Uma densa nuvem de poluição que cobre o sul da Ásia está matando milhares de pessoas na região e ameaça o clima mundial. Formada por aerossóis, cinza e fuligem, ela se estende por 3km de altitude e pode viajar metade do planeta em uma semana. Conhecida como "nuvem asiática marrom", ela é responsável por mortes respiratórias na região e altera o clima local resfriando a superfície e aquecendo a atmosfera, causando enchentes e secas
1. 15/08/2002 - NUVEM DE POLUIÇÃO AMEAÇA CLIMA MUNDIAL
Uma nuvem de poluição, formada por uma combinação de aerossóis, cinza, fuligem e outras
partículas, cobre há tempos o sul da Ásia e, de acordo com especialistas em meio ambiente,
poderá matar milhares de pessoas na região além de representar uma séria ameaça mundial.
Ainda segundo eles, parte dessa neblina de poluentes, que se estende a uma altitude de 3
quilômetros, pode percorrer metade do planeta em uma semana.
No maior estudo sobre o fenômeno divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) esta
semana estima-se que a densa camada tóxica, batizada de "nuvem asiática marrom" seja a
responsável pelo grande número de mortes causadas por complicações respiratórias na região.
Com cerca de 3 quilômetros de espessura e se expandindo sobre todo o subcontinente índio -
desde o Sri Lanka até o Afeganistão - a nuvem limita a luz solar que chega à superfície em 10 a
15%. Isso altera o clima da região pois, dizem os pesquisadores, há o resfriamento da superfície
e o aquecimento da atmosfera.
Esse desequilíbrio climático é, portanto, o responsável pelas inundações que ocorrem em
Bangladesh, Nepal e nordeste da Índia, assim como pela seca no Paquistão e noroeste da Índia.
Klaus Toepfer, chefe do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, disse essa semana que
muitos cientistas acreditavam que só gases mais leves, como o dióxido de carbono (CO²),
podiam se deslocar por sobre a Terra. Mas, agora, garante que milhares de aerossóis também
podem fazê-lo. A queima de biomassa, por incêndios florestais, a derrubada de áreas de
vegetação e a queima de combustíveis fósseis são responsáveis pela "nuvem marrom", como são
as indústrias poluidoras das grandes cidades da Ásia, aponta o documento da ONU.
Outra conseqüência da nuvem de poluição é a formação de chuva ácida, uma grave ameaça à
agricultura, às áreas verdes e também aos oceanos. Só na Índia a chuva ácida pode reduzir em
cerca de 10% a safra de arroz nas próximas colheitas. Todavia, os pesquisadores afirmam que
esses dados ainda não são conclusivos e que é necessário que sejam coletados mais informações.
De qualquer forma asseguram que o impacto regional e mundial da "nuvem marrom" se
intensificará nos próximos 30 anos, quando se estima que a população da Ásia chegue aos 5
bilhões de habitantes.
(Agência Brasil, com informações da CNN)
2. 17/08/2002 - OCEANOS AJUDAM A LIMPAR A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Os oceanos exercem um papel importantes para a limpeza da poluição
atmosférica, indica um estudo da Universidade Hebraica em Jerusalém. Segundo
os autores da pesquisa, a água salgada incentiva as chuvas a carregar a
poluição para baixo.
Os cientistas explicam que, quando a poluição paira sobre os continentes, a
chuva é inibida. As partículas de poluentes misturadas à água impedem que as
gotículas se juntem nas nuvens e formem pingos com massa grande o suficiente
para cair.
Mas, quando o ar poluído se desloca para cima dos oceanos, a coisa é
diferente, porque as nuvens formadas ali carregam água salgada borrifada
pelo mar. Como as partículas de sal são bem maiores do que as partículas de
poluição comuns, as gotas com sal atraem as gotículas menores que se formam
em torno dos poluentes, e a sujeira acaba pegando uma "carona" na chuva
salgada, deixando o ar mais limpo.
Os cientistas israelenses, liderados pelo pesquisador Daniel Rosenfeld,
chegaram a essa conclusão usando dados de satélite para estudar o ar no
Oceano Índico. O sul da Ásia sofre com a grande quantidade de partículas
poluentes, formadas por queimadas, poluição urbana e poeira do deserto.
Segundo Rosenfeld, porém, esse fenômeno deve estar ocorrendo em outras partes
do mundo. Cerca de três quartos da superfície do planeta são cobertos por
água, e é normal os ventos levarem o ar da terra para o oceano e vice-versa. (WWI-UMA)