Seminário apresentado durante a disciplina Bases Epistemológicas de Organização do Conhecimento ministrada pelo Prof. Dr. José Augusto Chaves Guimarães
Contribuicao Birger Hjorland para a Organização do Conhecimento
1. CONTRIBUIÇÃO DE BIRGER HJORLAND
PARA A ORGANIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO.
Natalia Nakano
natinakano@gmail.com
Paula Carina de Araújo
paula.carina.a@gmail.com
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
2. Mestre em Psicologia e Doutor em
Ciência da Informação. É professor na
Royal School of Library and
Information Science em Copenhagen.
Seu trabalho é influenciado e
orientado por perspectivas filosóficas e
sociológicas.
É presidente da ISKOS’s Scientific
Advisory Council e é membro do corpo
editorial do Journal of the American
Society for Information Science and
Technology, Journal of Documentation
and Knowledge Organization.
Birger Hjorland
4. Significado restrito
“A Organização do Conhecimento se relaciona
com atividades como: descrição de documentos,
indexação e classificação em bibliotecas, bases
de dados bibliográficas, arquivos e outros tipos
de “memória institucional [...]”. (HJORLAND,
2008, p. 86, tradução nossa).
Conceito
5. Significado restrito
OC como Área de estudo natureza e
qualidade dos Processo de Organização do
Conhecimento e dos Sistemas de Organização
do Conhecimento.
Biblioteconomia e Ciência da Informação
Conceito
6. Significado amplo
“A Organização do Conhecimento trata da divisão
social e mental do trabalho, a organização das
universidades e outras instituições de pesquisa e
educaçao superior, a estrutura das disciplinas e
profissões, a organização social da midia, a produção e
disseminação do conhecimento etc”. (HJORLAND, 2008,
p. 86).
Conceito
7. Conclusão:
Embora LIS seja a disciplina central no sentido
estrito, não se pode considerar OC como um campo
frutífero em desenvolvimento sem considerar o
sentido amplo da palavra. "Em outras palavras: não
existe um universo de conhecimento fechado que
pode ser estudado pela OC isolado do estudo da
realidade de outras ciências."
Conceito
8. Um campo do conhecimento tem sua perspectiva
teórica e seus métodos próprios.
De acordo com Hjorland, as perspectivas teóricas mais
importantes para ORC são:
1. Abordagem Tradicional expressa por sistemas de
classificação usado nas bibliotecas e bases de
dados, incluindo DDC, LCC e UDC, que data de cerca
de 1876.
Perspectivas Teóricas
9. 2. Abordagem por facetas de Ranganathan de 1933,
que depois foi desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa
de Classificação Britânico,
3. A tradição da Recuperação de Informação, fundada
nos anos 1950
4. As visões cognitivas/orientadas para o usuário que
ganharam influência nos anos 1970.
Perspectivas Teóricas
10. 5. Abordagens Bibliométricas introduzida por Kessler,
1963 e análise de co-citação em 1973.
6. A Abordagem Domínio Analítica (formulada em
1994)
7. Outras abordagens (abordagnes semióticas,
abordagens, crtítica-hermenêutica, abordagens
discurso-analíticas, abordagens baseadas no
gênero)
Perspectivas Teóricas
11. A análise de domínio é a única abordagem para a ORC
que examinou questões epistemológicas no campo,
comparando as presunções feitas em diferentes
abordagens para a ORC e examinando questões
relativas à subjetividade e objetividade na ORC.
*subjetividade não apenas sobre diferenças individuais, mas
visões coletivas compartilhadas por muitos usuários.
Perspectivas Teóricas
13. Análise de Domínio
Muitas abordagens de CI compartilhavam hipóteses
básicas desta visão, mas, de forma explícita a análise de
domínio nunca havia sido apresentada. (Exemplo:
Saracevic (1975); Taylor (1991); Mann (1993)).
Construir um fundamento para a CI que pode fazer o
campo se desenvolver de forma mais satisfatória.
Primeira vez que a visão da análise de domínio é
apresentada como uma abordagem teórica, comparada
e avaliada na literatura com outras visões.
(HJORLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 400-401)
14. Análise de Domínio
Ciência da Informação – a melhor forma de entender a informação na
CI é estudar os domínios de conhecimento como pensamentos e
comunidades discursivas. Deve ser vista como uma ciência social e
não como ciência cognitiva.
É necessário incorporar o conhecimento sobre as culturas nas quais os
sistemas de informação estão funcionando. O que implica deixar de
lado posições voltadas para o comportamento e cognitivismo na CI.
Voltar-se para abordagens socio-cognitivas ou de análise de domínio.
Disciplinas diretamente relacionadas à CI: história e filosofia da
ciência.
(HJORLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 410, 414, 415).
15. Análise de Domínio
Paradigma da Análise de Domínio
1º Paradigma social: perspectiva de ciência
social para a CI.
2º Abordagem funcionalista: busca entender as
funções implícitas e explícitas da informação e
comunicação.
3º Abordagem filosófica-realística: busca
encontrar as bases para a CI em fatores externos às
percepções individualistas e subjetivas dos usuários,
contrária ao paradigma cognitivo.
(HJORLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 400).
16. Análise de Domínio
Tendências de Transdisciplinaridade: psicologia, educação,
linguística, ciência da computação.
A análise de domínio é uma alternativa para o individualismo
metodológico.
Individualismo metodológico
Ponto de vista que olha para o conhecimento como um estado
mental individual oposto à visão do conhecimento como um
processo social e cultural ou um produto cultural.
O estudo do conhecimento em CI sob esse ponto de vista consiste
no estudo de processos cognitivos isolados do contexto social e do
desenvolvimento histórico, a partir dos quais esses processos
cognitivos são criados. (HJORLAND ; ALBRECHTSEN, 1995, p. 404;
409)
17. Coletivismo Metodológico (há limitações)
Domínios compreendem: atores que tem uma visão
de mundo, estruturas individuais de conhecimento,
tendências, critérios de relevância subjetivos, estilos
cognitivos particulares.
Portanto:
Há uma ação recíproca entre as estruturas do
domínio, o indívíduos e o nível social.
(HJORLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 409)
Análise de Domínio
18. “O indivíduo deve ser visto como um membro
de um grupo de trabalho, disciplina,
pensamento ou comunidade discursiva, etc. A
Ciência da Informação deveria, em outras
palavras, ser vista como uma ciência social e
não como uma ciência cognitiva”.
(HJORLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 409)
Análise de Domínio
19. Essas abordagens formam uma competência única para os
profissionais da informação.
A CI devem compreender diferentes domínios e se beneficiar
deles considerando o ponto de vista da análise de domínio.
Não tratar os domínios como se eles fossem similares.
Considerar as comunidades discursivas.
Problema: como preparar profissionais da informação e fazer
pesquisa sem ensinar conhecimento do assunto pesquisa por
si só?
(HJORLAND, 2002, p. 422, 423)
11 Abordagens
20. 1ª Produção de guias de literatura e entradas
de assunto
Organizam fontes de informação em um
domínio de acordo com os tipos e funções
servidas. Eles enfatizam descrições ideográficas
das fontes de informação e descrições de como
as fontes complementam uma a outra,
geralmente, em uma perspectiva de sistema.
11 Abordagens
21. 2ª Construção de classificações especiais e
tesauro
Classificações especiais e tesauro
(especialmente as abordagens baseadas em
facetas) organizam a estrutura lógica de
categorias e conceitos em um domínio bem
como a relação semântica entre os conceitos.
11 Abordagens
22. 3ª Indexação e recuperação de especialidades
Organiza documentos ou coleções para
melhorar a recuperabilidade e visibilidade do
seu potencial epistemológico.
CI tem ignorado a forma como diferentes
domínios demandam a organização e
recuperação de documentos.
11 Abordagens
23. 4ª Estudos empíricos de usuários
Podem organizar domínios de acordo com as
preferências ou comportamento ou modelos
mentais dos seus usuários.
Podem representar uma abordagem importante
para a análise de domínio na CI se utilizarem
teoria adequada. Eles podem, por exemplo,
prover informação sobre diferenças nas
necessidades de informação em diferentes
comunidades.
11 Abordagens
24. 5ª Estudos Bibliométricos
Organizam padrões sociológicos de reconhecimento
explícito entre documentos individuais.
Podem ser utilizados como ferramentas e métodos na
análise de domínio de várias formas.
11 Abordagens
25. FIGURA 1 - Coautoria na publicação de artigos científicos.
FONTE: Gonçalves, 2011, p. 91.
26. 6º Estudos Históricos
Organizam tradições, paradigmas bem como os documento e
formas de expressão de suas influências mútuas.
Quando se trata de compreender os documento, organizações,
sistemas, conhecimeno e informação, uma perspectiva histórica
e métodos históricos são geralmente capazes de prover uma
perspectiva mais profunda, coerente e ecológica em
comparação aos tipos não-históricas de pesquisa de natureza
mecanicista.
11 Abordagens
27. 7ª Estudos de Documentos e Gênero
Revelam a organização e estrutura de diferentes tipos de
documentos em um domínio.
Diferentes documentos para diferentes comunidades
discursivas.
A forma como os documentos são utilizados varia de um
domínio para outro.
Os estudos qualitativos e quantitativos de diferentes gêneros
em diferentes comunidades podem prover serviços de
informação mais ricos e diferenciados.
11 Abordagens
28. 8ª Estudos Epistemológicos e Críticos
Organizam o conhecimento de um domínio em “paradigmas” de
acordo com suas suposições básicas sobre conhecimento e realidade.
“Todos os tipos de pesquisa (na verdade, todos os tipos de
comportamentos) são governados por diferentes tipos de suposições,
conhecimento anterior, teorias, etc”.
Esta é a abordagem mais básica e todas as outras se tornam
superficiais se esta perspectiva não for incluída.
Fornecem conhecimento sobre as origens do domínio e avaliação
crítica das suas reivindicações de conhecimento. Proporcionam
orientações para seleção, organização e recuperação da informação e
o mais alto nível de generalidade sobre as necessidades de
informação e critérios de relevância que podem ser obtidos.
11 Abordagens
29. 9ª Estudos Terminológicos, linguagem para propósicos
especiais (LSP), bases de dados semânticas e estudos
de discurso
Organizam palavras, textos e enunciados em um
domínio de acordo com critérios semânticos e
pragmáticos.
Linguagem e teminologia são importantes objetos de
estudo para a CI porque eles afetam nosso pensamento
e, portanto, as questões que apresentamos nas bases de
dados, bem como os textos que pesquisamos.
11 Abordagens
30. 10ª Estruturas e Instituições na Comunicação Científica
Organizam os principais atores e instituições de acordo
com as divisões internas do trabalho no domínio.
O estudo das estruturas da divisão interna do trabalho
dentro dos domínios e troca de informação entre
domínio fornece informação útil para o entendimento
da função de tipos específicos de documentos e serviços
de informação e para a construção de guias de literatura.
11 Abordagens
31. FIGURA 1 - Instituições, atores e estruturas documentárias em um disciplina.
FONTE: Hjorland, 2002, p. 447
32. 11ª Cognição Científica, Especialistas do Conhecimento
e Inteligência Artificial
Proporcionam modelos mentais de um domínio ou
método para extração de conhecimento para produzir
sistemas especialistas.
Várias formas de análise de domínio tem sido realizadas
na ciência da computação e outras áreas. Elas oferecem
técnicas úteis que podem complementar outras
abordagens de análise de domínio na CI. Tendências
dominantes, entretanto, tem sido guiadas por teorias
da cognição que tem negligenciado a natureza social,
cultural e histórica dos processos cognitivos.
11 Abordagens
33. - Possibilitam pesquisas práticas e teóricas;
- Combinação entre diferentes abordagens fortalecerá a
identidade da CI e a relação entre pesquisa e prática;
- Maior interdisciplinaridade com área como sociologia,
linguística e filosofia;
- Objetivo: desenvolver as 11 abordagens (e novas) para
fortalecer a CI geral. Produzir periódicos de Análise de
Domínio, livros, programas educacionais em todas as áreas do
conhecimento, o que pode fortalecer a CI especializada.
11 Abordagens
34. Visão Epistemológica
“Qualquer questão teórica na Ciência da Informação é
baseada em suposições epistemológicas”. (HJORLAND, 2002,
p. 439).
“Epistemologia é, portanto, o melhor contexto geral que é
possível ensinar as pessoas na ciência da informação. É a
melhor preparação geral que podemos prover para pessoas
para estudar qualquer domínio”. (HJORLAND, 2013, p. 179).
“[...] diferentes posições filosóficas em qualquer assunto tem
implicações nos critérios de relevância, necessidades de
informação e para critérios de organização do
conhecimento”. (HJORLAND, 2008, p. 95)
Considerações Finais
35. Visão Sócio-Cognitiva
“Não se deve criar uma definição operacional,
transferível e padronizada de um domínio, deixando
de lado as questões históricas, sociais e políticas
definindo o campo”. (HJORLAND, 2013, p. 179).
Exemplo: Botânica + Zoologia = Biologia
(microscópio)
Exemplo: Botânica + Zoologia = Biologia
Considerações Finais
36. Qualquer sistema de OC é sempre enviesado
em direção a uma posição filosófica. Não há
plataforma neutra a partir da qual o
conhecimento pode ser organizado.
A tarefa é mediar entre diferentes pontos de
vista e desenvolver argumentos para um
ponto de vista que esteja de acordo com os
objetivos e valores da organização para qual o
sistema é desenvolvido.
Considerações Finais
37. HJØRLAND, B. Domain analysis in information science: Eleven approaches - Traditional as
well as innovative. Journal of Documentation, v. 58, n. 4, p. 422-462, jan.
2002. Disponível em: <
http://www.emeraldinsight.com/doi/pdfplus/10.1108/00220410210431136>. Acesso
em: 21 abr. 2015.
HJØRLAND, B. Fundamentals of Knowledge Organization. Knowledge Organization, v. 30,
n. 2, p. 87-111, apr. 2003.
HJØRLAND, B. Theories of Knowledge Organization: theories of knowledge. Knowledge
Organization, v.40, n.3, 169-181, jul. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/cSNo0h>.
Acesso em: 17 abr. 2015.
HJØRLAND, B. What is Knowledge Organization (KO)?. Knowledge Organization, v. 35, n.
2-3, p. 86-101, jan. , 2008.
HJORLAND, B; ALBRECHTSEN, H. Toward a New Horizon in Information Science: Domain-
Analysis. Journal of the American Society for Information Science, v. 46, n. 6, p. 400-
425, jul. 1995. Disponível em: <http://goo.gl/D33FqR>. Acesso em: 19 abr. 2015.
Referências