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TUDO SOBRE O EBOLA
Prof. Paulo Roberto
Biologia Diversa
No verão de 1976 uma misteriosa epidemia atacou de repente duas cidades da África
central, matando a maioria de suas vítimas. Médicos e pesquisadores suspeitaram que o
vírus mortal chamado Marburg fosse o culpado.
Mas o que eles viram em imagens de microscópio foi um agente patogênico
totalmente novo, que seria batizado com o nome do rio Ebola situado nas proximidades do
surto epidêmico.
Assim como a febre amarela ou dengue, a doença causada pelo vírus Ebola é um tipo
grave de febre hemorrágica. Ela começa atacando as células do sistema imunológico e
neutralizando suas respostas, permitindo que o vírus prolifere.
Os sintomas iniciais como febre, dor e inflamação na garganta, aparecem de dois a
vinte dias após a infecção. Tais sintomas se assemelham aos de uma gripe comum, mas
rapidamente evoluem para vômitos, erupções cutâneas e diarréia aguda. E com a
propagação, ele invade os nódulos linfáticos e órgãos vitais, tais como rins e fígado,
levando-os a parar de funcionar. Mas o vírus em si não é o que mata as vítimas do Ebola.
Em vez disso, a morte de células provoca uma sobrecarga do sistema imunológico,
conhecida como tempestade de citocinas. As citocinas correspondem a um grupo de
proteínas que ativam a inflamação, promovendo, dentre outras coisas, a vasodilatação e o
aumento da permeabilidade vascular. O aumento demasiado de citocinas causa danos aos
vasos sanguíneos, favorecendo a ocorrência de hemorragias internas e externas.
A perda excessiva de líquido e as complicações resultantes podem ser fatais dentro
de 6 a 16 dias após os primeiros sintomas, mas cuidados apropriados e terapia de
reidratação podem reduzir significativamente as taxas de mortalidade nos doentes.
Felizmente, mesmo o Ebola sendo altamente virulento, diversos fatores limitam o seu
contágio. Ao contrário de vírus que proliferam através de pequenas partículas pelo ar, o
Ebola só se mantém ativo ou cristalizado (inerte) em fluídos corporais, como a saliva,
sangue, muco (catarro), vômito ou fezes. Para se dispersar os fluídos corporais devem ser
transmitidos do corpo e uma pessoa infectada para outra, através de locais como os olhos,
boca ou nariz. E como a gravidade da doença aumenta diretamente com a carga viral no
organismo, até mesmo uma pessoa infectada provavelmente não será contagiosa até que
comece a mostrar os sintomas.
Embora tenha sido mostrado que o Ebola sobrevive em superfícies por várias horas e
que a transmissão por espirros ou tosse é teoricamente possível, praticamente todos os
casos de contágio conhecidos foram através do contato direto com os indivíduos em
estágio avançado da doença, com o maior risco repousando sobre os profissionais de saúde
e amigos ou parentes das vítimas.
É por isso que, apesar de seus efeitos terríveis, o Ebola tem sido em geral bem menos
mortal que infecções mais comuns, como sarampo, malária e gripe. Depois que o surto é
controlado, o vírus deixa de existir na população humana até que o próximo surto comece.
Mesmo sendo uma coisa boa, isso torna o vírus Ebola difícil de ser estudado. Os cientistas
acreditam que os morcegos frugívoros sejam os portadores naturais, mas não se sabe como
ele é transmitido aos seres humanos. Além disso, muitos dos países onde ocorrem os surtos
de Ebola sofrem de má infraestrutura e saneamento, o que permite que a doença se
espalhe.
E a pobreza dessas regiões, combinada com a quantidade relativamente baixa de
casos, gera pouco incentivo econômico para as empresas farmacêuticas investirem em
pesquisas. Mesmo alguns medicamentos experimentais sendo promissores, e com
governos financiando o desenvolvimento de uma vacina, até 2014, as únicas soluções
eficazes e difundidas para um surto de Ebola permanece sendo o isolamento, o
saneamento básico, e a educação das pessoas.
BIOLOGIA DIVERSA, 2015.
PROF. PAULO ROBERTO
www.BIOLOGIADIVERSA.blogspot.com
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  • 1. TUDO SOBRE O EBOLA Prof. Paulo Roberto Biologia Diversa No verão de 1976 uma misteriosa epidemia atacou de repente duas cidades da África central, matando a maioria de suas vítimas. Médicos e pesquisadores suspeitaram que o vírus mortal chamado Marburg fosse o culpado. Mas o que eles viram em imagens de microscópio foi um agente patogênico totalmente novo, que seria batizado com o nome do rio Ebola situado nas proximidades do surto epidêmico.
  • 2. Assim como a febre amarela ou dengue, a doença causada pelo vírus Ebola é um tipo grave de febre hemorrágica. Ela começa atacando as células do sistema imunológico e neutralizando suas respostas, permitindo que o vírus prolifere. Os sintomas iniciais como febre, dor e inflamação na garganta, aparecem de dois a vinte dias após a infecção. Tais sintomas se assemelham aos de uma gripe comum, mas rapidamente evoluem para vômitos, erupções cutâneas e diarréia aguda. E com a propagação, ele invade os nódulos linfáticos e órgãos vitais, tais como rins e fígado, levando-os a parar de funcionar. Mas o vírus em si não é o que mata as vítimas do Ebola. Em vez disso, a morte de células provoca uma sobrecarga do sistema imunológico, conhecida como tempestade de citocinas. As citocinas correspondem a um grupo de proteínas que ativam a inflamação, promovendo, dentre outras coisas, a vasodilatação e o
  • 3. aumento da permeabilidade vascular. O aumento demasiado de citocinas causa danos aos vasos sanguíneos, favorecendo a ocorrência de hemorragias internas e externas. A perda excessiva de líquido e as complicações resultantes podem ser fatais dentro de 6 a 16 dias após os primeiros sintomas, mas cuidados apropriados e terapia de reidratação podem reduzir significativamente as taxas de mortalidade nos doentes.
  • 4. Felizmente, mesmo o Ebola sendo altamente virulento, diversos fatores limitam o seu contágio. Ao contrário de vírus que proliferam através de pequenas partículas pelo ar, o Ebola só se mantém ativo ou cristalizado (inerte) em fluídos corporais, como a saliva, sangue, muco (catarro), vômito ou fezes. Para se dispersar os fluídos corporais devem ser transmitidos do corpo e uma pessoa infectada para outra, através de locais como os olhos, boca ou nariz. E como a gravidade da doença aumenta diretamente com a carga viral no organismo, até mesmo uma pessoa infectada provavelmente não será contagiosa até que comece a mostrar os sintomas. Embora tenha sido mostrado que o Ebola sobrevive em superfícies por várias horas e que a transmissão por espirros ou tosse é teoricamente possível, praticamente todos os casos de contágio conhecidos foram através do contato direto com os indivíduos em estágio avançado da doença, com o maior risco repousando sobre os profissionais de saúde e amigos ou parentes das vítimas.
  • 5. É por isso que, apesar de seus efeitos terríveis, o Ebola tem sido em geral bem menos mortal que infecções mais comuns, como sarampo, malária e gripe. Depois que o surto é controlado, o vírus deixa de existir na população humana até que o próximo surto comece. Mesmo sendo uma coisa boa, isso torna o vírus Ebola difícil de ser estudado. Os cientistas acreditam que os morcegos frugívoros sejam os portadores naturais, mas não se sabe como ele é transmitido aos seres humanos. Além disso, muitos dos países onde ocorrem os surtos de Ebola sofrem de má infraestrutura e saneamento, o que permite que a doença se espalhe.
  • 6. E a pobreza dessas regiões, combinada com a quantidade relativamente baixa de casos, gera pouco incentivo econômico para as empresas farmacêuticas investirem em pesquisas. Mesmo alguns medicamentos experimentais sendo promissores, e com governos financiando o desenvolvimento de uma vacina, até 2014, as únicas soluções eficazes e difundidas para um surto de Ebola permanece sendo o isolamento, o saneamento básico, e a educação das pessoas. BIOLOGIA DIVERSA, 2015. PROF. PAULO ROBERTO www.BIOLOGIADIVERSA.blogspot.com Facebook.com/biologiadiversa