1. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBID-
UERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
6, 7 e 8 de dezembro de 2012 – MONTENEGRO/RS
A Dança Psicossomática
Alex Sandro Gonzaga (PIBID/CAPES/UERGS)
Orientadora Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS)
Resumo: A pesquisa investiga o comportamento psicomotor de mulheres sedentárias
procurando identificar quais elementos podem caracterizar algumas dificuldades
expressas por estas mulheres, relativas a habilidades como cantar, fazer gestos e
interpretar durante as aulas de dança. Em um momento inicial da pesquisa houve um
estranhamento por parte do investigador diante destas visíveis inabilidades,
considerando-se que estas mulheres viveram intensamente uma época marcada por
alguns cantores muito populares e, no entanto, no momento da prática da dança, as
mesmas não conseguirem externar vocal ou corporalmente as canções tão
popularizadas e vividas pelas mulheres. A metodologia utilizada foi a abordagem
qualiquantitativa, sendo um estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos,
com mulheres frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial
configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa. O referencial teórico incluiu autores que
tratam da dança psicossomática. Com base nos teóricos, a dança psicossomática se
define como um processo de corpo influenciado pelo estado emocional.
Palavra-chave: dança psicossomática, mulher, psicossomático.
A Dança Psicossomática
Existem duas realidades distintas com que se depara o profissional de
dança. O início do processo de desenvolvimento do corpo para dança das
crianças, ou o início do processo de redescoberta do corpo por parte do adulto.
Esse passo, que poderíamos considerar corajoso, exige que o
praticante deixe seus preconceitos e, gradativamente, imbua-se de suas
próprias resoluções de vida, porém, alteradas. A dança psicossomática, nesta
perspectiva, pode servir somo orientação de propostas de como, onde e
quando atingir o aluno, de forma a conduzi-lo a rever suas atitudes para com
seu próprio corpo. É por esse motivo que o profissional de dança está sempre
atento à faixa etária das praticantes, para que possa trazer músicas e fazer
arranjos que possam de alguma forma tocá-las, possibilitando esta exposição
gradativa, saindo de um certo ostracismo que é muito prejudicial.
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A dança psicossomática auxilia a detectar o desenvolvimento ou não
do processo de inteligência emocional, bem como possibilita o diagnóstico das
participantes, no que diz respeito às personalidades.
Desse modo, esta investigação utiliza-se das teorias de Jung (1995),
Wallon (apud DANTAS, 1983) e, principalmente, Izquierdo (2002).
Particularmente em se tratando de Izquierdo (2002), a dança atua nos
processos de memória implícita e explícita, como no caso de uma participante
de aula de dança que viveu a Era do Rock in Roll1
e, no entanto, mostrou-se
incapaz de evocar a letra da música “Kiss me Quick”2
, bem como organizar um
movimento de quadril que lembrasse a dança da época.
Assim, ao tratar de dança psicossomática, fala-se de um processo de
dança que investiga fragmentos de memória da praticante, permitindo-lhe
recordar de ações que não tiveram sentido na época, mas que, de alguma
forma, e por algum motivo, foram retidas, fixadas e consolidadas, bastando
evocá-las, sendo esse um dos papéis da dança psicossomática.
O Comportamento da Praticante
A pesquisa objetiva observar, descrever e analisar o movimento de
dança da mulher sedentária, através de seu comportamento psicomotor,
relevando seu histórico de vida, assim como a influência direta e indireta da
não vivência de dança na escola.
A concepção de dança psicossomática fundamenta-se em Garaudy
(1980) e Fux (2012).
Para Garaudy (1980), a linguagem corporal é importante no processo
de aprendizagem. Para o autor “dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo
de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o
futuro e com seus deuses” (p.14). Além disso, o autor explica que a “dança não
é apenas uma arte, mas um modo de viver”. Para a pessoa que “dança é um
modo de existir”, sendo “um modo total de viver o mundo” (p.13).
1
O rock and roll (conhecido como rock'n'roll) foi um estilo musical surgido nos Estados
Unidos no final dos anos de 1940 e início dos anos 1950, com raízes na música
country, blues, R&B e música gospel e, rapidamente, se espalhou para o resto do mundo.
2
Esta canção, popularizada por Elvis Presley, data de 1975.
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Fux (2012), outra autora que fundamenta esta investigação (2012),
trata da “dançaterapia”. Para a autora, após a absorção do processo da dança,
a aula passa a ser um momento de reflexão para a praticante. De acordo com
a autora, a dança um uma espécie de reconhecimento para quem a pratica.
Dançando de dentro para fora e reconhecendo-nos através de
nossos corpos, sentimo-nos melhor. Primeiro nos aceitamos e
depois aos outros. A dançaterapia é um caminho aberto para a
integração total, já que o corpo assim estimulado faz aparecer
áreas adormecidas que nos transformam; ao expressá-las,
representamos nosso mundo oculto e nos sentimos melhor.
(FUX, 1998, p.23).
Do mesmo modo, Fux (1998) explica que:
Viver compreendendo que devemos conhecer nossos limites
para ir deslocando-os, para que se organizem, e com nossos
não posso ir ao encontro dos sim, posso que surgem em nós
quando nos enfrentamos com alguém que necessita de nossa
experiência no movimento. (FUX, 1998, p.98).
É importante frisar que a manifestação de dança psicossomática, foco
desta pesquisa, pode ser detectada quando se percebe alguns fatores
impeditivos no processo de psicomotricidade da aluna. Dentre estes, vale citar
a significativa dificuldade de executar uma cinesiologia de deslocamento com
características como: pisar com a ponta do pé estendida, planta flexão; realizar
ambulação com a planta flexão; pé evertido durante o deslocamento lateral;
leve ângulo de elevação do calcanhar; abduzir quadril na direção da eversão
do pé; aduzir cintura escapular para ver o quadril lançado; abdução de braços
auxilia no equilíbrio do corpo; campo visual focado na projeção de seu pé e
quadril.
Além disso, um deslocamento com recuo, também se constitui
dificuldade momentânea para a aluna iniciante e que ainda se bloqueia para
propostas do corpo, como: não olhar para trás; manter com a cabeça à altura
dos ombros; dar largas passadas para trás; passadas devem ser cruzadas; não
flexionar a caixa torácica e mantenha-a ereta. Segundo Wallon apud Dantas
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(1983), toda a emoção se nutre do efeito que causa no outro, visto que a
emoção produz reação no ambiente.
Quanto mais o aluno demonstrar afeto e sentir-se bem nesta
demonstração, mais será encorajado a praticá-la, porque quanto mais
sentimental, melhor será sua capacidade de compreender a si mesmo. Para
lidar melhor com a situação externa, a dança propicia que se conheça o
sentimento interno. O objetivo é conduzir para uma saúde emocional, já que a
emoção é contagiante e proporciona uma experiência que se dilui com
qualquer bloqueio que a função principal da personalidade possa ofertar como
resistência de permeabilidade ao exercício de sentir e analisar o que sente.
Também, se fortalece com a sua singularidade, ainda que haja um
sentimento forte de ligação para com os demais alunos, confirmando sua
participação no grupo e eliminando o sentimento de solidão que, por vezes, é
presente em sua vida. O aluno vivencia uma experiência singular e individual,
com possibilidade de externar seu sentimento. Mas, também é uma experiência
grupal, uma vez que escuta a mesma música e está exposta a mesma
proposta de gesto e ritmo, estabelecendo uma sintonia afetiva que produz uma
coesão de grupo.
A dança invade o ser humano e ultrapassa a diversidade social, na
garantia que o potencial de habilidade se fixe e auxilie na obtenção da
expressão do corpo, bem como da sintonia com a música, produzindo certa
catarse, pois permite que o aluno sinta o que está guardado e se envolva numa
proposta de terapia, a terapia da dança, já referida por Fux (2012).
No laboratório de dança, local em que o profissional de dança observa
o comportamento psicomotor de sua aluna, na intenção de capturar um
sentimento de tensão e inquietude da mesma. A proposta é reverter essa ou
qualquer outra situação psicossomática vista em seu movimento, posto que
perceba um ambiente de escuta em que pode evocar seu ato consciente e
inconsciente. Cada reação comportamental é rica para análise, ainda mais que
o indivíduo que faz dança é um elemento social frágil em seu emocional.
É importante que o professor de dança estabeleça um canal de
comunicação que se utiliza do conteúdo programático estabelecido pelo aluno,
ou seja, seu movimento genuíno. O foco é instigar todo e qualquer valor
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humano necessário para evocar o melhor sentimento interno possível, de modo
que essa metodologia proposta tenha por objetivo estruturar a opinião própria
do aluno e, de modo verdadeiro, afastar a necessidade da existência do dito
“talento” para dançar.
Uma Mulher Potencializada
A primeira mudança na mulher que dança e que vence as cargas
emocionais que antes determinavam a sua proposta de dança é visível na
construção de sua forma de pronunciar as palavras. Este é um importante
elemento de análise da mecânica de palato bucal, responsável por qualificar
toda a intensidade vocálica. A palavra falada é de suma importância no
processo de fixação de uma imagem sonora (movimento relacionado ao som) e
que também está interligada à imagem motora do aluno (cinesiologia).
O detalhe é que a memória episódica, a implícita de representação
percentual e a de procedimento, capturam fragmentos de lembrança sonora e
visual que se congruem e trocam informações preciosas para a concepção de
um ato motor pensado, elemento que faltou no caso daquela aluna que não
lembrou da canção tão conhecida, como no exemplo da canção “Kiss me
quick”, Elvis Presley.
Ao iniciar uma aula, a memória explícita episódica e a semântica
acionam fragmentos de vivências que evocam o registro de tudo que acontece
no dia dia do indivíduo, inclusive uma aula de dança ocorrida na semana
anterior, por exemplo. Todo aluno possui uma capacidade única de resgatar
cada fragmento de lembrança da memória episódica, de modo que o estudo da
cinesiologia da dança se ocupa em explorar esse potencial de resgate. A
expressão do corpo é um conjunto de emoções que ajudam a formatar a
identidade emocional do indivíduo. Assim, cabe ao professor de dança
encontrar meios de fazer essa informação ser guardada através de um
processo que visa repetir, fixar, reter, consolidar, aprender e tornar sentimento
uma vivência.
O processo de optar por um movimento é um processo de constante
mudança de decisão em plena ação, fato que se concretiza quando se avalia o
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desempenho cinesiológico da dança de forma separada. Durante o ato
psicomotor, a sustentação do mesmo só ocorre através da intervenção do
cerebelo, o qual garante que o movimento se perpetue, ou cesse.
O cerebelo ajuda a consolidar uma propriedade aprendida, fruto da
ação da memória implícita de representação percentual, perante a proposta de
evocar com determinada lembrança. Durante um laboratório de dança
evidencia-se a importância de cada área solicitada pelo corpo, forçando-nos a
executar, sempre que possível, uma avaliação cinesiológica. Dentre estas
avaliações, encontram-se: a flexão da caixa torácica da praticante; a contração
abdominal; a flexão plantar ao envolver os posteriores de perna; a elevação do
braço ao envolver o deltóide acromial; a cintura escapular ao envolver os
rombóides. As técnicas de dança exigem a explosão muscular de vários grupos
musculares durante considerável tempo de atividade.
A salsa e o samba, por exemplo, exige uma espécie de “agonia” de
quadríceps e posteriores de perna, assim como a dança flamenca trabalha
anteriores de perna que ocasionam leve dorsiflexão. É no laboratório que o
educador capta resquícios inatos de uma habilidade dormente, os quais
permitirão traçar uma diretriz que corresponde à singularidade do indivíduo. É
na academia de ginástica que a aluna mudará suas concepções e irá absorver
uma vivência singular. Tal atitude tem como reflexo um ser humano pronto para
suprimir com o imediatismo que a sociedade impõe através de diversões e
distrações que só nos fazem andar em círculos e por conseqüência interrompe
com o exercício de livre-pensador.
Assim, a dança psicossomática faz o registro de cada fragmento do
aluno e capacita-o para um exercício mais efetivo de sua corporeidade, visto
que ninguém gosta de se considerar inabilitado ou inapto.
Metodologia e Resultados da Pesquisa
A presente investigação partiu do referencial teórico apresentado
anteriormente, bem como dos seguintes questionamentos: Quem é a mulher
que sai de sua casa, muitas vezes sem saber o que é dança, ou, com uma
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imagem oriunda da mídia da mesma? Quem é o profissional que irá
desenvolver as atividades de dança com as mulheres que recorrem à dança?
Assim, a pesquisa pretendeu evidenciar a atitude de dança da mulher
urbana, mergulhada num processo de globalização que ignora a sua
necessidade de escuta emocional.
A metodologia utilizada foi a abordagem qualiquantitativa, sendo um
estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos, com mulheres
frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial
configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa.
O primeiro procedimento de coleta de dados, qualitativo, foi baseado
na observação das participantes das aulas, sendo anotadas suas reações
diante das propostas de atividades corporais. Dentre os dados obtidos,
observou-se que as participantes:
• não reagem à música;
• desconhecem o intérprete das canções;
• evitam cantar juntamente com a prática da dança;
• perdem o foco durante a dança;
• são reticentes quanto ao toque durante as práticas de dança;
• ficam impacientes.
Em uma segunda etapa, o procedimento foi quantitativo, sendo
anotados os dados com participantes da grande Porto Alegre quanto às
propostas mencionadas anteriormente, bem como registrando as respostas
originadas dos estímulos oferecidos.
Tabela do Número de Participantes Investigadas na Grande Porto Alegre
Cidades 2009 2010 2011 2012
Campo Bom 23 30 41 80
Canoas 35 68 71 90
Dois Irmãos 21 20 31 66
Estância Velha 20 15 28 44
Esteio 25 35 35 40
Ivoti 25 32 32 50
Novo Hamburgo 80 125 120 161
Porto Alegre 56 108 145 210
São Leopoldo 35 49 48 66
Sapucaia 12 20 23 34
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Nota-se no quadro acima, que nas regiões distantes da Metrópole ocorre
uma visão comportamental diferenciada em relação à dança, visto que poucas
mulheres se permitem experimetar uma mudança de habitos, pois estão
fortemente precionadas por um cotidiano doméstico que lhes priva de conhecer
outras pessoas e a si própria.
Tabela do Número de Participantes que desistiram
Cidades 2009 2010 2011 2012
Campo Bom 10 11 15 32
Canoas 15 12 25 21
Dois Irmãos 08 11 10 21
Estância Velha 08 01 10 11
Esteio 02 05 08 10
Ivoti 11 06 17 10
Novo Hamburgo 23 30 33 25
Porto Alegre 12 19 31 26
São Leopoldo 11 09 10 16
Sapucaia 05 10 12 17
O quadro acima reflete a situação de mulheres que acabam desistindo da
dança, pressionadas por frases do meio familiar, tais como: “O que você quer
fazendo dança nessa idade?”, ou ainda, “Você quer perder peso? É só parar de
comer tanto!”, que refletem o grau de desampro que as mesmas sofrem.
Tabela do Número de Participantes que Persistiram
Cidades 2009 2010 2011 2012
Campo Bom 08 06 04 13
Canoas 11 26 29 39
Dois Irmãos 08 05 11 22
Estância Velha 04 03 08 14
Esteio 10 18 19 27
Ivoti 05 12 11 20
Novo Hamburgo 34 49 57 71
Porto Alegre 27 39 73 89
São Leopoldo 12 21 25 36
Sapucaia 03 06 16 19
Este quadro apresenta dados das mulheres que conseguiram perceber a
importância da dança, de modo que não desistiram, mesmo com as barreiras
sociofamiliares, se mantiveram praticantes em dilogar consigo e com a sociedade
através do corpo, estando em sintonia com o que Fux (2001) explica ser a dança
terapêutica.
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Considerações Finais
A pesquisa, que se encontra em sua fase final, descreve uma mulher
que tem dificuldade de dançar e que apresenta barreiras emocionais que a
impedem de iniciar, organizar, manter ou alterar gestos. Sua condição
sedentária, somada a uma vivência psicomotora inconsistente na escola,
contribuem para a concepção de dança psicossomática.
A pesquisa alerta à importância de um plano de aula de dança artístico-
pedagógica que atenda a diversidade cultural, com foco na construção
emocional da praticante. Potencializar a psicomotricidade é minimizar com os
efeitos emocionais, como alertava Le Boulch, (1982). Dançar com propriedade
de movimento é fruto de vivência fixada, retida e consolidada, à medida que
aumenta a velocidade de transmissão do impulso nervoso, bem como se
intensifica com o grau de comportamento psicomotor, resultando em
plasticidade.
A dança intensifica a plasticidade a cada nova atividade cerebral fixada,
pois, fornece infinitas possibilidades de modificar sua estrutura neural original,
à medida que cria inúmeras novas rotas neurais para o mesmo elemento fixado
e que caracterizam a sua plasticidade. A dança se converte em atividade de
significativo grau intelectivo, pois condensa uma multiplicidade de informações
do ser humano, de maneira que o principal detalhe reside no fato que a
qualquer instante a intelecção pode ser acessada pelo indivíduo que
potencializa a sua capacidade de evocar fragmentos memoriais.
Entende-se que a dança constrói um indivíduo seguro, decidido,
convicto e focado em fazer algo, indiferente de sua personalidade, pois,
gradativamente, a dança lhe faz perceber que ações e construções devem ser
feitas, mesmo que sob pressão, o ser humano é um palco de decisões que não
gosta e não quer fazer, mas, infelizmente, precisa. Há quem diga que nossa
virtude como espécie animal racional não é pensar, mas, construir lastro
psicológico que possibilite decidir no que pensar e com isso estabelecer
mudanças.
A dança permite que o indivíduo se separe dele mesmo, um processo
muito investigado pela Educação Somática nos seus mais divergentes teóricos.
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Através de exercícios de alongamento e conscientização corporal objetiva
reeducar os hábitos psicomotores do cotidiano funcional e que são danosos à
população. A dança flutua por águas muito próximas da educação somática e
investiga com êxito as propriedades que substanciam a mudança de
sensações, as inteligências emocionais e demais elementos que permitem ao
indivíduo que se autoavalie e experimente tatear seus sentimentos.
A dança, por fim, permite uma espécie de educação somática que leva
à mudança psicológica e permite ao aluno compreender circunstâncias
externas que conflitam com internas. Situações que antes atormentavam e
causavam certo desconforto, mas que, agora, podem ser enfrentadas e
diluídas.
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Referências
DANTAS, Heloysa. A infância da razão: uma introdução à psicologia da
inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990.
FUX, María. Dançaterapia. Disponível em: <http://www.Dancaterapia-
dmt.Com.Br/depoimentos.Htm acessado em 11/09/2012.
____. Dançaterapia. Traduzido por: Beatriz A. Cannabrava. 3.ed. São Paulo:
Summus, 1988.
GARAUDY, Roger. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002.
JUNG, Carl Gustav. O homem à descoberta de sua alma. Porto: Editora
Tavares Martins,1975.
LE BOULCH. Educação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982
Tradução: Jeni Wolff.