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          CHRISTINE DANTAS BENÍCIO




     DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica




               JOÃO PESSOA – PB

                     2003
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                CHRISTINE DANTAS BENÍCIO




      DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica




                             Monografia apresentada ao Curso de
                             Graduação em Biblioteconomia da
                             Universidade Federal da Paraíba do
                             Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
                             em cumprimento às exigências para
                             obtenção do grau de Bacharel.




   Orientadora: Profª Ms. Alzira Karla Araújo da Silva




                        João Pessoa - PB
                              2003
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                 CHRISTINE DANTAS BENÍCIO




       DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica




                            Monografia apresentada ao Curso de
                            Graduação em Biblioteconomia da
                            Universidade Federal da Paraíba do
                            Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
                            em cumprimento às exigências para
                            obtenção do grau de Bacharel.


Aprovado em: 15/10/2003.


                    BANCA EXAMINADORA


       ____________________________________________
                Profª. Alzira Karla Araújo da Silva
              Ms. em Ciência da Informação, UFPB
                            Orientadora


       ____________________________________________
            Profª. Marynice de Medeiros Matos Autran
          Ms. em Biblioteconomia e Documentação, UFPB
                           Examinadora


        ___________________________________________
                    Profª. Edna Gomes Pinheiro
           Ms. Em Biblioteconomia e Documentação, UFPB
                            Examinadora
4




Aos meus pais, que me
ensinaram a perseguir meus
ideais  com   dedicação   e
coragem.
                    Dedico.
5



                            AGRADECIMENTOS



Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela sua infinita misericórdia, pelo
seu amor, por dar-me serenidade para aceitar minhas limitações, força
para vencer os obstáculos, garra para lutar pelos meus ideais e
brandura para compreender a sua vontade.

Aos meus pais pela vida, pelo amor, dedicação e pelos ensinamentos
que foram fundamentais para minha formação.

Ao meu noivo Renato Lima, pelo seu apoio e companheirismo, junto as
minhas dificuldades em chegar a esta etapa final da graduação, estando
sempre ao meu lado nas horas em que mais precisava.

A minha orientadora Alzira Karla Araújo da Silva que acreditou na
minha capacidade de realizar este trabalho, orientando-me de maneira
sábia, carinhosa e atenciosa. Muito obrigada pela confiança depositada
em minha pessoa.

A Ana Úrsula, bibliotecária responsável pela Biblioteca da FACENE, por
me   acolher   de   forma    amigável   para   a   realização   do   estágio
supervisionado,     proporcionando      um     maior    entendimento      e
engrandecimento frente aos serviços bibliotecários, que servirá de
subsídio na minha vida profissional.

Aos funcionários do Tribunal de Contas da União, em especial Ana
Beatriz, Ismênia, Magaly, Goretti, Severino (Biu), Luiz (Lula) e Queiroz,
pela confiança depositada, por acreditarem na minha competência
durante o estágio na área de arquivo e pelos constantes incentivos na
luta pela estabilidade profissional.
6



Aos funcionários da Biblioteca Central e Setorial, em especial a Oneide
(Serviço de Referência), Rosa (Divisão de Processos Técnicos), Eliane
Bezerra Paiva (Seção de Periódicos) e Tony, pela disponibilidade e
atenção.

Aos funcionários do Departamento, em especial Sr. Pedro e a
Lourdinha.

A todos os professores que fazem o Departamento de Biblioteconomia,
por me ajudarem a cumprir cada etapa proposta, com críticas e
contribuições   acadêmicas,   em   especial   a   Roza   Zuleide,   Eliany
Alvarenga, Alzira Karla, Francisca Arruda Ramalho, Marynice de
Medeiros, Mirian de Albuquerque Aquino, Denise Cavalcanti, Edna
Gomes Pinheiro, Eliane Bezerra Paiva, Maria Elizabeth e Bernardina
Freire.

Aos amigos da graduação pela solidariedade e apoio, especialmente
para Cybelle, Ana Roberta, Cristiane Maria, Cléa e Fernanda.

A Cristiane Kelly Fernandes, ex-aluna do curso de Biblioteconomia, pelo
apoio e incentivo na escolha do curso.

A todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram
para que concluíssemos esse trabalho.
7




“Na era da comunicação eletrônica
o livro não morrerá, mas sua alma
se libertará do seu corpo”.

              (MACLUHAN, 1977)
8




                               RESUMO


O acesso à informação e a tecnologia são alguns privilégios que a
humanidade já conquistou. Por meio delas as pessoas absorvem e re-
elaboram conhecimento, podendo transformar suas vidas. Neste
prisma, discute-se sobre as Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação, especificamente no que se refere a discussão gerada
acerca da informação impressa e da digital e a sua influência na
evolução das bibliotecas eletrônicas. Apresenta a evolução dos suportes
de informação, partindo do papiro até o livro eletrônico (e-book).
Analisa a questão do novo papel do bibliotecário e o surgimento da
biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de
informação. Enfoca a polêmica questão do livro impresso versus o
digital. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, que
utiliza como instrumento de coleta a observação e o questionário. O
campo de pesquisa definido após análise exploratória e atendendo aos
critérios estabelecidos envolve um ambiente eletrônico, composto pelos
sites ebookcult, hotbook e parnanet. A coleta de dados realizada nos
meses de Junho e Julho de 2003 consiste na análise de bibliotecas
eletrônicas e na recuperação dos e-books mais significativos de cada
site na área de literatura brasileira. Os procedimentos permitem afirmar
que as bibliotecas estudadas apresentam um crescente número de
e-books, organizados por área do conhecimento e disponibilizados ao
grande público da Internet; de forma que acredita-se que o bibliotecário
precisa interagir com a realidade virtual-polimídia. Como resultado
prático, temos a formação de um catálogo de e-books especializado na
área de literatura, disponibilizando um instrumento de pesquisa que
permite que outras bibliotecas eletrônicas compartilhem seus acervos
digitais, aumentando e facilitando o acesso/uso da informação digital
por bibliotecários e usuários. Assim, concluí-se que, a exemplo dos
demais veículos de expressão da cultura, a informação impressa e a
digital devem conviver harmoniosamente como opções diferentes e
complementares na aquisição de informação e conhecimento,
caracterizando assim uma biblioteca híbrida; terminologia mais
adequada para conceituar a fase de transição pela qual as bibliotecas
tradicionais vêm passando.


Palavras-chaves: Livro impresso; Livro eletrônico; Biblioteca eletrônica;
                 Bibliotecário; Novas tecnologias de Informação e
                 Comunicação.
9



                               ABSTRACT


The access to the information and the technology is some privileges
that the humanity already conquered. Through them the people absorb
and they reverse-elaborate knowledge and with that they can transform
their lives. In this prism, it is discussed about the New Technologies of
the Information and Communication, specifically in what refers her
influence in the evolution of the electronic libraries, in the digital
information and in the discussion generated concerning the printed
paper and of the virtual. Presents the evolution of the supports of
information, leaving from the papyrus to the electronic book (e-book).
It analyzes the subject of the librarian's new paper and the appearance
of the electronic library, due to the inclusion of the new technologies of
information. Focuses the controversy subject of the information printed
versus the digital. The methodology is characterized by a qualitative
research, that it uses as collection instrument the observation and the
questionnaire. The research field defined after exploratory analysis and
assisting to the established criteria involves an electronic atmosphere,
composed by the sites ebookcult, hotbook and parnanet. The collection
of data accomplished in the months of June and July of 2003 consists of
the analysis of electronic libraries and in the recovery of the e-books
more significant of each site in the area of Brazilian literature. The
procedures allow to affirm that the studied libraries present a crescent
number of e-books, organized for area of the knowledge and made
available the great public of the Internet; so that it is believed that the
librarian needs to interact with the reality virtual-polimídia. As practical
result, we have the formation of a specialized catalog in the literature
area, making available a research instrument that allows other
electronic libraries to share their digital collections, increasing and
facilitating the access/use of the digital information for librarians and
users. Like this, I was ended that, to example of the other vehicles of
expression of the culture, the information printed and the digital should
live together harmoniously as different and complemental options in the
acquisition of information and knowledge, characterizing like this a
hybrid library; more appropriate terminology to consider the transition
period for the which the traditional libraries are passing.


word-keys:   Book printed; Electronic book; Electronic library; Librarian;
             New technologies of Information and Communication.
10



              LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS



BD -         Biblioteca Digital

BE -         Biblioteca Eletrônica

BE’s -       Bibliotecas Eletrônicas

BH -         Biblioteca Híbrida

BV -         Biblioteca Virtual

CRT -        Tubos de Raios Catódicos

HTML -       Hypertext Markup Languagem

JUL. -       Julho

JUN. -       Junho

LCD -        Liquid Crystal Display

LIT –        Literatura

MS READER - Microsoft Reader

NTI -        Novas Tecnologias da Informação

NTIC’s -     Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

ONGs -       Organizações Não-Governamentais

OPF -        Open eBook Package File

OSCIP’s -    Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PDF -        Portable Document Format

RB -         Rocket eBook

SI -         Sociedade da Informação

UFPB -       Universidade Federal da Paraíba

URL -        Uniform Resource Locator

WWW -        World Wide Web
11



XHTML -   Extensible HyperText Markup Language

XML -     Extensible Markup Language
12



                           LISTA DE ILUSTRAÇÕES



Figura 1 -   Biblioteca digital pessoal no Acrobat eBook Reader ...                    51

Figura 2 -   Biblioteca digital pessoal no MS Reader ...................               52

Figura 3 -   eRocket ..............................................................    54

Figura 4 -   Site EbookCult .....................................................      76

Figura 5 -   Site Parnanet .......................................................     79

Figura 6 -   Site Hotbook ........................................................     81

Quadro 1 - Principais características da biblioteca virtual ............               41

Quadro 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca

             eletrônica ............................................................   42

Quadro 3 - Livro eletrônico – grupos de estudo em andamento ...                        46

Quadro 4 - Dispositivos portáteis mais significativos ..................               55

Quadro 5 - Catálogo geral de e-books existentes nas bibliotecas

             eletrônicas pesquisadas .........................................         92

Quadro 6 - Sub-áreas         de    literatura     que    formam o catálogo

             especializado com           e-books      existentes      nas     BE’s

             pesquisadas .........................................................     94
13



                                     SUMÁRIO


RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1       INTRODUÇÃO .............................................................      14

2       OBJETIVOS .................................................................   20
2.1     OBJETIVO GERAL ..........................................................     20
2.2     OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................         20

3       FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................                 21
3.1     DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE
        INFORMAÇÃO ...............................................................    21
3.1.1   O papiro e o pergaminho ................................................      23
3.1.2   O papel, a imprensa e o livro ..........................................      28
3.1.3   A Internet e o sistema de informação eletrônico ................              31
3.1.4   A informação digital e o e-book .......................................       44

3.2     BIBLIOTECA ELETRÔNICA E BIBLIOTECÁRIO: NOVAS
        NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO                              58

3.3     INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL:
        REALIDADES ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS?................                        61

4       METODOLOGIA DE PESQUISA .....................................                 71
4.1     ABORDAGEM QUALITATIVA ............................................            71
4.2     CORPUS PESQUISADO ...................................................         72
4.3     COLETA DE DADOS .......................................................       83

5       ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS .........................                      86
5.1     BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS: ESTRUTURAS E IDEOLOGIAS                              86
5.2     E-BOOK:     A FORMAÇÃO            DO         CATÁLOGO             DE
        LITERATURA BRASILEIRA ...............................................         91

6       CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................... 128

        REFERÊNCIAS ............................................................. 133

        APÊNDICE .................................................................. 139
14



1 INTRODUÇÃO




        Como aluna concluinte do Curso de Biblioteconomia da

Universidade Federal da Paraíba - UFPB, período 2003.1, temos a

incumbência de desenvolver uma monografia para obtenção do título de

Bacharel. Sendo assim, resolvemos efetuar um trabalho de pesquisa

sobre um tema bastante discutido, atualmente, em nosso meio

acadêmico,    AS    NOVAS      TECNOLOGIAS       DA    INFORMAÇÃO       E

COMUNICAÇÃO (NTIC’s), especificamente no que se refere a discussão

gerada acerca da informação impressa e da digital e sua influência na

evolução das BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS.


        O    interesse   por   essa   temática   surgiu   no   curso   de

Biblioteconomia/UFPB, a partir das discussões nas disciplinas História

dos Livros e das Bibliotecas, Disseminação da Informação I e II, quando

os primeiros questionamentos acerca do tema nos fez perceber a

necessidade de pesquisas que abordassem essa questão. Dessa forma,

esperamos contribuir para a literatura da área e oferecer subsídios para

futuros projetos que poderão aprofundar este estudo.


        A nossa proposta é discutir o paradigma do suporte nas

bibliotecas eletrônicas e de seu acervo formado por informação digital,

em especial os e-books, percebendo o papel do bibliotecário como

facilitador ao acesso a esse novo suporte informacional, assim como a
15



influência     das     novas    tecnologias   no       contexto    da    sociedade   da

informação. Em outras palavras, fazemos uma reflexão teórica e prática

acerca das mudanças ocorridas na Sociedade da Informação em

decorrência das Novas Tecnologias no que se refere ao acesso à

informação através das bibliotecas na Internet.


            Nossas     discussões    circulam      o    contexto    dessa    sociedade

informacional e tecnológica na qual percebemos que a utilização

crescente das novas tecnologias pelos serviços de informação indica

uma tendência de transformar o profissional bibliotecário em um agente

ou gerente de informação, atuando como um profissional moderno,

receptivo e disposto a aplicar os seus conhecimentos de forma crítica e

objetiva. Este profissional deve estar atento aos novos papéis que estão

sendo       exigidos    na     Sociedade   da      Informação,      levando     a    um

reposicionamento de atitudes e atividades referentes à questão da

organização, acesso, uso e disseminação da informação desenvolvidos

em prol dos usuários, relacionados a sistemas de informação tradicional

e/ou virtual.


            Nesse contexto de mudanças, em que surgem as NTIC’s e há

uma aceleração de seu crescimento na sociedade, surgem as Bibliotecas

Virtuais (BV), as Bibliotecas Digitais (BD), as Bibliotecas Eletrônicas

(BE) e as Bibliotecas Híbridas (BH), das quais destacamos o papel de

constituir-se um novo veículo que possibilita o acesso a informações

digitais.    As   mesmas        disponibilizam     uma      vasta       quantidade   de
16



informações, através da Internet, podendo ser consultada de forma

gratuita.


            Dentre as denominações citadas, consideramos o conceito de

biblioteca eletrônica por acreditarmos que reúne características das

demais denominações e por fazer parte de um contexto maior que,

atualmente, vem evoluindo para a consolidação das bibliotecas híbridas,

agregando o impresso e o virtual. Assim, utilizamos o termo “biblioteca

eletrônica” para se referir ao novo conceito para a armazenagem e

disseminação      da   informação,   que   utiliza   a   forma   eletrônica,

independentemente de sua localização física, geográfica ou temporal.

Nessa perspectiva conceitual, o processo de organização da informação

na biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não

transferir para uma cópia em papel, de modo que o documento passa a

ser uma fonte digitalizada e o papel um estado transitório.


            Considerando esse panorama e a crescente aplicação das

NTIC’s no contexto das bibliotecas eletrônicas, acreditamos que

“é tempo de parar de pensar somente em termos de fontes impressas e

disponibilidade dos documentos, mesmo que esses tipos de fontes ainda

sejam predominantes em nossas coleções” (CUNHA, 1999, p.260).

Nesse cenário eletrônico, Cunha (1999) aponta algumas modificações

que poderão ocorrer no ambiente bibliotecário e que consideramos

pontos de reflexão, são elas: a variedade de formatos; a biblioteca
17



como conceito abstrato; o pagamento da informação; os esforços

cooperativos e; as novas mídias e equipamentos.


         Todos estes elementos geram um certo impacto na vida das

pessoas, seja como indivíduos ou como profissional da informação, ou

ainda como usuários ou leitores. É preciso adaptar-se aos novos

tempos. Nesse estudo, teremos a oportunidade de discutir acerca

dessas mudanças que emergem através de um novo suporte, o e-book,

uma nova forma de disponibilizar e acessar a informação - a digital - e

um novo canal de informação - a biblioteca eletrônica.


         Diante dos paradigmas propostos pela biblioteca eletrônica,

defendemos que para a sua construção, é preciso primeiro selecionar as

informações mais pertinentes para que sua formação esteja de acordo

com as necessidades dos usuários reais e potenciais. É considerando

esse aspecto que acreditamos estar contribuindo com uma forma de

“triagem” entre alguns sites da Internet, no sentido de analisar e

identificar os livros eletrônicos (e-books) constantes em seu acervo

digital, formando um catálogo na área de literatura brasileira.


         Para atender nossas expectativas, o objetivo geral definido

nesse    estudo    é    examinar      bibliotecas    eletrônicas   que

disponibilizam e-books gratuitos, identificando a          formação de

acervos virtuais na área de literatura brasileira.
18



         Tendo   em   vista   o   objetivo   citado,   desenvolvemos   uma

pesquisa que figura-se num ambiente virtual, composto por bibliotecas

eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos, recuperados através

do buscador Google. Dentre eles, o nosso corpus é formado pelo

ebookcult, o hotbook e o parnanet, por atenderem aos critérios

previamente estabelecidos. Para a coleta de dados utilizamos a

pesquisa exploratória de caráter qualitativo, a observação dos sites e o

questionário enviado por e-mail aos responsáveis pelas BE’s. Esta, foi

desenvolvida durante os meses de junho e julho de 2003, tendo como

produto final a formação de um catálogo especializado na área de

literatura.


         O estudo está organizado em 6 (seis) capítulos. O capítulo um

é a Introdução e no capítulo dois os Objetivos propostos. No capítulo

três   apresentamos   uma     Fundamentação        Teórica,   discutindo    a

evolução dos suportes de informação, partindo do papiro, até o livro

eletrônico (e-book); o novo papel do bibliotecário e o surgimento da

biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de

informação e comunicação e; a polêmica questão da informação

impressa versus a digital. No capítulo quatro consta a Metodologia,

descrevendo o tipo de abordagem, o universo pesquisado e a coleta de

dados. O capítulo cinco é a Análise dos dados e resultados

alcançados, com destaque para o catálogo de e-books. E por fim, no
19



capítulo seis enfatizamos as considerações finais e apresentamos na

seqüência as referências que embasaram o estudo.
20



2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

    Examinar    bibliotecas    eletrônicas    que      disponibilizam   e-books

    gratuitos, identificando a formação de acervos virtuais na área de

    literatura brasileira.


2.2 – OBJETIVOS ESPECIFÍCOS

    Discutir acerca da (r)evolução dos novos suportes informacionais

    em sua relação com o novo perfil do bibliotecário;


    Identificar a Biblioteca Eletrônica como uma ferramenta de

    pesquisa    que    disponibiliza   um      canal      de   disseminação    e

    compartilhamento da informação;


    Analisar   bibliotecas     eletrônicas    que   disponibilizam      e-books

    gratuitos na área de literatura brasileira;


    Formar     um   catálogo    com    os    principais    e-books   brasileiros

    gratuitos, na área de literatura, existentes nas bibliotecas

    eletrônicas;


    Reconhecer que a informação impressa (livro) e a informação

    digital (e-book) não competem entre si, mas se complementam.
21



3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


3.1 DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE

INFORMAÇÃO


         No contexto da Sociedade da Informação - SI, as Novas

Tecnologias da Informação - NTI surgem devido ao fenômeno da

explosão informacional verificado a partir do início da segunda metade

do século XX, servindo de suporte para a criação das redes de

computadores e das bases de dados on-line, que se difundiram pelo

mundo a ponto de hoje a Internet estar tão popular quanto a televisão

ou o rádio. Assim, concordamos com Amat I Nogueira (1990), quando

define as NTI como sendo os novos suportes e canais para dar forma,

registrar, armazenar, processar e disseminar conteúdos informacionais.

Objetiva assim, proporcionar um acesso à informação de forma mais

rápida e criativa possível.


         O Impacto da Internet nessa sociedade é, sem dúvida,

inquestionável. Em termos de sistema de informação, a mesma provê

acesso imediato a uma grande quantidade de informações científicas,

culturais, artísticas, de lazer, em tempo real, de forma direta, abrindo

para o usuário possibilidades antes inimagináveis. No entanto, o acesso

à rede, no Brasil, está restrito a um número ainda limitado e restrito da

sociedade. Em nosso país, existem várias categorias de excluídos: os da

terra, da educação, do emprego, da saúde, da moradia, entre outros e
22



agora, mesmo com o avanço tecnológico, estamos convivendo com um

novo tipo de exclusão: a digital.


          Como bem conceitua Silveira (2001, p. 1), em entrevista

divulgada na Internet, a exclusão digital é


                    [...] o não acesso da maior parte da população do mundo hoje
                    às tecnologias de informação, principalmente a comunicação
                    mediada, em rede, que atualmente é feita através de um
                    computador, de uma linha telefônica e de um provedor de
                    acesso.

          Assim,   concebemos       a   questão   da    exclusão    digital    e

acreditamos que se a Internet continuar sendo limitada a poucos, ela

tende a aprofundar ainda mais as diferenças sociais.


          Outra questão bastante discutida é o fato de que a revolução

nos processos de transferência de informações e nos novos suportes

informacionais     tem   proporcionado      modificações      no    perfil    do

bibliotecário. É preciso mudar a mentalidade de que o bibliotecário

utiliza apenas o livro como instrumento de disseminação da informação.

O mesmo lida com a informação, independente do suporte que ela

esteja.


          Ao resgatarmos na história a evolução tecnológica e dos

suportes informacionais, verificamos que desde os primeiros tempos o

homem procurou registrar suas impressões sobre o mundo no interior

das cavernas. Na Antigüidade, o homem experimentou vários suportes

encontrados na natureza como forma de registro, utilizando para isso
23



pedra, materiais inorgânicos e orgânicos à base de tintas vegetais e

minerais, como a argila, ossos, conchas, marfim, folhas de palmeiras,

bambu, metal, cascas de árvores, madeira, couro, papiro, velino,

pergaminho, seda, o papel e mais recentemente, o meio digital.


           A informação registrada como conhecemos hoje passou por

diversas "transformações" até a sua consolidação como objeto símbolo

da existência humana, responsável pelo registro da história da nossa

civilização através dos milênios. Assim, descrevemos, a seguir, a

evolução dos suportes de informação, do papiro ao e-book, buscando

resgatar    e   compreender   essa   transformação   tecnológica   e   sua

importância para a humanidade como um veículo que contribui para a

era da Sociedade da Informação. Para tanto, nos apoiamos nos estudos

de Chartier (1994, 1999), Cunha (1994), Febre e Martim (1992),

Garcez e Rados (2002), Lévy (1993), Machado et. al. (1999), Marchiori

(1997), Martins (1996), McLuhan (1977), Milanesi (2002), Ueharo

(2001), Ventura (2003), Venturi (2002), entre outros.




3.1.1 O papiro e o pergaminho


           O papiro é uma planta-aquática, cujo talo era cortado na parte

interior onde se encontravam as fibras muito resistentes e que, unidas

em lâmina, serviam de superfície própria para escrever, transformando-

se num primitivo papel. Essa planta era encontrada às margens do Rio
24



Nilo, no Egito, e representou para os egípcios o suporte da escrita

hieroglífica, veículo de transmissão de conhecimento e da sensibilidade

do homem da época. Para tanto, era conservado em rolos de 15 a 18

metros e mesmo que um texto não fosse muito longo, pedia vários

rolos. Constituía-se um monopólio do Estado e era obtido através de

atividade extrativista baseada em uma única espécie de vegetal.


        O rolo de papiro denominava-se volumen, de modo que uma

obra poderia ser apresentada em vários volumes. Assim como esse

suporte determinou a forma de rolo como única maneira de ser usado,

exigiu, também, uma pena especial, uma vez que sua superfície não

suportava outra que não fosse a de junco.


        O copista, responsável pelo registro nesse suporte, escrevia

em   retângulos,   porque    era   impossível     fazê-lo   acompanhando     o

comprimento do rolo, de várias dezenas de metros. Esta era a única

maneira de utilizar o papiro, porque a sua fragilidade não permitia

dobrá-lo, dificultando o manuseio e a leitura. Para a leitura, tornava-se

necessário   uma   certa    habilidade   física   do   leitor:   enrolar   uma

extremidade e desenrolar a outra.


        Nas bibliotecas da Roma Antiga, os papiros eram colocados

sobre estantes, tendo uma etiqueta para identificar o conteúdo sem que

fosse necessário desenrolá-lo. O número de volumes exigia uma

determinada organização, sobre a qual muito pouco se sabe.
25



         Uma vasta coleção de rolos de papiro existiu na mais

conhecida biblioteca da Antiguidade: a de Alexandria, no Egito. Sua

famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade

em cerca de 700.000 rolos de papiro e pergaminho e era freqüentada

pelos mais conspícuos sábios, poetas e matemáticos. Sua destruição

talvez tenha representado o maior crime contra o saber em toda a

história da humanidade (VENTURI, 2002).


         O papiro foi à base de registros que mais se desenvolveu na

Antiguidade Clássica. Atravessou séculos, levando a cultura do Egito a

outros povos, oferecendo ao homem a oportunidade de realizar o seu

maior desejo: comunicação e diálogo. Permitiu não só a preservação da

memória cultural, mas serviu também de testemunho da história dos

materiais usados pelo homem. Foi nesse rústico suporte que os

egípcios, gregos e, depois, romanos, registraram as primeiras obras

consideradas literárias. No papiro ficaram registros fundamentais para

se entender o tempo e o espaço, os fatos e a cultura das regiões onde,

durante séculos, foram fabricados e cobertos por hieróglifos e outras

categorias de escrita.


         No entanto, mesmo diante dessa evolução, para a época, e

importância para a cultura de várias civilizações, a produção do papiro

era muito limitada, seu custo elevado e seu volume de produção não

atendia a todas as necessidades de suporte para escrita que existiam na

época. Como muitas das mudanças nas técnicas e nos processos de
26



produção ocorridas ao longo de nossa história, o que gera a alteração

do suporte para escrita é o fator econômico e esse fato acarretou na

mudança para um novo suporte: o pergaminho.


            Por   questões     econômicas,    os       habitantes    de   Pérgamo

impossibilitados de obter o papiro egípcio, passaram a usar a pele

curtida de alguns animais (a ovelha, o carneiro ou cordeiro) como

suportes da escrita. A pele recebia um tratamento especial de

raspagem, banhos de soda e secagem em bastidores, o que lhes

conferiam propriedade de boa durabilidade, características para torná-

los flexíveis e apropriados para a escrita.


            O processo para obtenção deste novo suporte – o pergaminho

– se difundiu por todo o território europeu. Rapidamente a sua

produção se populariza e durante séculos ele passou a ser o suporte

mais utilizado para feitura de manuscritos, pois se caracterizava como

não   tão    delgado,   mais    flexível   como    o    papiro,     porém,   menos

dependente das cheias e secas do Rio Nilo, ou das necessidades

econômicas e/ou das alianças comercias com o povo egípcio.


            O pergaminho, quase sempre produzido nos mosteiros, apesar

de caro, por cerca de mil anos foi o material mais utilizado para a

escrita. Aos poucos esses livros artesanais foram se impondo, inclusive

como bens preciosos da realeza. Nos monastérios, onde monges
27



calígrafos,    principalmente    os   beneditinos,     rezavam,      copiavam      e

ilustravam textos, preservavam-se as grandes coleções de códices.


         O surgimento do pergaminho, por volta do século III a.C.,

modificou definitivamente a forma dos livros. Cem anos antes de

começar a Idade Média ele já substituía o papiro, quase que

inteiramente, dando origem ao códex. Esta forma manteve-se até os

dias atuais.


         Explicitando essa mudança de suporte informacional para o

registro da escrita e analisando a sua estrutura, Martins (1996, p. 68),

afirma que


                     o pergaminho foi escrito, como o papiro, de um lado só, até
                     que se descobriu ser perfeitamente possível fazê-lo nas duas
                     faces. Enquanto a escrita era realizada apenas no reto, o
                     pergaminho era enrolado, como o papiro, para constituir o
                     volumen. A escrita no reto e no verso vai dar nascimento ao
                     códex, isto é, ao antepassado imediato do livro. Com ele
                     revoluciona-se o aspecto da matéria escrita e o das bibliotecas.

         A substituição do rolo de papiro, pelo códex de pergaminho

ocasionou uma grande mudança, pois ao optar por um material mais

barato e um formato de transporte mais fácil, foi promovida uma

revolução na postura do leitor: folheável, e não mais desenrolável, o

livro se tornava mais acessível, incentivando a pesquisa e podendo até

ser feita anotações em sua estrutura. Assim, o pergaminho foi à ponte

entre o papiro e a imprensa, transportando para séculos mais recentes

parte do que gregos e romanos produziram no campo do pensamento.
28



3.1.2 O papel, a imprensa e o livro

        Depois do papiro e do pergaminho, o papel se fixou como o

novo suporte para a escrita e o registro da informação. O preço elevado

do pergaminho, causado pela produção limitada, diante de um mercado

em crescente aumento, se tornou um obstáculo que restringia a

divulgação da cultura. Esta, não podia continuar como privilégio dos

ricos e poderosos, dos mosteiros e das dinastias. Assim, a procura pelo

pergaminho – que não era atendida pelos produtores – precipitou o

aparecimento do papel.


        Quando a Idade Média vai terminando surge na Europa o papel

fabricado de pasta de madeira, trazido pelos árabes para substituir o

pergaminho e atender às novas necessidades, já que a produção do

pergaminho não satisfazia as crescentes exigências das cidades

européias mais importantes.


        O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a ampliação

do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e passando a ser

usado por outras categorias sociais que produziam a sua própria cópia

de textos. Em menos de um século o papel era fabricado em toda

Europa, abrindo uma imensa perspectiva para a invenção da Imprensa

que, aliada ao O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a

ampliação do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e

passando a ser usado por outras categorias sociais que produziam a sua
29



própria cópia de textos. Os primeiros livros impressos por meio da

xilografia - gravura em madeira - apareceram no século XV. No

entanto, coube ao alemão Johanes Gensfleisch von Guttenberg, ser o

precursor das modernidades técnicas gráficas. A prensa de Gutenberg

utilizava tipos móveis metálicos, nos quais eram gravadas as letras, os

sinais de pontuação e os números que, ao contrário dos tipos de

madeira, podiam ser utilizados inúmeras vezes. A pressão era feita por

meio de uma prensa que foi inspirada na prensa de vinhateiro, utilizada

para espremer uvas. O método de Gutenberg, além de revelar-se muito

mais flexível do que a xilogravura, produzia impressos de melhor

qualidade, permitia imprimir ambos os lados de uma folha, alcançando

uma produção em massa das obras e o barateio do custo, e

conseqüentemente, aumentando e facilitando o acesso à informação.


        No entanto, a tipografia – arte para impressão de textos - foi

desde o início recusada pela nobreza e pelos indivíduos de grande

poder. Eles achavam que o livro deveria continuar como privilégio

apenas das dinastias e da Igreja, pois pressentiam que o mesmo seria

muito perigoso, por permitir uma divulgação maior de idéias, podendo

ameaçar seus interesses. Na fase do manuscrito o livro não causou

preocupação pelo fato do seu uso ser restrito. Mas diante da

possibilidade de incontrolável divulgação pela impressão em série, o

livro começou a preocupar a classe dominante, pois a imprensa

provocou uma grande transformação, propiciando a democratização do
30



conhecimento com a impressão em grande escala e conferindo ao

homem o seu primeiro grande meio de comunicação.


        A invenção da imprensa e a utilização do papel geraram uma

nova situação de acessibilidade: o livro, tornando-o um estímulo ao

conhecimento   das   letras     e   a   geração   de   novas   informações,

configurando-se numa tecnologia revolucionária ao viabilizar um maior

acesso e disseminação da informação.


        Em decorrência dessa mudança, o fator ignorância como

condição de domínio foi sendo alterado, assim como a exclusão

informacional existente em grande escala. O quase monopólio do saber

deixou de ser patrimônio exclusivo dos nobres e religiosos para atingir

uma grande população. Assim, na medida em que aumentava o número

de autores também crescia o número de leitores face à maior

acessibilidade desse suporte (MILANESI, 2002).


        Nesse contexto, o livro como fonte de registro e transmissão

do   conhecimento    adquiriu       grande   representatividade   enquanto

elemento de preservação e difusão da cultura, popularizando-a.

Determinou novos paradigmas que marcaram a história do pensamento

humano. A circulação de idéias espalhou-se definitivamente, atingindo

um grande número de pessoas. O livro impresso foi considerado como

um instrumento de libertação do homem, por favorecer as classes

menos favorecidas o acesso ao conhecimento.
31



         A revolução tecnológica causada pela imprensa possibilitou

uma ampla difusão de materiais escritos. Essa revolução chega ao livro

aprimorando e agilizando a sua produção e disseminação e isso resultou

num aumento significativo do número de publicações, tanto dos livros

como dos periódicos, ocasionando uma “explosão da informação”. No

mesmo sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação -

NTIC’s possibilitaram novos suportes e novas formas de acesso a

informação, gerando a informação digital, como por exemplo, as

bibliotecas    virtuais    e    os     livros    eletrônicos.   Assim,     os    avanços

tecnológicos do século XX, favoreceram o surgimento de uma nova

revolução na Sociedade da Informação. Segundo Castells (2003, p.1),


                        estamos diante de um novo paradigma tecnológico: a
                        revolução    tecnológica    da   informação,    a   revolução
                        informacional. A diferença dessa revolução para com as outras
                        é a sua matéria prima: o conhecimento.

         Venturi (2002, p. 2) afirma que, “se vivemos hoje a Era do

Conhecimento é porque alçamo-nos em ombros de gigantes do

passado”. Nesse contexto, “a internet representa um poderoso agente

de transformação do nosso modus vivendi et operandi”, por representar

um grande instrumento de disseminação do conhecimento.




3.1.3 A Internet e o sistema de informação eletrônico


         Nos     últimos       anos,     as     NTIC’s   tem    exercido    um     papel

transformador      na      sociedade          moderna,    contribuindo      de    forma
32



significativa para o desenvolvimento de tecnologias como a informática,

que associada às telecomunicações, deu origem a uma das mais

revolucionárias invenções de nossa época, a Internet. A mesma vem

permitindo o rompimento de barreiras geográficas e a livre circulação

de informação e conhecimento.


        Referindo-se as novas tecnologias da informação, Lévy (1993

apud Marcondes 2003, p.62, grifo do autor) as considera como uma

ferramenta que possibilita a geração de novas aprendizagens,


                    [...] da mesma forma que a invenção da escrita por volta de
                    3000 a.C. e da imprensa por Gutenberg, no século XV, são
                    tecnologias da inteligência, no sentido de se constituírem em
                    novas ferramentas cognitivas. Na medida que viabilizam novas
                    possibilidades cognitivas, possibilitam um salto qualitativo em
                    nossas possibilidades de raciocínio e apreensão de conhecimento.

        Nessa perspectiva, destacamos a Internet como um veículo

que pode ser enquadrado no conceito de “tecnologia da inteligência” por

auxiliar na comunicação, na elaboração de nossos conhecimentos e na

estruturação de nosso pensamento (LÉVY, 1993), e também por

disponibilizar ao usuário uma quantidade infinita de informações,

oferecendo a liberdade de selecioná-la e usá-la, permitindo a geração

de novas possibilidades cognitivas.


        Definimos    a   Internet     como     um    conjunto     de   redes     de

computadores interligadas que tem em comum um conjunto de

protocolos e serviços, de uma forma que os usuários conectados

possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance
33



mundial. Assim, a compreendemos como um sistema de informação

que nos possibilita acesso imediato a uma vasta quantidade de

informações culturais, artísticas, científicas, em tempo real e de forma

direta, sem intermediários. É um meio de disseminação de informações

que abrange todo o planeta, muito embora não atinja todas as pessoas,

devido a diversos fatores sócio-econômicos-culturais.


         Ao considerarmos a Internet enquanto sistema de informação

eletrônico     estamos    definindo       sistema     de    informação      como

“o espaço no qual se desenvolvem ações informacionais [...] mediados

por   canais   informacionais    [...]    e   pela   interação   entre   sujeitos,

articulando atitudes participativas, democráticas e criativas” (SILVA,

2003, p.19). Dito em outras palavras,


                     por sistema de informação compreendemos um conjunto de
                     unidades, formal ou informal, que objetivam um fim comum,
                     trabalhando a informação (geração, produção, recepção,
                     transmissão) para seu uso e disseminação (SILVA, 2003,
                     p.22).

         Nesse sistema de informação, a Internet como suporte de

informação é uma ferramenta poderosa, que torna mais rápida e eficaz

a comunicação entre as pessoas, favorecendo uma maior disseminação

da informação e, portanto, geração de conhecimento.              A mesma vem

proporcionar facilidades que extrapolam o conceito tradicional de

informação      (o    impresso),         disponibilizando    novos       suportes

informacionais (o eletrônico).
34



         Por outro lado, devido à imensa quantidade de informações

disponíveis na Internet, muitas vezes ficamos perdidos sem saber onde

localizar determinada informação. Para facilitar essa busca, existem

sites especializados, em que o usuário digita a palavra ou conjunto de

palavras que está procurando e o mesmo recupera as páginas que

contemplem as palavras informadas. No entanto, ainda assim, ficamos

imersos em uma diversidade de sites e de informações. Acerca dessa

nova realidade, Milanesi (2002, p. 51) afirma que


                    não é mais o indivíduo que persegue a informação, mas as
                    informações que soterram o indivíduo quando ele ousa acionar
                    uma ferramenta de busca na internet.

         A nosso ver, mesmo com a desordem da Internet, não

podemos negar que os sites de pesquisa têm despontado como um dos

principais serviços disponibilizados pela Internet, por favorecer o acesso

à informação e a disseminação do conhecimento.


         Como podemos observar, a inserção das NTCI’s vem alterando

o   processamento    da   informação,     no   que   diz   respeito   ao    seu

armazenamento, seleção, recuperação e disseminação. Tudo isso, vem

causando uma grande revolução pois, estas transformações criam

novas necessidades e alteram velhos e sólidos paradigmas.               Dentre

essas mudanças, destacamos o surgimento de um novo sistema de

informação, que no contexto da Biblioteconomia desponta como uma

nova realidade de disseminação, acesso e uso da informação em rede.

Estamos nos referindo as bibliotecas virtuais, eletrônicas e digitais, que
35



reúnem suportes não-convencionais e facilitam a disseminação da

informação em tempo real, de forma que uma mesma informação pode

ser acessada por vários usuários ao mesmo tempo. Diante desse

paradigma, observamos que


                    a convergência dos avanços na computação e nas tecnologias
                    de comunicação tem tido um impacto significativo na maneira
                    como os sistemas de informação estão sendo criados,
                    administrados e utilizados. As bibliotecas, especificamente,
                    estão incorporando novas políticas de desenvolvimento de suas
                    coleções e disponibilizando novos produtos e serviços de
                    informação na Internet (FERREIRA,2003, p.1).

         Nessa perspectiva, as bibliotecas não tradicionais consistem

numa adaptação das bibliotecas atuais com a aplicação das novas

tecnologias de mercado, a fim de construir uma biblioteca atuante, em

que as informações impressas e digitais convivam juntas para um maior

fortalecimento dos acervos de modo que sejam disponibilizadas para

todos, formando a biblioteca do futuro, que segundo Cunha (1994, p.

187),


                    [...] é sem paredes, por possibilitar o acesso à distância a seus
                    catálogos, sem a necessidade de se estar fisicamente nela. É
                    eletrônica, pois seu acervo, catálogos e serviços são
                    desenvolvidos com suporte eletrônico. E é virtual, porque é
                    potencialmente capaz de materializar-se via ferramentas que a
                    moderna tecnologia da informação e de redes coloca à
                    disposição de seus organizadores e usuários.

         Esses    novos     sistemas       de   informação       eletrônica     são

classificados,   geralmente    em     04    (quatro)     categorias:     biblioteca

eletrônica, digital, virtual e híbrida, vejamos cada uma delas.
36



         A     primeira   chama-se      Biblioteca   Eletrônica    -   BE,   que

apresenta um sistema cujo processo básico da biblioteca é a eletrônica,

ou     seja,     ampla     utilização     de   máquinas,       principalmente,

microcomputadores, facilitando como cita Marchiori (1997, p. 123), "na

construção de índices on-line, na busca de textos completos e na

recuperação e armazenagem de registros”. A biblioteca eletrônica se

direcionará para ampliar o uso de computadores na armazenagem,

recuperação e disponibilidade da informação, podendo envolver-se em

projetos para a digitalização de livros. A construção dessas bibliotecas

foi acontecendo aos poucos, à medida que a evolução da tecnologia

disponibilizava novas ferramentas que podiam ser utilizadas para este

fim.


         A segunda é a Biblioteca Digital - BD, que se diferencia das

demais por constituir-se de um acervo estritamente digital (discos

magnéticos e óticos). Dispõe de todos os recursos de uma biblioteca

eletrônica, oferecendo pesquisa e visualização dos documentos (texto

completo, vídeo etc.) tanto local como por meio de redes de

computadores.


         De acordo com Ferreira (2003, p.2),


                     a maioria dos autores é unânime em afirmar que o que define
                     uma biblioteca como sendo digital é o fato de consistir em
                     várias bibliotecas e não em uma universal e suas tarefas
                     básicas serem as responsáveis por seu caráter transformador.
37



        Para Steele (1993, tradução nossa), a biblioteca digital é

claramente o paradigma da "sociedade da informação" e uma resposta

das bibliotecas ao fenômeno da explosão informacional.


        Segundo Marchiori (1997, p. 123), a biblioteca digital


                   difere-se das demais porque a informação que ela contém
                   existe apenas na forma digital, podendo residir em meios
                   diferentes de armazenagem, como as memórias eletrônicas.
                   Desta forma, a biblioteca digital não contém livros na forma
                   convencional e a informação pode ser acessada, em locais
                   específicos e remotamente, por meio de redes de
                   computadores. A grande vantagem da informação digitalizada
                   é que ela pode ser compartilhada instantaneamente e
                   facilmente, com um custo relativamente baixo.

        A terceira categoria é a Biblioteca Virtual – BV, também

chamada de biblioteca de realidade virtual ou “ciberteca”. Ela é

conceituada como um tipo de biblioteca que, para existir, depende da

tecnologia da realidade virtual, que criaria o ambiente de uma biblioteca

com salas, estantes etc (MARCHIORI, 1997).


        A BV é a soma total de informações acessíveis disponíveis em

qualquer lugar e, portanto, podendo ser implantada também em

qualquer lugar - na biblioteca, nos centros de informação, nos centros

de documentação, no trabalho e em casa. Na verdade, o ponto chave

não é a tecnologia, mas o acesso à informação e o atendimento às

necessidades do usuário.


        A quarta categoria de sistema de informação é a Biblioteca

Híbrida – BH, que caracteriza-se por agregar diferentes tecnologias,
38



apresentando coleções impressas, digitais e acessos via rede eletrônica,

refletindo o estado atual das bibliotecas, que hoje não é completamente

digital, nem completamente impressa. Dessa forma, utiliza tecnologias

disponíveis para unir, em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos

(o impresso e o digital). O conceito de biblioteca híbrida tem sido

considerado o mais adequado para retratar a fase de transição pelas

quais as bibliotecas convencionais vêm passando (GARCEZ; RADOS,

2002).


         Ao   buscarmos      compreender       esses     novos    sistemas      de

informação eletrônica, observamos que o ritmo acelerado da produção

do conhecimento e as transformações da sociedade exigiram que as

bibliotecas implantassem infra-estrutura compatível com a demanda

crescente, incorporando novos processos que proporcionassem o acesso

mais rápido à informação. Houve assim, uma redefinição das formas de

gerenciamento    dos    recursos    materiais/humanos         e   também      das

atividades a serem desempenhadas. Nesse contexto, a Biblioteca

Eletrônica, foco da nossa pesquisa, tem se destacado das demais por

apresentar características inerentes as virtuais e digitais.


         Para Marchiori (1997, p. 123), biblioteca eletrônica


                    é o termo que se refere ao sistema no qual os processos
                    básicos da biblioteca são de natureza eletrônica, o que implica
                    ampla utilização de computadores e de suas facilidades na
                    construção de índices on-line, na busca de textos completos e
                    na recuperação e armazenagem de registros.
39



         Machado   et.al.   (1999,     p.   217),    afirma     que    “biblioteca

eletrônica é aquela que está totalmente automatizada, disponibilizando

os seus serviços aos usuários de forma on-line”. Complementando,

Cunha (1994, p. 187), refere-se à biblioteca eletrônica como “aquela

que o seu acervo, catálogo e serviços são desenvolvidos em suporte

eletrônico”.


         Analisando os diversos termos que nomeiam a biblioteca

eletrônica, Cunha (1999, p.258) enfatiza que


                   a biblioteca digital é também conhecida como biblioteca
                   eletrônica (termo preferido dos britânicos), biblioteca virtual
                   (quando utiliza os recursos da realidade virtual), biblioteca sem
                   paredes e biblioteca conectada a uma rede.

         Analisando os conceitos de Cunha (1994, 1999), Machado et al

(1999) e Marchiori (1997), convencionamos usar o termo “biblioteca

eletrônica” por acreditarmos que reúne características das demais

denominações, definindo-o como o novo conceito para a armazenagem

e   disseminação   da   informação,     que    utiliza   a    forma    eletrônica,

independente de sua localização física, geográfica ou temporal. Nessa

perspectiva conceitual, o processo de organização da informação na

biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não

transferir para uma cópia em papel. Nessa biblioteca, o documento é

uma fonte digitalizadora e o papel é um estado transitório (CUNHA,

1999).
40



           A partir desses conceitos, podemos observar que os autores

concordam que a biblioteca eletrônica caracteriza-se pelo uso do

computador para acessá-la e na disponibilidade de seu acervo na forma

eletrônica, podendo co-existir também na forma impressa. Trata-se,

pois,     de   bibliotecas   eletrônicas,     apesar       de   serem    rotuladas

normalmente de bibliotecas virtuais. Neste sentido, Macedo e Modesto

(1999) assinalam que, nas bibliotecas eletrônicas, informação impressa

e digital coexistem, sendo a mesma uma réplica eletrônica da biblioteca

tradicional.   Complementamos         ainda     que    a    biblioteca   eletrônica

proporciona ao usuário um acesso muito mais amplo e ágil às

informações mundialmente disponíveis.


           A biblioteca eletrônica possui características especiais, que são

destacadas por Cunha (1999, p.258) em seu artigo “Desafios na

construção de uma biblioteca digital”, conforme podemos observar a

seguir:


                    a) acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador
                    conectado a uma rede;
                    b) utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais
                    pessoas;
                    c) inclusão de produtos e serviços de uma biblioteca ou centro de
                    informação;
                    d) existência de coleções de documentos correntes onde se pode
                    acessar não-somente a referência bibliográfica, mas também o
                    seu texto completo. O percentual de documentos retrospectivos
                    tenderá a aumentar à medida que novos textos forem sendo
                    digitalizados pelos diversos projetos em andamento;
                    e) provisão de acesso em linha a outras fontes externas de
                    informação (bibliotecas, museus, bancos de dados, instituições
                    públicas e privadas);
                    f) utilização de maneira que a biblioteca local não necessite ser
                    proprietária do documento solicitado pelo usuário;
                    g) utilização de diversos suportes de registro da informação tais
                    como texto, som, imagem e números;
41


                     h) existência de unidade de gerenciamento do conhecimento,
                     que inclui sistema inteligente ou especialista para ajudar na
                     recuperação de informação mais relevante.

          Para melhor compreensão sobre a biblioteca eletrônica e suas

características,    apresentamos        a   seguir    o   QUADRO     1   com    as

características da biblioteca virtual destacadas por Diniz, Targino e

Ramalho (2003) que, do nosso ponto de vista, aplicam-se à biblioteca

eletrônica.


•   Acesso somente através de redes eletrônicas de informação;
•   Acesso a todo tipo de informação;
•   Conjunção harmônica entre impressos e eletrônicos – possibilidade de conversão
    de eletrônico para o impresso;
•   Ênfase na liberdade intelectual – todos tem direito de publicar suas idéias;
•   Manutenção de catálogos eletrônicos on-line;
•   Possibilidade de maior fluxo de comunicação entre bibliotecários e entre as
    demais categorias profissionais;
•   Possibilidade ilimitada de navegação via links por diferentes bibliotecas,
    instituições, textos, etc;
•   Disseminação mais abrangente de informações;
•   Utilização simultânea da mesma informação por múltiplos usuários;
•   Aproveitamento de todas as potencialidades do espaço virtual;
•   Uso de ferramentas que agilizam a recuperação de informações;
•   Inexistência de intermediação no processo de acesso à informação;
•   Acesso Global;
•   Maximização dos processos de produção e atualização dos estoques de
    informação;
•   Aperfeiçoamento no planejamento e gerenciamento dos recursos informacionais.

QUADRO 1- Principais Características da Biblioteca Virtual
Fonte: Diniz citado por Diniz, Targino, Ramalho (2003, p. 11)



          O QUADRO 1 demonstra de forma clara a utilização de

artefatos eletrônicos na armazenagem, recuperação e disponibilização

da informação, acentuando a idéia de uma biblioteca eletrônica.


          Todas essas mudanças ocorridas no sistema de informação, ou

seja, nas bibliotecas, são decorrentes da inclusão das NTIC’s, onde
42



vemos as tradicionais unidades de informação passarem por uma nova

configuração,     resultando        em    um    novo     modo    de   tratamento         e

armazenamento da informação.                  O QUADRO 2 demonstra de forma

sucinta essas mudanças, visualizadas acentuadamente nas principais

atividades de uma biblioteca.


         Atividades             Biblioteca Tradicional         Biblioteca Eletrônica
• Administração de           - seleção do material para   - seleção do material
coleções                     adicionar na biblioteca      apropriado para a conversão
                             - arquivamento               eletrônica e para adição na
                             - manutenção do acervo       biblioteca
                             - encadernação e             - controle da versão das
                             preservação                  bases de dados
                                                          - manutenção do sistema

• Aquisição                  - solicitação do material    - solicitação eletrônica do
                             - acompanhamento da          material
                             distribuição                 - conversão do material
                             - aprovação dos              existente para a forma
                             pagamentos                   eletrônica
                                                          - administração do copyright
                                                          - transferência eletrônica de
                                                          fundos

• Catalogação                - indexação manual           - indexação automática

• Empréstimo                 -   reserva                  - provisão temporária de
                             -   circulação               cópias (expiração eletrônica)
                             -   cobrança                 - fornecimento de cópias
                             -   SDI                      gratuitas
                                                          - distribuição automática
                                                          - troca de material entre
                                                          bibliotecas conectadas
                                                          - interface para os serviços
                                                          tradicionais de bibliotecas

• Serviços aos usuários     - assistência para            - metabiblioteca (diretório
                            localização e recuperação     de recursos)
                            do material                   - ajuda on-line
                            - perfil do usuário           - perfis de usuários on-line
                            - cursos para instrução do
                            uso da biblioteca
QUADRO 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca eletrônica
Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) citado por Rosetto (1997, p. 57)
43



        Analisando o quadro acima, visualizamos que as novas

tecnologias foram, paulatinamente, incorporadas às atividades da

biblioteca, provocando mudanças internas e na maneira de prover

produtos e serviços aos usuários. Nos últimos anos, a mudança

tecnológica tem sido cada vez maior num espaço temporal cada vez

menor, fazendo com que a realidade das bibliotecas brasileiras

necessitem de uma interação entre o tradicional, o digital, o virtual e o

eletrônico. Assim, as mesmas ficarão fortalecidas nesse novo contexto

da Sociedade da Informação e do Conhecimento, dispondo informações

em todos os campos, em suportes tradicionais e virtuais, onde quer que

ela esteja, para todas as pessoas, em qualquer local e a qualquer

tempo. A esse respeito, segundo Milanesi (2002, p. 51),


                   com a Internet, muitas barreiras que se antepunham ao
                   conhecimento ruíram – ainda que se levantassem outras. Ela
                   possibilita, na prática, mesmo com obstáculos a serem
                   superados, o acesso ao conhecimento de forma menos onerosa
                   e mais ampla.

        Nesse contexto, encontramos inseridas as bibliotecas virtuais,

eletrônicas, digitais e híbridas, com sua multiplicidade de acervos em

formatos distintos dos tradicionais, entre eles: o formato pdf e html,

cada vez mais dominado pelos usuários/internautas, o que nos faz

concordar com Mandel (2003, p.3) ao afirmar que “à medida que a

informação vai se tornando digital, o usuário vai também adquirindo

destreza no seu uso e preferência pelo meio”.
44



3.1.4 A informação digital e o e-book


         A Sociedade da Informação e o campo da Informática estão

em constante evolução, e é nesse contexto de transformações, da

chamada “era da informação automática” (SANTOS, 2003b), que surge

um novo paradigma quanto à forma de registrar e disseminar a

informação: o livro eletrônico (e-book), juntamente com a polêmica

sobre o fim do livro.


         Entre a cultura do manuscrito e a do texto impresso, o livro

passou por diversas transformações, mas em toda sua história nada é

comparado a revolução dos e-books. O que o diferencia de um livro é

que, ao invés de ser impresso, ele é disponibilizado em formato digital,

vendido, baixado ou recebido via e-mail. Acreditamos que talvez não

haja nenhuma ruptura e que talvez tudo isto seja apenas a continuidade

natural que deveria existir na evolução entre o texto manuscrito,

impresso até o eletrônico. Porém, não podemos deixar de observar que


                    há algum tempo, o livro vinha sofrendo interferências no modo
                    de ser e de se mostrar ao leitor. Muito de sua mudança física
                    já vinha se configurando com o avanço das tecnologias de
                    impressão e diagramação de páginas. Hoje, vemos o livro
                    mudar de suporte ou mídia, e transformar-se em um novo
                    corpo (SANTOS, 2003b, p. 2).

         Passamos um século na era Gutenberg com o desenvolvimento

da imprensa e o uso do livro impresso. Hoje, as mudanças com a

influência da Internet, da World Wide Web – www e das tecnologias

existentes, permitem o estabelecimento de um novo padrão para a
45



apresentação do livro. Chegamos aos e-books, que simplesmente estão

transformando o modo de ler os livros no mundo. É o texto eletrônico

dando forma nova às histórias, com imagens, sons e viagens paralelas,

fazendo surgir a multimídia, ou seja, uma junção de várias mídias. Isto,

segundo Santos (2003b), possibilitou um avanço extraordinário no

mundo da comunicação e do entretenimento.


        O termo e-book (Electronic Book) está sendo utilizado para

nomear o livro em formato eletrônico, podendo ser baixado via Internet

(por meio de download) e para o aparelho que permite a sua leitura

fora do computador, possibilitando uma maneira mais simples de

compor e disponibilizar um livro para o leitor. Na tentativa de encontrar

uma definição para o e-book Landoni (1993 apud Rosetto, 1997)

apresenta, resumidamente, em forma de tabela, algumas análises

conceituais advindas de grupos de estudo sobre o livro eletrônico, como

podemos observar no QUADRO 3, a seguir:
46



     Tipos de projetos em              Critérios usados na elaboração do livro
          andamento                                    eletrônico
1° Grupo de Estudos           .   meio pelo qual é publicado
(Taxonomia de Baker &         .   funções de performance
Collins)                      .   tipo de informação e serviços oferecidos
                              .   livros de referência
                              .   livros de textos

2° Grupo de Estudos           . preservação da estrutura lógica (capítulos, seções,
(Projetos: Dynatext e         etc.) e física do livro
Superbook)                    . fornecimento de texto completo indexado, linkados
                              e navegação por tabelas de conteúdo

3° Grupo de Estudos           . utilização dos aspectos físicos e lógicos do livro
(Projetos: Benet & Duric;     . apresentação de vários livros, como estivessem em
Burril & Ogden - "VORTEXT")   estantes de biblioteca (biblioteca eletrônica)
                              . exemplos oriundos dessas pesquisas são Grolier
                              Encyclopedia, Compton's Multimedia Enc. etc.

4° Grupo de Estudos           . utilização dos aspectos citados no 3° Grupo
(Projetos: Landoni &          . propiciar a consulta ao livro, da mesma forma do
Catenazzi)                    impresso
                              . desenvolver dois tipos de livros eletrônicos:
                              . conversão de textos eletrônicos já existentes em
                              livro eletrônico (Hyper-Book)
                              . conversão de livros em papel para versão eletrônica
                              (Visual-Book)
QUADRO 3 - Livro Eletrônico - grupos de estudos em andamento
Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) apud Rosetto (1997, p.56)




          Refletindo acerca desses critérios que caracterizam o livro

eletrônico, o concebemos como um recurso informacional que usa

tecnologia moderna para registrar e permitir o acesso e o uso da

informação. Portanto, o caracterizamos como aquele que preserva a

estrutura lógica e física     do livro, fornecendo um texto completo e

propiciando a sua consulta, havendo a possibilidade de conversão da

versão eletrônica em papel e vice-versa. Entendemos por e-book não só

os livros eletrônicos, que usam tecnologia de ponta e são lidos em

minicomputadores portáteis, mas também os arquivos de livros que

podem ser acessados pela Internet, disponíveis em sites de Bibliotecas
47



Eletrônicas, livrarias e lojas virtuais. Assim e-books são “[...] arquivos

que chegam ao consumidor pela própria rede, por meio de download”

(UEHARO, 2001).


         Os livros eletrônicos, embora fossem experimentados desde a

criação dos computadores, uma vez que alguns autores chegaram a

lançar disquetes-livros, utilizando como ferramenta de leitura o bloco de

notas, estes só tiveram seu “boom” a partir do ano de 2000, com o

lançamento de “Riding the Bullet” de Stephen King, considerado o

grande pioneiro do e-book e um dos autores mais conhecidos no mundo

da literatura de suspense.


         A história de 66 páginas de King sobre um homem que pega

uma carona com um fantasma foi lançada exclusivamente pela Internet

e distribuída pelos sites “Amazon” (cobrava U$ 2,50) e “Barnes&Noble”

(enviava gratuitamente aos seus visitantes). O resultado foi um

congestionamento que tirou as páginas do ar. Estima-se que milhões de

leitores em todo o mundo tenham tido contato com a obra (OLIVEIRA,

2003).


         No Brasil o fenômeno chegou ainda em 2000, ano que foi

lançado no site “Submarino” o livro “Miséria e grandeza do amor de

Benedita” de João Ubaldo Ribeiro, sendo vendido nas três primeiras

semanas quatro mil cópias. Outra experiência, no mesmo ano, foi de

Mário Prata, pago pelo portal “Terra” para escrever e publicar no site o
48



livro “Anjos de Badaró”, cujos capítulos eram publicados na medida em

que eram escritos.


             Ainda em 2000 começaram a surgir as principais editoras

virtuais (e-editora) da Net brasileira, interessadas em capitalizar o

crescente interesse pelos e-books. Sem grande capital para pagar

escritores famosos, esses sites investiram primeiramente em obras

clássicas, cujos direitos autorais já haviam expirado, passando a

investir em novos autores num segundo momento.


             Com relação à sua estrutura, para melhor compreensão,

dividiremos o e-book em duas partes: o reader/leitor, aplicativo que

auxilia na leitura do livro na tela e o dispositivo de leitura, recipiente ou

suporte dos livros, vejamos:


             a) Reader


             O Reader, de acordo com Santos (2003c), é um software ou

aplicativo desenvolvido para auxiliar na leitura de livros nas telas de

computadores de mesa, computadores portáteis ou de bolso, ou de

dispositivos dedicados1. Precisa ser instalado no computador para que

a leitura do e-book seja possível logo após o seu download. Entre os

principais Readers estão: o Adobe Acrobat eBook Reader, o MS Reader,

o eRocket, o MobiPocket Reader, o PeanutPress Reader etc.



1
    Aparelho semelhante a um livro.
49



        O aplicativo Reader traz todas as facilidades dos navegadores

da Internet e algumas ferramentas mais específicas para livros

eletrônicos. Estas são mecanismos que tornam a leitura mais eficiente e

prazerosa. Dentre as vantagens decorrentes do uso do reader, Santos

(2003d) destaca:


           •   Possibilidade de criação de biblioteca pessoal;

           •   Acesso   às   livrarias   e   bibliotecas   virtuais,   com    a

               possibilidade de aquisição de obras gratuitas;

           •   Marcadores de página e busca rápida dessas marcações;

           •   Compatibilidade com níveis de segurança [encripturação]

               exigido pelos detentores de conteúdo;

           •   Busca por palavras e frases nos textos;

           •   Alteração de fonte, para melhor leitura;

           •   Ferramenta para sublinhar trechos;

           •   Dicionário relacionado;

           •   Adicionadores de notas.


        De acordo com Santos (2003d), os melhores readers, são

aqueles que permitem a leitura de arquivos de livros eletrônicos

baseados em formatos padrões compatíveis como HTML ou XML, ou

seja, em formatos baseados em especificações abertas. A esse fator,

acrescentamos que para o reader ser considerado bom é preciso que

ele seja passível de instalação nos aparelhos mais utilizados pelo

usuário, como: desktop, notebook, laptop, pocket pc's e palm.
50



           Pelos motivos supracitados, optamos por delimitar nosso

estudo acerca dos e-books com o formato HTML e XML, dentre os quais

destacamos três aplicativos para leitura: o Adobe Acrobat eBook

Reader, o MS Reader e o eRocket. Os mesmos foram instalados em

nosso computador para melhor conhecimento. Assim, mais adiante,

quando destacamos alguns e-books localizados na WWW, apresentamos

aqueles que possam ser lidos nesses softwares.


           Para melhor compreensão do Adobe Acrobat eBook Reader, do

MS Reader e do eRocket, vejamos o que significa e o que possibilita

cada um deles:



            Adobe Acrobat eBook Reader

           O Adobe Acrobat eBook Reader é um aplicativo desenvolvido

pela empresa americana Adobe Systems, utilizado para leitura de

arquivos    digitais   no   formato   PDF   (Portable   Document   Format,

traduzindo, "arquivo em formato portátil"). Tecnicamente, PDF é uma

tecnologia universal, e portanto independente de plataforma. Trata-se

de um formato baseado em arquivos de linguagem postscript.


           Os livros eletrônicos no formato PDF são muito semelhantes ou

muito próximos a um livro de papel em termos de diagramação. Esse

software é disponibilizado gratuitamente na Web e permite a leitura de

arquivos de livros eletrônicos nos formatos: HTML e derivados e PDF.
51



        Segundo Santos (2003c), trata-se do melhor leitor de livro

eletrônico disponível, e o que tem a apresentação e os recursos mais

recomendáveis para a leitura, tais como: marcador de texto, sistema de

notas, impressão do arquivo, marcador de páginas, lupa, que permite

aproximar a tela e visualização de páginas duplas. Além de ser um dos

poucos que permite, de forma segura, o sistema de criptografia e a

leitura de qualquer documento em PDF estando encriptados ou não.

Além disso, apresenta um sistema de livraria pessoal que permite

guardar e organizar e-books numa biblioteca virtual.


        O Acrobat eBook Reader "roda" nos seguintes hardwares e

sistemas: Palm OS, Windows CE, Pocket PC, Desktop [PC, MAC, Linux]

etc. Vejamos a seguir uma ilustração desse software:




                FIGURA 1 - Biblioteca Digital Pessoal no Acrobat
                eBook Reader
                Fonte: Santos (2003c)
52




             MS Reader

              O MS Reader foi desenvolvido pela empresa americana

Microsoft Corp. Esse software é disponibilizado gratuitamente na Web e

permite a leitura de arquivos de livros eletrônicos no formato *.LIT2,

baseado em HTML, XHTML, XML e OPF.                       Traz junto do software um

programa que pretende fazer com que a leitura de fontes na tela, seja

ela qual for, se torne mais prazerosa. Trata-se de uma tecnologia

chamada ClearTypeTM que tenta fazer com que os olhos do leitor não se

cansem após horas de leitura.


              O MS Reader "roda" nos seguintes hardwares e sistemas:

MyFriend3, Windows CE, Pocket PC, Desktop (Windows 95, 98, 2000,

XP, Me). Vejamos abaixo uma ilustração desse software:




                         Figura 2 - Biblioteca Digital Pessoal no MS Reader
                         Fonte: Santos (2003c)

2
    LIT é a contração de literatura.
3
    Dispositivo portátil fabricado na Itália.
53




           eRocket

           O eRocket é um programa, desenvolvido pela empresa norte-

americana Nuvomedia, disponibilizado gratuitamente na Web para

download. Esse software simula o Rocket eBook (dispositivo dedicado a

leitura) na tela do computador, proporcionado a leitura de livros em

formato digital e permitindo a exibição de arquivos de livros eletrônicos

no formato RB (Rocket eBook). O eRocket “roda” nos seguintes

hardwares e sistemas: PC IBM-compatível, 486 ou mais alto, com o

Windows 95, 98 ou NT 4.0 e no Macintosh (Powerpc 601 ou mais alto),

com o Mac OS 8.5 ou mais alto (EBOOKSBRASIL, 2003).


           Quando o eRocket é instalado, a sua tela apresenta 4 (quatro)

ícones que são ativados ao clique do mouse. O Rocket eBook real possui

uma tela sensível, onde os ícones são ativados ao serem tocados. Os

ícones e suas funcionalidades são as seguintes:




·               Ícone   Bookshelf   (estante)   -   acessa   uma   lista   de

características que se aplicam ao conteúdo existente no e-book e seus

ajustes.



·              Ícone Book (livro) - apresenta tarefas que podem ser

realizadas enquanto lê-se um e-book específico, tais como, fazer
54



anotações, colocar marcadores, sublinhar o texto que está sendo lido,

procurar um texto específico ou consultar palavras no dicionário.



·           Ícone de Orientação da Página (Girar) - permite que seja

mudada a orientação da página do ponto de vista da área de leitura,

usando quatro setas direcionais.




·           Ícone de Atalho (Rocket) - estabelece um atalho para uma

das opções disponíveis nos menus Bookshelf ou Book, ou para Voltar

Página (página anterior) ou Seguir Página (página seguinte).


        Vejamos uma ilustração desse software:




              Figura 3 - eRocket
              Fonte: EbooksBrasil (2003)



     b) Dispositivo de leitura

        Quanto ao dispositivo de leitura, os readers poderão ser

instalados a escolha do leitor nos computadores de mesa (desktop),
55



computadores        portáteis    (laptops,     notebooks)          e     também         nos

computadores de bolso (Pocket PCs, HandHelds ou Palm Tops).


          Os    livros    eletrônicos    poderão      ser    lidos        também        em

equipamentos       desenvolvidos      especialmente      para          leitura.   São    os

conhecidos Reading Devices ou eBooks Devices, aparelhos portáteis do

tamanho e peso de um livro normal de papel. Os Readers já vem

instalados de fábrica nestes aparelhos. Abaixo listamos os mais

significativos dispositivos portáteis.


                                               Rocket eBook Pro


                             Dispositivo pioneiro desenvolvido pela Nuvomedia.
                             Compatível com PCs e MACs. Características: base
                             giratória (orientação), dicionário relacionado, notas de
                             margens, bateria duradoura (de 20 a 40 horas), busca
                             por palavras e frases nos textos, alteração de fonte para
                             melhor leitura e grande capacidade de armazenamento.

                                               SoftBook Reader


                             Desenvolvido pela SoftBook Press. Características:
                             display LCD color, modem embutido (33.6kbps), 8 MB de
                             memória, capacidade para 50.000 páginas, bateria de 5
                             horas, compatível com EeB e HTML.




                                                    REB 1100


                             Sucessor do Rocket eBook. Novo design pela empresa
                             RCA. Características: Modem embutido (33.6Kbps),
                             display (LCD) monocromático, dimensões 5”x7”x1.5”,
                             resolução 320x480 pixel, 8.000 páginas, USB, habilitado
                             para reproduzir MP3, bateria carregável e duração de 30
                             horas em média.


QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Continua)
56



                                                    Myfriend


                             E-book      italiano.   Desenhado    pela      IPM-NET.
                             Características: Especial com MS Reader, alta resolução,
                             conexão com a Internet, resolução 640x960, touch
                             Screen Color.


                                                   REB 1200
                             Sucessor do SoftBook. Novo design pela empresa RCA.
                             Características: Display de alta-resolução 480x640 pixel,
                             dimensões 7”x9”x1.2”, modem embutido (56Kbps),
                             bateria carregável, duração de 8 horas em média.



                                                    CyBOOK


                             EBook francês, desenhado pela empresa Cytale.
                             Características: permite acesso à internet, Touch Screen
                             Color, display 600x800 pixel (LCD), 16 MB de RAM, 30
                             livros médios (500 páginas), roda em Windows CE.


QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Conclusão)
Fonte: Santos (2003e).


          Estes    dispositivos     portáteis    são    máquinas       leves,    com

dimensões de um livro comum, que podem ser transportados para

qualquer lugar. Há modelos que permitem ainda, que o leitor faça

"anotações" com o dedo ou com uma caneta especial, como se fosse

num livro de papel. A tela de cristal líquido (Liquid Crystal Display –

LCD) é retro - iluminada, o que assegura um bom contraste entre o

texto e o fundo da tela, ou seja, uma tentativa de proporcionar conforto

ao leitor. Isso permite que possa ser lido no escuro. É possível ainda

melhorar a visão, mudando a orientação do texto e o tamanho das

letras, avançar ou regredir no texto e fazer uma busca no texto

integral, para saber em que parte está uma determinada palavra ou
57



frase. A idéia é realmente a de imitar o livro e dar algum conforto a

mais ao leitor. Mas o aparelho leitor de livros eletrônicos deixa um

pouco a desejar; é inegável que o livro têm uma certa magia.


         Além das características imprescindíveis dos Readers, os eBook

Devices trazem outras características:


  •   Capacidade de grande armazenamento;

  •   Tela de LCD touchscreeen (sensível a toque);

  •   Luminosidade ajustável;

  •   Baterias duradouras;

  •   Base giratória;

  •   Peso mínimo para garantir portabilidade;

  •   Possibilidade de expansão da memória.


         Diante dessas mudanças não podemos deixar de observar que

a revolução dos livros eletrônicos será também a revolução da leitura,

haja visto que, ler sobre uma tela não é ler um códex. Essa nova forma

de suporte permite novas possibilidades de compreensão. Segundo

Chartier (1994, p. 100), “a representação eletrônica dos textos modifica

totalmente a sua condição: ela substitui a materialidade do livro pela

imaterialidade de textos sem lugar específico”.


         Os livros virtuais certamente não alcançaram o seu ponto mais

importante de desenvolvimento. Da mesma forma que o livro passou

por várias alterações (códice, papiro, pergaminho) até chegar à sua
58



forma atual, os e-books parecem estar em evolução. Várias inovações

tecnológicas,    como   a   popularização       de   aparelhos   portáteis   e    a

fabricação de telas que tornam menos cansativa a leitura podem ajudar

nesse processo.


         É difícil prever exatamente o que resultará dessa (r)evolução,

mas certamente os e-books terão lugar garantido na história; e isso não

na qualidade de substituto dos livros convencionais. Ao conhecer esses

softwares,      independente   das   peculiaridades        de    cada   um,       o

usuário/leitor, ao utilizá-los, vai perceber que são tecnologias diferentes

e com propósitos distintos, sendo que ele é quem pode decidir qual

deverá ser o formato de livro que deverá predominar (SANTOS, 2003f).



3.2    BIBLIOTECA       ELETRÔNICA          E        BIBLIOTECÁRIO:      NOVAS
NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

         A definição da função do bibliotecário sempre esteve vinculada

a biblioteca em sua forma ‘‘física’’. Tinham sua imagem associada aos

edifícios de bibliotecas, servindo a sociedade apenas para adquirir,

organizar, e preservar coleções. Atuavam como “guardiões de papéis”

ou ainda “guardiões da memória documental”, sem perspectivas

profissionais e sem reconhecimento pela sociedade. Com a explosão

informacional na década de 80, juntamente com o advento da Internet,

na década de 90, esse profissional começou a se preocupar com o

futuro de sua profissão. No tocante a necessidade de acompanhar o
59



crescimento informacional, assim como atender satisfatoriamente aos

usuários, as NTIC’s surgiram como um grande auxílio nas atividades

bibliotecárias, favorecendo mudanças na função e no perfil desse

profissional na Sociedade da Informação.


         As transformações decorrentes da inserção das NTIC’s têm

favorecido ao bibliotecário, fornecendo condições para o aprimoramento

dos seus conhecimentos com rapidez e eficácia, ao mesmo tempo em

que os auxilia na execução de suas atividades profissionais. Agora o seu

trabalho não é mais restrito aos limites físicos de uma biblioteca ou de

uma coleção, pois o uso difundido da tecnologia a serviço da informação

tem ultrapassado as barreiras físicas e institucionais.


         As   novas   tecnologias   têm    permitido      a   valorização   do

profissional bibliotecário, no entanto, tem exigido do mesmo um perfil

que atenda as necessidades advindas da Sociedade da Informação.

Assim, ele precisa empenhar-se em agregar valor à informação e não

apenas em organizar para preservar, mas organizar para facilitar seu

acesso e uso, disseminando-a. Nesse sentido, o papel do bibliotecário

da SI será o de gateway (guia) ou gatekkeper (orientador) do usuário,

uma vez que será o interprete dos meios e das formas de acesso à

informação e aos portais do conhecimento, organizando, refinando,

pesquisando a informação desejada através dos novos recursos

tecnológicos tornando-se o elo entre informação-usuário-tecnologia.

Além disso, ressaltamos que
60


                      os bibliotecários, profissionais que privilegiam a informação no
                      seu fazer cotidiano, têm um papel importante a cumprir na
                      sociedade do conhecimento. Incutir a consciência da
                      importância deste papel juntamente com princípios como ética,
                      solidariedade humana, capacidade crítica e de questionamento
                      pode fazer o diferencial necessário na construção de uma
                      sociedade mais justa e equilibrada (SILVA; CUNHA, 2002, p.
                      81).

            Na Sociedade da Informação, as bibliotecas como instituições

sociais, assim como os bibliotecários em seu papel social, devem atuar

como agentes democratizadores do uso da Internet e de seus recursos,

com criatividade e qualidade, potencializando e multiplicando o acesso a

informação com precisão e eqüidade, evitando o crescimento da

exclusão digital e facilitando o uso da informação a um número maior

de pessoas. Esse profissional criativo, segundo Amaral (1995, p.225),


                      [...] conseguirá adaptar-se às novas demandas informacionais
                      dos usuários e do mercado de trabalho, pois, no futuro, o único
                      elemento não disponível por meio de computadores, por mais
                      inteligente que esses venham a ser, será a criatividade,
                      essencial para a sobrevivência do profissional da informação.

            Nesse sentido, acreditamos que a criatividade, o interesse e a

participação nas mudanças políticas e sociais levarão o bibliotecário a

despertar o seu usuário para a importância, o acesso e o uso da

informação no contexto da Sociedade da Informação – atual e futura –

através     de   recursos   tecnológicos      cada    vez     mais   modernos       e

complementares ao desenvolvimento das atividades bibliotecárias.


            Diante dessas considerações, destacamos que as NTIC’s e a

atuação do bibliotecário na Web têm permitido o rompimento de

barreiras     geográficas   e   a   livre   circulação   da    informação      e   do
61



conhecimento. Por outro lado, por ser o Brasil um país subdesenvolvido

onde as questões básicas como alimentação, saúde, moradia e

educação ainda não foram sanadas, estamos distantes de incluir todos

nesse mundo tecnológico e informacional uma vez que, grande parte da

população não conhece ou não sabe manusear as ferramentas

tecnológicas. Assim sendo, verificamos que mesmo num cenário de

avanços e mudanças através dos meios eletrônicos, da Internet e de

outros suportes, a presença do bibliotecário e dos sistemas de

informação (biblioteca) serão fundamentais para a democratização da

informação,      facilitando     seu   acesso,    uso    e   geração      de   novas

informações.


           Todavia as mudanças que caracterizam a pós-modernidade

exigirão    um    profissional    com    novas     habilidades     e   novo     perfil,

considerando as seguintes características:


                      a) dedicar-se menos aos processos técnicos e mais ao usuário;
                      b) adotar estratégias de marketing no seu trabalho;
                      c) desenvolver ‘visão econômica’;
                      d) trabalhar com grupos interdisciplinares;
                      e) saber manipular as novas tecnologias;
                      f) atuar na gerência da informação.
                      Além disso, a intuição, a criatividade e a flexibilidade, seriam
                      qualidades essenciais (DIAS, 1995, p.199).



3.3    INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL: REALIDADES
ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS?

           A informação impressa, com destaque para o livro é um dos

maiores bens que a humanidade já conquistou. Por meio dela as
62



pessoas absorvem conhecimento e com isso podem transformar suas

vidas, caracterizando-a num papel social de extrema relevância.                O

livro, por sua vez, acompanha o homem tanto como objeto de uma

leitura coletiva, ritualizada nas sociedades patriarcais, quanto como

participante da intimidade de um leitor em diálogo silencioso com as

próprias inquietações. No entanto, vivemos atualmente na era da

informatização, onde quase todas as funções e atividades humanas

acabam sendo incorporadas ao computador. Sendo assim, é provável

que a informação impressa, assim como o livro tenham de se adaptar a

esse contexto e satisfazerem suas decorrentes necessidades. A princípio

parece assustadora, e até mesmo absurda, a idéia de que o livro, tal

qual o conhecemos, seja extinto, principalmente porque ele ainda faz

parte da nossa cultura, do nosso cotidiano, sendo impensável a sua

total substituição pela informação digital e, portanto, pelo livro digital.


            A questão polêmica causada pela possibilidade do fim do livro

pode bem ser o resultado de uma percepção equivocada do significado

histórico    do   livro   enquanto   tecnologia   adaptável   e   resistente    a

mudanças, inclusive às gigantescas mudanças motivadas pela presença

do computador. A possibilidade do fim do livro é traumática porque ele

não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples

objeto de consumo. É antes um objeto simbólico e uma instituição ao

qual a cultura pós-Gutenberg confiou a tarefa de armazenar e fazer

circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante.
63



            O sociólogo canadense Marshall McLuhan (1977) profetizou

que a era do livro havia terminado. No entanto, para anunciar ao

mundo que o livro tinha chegado ao fim, ele escreveu “A Galáxia de

Gutenberg”, cuja primeira edição foi publicada em 1962, revelando seu

encantamento com a nova era, a da comunicação audiovisual. Estranho

é o fato de que, o autor precisou de um livro para defender o fim do

mesmo. Dessa forma, acreditamos que isso já seria o suficiente para

negar sua tese. Ao contrário do que ele previa, as novas tecnologias

audiovisuais vêm proporcionando um renascimento permanente do livro

e inegáveis reforços à palavra escrita. A Internet é hoje um grande

exemplo de novos caminhos abertos na Galáxia Gutenberg. O leitor já

não depende exclusivamente das livrarias, pois a Internet abriu-lhe

novo caminho: a conexão com editoras e livrarias e o compartilhamento

através     das   bibliotecas   eletrônicas,   desempenhando   o   papel   de

democratizadores da informação.


            A Internet também tem contribuído na educação escolar, pois

o acesso à rede proporciona a professores, alunos e comunidade o

acesso e a partilha de jornais, revistas e visitas a livrarias. Tal

modernidade é de importância decisiva na democratização do saber.

Portanto, o mundo eletrônico da Internet não substitui a biblioteca, não

dispensa o livro, antes estimula a busca por informação, livros e

leituras.
Do livro impresso ao e book
Do livro impresso ao e book
Do livro impresso ao e book
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  • 1. 1 CHRISTINE DANTAS BENÍCIO DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK: o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica JOÃO PESSOA – PB 2003
  • 2. 2 CHRISTINE DANTAS BENÍCIO DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK: o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal da Paraíba do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Bacharel. Orientadora: Profª Ms. Alzira Karla Araújo da Silva João Pessoa - PB 2003
  • 3. 3 CHRISTINE DANTAS BENÍCIO DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK: o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal da Paraíba do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Bacharel. Aprovado em: 15/10/2003. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Profª. Alzira Karla Araújo da Silva Ms. em Ciência da Informação, UFPB Orientadora ____________________________________________ Profª. Marynice de Medeiros Matos Autran Ms. em Biblioteconomia e Documentação, UFPB Examinadora ___________________________________________ Profª. Edna Gomes Pinheiro Ms. Em Biblioteconomia e Documentação, UFPB Examinadora
  • 4. 4 Aos meus pais, que me ensinaram a perseguir meus ideais com dedicação e coragem. Dedico.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela sua infinita misericórdia, pelo seu amor, por dar-me serenidade para aceitar minhas limitações, força para vencer os obstáculos, garra para lutar pelos meus ideais e brandura para compreender a sua vontade. Aos meus pais pela vida, pelo amor, dedicação e pelos ensinamentos que foram fundamentais para minha formação. Ao meu noivo Renato Lima, pelo seu apoio e companheirismo, junto as minhas dificuldades em chegar a esta etapa final da graduação, estando sempre ao meu lado nas horas em que mais precisava. A minha orientadora Alzira Karla Araújo da Silva que acreditou na minha capacidade de realizar este trabalho, orientando-me de maneira sábia, carinhosa e atenciosa. Muito obrigada pela confiança depositada em minha pessoa. A Ana Úrsula, bibliotecária responsável pela Biblioteca da FACENE, por me acolher de forma amigável para a realização do estágio supervisionado, proporcionando um maior entendimento e engrandecimento frente aos serviços bibliotecários, que servirá de subsídio na minha vida profissional. Aos funcionários do Tribunal de Contas da União, em especial Ana Beatriz, Ismênia, Magaly, Goretti, Severino (Biu), Luiz (Lula) e Queiroz, pela confiança depositada, por acreditarem na minha competência durante o estágio na área de arquivo e pelos constantes incentivos na luta pela estabilidade profissional.
  • 6. 6 Aos funcionários da Biblioteca Central e Setorial, em especial a Oneide (Serviço de Referência), Rosa (Divisão de Processos Técnicos), Eliane Bezerra Paiva (Seção de Periódicos) e Tony, pela disponibilidade e atenção. Aos funcionários do Departamento, em especial Sr. Pedro e a Lourdinha. A todos os professores que fazem o Departamento de Biblioteconomia, por me ajudarem a cumprir cada etapa proposta, com críticas e contribuições acadêmicas, em especial a Roza Zuleide, Eliany Alvarenga, Alzira Karla, Francisca Arruda Ramalho, Marynice de Medeiros, Mirian de Albuquerque Aquino, Denise Cavalcanti, Edna Gomes Pinheiro, Eliane Bezerra Paiva, Maria Elizabeth e Bernardina Freire. Aos amigos da graduação pela solidariedade e apoio, especialmente para Cybelle, Ana Roberta, Cristiane Maria, Cléa e Fernanda. A Cristiane Kelly Fernandes, ex-aluna do curso de Biblioteconomia, pelo apoio e incentivo na escolha do curso. A todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram para que concluíssemos esse trabalho.
  • 7. 7 “Na era da comunicação eletrônica o livro não morrerá, mas sua alma se libertará do seu corpo”. (MACLUHAN, 1977)
  • 8. 8 RESUMO O acesso à informação e a tecnologia são alguns privilégios que a humanidade já conquistou. Por meio delas as pessoas absorvem e re- elaboram conhecimento, podendo transformar suas vidas. Neste prisma, discute-se sobre as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, especificamente no que se refere a discussão gerada acerca da informação impressa e da digital e a sua influência na evolução das bibliotecas eletrônicas. Apresenta a evolução dos suportes de informação, partindo do papiro até o livro eletrônico (e-book). Analisa a questão do novo papel do bibliotecário e o surgimento da biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de informação. Enfoca a polêmica questão do livro impresso versus o digital. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, que utiliza como instrumento de coleta a observação e o questionário. O campo de pesquisa definido após análise exploratória e atendendo aos critérios estabelecidos envolve um ambiente eletrônico, composto pelos sites ebookcult, hotbook e parnanet. A coleta de dados realizada nos meses de Junho e Julho de 2003 consiste na análise de bibliotecas eletrônicas e na recuperação dos e-books mais significativos de cada site na área de literatura brasileira. Os procedimentos permitem afirmar que as bibliotecas estudadas apresentam um crescente número de e-books, organizados por área do conhecimento e disponibilizados ao grande público da Internet; de forma que acredita-se que o bibliotecário precisa interagir com a realidade virtual-polimídia. Como resultado prático, temos a formação de um catálogo de e-books especializado na área de literatura, disponibilizando um instrumento de pesquisa que permite que outras bibliotecas eletrônicas compartilhem seus acervos digitais, aumentando e facilitando o acesso/uso da informação digital por bibliotecários e usuários. Assim, concluí-se que, a exemplo dos demais veículos de expressão da cultura, a informação impressa e a digital devem conviver harmoniosamente como opções diferentes e complementares na aquisição de informação e conhecimento, caracterizando assim uma biblioteca híbrida; terminologia mais adequada para conceituar a fase de transição pela qual as bibliotecas tradicionais vêm passando. Palavras-chaves: Livro impresso; Livro eletrônico; Biblioteca eletrônica; Bibliotecário; Novas tecnologias de Informação e Comunicação.
  • 9. 9 ABSTRACT The access to the information and the technology is some privileges that the humanity already conquered. Through them the people absorb and they reverse-elaborate knowledge and with that they can transform their lives. In this prism, it is discussed about the New Technologies of the Information and Communication, specifically in what refers her influence in the evolution of the electronic libraries, in the digital information and in the discussion generated concerning the printed paper and of the virtual. Presents the evolution of the supports of information, leaving from the papyrus to the electronic book (e-book). It analyzes the subject of the librarian's new paper and the appearance of the electronic library, due to the inclusion of the new technologies of information. Focuses the controversy subject of the information printed versus the digital. The methodology is characterized by a qualitative research, that it uses as collection instrument the observation and the questionnaire. The research field defined after exploratory analysis and assisting to the established criteria involves an electronic atmosphere, composed by the sites ebookcult, hotbook and parnanet. The collection of data accomplished in the months of June and July of 2003 consists of the analysis of electronic libraries and in the recovery of the e-books more significant of each site in the area of Brazilian literature. The procedures allow to affirm that the studied libraries present a crescent number of e-books, organized for area of the knowledge and made available the great public of the Internet; so that it is believed that the librarian needs to interact with the reality virtual-polimídia. As practical result, we have the formation of a specialized catalog in the literature area, making available a research instrument that allows other electronic libraries to share their digital collections, increasing and facilitating the access/use of the digital information for librarians and users. Like this, I was ended that, to example of the other vehicles of expression of the culture, the information printed and the digital should live together harmoniously as different and complemental options in the acquisition of information and knowledge, characterizing like this a hybrid library; more appropriate terminology to consider the transition period for the which the traditional libraries are passing. word-keys: Book printed; Electronic book; Electronic library; Librarian; New technologies of Information and Communication.
  • 10. 10 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BD - Biblioteca Digital BE - Biblioteca Eletrônica BE’s - Bibliotecas Eletrônicas BH - Biblioteca Híbrida BV - Biblioteca Virtual CRT - Tubos de Raios Catódicos HTML - Hypertext Markup Languagem JUL. - Julho JUN. - Junho LCD - Liquid Crystal Display LIT – Literatura MS READER - Microsoft Reader NTI - Novas Tecnologias da Informação NTIC’s - Novas Tecnologias de Informação e Comunicação ONGs - Organizações Não-Governamentais OPF - Open eBook Package File OSCIP’s - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PDF - Portable Document Format RB - Rocket eBook SI - Sociedade da Informação UFPB - Universidade Federal da Paraíba URL - Uniform Resource Locator WWW - World Wide Web
  • 11. 11 XHTML - Extensible HyperText Markup Language XML - Extensible Markup Language
  • 12. 12 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Biblioteca digital pessoal no Acrobat eBook Reader ... 51 Figura 2 - Biblioteca digital pessoal no MS Reader ................... 52 Figura 3 - eRocket .............................................................. 54 Figura 4 - Site EbookCult ..................................................... 76 Figura 5 - Site Parnanet ....................................................... 79 Figura 6 - Site Hotbook ........................................................ 81 Quadro 1 - Principais características da biblioteca virtual ............ 41 Quadro 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca eletrônica ............................................................ 42 Quadro 3 - Livro eletrônico – grupos de estudo em andamento ... 46 Quadro 4 - Dispositivos portáteis mais significativos .................. 55 Quadro 5 - Catálogo geral de e-books existentes nas bibliotecas eletrônicas pesquisadas ......................................... 92 Quadro 6 - Sub-áreas de literatura que formam o catálogo especializado com e-books existentes nas BE’s pesquisadas ......................................................... 94
  • 13. 13 SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1 INTRODUÇÃO ............................................................. 14 2 OBJETIVOS ................................................................. 20 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................... 20 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................... 20 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................... 21 3.1 DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE INFORMAÇÃO ............................................................... 21 3.1.1 O papiro e o pergaminho ................................................ 23 3.1.2 O papel, a imprensa e o livro .......................................... 28 3.1.3 A Internet e o sistema de informação eletrônico ................ 31 3.1.4 A informação digital e o e-book ....................................... 44 3.2 BIBLIOTECA ELETRÔNICA E BIBLIOTECÁRIO: NOVAS NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 58 3.3 INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL: REALIDADES ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS?................ 61 4 METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................... 71 4.1 ABORDAGEM QUALITATIVA ............................................ 71 4.2 CORPUS PESQUISADO ................................................... 72 4.3 COLETA DE DADOS ....................................................... 83 5 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS ......................... 86 5.1 BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS: ESTRUTURAS E IDEOLOGIAS 86 5.2 E-BOOK: A FORMAÇÃO DO CATÁLOGO DE LITERATURA BRASILEIRA ............................................... 91 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................... 128 REFERÊNCIAS ............................................................. 133 APÊNDICE .................................................................. 139
  • 14. 14 1 INTRODUÇÃO Como aluna concluinte do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, período 2003.1, temos a incumbência de desenvolver uma monografia para obtenção do título de Bacharel. Sendo assim, resolvemos efetuar um trabalho de pesquisa sobre um tema bastante discutido, atualmente, em nosso meio acadêmico, AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (NTIC’s), especificamente no que se refere a discussão gerada acerca da informação impressa e da digital e sua influência na evolução das BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS. O interesse por essa temática surgiu no curso de Biblioteconomia/UFPB, a partir das discussões nas disciplinas História dos Livros e das Bibliotecas, Disseminação da Informação I e II, quando os primeiros questionamentos acerca do tema nos fez perceber a necessidade de pesquisas que abordassem essa questão. Dessa forma, esperamos contribuir para a literatura da área e oferecer subsídios para futuros projetos que poderão aprofundar este estudo. A nossa proposta é discutir o paradigma do suporte nas bibliotecas eletrônicas e de seu acervo formado por informação digital, em especial os e-books, percebendo o papel do bibliotecário como facilitador ao acesso a esse novo suporte informacional, assim como a
  • 15. 15 influência das novas tecnologias no contexto da sociedade da informação. Em outras palavras, fazemos uma reflexão teórica e prática acerca das mudanças ocorridas na Sociedade da Informação em decorrência das Novas Tecnologias no que se refere ao acesso à informação através das bibliotecas na Internet. Nossas discussões circulam o contexto dessa sociedade informacional e tecnológica na qual percebemos que a utilização crescente das novas tecnologias pelos serviços de informação indica uma tendência de transformar o profissional bibliotecário em um agente ou gerente de informação, atuando como um profissional moderno, receptivo e disposto a aplicar os seus conhecimentos de forma crítica e objetiva. Este profissional deve estar atento aos novos papéis que estão sendo exigidos na Sociedade da Informação, levando a um reposicionamento de atitudes e atividades referentes à questão da organização, acesso, uso e disseminação da informação desenvolvidos em prol dos usuários, relacionados a sistemas de informação tradicional e/ou virtual. Nesse contexto de mudanças, em que surgem as NTIC’s e há uma aceleração de seu crescimento na sociedade, surgem as Bibliotecas Virtuais (BV), as Bibliotecas Digitais (BD), as Bibliotecas Eletrônicas (BE) e as Bibliotecas Híbridas (BH), das quais destacamos o papel de constituir-se um novo veículo que possibilita o acesso a informações digitais. As mesmas disponibilizam uma vasta quantidade de
  • 16. 16 informações, através da Internet, podendo ser consultada de forma gratuita. Dentre as denominações citadas, consideramos o conceito de biblioteca eletrônica por acreditarmos que reúne características das demais denominações e por fazer parte de um contexto maior que, atualmente, vem evoluindo para a consolidação das bibliotecas híbridas, agregando o impresso e o virtual. Assim, utilizamos o termo “biblioteca eletrônica” para se referir ao novo conceito para a armazenagem e disseminação da informação, que utiliza a forma eletrônica, independentemente de sua localização física, geográfica ou temporal. Nessa perspectiva conceitual, o processo de organização da informação na biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não transferir para uma cópia em papel, de modo que o documento passa a ser uma fonte digitalizada e o papel um estado transitório. Considerando esse panorama e a crescente aplicação das NTIC’s no contexto das bibliotecas eletrônicas, acreditamos que “é tempo de parar de pensar somente em termos de fontes impressas e disponibilidade dos documentos, mesmo que esses tipos de fontes ainda sejam predominantes em nossas coleções” (CUNHA, 1999, p.260). Nesse cenário eletrônico, Cunha (1999) aponta algumas modificações que poderão ocorrer no ambiente bibliotecário e que consideramos pontos de reflexão, são elas: a variedade de formatos; a biblioteca
  • 17. 17 como conceito abstrato; o pagamento da informação; os esforços cooperativos e; as novas mídias e equipamentos. Todos estes elementos geram um certo impacto na vida das pessoas, seja como indivíduos ou como profissional da informação, ou ainda como usuários ou leitores. É preciso adaptar-se aos novos tempos. Nesse estudo, teremos a oportunidade de discutir acerca dessas mudanças que emergem através de um novo suporte, o e-book, uma nova forma de disponibilizar e acessar a informação - a digital - e um novo canal de informação - a biblioteca eletrônica. Diante dos paradigmas propostos pela biblioteca eletrônica, defendemos que para a sua construção, é preciso primeiro selecionar as informações mais pertinentes para que sua formação esteja de acordo com as necessidades dos usuários reais e potenciais. É considerando esse aspecto que acreditamos estar contribuindo com uma forma de “triagem” entre alguns sites da Internet, no sentido de analisar e identificar os livros eletrônicos (e-books) constantes em seu acervo digital, formando um catálogo na área de literatura brasileira. Para atender nossas expectativas, o objetivo geral definido nesse estudo é examinar bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos, identificando a formação de acervos virtuais na área de literatura brasileira.
  • 18. 18 Tendo em vista o objetivo citado, desenvolvemos uma pesquisa que figura-se num ambiente virtual, composto por bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos, recuperados através do buscador Google. Dentre eles, o nosso corpus é formado pelo ebookcult, o hotbook e o parnanet, por atenderem aos critérios previamente estabelecidos. Para a coleta de dados utilizamos a pesquisa exploratória de caráter qualitativo, a observação dos sites e o questionário enviado por e-mail aos responsáveis pelas BE’s. Esta, foi desenvolvida durante os meses de junho e julho de 2003, tendo como produto final a formação de um catálogo especializado na área de literatura. O estudo está organizado em 6 (seis) capítulos. O capítulo um é a Introdução e no capítulo dois os Objetivos propostos. No capítulo três apresentamos uma Fundamentação Teórica, discutindo a evolução dos suportes de informação, partindo do papiro, até o livro eletrônico (e-book); o novo papel do bibliotecário e o surgimento da biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de informação e comunicação e; a polêmica questão da informação impressa versus a digital. No capítulo quatro consta a Metodologia, descrevendo o tipo de abordagem, o universo pesquisado e a coleta de dados. O capítulo cinco é a Análise dos dados e resultados alcançados, com destaque para o catálogo de e-books. E por fim, no
  • 19. 19 capítulo seis enfatizamos as considerações finais e apresentamos na seqüência as referências que embasaram o estudo.
  • 20. 20 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Examinar bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos, identificando a formação de acervos virtuais na área de literatura brasileira. 2.2 – OBJETIVOS ESPECIFÍCOS Discutir acerca da (r)evolução dos novos suportes informacionais em sua relação com o novo perfil do bibliotecário; Identificar a Biblioteca Eletrônica como uma ferramenta de pesquisa que disponibiliza um canal de disseminação e compartilhamento da informação; Analisar bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos na área de literatura brasileira; Formar um catálogo com os principais e-books brasileiros gratuitos, na área de literatura, existentes nas bibliotecas eletrônicas; Reconhecer que a informação impressa (livro) e a informação digital (e-book) não competem entre si, mas se complementam.
  • 21. 21 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE INFORMAÇÃO No contexto da Sociedade da Informação - SI, as Novas Tecnologias da Informação - NTI surgem devido ao fenômeno da explosão informacional verificado a partir do início da segunda metade do século XX, servindo de suporte para a criação das redes de computadores e das bases de dados on-line, que se difundiram pelo mundo a ponto de hoje a Internet estar tão popular quanto a televisão ou o rádio. Assim, concordamos com Amat I Nogueira (1990), quando define as NTI como sendo os novos suportes e canais para dar forma, registrar, armazenar, processar e disseminar conteúdos informacionais. Objetiva assim, proporcionar um acesso à informação de forma mais rápida e criativa possível. O Impacto da Internet nessa sociedade é, sem dúvida, inquestionável. Em termos de sistema de informação, a mesma provê acesso imediato a uma grande quantidade de informações científicas, culturais, artísticas, de lazer, em tempo real, de forma direta, abrindo para o usuário possibilidades antes inimagináveis. No entanto, o acesso à rede, no Brasil, está restrito a um número ainda limitado e restrito da sociedade. Em nosso país, existem várias categorias de excluídos: os da terra, da educação, do emprego, da saúde, da moradia, entre outros e
  • 22. 22 agora, mesmo com o avanço tecnológico, estamos convivendo com um novo tipo de exclusão: a digital. Como bem conceitua Silveira (2001, p. 1), em entrevista divulgada na Internet, a exclusão digital é [...] o não acesso da maior parte da população do mundo hoje às tecnologias de informação, principalmente a comunicação mediada, em rede, que atualmente é feita através de um computador, de uma linha telefônica e de um provedor de acesso. Assim, concebemos a questão da exclusão digital e acreditamos que se a Internet continuar sendo limitada a poucos, ela tende a aprofundar ainda mais as diferenças sociais. Outra questão bastante discutida é o fato de que a revolução nos processos de transferência de informações e nos novos suportes informacionais tem proporcionado modificações no perfil do bibliotecário. É preciso mudar a mentalidade de que o bibliotecário utiliza apenas o livro como instrumento de disseminação da informação. O mesmo lida com a informação, independente do suporte que ela esteja. Ao resgatarmos na história a evolução tecnológica e dos suportes informacionais, verificamos que desde os primeiros tempos o homem procurou registrar suas impressões sobre o mundo no interior das cavernas. Na Antigüidade, o homem experimentou vários suportes encontrados na natureza como forma de registro, utilizando para isso
  • 23. 23 pedra, materiais inorgânicos e orgânicos à base de tintas vegetais e minerais, como a argila, ossos, conchas, marfim, folhas de palmeiras, bambu, metal, cascas de árvores, madeira, couro, papiro, velino, pergaminho, seda, o papel e mais recentemente, o meio digital. A informação registrada como conhecemos hoje passou por diversas "transformações" até a sua consolidação como objeto símbolo da existência humana, responsável pelo registro da história da nossa civilização através dos milênios. Assim, descrevemos, a seguir, a evolução dos suportes de informação, do papiro ao e-book, buscando resgatar e compreender essa transformação tecnológica e sua importância para a humanidade como um veículo que contribui para a era da Sociedade da Informação. Para tanto, nos apoiamos nos estudos de Chartier (1994, 1999), Cunha (1994), Febre e Martim (1992), Garcez e Rados (2002), Lévy (1993), Machado et. al. (1999), Marchiori (1997), Martins (1996), McLuhan (1977), Milanesi (2002), Ueharo (2001), Ventura (2003), Venturi (2002), entre outros. 3.1.1 O papiro e o pergaminho O papiro é uma planta-aquática, cujo talo era cortado na parte interior onde se encontravam as fibras muito resistentes e que, unidas em lâmina, serviam de superfície própria para escrever, transformando- se num primitivo papel. Essa planta era encontrada às margens do Rio
  • 24. 24 Nilo, no Egito, e representou para os egípcios o suporte da escrita hieroglífica, veículo de transmissão de conhecimento e da sensibilidade do homem da época. Para tanto, era conservado em rolos de 15 a 18 metros e mesmo que um texto não fosse muito longo, pedia vários rolos. Constituía-se um monopólio do Estado e era obtido através de atividade extrativista baseada em uma única espécie de vegetal. O rolo de papiro denominava-se volumen, de modo que uma obra poderia ser apresentada em vários volumes. Assim como esse suporte determinou a forma de rolo como única maneira de ser usado, exigiu, também, uma pena especial, uma vez que sua superfície não suportava outra que não fosse a de junco. O copista, responsável pelo registro nesse suporte, escrevia em retângulos, porque era impossível fazê-lo acompanhando o comprimento do rolo, de várias dezenas de metros. Esta era a única maneira de utilizar o papiro, porque a sua fragilidade não permitia dobrá-lo, dificultando o manuseio e a leitura. Para a leitura, tornava-se necessário uma certa habilidade física do leitor: enrolar uma extremidade e desenrolar a outra. Nas bibliotecas da Roma Antiga, os papiros eram colocados sobre estantes, tendo uma etiqueta para identificar o conteúdo sem que fosse necessário desenrolá-lo. O número de volumes exigia uma determinada organização, sobre a qual muito pouco se sabe.
  • 25. 25 Uma vasta coleção de rolos de papiro existiu na mais conhecida biblioteca da Antiguidade: a de Alexandria, no Egito. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade em cerca de 700.000 rolos de papiro e pergaminho e era freqüentada pelos mais conspícuos sábios, poetas e matemáticos. Sua destruição talvez tenha representado o maior crime contra o saber em toda a história da humanidade (VENTURI, 2002). O papiro foi à base de registros que mais se desenvolveu na Antiguidade Clássica. Atravessou séculos, levando a cultura do Egito a outros povos, oferecendo ao homem a oportunidade de realizar o seu maior desejo: comunicação e diálogo. Permitiu não só a preservação da memória cultural, mas serviu também de testemunho da história dos materiais usados pelo homem. Foi nesse rústico suporte que os egípcios, gregos e, depois, romanos, registraram as primeiras obras consideradas literárias. No papiro ficaram registros fundamentais para se entender o tempo e o espaço, os fatos e a cultura das regiões onde, durante séculos, foram fabricados e cobertos por hieróglifos e outras categorias de escrita. No entanto, mesmo diante dessa evolução, para a época, e importância para a cultura de várias civilizações, a produção do papiro era muito limitada, seu custo elevado e seu volume de produção não atendia a todas as necessidades de suporte para escrita que existiam na época. Como muitas das mudanças nas técnicas e nos processos de
  • 26. 26 produção ocorridas ao longo de nossa história, o que gera a alteração do suporte para escrita é o fator econômico e esse fato acarretou na mudança para um novo suporte: o pergaminho. Por questões econômicas, os habitantes de Pérgamo impossibilitados de obter o papiro egípcio, passaram a usar a pele curtida de alguns animais (a ovelha, o carneiro ou cordeiro) como suportes da escrita. A pele recebia um tratamento especial de raspagem, banhos de soda e secagem em bastidores, o que lhes conferiam propriedade de boa durabilidade, características para torná- los flexíveis e apropriados para a escrita. O processo para obtenção deste novo suporte – o pergaminho – se difundiu por todo o território europeu. Rapidamente a sua produção se populariza e durante séculos ele passou a ser o suporte mais utilizado para feitura de manuscritos, pois se caracterizava como não tão delgado, mais flexível como o papiro, porém, menos dependente das cheias e secas do Rio Nilo, ou das necessidades econômicas e/ou das alianças comercias com o povo egípcio. O pergaminho, quase sempre produzido nos mosteiros, apesar de caro, por cerca de mil anos foi o material mais utilizado para a escrita. Aos poucos esses livros artesanais foram se impondo, inclusive como bens preciosos da realeza. Nos monastérios, onde monges
  • 27. 27 calígrafos, principalmente os beneditinos, rezavam, copiavam e ilustravam textos, preservavam-se as grandes coleções de códices. O surgimento do pergaminho, por volta do século III a.C., modificou definitivamente a forma dos livros. Cem anos antes de começar a Idade Média ele já substituía o papiro, quase que inteiramente, dando origem ao códex. Esta forma manteve-se até os dias atuais. Explicitando essa mudança de suporte informacional para o registro da escrita e analisando a sua estrutura, Martins (1996, p. 68), afirma que o pergaminho foi escrito, como o papiro, de um lado só, até que se descobriu ser perfeitamente possível fazê-lo nas duas faces. Enquanto a escrita era realizada apenas no reto, o pergaminho era enrolado, como o papiro, para constituir o volumen. A escrita no reto e no verso vai dar nascimento ao códex, isto é, ao antepassado imediato do livro. Com ele revoluciona-se o aspecto da matéria escrita e o das bibliotecas. A substituição do rolo de papiro, pelo códex de pergaminho ocasionou uma grande mudança, pois ao optar por um material mais barato e um formato de transporte mais fácil, foi promovida uma revolução na postura do leitor: folheável, e não mais desenrolável, o livro se tornava mais acessível, incentivando a pesquisa e podendo até ser feita anotações em sua estrutura. Assim, o pergaminho foi à ponte entre o papiro e a imprensa, transportando para séculos mais recentes parte do que gregos e romanos produziram no campo do pensamento.
  • 28. 28 3.1.2 O papel, a imprensa e o livro Depois do papiro e do pergaminho, o papel se fixou como o novo suporte para a escrita e o registro da informação. O preço elevado do pergaminho, causado pela produção limitada, diante de um mercado em crescente aumento, se tornou um obstáculo que restringia a divulgação da cultura. Esta, não podia continuar como privilégio dos ricos e poderosos, dos mosteiros e das dinastias. Assim, a procura pelo pergaminho – que não era atendida pelos produtores – precipitou o aparecimento do papel. Quando a Idade Média vai terminando surge na Europa o papel fabricado de pasta de madeira, trazido pelos árabes para substituir o pergaminho e atender às novas necessidades, já que a produção do pergaminho não satisfazia as crescentes exigências das cidades européias mais importantes. O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a ampliação do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e passando a ser usado por outras categorias sociais que produziam a sua própria cópia de textos. Em menos de um século o papel era fabricado em toda Europa, abrindo uma imensa perspectiva para a invenção da Imprensa que, aliada ao O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a ampliação do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e passando a ser usado por outras categorias sociais que produziam a sua
  • 29. 29 própria cópia de textos. Os primeiros livros impressos por meio da xilografia - gravura em madeira - apareceram no século XV. No entanto, coube ao alemão Johanes Gensfleisch von Guttenberg, ser o precursor das modernidades técnicas gráficas. A prensa de Gutenberg utilizava tipos móveis metálicos, nos quais eram gravadas as letras, os sinais de pontuação e os números que, ao contrário dos tipos de madeira, podiam ser utilizados inúmeras vezes. A pressão era feita por meio de uma prensa que foi inspirada na prensa de vinhateiro, utilizada para espremer uvas. O método de Gutenberg, além de revelar-se muito mais flexível do que a xilogravura, produzia impressos de melhor qualidade, permitia imprimir ambos os lados de uma folha, alcançando uma produção em massa das obras e o barateio do custo, e conseqüentemente, aumentando e facilitando o acesso à informação. No entanto, a tipografia – arte para impressão de textos - foi desde o início recusada pela nobreza e pelos indivíduos de grande poder. Eles achavam que o livro deveria continuar como privilégio apenas das dinastias e da Igreja, pois pressentiam que o mesmo seria muito perigoso, por permitir uma divulgação maior de idéias, podendo ameaçar seus interesses. Na fase do manuscrito o livro não causou preocupação pelo fato do seu uso ser restrito. Mas diante da possibilidade de incontrolável divulgação pela impressão em série, o livro começou a preocupar a classe dominante, pois a imprensa provocou uma grande transformação, propiciando a democratização do
  • 30. 30 conhecimento com a impressão em grande escala e conferindo ao homem o seu primeiro grande meio de comunicação. A invenção da imprensa e a utilização do papel geraram uma nova situação de acessibilidade: o livro, tornando-o um estímulo ao conhecimento das letras e a geração de novas informações, configurando-se numa tecnologia revolucionária ao viabilizar um maior acesso e disseminação da informação. Em decorrência dessa mudança, o fator ignorância como condição de domínio foi sendo alterado, assim como a exclusão informacional existente em grande escala. O quase monopólio do saber deixou de ser patrimônio exclusivo dos nobres e religiosos para atingir uma grande população. Assim, na medida em que aumentava o número de autores também crescia o número de leitores face à maior acessibilidade desse suporte (MILANESI, 2002). Nesse contexto, o livro como fonte de registro e transmissão do conhecimento adquiriu grande representatividade enquanto elemento de preservação e difusão da cultura, popularizando-a. Determinou novos paradigmas que marcaram a história do pensamento humano. A circulação de idéias espalhou-se definitivamente, atingindo um grande número de pessoas. O livro impresso foi considerado como um instrumento de libertação do homem, por favorecer as classes menos favorecidas o acesso ao conhecimento.
  • 31. 31 A revolução tecnológica causada pela imprensa possibilitou uma ampla difusão de materiais escritos. Essa revolução chega ao livro aprimorando e agilizando a sua produção e disseminação e isso resultou num aumento significativo do número de publicações, tanto dos livros como dos periódicos, ocasionando uma “explosão da informação”. No mesmo sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação - NTIC’s possibilitaram novos suportes e novas formas de acesso a informação, gerando a informação digital, como por exemplo, as bibliotecas virtuais e os livros eletrônicos. Assim, os avanços tecnológicos do século XX, favoreceram o surgimento de uma nova revolução na Sociedade da Informação. Segundo Castells (2003, p.1), estamos diante de um novo paradigma tecnológico: a revolução tecnológica da informação, a revolução informacional. A diferença dessa revolução para com as outras é a sua matéria prima: o conhecimento. Venturi (2002, p. 2) afirma que, “se vivemos hoje a Era do Conhecimento é porque alçamo-nos em ombros de gigantes do passado”. Nesse contexto, “a internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et operandi”, por representar um grande instrumento de disseminação do conhecimento. 3.1.3 A Internet e o sistema de informação eletrônico Nos últimos anos, as NTIC’s tem exercido um papel transformador na sociedade moderna, contribuindo de forma
  • 32. 32 significativa para o desenvolvimento de tecnologias como a informática, que associada às telecomunicações, deu origem a uma das mais revolucionárias invenções de nossa época, a Internet. A mesma vem permitindo o rompimento de barreiras geográficas e a livre circulação de informação e conhecimento. Referindo-se as novas tecnologias da informação, Lévy (1993 apud Marcondes 2003, p.62, grifo do autor) as considera como uma ferramenta que possibilita a geração de novas aprendizagens, [...] da mesma forma que a invenção da escrita por volta de 3000 a.C. e da imprensa por Gutenberg, no século XV, são tecnologias da inteligência, no sentido de se constituírem em novas ferramentas cognitivas. Na medida que viabilizam novas possibilidades cognitivas, possibilitam um salto qualitativo em nossas possibilidades de raciocínio e apreensão de conhecimento. Nessa perspectiva, destacamos a Internet como um veículo que pode ser enquadrado no conceito de “tecnologia da inteligência” por auxiliar na comunicação, na elaboração de nossos conhecimentos e na estruturação de nosso pensamento (LÉVY, 1993), e também por disponibilizar ao usuário uma quantidade infinita de informações, oferecendo a liberdade de selecioná-la e usá-la, permitindo a geração de novas possibilidades cognitivas. Definimos a Internet como um conjunto de redes de computadores interligadas que tem em comum um conjunto de protocolos e serviços, de uma forma que os usuários conectados possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance
  • 33. 33 mundial. Assim, a compreendemos como um sistema de informação que nos possibilita acesso imediato a uma vasta quantidade de informações culturais, artísticas, científicas, em tempo real e de forma direta, sem intermediários. É um meio de disseminação de informações que abrange todo o planeta, muito embora não atinja todas as pessoas, devido a diversos fatores sócio-econômicos-culturais. Ao considerarmos a Internet enquanto sistema de informação eletrônico estamos definindo sistema de informação como “o espaço no qual se desenvolvem ações informacionais [...] mediados por canais informacionais [...] e pela interação entre sujeitos, articulando atitudes participativas, democráticas e criativas” (SILVA, 2003, p.19). Dito em outras palavras, por sistema de informação compreendemos um conjunto de unidades, formal ou informal, que objetivam um fim comum, trabalhando a informação (geração, produção, recepção, transmissão) para seu uso e disseminação (SILVA, 2003, p.22). Nesse sistema de informação, a Internet como suporte de informação é uma ferramenta poderosa, que torna mais rápida e eficaz a comunicação entre as pessoas, favorecendo uma maior disseminação da informação e, portanto, geração de conhecimento. A mesma vem proporcionar facilidades que extrapolam o conceito tradicional de informação (o impresso), disponibilizando novos suportes informacionais (o eletrônico).
  • 34. 34 Por outro lado, devido à imensa quantidade de informações disponíveis na Internet, muitas vezes ficamos perdidos sem saber onde localizar determinada informação. Para facilitar essa busca, existem sites especializados, em que o usuário digita a palavra ou conjunto de palavras que está procurando e o mesmo recupera as páginas que contemplem as palavras informadas. No entanto, ainda assim, ficamos imersos em uma diversidade de sites e de informações. Acerca dessa nova realidade, Milanesi (2002, p. 51) afirma que não é mais o indivíduo que persegue a informação, mas as informações que soterram o indivíduo quando ele ousa acionar uma ferramenta de busca na internet. A nosso ver, mesmo com a desordem da Internet, não podemos negar que os sites de pesquisa têm despontado como um dos principais serviços disponibilizados pela Internet, por favorecer o acesso à informação e a disseminação do conhecimento. Como podemos observar, a inserção das NTCI’s vem alterando o processamento da informação, no que diz respeito ao seu armazenamento, seleção, recuperação e disseminação. Tudo isso, vem causando uma grande revolução pois, estas transformações criam novas necessidades e alteram velhos e sólidos paradigmas. Dentre essas mudanças, destacamos o surgimento de um novo sistema de informação, que no contexto da Biblioteconomia desponta como uma nova realidade de disseminação, acesso e uso da informação em rede. Estamos nos referindo as bibliotecas virtuais, eletrônicas e digitais, que
  • 35. 35 reúnem suportes não-convencionais e facilitam a disseminação da informação em tempo real, de forma que uma mesma informação pode ser acessada por vários usuários ao mesmo tempo. Diante desse paradigma, observamos que a convergência dos avanços na computação e nas tecnologias de comunicação tem tido um impacto significativo na maneira como os sistemas de informação estão sendo criados, administrados e utilizados. As bibliotecas, especificamente, estão incorporando novas políticas de desenvolvimento de suas coleções e disponibilizando novos produtos e serviços de informação na Internet (FERREIRA,2003, p.1). Nessa perspectiva, as bibliotecas não tradicionais consistem numa adaptação das bibliotecas atuais com a aplicação das novas tecnologias de mercado, a fim de construir uma biblioteca atuante, em que as informações impressas e digitais convivam juntas para um maior fortalecimento dos acervos de modo que sejam disponibilizadas para todos, formando a biblioteca do futuro, que segundo Cunha (1994, p. 187), [...] é sem paredes, por possibilitar o acesso à distância a seus catálogos, sem a necessidade de se estar fisicamente nela. É eletrônica, pois seu acervo, catálogos e serviços são desenvolvidos com suporte eletrônico. E é virtual, porque é potencialmente capaz de materializar-se via ferramentas que a moderna tecnologia da informação e de redes coloca à disposição de seus organizadores e usuários. Esses novos sistemas de informação eletrônica são classificados, geralmente em 04 (quatro) categorias: biblioteca eletrônica, digital, virtual e híbrida, vejamos cada uma delas.
  • 36. 36 A primeira chama-se Biblioteca Eletrônica - BE, que apresenta um sistema cujo processo básico da biblioteca é a eletrônica, ou seja, ampla utilização de máquinas, principalmente, microcomputadores, facilitando como cita Marchiori (1997, p. 123), "na construção de índices on-line, na busca de textos completos e na recuperação e armazenagem de registros”. A biblioteca eletrônica se direcionará para ampliar o uso de computadores na armazenagem, recuperação e disponibilidade da informação, podendo envolver-se em projetos para a digitalização de livros. A construção dessas bibliotecas foi acontecendo aos poucos, à medida que a evolução da tecnologia disponibilizava novas ferramentas que podiam ser utilizadas para este fim. A segunda é a Biblioteca Digital - BD, que se diferencia das demais por constituir-se de um acervo estritamente digital (discos magnéticos e óticos). Dispõe de todos os recursos de uma biblioteca eletrônica, oferecendo pesquisa e visualização dos documentos (texto completo, vídeo etc.) tanto local como por meio de redes de computadores. De acordo com Ferreira (2003, p.2), a maioria dos autores é unânime em afirmar que o que define uma biblioteca como sendo digital é o fato de consistir em várias bibliotecas e não em uma universal e suas tarefas básicas serem as responsáveis por seu caráter transformador.
  • 37. 37 Para Steele (1993, tradução nossa), a biblioteca digital é claramente o paradigma da "sociedade da informação" e uma resposta das bibliotecas ao fenômeno da explosão informacional. Segundo Marchiori (1997, p. 123), a biblioteca digital difere-se das demais porque a informação que ela contém existe apenas na forma digital, podendo residir em meios diferentes de armazenagem, como as memórias eletrônicas. Desta forma, a biblioteca digital não contém livros na forma convencional e a informação pode ser acessada, em locais específicos e remotamente, por meio de redes de computadores. A grande vantagem da informação digitalizada é que ela pode ser compartilhada instantaneamente e facilmente, com um custo relativamente baixo. A terceira categoria é a Biblioteca Virtual – BV, também chamada de biblioteca de realidade virtual ou “ciberteca”. Ela é conceituada como um tipo de biblioteca que, para existir, depende da tecnologia da realidade virtual, que criaria o ambiente de uma biblioteca com salas, estantes etc (MARCHIORI, 1997). A BV é a soma total de informações acessíveis disponíveis em qualquer lugar e, portanto, podendo ser implantada também em qualquer lugar - na biblioteca, nos centros de informação, nos centros de documentação, no trabalho e em casa. Na verdade, o ponto chave não é a tecnologia, mas o acesso à informação e o atendimento às necessidades do usuário. A quarta categoria de sistema de informação é a Biblioteca Híbrida – BH, que caracteriza-se por agregar diferentes tecnologias,
  • 38. 38 apresentando coleções impressas, digitais e acessos via rede eletrônica, refletindo o estado atual das bibliotecas, que hoje não é completamente digital, nem completamente impressa. Dessa forma, utiliza tecnologias disponíveis para unir, em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos (o impresso e o digital). O conceito de biblioteca híbrida tem sido considerado o mais adequado para retratar a fase de transição pelas quais as bibliotecas convencionais vêm passando (GARCEZ; RADOS, 2002). Ao buscarmos compreender esses novos sistemas de informação eletrônica, observamos que o ritmo acelerado da produção do conhecimento e as transformações da sociedade exigiram que as bibliotecas implantassem infra-estrutura compatível com a demanda crescente, incorporando novos processos que proporcionassem o acesso mais rápido à informação. Houve assim, uma redefinição das formas de gerenciamento dos recursos materiais/humanos e também das atividades a serem desempenhadas. Nesse contexto, a Biblioteca Eletrônica, foco da nossa pesquisa, tem se destacado das demais por apresentar características inerentes as virtuais e digitais. Para Marchiori (1997, p. 123), biblioteca eletrônica é o termo que se refere ao sistema no qual os processos básicos da biblioteca são de natureza eletrônica, o que implica ampla utilização de computadores e de suas facilidades na construção de índices on-line, na busca de textos completos e na recuperação e armazenagem de registros.
  • 39. 39 Machado et.al. (1999, p. 217), afirma que “biblioteca eletrônica é aquela que está totalmente automatizada, disponibilizando os seus serviços aos usuários de forma on-line”. Complementando, Cunha (1994, p. 187), refere-se à biblioteca eletrônica como “aquela que o seu acervo, catálogo e serviços são desenvolvidos em suporte eletrônico”. Analisando os diversos termos que nomeiam a biblioteca eletrônica, Cunha (1999, p.258) enfatiza que a biblioteca digital é também conhecida como biblioteca eletrônica (termo preferido dos britânicos), biblioteca virtual (quando utiliza os recursos da realidade virtual), biblioteca sem paredes e biblioteca conectada a uma rede. Analisando os conceitos de Cunha (1994, 1999), Machado et al (1999) e Marchiori (1997), convencionamos usar o termo “biblioteca eletrônica” por acreditarmos que reúne características das demais denominações, definindo-o como o novo conceito para a armazenagem e disseminação da informação, que utiliza a forma eletrônica, independente de sua localização física, geográfica ou temporal. Nessa perspectiva conceitual, o processo de organização da informação na biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não transferir para uma cópia em papel. Nessa biblioteca, o documento é uma fonte digitalizadora e o papel é um estado transitório (CUNHA, 1999).
  • 40. 40 A partir desses conceitos, podemos observar que os autores concordam que a biblioteca eletrônica caracteriza-se pelo uso do computador para acessá-la e na disponibilidade de seu acervo na forma eletrônica, podendo co-existir também na forma impressa. Trata-se, pois, de bibliotecas eletrônicas, apesar de serem rotuladas normalmente de bibliotecas virtuais. Neste sentido, Macedo e Modesto (1999) assinalam que, nas bibliotecas eletrônicas, informação impressa e digital coexistem, sendo a mesma uma réplica eletrônica da biblioteca tradicional. Complementamos ainda que a biblioteca eletrônica proporciona ao usuário um acesso muito mais amplo e ágil às informações mundialmente disponíveis. A biblioteca eletrônica possui características especiais, que são destacadas por Cunha (1999, p.258) em seu artigo “Desafios na construção de uma biblioteca digital”, conforme podemos observar a seguir: a) acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador conectado a uma rede; b) utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais pessoas; c) inclusão de produtos e serviços de uma biblioteca ou centro de informação; d) existência de coleções de documentos correntes onde se pode acessar não-somente a referência bibliográfica, mas também o seu texto completo. O percentual de documentos retrospectivos tenderá a aumentar à medida que novos textos forem sendo digitalizados pelos diversos projetos em andamento; e) provisão de acesso em linha a outras fontes externas de informação (bibliotecas, museus, bancos de dados, instituições públicas e privadas); f) utilização de maneira que a biblioteca local não necessite ser proprietária do documento solicitado pelo usuário; g) utilização de diversos suportes de registro da informação tais como texto, som, imagem e números;
  • 41. 41 h) existência de unidade de gerenciamento do conhecimento, que inclui sistema inteligente ou especialista para ajudar na recuperação de informação mais relevante. Para melhor compreensão sobre a biblioteca eletrônica e suas características, apresentamos a seguir o QUADRO 1 com as características da biblioteca virtual destacadas por Diniz, Targino e Ramalho (2003) que, do nosso ponto de vista, aplicam-se à biblioteca eletrônica. • Acesso somente através de redes eletrônicas de informação; • Acesso a todo tipo de informação; • Conjunção harmônica entre impressos e eletrônicos – possibilidade de conversão de eletrônico para o impresso; • Ênfase na liberdade intelectual – todos tem direito de publicar suas idéias; • Manutenção de catálogos eletrônicos on-line; • Possibilidade de maior fluxo de comunicação entre bibliotecários e entre as demais categorias profissionais; • Possibilidade ilimitada de navegação via links por diferentes bibliotecas, instituições, textos, etc; • Disseminação mais abrangente de informações; • Utilização simultânea da mesma informação por múltiplos usuários; • Aproveitamento de todas as potencialidades do espaço virtual; • Uso de ferramentas que agilizam a recuperação de informações; • Inexistência de intermediação no processo de acesso à informação; • Acesso Global; • Maximização dos processos de produção e atualização dos estoques de informação; • Aperfeiçoamento no planejamento e gerenciamento dos recursos informacionais. QUADRO 1- Principais Características da Biblioteca Virtual Fonte: Diniz citado por Diniz, Targino, Ramalho (2003, p. 11) O QUADRO 1 demonstra de forma clara a utilização de artefatos eletrônicos na armazenagem, recuperação e disponibilização da informação, acentuando a idéia de uma biblioteca eletrônica. Todas essas mudanças ocorridas no sistema de informação, ou seja, nas bibliotecas, são decorrentes da inclusão das NTIC’s, onde
  • 42. 42 vemos as tradicionais unidades de informação passarem por uma nova configuração, resultando em um novo modo de tratamento e armazenamento da informação. O QUADRO 2 demonstra de forma sucinta essas mudanças, visualizadas acentuadamente nas principais atividades de uma biblioteca. Atividades Biblioteca Tradicional Biblioteca Eletrônica • Administração de - seleção do material para - seleção do material coleções adicionar na biblioteca apropriado para a conversão - arquivamento eletrônica e para adição na - manutenção do acervo biblioteca - encadernação e - controle da versão das preservação bases de dados - manutenção do sistema • Aquisição - solicitação do material - solicitação eletrônica do - acompanhamento da material distribuição - conversão do material - aprovação dos existente para a forma pagamentos eletrônica - administração do copyright - transferência eletrônica de fundos • Catalogação - indexação manual - indexação automática • Empréstimo - reserva - provisão temporária de - circulação cópias (expiração eletrônica) - cobrança - fornecimento de cópias - SDI gratuitas - distribuição automática - troca de material entre bibliotecas conectadas - interface para os serviços tradicionais de bibliotecas • Serviços aos usuários - assistência para - metabiblioteca (diretório localização e recuperação de recursos) do material - ajuda on-line - perfil do usuário - perfis de usuários on-line - cursos para instrução do uso da biblioteca QUADRO 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca eletrônica Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) citado por Rosetto (1997, p. 57)
  • 43. 43 Analisando o quadro acima, visualizamos que as novas tecnologias foram, paulatinamente, incorporadas às atividades da biblioteca, provocando mudanças internas e na maneira de prover produtos e serviços aos usuários. Nos últimos anos, a mudança tecnológica tem sido cada vez maior num espaço temporal cada vez menor, fazendo com que a realidade das bibliotecas brasileiras necessitem de uma interação entre o tradicional, o digital, o virtual e o eletrônico. Assim, as mesmas ficarão fortalecidas nesse novo contexto da Sociedade da Informação e do Conhecimento, dispondo informações em todos os campos, em suportes tradicionais e virtuais, onde quer que ela esteja, para todas as pessoas, em qualquer local e a qualquer tempo. A esse respeito, segundo Milanesi (2002, p. 51), com a Internet, muitas barreiras que se antepunham ao conhecimento ruíram – ainda que se levantassem outras. Ela possibilita, na prática, mesmo com obstáculos a serem superados, o acesso ao conhecimento de forma menos onerosa e mais ampla. Nesse contexto, encontramos inseridas as bibliotecas virtuais, eletrônicas, digitais e híbridas, com sua multiplicidade de acervos em formatos distintos dos tradicionais, entre eles: o formato pdf e html, cada vez mais dominado pelos usuários/internautas, o que nos faz concordar com Mandel (2003, p.3) ao afirmar que “à medida que a informação vai se tornando digital, o usuário vai também adquirindo destreza no seu uso e preferência pelo meio”.
  • 44. 44 3.1.4 A informação digital e o e-book A Sociedade da Informação e o campo da Informática estão em constante evolução, e é nesse contexto de transformações, da chamada “era da informação automática” (SANTOS, 2003b), que surge um novo paradigma quanto à forma de registrar e disseminar a informação: o livro eletrônico (e-book), juntamente com a polêmica sobre o fim do livro. Entre a cultura do manuscrito e a do texto impresso, o livro passou por diversas transformações, mas em toda sua história nada é comparado a revolução dos e-books. O que o diferencia de um livro é que, ao invés de ser impresso, ele é disponibilizado em formato digital, vendido, baixado ou recebido via e-mail. Acreditamos que talvez não haja nenhuma ruptura e que talvez tudo isto seja apenas a continuidade natural que deveria existir na evolução entre o texto manuscrito, impresso até o eletrônico. Porém, não podemos deixar de observar que há algum tempo, o livro vinha sofrendo interferências no modo de ser e de se mostrar ao leitor. Muito de sua mudança física já vinha se configurando com o avanço das tecnologias de impressão e diagramação de páginas. Hoje, vemos o livro mudar de suporte ou mídia, e transformar-se em um novo corpo (SANTOS, 2003b, p. 2). Passamos um século na era Gutenberg com o desenvolvimento da imprensa e o uso do livro impresso. Hoje, as mudanças com a influência da Internet, da World Wide Web – www e das tecnologias existentes, permitem o estabelecimento de um novo padrão para a
  • 45. 45 apresentação do livro. Chegamos aos e-books, que simplesmente estão transformando o modo de ler os livros no mundo. É o texto eletrônico dando forma nova às histórias, com imagens, sons e viagens paralelas, fazendo surgir a multimídia, ou seja, uma junção de várias mídias. Isto, segundo Santos (2003b), possibilitou um avanço extraordinário no mundo da comunicação e do entretenimento. O termo e-book (Electronic Book) está sendo utilizado para nomear o livro em formato eletrônico, podendo ser baixado via Internet (por meio de download) e para o aparelho que permite a sua leitura fora do computador, possibilitando uma maneira mais simples de compor e disponibilizar um livro para o leitor. Na tentativa de encontrar uma definição para o e-book Landoni (1993 apud Rosetto, 1997) apresenta, resumidamente, em forma de tabela, algumas análises conceituais advindas de grupos de estudo sobre o livro eletrônico, como podemos observar no QUADRO 3, a seguir:
  • 46. 46 Tipos de projetos em Critérios usados na elaboração do livro andamento eletrônico 1° Grupo de Estudos . meio pelo qual é publicado (Taxonomia de Baker & . funções de performance Collins) . tipo de informação e serviços oferecidos . livros de referência . livros de textos 2° Grupo de Estudos . preservação da estrutura lógica (capítulos, seções, (Projetos: Dynatext e etc.) e física do livro Superbook) . fornecimento de texto completo indexado, linkados e navegação por tabelas de conteúdo 3° Grupo de Estudos . utilização dos aspectos físicos e lógicos do livro (Projetos: Benet & Duric; . apresentação de vários livros, como estivessem em Burril & Ogden - "VORTEXT") estantes de biblioteca (biblioteca eletrônica) . exemplos oriundos dessas pesquisas são Grolier Encyclopedia, Compton's Multimedia Enc. etc. 4° Grupo de Estudos . utilização dos aspectos citados no 3° Grupo (Projetos: Landoni & . propiciar a consulta ao livro, da mesma forma do Catenazzi) impresso . desenvolver dois tipos de livros eletrônicos: . conversão de textos eletrônicos já existentes em livro eletrônico (Hyper-Book) . conversão de livros em papel para versão eletrônica (Visual-Book) QUADRO 3 - Livro Eletrônico - grupos de estudos em andamento Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) apud Rosetto (1997, p.56) Refletindo acerca desses critérios que caracterizam o livro eletrônico, o concebemos como um recurso informacional que usa tecnologia moderna para registrar e permitir o acesso e o uso da informação. Portanto, o caracterizamos como aquele que preserva a estrutura lógica e física do livro, fornecendo um texto completo e propiciando a sua consulta, havendo a possibilidade de conversão da versão eletrônica em papel e vice-versa. Entendemos por e-book não só os livros eletrônicos, que usam tecnologia de ponta e são lidos em minicomputadores portáteis, mas também os arquivos de livros que podem ser acessados pela Internet, disponíveis em sites de Bibliotecas
  • 47. 47 Eletrônicas, livrarias e lojas virtuais. Assim e-books são “[...] arquivos que chegam ao consumidor pela própria rede, por meio de download” (UEHARO, 2001). Os livros eletrônicos, embora fossem experimentados desde a criação dos computadores, uma vez que alguns autores chegaram a lançar disquetes-livros, utilizando como ferramenta de leitura o bloco de notas, estes só tiveram seu “boom” a partir do ano de 2000, com o lançamento de “Riding the Bullet” de Stephen King, considerado o grande pioneiro do e-book e um dos autores mais conhecidos no mundo da literatura de suspense. A história de 66 páginas de King sobre um homem que pega uma carona com um fantasma foi lançada exclusivamente pela Internet e distribuída pelos sites “Amazon” (cobrava U$ 2,50) e “Barnes&Noble” (enviava gratuitamente aos seus visitantes). O resultado foi um congestionamento que tirou as páginas do ar. Estima-se que milhões de leitores em todo o mundo tenham tido contato com a obra (OLIVEIRA, 2003). No Brasil o fenômeno chegou ainda em 2000, ano que foi lançado no site “Submarino” o livro “Miséria e grandeza do amor de Benedita” de João Ubaldo Ribeiro, sendo vendido nas três primeiras semanas quatro mil cópias. Outra experiência, no mesmo ano, foi de Mário Prata, pago pelo portal “Terra” para escrever e publicar no site o
  • 48. 48 livro “Anjos de Badaró”, cujos capítulos eram publicados na medida em que eram escritos. Ainda em 2000 começaram a surgir as principais editoras virtuais (e-editora) da Net brasileira, interessadas em capitalizar o crescente interesse pelos e-books. Sem grande capital para pagar escritores famosos, esses sites investiram primeiramente em obras clássicas, cujos direitos autorais já haviam expirado, passando a investir em novos autores num segundo momento. Com relação à sua estrutura, para melhor compreensão, dividiremos o e-book em duas partes: o reader/leitor, aplicativo que auxilia na leitura do livro na tela e o dispositivo de leitura, recipiente ou suporte dos livros, vejamos: a) Reader O Reader, de acordo com Santos (2003c), é um software ou aplicativo desenvolvido para auxiliar na leitura de livros nas telas de computadores de mesa, computadores portáteis ou de bolso, ou de dispositivos dedicados1. Precisa ser instalado no computador para que a leitura do e-book seja possível logo após o seu download. Entre os principais Readers estão: o Adobe Acrobat eBook Reader, o MS Reader, o eRocket, o MobiPocket Reader, o PeanutPress Reader etc. 1 Aparelho semelhante a um livro.
  • 49. 49 O aplicativo Reader traz todas as facilidades dos navegadores da Internet e algumas ferramentas mais específicas para livros eletrônicos. Estas são mecanismos que tornam a leitura mais eficiente e prazerosa. Dentre as vantagens decorrentes do uso do reader, Santos (2003d) destaca: • Possibilidade de criação de biblioteca pessoal; • Acesso às livrarias e bibliotecas virtuais, com a possibilidade de aquisição de obras gratuitas; • Marcadores de página e busca rápida dessas marcações; • Compatibilidade com níveis de segurança [encripturação] exigido pelos detentores de conteúdo; • Busca por palavras e frases nos textos; • Alteração de fonte, para melhor leitura; • Ferramenta para sublinhar trechos; • Dicionário relacionado; • Adicionadores de notas. De acordo com Santos (2003d), os melhores readers, são aqueles que permitem a leitura de arquivos de livros eletrônicos baseados em formatos padrões compatíveis como HTML ou XML, ou seja, em formatos baseados em especificações abertas. A esse fator, acrescentamos que para o reader ser considerado bom é preciso que ele seja passível de instalação nos aparelhos mais utilizados pelo usuário, como: desktop, notebook, laptop, pocket pc's e palm.
  • 50. 50 Pelos motivos supracitados, optamos por delimitar nosso estudo acerca dos e-books com o formato HTML e XML, dentre os quais destacamos três aplicativos para leitura: o Adobe Acrobat eBook Reader, o MS Reader e o eRocket. Os mesmos foram instalados em nosso computador para melhor conhecimento. Assim, mais adiante, quando destacamos alguns e-books localizados na WWW, apresentamos aqueles que possam ser lidos nesses softwares. Para melhor compreensão do Adobe Acrobat eBook Reader, do MS Reader e do eRocket, vejamos o que significa e o que possibilita cada um deles: Adobe Acrobat eBook Reader O Adobe Acrobat eBook Reader é um aplicativo desenvolvido pela empresa americana Adobe Systems, utilizado para leitura de arquivos digitais no formato PDF (Portable Document Format, traduzindo, "arquivo em formato portátil"). Tecnicamente, PDF é uma tecnologia universal, e portanto independente de plataforma. Trata-se de um formato baseado em arquivos de linguagem postscript. Os livros eletrônicos no formato PDF são muito semelhantes ou muito próximos a um livro de papel em termos de diagramação. Esse software é disponibilizado gratuitamente na Web e permite a leitura de arquivos de livros eletrônicos nos formatos: HTML e derivados e PDF.
  • 51. 51 Segundo Santos (2003c), trata-se do melhor leitor de livro eletrônico disponível, e o que tem a apresentação e os recursos mais recomendáveis para a leitura, tais como: marcador de texto, sistema de notas, impressão do arquivo, marcador de páginas, lupa, que permite aproximar a tela e visualização de páginas duplas. Além de ser um dos poucos que permite, de forma segura, o sistema de criptografia e a leitura de qualquer documento em PDF estando encriptados ou não. Além disso, apresenta um sistema de livraria pessoal que permite guardar e organizar e-books numa biblioteca virtual. O Acrobat eBook Reader "roda" nos seguintes hardwares e sistemas: Palm OS, Windows CE, Pocket PC, Desktop [PC, MAC, Linux] etc. Vejamos a seguir uma ilustração desse software: FIGURA 1 - Biblioteca Digital Pessoal no Acrobat eBook Reader Fonte: Santos (2003c)
  • 52. 52 MS Reader O MS Reader foi desenvolvido pela empresa americana Microsoft Corp. Esse software é disponibilizado gratuitamente na Web e permite a leitura de arquivos de livros eletrônicos no formato *.LIT2, baseado em HTML, XHTML, XML e OPF. Traz junto do software um programa que pretende fazer com que a leitura de fontes na tela, seja ela qual for, se torne mais prazerosa. Trata-se de uma tecnologia chamada ClearTypeTM que tenta fazer com que os olhos do leitor não se cansem após horas de leitura. O MS Reader "roda" nos seguintes hardwares e sistemas: MyFriend3, Windows CE, Pocket PC, Desktop (Windows 95, 98, 2000, XP, Me). Vejamos abaixo uma ilustração desse software: Figura 2 - Biblioteca Digital Pessoal no MS Reader Fonte: Santos (2003c) 2 LIT é a contração de literatura. 3 Dispositivo portátil fabricado na Itália.
  • 53. 53 eRocket O eRocket é um programa, desenvolvido pela empresa norte- americana Nuvomedia, disponibilizado gratuitamente na Web para download. Esse software simula o Rocket eBook (dispositivo dedicado a leitura) na tela do computador, proporcionado a leitura de livros em formato digital e permitindo a exibição de arquivos de livros eletrônicos no formato RB (Rocket eBook). O eRocket “roda” nos seguintes hardwares e sistemas: PC IBM-compatível, 486 ou mais alto, com o Windows 95, 98 ou NT 4.0 e no Macintosh (Powerpc 601 ou mais alto), com o Mac OS 8.5 ou mais alto (EBOOKSBRASIL, 2003). Quando o eRocket é instalado, a sua tela apresenta 4 (quatro) ícones que são ativados ao clique do mouse. O Rocket eBook real possui uma tela sensível, onde os ícones são ativados ao serem tocados. Os ícones e suas funcionalidades são as seguintes: · Ícone Bookshelf (estante) - acessa uma lista de características que se aplicam ao conteúdo existente no e-book e seus ajustes. · Ícone Book (livro) - apresenta tarefas que podem ser realizadas enquanto lê-se um e-book específico, tais como, fazer
  • 54. 54 anotações, colocar marcadores, sublinhar o texto que está sendo lido, procurar um texto específico ou consultar palavras no dicionário. · Ícone de Orientação da Página (Girar) - permite que seja mudada a orientação da página do ponto de vista da área de leitura, usando quatro setas direcionais. · Ícone de Atalho (Rocket) - estabelece um atalho para uma das opções disponíveis nos menus Bookshelf ou Book, ou para Voltar Página (página anterior) ou Seguir Página (página seguinte). Vejamos uma ilustração desse software: Figura 3 - eRocket Fonte: EbooksBrasil (2003) b) Dispositivo de leitura Quanto ao dispositivo de leitura, os readers poderão ser instalados a escolha do leitor nos computadores de mesa (desktop),
  • 55. 55 computadores portáteis (laptops, notebooks) e também nos computadores de bolso (Pocket PCs, HandHelds ou Palm Tops). Os livros eletrônicos poderão ser lidos também em equipamentos desenvolvidos especialmente para leitura. São os conhecidos Reading Devices ou eBooks Devices, aparelhos portáteis do tamanho e peso de um livro normal de papel. Os Readers já vem instalados de fábrica nestes aparelhos. Abaixo listamos os mais significativos dispositivos portáteis. Rocket eBook Pro Dispositivo pioneiro desenvolvido pela Nuvomedia. Compatível com PCs e MACs. Características: base giratória (orientação), dicionário relacionado, notas de margens, bateria duradoura (de 20 a 40 horas), busca por palavras e frases nos textos, alteração de fonte para melhor leitura e grande capacidade de armazenamento. SoftBook Reader Desenvolvido pela SoftBook Press. Características: display LCD color, modem embutido (33.6kbps), 8 MB de memória, capacidade para 50.000 páginas, bateria de 5 horas, compatível com EeB e HTML. REB 1100 Sucessor do Rocket eBook. Novo design pela empresa RCA. Características: Modem embutido (33.6Kbps), display (LCD) monocromático, dimensões 5”x7”x1.5”, resolução 320x480 pixel, 8.000 páginas, USB, habilitado para reproduzir MP3, bateria carregável e duração de 30 horas em média. QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Continua)
  • 56. 56 Myfriend E-book italiano. Desenhado pela IPM-NET. Características: Especial com MS Reader, alta resolução, conexão com a Internet, resolução 640x960, touch Screen Color. REB 1200 Sucessor do SoftBook. Novo design pela empresa RCA. Características: Display de alta-resolução 480x640 pixel, dimensões 7”x9”x1.2”, modem embutido (56Kbps), bateria carregável, duração de 8 horas em média. CyBOOK EBook francês, desenhado pela empresa Cytale. Características: permite acesso à internet, Touch Screen Color, display 600x800 pixel (LCD), 16 MB de RAM, 30 livros médios (500 páginas), roda em Windows CE. QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Conclusão) Fonte: Santos (2003e). Estes dispositivos portáteis são máquinas leves, com dimensões de um livro comum, que podem ser transportados para qualquer lugar. Há modelos que permitem ainda, que o leitor faça "anotações" com o dedo ou com uma caneta especial, como se fosse num livro de papel. A tela de cristal líquido (Liquid Crystal Display – LCD) é retro - iluminada, o que assegura um bom contraste entre o texto e o fundo da tela, ou seja, uma tentativa de proporcionar conforto ao leitor. Isso permite que possa ser lido no escuro. É possível ainda melhorar a visão, mudando a orientação do texto e o tamanho das letras, avançar ou regredir no texto e fazer uma busca no texto integral, para saber em que parte está uma determinada palavra ou
  • 57. 57 frase. A idéia é realmente a de imitar o livro e dar algum conforto a mais ao leitor. Mas o aparelho leitor de livros eletrônicos deixa um pouco a desejar; é inegável que o livro têm uma certa magia. Além das características imprescindíveis dos Readers, os eBook Devices trazem outras características: • Capacidade de grande armazenamento; • Tela de LCD touchscreeen (sensível a toque); • Luminosidade ajustável; • Baterias duradouras; • Base giratória; • Peso mínimo para garantir portabilidade; • Possibilidade de expansão da memória. Diante dessas mudanças não podemos deixar de observar que a revolução dos livros eletrônicos será também a revolução da leitura, haja visto que, ler sobre uma tela não é ler um códex. Essa nova forma de suporte permite novas possibilidades de compreensão. Segundo Chartier (1994, p. 100), “a representação eletrônica dos textos modifica totalmente a sua condição: ela substitui a materialidade do livro pela imaterialidade de textos sem lugar específico”. Os livros virtuais certamente não alcançaram o seu ponto mais importante de desenvolvimento. Da mesma forma que o livro passou por várias alterações (códice, papiro, pergaminho) até chegar à sua
  • 58. 58 forma atual, os e-books parecem estar em evolução. Várias inovações tecnológicas, como a popularização de aparelhos portáteis e a fabricação de telas que tornam menos cansativa a leitura podem ajudar nesse processo. É difícil prever exatamente o que resultará dessa (r)evolução, mas certamente os e-books terão lugar garantido na história; e isso não na qualidade de substituto dos livros convencionais. Ao conhecer esses softwares, independente das peculiaridades de cada um, o usuário/leitor, ao utilizá-los, vai perceber que são tecnologias diferentes e com propósitos distintos, sendo que ele é quem pode decidir qual deverá ser o formato de livro que deverá predominar (SANTOS, 2003f). 3.2 BIBLIOTECA ELETRÔNICA E BIBLIOTECÁRIO: NOVAS NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO A definição da função do bibliotecário sempre esteve vinculada a biblioteca em sua forma ‘‘física’’. Tinham sua imagem associada aos edifícios de bibliotecas, servindo a sociedade apenas para adquirir, organizar, e preservar coleções. Atuavam como “guardiões de papéis” ou ainda “guardiões da memória documental”, sem perspectivas profissionais e sem reconhecimento pela sociedade. Com a explosão informacional na década de 80, juntamente com o advento da Internet, na década de 90, esse profissional começou a se preocupar com o futuro de sua profissão. No tocante a necessidade de acompanhar o
  • 59. 59 crescimento informacional, assim como atender satisfatoriamente aos usuários, as NTIC’s surgiram como um grande auxílio nas atividades bibliotecárias, favorecendo mudanças na função e no perfil desse profissional na Sociedade da Informação. As transformações decorrentes da inserção das NTIC’s têm favorecido ao bibliotecário, fornecendo condições para o aprimoramento dos seus conhecimentos com rapidez e eficácia, ao mesmo tempo em que os auxilia na execução de suas atividades profissionais. Agora o seu trabalho não é mais restrito aos limites físicos de uma biblioteca ou de uma coleção, pois o uso difundido da tecnologia a serviço da informação tem ultrapassado as barreiras físicas e institucionais. As novas tecnologias têm permitido a valorização do profissional bibliotecário, no entanto, tem exigido do mesmo um perfil que atenda as necessidades advindas da Sociedade da Informação. Assim, ele precisa empenhar-se em agregar valor à informação e não apenas em organizar para preservar, mas organizar para facilitar seu acesso e uso, disseminando-a. Nesse sentido, o papel do bibliotecário da SI será o de gateway (guia) ou gatekkeper (orientador) do usuário, uma vez que será o interprete dos meios e das formas de acesso à informação e aos portais do conhecimento, organizando, refinando, pesquisando a informação desejada através dos novos recursos tecnológicos tornando-se o elo entre informação-usuário-tecnologia. Além disso, ressaltamos que
  • 60. 60 os bibliotecários, profissionais que privilegiam a informação no seu fazer cotidiano, têm um papel importante a cumprir na sociedade do conhecimento. Incutir a consciência da importância deste papel juntamente com princípios como ética, solidariedade humana, capacidade crítica e de questionamento pode fazer o diferencial necessário na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada (SILVA; CUNHA, 2002, p. 81). Na Sociedade da Informação, as bibliotecas como instituições sociais, assim como os bibliotecários em seu papel social, devem atuar como agentes democratizadores do uso da Internet e de seus recursos, com criatividade e qualidade, potencializando e multiplicando o acesso a informação com precisão e eqüidade, evitando o crescimento da exclusão digital e facilitando o uso da informação a um número maior de pessoas. Esse profissional criativo, segundo Amaral (1995, p.225), [...] conseguirá adaptar-se às novas demandas informacionais dos usuários e do mercado de trabalho, pois, no futuro, o único elemento não disponível por meio de computadores, por mais inteligente que esses venham a ser, será a criatividade, essencial para a sobrevivência do profissional da informação. Nesse sentido, acreditamos que a criatividade, o interesse e a participação nas mudanças políticas e sociais levarão o bibliotecário a despertar o seu usuário para a importância, o acesso e o uso da informação no contexto da Sociedade da Informação – atual e futura – através de recursos tecnológicos cada vez mais modernos e complementares ao desenvolvimento das atividades bibliotecárias. Diante dessas considerações, destacamos que as NTIC’s e a atuação do bibliotecário na Web têm permitido o rompimento de barreiras geográficas e a livre circulação da informação e do
  • 61. 61 conhecimento. Por outro lado, por ser o Brasil um país subdesenvolvido onde as questões básicas como alimentação, saúde, moradia e educação ainda não foram sanadas, estamos distantes de incluir todos nesse mundo tecnológico e informacional uma vez que, grande parte da população não conhece ou não sabe manusear as ferramentas tecnológicas. Assim sendo, verificamos que mesmo num cenário de avanços e mudanças através dos meios eletrônicos, da Internet e de outros suportes, a presença do bibliotecário e dos sistemas de informação (biblioteca) serão fundamentais para a democratização da informação, facilitando seu acesso, uso e geração de novas informações. Todavia as mudanças que caracterizam a pós-modernidade exigirão um profissional com novas habilidades e novo perfil, considerando as seguintes características: a) dedicar-se menos aos processos técnicos e mais ao usuário; b) adotar estratégias de marketing no seu trabalho; c) desenvolver ‘visão econômica’; d) trabalhar com grupos interdisciplinares; e) saber manipular as novas tecnologias; f) atuar na gerência da informação. Além disso, a intuição, a criatividade e a flexibilidade, seriam qualidades essenciais (DIAS, 1995, p.199). 3.3 INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL: REALIDADES ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS? A informação impressa, com destaque para o livro é um dos maiores bens que a humanidade já conquistou. Por meio dela as
  • 62. 62 pessoas absorvem conhecimento e com isso podem transformar suas vidas, caracterizando-a num papel social de extrema relevância. O livro, por sua vez, acompanha o homem tanto como objeto de uma leitura coletiva, ritualizada nas sociedades patriarcais, quanto como participante da intimidade de um leitor em diálogo silencioso com as próprias inquietações. No entanto, vivemos atualmente na era da informatização, onde quase todas as funções e atividades humanas acabam sendo incorporadas ao computador. Sendo assim, é provável que a informação impressa, assim como o livro tenham de se adaptar a esse contexto e satisfazerem suas decorrentes necessidades. A princípio parece assustadora, e até mesmo absurda, a idéia de que o livro, tal qual o conhecemos, seja extinto, principalmente porque ele ainda faz parte da nossa cultura, do nosso cotidiano, sendo impensável a sua total substituição pela informação digital e, portanto, pelo livro digital. A questão polêmica causada pela possibilidade do fim do livro pode bem ser o resultado de uma percepção equivocada do significado histórico do livro enquanto tecnologia adaptável e resistente a mudanças, inclusive às gigantescas mudanças motivadas pela presença do computador. A possibilidade do fim do livro é traumática porque ele não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples objeto de consumo. É antes um objeto simbólico e uma instituição ao qual a cultura pós-Gutenberg confiou a tarefa de armazenar e fazer circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante.
  • 63. 63 O sociólogo canadense Marshall McLuhan (1977) profetizou que a era do livro havia terminado. No entanto, para anunciar ao mundo que o livro tinha chegado ao fim, ele escreveu “A Galáxia de Gutenberg”, cuja primeira edição foi publicada em 1962, revelando seu encantamento com a nova era, a da comunicação audiovisual. Estranho é o fato de que, o autor precisou de um livro para defender o fim do mesmo. Dessa forma, acreditamos que isso já seria o suficiente para negar sua tese. Ao contrário do que ele previa, as novas tecnologias audiovisuais vêm proporcionando um renascimento permanente do livro e inegáveis reforços à palavra escrita. A Internet é hoje um grande exemplo de novos caminhos abertos na Galáxia Gutenberg. O leitor já não depende exclusivamente das livrarias, pois a Internet abriu-lhe novo caminho: a conexão com editoras e livrarias e o compartilhamento através das bibliotecas eletrônicas, desempenhando o papel de democratizadores da informação. A Internet também tem contribuído na educação escolar, pois o acesso à rede proporciona a professores, alunos e comunidade o acesso e a partilha de jornais, revistas e visitas a livrarias. Tal modernidade é de importância decisiva na democratização do saber. Portanto, o mundo eletrônico da Internet não substitui a biblioteca, não dispensa o livro, antes estimula a busca por informação, livros e leituras.