprender
morreram muito cedo, vítimas da guerra. Anselmo relata origem, diz que “morre de medo de avião e que pra lá não a nova
emocionado que, por diversas vezes, ele e os irmãos passaram pretende retornar para morar”. Com dois filhos brasileiros, língua
fome. Com 18 anos, sofrendo péssimas condições, recebe o explica que tem dificuldade em se adaptar, principalmente - Tatakishi Sasaoka -
convite de um amigo para trabalhar na Argentina, como músico. quando o assunto é alimentação. “Nossa comida é composta por
Durante dois anos “não conseguiu realizar os sonhos”. muitas verduras e legumes. Tenho problemas em encontrar
Em 24 de abril de 1951 chega a São Paulo, novamente em busca condimentos e produtos que utilizava regularmente em Guang
de emprego. Frustrado por não conseguir nenhuma vaga, embarca
para São João da Boa Vista. Quando chegou, havia na cidade
apenas 10 carros e cerca de 20 mil habitantes. Seu primeiro
trabalho foi na Fábrica Sartorelo, como técnico de Acordeom.
Casado com uma sanjoanense, diz que “se sente muito feliz e
grato por tudo o município lhe ofereceu”. Pai de três filhos,
Zagaroli deixou os acordeons no passado e hoje desfruta de uma
vida tranquila como aposentado.
“Isseis” ao mar
Um fator que contribuiu para a saída dos isseis (como são
designados os japoneses que saem do Japão) foi o crescimento
populacional desordenado que o país apresentava. A economia
passava por desaceleração que, aliada a falta de emprego e a
fome fizeram com que imigrassem para o Brasil. Em 18 de junho
de 1908 chega ao porto de Santos o navio Kasato Maru, com 165
famílias japonesas vindas para trabalharem nas lavouras de café
do oeste paulista.
Com a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o número de imigrantes
japoneses cresceu significativamente. É o caso de Tatakishi
Sasaoka. Nascido em Maebashi, província de Gunma, interior do
Japão, chegou ao Brasil com 37 anos para trabalhar numa fazenda