Copom inicia ciclo de alta da Selic com 0,75 pto e foco volta à agenda econômica
1. Quinta-feira, 29 de Abril de 2010 bomdiamercado.com.br
Copom dispensa maiores correções no DI e foco volta à agenda
Por MARIANA CISCATO*
... Não há grandes ajustes a serem feitos agora cedo na CURVA DO DI, porque nestes
últimos dias quase todo mundo já tinha corrido para a aposta de que o COPOM iniciaria a
retomada de alta da SELIC com uma dose de 0,75 ponto, como acabou confirmado na
noite de ontem. Só mesmo quem buscou uma oportunidade de ganhar dinheiro no meio
ponto é que terá de correr atrás do prejuízo. Assim, os juros curtos devem ficar mais livres
hoje para operar a agenda, que reserva para esta quinta-feira o IGP-M de abril e a taxa de
desemprego de março do IBGE. Já a parte mais longa da curva deverá voltar a especular
sobre a intensidade e duração do ciclo de aperto monetário iniciado pelo BC.
... "Teoricamente, a curva não deve reagir com força. Haverá um pouco de pressão no DI
curto nas primeiras horas, mas depois normaliza. O shape não altera muito", disse o
economista Flávio SERRANO (do BES). "Mas a dúvida com o tamanho do ciclo deve criar
volatilidade nos vencimentos longos", completou Eduardo VELHO (da PROSPER
CORRETORA), ouvido no Broadcast pela jornalista Denise Abarca (AE).
... Ainda mais lacônico do que o habitual, o comunicado do COPOM só disse ontem que,
por um placar unânime, o BC decidiu elevar a SELIC em 0,75 ponto porcentual, para 9,5%
ao ano, sem viés, a fim de assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas.
... Na agenda de hoje, as pressões inflacionárias que encorajaram o COPOM a estrear
com força o ciclo de alta da SELIC poderão ser, eventualmente, confirmadas pelo IGP-M
de abril, às 8h. Pelo AE Projeções, a expectativa é de que o indicador feche num
intervalo entre 0,55% e 1,01% (mediana de 0,65%). Também o mercado de trabalha
estará em foco nesta quinta-feira com o desemprego de março, medido pelo IBGE. O
dado sai às 9h e tem previsão entre 7,2% e 7,8% da PEA, com mediana calculada em
7,60%.
... Na sequência, às 10h30, tem para conferir o resultado do setor público consolidado
(contas do Governo Central, Estados, municípios e estatais federais), que deve apresentar
um superávit entre R$ 2,5 bilhões e R$ 8,9 bilhões no mês de março, com mediana em R$
4,9 bilhões. Quanto ao resultado fiscal apenas do Governo Central, que reúne o Tesouro,
o BC e a Previdência, as expectativas dos analistas abrangem uma margem grande.
Variam de déficit de R$ 200 milhões até um superávit de R$ 6 bilhões em março.
... Se nada atrapalhar, é bem possível que o DÓLAR já abra hoje abaixo de R$ 1,75,
repercutindo a SELIC. Para o câmbio, o COPOM durão é o melhor dos mundos, porque
garante a continuidade de entrada do fluxo estrangeiro, atraído pelos rendimentos
elevados do juro, ainda mais depois de o FED ter mantido ontem sua taxa básica perto de
zero, sem sinalizar no STATEMENT qualquer pressa em adotar um aperto monetário.
... A renovação deste compromisso levou o DOW Jones a reassumir os 11 mil pontos e
derrubou o dólar, para o alívio do euro, que vive um momento de grande desprestígio.
Mas a verdade é que, enquanto os dias na EUROPA continuarem girando em torno do
risco de uma crise fiscal sistêmica, difícil vai ser o mercado apostar a favor da moeda
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2. européia.
... Ontem, foi a ESPANHA a bola da vez, depois de a S&P rebaixar o rating de crédito
soberano de longo prazo do país. O risco agora é de que outras agências de classificação
de risco decidam seguir o exemplo e continuem garantindo a cautela nos negócios, junto
com o desenrolar das negociações do pacote grego. Único dado previsto para hoje na
Europa é o índice GFK de confiança do consumidor do Reino Unido em abril. Às 8h30, o
presidente do BCE, Jean-Claude TRICHET, discursa na Cúpula Econômica de Munique.
... Nos EUA, na véspera do indicador mais importante da semana (o PIB do primeiro
trimestre), saem hoje o índice de atividade nacional elaborado pelo FED de Chicago (11h),
além do AUXÍLIO-DESEMPREGO (9h30), com previsão de queda de 11 mil pedidos.
... Alguma volatilidade poderá estar associada à reforma dos bancos. Ontem à noite, os
senadores republicanos e democratas concordaram unanimemente em iniciar o debate
sobre o projeto de reforma da legislação financeira hoje à tarde. A temporada dos
balanços prossegue hoje em NY, com destaque para a EXXONMOBIL (previsão de lucro
de US$ 1,36 por ação) e PROCTER & GAMBLE (US$ 0,82 por papel).
... AQUI, os balanços do dia incluem EMBRAER, SANTANDER BRASIL, CIELO,
FOSFERTIL, SANTOS BRASIL e LOJAS RENNER que, após o fechamento, deverá
registrar um lucro líquido R$ 31,24 milhões nos três primeiros meses de 2010.
Ninguém quis ficar de fora
... Palco de apostas para o COPOM, a parte mais curta da CURVA DO DI continuou
ganhando prêmio ontem, mesmo a poucas horas do anúncio da decisão da SELIC.
Bombou o giro na BM&F. "O mercado estava ' stopado'. Quem estava vendido, recomprou
e houve fluxo tomador de gringo em todos os vértices, zerando posições", resumiu um
operador ao Broadcast. Principal alvo de compra, o DI para junho de 2010 movimentou
mais de 1,4 milhão de contratos e ampliou a alta, a 9,28% (de 9,24%), com os investidores
confiantes de que o Comitê de MEIRELLES não economizaria na elevação da SELIC.
... O DI julho de 2010 avançou a 9,56% (de 9,50%) e o janeiro de 2011 subiu a 10,89%
(de 10,85%). A pressão nos vencimentos mais curtos foi compensada pelo alívio nos
contratos mais longos. O janeiro de 2012 fechou estável em 12,19% e o janeiro de 2014
encerrou na mínima, projetando taxa de 12,58%, contra 12,64% no fechamento da
véspera.
... Os fundamentos econômicos continuaram defendendo a causa de um aperto monetário
mais firme. A sondagem industrial do primeiro trimestre da CNI mostrou que o Nível de
Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria ficou em março acima do usual
para o mês, em 54 pontos, o que significa um aumento de 5,1 pontos em relação a
fevereiro.
... No câmbio, além de contar com a promessa de fluxo novo garantida pelo início do ciclo
de aperto monetário, foram registradas entradas efetivas de dinheiro ontem, segundo
operadores consultados pela editora Cristina Canas (AE). As operações teriam ocorrido
principalmente pelo segmento comercial, mas o saldo também parece ter sido favorável
na ponta financeira, justamente por causa da arbitragem do juro.
... Ontem, a moeda americana não subiu em nenhum momento do dia, nem mesmo
quando estouravam na Europa os piores temores com a Espanha. Na máxima, não
passou da estabilidade (R$ 1,765). À tarde, bateu mínima atrás de mínima, quando o
STATEMENT do FED deu a garantia de continuidade do fluxo aos mercados emergentes.
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3. No piso do dia, chegou a R$ 1,75 (-0,85%), para fechar a R$ 1,751 (-0,79%). Passados os
principais eventos da semana (COPOM e FOMC), o câmbio deve se concentrar agora na
briga em torno da PTAX, que será formada amanhã, no último dia do mês (30).
... Como o câmbio, também a BOVESPA tende a continuar se beneficiando do fluxo
garantido pelos juros mais altos no Brasil em comparação às grandes economias do
mundo. Barata depois da liquidação vivida na véspera, a bolsa doméstica acabou atraindo
ontem alguns caçadores de pechinchas. Na máxima, logo na primeira hora de pregão, foi
a 67.253 pontos (+1,12%), mas à tarde chegou a cair abaixo dos 66 mil pontos, na mínima
de 65.914 pontos (-0,9%), assim que a Espanha foi rebaixada. Até o fechamento, porém,
o IBOVESPA neutralizou as perdas, para fechar estável (+0,22%), em 66.655,71 pontos.
Embora sem a mesma força do dia anterior, o volume foi respeitável: R$ 6,998 bilhões.
... Num rodízio entre as BLUE CHIPS, as ações da VALE acompanharam a queda dos
metais, enquanto os papéis da PETROBRAS seguiram a alta do petróleo. VALE PNA caiu
0,6%, para R$ 46,30, enquanto a ON terminou cotada a R$ 52,95 (-0,68%). Segundo
Pedro GALDI (da SLW), os investidores estão "batendo" em Vale por causa dos ganhos
acumulados e têm feito uma operação de troca com as ações da PETRO, mais
defasadas, disse à editora Claudia Violante (AE). PETROBRAS PN subiu 0,9%, para R$
32,39, e PETROBRAS PN encerrou o dia em leve alta de 0,19%, cotada a R$ 36,40.
... Também as ações dos bancos subiram, influenciadas pelo noticiário do setor financeiro
e a perspectiva de elevação da SELIC. BRADESCO PN ganhou 1,79%. A instituição
anunciou ontem lucro líquido ajustado de R$ 2,147 bilhões no primeiro trimestre de 2010,
alta de 9,8% em relação ao ganho ajustado do mesmo período de 2009. BB ON avançou
2,05%. A direção do banco corre contra o tempo para capitalizar a instituição.
... As maiores altas do IBOVESPA ontem ficaram com MMX ON (+4,38%), LOJAS
RENNER ON (+4,05%) e GOL PN (+3,81%). Já o ranking de maiores quedas do índice foi
liderado por NET PN (-2,68%), seguida de OGX ON (-2,64%) e DURATEX ON (-2,45%).
American dream
... Sem querer saber de Espanha, Grécia ou de qualquer outra bomba prestes a estourar
na EUROPA, WALL STREET tratou de se concentrar ontem no recado do FED no
STATEMENT. Beneficiadas em dose dupla, de um lado pela melhora na avaliação da
economia americana pelo BC americano e, de outro, pelo compromisso do FOMC de
manter os juros perto de zero ainda por um bom tempo, as bolsas em NY recobraram os
sentidos (perdidos na véspera), com o DOW Jones de volta acima dos 11 mil pontos.
Diante da promessa de que, tão cedo, não virá um aperto monetário, "teremos dinheiro
barato por algum tempo aqui'", disse para a DJ o analista Dan COOK (do IG MARKETS).
... O profissional destacou a mudança de avaliação do mercado de trabalho no
comunicado do FED. Pela versão de ontem, o emprego está "começando a melhorar". Em
março, o setor ainda estava "estabilizando". "O relatório sobre os postos de trabalho - o
PAYROLL - na próxima semana deve confirmar esse pensamento", disse o analista. O BC
americano considerou que a atividade econômica continua a ganhar força e que as
empresas estão gastando "significativamente" mais, mas que o ritmo de recuperação deve
seguir moderado. A inflação, reiterou o FED, "deve continuar contida por algum tempo".
... Os contratos futuros dos FED FUNDS reduziram de 56% para 50% a probabilidade de
o BC norte-americano elevar a taxa de juro a 0,5% na reunião dos dias 2 e 3 de
novembro.
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4. ... As palavras do FED levantaram o humor do mercado e abriram espaço para o DOW
Jones subir 0,48%, para fechar em 11.045,27 pontos. Para melhorar, bancos como o
JPMORGAN (+2,48%) e o BOFA (+1,77%) foram beneficiados pelos sinais de que o
impasse no Senado sobre a reforma do sistema chegou ao fim, com o acordo entre
democratas e republicanos. O Nasdaq fechou estável (+0,01%), em 2.471,73 pontos, e o
S&P 500 subiu 0,65%, mas ainda não conseguiu recuperar os 1.200 pontos (1.191,36).
... O movimento positivo das ações fez com que o PETRÓLEO deixasse de lado, por
enquanto, o excesso de oferta (ontem os estoques subiram de novo). "Este ainda é um
complexo guiado primariamente pelos ativos financeiros e o mercado acionário parece ser
o foco", observou Jim RITTERBUSCH (da consultoria RITTERBUSCH AND
ASSOCIATES). Em NY, o WTI para junho encerrou com alta de 0,95%, a US$ 83,22 o
barril. Em Londres, o mesmo vencimento do BRENT subiu 0,44%, cotado a US$ 86,16.
... Reassegurado o apetite por risco após os comentários do FED, o DÓLAR recuou contra
o euro (US$ 1,3203), que antes tinha sido pressionado pelo rebaixamento do rating da
Espanha. Antes de se recuperar, a moeda européia chegou a cair a US$ 1,3114, nível
mais baixo desde abril de 2009. O dólar, contudo, se fortaleceu contra o iene (94,11/US$).
Assimilado o comunicado do BC americano, analistas acreditam que o mercado voltará
sua atenção para o perigo de contágio da crise da dívida européia. Outras agências de
classificação de risco devem se pronunciar sobre os países rebaixados pela S&P,
acreditam analistas, e isso deve manter o euro sob pressão nos próximos tempos.
... Já fechados à hora da decisão do FED, os METAIS deixam repercussão para hoje.
Ontem, acabaram pressionados pela reação (em baixa naquele momento) do euro ao
corte no rating soberano da Espanha. Mas o STANDARD BANK acredita que o recuo dos
preços configura uma oportunidade de compra, já que "a recuperação da economia
mundial no longo prazo está em andamento". Em Londres, o cobre recuou US$ 90,
negociado a US$ 7.400 por tonelada. O níquel perdeu trezentos dólares, para US$
25.600. Na direção inversa, o alumínio registrou valorização de US$ 44, cotado a US$
2.189.
... Mais confortáveis para arriscar diante de uma avaliação mais promissora para a
economia americana, os investidores deixaram um pouco de lado a segurança dos
TREASURIES, cujos preços caíram, com alta dos juros. A NOTE de dez anos fechou em
3,762% (de 3,687%). As vendas apagaram parte dos ganhos do dia anterior, quando os
preços subiram com a possibilidade de a crise de dívida se espalhar na Europa.
Em tempo... EMBRATEL anunciou após o fechamento lucro líquido de R$ 271,1
milhões no primeiro trimestre, alta de 25,2% contra igual período do ano passado.
NATURA. O lucro de R$ 141,6 milhões no primeiro trimestre deste ano (crescimento de
2% sobre igual período de 2009) veio em linha com a média das estimativas na AE.
COMGÁS reportou lucro líquido de R$ 102,3 milhões no primeiro trimestre (+6,9%). Já a
TOTVS registrou lucro líquido de R$ 27,851 milhões no primeiro trimestre de 2010
(-4,1%).
UNIPAR encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 4,391 milhões.
CSN pagará juros sobre capital de R$ 0,0960 por ação a partir de amanhã.
CRUZEIRO DO SUL suspendeu oferta pública de distribuição primária e secundária de
ações PN, nominativas, escriturais e sem valor nominal de emissão.
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