1. 1
CHRISTINE DANTAS BENÍCIO
DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica
JOÃO PESSOA – PB
2003
2. 2
CHRISTINE DANTAS BENÍCIO
DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Biblioteconomia da
Universidade Federal da Paraíba do
Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
em cumprimento às exigências para
obtenção do grau de Bacharel.
Orientadora: Profª Ms. Alzira Karla Araújo da Silva
João Pessoa - PB
2003
3. 3
CHRISTINE DANTAS BENÍCIO
DO LIVRO IMPRESSO AO E-BOOK:
o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Biblioteconomia da
Universidade Federal da Paraíba do
Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
em cumprimento às exigências para
obtenção do grau de Bacharel.
Aprovado em: 15/10/2003.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profª. Alzira Karla Araújo da Silva
Ms. em Ciência da Informação, UFPB
Orientadora
____________________________________________
Profª. Marynice de Medeiros Matos Autran
Ms. em Biblioteconomia e Documentação, UFPB
Examinadora
___________________________________________
Profª. Edna Gomes Pinheiro
Ms. Em Biblioteconomia e Documentação, UFPB
Examinadora
4. 4
Aos meus pais, que me
ensinaram a perseguir meus
ideais com dedicação e
coragem.
Dedico.
5. 5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela sua infinita misericórdia, pelo
seu amor, por dar-me serenidade para aceitar minhas limitações, força
para vencer os obstáculos, garra para lutar pelos meus ideais e
brandura para compreender a sua vontade.
Aos meus pais pela vida, pelo amor, dedicação e pelos ensinamentos
que foram fundamentais para minha formação.
Ao meu noivo Renato Lima, pelo seu apoio e companheirismo, junto as
minhas dificuldades em chegar a esta etapa final da graduação, estando
sempre ao meu lado nas horas em que mais precisava.
A minha orientadora Alzira Karla Araújo da Silva que acreditou na
minha capacidade de realizar este trabalho, orientando-me de maneira
sábia, carinhosa e atenciosa. Muito obrigada pela confiança depositada
em minha pessoa.
A Ana Úrsula, bibliotecária responsável pela Biblioteca da FACENE, por
me acolher de forma amigável para a realização do estágio
supervisionado, proporcionando um maior entendimento e
engrandecimento frente aos serviços bibliotecários, que servirá de
subsídio na minha vida profissional.
Aos funcionários do Tribunal de Contas da União, em especial Ana
Beatriz, Ismênia, Magaly, Goretti, Severino (Biu), Luiz (Lula) e Queiroz,
pela confiança depositada, por acreditarem na minha competência
durante o estágio na área de arquivo e pelos constantes incentivos na
luta pela estabilidade profissional.
6. 6
Aos funcionários da Biblioteca Central e Setorial, em especial a Oneide
(Serviço de Referência), Rosa (Divisão de Processos Técnicos), Eliane
Bezerra Paiva (Seção de Periódicos) e Tony, pela disponibilidade e
atenção.
Aos funcionários do Departamento, em especial Sr. Pedro e a
Lourdinha.
A todos os professores que fazem o Departamento de Biblioteconomia,
por me ajudarem a cumprir cada etapa proposta, com críticas e
contribuições acadêmicas, em especial a Roza Zuleide, Eliany
Alvarenga, Alzira Karla, Francisca Arruda Ramalho, Marynice de
Medeiros, Mirian de Albuquerque Aquino, Denise Cavalcanti, Edna
Gomes Pinheiro, Eliane Bezerra Paiva, Maria Elizabeth e Bernardina
Freire.
Aos amigos da graduação pela solidariedade e apoio, especialmente
para Cybelle, Ana Roberta, Cristiane Maria, Cléa e Fernanda.
A Cristiane Kelly Fernandes, ex-aluna do curso de Biblioteconomia, pelo
apoio e incentivo na escolha do curso.
A todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram
para que concluíssemos esse trabalho.
7. 7
“Na era da comunicação eletrônica
o livro não morrerá, mas sua alma
se libertará do seu corpo”.
(MACLUHAN, 1977)
8. 8
RESUMO
O acesso à informação e a tecnologia são alguns privilégios que a
humanidade já conquistou. Por meio delas as pessoas absorvem e re-
elaboram conhecimento, podendo transformar suas vidas. Neste
prisma, discute-se sobre as Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação, especificamente no que se refere a discussão gerada
acerca da informação impressa e da digital e a sua influência na
evolução das bibliotecas eletrônicas. Apresenta a evolução dos suportes
de informação, partindo do papiro até o livro eletrônico (e-book).
Analisa a questão do novo papel do bibliotecário e o surgimento da
biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de
informação. Enfoca a polêmica questão do livro impresso versus o
digital. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, que
utiliza como instrumento de coleta a observação e o questionário. O
campo de pesquisa definido após análise exploratória e atendendo aos
critérios estabelecidos envolve um ambiente eletrônico, composto pelos
sites ebookcult, hotbook e parnanet. A coleta de dados realizada nos
meses de Junho e Julho de 2003 consiste na análise de bibliotecas
eletrônicas e na recuperação dos e-books mais significativos de cada
site na área de literatura brasileira. Os procedimentos permitem afirmar
que as bibliotecas estudadas apresentam um crescente número de
e-books, organizados por área do conhecimento e disponibilizados ao
grande público da Internet; de forma que acredita-se que o bibliotecário
precisa interagir com a realidade virtual-polimídia. Como resultado
prático, temos a formação de um catálogo de e-books especializado na
área de literatura, disponibilizando um instrumento de pesquisa que
permite que outras bibliotecas eletrônicas compartilhem seus acervos
digitais, aumentando e facilitando o acesso/uso da informação digital
por bibliotecários e usuários. Assim, concluí-se que, a exemplo dos
demais veículos de expressão da cultura, a informação impressa e a
digital devem conviver harmoniosamente como opções diferentes e
complementares na aquisição de informação e conhecimento,
caracterizando assim uma biblioteca híbrida; terminologia mais
adequada para conceituar a fase de transição pela qual as bibliotecas
tradicionais vêm passando.
Palavras-chaves: Livro impresso; Livro eletrônico; Biblioteca eletrônica;
Bibliotecário; Novas tecnologias de Informação e
Comunicação.
9. 9
ABSTRACT
The access to the information and the technology is some privileges
that the humanity already conquered. Through them the people absorb
and they reverse-elaborate knowledge and with that they can transform
their lives. In this prism, it is discussed about the New Technologies of
the Information and Communication, specifically in what refers her
influence in the evolution of the electronic libraries, in the digital
information and in the discussion generated concerning the printed
paper and of the virtual. Presents the evolution of the supports of
information, leaving from the papyrus to the electronic book (e-book).
It analyzes the subject of the librarian's new paper and the appearance
of the electronic library, due to the inclusion of the new technologies of
information. Focuses the controversy subject of the information printed
versus the digital. The methodology is characterized by a qualitative
research, that it uses as collection instrument the observation and the
questionnaire. The research field defined after exploratory analysis and
assisting to the established criteria involves an electronic atmosphere,
composed by the sites ebookcult, hotbook and parnanet. The collection
of data accomplished in the months of June and July of 2003 consists of
the analysis of electronic libraries and in the recovery of the e-books
more significant of each site in the area of Brazilian literature. The
procedures allow to affirm that the studied libraries present a crescent
number of e-books, organized for area of the knowledge and made
available the great public of the Internet; so that it is believed that the
librarian needs to interact with the reality virtual-polimídia. As practical
result, we have the formation of a specialized catalog in the literature
area, making available a research instrument that allows other
electronic libraries to share their digital collections, increasing and
facilitating the access/use of the digital information for librarians and
users. Like this, I was ended that, to example of the other vehicles of
expression of the culture, the information printed and the digital should
live together harmoniously as different and complemental options in the
acquisition of information and knowledge, characterizing like this a
hybrid library; more appropriate terminology to consider the transition
period for the which the traditional libraries are passing.
word-keys: Book printed; Electronic book; Electronic library; Librarian;
New technologies of Information and Communication.
10. 10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BD - Biblioteca Digital
BE - Biblioteca Eletrônica
BE’s - Bibliotecas Eletrônicas
BH - Biblioteca Híbrida
BV - Biblioteca Virtual
CRT - Tubos de Raios Catódicos
HTML - Hypertext Markup Languagem
JUL. - Julho
JUN. - Junho
LCD - Liquid Crystal Display
LIT – Literatura
MS READER - Microsoft Reader
NTI - Novas Tecnologias da Informação
NTIC’s - Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
ONGs - Organizações Não-Governamentais
OPF - Open eBook Package File
OSCIP’s - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PDF - Portable Document Format
RB - Rocket eBook
SI - Sociedade da Informação
UFPB - Universidade Federal da Paraíba
URL - Uniform Resource Locator
WWW - World Wide Web
11. 11
XHTML - Extensible HyperText Markup Language
XML - Extensible Markup Language
12. 12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Biblioteca digital pessoal no Acrobat eBook Reader ... 51
Figura 2 - Biblioteca digital pessoal no MS Reader ................... 52
Figura 3 - eRocket .............................................................. 54
Figura 4 - Site EbookCult ..................................................... 76
Figura 5 - Site Parnanet ....................................................... 79
Figura 6 - Site Hotbook ........................................................ 81
Quadro 1 - Principais características da biblioteca virtual ............ 41
Quadro 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca
eletrônica ............................................................ 42
Quadro 3 - Livro eletrônico – grupos de estudo em andamento ... 46
Quadro 4 - Dispositivos portáteis mais significativos .................. 55
Quadro 5 - Catálogo geral de e-books existentes nas bibliotecas
eletrônicas pesquisadas ......................................... 92
Quadro 6 - Sub-áreas de literatura que formam o catálogo
especializado com e-books existentes nas BE’s
pesquisadas ......................................................... 94
13. 13
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO ............................................................. 14
2 OBJETIVOS ................................................................. 20
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................... 20
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................... 20
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................... 21
3.1 DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE
INFORMAÇÃO ............................................................... 21
3.1.1 O papiro e o pergaminho ................................................ 23
3.1.2 O papel, a imprensa e o livro .......................................... 28
3.1.3 A Internet e o sistema de informação eletrônico ................ 31
3.1.4 A informação digital e o e-book ....................................... 44
3.2 BIBLIOTECA ELETRÔNICA E BIBLIOTECÁRIO: NOVAS
NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 58
3.3 INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL:
REALIDADES ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS?................ 61
4 METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................... 71
4.1 ABORDAGEM QUALITATIVA ............................................ 71
4.2 CORPUS PESQUISADO ................................................... 72
4.3 COLETA DE DADOS ....................................................... 83
5 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS ......................... 86
5.1 BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS: ESTRUTURAS E IDEOLOGIAS 86
5.2 E-BOOK: A FORMAÇÃO DO CATÁLOGO DE
LITERATURA BRASILEIRA ............................................... 91
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................... 128
REFERÊNCIAS ............................................................. 133
APÊNDICE .................................................................. 139
14. 14
1 INTRODUÇÃO
Como aluna concluinte do Curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal da Paraíba - UFPB, período 2003.1, temos a
incumbência de desenvolver uma monografia para obtenção do título de
Bacharel. Sendo assim, resolvemos efetuar um trabalho de pesquisa
sobre um tema bastante discutido, atualmente, em nosso meio
acadêmico, AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (NTIC’s), especificamente no que se refere a discussão
gerada acerca da informação impressa e da digital e sua influência na
evolução das BIBLIOTECAS ELETRÔNICAS.
O interesse por essa temática surgiu no curso de
Biblioteconomia/UFPB, a partir das discussões nas disciplinas História
dos Livros e das Bibliotecas, Disseminação da Informação I e II, quando
os primeiros questionamentos acerca do tema nos fez perceber a
necessidade de pesquisas que abordassem essa questão. Dessa forma,
esperamos contribuir para a literatura da área e oferecer subsídios para
futuros projetos que poderão aprofundar este estudo.
A nossa proposta é discutir o paradigma do suporte nas
bibliotecas eletrônicas e de seu acervo formado por informação digital,
em especial os e-books, percebendo o papel do bibliotecário como
facilitador ao acesso a esse novo suporte informacional, assim como a
15. 15
influência das novas tecnologias no contexto da sociedade da
informação. Em outras palavras, fazemos uma reflexão teórica e prática
acerca das mudanças ocorridas na Sociedade da Informação em
decorrência das Novas Tecnologias no que se refere ao acesso à
informação através das bibliotecas na Internet.
Nossas discussões circulam o contexto dessa sociedade
informacional e tecnológica na qual percebemos que a utilização
crescente das novas tecnologias pelos serviços de informação indica
uma tendência de transformar o profissional bibliotecário em um agente
ou gerente de informação, atuando como um profissional moderno,
receptivo e disposto a aplicar os seus conhecimentos de forma crítica e
objetiva. Este profissional deve estar atento aos novos papéis que estão
sendo exigidos na Sociedade da Informação, levando a um
reposicionamento de atitudes e atividades referentes à questão da
organização, acesso, uso e disseminação da informação desenvolvidos
em prol dos usuários, relacionados a sistemas de informação tradicional
e/ou virtual.
Nesse contexto de mudanças, em que surgem as NTIC’s e há
uma aceleração de seu crescimento na sociedade, surgem as Bibliotecas
Virtuais (BV), as Bibliotecas Digitais (BD), as Bibliotecas Eletrônicas
(BE) e as Bibliotecas Híbridas (BH), das quais destacamos o papel de
constituir-se um novo veículo que possibilita o acesso a informações
digitais. As mesmas disponibilizam uma vasta quantidade de
16. 16
informações, através da Internet, podendo ser consultada de forma
gratuita.
Dentre as denominações citadas, consideramos o conceito de
biblioteca eletrônica por acreditarmos que reúne características das
demais denominações e por fazer parte de um contexto maior que,
atualmente, vem evoluindo para a consolidação das bibliotecas híbridas,
agregando o impresso e o virtual. Assim, utilizamos o termo “biblioteca
eletrônica” para se referir ao novo conceito para a armazenagem e
disseminação da informação, que utiliza a forma eletrônica,
independentemente de sua localização física, geográfica ou temporal.
Nessa perspectiva conceitual, o processo de organização da informação
na biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não
transferir para uma cópia em papel, de modo que o documento passa a
ser uma fonte digitalizada e o papel um estado transitório.
Considerando esse panorama e a crescente aplicação das
NTIC’s no contexto das bibliotecas eletrônicas, acreditamos que
“é tempo de parar de pensar somente em termos de fontes impressas e
disponibilidade dos documentos, mesmo que esses tipos de fontes ainda
sejam predominantes em nossas coleções” (CUNHA, 1999, p.260).
Nesse cenário eletrônico, Cunha (1999) aponta algumas modificações
que poderão ocorrer no ambiente bibliotecário e que consideramos
pontos de reflexão, são elas: a variedade de formatos; a biblioteca
17. 17
como conceito abstrato; o pagamento da informação; os esforços
cooperativos e; as novas mídias e equipamentos.
Todos estes elementos geram um certo impacto na vida das
pessoas, seja como indivíduos ou como profissional da informação, ou
ainda como usuários ou leitores. É preciso adaptar-se aos novos
tempos. Nesse estudo, teremos a oportunidade de discutir acerca
dessas mudanças que emergem através de um novo suporte, o e-book,
uma nova forma de disponibilizar e acessar a informação - a digital - e
um novo canal de informação - a biblioteca eletrônica.
Diante dos paradigmas propostos pela biblioteca eletrônica,
defendemos que para a sua construção, é preciso primeiro selecionar as
informações mais pertinentes para que sua formação esteja de acordo
com as necessidades dos usuários reais e potenciais. É considerando
esse aspecto que acreditamos estar contribuindo com uma forma de
“triagem” entre alguns sites da Internet, no sentido de analisar e
identificar os livros eletrônicos (e-books) constantes em seu acervo
digital, formando um catálogo na área de literatura brasileira.
Para atender nossas expectativas, o objetivo geral definido
nesse estudo é examinar bibliotecas eletrônicas que
disponibilizam e-books gratuitos, identificando a formação de
acervos virtuais na área de literatura brasileira.
18. 18
Tendo em vista o objetivo citado, desenvolvemos uma
pesquisa que figura-se num ambiente virtual, composto por bibliotecas
eletrônicas que disponibilizam e-books gratuitos, recuperados através
do buscador Google. Dentre eles, o nosso corpus é formado pelo
ebookcult, o hotbook e o parnanet, por atenderem aos critérios
previamente estabelecidos. Para a coleta de dados utilizamos a
pesquisa exploratória de caráter qualitativo, a observação dos sites e o
questionário enviado por e-mail aos responsáveis pelas BE’s. Esta, foi
desenvolvida durante os meses de junho e julho de 2003, tendo como
produto final a formação de um catálogo especializado na área de
literatura.
O estudo está organizado em 6 (seis) capítulos. O capítulo um
é a Introdução e no capítulo dois os Objetivos propostos. No capítulo
três apresentamos uma Fundamentação Teórica, discutindo a
evolução dos suportes de informação, partindo do papiro, até o livro
eletrônico (e-book); o novo papel do bibliotecário e o surgimento da
biblioteca eletrônica, decorrente da inclusão das novas tecnologias de
informação e comunicação e; a polêmica questão da informação
impressa versus a digital. No capítulo quatro consta a Metodologia,
descrevendo o tipo de abordagem, o universo pesquisado e a coleta de
dados. O capítulo cinco é a Análise dos dados e resultados
alcançados, com destaque para o catálogo de e-books. E por fim, no
19. 19
capítulo seis enfatizamos as considerações finais e apresentamos na
seqüência as referências que embasaram o estudo.
20. 20
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Examinar bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books
gratuitos, identificando a formação de acervos virtuais na área de
literatura brasileira.
2.2 – OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
Discutir acerca da (r)evolução dos novos suportes informacionais
em sua relação com o novo perfil do bibliotecário;
Identificar a Biblioteca Eletrônica como uma ferramenta de
pesquisa que disponibiliza um canal de disseminação e
compartilhamento da informação;
Analisar bibliotecas eletrônicas que disponibilizam e-books
gratuitos na área de literatura brasileira;
Formar um catálogo com os principais e-books brasileiros
gratuitos, na área de literatura, existentes nas bibliotecas
eletrônicas;
Reconhecer que a informação impressa (livro) e a informação
digital (e-book) não competem entre si, mas se complementam.
21. 21
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 DO PAPIRO AO E-BOOK: A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DE
INFORMAÇÃO
No contexto da Sociedade da Informação - SI, as Novas
Tecnologias da Informação - NTI surgem devido ao fenômeno da
explosão informacional verificado a partir do início da segunda metade
do século XX, servindo de suporte para a criação das redes de
computadores e das bases de dados on-line, que se difundiram pelo
mundo a ponto de hoje a Internet estar tão popular quanto a televisão
ou o rádio. Assim, concordamos com Amat I Nogueira (1990), quando
define as NTI como sendo os novos suportes e canais para dar forma,
registrar, armazenar, processar e disseminar conteúdos informacionais.
Objetiva assim, proporcionar um acesso à informação de forma mais
rápida e criativa possível.
O Impacto da Internet nessa sociedade é, sem dúvida,
inquestionável. Em termos de sistema de informação, a mesma provê
acesso imediato a uma grande quantidade de informações científicas,
culturais, artísticas, de lazer, em tempo real, de forma direta, abrindo
para o usuário possibilidades antes inimagináveis. No entanto, o acesso
à rede, no Brasil, está restrito a um número ainda limitado e restrito da
sociedade. Em nosso país, existem várias categorias de excluídos: os da
terra, da educação, do emprego, da saúde, da moradia, entre outros e
22. 22
agora, mesmo com o avanço tecnológico, estamos convivendo com um
novo tipo de exclusão: a digital.
Como bem conceitua Silveira (2001, p. 1), em entrevista
divulgada na Internet, a exclusão digital é
[...] o não acesso da maior parte da população do mundo hoje
às tecnologias de informação, principalmente a comunicação
mediada, em rede, que atualmente é feita através de um
computador, de uma linha telefônica e de um provedor de
acesso.
Assim, concebemos a questão da exclusão digital e
acreditamos que se a Internet continuar sendo limitada a poucos, ela
tende a aprofundar ainda mais as diferenças sociais.
Outra questão bastante discutida é o fato de que a revolução
nos processos de transferência de informações e nos novos suportes
informacionais tem proporcionado modificações no perfil do
bibliotecário. É preciso mudar a mentalidade de que o bibliotecário
utiliza apenas o livro como instrumento de disseminação da informação.
O mesmo lida com a informação, independente do suporte que ela
esteja.
Ao resgatarmos na história a evolução tecnológica e dos
suportes informacionais, verificamos que desde os primeiros tempos o
homem procurou registrar suas impressões sobre o mundo no interior
das cavernas. Na Antigüidade, o homem experimentou vários suportes
encontrados na natureza como forma de registro, utilizando para isso
23. 23
pedra, materiais inorgânicos e orgânicos à base de tintas vegetais e
minerais, como a argila, ossos, conchas, marfim, folhas de palmeiras,
bambu, metal, cascas de árvores, madeira, couro, papiro, velino,
pergaminho, seda, o papel e mais recentemente, o meio digital.
A informação registrada como conhecemos hoje passou por
diversas "transformações" até a sua consolidação como objeto símbolo
da existência humana, responsável pelo registro da história da nossa
civilização através dos milênios. Assim, descrevemos, a seguir, a
evolução dos suportes de informação, do papiro ao e-book, buscando
resgatar e compreender essa transformação tecnológica e sua
importância para a humanidade como um veículo que contribui para a
era da Sociedade da Informação. Para tanto, nos apoiamos nos estudos
de Chartier (1994, 1999), Cunha (1994), Febre e Martim (1992),
Garcez e Rados (2002), Lévy (1993), Machado et. al. (1999), Marchiori
(1997), Martins (1996), McLuhan (1977), Milanesi (2002), Ueharo
(2001), Ventura (2003), Venturi (2002), entre outros.
3.1.1 O papiro e o pergaminho
O papiro é uma planta-aquática, cujo talo era cortado na parte
interior onde se encontravam as fibras muito resistentes e que, unidas
em lâmina, serviam de superfície própria para escrever, transformando-
se num primitivo papel. Essa planta era encontrada às margens do Rio
24. 24
Nilo, no Egito, e representou para os egípcios o suporte da escrita
hieroglífica, veículo de transmissão de conhecimento e da sensibilidade
do homem da época. Para tanto, era conservado em rolos de 15 a 18
metros e mesmo que um texto não fosse muito longo, pedia vários
rolos. Constituía-se um monopólio do Estado e era obtido através de
atividade extrativista baseada em uma única espécie de vegetal.
O rolo de papiro denominava-se volumen, de modo que uma
obra poderia ser apresentada em vários volumes. Assim como esse
suporte determinou a forma de rolo como única maneira de ser usado,
exigiu, também, uma pena especial, uma vez que sua superfície não
suportava outra que não fosse a de junco.
O copista, responsável pelo registro nesse suporte, escrevia
em retângulos, porque era impossível fazê-lo acompanhando o
comprimento do rolo, de várias dezenas de metros. Esta era a única
maneira de utilizar o papiro, porque a sua fragilidade não permitia
dobrá-lo, dificultando o manuseio e a leitura. Para a leitura, tornava-se
necessário uma certa habilidade física do leitor: enrolar uma
extremidade e desenrolar a outra.
Nas bibliotecas da Roma Antiga, os papiros eram colocados
sobre estantes, tendo uma etiqueta para identificar o conteúdo sem que
fosse necessário desenrolá-lo. O número de volumes exigia uma
determinada organização, sobre a qual muito pouco se sabe.
25. 25
Uma vasta coleção de rolos de papiro existiu na mais
conhecida biblioteca da Antiguidade: a de Alexandria, no Egito. Sua
famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade
em cerca de 700.000 rolos de papiro e pergaminho e era freqüentada
pelos mais conspícuos sábios, poetas e matemáticos. Sua destruição
talvez tenha representado o maior crime contra o saber em toda a
história da humanidade (VENTURI, 2002).
O papiro foi à base de registros que mais se desenvolveu na
Antiguidade Clássica. Atravessou séculos, levando a cultura do Egito a
outros povos, oferecendo ao homem a oportunidade de realizar o seu
maior desejo: comunicação e diálogo. Permitiu não só a preservação da
memória cultural, mas serviu também de testemunho da história dos
materiais usados pelo homem. Foi nesse rústico suporte que os
egípcios, gregos e, depois, romanos, registraram as primeiras obras
consideradas literárias. No papiro ficaram registros fundamentais para
se entender o tempo e o espaço, os fatos e a cultura das regiões onde,
durante séculos, foram fabricados e cobertos por hieróglifos e outras
categorias de escrita.
No entanto, mesmo diante dessa evolução, para a época, e
importância para a cultura de várias civilizações, a produção do papiro
era muito limitada, seu custo elevado e seu volume de produção não
atendia a todas as necessidades de suporte para escrita que existiam na
época. Como muitas das mudanças nas técnicas e nos processos de
26. 26
produção ocorridas ao longo de nossa história, o que gera a alteração
do suporte para escrita é o fator econômico e esse fato acarretou na
mudança para um novo suporte: o pergaminho.
Por questões econômicas, os habitantes de Pérgamo
impossibilitados de obter o papiro egípcio, passaram a usar a pele
curtida de alguns animais (a ovelha, o carneiro ou cordeiro) como
suportes da escrita. A pele recebia um tratamento especial de
raspagem, banhos de soda e secagem em bastidores, o que lhes
conferiam propriedade de boa durabilidade, características para torná-
los flexíveis e apropriados para a escrita.
O processo para obtenção deste novo suporte – o pergaminho
– se difundiu por todo o território europeu. Rapidamente a sua
produção se populariza e durante séculos ele passou a ser o suporte
mais utilizado para feitura de manuscritos, pois se caracterizava como
não tão delgado, mais flexível como o papiro, porém, menos
dependente das cheias e secas do Rio Nilo, ou das necessidades
econômicas e/ou das alianças comercias com o povo egípcio.
O pergaminho, quase sempre produzido nos mosteiros, apesar
de caro, por cerca de mil anos foi o material mais utilizado para a
escrita. Aos poucos esses livros artesanais foram se impondo, inclusive
como bens preciosos da realeza. Nos monastérios, onde monges
27. 27
calígrafos, principalmente os beneditinos, rezavam, copiavam e
ilustravam textos, preservavam-se as grandes coleções de códices.
O surgimento do pergaminho, por volta do século III a.C.,
modificou definitivamente a forma dos livros. Cem anos antes de
começar a Idade Média ele já substituía o papiro, quase que
inteiramente, dando origem ao códex. Esta forma manteve-se até os
dias atuais.
Explicitando essa mudança de suporte informacional para o
registro da escrita e analisando a sua estrutura, Martins (1996, p. 68),
afirma que
o pergaminho foi escrito, como o papiro, de um lado só, até
que se descobriu ser perfeitamente possível fazê-lo nas duas
faces. Enquanto a escrita era realizada apenas no reto, o
pergaminho era enrolado, como o papiro, para constituir o
volumen. A escrita no reto e no verso vai dar nascimento ao
códex, isto é, ao antepassado imediato do livro. Com ele
revoluciona-se o aspecto da matéria escrita e o das bibliotecas.
A substituição do rolo de papiro, pelo códex de pergaminho
ocasionou uma grande mudança, pois ao optar por um material mais
barato e um formato de transporte mais fácil, foi promovida uma
revolução na postura do leitor: folheável, e não mais desenrolável, o
livro se tornava mais acessível, incentivando a pesquisa e podendo até
ser feita anotações em sua estrutura. Assim, o pergaminho foi à ponte
entre o papiro e a imprensa, transportando para séculos mais recentes
parte do que gregos e romanos produziram no campo do pensamento.
28. 28
3.1.2 O papel, a imprensa e o livro
Depois do papiro e do pergaminho, o papel se fixou como o
novo suporte para a escrita e o registro da informação. O preço elevado
do pergaminho, causado pela produção limitada, diante de um mercado
em crescente aumento, se tornou um obstáculo que restringia a
divulgação da cultura. Esta, não podia continuar como privilégio dos
ricos e poderosos, dos mosteiros e das dinastias. Assim, a procura pelo
pergaminho – que não era atendida pelos produtores – precipitou o
aparecimento do papel.
Quando a Idade Média vai terminando surge na Europa o papel
fabricado de pasta de madeira, trazido pelos árabes para substituir o
pergaminho e atender às novas necessidades, já que a produção do
pergaminho não satisfazia as crescentes exigências das cidades
européias mais importantes.
O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a ampliação
do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e passando a ser
usado por outras categorias sociais que produziam a sua própria cópia
de textos. Em menos de um século o papel era fabricado em toda
Europa, abrindo uma imensa perspectiva para a invenção da Imprensa
que, aliada ao O papel, mais barato que o pergaminho, permitiu a
ampliação do uso da escrita deixando a exclusividade monástica e
passando a ser usado por outras categorias sociais que produziam a sua
29. 29
própria cópia de textos. Os primeiros livros impressos por meio da
xilografia - gravura em madeira - apareceram no século XV. No
entanto, coube ao alemão Johanes Gensfleisch von Guttenberg, ser o
precursor das modernidades técnicas gráficas. A prensa de Gutenberg
utilizava tipos móveis metálicos, nos quais eram gravadas as letras, os
sinais de pontuação e os números que, ao contrário dos tipos de
madeira, podiam ser utilizados inúmeras vezes. A pressão era feita por
meio de uma prensa que foi inspirada na prensa de vinhateiro, utilizada
para espremer uvas. O método de Gutenberg, além de revelar-se muito
mais flexível do que a xilogravura, produzia impressos de melhor
qualidade, permitia imprimir ambos os lados de uma folha, alcançando
uma produção em massa das obras e o barateio do custo, e
conseqüentemente, aumentando e facilitando o acesso à informação.
No entanto, a tipografia – arte para impressão de textos - foi
desde o início recusada pela nobreza e pelos indivíduos de grande
poder. Eles achavam que o livro deveria continuar como privilégio
apenas das dinastias e da Igreja, pois pressentiam que o mesmo seria
muito perigoso, por permitir uma divulgação maior de idéias, podendo
ameaçar seus interesses. Na fase do manuscrito o livro não causou
preocupação pelo fato do seu uso ser restrito. Mas diante da
possibilidade de incontrolável divulgação pela impressão em série, o
livro começou a preocupar a classe dominante, pois a imprensa
provocou uma grande transformação, propiciando a democratização do
30. 30
conhecimento com a impressão em grande escala e conferindo ao
homem o seu primeiro grande meio de comunicação.
A invenção da imprensa e a utilização do papel geraram uma
nova situação de acessibilidade: o livro, tornando-o um estímulo ao
conhecimento das letras e a geração de novas informações,
configurando-se numa tecnologia revolucionária ao viabilizar um maior
acesso e disseminação da informação.
Em decorrência dessa mudança, o fator ignorância como
condição de domínio foi sendo alterado, assim como a exclusão
informacional existente em grande escala. O quase monopólio do saber
deixou de ser patrimônio exclusivo dos nobres e religiosos para atingir
uma grande população. Assim, na medida em que aumentava o número
de autores também crescia o número de leitores face à maior
acessibilidade desse suporte (MILANESI, 2002).
Nesse contexto, o livro como fonte de registro e transmissão
do conhecimento adquiriu grande representatividade enquanto
elemento de preservação e difusão da cultura, popularizando-a.
Determinou novos paradigmas que marcaram a história do pensamento
humano. A circulação de idéias espalhou-se definitivamente, atingindo
um grande número de pessoas. O livro impresso foi considerado como
um instrumento de libertação do homem, por favorecer as classes
menos favorecidas o acesso ao conhecimento.
31. 31
A revolução tecnológica causada pela imprensa possibilitou
uma ampla difusão de materiais escritos. Essa revolução chega ao livro
aprimorando e agilizando a sua produção e disseminação e isso resultou
num aumento significativo do número de publicações, tanto dos livros
como dos periódicos, ocasionando uma “explosão da informação”. No
mesmo sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação -
NTIC’s possibilitaram novos suportes e novas formas de acesso a
informação, gerando a informação digital, como por exemplo, as
bibliotecas virtuais e os livros eletrônicos. Assim, os avanços
tecnológicos do século XX, favoreceram o surgimento de uma nova
revolução na Sociedade da Informação. Segundo Castells (2003, p.1),
estamos diante de um novo paradigma tecnológico: a
revolução tecnológica da informação, a revolução
informacional. A diferença dessa revolução para com as outras
é a sua matéria prima: o conhecimento.
Venturi (2002, p. 2) afirma que, “se vivemos hoje a Era do
Conhecimento é porque alçamo-nos em ombros de gigantes do
passado”. Nesse contexto, “a internet representa um poderoso agente
de transformação do nosso modus vivendi et operandi”, por representar
um grande instrumento de disseminação do conhecimento.
3.1.3 A Internet e o sistema de informação eletrônico
Nos últimos anos, as NTIC’s tem exercido um papel
transformador na sociedade moderna, contribuindo de forma
32. 32
significativa para o desenvolvimento de tecnologias como a informática,
que associada às telecomunicações, deu origem a uma das mais
revolucionárias invenções de nossa época, a Internet. A mesma vem
permitindo o rompimento de barreiras geográficas e a livre circulação
de informação e conhecimento.
Referindo-se as novas tecnologias da informação, Lévy (1993
apud Marcondes 2003, p.62, grifo do autor) as considera como uma
ferramenta que possibilita a geração de novas aprendizagens,
[...] da mesma forma que a invenção da escrita por volta de
3000 a.C. e da imprensa por Gutenberg, no século XV, são
tecnologias da inteligência, no sentido de se constituírem em
novas ferramentas cognitivas. Na medida que viabilizam novas
possibilidades cognitivas, possibilitam um salto qualitativo em
nossas possibilidades de raciocínio e apreensão de conhecimento.
Nessa perspectiva, destacamos a Internet como um veículo
que pode ser enquadrado no conceito de “tecnologia da inteligência” por
auxiliar na comunicação, na elaboração de nossos conhecimentos e na
estruturação de nosso pensamento (LÉVY, 1993), e também por
disponibilizar ao usuário uma quantidade infinita de informações,
oferecendo a liberdade de selecioná-la e usá-la, permitindo a geração
de novas possibilidades cognitivas.
Definimos a Internet como um conjunto de redes de
computadores interligadas que tem em comum um conjunto de
protocolos e serviços, de uma forma que os usuários conectados
possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance
33. 33
mundial. Assim, a compreendemos como um sistema de informação
que nos possibilita acesso imediato a uma vasta quantidade de
informações culturais, artísticas, científicas, em tempo real e de forma
direta, sem intermediários. É um meio de disseminação de informações
que abrange todo o planeta, muito embora não atinja todas as pessoas,
devido a diversos fatores sócio-econômicos-culturais.
Ao considerarmos a Internet enquanto sistema de informação
eletrônico estamos definindo sistema de informação como
“o espaço no qual se desenvolvem ações informacionais [...] mediados
por canais informacionais [...] e pela interação entre sujeitos,
articulando atitudes participativas, democráticas e criativas” (SILVA,
2003, p.19). Dito em outras palavras,
por sistema de informação compreendemos um conjunto de
unidades, formal ou informal, que objetivam um fim comum,
trabalhando a informação (geração, produção, recepção,
transmissão) para seu uso e disseminação (SILVA, 2003,
p.22).
Nesse sistema de informação, a Internet como suporte de
informação é uma ferramenta poderosa, que torna mais rápida e eficaz
a comunicação entre as pessoas, favorecendo uma maior disseminação
da informação e, portanto, geração de conhecimento. A mesma vem
proporcionar facilidades que extrapolam o conceito tradicional de
informação (o impresso), disponibilizando novos suportes
informacionais (o eletrônico).
34. 34
Por outro lado, devido à imensa quantidade de informações
disponíveis na Internet, muitas vezes ficamos perdidos sem saber onde
localizar determinada informação. Para facilitar essa busca, existem
sites especializados, em que o usuário digita a palavra ou conjunto de
palavras que está procurando e o mesmo recupera as páginas que
contemplem as palavras informadas. No entanto, ainda assim, ficamos
imersos em uma diversidade de sites e de informações. Acerca dessa
nova realidade, Milanesi (2002, p. 51) afirma que
não é mais o indivíduo que persegue a informação, mas as
informações que soterram o indivíduo quando ele ousa acionar
uma ferramenta de busca na internet.
A nosso ver, mesmo com a desordem da Internet, não
podemos negar que os sites de pesquisa têm despontado como um dos
principais serviços disponibilizados pela Internet, por favorecer o acesso
à informação e a disseminação do conhecimento.
Como podemos observar, a inserção das NTCI’s vem alterando
o processamento da informação, no que diz respeito ao seu
armazenamento, seleção, recuperação e disseminação. Tudo isso, vem
causando uma grande revolução pois, estas transformações criam
novas necessidades e alteram velhos e sólidos paradigmas. Dentre
essas mudanças, destacamos o surgimento de um novo sistema de
informação, que no contexto da Biblioteconomia desponta como uma
nova realidade de disseminação, acesso e uso da informação em rede.
Estamos nos referindo as bibliotecas virtuais, eletrônicas e digitais, que
35. 35
reúnem suportes não-convencionais e facilitam a disseminação da
informação em tempo real, de forma que uma mesma informação pode
ser acessada por vários usuários ao mesmo tempo. Diante desse
paradigma, observamos que
a convergência dos avanços na computação e nas tecnologias
de comunicação tem tido um impacto significativo na maneira
como os sistemas de informação estão sendo criados,
administrados e utilizados. As bibliotecas, especificamente,
estão incorporando novas políticas de desenvolvimento de suas
coleções e disponibilizando novos produtos e serviços de
informação na Internet (FERREIRA,2003, p.1).
Nessa perspectiva, as bibliotecas não tradicionais consistem
numa adaptação das bibliotecas atuais com a aplicação das novas
tecnologias de mercado, a fim de construir uma biblioteca atuante, em
que as informações impressas e digitais convivam juntas para um maior
fortalecimento dos acervos de modo que sejam disponibilizadas para
todos, formando a biblioteca do futuro, que segundo Cunha (1994, p.
187),
[...] é sem paredes, por possibilitar o acesso à distância a seus
catálogos, sem a necessidade de se estar fisicamente nela. É
eletrônica, pois seu acervo, catálogos e serviços são
desenvolvidos com suporte eletrônico. E é virtual, porque é
potencialmente capaz de materializar-se via ferramentas que a
moderna tecnologia da informação e de redes coloca à
disposição de seus organizadores e usuários.
Esses novos sistemas de informação eletrônica são
classificados, geralmente em 04 (quatro) categorias: biblioteca
eletrônica, digital, virtual e híbrida, vejamos cada uma delas.
36. 36
A primeira chama-se Biblioteca Eletrônica - BE, que
apresenta um sistema cujo processo básico da biblioteca é a eletrônica,
ou seja, ampla utilização de máquinas, principalmente,
microcomputadores, facilitando como cita Marchiori (1997, p. 123), "na
construção de índices on-line, na busca de textos completos e na
recuperação e armazenagem de registros”. A biblioteca eletrônica se
direcionará para ampliar o uso de computadores na armazenagem,
recuperação e disponibilidade da informação, podendo envolver-se em
projetos para a digitalização de livros. A construção dessas bibliotecas
foi acontecendo aos poucos, à medida que a evolução da tecnologia
disponibilizava novas ferramentas que podiam ser utilizadas para este
fim.
A segunda é a Biblioteca Digital - BD, que se diferencia das
demais por constituir-se de um acervo estritamente digital (discos
magnéticos e óticos). Dispõe de todos os recursos de uma biblioteca
eletrônica, oferecendo pesquisa e visualização dos documentos (texto
completo, vídeo etc.) tanto local como por meio de redes de
computadores.
De acordo com Ferreira (2003, p.2),
a maioria dos autores é unânime em afirmar que o que define
uma biblioteca como sendo digital é o fato de consistir em
várias bibliotecas e não em uma universal e suas tarefas
básicas serem as responsáveis por seu caráter transformador.
37. 37
Para Steele (1993, tradução nossa), a biblioteca digital é
claramente o paradigma da "sociedade da informação" e uma resposta
das bibliotecas ao fenômeno da explosão informacional.
Segundo Marchiori (1997, p. 123), a biblioteca digital
difere-se das demais porque a informação que ela contém
existe apenas na forma digital, podendo residir em meios
diferentes de armazenagem, como as memórias eletrônicas.
Desta forma, a biblioteca digital não contém livros na forma
convencional e a informação pode ser acessada, em locais
específicos e remotamente, por meio de redes de
computadores. A grande vantagem da informação digitalizada
é que ela pode ser compartilhada instantaneamente e
facilmente, com um custo relativamente baixo.
A terceira categoria é a Biblioteca Virtual – BV, também
chamada de biblioteca de realidade virtual ou “ciberteca”. Ela é
conceituada como um tipo de biblioteca que, para existir, depende da
tecnologia da realidade virtual, que criaria o ambiente de uma biblioteca
com salas, estantes etc (MARCHIORI, 1997).
A BV é a soma total de informações acessíveis disponíveis em
qualquer lugar e, portanto, podendo ser implantada também em
qualquer lugar - na biblioteca, nos centros de informação, nos centros
de documentação, no trabalho e em casa. Na verdade, o ponto chave
não é a tecnologia, mas o acesso à informação e o atendimento às
necessidades do usuário.
A quarta categoria de sistema de informação é a Biblioteca
Híbrida – BH, que caracteriza-se por agregar diferentes tecnologias,
38. 38
apresentando coleções impressas, digitais e acessos via rede eletrônica,
refletindo o estado atual das bibliotecas, que hoje não é completamente
digital, nem completamente impressa. Dessa forma, utiliza tecnologias
disponíveis para unir, em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos
(o impresso e o digital). O conceito de biblioteca híbrida tem sido
considerado o mais adequado para retratar a fase de transição pelas
quais as bibliotecas convencionais vêm passando (GARCEZ; RADOS,
2002).
Ao buscarmos compreender esses novos sistemas de
informação eletrônica, observamos que o ritmo acelerado da produção
do conhecimento e as transformações da sociedade exigiram que as
bibliotecas implantassem infra-estrutura compatível com a demanda
crescente, incorporando novos processos que proporcionassem o acesso
mais rápido à informação. Houve assim, uma redefinição das formas de
gerenciamento dos recursos materiais/humanos e também das
atividades a serem desempenhadas. Nesse contexto, a Biblioteca
Eletrônica, foco da nossa pesquisa, tem se destacado das demais por
apresentar características inerentes as virtuais e digitais.
Para Marchiori (1997, p. 123), biblioteca eletrônica
é o termo que se refere ao sistema no qual os processos
básicos da biblioteca são de natureza eletrônica, o que implica
ampla utilização de computadores e de suas facilidades na
construção de índices on-line, na busca de textos completos e
na recuperação e armazenagem de registros.
39. 39
Machado et.al. (1999, p. 217), afirma que “biblioteca
eletrônica é aquela que está totalmente automatizada, disponibilizando
os seus serviços aos usuários de forma on-line”. Complementando,
Cunha (1994, p. 187), refere-se à biblioteca eletrônica como “aquela
que o seu acervo, catálogo e serviços são desenvolvidos em suporte
eletrônico”.
Analisando os diversos termos que nomeiam a biblioteca
eletrônica, Cunha (1999, p.258) enfatiza que
a biblioteca digital é também conhecida como biblioteca
eletrônica (termo preferido dos britânicos), biblioteca virtual
(quando utiliza os recursos da realidade virtual), biblioteca sem
paredes e biblioteca conectada a uma rede.
Analisando os conceitos de Cunha (1994, 1999), Machado et al
(1999) e Marchiori (1997), convencionamos usar o termo “biblioteca
eletrônica” por acreditarmos que reúne características das demais
denominações, definindo-o como o novo conceito para a armazenagem
e disseminação da informação, que utiliza a forma eletrônica,
independente de sua localização física, geográfica ou temporal. Nessa
perspectiva conceitual, o processo de organização da informação na
biblioteca eletrônica se dá sob a forma digital, podendo ou não
transferir para uma cópia em papel. Nessa biblioteca, o documento é
uma fonte digitalizadora e o papel é um estado transitório (CUNHA,
1999).
40. 40
A partir desses conceitos, podemos observar que os autores
concordam que a biblioteca eletrônica caracteriza-se pelo uso do
computador para acessá-la e na disponibilidade de seu acervo na forma
eletrônica, podendo co-existir também na forma impressa. Trata-se,
pois, de bibliotecas eletrônicas, apesar de serem rotuladas
normalmente de bibliotecas virtuais. Neste sentido, Macedo e Modesto
(1999) assinalam que, nas bibliotecas eletrônicas, informação impressa
e digital coexistem, sendo a mesma uma réplica eletrônica da biblioteca
tradicional. Complementamos ainda que a biblioteca eletrônica
proporciona ao usuário um acesso muito mais amplo e ágil às
informações mundialmente disponíveis.
A biblioteca eletrônica possui características especiais, que são
destacadas por Cunha (1999, p.258) em seu artigo “Desafios na
construção de uma biblioteca digital”, conforme podemos observar a
seguir:
a) acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador
conectado a uma rede;
b) utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais
pessoas;
c) inclusão de produtos e serviços de uma biblioteca ou centro de
informação;
d) existência de coleções de documentos correntes onde se pode
acessar não-somente a referência bibliográfica, mas também o
seu texto completo. O percentual de documentos retrospectivos
tenderá a aumentar à medida que novos textos forem sendo
digitalizados pelos diversos projetos em andamento;
e) provisão de acesso em linha a outras fontes externas de
informação (bibliotecas, museus, bancos de dados, instituições
públicas e privadas);
f) utilização de maneira que a biblioteca local não necessite ser
proprietária do documento solicitado pelo usuário;
g) utilização de diversos suportes de registro da informação tais
como texto, som, imagem e números;
41. 41
h) existência de unidade de gerenciamento do conhecimento,
que inclui sistema inteligente ou especialista para ajudar na
recuperação de informação mais relevante.
Para melhor compreensão sobre a biblioteca eletrônica e suas
características, apresentamos a seguir o QUADRO 1 com as
características da biblioteca virtual destacadas por Diniz, Targino e
Ramalho (2003) que, do nosso ponto de vista, aplicam-se à biblioteca
eletrônica.
• Acesso somente através de redes eletrônicas de informação;
• Acesso a todo tipo de informação;
• Conjunção harmônica entre impressos e eletrônicos – possibilidade de conversão
de eletrônico para o impresso;
• Ênfase na liberdade intelectual – todos tem direito de publicar suas idéias;
• Manutenção de catálogos eletrônicos on-line;
• Possibilidade de maior fluxo de comunicação entre bibliotecários e entre as
demais categorias profissionais;
• Possibilidade ilimitada de navegação via links por diferentes bibliotecas,
instituições, textos, etc;
• Disseminação mais abrangente de informações;
• Utilização simultânea da mesma informação por múltiplos usuários;
• Aproveitamento de todas as potencialidades do espaço virtual;
• Uso de ferramentas que agilizam a recuperação de informações;
• Inexistência de intermediação no processo de acesso à informação;
• Acesso Global;
• Maximização dos processos de produção e atualização dos estoques de
informação;
• Aperfeiçoamento no planejamento e gerenciamento dos recursos informacionais.
QUADRO 1- Principais Características da Biblioteca Virtual
Fonte: Diniz citado por Diniz, Targino, Ramalho (2003, p. 11)
O QUADRO 1 demonstra de forma clara a utilização de
artefatos eletrônicos na armazenagem, recuperação e disponibilização
da informação, acentuando a idéia de uma biblioteca eletrônica.
Todas essas mudanças ocorridas no sistema de informação, ou
seja, nas bibliotecas, são decorrentes da inclusão das NTIC’s, onde
42. 42
vemos as tradicionais unidades de informação passarem por uma nova
configuração, resultando em um novo modo de tratamento e
armazenamento da informação. O QUADRO 2 demonstra de forma
sucinta essas mudanças, visualizadas acentuadamente nas principais
atividades de uma biblioteca.
Atividades Biblioteca Tradicional Biblioteca Eletrônica
• Administração de - seleção do material para - seleção do material
coleções adicionar na biblioteca apropriado para a conversão
- arquivamento eletrônica e para adição na
- manutenção do acervo biblioteca
- encadernação e - controle da versão das
preservação bases de dados
- manutenção do sistema
• Aquisição - solicitação do material - solicitação eletrônica do
- acompanhamento da material
distribuição - conversão do material
- aprovação dos existente para a forma
pagamentos eletrônica
- administração do copyright
- transferência eletrônica de
fundos
• Catalogação - indexação manual - indexação automática
• Empréstimo - reserva - provisão temporária de
- circulação cópias (expiração eletrônica)
- cobrança - fornecimento de cópias
- SDI gratuitas
- distribuição automática
- troca de material entre
bibliotecas conectadas
- interface para os serviços
tradicionais de bibliotecas
• Serviços aos usuários - assistência para - metabiblioteca (diretório
localização e recuperação de recursos)
do material - ajuda on-line
- perfil do usuário - perfis de usuários on-line
- cursos para instrução do
uso da biblioteca
QUADRO 2 - Características da biblioteca tradicional e da biblioteca eletrônica
Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) citado por Rosetto (1997, p. 57)
43. 43
Analisando o quadro acima, visualizamos que as novas
tecnologias foram, paulatinamente, incorporadas às atividades da
biblioteca, provocando mudanças internas e na maneira de prover
produtos e serviços aos usuários. Nos últimos anos, a mudança
tecnológica tem sido cada vez maior num espaço temporal cada vez
menor, fazendo com que a realidade das bibliotecas brasileiras
necessitem de uma interação entre o tradicional, o digital, o virtual e o
eletrônico. Assim, as mesmas ficarão fortalecidas nesse novo contexto
da Sociedade da Informação e do Conhecimento, dispondo informações
em todos os campos, em suportes tradicionais e virtuais, onde quer que
ela esteja, para todas as pessoas, em qualquer local e a qualquer
tempo. A esse respeito, segundo Milanesi (2002, p. 51),
com a Internet, muitas barreiras que se antepunham ao
conhecimento ruíram – ainda que se levantassem outras. Ela
possibilita, na prática, mesmo com obstáculos a serem
superados, o acesso ao conhecimento de forma menos onerosa
e mais ampla.
Nesse contexto, encontramos inseridas as bibliotecas virtuais,
eletrônicas, digitais e híbridas, com sua multiplicidade de acervos em
formatos distintos dos tradicionais, entre eles: o formato pdf e html,
cada vez mais dominado pelos usuários/internautas, o que nos faz
concordar com Mandel (2003, p.3) ao afirmar que “à medida que a
informação vai se tornando digital, o usuário vai também adquirindo
destreza no seu uso e preferência pelo meio”.
44. 44
3.1.4 A informação digital e o e-book
A Sociedade da Informação e o campo da Informática estão
em constante evolução, e é nesse contexto de transformações, da
chamada “era da informação automática” (SANTOS, 2003b), que surge
um novo paradigma quanto à forma de registrar e disseminar a
informação: o livro eletrônico (e-book), juntamente com a polêmica
sobre o fim do livro.
Entre a cultura do manuscrito e a do texto impresso, o livro
passou por diversas transformações, mas em toda sua história nada é
comparado a revolução dos e-books. O que o diferencia de um livro é
que, ao invés de ser impresso, ele é disponibilizado em formato digital,
vendido, baixado ou recebido via e-mail. Acreditamos que talvez não
haja nenhuma ruptura e que talvez tudo isto seja apenas a continuidade
natural que deveria existir na evolução entre o texto manuscrito,
impresso até o eletrônico. Porém, não podemos deixar de observar que
há algum tempo, o livro vinha sofrendo interferências no modo
de ser e de se mostrar ao leitor. Muito de sua mudança física
já vinha se configurando com o avanço das tecnologias de
impressão e diagramação de páginas. Hoje, vemos o livro
mudar de suporte ou mídia, e transformar-se em um novo
corpo (SANTOS, 2003b, p. 2).
Passamos um século na era Gutenberg com o desenvolvimento
da imprensa e o uso do livro impresso. Hoje, as mudanças com a
influência da Internet, da World Wide Web – www e das tecnologias
existentes, permitem o estabelecimento de um novo padrão para a
45. 45
apresentação do livro. Chegamos aos e-books, que simplesmente estão
transformando o modo de ler os livros no mundo. É o texto eletrônico
dando forma nova às histórias, com imagens, sons e viagens paralelas,
fazendo surgir a multimídia, ou seja, uma junção de várias mídias. Isto,
segundo Santos (2003b), possibilitou um avanço extraordinário no
mundo da comunicação e do entretenimento.
O termo e-book (Electronic Book) está sendo utilizado para
nomear o livro em formato eletrônico, podendo ser baixado via Internet
(por meio de download) e para o aparelho que permite a sua leitura
fora do computador, possibilitando uma maneira mais simples de
compor e disponibilizar um livro para o leitor. Na tentativa de encontrar
uma definição para o e-book Landoni (1993 apud Rosetto, 1997)
apresenta, resumidamente, em forma de tabela, algumas análises
conceituais advindas de grupos de estudo sobre o livro eletrônico, como
podemos observar no QUADRO 3, a seguir:
46. 46
Tipos de projetos em Critérios usados na elaboração do livro
andamento eletrônico
1° Grupo de Estudos . meio pelo qual é publicado
(Taxonomia de Baker & . funções de performance
Collins) . tipo de informação e serviços oferecidos
. livros de referência
. livros de textos
2° Grupo de Estudos . preservação da estrutura lógica (capítulos, seções,
(Projetos: Dynatext e etc.) e física do livro
Superbook) . fornecimento de texto completo indexado, linkados
e navegação por tabelas de conteúdo
3° Grupo de Estudos . utilização dos aspectos físicos e lógicos do livro
(Projetos: Benet & Duric; . apresentação de vários livros, como estivessem em
Burril & Ogden - "VORTEXT") estantes de biblioteca (biblioteca eletrônica)
. exemplos oriundos dessas pesquisas são Grolier
Encyclopedia, Compton's Multimedia Enc. etc.
4° Grupo de Estudos . utilização dos aspectos citados no 3° Grupo
(Projetos: Landoni & . propiciar a consulta ao livro, da mesma forma do
Catenazzi) impresso
. desenvolver dois tipos de livros eletrônicos:
. conversão de textos eletrônicos já existentes em
livro eletrônico (Hyper-Book)
. conversão de livros em papel para versão eletrônica
(Visual-Book)
QUADRO 3 - Livro Eletrônico - grupos de estudos em andamento
Fonte: Landoni; Catenazzi (1993) apud Rosetto (1997, p.56)
Refletindo acerca desses critérios que caracterizam o livro
eletrônico, o concebemos como um recurso informacional que usa
tecnologia moderna para registrar e permitir o acesso e o uso da
informação. Portanto, o caracterizamos como aquele que preserva a
estrutura lógica e física do livro, fornecendo um texto completo e
propiciando a sua consulta, havendo a possibilidade de conversão da
versão eletrônica em papel e vice-versa. Entendemos por e-book não só
os livros eletrônicos, que usam tecnologia de ponta e são lidos em
minicomputadores portáteis, mas também os arquivos de livros que
podem ser acessados pela Internet, disponíveis em sites de Bibliotecas
47. 47
Eletrônicas, livrarias e lojas virtuais. Assim e-books são “[...] arquivos
que chegam ao consumidor pela própria rede, por meio de download”
(UEHARO, 2001).
Os livros eletrônicos, embora fossem experimentados desde a
criação dos computadores, uma vez que alguns autores chegaram a
lançar disquetes-livros, utilizando como ferramenta de leitura o bloco de
notas, estes só tiveram seu “boom” a partir do ano de 2000, com o
lançamento de “Riding the Bullet” de Stephen King, considerado o
grande pioneiro do e-book e um dos autores mais conhecidos no mundo
da literatura de suspense.
A história de 66 páginas de King sobre um homem que pega
uma carona com um fantasma foi lançada exclusivamente pela Internet
e distribuída pelos sites “Amazon” (cobrava U$ 2,50) e “Barnes&Noble”
(enviava gratuitamente aos seus visitantes). O resultado foi um
congestionamento que tirou as páginas do ar. Estima-se que milhões de
leitores em todo o mundo tenham tido contato com a obra (OLIVEIRA,
2003).
No Brasil o fenômeno chegou ainda em 2000, ano que foi
lançado no site “Submarino” o livro “Miséria e grandeza do amor de
Benedita” de João Ubaldo Ribeiro, sendo vendido nas três primeiras
semanas quatro mil cópias. Outra experiência, no mesmo ano, foi de
Mário Prata, pago pelo portal “Terra” para escrever e publicar no site o
48. 48
livro “Anjos de Badaró”, cujos capítulos eram publicados na medida em
que eram escritos.
Ainda em 2000 começaram a surgir as principais editoras
virtuais (e-editora) da Net brasileira, interessadas em capitalizar o
crescente interesse pelos e-books. Sem grande capital para pagar
escritores famosos, esses sites investiram primeiramente em obras
clássicas, cujos direitos autorais já haviam expirado, passando a
investir em novos autores num segundo momento.
Com relação à sua estrutura, para melhor compreensão,
dividiremos o e-book em duas partes: o reader/leitor, aplicativo que
auxilia na leitura do livro na tela e o dispositivo de leitura, recipiente ou
suporte dos livros, vejamos:
a) Reader
O Reader, de acordo com Santos (2003c), é um software ou
aplicativo desenvolvido para auxiliar na leitura de livros nas telas de
computadores de mesa, computadores portáteis ou de bolso, ou de
dispositivos dedicados1. Precisa ser instalado no computador para que
a leitura do e-book seja possível logo após o seu download. Entre os
principais Readers estão: o Adobe Acrobat eBook Reader, o MS Reader,
o eRocket, o MobiPocket Reader, o PeanutPress Reader etc.
1
Aparelho semelhante a um livro.
49. 49
O aplicativo Reader traz todas as facilidades dos navegadores
da Internet e algumas ferramentas mais específicas para livros
eletrônicos. Estas são mecanismos que tornam a leitura mais eficiente e
prazerosa. Dentre as vantagens decorrentes do uso do reader, Santos
(2003d) destaca:
• Possibilidade de criação de biblioteca pessoal;
• Acesso às livrarias e bibliotecas virtuais, com a
possibilidade de aquisição de obras gratuitas;
• Marcadores de página e busca rápida dessas marcações;
• Compatibilidade com níveis de segurança [encripturação]
exigido pelos detentores de conteúdo;
• Busca por palavras e frases nos textos;
• Alteração de fonte, para melhor leitura;
• Ferramenta para sublinhar trechos;
• Dicionário relacionado;
• Adicionadores de notas.
De acordo com Santos (2003d), os melhores readers, são
aqueles que permitem a leitura de arquivos de livros eletrônicos
baseados em formatos padrões compatíveis como HTML ou XML, ou
seja, em formatos baseados em especificações abertas. A esse fator,
acrescentamos que para o reader ser considerado bom é preciso que
ele seja passível de instalação nos aparelhos mais utilizados pelo
usuário, como: desktop, notebook, laptop, pocket pc's e palm.
50. 50
Pelos motivos supracitados, optamos por delimitar nosso
estudo acerca dos e-books com o formato HTML e XML, dentre os quais
destacamos três aplicativos para leitura: o Adobe Acrobat eBook
Reader, o MS Reader e o eRocket. Os mesmos foram instalados em
nosso computador para melhor conhecimento. Assim, mais adiante,
quando destacamos alguns e-books localizados na WWW, apresentamos
aqueles que possam ser lidos nesses softwares.
Para melhor compreensão do Adobe Acrobat eBook Reader, do
MS Reader e do eRocket, vejamos o que significa e o que possibilita
cada um deles:
Adobe Acrobat eBook Reader
O Adobe Acrobat eBook Reader é um aplicativo desenvolvido
pela empresa americana Adobe Systems, utilizado para leitura de
arquivos digitais no formato PDF (Portable Document Format,
traduzindo, "arquivo em formato portátil"). Tecnicamente, PDF é uma
tecnologia universal, e portanto independente de plataforma. Trata-se
de um formato baseado em arquivos de linguagem postscript.
Os livros eletrônicos no formato PDF são muito semelhantes ou
muito próximos a um livro de papel em termos de diagramação. Esse
software é disponibilizado gratuitamente na Web e permite a leitura de
arquivos de livros eletrônicos nos formatos: HTML e derivados e PDF.
51. 51
Segundo Santos (2003c), trata-se do melhor leitor de livro
eletrônico disponível, e o que tem a apresentação e os recursos mais
recomendáveis para a leitura, tais como: marcador de texto, sistema de
notas, impressão do arquivo, marcador de páginas, lupa, que permite
aproximar a tela e visualização de páginas duplas. Além de ser um dos
poucos que permite, de forma segura, o sistema de criptografia e a
leitura de qualquer documento em PDF estando encriptados ou não.
Além disso, apresenta um sistema de livraria pessoal que permite
guardar e organizar e-books numa biblioteca virtual.
O Acrobat eBook Reader "roda" nos seguintes hardwares e
sistemas: Palm OS, Windows CE, Pocket PC, Desktop [PC, MAC, Linux]
etc. Vejamos a seguir uma ilustração desse software:
FIGURA 1 - Biblioteca Digital Pessoal no Acrobat
eBook Reader
Fonte: Santos (2003c)
52. 52
MS Reader
O MS Reader foi desenvolvido pela empresa americana
Microsoft Corp. Esse software é disponibilizado gratuitamente na Web e
permite a leitura de arquivos de livros eletrônicos no formato *.LIT2,
baseado em HTML, XHTML, XML e OPF. Traz junto do software um
programa que pretende fazer com que a leitura de fontes na tela, seja
ela qual for, se torne mais prazerosa. Trata-se de uma tecnologia
chamada ClearTypeTM que tenta fazer com que os olhos do leitor não se
cansem após horas de leitura.
O MS Reader "roda" nos seguintes hardwares e sistemas:
MyFriend3, Windows CE, Pocket PC, Desktop (Windows 95, 98, 2000,
XP, Me). Vejamos abaixo uma ilustração desse software:
Figura 2 - Biblioteca Digital Pessoal no MS Reader
Fonte: Santos (2003c)
2
LIT é a contração de literatura.
3
Dispositivo portátil fabricado na Itália.
53. 53
eRocket
O eRocket é um programa, desenvolvido pela empresa norte-
americana Nuvomedia, disponibilizado gratuitamente na Web para
download. Esse software simula o Rocket eBook (dispositivo dedicado a
leitura) na tela do computador, proporcionado a leitura de livros em
formato digital e permitindo a exibição de arquivos de livros eletrônicos
no formato RB (Rocket eBook). O eRocket “roda” nos seguintes
hardwares e sistemas: PC IBM-compatível, 486 ou mais alto, com o
Windows 95, 98 ou NT 4.0 e no Macintosh (Powerpc 601 ou mais alto),
com o Mac OS 8.5 ou mais alto (EBOOKSBRASIL, 2003).
Quando o eRocket é instalado, a sua tela apresenta 4 (quatro)
ícones que são ativados ao clique do mouse. O Rocket eBook real possui
uma tela sensível, onde os ícones são ativados ao serem tocados. Os
ícones e suas funcionalidades são as seguintes:
· Ícone Bookshelf (estante) - acessa uma lista de
características que se aplicam ao conteúdo existente no e-book e seus
ajustes.
· Ícone Book (livro) - apresenta tarefas que podem ser
realizadas enquanto lê-se um e-book específico, tais como, fazer
54. 54
anotações, colocar marcadores, sublinhar o texto que está sendo lido,
procurar um texto específico ou consultar palavras no dicionário.
· Ícone de Orientação da Página (Girar) - permite que seja
mudada a orientação da página do ponto de vista da área de leitura,
usando quatro setas direcionais.
· Ícone de Atalho (Rocket) - estabelece um atalho para uma
das opções disponíveis nos menus Bookshelf ou Book, ou para Voltar
Página (página anterior) ou Seguir Página (página seguinte).
Vejamos uma ilustração desse software:
Figura 3 - eRocket
Fonte: EbooksBrasil (2003)
b) Dispositivo de leitura
Quanto ao dispositivo de leitura, os readers poderão ser
instalados a escolha do leitor nos computadores de mesa (desktop),
55. 55
computadores portáteis (laptops, notebooks) e também nos
computadores de bolso (Pocket PCs, HandHelds ou Palm Tops).
Os livros eletrônicos poderão ser lidos também em
equipamentos desenvolvidos especialmente para leitura. São os
conhecidos Reading Devices ou eBooks Devices, aparelhos portáteis do
tamanho e peso de um livro normal de papel. Os Readers já vem
instalados de fábrica nestes aparelhos. Abaixo listamos os mais
significativos dispositivos portáteis.
Rocket eBook Pro
Dispositivo pioneiro desenvolvido pela Nuvomedia.
Compatível com PCs e MACs. Características: base
giratória (orientação), dicionário relacionado, notas de
margens, bateria duradoura (de 20 a 40 horas), busca
por palavras e frases nos textos, alteração de fonte para
melhor leitura e grande capacidade de armazenamento.
SoftBook Reader
Desenvolvido pela SoftBook Press. Características:
display LCD color, modem embutido (33.6kbps), 8 MB de
memória, capacidade para 50.000 páginas, bateria de 5
horas, compatível com EeB e HTML.
REB 1100
Sucessor do Rocket eBook. Novo design pela empresa
RCA. Características: Modem embutido (33.6Kbps),
display (LCD) monocromático, dimensões 5”x7”x1.5”,
resolução 320x480 pixel, 8.000 páginas, USB, habilitado
para reproduzir MP3, bateria carregável e duração de 30
horas em média.
QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Continua)
56. 56
Myfriend
E-book italiano. Desenhado pela IPM-NET.
Características: Especial com MS Reader, alta resolução,
conexão com a Internet, resolução 640x960, touch
Screen Color.
REB 1200
Sucessor do SoftBook. Novo design pela empresa RCA.
Características: Display de alta-resolução 480x640 pixel,
dimensões 7”x9”x1.2”, modem embutido (56Kbps),
bateria carregável, duração de 8 horas em média.
CyBOOK
EBook francês, desenhado pela empresa Cytale.
Características: permite acesso à internet, Touch Screen
Color, display 600x800 pixel (LCD), 16 MB de RAM, 30
livros médios (500 páginas), roda em Windows CE.
QUADRO 4 - Dispositivos portáteis mais significativos (Conclusão)
Fonte: Santos (2003e).
Estes dispositivos portáteis são máquinas leves, com
dimensões de um livro comum, que podem ser transportados para
qualquer lugar. Há modelos que permitem ainda, que o leitor faça
"anotações" com o dedo ou com uma caneta especial, como se fosse
num livro de papel. A tela de cristal líquido (Liquid Crystal Display –
LCD) é retro - iluminada, o que assegura um bom contraste entre o
texto e o fundo da tela, ou seja, uma tentativa de proporcionar conforto
ao leitor. Isso permite que possa ser lido no escuro. É possível ainda
melhorar a visão, mudando a orientação do texto e o tamanho das
letras, avançar ou regredir no texto e fazer uma busca no texto
integral, para saber em que parte está uma determinada palavra ou
57. 57
frase. A idéia é realmente a de imitar o livro e dar algum conforto a
mais ao leitor. Mas o aparelho leitor de livros eletrônicos deixa um
pouco a desejar; é inegável que o livro têm uma certa magia.
Além das características imprescindíveis dos Readers, os eBook
Devices trazem outras características:
• Capacidade de grande armazenamento;
• Tela de LCD touchscreeen (sensível a toque);
• Luminosidade ajustável;
• Baterias duradouras;
• Base giratória;
• Peso mínimo para garantir portabilidade;
• Possibilidade de expansão da memória.
Diante dessas mudanças não podemos deixar de observar que
a revolução dos livros eletrônicos será também a revolução da leitura,
haja visto que, ler sobre uma tela não é ler um códex. Essa nova forma
de suporte permite novas possibilidades de compreensão. Segundo
Chartier (1994, p. 100), “a representação eletrônica dos textos modifica
totalmente a sua condição: ela substitui a materialidade do livro pela
imaterialidade de textos sem lugar específico”.
Os livros virtuais certamente não alcançaram o seu ponto mais
importante de desenvolvimento. Da mesma forma que o livro passou
por várias alterações (códice, papiro, pergaminho) até chegar à sua
58. 58
forma atual, os e-books parecem estar em evolução. Várias inovações
tecnológicas, como a popularização de aparelhos portáteis e a
fabricação de telas que tornam menos cansativa a leitura podem ajudar
nesse processo.
É difícil prever exatamente o que resultará dessa (r)evolução,
mas certamente os e-books terão lugar garantido na história; e isso não
na qualidade de substituto dos livros convencionais. Ao conhecer esses
softwares, independente das peculiaridades de cada um, o
usuário/leitor, ao utilizá-los, vai perceber que são tecnologias diferentes
e com propósitos distintos, sendo que ele é quem pode decidir qual
deverá ser o formato de livro que deverá predominar (SANTOS, 2003f).
3.2 BIBLIOTECA ELETRÔNICA E BIBLIOTECÁRIO: NOVAS
NECESSIDADES E PAPÉIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
A definição da função do bibliotecário sempre esteve vinculada
a biblioteca em sua forma ‘‘física’’. Tinham sua imagem associada aos
edifícios de bibliotecas, servindo a sociedade apenas para adquirir,
organizar, e preservar coleções. Atuavam como “guardiões de papéis”
ou ainda “guardiões da memória documental”, sem perspectivas
profissionais e sem reconhecimento pela sociedade. Com a explosão
informacional na década de 80, juntamente com o advento da Internet,
na década de 90, esse profissional começou a se preocupar com o
futuro de sua profissão. No tocante a necessidade de acompanhar o
59. 59
crescimento informacional, assim como atender satisfatoriamente aos
usuários, as NTIC’s surgiram como um grande auxílio nas atividades
bibliotecárias, favorecendo mudanças na função e no perfil desse
profissional na Sociedade da Informação.
As transformações decorrentes da inserção das NTIC’s têm
favorecido ao bibliotecário, fornecendo condições para o aprimoramento
dos seus conhecimentos com rapidez e eficácia, ao mesmo tempo em
que os auxilia na execução de suas atividades profissionais. Agora o seu
trabalho não é mais restrito aos limites físicos de uma biblioteca ou de
uma coleção, pois o uso difundido da tecnologia a serviço da informação
tem ultrapassado as barreiras físicas e institucionais.
As novas tecnologias têm permitido a valorização do
profissional bibliotecário, no entanto, tem exigido do mesmo um perfil
que atenda as necessidades advindas da Sociedade da Informação.
Assim, ele precisa empenhar-se em agregar valor à informação e não
apenas em organizar para preservar, mas organizar para facilitar seu
acesso e uso, disseminando-a. Nesse sentido, o papel do bibliotecário
da SI será o de gateway (guia) ou gatekkeper (orientador) do usuário,
uma vez que será o interprete dos meios e das formas de acesso à
informação e aos portais do conhecimento, organizando, refinando,
pesquisando a informação desejada através dos novos recursos
tecnológicos tornando-se o elo entre informação-usuário-tecnologia.
Além disso, ressaltamos que
60. 60
os bibliotecários, profissionais que privilegiam a informação no
seu fazer cotidiano, têm um papel importante a cumprir na
sociedade do conhecimento. Incutir a consciência da
importância deste papel juntamente com princípios como ética,
solidariedade humana, capacidade crítica e de questionamento
pode fazer o diferencial necessário na construção de uma
sociedade mais justa e equilibrada (SILVA; CUNHA, 2002, p.
81).
Na Sociedade da Informação, as bibliotecas como instituições
sociais, assim como os bibliotecários em seu papel social, devem atuar
como agentes democratizadores do uso da Internet e de seus recursos,
com criatividade e qualidade, potencializando e multiplicando o acesso a
informação com precisão e eqüidade, evitando o crescimento da
exclusão digital e facilitando o uso da informação a um número maior
de pessoas. Esse profissional criativo, segundo Amaral (1995, p.225),
[...] conseguirá adaptar-se às novas demandas informacionais
dos usuários e do mercado de trabalho, pois, no futuro, o único
elemento não disponível por meio de computadores, por mais
inteligente que esses venham a ser, será a criatividade,
essencial para a sobrevivência do profissional da informação.
Nesse sentido, acreditamos que a criatividade, o interesse e a
participação nas mudanças políticas e sociais levarão o bibliotecário a
despertar o seu usuário para a importância, o acesso e o uso da
informação no contexto da Sociedade da Informação – atual e futura –
através de recursos tecnológicos cada vez mais modernos e
complementares ao desenvolvimento das atividades bibliotecárias.
Diante dessas considerações, destacamos que as NTIC’s e a
atuação do bibliotecário na Web têm permitido o rompimento de
barreiras geográficas e a livre circulação da informação e do
61. 61
conhecimento. Por outro lado, por ser o Brasil um país subdesenvolvido
onde as questões básicas como alimentação, saúde, moradia e
educação ainda não foram sanadas, estamos distantes de incluir todos
nesse mundo tecnológico e informacional uma vez que, grande parte da
população não conhece ou não sabe manusear as ferramentas
tecnológicas. Assim sendo, verificamos que mesmo num cenário de
avanços e mudanças através dos meios eletrônicos, da Internet e de
outros suportes, a presença do bibliotecário e dos sistemas de
informação (biblioteca) serão fundamentais para a democratização da
informação, facilitando seu acesso, uso e geração de novas
informações.
Todavia as mudanças que caracterizam a pós-modernidade
exigirão um profissional com novas habilidades e novo perfil,
considerando as seguintes características:
a) dedicar-se menos aos processos técnicos e mais ao usuário;
b) adotar estratégias de marketing no seu trabalho;
c) desenvolver ‘visão econômica’;
d) trabalhar com grupos interdisciplinares;
e) saber manipular as novas tecnologias;
f) atuar na gerência da informação.
Além disso, a intuição, a criatividade e a flexibilidade, seriam
qualidades essenciais (DIAS, 1995, p.199).
3.3 INFORMAÇÃO IMPRESSA X INFORMAÇÃO DIGITAL: REALIDADES
ANTAGÔNICAS OU SINCRÔNICAS?
A informação impressa, com destaque para o livro é um dos
maiores bens que a humanidade já conquistou. Por meio dela as
62. 62
pessoas absorvem conhecimento e com isso podem transformar suas
vidas, caracterizando-a num papel social de extrema relevância. O
livro, por sua vez, acompanha o homem tanto como objeto de uma
leitura coletiva, ritualizada nas sociedades patriarcais, quanto como
participante da intimidade de um leitor em diálogo silencioso com as
próprias inquietações. No entanto, vivemos atualmente na era da
informatização, onde quase todas as funções e atividades humanas
acabam sendo incorporadas ao computador. Sendo assim, é provável
que a informação impressa, assim como o livro tenham de se adaptar a
esse contexto e satisfazerem suas decorrentes necessidades. A princípio
parece assustadora, e até mesmo absurda, a idéia de que o livro, tal
qual o conhecemos, seja extinto, principalmente porque ele ainda faz
parte da nossa cultura, do nosso cotidiano, sendo impensável a sua
total substituição pela informação digital e, portanto, pelo livro digital.
A questão polêmica causada pela possibilidade do fim do livro
pode bem ser o resultado de uma percepção equivocada do significado
histórico do livro enquanto tecnologia adaptável e resistente a
mudanças, inclusive às gigantescas mudanças motivadas pela presença
do computador. A possibilidade do fim do livro é traumática porque ele
não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples
objeto de consumo. É antes um objeto simbólico e uma instituição ao
qual a cultura pós-Gutenberg confiou a tarefa de armazenar e fazer
circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante.
63. 63
O sociólogo canadense Marshall McLuhan (1977) profetizou
que a era do livro havia terminado. No entanto, para anunciar ao
mundo que o livro tinha chegado ao fim, ele escreveu “A Galáxia de
Gutenberg”, cuja primeira edição foi publicada em 1962, revelando seu
encantamento com a nova era, a da comunicação audiovisual. Estranho
é o fato de que, o autor precisou de um livro para defender o fim do
mesmo. Dessa forma, acreditamos que isso já seria o suficiente para
negar sua tese. Ao contrário do que ele previa, as novas tecnologias
audiovisuais vêm proporcionando um renascimento permanente do livro
e inegáveis reforços à palavra escrita. A Internet é hoje um grande
exemplo de novos caminhos abertos na Galáxia Gutenberg. O leitor já
não depende exclusivamente das livrarias, pois a Internet abriu-lhe
novo caminho: a conexão com editoras e livrarias e o compartilhamento
através das bibliotecas eletrônicas, desempenhando o papel de
democratizadores da informação.
A Internet também tem contribuído na educação escolar, pois
o acesso à rede proporciona a professores, alunos e comunidade o
acesso e a partilha de jornais, revistas e visitas a livrarias. Tal
modernidade é de importância decisiva na democratização do saber.
Portanto, o mundo eletrônico da Internet não substitui a biblioteca, não
dispensa o livro, antes estimula a busca por informação, livros e
leituras.