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camera – modulo 1
tecnicas
Também chamada de instantâneo
Quanto dura um instante?
Onde começa o movimento?
A passagem da imagem estática imagem em
movimento
Magia e Ritual
Etienne Jules Marey
Etienne Jules Marey – O Fuzil Cronofotográfico - 1879
Imagem Técnica - Escrita da Luz, escrita do Tempo
Proposta: trabalhar técnicas mistas de fotografia, vídeo edição
Investigação sobre a temporalidade da imagem
Imagem como registro
Imagem como memória
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Eadweard Muybridge – 1830 - 1904
William George Horner,
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Há registros de dispositivos
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180 DC.
Marcel Duchamp
Nu descendant un Escalier.
No.2. 1912. Oil on canvas
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Vidência
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Olho não governado pela lógica.
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Filme embrião não possui linguagem
"pense na visão do inseto, no "faro" da
abelha com sua percepção ultravioleta.
Ao pesquisar realidades viíveis humanas,
o homem deve, tal como em todas as
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físicos originais e herdar universos de
olhos. A estreitíssima realidade visual-
em-movimento, contemporânea,
esgotou-se.” […]
"No que toca à permanência da
realidade atual ou de qualquer outra
estabelecida, considere, sob essa ótica e
através de olhos bem pessoais, que, sem
iluminação ou lentes fotográficas,
qualquer animal hipotético poderia, com
as unhas, raspar a película ou, com os
pés molhados em tinta, andar sobre
celulóide transparente de modo a
produzir algo que, em termos de uma
futura projeção, tem efeito equivalente
ao da imagem fotográfica." pg 348
O Realismo é uma invenção humana
“Meu sonho é com a câmera
misteriosa, capaz de representar
graficamente a forma de um objeto
depois de ele ter sido removido do
espaço do registro fotográfico.”
Notas Brakhage
Cao Guimarães
Histórias do não ver
“Eu queria sentir o mundo apenas através do
que estivesse ouvindo, cheirando, pegando
pensando. A visão sempre me parecera um
sentido tirano com relação aos outros
sentidos. Sem ela o mundo poderia ser vários
mundos; a realidade várias realidades. Elas se
cruzariam em infinitas possibilidades, que
seriam apenas parcialmente desvendadas
quando eu revelasse as fotografias.”
Na verdade o aparelho fotográfico seria não
mais a extensão de meus olhos. Seria, antes,
meus próprios olhos. Minha única
possibilidade de reter a realidade em
imagens reais estaria guardada nesse
aparelho e, conseqüentemente, minha
assimilação ou percepção imagética dessa
mesma realidade seria adiada ou deslocada
para o futuro: para quando esses filmes
fossem enfim revelados.
“Não posso imaginar
uma visão nova que
não tivesse origem no
ponto cego que dá ao
olho humano a
possibilidade de
distinguir entre a luz e
as trevas. Aceitar a
cegueira é admitir o
mundo dos objetos
que manifestam sua
materialidade por
meio das sombras que
lhes asseguram uma
realidade tangível,
para além da
transparência do
todo-visível.”
Evgen Bavcar
Figuras míticas oriundas da cultura
greco-romana: Ciclope, Édipo,
Ulisses,Tirésias Argos.
Ciclope, arquétipo da visão instintiva
mais rudimentar, provido de um só
olho, vê de maneira unidimensional.
Não vê distinção entre o nome e a
coisa.
Ulisses e o olhar ligado
ao saber: ele vê o que
sabe e nada mais. Olhar
diferenciado, entre a
coisa e sua
representação
Édipo, privado da visão, se
dirige a uma terceira
possibilidade, ou seja um
visão que vai além de todo
ver mítico e do ver
diferenciado de Ulisses, para
se voltar para o invisível.
Argos,
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Cegueira

  • 1. camera – modulo 1 tecnicas
  • 2. Também chamada de instantâneo Quanto dura um instante? Onde começa o movimento? A passagem da imagem estática imagem em movimento Magia e Ritual
  • 4. Etienne Jules Marey – O Fuzil Cronofotográfico - 1879
  • 5.
  • 6. Imagem Técnica - Escrita da Luz, escrita do Tempo Proposta: trabalhar técnicas mistas de fotografia, vídeo edição Investigação sobre a temporalidade da imagem Imagem como registro Imagem como memória Imagem como forma de expressão Materialidade da imagem Imaterialidade da imagem
  • 8. William George Horner, matemático, 1834. Há registros de dispositivos similares na China, 180 DC.
  • 9. Marcel Duchamp Nu descendant un Escalier. No.2. 1912. Oil on canvas 147.5 x 89 cm. The Philadelphia Museum of Art
  • 10.
  • 11.
  • 12. Vidência Alucinação Percepção Olho não governado pela lógica. “Olho da mente” Imagem da imaginação Filme embrião não possui linguagem "pense na visão do inseto, no "faro" da abelha com sua percepção ultravioleta. Ao pesquisar realidades viíveis humanas, o homem deve, tal como em todas as homoativações, transcender os limites físicos originais e herdar universos de olhos. A estreitíssima realidade visual- em-movimento, contemporânea, esgotou-se.” […] "No que toca à permanência da realidade atual ou de qualquer outra estabelecida, considere, sob essa ótica e através de olhos bem pessoais, que, sem iluminação ou lentes fotográficas, qualquer animal hipotético poderia, com as unhas, raspar a película ou, com os pés molhados em tinta, andar sobre celulóide transparente de modo a produzir algo que, em termos de uma futura projeção, tem efeito equivalente ao da imagem fotográfica." pg 348 O Realismo é uma invenção humana “Meu sonho é com a câmera misteriosa, capaz de representar graficamente a forma de um objeto depois de ele ter sido removido do espaço do registro fotográfico.” Notas Brakhage
  • 14. “Eu queria sentir o mundo apenas através do que estivesse ouvindo, cheirando, pegando pensando. A visão sempre me parecera um sentido tirano com relação aos outros sentidos. Sem ela o mundo poderia ser vários mundos; a realidade várias realidades. Elas se cruzariam em infinitas possibilidades, que seriam apenas parcialmente desvendadas quando eu revelasse as fotografias.” Na verdade o aparelho fotográfico seria não mais a extensão de meus olhos. Seria, antes, meus próprios olhos. Minha única possibilidade de reter a realidade em imagens reais estaria guardada nesse aparelho e, conseqüentemente, minha assimilação ou percepção imagética dessa mesma realidade seria adiada ou deslocada para o futuro: para quando esses filmes fossem enfim revelados.
  • 15. “Não posso imaginar uma visão nova que não tivesse origem no ponto cego que dá ao olho humano a possibilidade de distinguir entre a luz e as trevas. Aceitar a cegueira é admitir o mundo dos objetos que manifestam sua materialidade por meio das sombras que lhes asseguram uma realidade tangível, para além da transparência do todo-visível.” Evgen Bavcar
  • 16. Figuras míticas oriundas da cultura greco-romana: Ciclope, Édipo, Ulisses,Tirésias Argos. Ciclope, arquétipo da visão instintiva mais rudimentar, provido de um só olho, vê de maneira unidimensional. Não vê distinção entre o nome e a coisa. Ulisses e o olhar ligado ao saber: ele vê o que sabe e nada mais. Olhar diferenciado, entre a coisa e sua representação Édipo, privado da visão, se dirige a uma terceira possibilidade, ou seja um visão que vai além de todo ver mítico e do ver diferenciado de Ulisses, para se voltar para o invisível. Argos, que pode muito bem ver sem ser visto.
  • 17. Blow up – Michelangelo Antonioni (1966)