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Revista 2015 maio2015final
ÍNDICE
Páginas
01 Prefácio 3
02 Imagens da Ribeira Brava 4
03 Vidas centenárias (I) 19
04 Vidas centenárias (II) 26
05 Fé, festa e tradição 36
06 Campanário – o nome que nasce no mar 84
07 Ribeira Brava – o nome que veio da ribeira 93
08 Educação e cultura 96
09 Música 145
10 Social 154
11 Desporto 169
12 Vidas centenárias (III) 172
13 Solidariedade 174
14 Olimpíadas da Geologia 176
15 Ficha técnica 177
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
2
01 - PREFÁCIO
Por: António Pereira
Diretor da revista Descobrindo
O concelho da Ribeira Brava comemorou,
em 2014, o centenário, numa altura em
que o município está focado em
conquistar mais turistas e melhorar a
qualidade de vida, apostando nos recursos
locais.
Para o presidente da autarquia, Ricardo
Nascimento, "valorizar os espaços turísticos, desde miradouros a percursos
pedonais", será essencial para passar o concelho de "lugar de passagem a
lugar de estadia". As comemorações do centenário passam por um programa
de quatro anos para "expandir o conhecimento" sobre a Ribeira Brava.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
3
Celebração do Centenário da Ribeira Brava junto de representantes de
emigrantes madeirenses na Venezuela, em novembro de 2014.
Uma comitiva da
Câmara Municipal
visitou, em
novembro de 2014,
as comunidades de
ribeirabravenses
integradas, há
décadas, na
Venezuela,
conforme ilustram
as imagens. O
pretexto da viagem
foram as
celebrações dos cem anos do concelho da Ribeira Brava (1914-2014).
02 - IMAGENS DA RIBEIRA BRAVA
No dia 6/5/2014 ofereci
ao nosso município um
quadro que pintei em
vidro com o logotipo que
simboliza a comemo-ração
do centena-rio do
concelho.
Aldónio dos Ramos, antigo
estudante da EBSPMA,
funcionário da EB1/PÉ do Lombo
de São João – Rª. Brava.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
4
Postais da e retratos antigos: Ribeira Brava, no passado
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
5
Na adolescência, a Filomena também cumpriu a tradição de se vestir de saloia durante o
“Espírito Santo”. O marido, José Teixeira, faleceu na Madeira há cerca de 20 anos e na década
de sessenta do séc. XX esteve a cumprir Serviço Militar em Angola, onde ficou ferido numa
perna.
Contributo de Maria Filomena
Teixeira, atual funcionária da
EBSPMA e o falecido marido, José
Teixeira.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
6
Contributo de Fernanda Trindade
A salva de prata e as suas bandeiras são uma relíquia por serem
objetos antigos. A salva pertenceu à Maria Brazão, já falecida, que a
trouxe da América, há muitos anos, e a ofereceu à Maria José Câmara,
sua amiga.
A Maria José, por sua vez, gostaria que a salva, símbolo do “Divino
Espírito santo”, continuasse na posse familiar, futuramente, nas mãos
de Isabel Maria (sua afilhada) e assim sucessivamente, como prova de
profundas amizades ao longo de gerações.
Envio a salva de prata (em
miniatura) com cerca de 100 anos,
acompanhada de bandeira do
Espírito Santo (em pano bordado) e
uma mini bandeira que ofereciam
nas casas aquando da visita: 28 de
janeiro de 2015.
Fernanda Trindade.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
7
Contributo de Olga Abreu
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
8
Contributo de Isabel Rezende
Ribeira brava- igreja matriz: sra. Isabel Rezende (à dir., na 1ª.
foto) durante a “missa do Espírito Santo (E.S.)”. São visíveis, nas
imagens, alguns utensílios do E.S. tais como:
- a bandeira da pomba branca;
- salva (nas mãos do festeiro, o falecido Isaías, marido da Sra.
Isabel);
- os tocadores que, normalmente, utilizam o violino, a viola, a
braguinha e o acordeão;
-as saloias.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
9
Contributo de Jordão Abreu
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
10
Jordão Abreu
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
11
Contributo do Hotel Encumeada1
1
http://www.hotelencumeada.com/
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
12
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
13
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
14
Não havia bicicletas para os rapazes. As
crianças faziam cabanas na serra.
Brincava-se às escondidas e aos
apanhados, à milhada, ao pão e às
cartas. Com a idade de 9 ou 10 anos, já
se trabalhava, no campo, muitas vezes
descalços. Imagens: “Devoção ao
Espírito Santo, antigo”
Freguesia de
Campanário (à esq.):
14 de Agosto de 1932.
Assina: Emanuel
Almada.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
15
A década de 70 foi marcada por uma grande mudança no comportamento
dos jovens que se refletiu na música, na liberdade sexual e na moda. Os
homens deixaram de ser formais, ficaram mais coloridos psicadélicos.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
16
A Escola (ciclo)
antigamente, década
de 70 do século XX:
Alunos de pé, ao ar
livre, partilhando
materiais, dependentes
das condições
atmosféricas para
poderem cumprir o seu
papel de estudante,
com grande motivação:
A motivação é
considerada um fator
determinante no
contexto escolar e
igualmente
determinante para o
sucesso da
aprendizagem. De
acordo com Lima
(2004), a motivação é
considerada “A mola
propulsora da
aprendizagem”, pois
sem motivação não há
aprendizagem.
Prof. Sandra Isabel
Ramos Duarte de
Aguiar., 2013: 4
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
17
A grande devoção da Fajã da Ribeira a São Pedro, explica-se pelo facto
de antigamente haver muitos pescadores, apesar do santo padroeiro
da Ribeira Brava ser o São Bento.
As oferendas vinham
numa charola, espécie de
pinha de frutos e legumes
confecionada sobre uma
armação esférica feita em
ferro e arame, onde se
amarra os produtos da
terra e era transportada
em ombros.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
18
03-VIDAS CENTENÁRIAS (I)
ALGUMAS PERSONALIDADES - Francisco Paulino, na imagem à direita, natural do
concelho da Ribeira Brava, licenciado em História, colaborador, a título voluntário, no
programa de quatro anos com o objetivo de "expandir o conhecimento" sobre o
município, enfatizando a importância dos 100 anos do concelho da Ribeira Brava:
Um concelho com muita construção, mas com poucos meios e pessoas.
Destaco a localização da vila, que era o entreposto das relações económicas e sociais
vindas do Funchal para o resto da Madeira numa altura em que os transportes eram
feitos unicamente pelo mar.
A ideia do programa é a criação de uma "plataforma" que possa continuar de quatro
em quatro anos, tornando a vila da Ribeira Brava mais "aprazível".
F. Paulino (Abril de 2014).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
19
Personalidades da Ribeira Brava
Francisco Correia Herédia, por F. Fernandes (extratos)
(…) A Câmara sabe as condições trágicas em que foi assassinado o
nosso querido amigo Ribeira Brava, e é de lamentar que ainda a esta
hora o inquérito não esteja concluído. Não vai nestas minhas palavras
censura para ninguém, porque alguns dos encarregados desse
inquérito são membros desta Câmara e trabalham afincadamente para
Do Sr. Correia Herédia (Ribeira Brava), que direi eu?
Um homem com grande e devotado amor à República, sempre nas primeiras linhas quando esta
perigava, Ribeira Brava não se poupava a esforços nem fadigas, e sempre que o seu nome era
indicado para alguma missão arriscada não precisava que lho lembrassem. (Apoiados).
FERNANDES, Francisco, 2014: 80.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
20
esse fim, mas é
realmente pena não
estar até esta data
descoberto quem
são os assassinos
que, certamente,
andam a passear
impunemente nas
ruas de Lisboa ou
em outras terras do
país.
O meu querido
amigo Ribeira
Brava, que comigo
esteve preso
naquele infecto
calabouço nº. 6, teve a previsão consciente da sua morte,
Porque, quando foi chamado de dia para fazer parte da primeira leva –
que não foi a da morte – chegou a fazer parte dela e depois foi
mandado recolher ao referido calabouço. Quando entrou disse-me: Sá
Cardoso, não me deixam sair de dia, fá-lo-ão de noite. Não nos
tornaremos mais a ver.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
21
Assim foi. Não nos tornámos mais a ver! FERNANDES, Francisco, 2014: 80.
Sessão de 2-5-1914
É aprovado o projeto de lei que cria o concelho da Ribeira Brava.
Promover o desenvolvimento da sua terra natal foi, desde sempre uma
das suas maiores preocupações. Em particular em relação à Ribeira
Brava, apontava como prioridades: Um cais acostável, um muralhão do
Monte Medonho, a conclusão da Estrada da Serra d’Água, um
caminho-de-ferro entre a Ribeira Brava e S. Vicente.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
22
Na carta que se transcreve2, revela outras preocupações como seja a
construção de um pequeno hospital na Ribeira Brava e, para o Funchal,
a ligação da Pontinha ao Ilhéu…
2 FERNANDES, Francisco, 2014: 98
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
23
A família Herédia no Município da Ribeira Brava e na Madeira.
Contributo para o seu estudo histórico
Por: Ana Maria Fernandes de Freitas Vieira,
Professora do Ensino Secundário (aposentada).
Fonte: Islenha, nº. 54, janeiro – junho –
2014:111-134. (Adaptado/reduzido).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
24
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
25
04 - VIDAS CENTENÁRIAS (II)
A Pesquisa de Marisa Faria3
• Marisa Faria, em discurso direto
Dentro de mim carrego o pouco que vivi e o pouco que conheço. E às vezes tenho a
sensação de que não caibo mais aqui dentro, por isso levo para fora todos os meus
sonhos.
Posso ser uma explosão de cores fortes e, após um suspiro, transformar o meu mundo
numa nuvem cinzenta, calma e melancólica. Porque o meu mundo é assim mesmo,
diferente de todo o mundo: ambíguo, ambicioso e irremediavelmente inconstante.
Ao longo da minha vida foi necessário excluir pessoas, apagar lembranças,
abandonar o que me faz mal, libertar-me de coisas que me prendem. Luto e quero
sempre o melhor para mim, estou sempre preparada para o pior e não aceito o que
vier. Luto para ser a melhor em tudo aquilo que faço e que sonho. Não aceito
respostas negativas, sou alérgica à negatividade e à ignorância, atchiiiiim !
Portanto, ouso, arrisco, não desisto e valorizo quem me ama e me respeita, esses sim
merecem o meu respeito e a minha palavra. Quanto ao resto…Bem…, ninguém
precisa do resto para ser feliz!
• Marisa Faria em discurso indireto
«A Marisa, na imagem à direita, mostrou ser uma aluna responsável e empenhada.
Ao longo do fim-de-semana da Feira Gerações Solidárias, deu o seu apoio às
diferentes instituições, esteve presente, mostrando atenção em acolher bem e
esclarecer quaisquer dúvidas aos participantes.
Creio que todo o projeto foi muito bem idealizado, revelando-se uma excelente
iniciativa, que envolveu muito trabalho. Parabéns pela criatividade, originalidade,
pela dedicação e concretização.
Parabéns por teres sabido cativar as pessoas necessárias para apoiar este trabalho e
por teres tornado o teu sonho idealizado possível.
3 Prof. Responsável: António Pereira, 2013/2014, na qualidade de Diretor de Curso Tecnológico de Ação Social – Projeto
“Gerações Solidárias”, em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Brava, em geral, e o Dr. Paulino, em especial..
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
26
O mundo precisa de pessoas que façam acontecer, e a Marisa fez acontecer!»
Nolene Serrão (Psicóloga, Terapeuta, Formadora e Life Coach Integral).
“Tive a oportunidade de conhecer a Marisa como aluna e, sempre se mostrou curiosa,
atenta, participativa e muito empenhada em alcançar os seus objetivos, sem nunca
descurar o seu lado descontraído e de entreajuda.
Tem uma visão encantadora da sua vida e sabe o que quer, gosta de ajudar e
preocupa-se com a sua comunidade e os mais desfavorecidos.
O projeto apresentado foi ambicioso, mas com um intuito muito nobre para uma
jovem. A nível técnico, o projeto está muito bem estruturado, descritivo, claro e
apelativo. Mostra cuidado, avalia com frequência, reflete e apresenta alternativas.
Dado que todas as tarefas se encontravam definidas foi de execução exemplar.
Imprevistos surgem sempre, mas superou-os com sucesso.
Acredito que esta iniciativa terá impacto no futuro das festividades da Ribeira Brava.
Parabéns pelo empenho, integridade e seriedade devida na concretização do seu
produto. As maiores felicidades!”. Telma Ferraz (Professora de Economia)
“A Escola está muito orgulhosa do teu projeto onde a problemática aflorada é um
assunto muito atual e onde é retratada a tua sensibilidade relativamente ao tema
que escolheste. Desejamos-te com este trabalho que sigas o que o teu coração dita, o
da solidariedade e que faças disso o teu caminho na vida.
Parabéns!” Conselho Executivo, Alda Mª Almeida.
• Serra de Água
Esta localidade também foi dada de
sesmarias a um dos descendentes de
Zarco, Helena Gonçalves. Filha do
referido donatário, casada com Martim
Mendes de Vasconcelos, um fidalgo,
recebeu as terras da Serra de Água. Esta
localidade foi, durante muitos anos, abundante em madeiras, ao contrário
das localidades ribeirinhas, onde encetaram com sucesso a cultura sacarina.
Tudo começou assim…Primeira
reunião, de muitas outras que
seguiram, com o Dr. Paulino,
referentes ao meu projeto, no Centro
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
27
O próprio nome indica o labor de um engenho da serração movido a água,
que transformou, durante muitos anos, rolos de madeira em tabuado.
O neto do referido casamento, Luís Mendes, da Ilha, também moço fidalgo,
teve um filho, João Mendes de Vasconcelos a quem transmitiu aquelas terras.
O novo proprietário casou, em 1535, com Beatriz Rodrigues Neto, filho de
João Rodrigues Neto, o qual fez testamento em 1531.
Foi ela que instituiu a capela de Nossa Senhora da Ajuda, na Serra de Água.
Esta capela foi sendo administrada pela família, ficando porém vaga, por
morte de Rui Mendes Vasconcelos, por volta de 1761.
A Serra de Água não se tratava, pois, de uma área de produção açucareira,
mas sim de uma economia baseada na extração de madeiras. Desta forma, os
documentos são exíguos quanto ao nome dos primeiros povoadores. Os
registos dos primeiros que por ali habitavam misturavam-se com os da
Ribeira Brava.
Na realidade, esta localidade fazia parte da Ribeira Brava e, por isso, aqueles
que se dedicavam ao arroteamento da terra, especialmente nas partes
baixas, estão incluídos nesta freguesia. Mesmo depois de se ter instalado na
Serra de Água uma nova paróquia, em 1676, esta zona continuou a ter
poucos habitantes.
Entrevista realizada, pela Marisa, à senhora Maria Rita
Rosa (na imagem), moradora no sítio da Pereira, na
Serra de Água (Rª. Brava), mais conhecida por “a
Faquim” , onde nasceu e viveu no sitio da Travessa na
Serra de Água.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
28
Marisa: Boa tarde, como é que se chama?
Rosa: Maria Rita Rosa
Quantos anos tem?
99 anos.4
Quando é que completou 99 anos?
Tem um mês. Fiz anos no dia 22 de maio.
A senhora sempre viveu cá na Serra de Água?
Sim.
Como é que era antigamente a Ribera Brava?
Eu ia à Ribeira Brava no São Pedro onde havia a loja de roupa do senhor
Guilherme e o armazém do senhor João Romão onde é agora o “Propovo”.
Quem era o João Romão?
Era o dono do maior armazém da Ribeira Brava, ele era conhecido pelo
“barateiro”, lá tinha de tudo menos roupa. Havia arroz, massa e louça.
Certamente a senhora Rosa tem filhos e netos. Acha que foi fácil educar os
seus filhos naquela altura?
E bisnetos! Olha eles nunca me atentaram, graças a Deus! Antigamente a
escola era só até à 3ª classe, e quando acabavam a escola vinham trabalhar
como os meus pais me ensinaram a fazer. Naquele
tempo íamos para a fazenda e trabalhávamos lá.
Na altura, não havia autocarros, como se
deslocavam?
Pois é! Eu lembro-me de que naquele tempo eu ir a pé do norte para a
Ribeira Brava com um “molho” de feijão e depois da Ribeira Brava para São
4 100 anos de vida no mês de publicação da presente revista: maio de 2014.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
29
Vicente com sacos de açúcar e de massa. Havia um “Horário” que passava
uma vez por semana para a vila, e depois da vila para São Vicente.
Chegou a emigrar?
Olhe eu não, mas os meus filhos, sim. Eu tenho um filho que foi para a
Venezuela.
E porque emigrou o seu filho?
Ele era macho, e era só um.
E a senhora atualmente tem familiares emigrados?
Ainda tenho.
Em que país?
Tenho o meu irmão no Brasil, e dois filhos na Venezuela.
Foi fácil para si vê-los partir?
Olhe quando a nossa família caminha é sempre um desgosto.
Acha que a escola é importante para o nosso desenvolvimento
educacional?
Eu não fui à escola, mas a escola é importante para todos. Eu fui como no
meu tempo: não fui à escola mas vivi assim. Agora os outros que estão a
aprender sabem mais do que a gente que aprendeu naquele tempo.
O que é que a senhora faz no seu dia-a-dia?
Rezo, outra coisa não posso! Olhe, faz um ano, agora, para o mês de agosto
que eu fui ao Porto Santo! Tenho uma neta, que veio aqui em Agosto e
convidou-me para ir ao Porto Santo. Mas eu só consigo andar com a
andadeira e fui subindo devagarinho até chegar à estrada. Depois meteram-
me no carro, e só saí dentro do barco. No barco meteram-me numa cadeira
de rodas. Estive 4 dias no Porto Santo e gostei.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
30
Como é que era a praia da Ribeira Brava antigamente?
Eu não sei o que é a praia, nunca toquei
na água do mar porque os meus pais
nunca me deixaram.
Acha que a Ribeira Brava6
mudou muito?
Claro, antigamente havia mais coisas na
vila, mas agora está tudo mais para cima.
A Ribeira Brava está a mudar.
Como é que era ir à Ribeira Brava? Os transportes como eram?
A primeira vez que andei de “horário” foi no São Pedro, havia um que vinha
buscar os passageiros e depois à noite vinha trazer. Depois começou a haver
mais horários, mas as coisas têm mudado bastante5
. O que é que espera ver
nos próximos 10 anos no concelho da Ribeira Brava?
Oh, meu Deus! Não sei como vai ser. Só Deus é que sabe.
Muito Obrigada, senhora Rosa (vestida de branco) pela sua participação!
5
Na imagem, antiga ribeira da Ribeira Brava nos anos 60 do séc. XX.
Maria Rita
Rosa, no sitio
da Pereira, ao
centro, na
Serra de Água,
num exclusivo
para a
“Descobrindo”.
À esq., a filha
da Sra. Rosa, à
porta da casa
delas e, bem
perto, uma das
suas vizinhas,
em 2014.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
31
04.1 - VIDAS CENTENÁRIAS (II)
Nascimentos registados no concelho da Ribeira Brava (1914-1915)
Até maio de 1914 os assentos
1911, 1912, 1913 e 1914
encontravam-se na
Conservatória do Registo Civil
da Ponta do Sol, os anteriores a esta data estão no Arquivo Regional da
Madeira.
Deste modo, no ano de 1914 foram registados 234 nascimentos, e em 1915
539 nascimentos.
Uma ponte rudimentar ligava a Ribeira Brava a Oeste. A vila era um centro de
trabalho, com o decorrer do tempo o pequeno núcleo transformou-se, no
século XVIII, num centro económico onde aportavam, quase
permanentemente, os barcos de carreira.
A pesca foi um sector importante da economia ribeirabravense e
desempenhou também um papel defensivo, quando em 1786, para efeitos de
defesa da ilha, o governador Diogo Forjaz Coutinho dividiu a Madeira em
vários distritos.
A Ribeira Brava passou a ser um concelho que abrangia a Tabua e a Serra de
Água. O Campanário constituía também outro concelho que se estendia até à
Quinta Grande.
O Forte de São Bento atesta a importância defensiva da localidade. Sob a
administração da Câmara do Funchal, que se estendia da parte ocidental do
Caniço até a Lombada da Ponta do Sol, o território era administrado pelo juiz
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
32
do lugar, o juiz pedâneo, o alcaide, o porteiro, o quadrilheiro, que deviam
evitar o furto de gado e outros danos nos sítios mais recuados, e o meirinho
da serra.
Os cargos eram normalmente exercidos por cidadãos da Ribeira Brava que
então funcionava como cabeça das quatro freguesias. Este tipo de
administração manteve-se até 1835, quando se procedeu à nova divisão da
concelhia: Câmara de Lobos, Santana e Porto Moniz, passando a Ribeira
Brava6
a integrar o município da Ponta do Sol. Insatisfeitos, os
ribeirabravenses reivindicavam a fundação de um novo concelho que
aglutinasse a freguesia da Tabua, Serra de Água e Campanário. Os moradores
do Campanário esclareceram então que, esgotada a possibilidade de
integrarem o novo concelho, preferiam pertencer ao Funchal e não a Câmara
de Lobos, por condicionalismo geográficos. Por sua vez a Tabua preferia
também unir-se a Ribeira Brava, pelas relações de vizinhança que mantinha.
Quanto à Serra de Água, situada num enclave, não tinha outra saída.
Um lugar privilegiado
A Ribeira Brava começou por ser um dos lugares privilegiados, desde os
primórdios do povoamento, assumindo a tutela das quatro freguesias que
foram sendo criadas e que a circundavam. Os senhores das terras tornaram-
se opulentos e, a rodeá-los, um corpo de moradores servia os interesses
camarários e régios, a nível de administração.
Primeiramente, irei falar dos povoadores mais importantes da Ribeira Brava,
ou seja, aqueles que assumiram a administração das terras que foram
6 Imagem: Vila da Ribeira Brava nos anos 30 do séc. XX.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
33
distribuídas num regímen de sesmarias, para serem devidamente
aproveitadas. A toponímia ainda era um pouco vaga neste final do séc. XV e
afinal eram os fenómenos naturais que, muitas vezes, serviam para designar
este ou aquele sítio. Também um punhado de casas, ou ainda a distância a
que ficava o engenho, poderia servir como referência para situar este ou
aquele canavial. Noutros casos, a demarcação era efetuada pelo caminho do
concelho e, finalmente, pela proximidade da rocha ou do calhau do mar.
Um dos maiores produtores de açúcar era Álvaro Vaz. Tinha 1495 canaviais
na Ribeira Brava, acima da casa onde vivia Fernando Eanes Botelho, que
produzia 530 arrobas.
Em resumo, a Ribeira Brava desde os primórdios do povoamento, tornou-se
uma terra próspera.
RIBEIRO, João Adriano (1998),Ribeira Brava, Subsídios para a história do
concelho, CMRB
Alguns testemunhos recolhidos no dia 7 de junho de 2014.
Entrevista
Entrevista realizada à Dona Antonieta7
de 69 anos, natural do sitio de São João,
Ribeira Brava. Numa das visitas ao
Centro Social e Paroquial de São Bento.
7
Entrevista, na imagem, à esquerda, ocorrida no dia 7 de junho de 2014 aos utentes do Centro Social e
Paroquial de São Bento.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
34
Marisa: Boa tarde, vamos dar inicio às entrevistas dos utentes do Centro
Social e Paroquial de São Bento sobre a “Ribeira Brava antiga”. Como é que
está, Senhora Antonieta?
Bem-disposta!
Ainda bem, é o que é preciso. Então, conte-me como era viver antigamente
no concelho da Ribeira Brava?
O concelho da Ribeira Brava está muito diferente do que era. Hoje está mais
moderno, mas também já esteve mais, pois agora está um bocadinho parado.
Antigamente a vida era muito difícil, porém, havia mais agricultura, agora os
terrenos estão todos baldios.
Como foi educar os seus filhos naquela altura, em que a agricultura era a
atividade predominante?
Não foi muito fácil, mas eu consegui. Até fui junto com eles à escola para tirar
a 4º classe.
Havia muita emigração, nesse tempo. A senhora, chegou a emigrar?
Não senhora, o meu marido sim, o meu pai e os meus irmãos também.
E neste preciso momento tem familiares emigrados?
Sim, tenho os meus irmãos e sobrinhos.
Disse que tinha tirado a 4ª classe junto com os seus filhos. Quando era
criança, chegou a andar na escola?
Sim, até a 3ª classe.
E acha que a escola é uma boa instituição para a educação das
crianças/jovens?
Sim senhora, ajuda muito.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
35
Como é que acha que a Ribeira Brava vai ser daqui a 20 anos?
Daqui a 20 anos? Peço a Deus que esteja melhor, pois acho que está um
bocadinho difícil, mas disseram que isto ia dar uma volta e que ia melhorar.
Espero bem.
Quer deixar algum apelo aos jovens do concelho?
Eu quero deixar um conselho aos jovens: que tomem um pouco de juízo e
que prestem atenção à vida que os seus pais e avós levaram. E oxalá que o
tempo não volte atrás.
Muito obrigada pela sua colaboração, senhora Antonieta.
05 - FÉ, FESTA E TRADIÇÃO
Cortejo das Açucenas: A última festa que é
realizada na freguesia de Campanário, ocorre numa
pequena capela, propriedade privada, instituída em
1672 por Jerónimo de Autouguia Betencourt e sua
esposa D. Catarina Spanger. A marcar este arraial
popular, há um tradicional e único CORTEJO DAS
AÇUCENAS, o qual realiza-se sempre da quinta para
a sexta que antecede a “Festa da Capelinha”.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
36
Dita a tradição que
durante a madrugada de
Sexta (cerca das 3 às 4
horas da manhã) estalam
foguetes a anunciar a
concentração dos
populares para partirem a
pé até às Fontainhas.
Como curiosidade,
registe-se que em tempos
idos, alguns dos adeptos
da “Ida às Açucenas”
também o faziam para
colher alguns peros nas
Fontainhas, sendo esta
prática alvo inclusive de
alguns incidentes, que no entanto, nunca chegaram a impedir a tradição de se
realizar.
No presente, a principal nota de reparo, é para o facto de muitos dos
populares se deslocarem no cortejo não a pé mas de carro, impondo uma
alteração à tradição por via da evolução dos tempos.
Texto da autoria de Luís Drumond (colaborações para o boletim da ADC
“Mais Saúde, Mais Lazer, Campanário a Mexer” (adaptado).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
37
Na festa de Nossa Sra. do Bom Despacho, no
Campanário, a procissão habitualmente sai da
Capela até ao Tornadouro, Porta Nova, Volta do
Pico, novamente ao Tornadouro e regressa à
Capela. As confrarias, os andores, os
cumpridores de promessas, a banda de música,
e os meros acompanhantes, fazem da procissão
um dos pontos altos e mais sentidos da festa de
Nossa Sra. do Bom Despacho no Campanário.
As principais promessas constituem em ofertas
em dinheiro, cordões ou anéis de ouro, círios ou
velas na procissão, ou simplesmente
acompanhar a procissão.
http://www.prestservi.com.br/diaconoalfredo/titulos_maria/b/bomdes
pacho.htm [2015/4/17].
Campanário, 26/9/2014: A Sra. Almerinda e a Alícia (ex-aluna de Sociologia da
EBSPMA), aguardam, na sua casa, sorridentes, a passagem do cortejo.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
38
DOMINGO DE
PENTECOSTES NA Rª.
BRAVA, 2014
Antes de ser uma
festa dos cristãos,
Pentecostes foi festa
dos judeus, e sua
origem se perde nas
sombras do passado.
Antes de se chamar
assim, tinha outros
nomes, e era uma
festa agrícola.
Fonte:
http://www.paroquiasaopauloapost
olo.com.br/index.php?id=1102%3As
ignificado-
pentecostes&option=com_content
[2015/4719].
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
39
O que significa
Pentecostes?
É uma palavra que vem
do grego e significa
"quinquagésimo".
É o 50° dia depois da
Páscoa.
É a solenidade da vinda
do Espírito Santo. Junto
com Natal e Páscoa,
forma o tripé mais
importante do Ano
Litúrgico.
Esse detalhe ajuda a
compreender por que
Pentecostes pertence ao
Ciclo da Páscoa.
O vermelho domina essa
solenidade, associado ao
fogo, símbolo do amor.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
40
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
41
Ribeira Brava - adro da igreja: uma
cerimonia religiosa celebrada com muita
solenidade. A banda, o presidente da junta
de freguesia e a sua família e outras
comunidades. Jovens, professores, idosos e
crianças para verem e admirarem uma vez
mais, também a dança das espadas.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
42
ESPÍRITO SANTO
A devoção ao Espírito Santo na piedade popular madeirense enraíza na mesma
descoberta da ilha em 1420, e no início do povoamento, por meados de 1425.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
43
19/7/2014: A “Festa do Espírito
Santo” é uma tradição com muitos
anos no Campanário. As “saloias”,
crianças vestidas com trajes brancos
e vermelhos, “decoradas” com ouro
e cestos de flores, tornam esta
tradição como especial para os pais.
Habitualmente, “as saloias”,
cantam versos típicos do Espirito
Santo e vão acompanhadas por
instrumentos tradicionais.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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As saloias trajam vestido branco, manga curta franzida e saia também
franzida. Habitualmente o vestido é ornamentado com colares de ouro
e folhas de alegra-campo verde. Sobre o cabelo trançado coloca-se
uma carapuça enfeitada com colares e prendas de ouro.
Serra d’Água e Meia Légua
A tradição é vivida com
intensidade pelas famílias
madeirenses bem como junto
das comunidades portuguesas
espalhadas pelo mundo. É
comum, em muitos lares, uma
limpeza das casas ao pormenor
para receber o Pároco ou o
representante da Igreja.
A família e os amigos mais
próximos juntam-se.
As refeições são melhoradas
para este dia com bolos, doces,
licores, entre outras iguarias.
Fonte:
http://www.cantinhodamadeira.pt/index.php/ev
entos/item/96-festas-divino-espirito-santo
[2015/4/18].
Por Joana Sofia (EBSPMA), à esq.
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45
Micaela Abreu
Festa do SS. S. d`Água
Tapete do Santissimo
Sacramento.
Normalmente, esta festa é
celebrada no domingo a seguir
ao da padroeira, ‘’Nossa
Senhora da Ajuda’’.
Há uma manifestação de fé
que consiste em levar símbolos
religiosos. O branco é uma cor
dominante nesta
festividade.círios,
apresentando-se com os seus
fatos domingueiros.
Festa do
Santissimo
Sacramento,
na Serra
d’Água
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Tapete de flores na festa do Santíssimo
Sacramento na Serra d’Água.
As pessoas de cada sítio, reúnem-se para a
recolha de flores, sendo depois, pela manhã,
utilizadas para a organização e preparação do
tapete. Após a Eeucaristia, dá-se a saída da
procissão, onde o prior é único a passar por cima
do tapete de flores. Os paroquianos rezam e
admiram os arranjos floridos que estão no chão.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Meninos que fizeram a
primeira cumunhão
participam na
procissão do
Santíssimo (Serra
d’Água).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
48
Arraial do São Pedro, 28 e 29 de junho
Rª. Brava, 28/6/2014: Marchas São Pedro
Por Catarina
Garcês e
colegas.
História da Casa do Povo da Rª. Brava (síntese)
Localização Anterior: Edifício da Cooperativa
Agrícola da Ribeira Brava – Cave
Localização atual: Rua Juvenal José Ferreira Pestana
- 9350 - 208 Ribeira Brava .
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
49
• Órgão de gestão ao longo do tempo
Até 1999 esteve na gestão o presidente José Ismael Fernandes, sendo que
desde essa data e até à atualidade permanece como órgão de gestão o
Presidente José Pereira de Abreu.
• Quando foi fundada a Casa do Povo da Ribeira Brava?
A Casa
do Povo
iniciou a
sua
existênci
a a 29 de Agosto de 1973 em conjunto com outras Casas do Povo.
Resultou duma vontade do
povo em ter uma
organização que pautasse a
vida cultural do concelho da
Ribeira Brava. As Casas do
Povo, que antes do 25 de
Abril de 1974, eram órgãos
representativos, de
providência social e
animação sociocultural das
comunidades rurais, uma vez criados os Centros Regionais de Saúde e
Segurança Social e os Sindicatos Livres para defesa dos interesses dos
agricultores, ficam com uma área bastante reduzida. Em 1982, o Governo
Regional imprime uma nova dinâmica às Casas do Povo confiando-lhes a
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
50
tarefa de desenvolvimento sociocultural e económico das populações rurais,
dando às mesmas apoio técnico e financeiro, através de um Decreto
Regulamentar Regional.
As Casas do Povo foram então definidas como "instituições de base
associativa, dotadas de personalidade jurídica e autonomias administrativa e
financeira, que se constituem por tempo indeterminado e se destinam ao
desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo das comunidades".
Começou-se por fazer levantamentos sobre os
trajes, músicas, e bailados dos vários locais
madeirenses. Em meados dos anos 80 (86-89) com
50 sócios, era Presidente, o Sr. José Ismael
Fernandes.
Desde então começaram-se a desenvolver
atividades, como cursos de música (viola,
braguinha, rajão e acordeão), formaram-se a Tuna, o Grupo Folclórico da
Ribeira Brava, o Grupo de Romagens. Mais tarde, surgiram os Cursos de
Culinária, Costura, etc.. até às inúmeras atividades que hoje são
desenvolvidas por esta instituição.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Atualmente conta com 226 sócios.
• Marchas Populares
As Marchas populares remontam a
1932 (como são conhecidas hoje),
sendo uma das mais antigas e
crescentes tradições, (às marchas,
"juntaram-se" em 1958, os
Casamentos de Santo
António). Porém, já se realizavam
marchas desde o século XVIII. Se
bem que, por motivos óbvios de
inclinação comercial, não seja tão sabido, também a tradição das Marchas
Populares tem forte expressão, agregando coletividades de diversas cidades e
arredores.
• Vestuário das Marchas Populares
Para os homens: Para as mulheres:
Calças pretas;
Camisa branca;
Colete;
Chapéu;
Fitas;
Sapatos pretos.
Saia;
Camisa branca;
Avental;
Chapéu;
Capa;
Sapatos pretos.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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• Marcha da Rª. Brava (quando se participa no S. António – Funchal)
1ª Quadra
Santo António do
Funchal,
Festa no mundo
sem par
Há folia toda a
noite
Balões e arcos no
ar.
REFRÃO
Entrem na
marcha alegre e
animada,
Junta-te a nós,
vem connosco
bailar,
Não fiques em
casa em noite de
alegria
Arcos e balões
nunca parem de
cantar.
2ª Quadra
Vem aqui a Ribeira
Brava
E a juventude vem
com ela
Venham todos
tomar parte
Nesta marcha tao
singela.
3ª Quadra
Dia 28 de junho
Dia de tanta
alegria
É o arraial de
Santo António
O maior da
freguesia
4ª Quadra
Esta marcha tão
querida
Vem mantendo a
tradição
Rapazes e
raparigas
Santo António no
coração.
5ª Quadra
Venham ver nossos
balões
E arcos muito
enfeitados
E este bando de
jovens
Alegres
enamorados
6ª Quadra
É com os nossos
balões
Sempre no ar a
brilhar
Esta nossa
tradição
Nunca mais há-de
acabar
7ª Quadra
Venham todos
para a festa
O arraial animar
Venham novos,
venham velhos
Connosco cantar
e bailar.
8ª Quadra
Vamos todos dar as
mãos
Com os arcos e
balões
Cantar com o
coração
Ao som dos
acordeões.
9ª Quadra
Toda a nossa
juventude
Anseia por este
dia
Dão largos ao
coração
Nesta nossa
Romaria
10ª Quadra
Reunimos esta
marcha
Não pode vir mais
ninguém
Demos boa noite
a todos
Até ao ano que
vem
REFRÃO
Entrem na marcha
alegre e animada,
Junta-te a nós, vem
connosco bailar,
Não fiques em casa
em noite de alegria
Arcos e balões
nunca parem de
cantar.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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São Pedro
O Santo Protetor dos Pescadores é assinalado a 29 de junho. O último dos
Santos Populares é assinalado com pompa e circunstância na Vila da Ribeira
Brava, Câmara de Lobos e no sítio de São Pedro, em Santa Cruz. São locais
com tradição piscatória.
No entanto, a mais concorrida é a Festa da Ribeira Brava. No passado,
algumas empresas de transporte marítimo realizavam viagens em barco de
recreio entre a Marina do Funchal e a Ribeira Brava. O arraial ficou conhecido
pela forte animação musical e pelas marchas populares sobretudo na véspera
de São Pedro:
“Vestuário”, por
Tânia Pita, 12º. A, C.
T. de Ação Social,
2013/14 (EBSPMA).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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“São Pedro meu padroeiro. Trazes a chave na mão. Vê se encontras meu
amor. Para abrir meu coração”.
“ARCOS”
Por Daniela Faria
O que sou: Sou uma rapariga impulsiva, amiga de
quem merece, espontânea, gosto das coisas à
minha maneira, gosto que tudo dê certo,
preocupada com a aparência, sou divertida,
alegre e digo sempre tudo o que penso.
O que não sou: Não sou paciente, nem egoísta,
odeio injustiças e mentiras. Não sou pessoa de
perdoar traições.
Os meus objetivos: Tenho um objetivo geral, conseguir viver com o que a vida
me dá, ter força de enfrentar sempre os problemas em vez de torná-los
maiores. Quero construir uma vida, ter a minha casa, o meu trabalho, e ir
conseguindo as coisas com o meu esforço sem nunca desiludir quem confia
em mim.
• Arcos, o que são?
Os arcos das marchas são a maneira mais simples, aperfeiçoada e bonita de
dar ânimo e cor a uma marcha. Cada marcha, cada sítio tem o seu,
independentemente das cores, formas ou tamanhos.
Os nossos foram feitos com ferros, colocados em forma de arco,
embrulhando jornal à volta do ferro e depois fitas de várias cores para dar
alegria à marcha.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Os arcos foram uma ideia de tornar a
marcha algo vivo, ajudar nos passos
de dança. Em Lisboa estes são
armados num banco baixo ou em
degraus feitos de caixas ou caixotes,
forrados com um pano branco,
ostentando no degrau cimeiro a
imagem do santo, quase sempre em
barro.
O resto são os enfeites de papel colorido, as flores, as velas, os vasinhos de
manjerico, as figurinhas e os pequenos objetos dispostos ao gosto de cada
um.
Há também arcos mais elaborados e de maiores dimensões em lugares
públicos, símbolo da devoção popular dos moradores de cada rua, ou pátio
dos bairros antigos de Lisboa.
É necessário fazê-los sempre com cuidado e imaginação para que corra tudo
bem na hora da atuação, amarrar as fitas com arames, e prender tudo com
muita força. Os balões foi uma ideia de dar ainda mais ânimo ao arco devido
à luz que esta solta de maneira a conseguir a atenção da plateia:
‘’ Alegrar as pessoas não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver
pessoas sem nada para fazer, mais triste ainda é vê-las sentadas
enfileiradas em casas sem ar, apenas olhando para o nada pensando
que a vida já acabou.’’
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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• Testemunho de quem possui mais experiência do que nós (I)
O que sei é que as marchas não são daqui, ou seja, nós também festejamos o
São Pedro, São João mas tem uma maior predominância em Lisboa.
O ponto mais alto do São João é no Porto e Santo António é Lisboa. No
passado, os organizadores das marchas foram os professores João Abreu
Gomes (Tito) e Eleutério, a Jenny.
Este ano foi o que mais me marcou em
termos de marchas, por ver o esforço e
o trabalho que estas miúdas tiveram
para a realização das marchas. Rosa
Carolina.
Nota de Redação: Rosa Carolina, na
imagem, é a atual funcionária da Casa
do Povo; nasceu em 1975 e mora no
Pomar da Rocha, concelho da Rª.
Brava.
• Testemunho de quem possui mais experiência do que nós (II)
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Um senhor, por acaso um dos professores
da nossa escola, que há alguns anos liderou
a Marcha Popular da Ribeira Brava deixa-
nos o seu testemunho como as coisas eram
e o que mudou…
Nome: João Abreu Gomes (Tito)
Morada: Ponta de Sol.
Estive na liderança das marchas em 1989
até 1996, fiz 3 anos só como membro
depois mais 6 anos como ensaiador e
membro. O local de ensaio era na antiga
escola Primária, a escola da sede. E depois
no antigo cinema – atual biblioteca municipal. O horário era pós-laboral, depois das
18 horas e envolvia jovens dos 14 até idade ilimitada, pois havia muitas pessoas a se
inscrever e depois havia uma pré-seleção.
As marchas da Ribeira Brava eram um cartaz turístico, por causa do são Pedro, apesar
do São Pedro estar morrendo aos poucos.
Eram selecionados 16 pares, sempre rapaz-rapariga, e tinha início cerca de 15 de
maio.
Os passos eram meus pela experiência e com a
visualização das marchas de lisboa. A letra era original
pelo Santo António e trazíamos sempre prémios desta
festa. A de são João era letra e música própria assim
como a de São Pedro.
São Pedro: ‘‘ viva a São Pedro, viva, viva a nossa festa,
não há na Madeira uma festa como esta, viva a São
Pedro, viva a nossa freguesia, viva a nossa juventude, que canta com alegria ‘’
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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A Banda Municipal, na altura, 20 anos atrás, voluntariava-se para acompanhar o
grupo, ao longo dos 3 eventos. Os arcos eram reformulados todos os anos, com papel
crepe, o aro era de ferro, todo o matérial era doado pelos comerciantes da Ribeira
Brava, assim como, os comes e bebes pelos restaurantes.
As roupas, eram típicas da Ribeira Brava. Raparigas com saia vermelha bordada, blusa
branca e lenço vermelho, os rapazes com calça preta, camisola branca, chapéu preto
de filtro e faixa vermelha. As roupas das raparigas eram propriedade da Casa do
Povo.
Nos ensaios, os primeiros dias eram sempre muito agitados. Os transportes eram
oferecidos pela Casa do Povo, o poli desportivo da Rª. Brava e a Câmara Municipal
para levar os músicos. O grupo arrecadou bastantes prémios. O percurso iniciava-se
na “Escola da Sede”, passando pelo largo Herédia, descendo toda a Rua do Visconde,
rua Coutinho, e terminávamos no adro da igreja.
Não havia carros alegóricos. Era um trabalho voluntário, mas quase semiprofissional
porque havia dedicação e empenho de todos os participantes para sermos sempre a
melhor marcha. As primeiras duas semanas eram de ensaio da letra e da música, e os
restantes era ensaio da coreografia, sendo os últimos dois dias de marcha de rua. A
coreografia que nós tínhamos era diversificada e estava adaptada a cada local.
Depois das marchas havia sempre animação até muito tarde.
Cheguei a ir à Serra de Água, sempre sem rivalidades, pois nós queríamos sempre
aperfeiçoar. E também fui ao Campanário.
As roupas tradicionais já eram de 1970. Procurávamos sempre fazer coisas
diferentes, dado que o Santo António (Funchal) era uma festa muito concorrida.
A meu ver, perdeu-se muito em não se manter a tradição das marchas de São Pedro,
quer a nível de vestuário / musical. Passávamos nas ruas e quem cantava eram as
pessoas, visto que, a letra da marcha era muito conhecida e fazia com que a plateia
também participasse na marcha a cantando. Talvez daqui uns a anos se volte a pegar
nisto, mas sei que muita coisa iria mudar porque sou um homem muito exigente.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Esta experiência ajudou-me na Universidade da Madeira. Deu-me azo a fundar duas.
A TUMa - Tuna Masculina da Universidade da Madeira iniciou as suas atividades em
setembro de 1995, tendo-se formado, no entanto, em abril de 1994 como tuna
mista. A 13 de Março de 1998 é constituída a Associação denominada Tuna
Universitária da Madeira (TUMa). Em abril de 1997, a TUMa apadrinhou a Tuna
D’Elas – Tuna Feminina da Universidade da Madeira e em Outubro de 1998
apadrinhou também a Tun’UMa - Tuna Mista da Universidade da Madeira. Do meu
ponto de vista, a “Mista” não atingiu, na época, os objetivos pretendidos, porque as
raparigas ficavam irritadas por cantarmos para outras raparigas.
Uma vez um colega nosso estava chateado com a namorada, então perguntamos
onde era a casa dela. Fomos todos à volta dele, cantamos a serenata, e acredite ou
não, deu casamento …
Concluo com uma pequena amostra de imagens recolhidas por nós em maio e junho
de 2014, durante a nossa participação muito ativa:
Foi sem dúvida uma experiência fantástica, o nosso trabalho e dedicação valeu a
pena. Um muito obrigada a todos!
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Imagem 1: S. Pedro da Fajã da Ribeira de 2014; imagem 2: Placa identificativa
do sítio, em 2014. No dia 5 de novembro de 2014: um arco-íris.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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A tradicional e monumental «Charola de São Pedro», da Fajã da Ribeira,
levada em romagem.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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São Pedro da Ribeira Brava, junho de 2013 – Contributo dos sítios de Pico,
Achada e Banda d’Além.
O termo «charola», devido ao formato arredondado,
quer da «charola» da Madeira, quer da «charola»
algarvia, terá origem na dança de roda mais popular da
Europa entre o século XII e o século XVII, primitivamente
uma dança religiosa, à qual era dado o mesmo nome:
«charola».
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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♫ Grande obrigado pela ajuda de todos na Festa de São Pedro da Ribeira
Brava: sítios com as Romagens (Vale, Moreno, lados da Avé Maria, Pomar da
Rocha), Barco (Achada/Pico/Apresentação) e Charola (Fajã da Ribeira/Meia
Légua).- Obrigado à família que ofereceu as flores para a igreja8
.
8 http://www.igrejarbrava.com/oraetlabora.htm (Acedido a 2015/1/18).
Rª. Brava, junho
de 2013.
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Festas de São Pedro na Ribeira Brava (2013-06-28), uma das maiores festas
religiosas tradicionais da Madeira, bastante concorrida e divulgada através de
todos os meios de comunicação social da Madeira, incluindo as televisões.
O concelho da Ribeira
Brava celebra São
Pedro nos dias 26, 27,
28 e 29 de Junho,
tendo o seu ponto alto
no dia 28, logo pelas
12 horas com a
tradicional girândola
e atuação da banda
municipal, seguindo-
se as romagens ao
Sítio do Vale, Avé
Maria, Pomar da
Rocha, Achada, Pico
Banda de Além e Fajã
da Ribeira.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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A vila da Ribeira Brava celebra a Festa de São Pedro com grande animação. A
vila é decorada com flores e instrumentos de pesca. Os fiéis transportam
produtos agrícolas, pão, vinho, bolos, dinheiro em notas, em honra a S.
Pedro, para o adro da Igreja.
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“A FESTA”, de 8 de DEZEMBRO a 8 de JANEIRO
Fotorreportagem de J. Ramos
No “Bar Coelho” (Boa Morte) e na festa de Nª. Sra.
Conceição, no sítio da Cruz, em 2014.
FESTA DO ESPÍRITO SANTO: A devoção ao Espírito Santo na Ilha da Madeira remonta ao
início do seu povoamento, por volta de 1425. A manifestação mais expressiva dessa
devoção são as visitas pascais denominadas "Visitas do Espírito Santo". Realizam-se
entre o II Domingo de Páscoa e o Dia de Nossa Senhora da Ascensão. Texto adaptado de
http://www.madeirarural.com/guia_viagem/ver_item.cfm?id=555&lingua=po (Consultado em 22/12/2014).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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O Firmino está emigrado na África do Sul. Tem lá um negócio e gosta tanto da “sua”
Ribeira Brava que, se pudesse, permanecia por cá mais tampo. Fernando, desde
muito novo que viajou por esse mundo fora, com destaque para a Venezuela. O
António, ex-funcionário público, ainda canta, toca acordeão, rajão (espécie de viola
pequena com cinco cordas) e viola. Colaborador assíduo da Casa do Povo da Ribeira
Brava.
A propósito do rajão, um dos instrumentos mais preferidos pelo músico António, o
primeiro da esquerda, na imagem, a “Wikipédia” ensina-nos:
o “Rajão” (designação utilizada somente na Madeira), de acordo com o
sistema de classificação de Hornbostel-Sachs, caracteriza-se como sendo
um cordofone, mais especificamente, um cordofone composto
de cordas beliscadas. O som é produzido pela vibração de uma ou
mais cordas, apresentando uma caixa-de-ressonância como parte integral do
instrumento.
Mercearia Nova (Vila da Rª. Brava), natal de 2014 - Da esquerda para a
direita, três amigos de longa data, em plena confraternização: António
Manso, Fernando Ambrósio e Firmino Macedo.
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69
Presépios e Lapinhas Madeirenses, na EBSPMA, em 2014
Na Madeira, o povo não
costuma distinguir entre
«Presépio» e «Lapinha». O
presépio mais clássico,
também é denominado de
«Lapinha».
Durante o mês de
dezembro de 2014, alguns
dos funcionários da
EBSPMA, em grupo e por
turnos, orientados pelo
Conselho Executivo,
colaboraram na nas
festividades natalícias
executando, com empenho
os trabalhos que aqui
deixamos aos nossos
leitores.
O “Presépio”, cujo
conceito original
significa “um lugar onde
se recolhe o gado;
curral, estábulo, foi
recriado por alguns
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
70
funcionários da EBSPMA, e m dezembro de 2014.
A Lapinha será só uma tradição da Madeira e do Porto Santo?
Não. Ela é feita, também, em alguns sítios do Brasil, principalmente no
nordeste mas a lapinha tradicional na Madeira apresenta duas variantes
distintas: a escadinha e a rochinha. O armar da lapinha acontecia
habitualmente nas vésperas do dia de Festa. Nos dias de hoje, ocorre mais
cedo, como aconteceu, em 2014, na EBSPMA9
.
9 Imagens recolhidas em parceria com o Gabinete de Informática EBSPMA.
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As Missas de Parto na Igreja-Matriz, em 2014
“Searinhas do Menino Jesus” na Igreja Matriz, à
esquerda, uma tradição que, a nível europeu, teve
início no século XVI, quando o cardeal francês
Bérulle decidiu adornar o presépio com searinhas
e laranjas para que as sementeiras e árvores de
fruto fossem abençoadas e dessem muito durante
o ano inteiro.
Depois, a “Barraca dos Escuteiros da Rª. Brava,
aqui representada por 3 rostos bem conhecidos
no meio local.
E, finalmente, as professoras Luísa Afonseca e
Teresa Vale, acompanhadas por familiares e
amigos, após o final da “missa de parto” de
19/12/2014, na Ribeira Brava. Dentro da Igreja,
mesmo depois de findas as cerimónias, há quem
desfrute, calmamente, os últimos momentos para
praticarem a sua fé.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
72
As "missas do parto" acontecem na Madeira
antes do natal, todos os dias às 6h da manhã!
Depois das missas, tocadores e populares tocam
e cantam pelas ruas da vila... Por aqui são estas
coisas que fazem lembrar o Natal.
Texto de Graciela Sousa, em 2014.
O presépio do
Sr. Francisco, no
sítio da
Murteira (Vila
da Rª. Brava),
2014
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
73
Murteira (Rª. Brava), 28/12/2014: Mais de 500 peças, novas e antigas, mas sempre com
arranjo diferente, de ano para ano, no mesmo espaço (quarto exclusivo para esse efeito).
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74
“Presépios
madeirenses.
Mensagem.”
(16-12-2014 até 17-03-2015)
Embutidos de Luz
Ornelas e cerâmica
de Helena Alencastre
Museu Etnográfico
da Madeira
Rua de São Francisco, 24 -
Ribeira Brava. Tel.: 291 952
598.Terça à sexta das 9h30
às 17h00. Sábado e domingo
das 10h00 às 12h30 e das
13h30 às 17h30.
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75
Na Noite de Mercado
No centro da página, em
cima - Nisa Quinta ou a “
Alegria de viver!”, como
dizia uma das suas
amigas, nessa noite,
depois de visualizar a
foto.
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76
Celina Coelho, em discurso direto: Sou uma pessoa criativa, alegre e
inovadora.
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Gosto de desafios e de criar arte com coisas que aparentemente seriam
inúteis. Todos os dias há algo que me surpreende e é por isso que tento
sempre criar algo que surpreenda os outros.
Boa Morte (Ribeira Brava), 28/12/2014:
Uma pequeníssima amostra do vasto
“mundo artístico de Celina”.
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78
O NATAL NO PASSADO10
10
Fontes: GOUVEIA, Horácio Bento de, O Natal na Cidade/A Festa No Campo, Funchal: 2001 (contracapa). Teatro
Municipal de Baltasar Dias, Presépios E meninos Jesus De Ontem E de Hoje. Funchal: 1987.
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Feira,
lapinha,
presépio
no
Mercado e
no Largo
do
Herédia,
2014.
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DIA DE SANTO AMARO - «O VARRER DOS ARMÁRIOS» - BOA MORTE
Uma tradição que serve para estreitar laços de boa vizinhança e de convívio,
para se trocarem ditos e graças, sendo também motivo para se oferecer aos
«varredores» «a mesa posta com bolinhos e bebidas finas».
Organização e imagens: “Bar Coelho”.
No sítio da Boa
Morte (Rª. Brava)
celebrou-se o dia de
Santo Amaro (15 de
janeiro 2015) de
maneira festiva,
colocando-se na
mesa iguarias
idênticas às do dia
de Natal, dançando,
cantando e
convivendo.
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06 - CAMPANÁRIO - O NOME QUE NASCE NO MAR
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Emocionante vida política de
Francisco Correia de Herédia
e da sua ação na criação do
concelho da Ribeira Brava
Ana Luísa Correia11
No passado dia 07 de maio comemorou-se o 1º Centenário da Ribeira Brava
na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Cónego João Jacinto Gonçalves de
Andrade, numa iniciativa levada a cabo pelo grupo disciplinar de História,
através da realização de uma palestra dirigida aos alunos do quinto ao nono
ano de escolaridade, sendo oradores Maria Teresa Pais (Diretora do Museu
da Quinta Cruzes) e Ricardo Nascimento (Presidente do município da Ribeira
Brava).
Maria Teresa Pais falou, principalmente, da emocionante vida política de
Francisco Correia de Herédia e da sua ação na criação do concelho da Ribeira
Brava.
O Presidente da Câmara, o segundo, da esquerda para a direita, na imagem
que acompanha este texto, abordou determinados problemas do concelho no
último século, os quais alguns ainda perduram e da sua visão para o futuro do
município, numa mensagem de esperança aos ribeirabravenses.
11
Fonte: http://www.dnoticias.pt/actualidade/madeira/446670-escola-do-campanario-comemorou-
centenario-da-ribeira-brava (adaptado em 2014-5-10). Foto: “DR”.
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CENTRO DE CONVÍVIO DO CAMPANÁRIO12
Centro de Convívio:
“Resposta social, desenvolvida em equipamento, que presta um conjunto de
serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio
sociofamiliar”.[1]
O Centro de Convívio do Campanário é uma resposta social para a população
idosa, desenvolvida pelo Instituto de Segurança Social da Madeira, tendo
entrado em funcionamento no ano de 2000.
12http://www.cm-ribeirabrava.pt/index.php?lang=pt&s=directorio&pid=259&ppid=174&title=Instituicoes_de_Cariz_Social (2015/3/12).
Sítio da Igreja (Campanário): Na sexta
que antecede o carnaval, no Centro de
Convívio, crianças das escolas primárias
da freguesia e os idosos,
acompanhados pelo Presidente da
Junta (Prof. João Silva, à direita) e
demais população, num convívio
Intergeracional, muito animado e
colorida.
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Rezam as crónicas que, quando os
descobridores chegaram à Madeira no
século XV, ao passarem pelo
promontório do Cabo Girão,
avistaram, junto à costa, um pequeno
ilhéu.
Parecia um sino, tal a forma de
campanário que surgia entre o mar do
litoral sul da ilha.
Diz-se que, inicialmente, o ilhéu tinha
duas saliências, sendo que uma
acabaria por ser destruída pelo mar.
Com o tempo, a terra sem nome
passou a chamar-se Campanário, o tal
que, apesar da insistência do mar,
teimava em não emitir qualquer som.
O Campanário é freguesia desde o
século XVI. Os primeiros senhores das
terras tê-las-iam vendido, por
entenderem que a sua rentabilidade
não era viável.
No entanto começaram a chegar à ilha
pessoas empenhadas em extrair do
solo uma produtividade que lhes permitisse a subsistência. Foi então que,
ainda no séc. XVI, instalou-se um engenho de captação de águas. Não tardou
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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que o Campanário atingisse relativa prosperidade. A freguesia, noutros
tempos chegou a ser conhecida por celeiro das conquistas. Isto porque os
seus terrenos produziam uma quantidade considerável de cereais,
concretamente trigo e centeio, exportados para as costas do norte de África.
Para esta edição, a “Descobrindo”, destacou dois eventos relacionados com a
freguesia de Campanário: “EXPOSIÇÃO CAMPANÁRIO 500 ANOS-
RECRIAÇÃO DO LOGÓTIPO” e…
Ficha técnica
Texto: http://www.madeirarural.com/pt/freguesia-campanario/ (Consultado
em 2014/12/8).
Imagens: https://www.facebook.com/juntadefreguesiadecampanario?fref=ts
(Consultado em 2014/12/8)
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Na 9ª edição da Feira do Campanário, de 14
a 18 de maio de 2014, organizada pela
Associação local, destacamos o seguinte,
entre outros (ilustrados com imagens), a
campanha solidária em parceria com a
ADbrava, visando atribuir 1 computador e
várias cadeiras de rodas a cidadãos
carenciados. Para tal desenvolveu-se uma
campanha de donativos e de venda de rifas a
reverter totalmente para este fim.
Feira do Campanário de 2014,
organizada pela Associação
Desportiva local.
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Feira do Campanário 2014 – 14 a 18 de maio
Feira do
Campanário, de
2014, organizada
pela Associação
Desportiva local.
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07 - RIBEIRA BRAVA - O NOME QUE VEIO DA RIBEIRA
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• Breve referência a outras valências da Casa do Povo13
Cursos na Casa do Povo (Sede)
•Arte Floral
•Curso de rendas antigas
•Iniciação a Culinária
•Tapeçaria de Arraiolos
•Iniciação a Informática nível II
•Cursos de Bandolim, Braguinha, Viola e Rajão.
•Curso de pintura em Tela e Estanho e Vidro
•Curso de Acordeão
•Curso de Inglês Iniciação e Aperfeiçoamento
Cursos Técnico Profissionais para a obtenção
do CAP: (em parceria com a Empresa Carlos
Coelho Ferreira, Lda.)
• Técnico de Obra
• Técnico de Eletricidade
• ITED
• Auxiliar de Educação Sénior
•Contabilidade e Administração
Cursos em outros locais da freguesia
•Culinária Tradicional - Lombo Cesteiro Ribeira Brava.
•Curso de Corte e Costura Nível II - Sitio de São Paulo – Rª Brava.
13 Autor das imagens: AJAP, em dezembro de 2014, na Casa do Povo, uma formação em broinhas de Natal.
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•Curso de Ponto de Cruz – Sitio da Eira de Mourão.
Grupos Musicais
•Tuna.
•Grupo de folclore Marchas para Santos
Populares em 2007 e 2008 obteve o 1º lugar no
concurso das Marchas de Santo António –
Funchal.
Outras Atividades
• Apoio a várias atividades realizadas na Festa
de São Pedro.
• Celebração do Aniversário do Grupo de Folclore.
• Exposições de trabalhos realizados na Casa do Povo.
• Acesso a Internet gratuita na Sala multimédia.
• Espetáculo de Natal realizado na vila com grupos da Casa e outras
instituições.
• Realização do VII Festibrava.
• Participação nas festividades de são Pedro (charola).
Clube de Emprego da Casa do Povo da Rª Brava
Os Clubes de Emprego são um serviço acreditado pelo Instituto Regional de
Emprego (IRE) que presta apoio a pessoas em situação de desemprego na
resolução de problemas de inserção ou reinserção profissional, em
cooperação com os Serviços de Emprego competentes.
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08 - EDUCAÇÃO , CULTURA & OUTROS
Revolução dos cravos recordada, também, na Ribeira Brava, em 2014.
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HÁ UM NÃO – CELEBRAÇÕES DO 6 DE MAIO
SESSÃO SOLENE - 6 DE MAIO de 2014
De cima para baixo, da
esquerda para a direita:
Drs. Alberto João, Cunha
e Silva e Jaime Freitas,
foram, entre outras, as
altas individualidades
regionais e locais que
celebraram o 6 de maio
de 2014, na Rª. Brava.
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Dia 6 de maio foi
marcado, como se
disse, pelo centésimo
aniversário do
concelho da Ribeira
Brava.
"Não fizemos uma
reforma profunda do
Estado, que tem uma
série de organismos
desnecessários, o
que exigia uma
revisão da
Constituição e uma
mudança completa
no sistema de
justiça", considerou
Alberto João Jardim
no seu discurso na
cerimónia
comemorativa dos
100 anos do
município da Ribeira Brava.
O presidente do Governo Regional madeirense disse ainda discordar da
prioridade de reduzir o défice "quando existem famílias em dificuldade".
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As questões sociais também constaram do discurso do presidente da câmara
da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento, que se mostrou preocupado com o
desemprego no concelho e com as necessidades de apoios sociais:
"Existem muitos ribeirabravenses a necessitar de apoio social", disse o
autarca que também falou da importância de "dinamizar e valorizar o
concelho" com mais acessibilidades.
Referindo-se ao concelho, Alberto João Jardim considerou que o futuro passa
por investir nas novas instalações da Escola Básica e Secundária Padre
Manuel Álvares e continuar a canalização das ribeiras na freguesia da Serra
de Água.
Ribeira Brava,
2014:
Celebrações do
ano do
centenário,
também, através
de atividades
desportivas.
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Ribeira Brava, maio de 2014 - Festas
dos cem anos do concelho –
Exposição “O Futuro Somos Nós”
atividades desportivas (no Mercado e
junto ao Forte).
Cantigas religiosas, na Igreja-Matriz,
com a participação de alunos e
professores da EBSPMA.
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A exposição “O Futuro Somos Nós” – uma pequena amostra, na última
imgem desta página - foi um dos pontos altos das celebrações do 6 de maio
de 2014.
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A Escola no seu tempo
Conferência do professor e escultor Francisco Simões14
“Bom dia a todos. Costuma-se, nas situações protocolares, dizer-se senhora
presidente disto, senhor disto, senhor daquilo, senhor daquele outro. Aqui há
muitos presidentes, e eu já nem os sei contar. Portanto, caros colegas e
professores, caros amigos e caros alunos da Escola da Ribeira Brava, queridos
e antigos alunos que estão aqui presentes, muito bom dia.
14Evocação do quadragésimo aniversário (2014-1973) da ex-Escola Preparatória da Ribeira Brava, atual
Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares (EBSPMA), proferida no dia cinco de maio de 2014, na já
batizada “Sala de Francisco Simões” (antiga sala de Sessões), pelo primeiro diretor da Escola Preparatória
da Ribeira Brava (1972/1973), professor Francisco Simões.
Gravação do texto e algumas imagens: AJAP; Restantes imagens: Gabinete de Informática da EBSPMA.
Transcrição e organização do ficheiro áudio para o ficheiro word: Prof. Martinho Macedo.
Ribeira. Brava, maio de 2014: Eu sou um operário. A minha inspiração é o
trabalho. Francisco Simões.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Vamos ver se eu serei capaz, como
me proponho, de contar a História
desta Escola, deste espaço e da
minha vida na comunidade da
Ribeira Brava. Pode ser contada de
várias formas, sendo contudo a
mesma história. Se por exemplo,
esta sala estivesse cheia de
professores da escola eu teria de
contar esta história no sentido de
lhes dizer como é que nós
conseguimos dar aulas, naquele
tempo, trabalhando com os nossos
alunos e quais eram as nossas
regras de condutas profissionais,
éticas, etc. Mas como vejo à minha frente muitos alunos, vou-vos contar a
história verdadeira desta escola para que vocês, mais pequenos, a levem e
repensem nas vossas casa. E vão ver uma diferença enorme entre o que era a
vida das pessoas da Ribeira Brava naquele tempo e como é agora.
Aconteceu um fenómeno social e político muito importante no nosso país,
Portugal, que permitiu essa melhoria de vida das pessoas, embora, ainda hoje
haja muitos problemas, já não comparáveis aos de outrora. Era uma vida de
grande pobreza, de grandes dificuldades e que limitava muito a população.
Vou começar só por vos dizer o seguinte: os alunos da Ribeira Brava, da
Calheta, do Porto Moniz, de São Vicente, os alunos desta parte oeste da ilha
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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acabavam a quarta classe e, a maioria, cerca de oitenta, oitenta e cinco por
cento, ou noventa por cento, ficavam aqui, nas suas terras, com a quarta
classe. Portanto, a existência de uma escola na Ribeira Brava era de uma
grande importância para que as pessoas não ficassem paralisadas e
pudessem continuar os seus estudos. Mas vocês me perguntarão: mas como
é que ficavam só com a quarta classe?
Antigamente, com um bom carro e
a andar depressa nas estradas,
demorava-se pelo menos uma hora
para chegar ao Funchal. O horário
ou a camionete da carreira, não sei
como é que ainda se diz ou se usa o
termo, mas, antigamente, o horário
ou a camionete dos transportes públicos, demorava três horas a chegar e
outras três para regressar. Isso significava que quem fosse estudar para o
Funchal não podia ir de transportes públicos porque teria de se levantar às
quatro horas de manhã para poder estar às oito horas nas aulas. E depois
regressaria a casa às não sei quantas da noite. O que é que acontecia então?
Acontecia que alguns pais de meninos que tinham melhores condições
económicas conseguiam colocá-los num quartinho de uma família ou de
alguém conhecido, pagando, claro, para que os pequenos pudessem estudar
no Funchal. Portanto, é esta a principal razão, por que esta escola é muito
importante para a comunidade da Ribeira Brava. Mas o que é que aconteceu
nessa altura?
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Aconteceu ainda outro fenómeno. Estamos
a falar de uma época anterior ao 25 de Abril
de 1974. Esta escola nasceu, como
nasceram outras em Portugal, porque o
nosso país tinha o maior índice de
analfabetismo infantil. Em todo o país havia
muitas crianças que eram analfabetas, que
não estudavam e uma organização
internacional, a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico,
OCDE, pressionou o governo português
dizendo-lhe que ou fazia escolas para
responder a esta necessidade básica,
elementar, ou Portugal seria corrido da OCDE, organização internacional onde
estavam filiados a maioria dos países. Ora, isto era uma vergonha. Foi então
que o governo começou a fazer escolas.
No Diário do Governo era registado a inauguração de várias escolas sem
grandes cuidados. Não questionavam se os locais eram os mais apropriados,
se a escola era um pavilhão pré-fabricado ou se tinha um mínimo de
condições para os alunos, etc. Na Ribeira Brava aconteceu algo ainda mais
insólito. A escola existia no Diário do Governo mas não existia na realidade.
Nós não tínhamos o edifício. Havia este espaço que tinha sido da junta geral,
um sítio de experiências agrícolas, mas não havia escola.
Havia, então, uma experiência mais complicada, os professores mais velhos,
lembrar-se-ão, de uma escola na Calheta onde, enfim, se punia os alunos
Nota da redação
Francisco Simões (de casaco azul nas
imagens que acompanham este
texto): 1946 – Nasce em Porto
Brandão, Almada; 1965 – Conclui
curso da Escola de Artes Decorativas
António Arroio; 1966 – Inicia a
atividade gráfica com o pintor Mário
Costa; 1967 – É bolseiro da O.C.D.E.
em Roma, Turim, Novara, Verona e
Milão; 1968 – Trabalha no Museu do
Louvre a convite de Germain Bazin;
1969 – 
Vai viver para o Funchal
onde inicia a carreira docente e o
curso de escultura da Academia de
Música e Belas Artes de Madeira;
1972 – É Diretor da Escola
Preparatória da Ribeira Brava (…).
“Na escultura, a mulher é sempre o
tema central, pela sua beleza”.
Francisco Simões, durante a sua
última visita à Escola B+S Padre
Manuel Álvares.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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com chicote, alguns professores tinham apenas a quarta classe, outros o
segundo ano do ciclo preparatório,mas eram filho ou filha do diretor da escol,
portantohavia uma escola que não era um bom exemplo para ninguém mas
que era uma realidade desse tempo - um tempo onde não havia liberdade:
os professores não tinham liberdade, os alunos não tinham liberdade. Reinava
uma hierarquia repressiva, autoritária que não permitia a liberdade.
Entrementes, um amigo meu, inspetor do Ministério da Educação, veio à
Madeira e solicitou a minha ajuda para encontrar um diretor escolar para a
Ribeira Brava. Eu ajudei-o. Andámos e procurámos todas as pessoas que
podiam vir para a Ribeira Brava no sentido de evitar o descalabro que estava
a acontecer na Calheta. E a verdade é que os professores que podiam ser
diretores não aceitaram vir para a Ribeira Brava, exactamente porque era
longe, porque ganhavam mal e tinham que dar umas explicações para viver
um pouco melhor. E, assim, ficámos num vazio.
Outro amigo meu, na altura ainda muito jovem, chamado Virgílio Pereira,
uma pessoa muito conhecida na Madeira e que foi presidente da Câmara do
Funchal, deputado, etc., era um professor muito bom. Eu e ele na Escola
Industrial, naquele tempo, fazíamos uma espécie de pequena revolução:
íamos modernizando, alterando os costumes, mudando os hábitos,
formámos uma equipa boa e amiga. E, a dado momento, eu propus ao
inspetor o meu amigo Virgílio Pereira para diretor da Ribeira Brava. E o
Virgílio disse:
- Oh, senhor inspector, tenha pena de mim, eu não tenho o curso da
universidade, ando em matemáticas, vou fazendo duas cadeiras (disciplinas)
por ano, não ganho no período de férias (nessa altura as pessoas não
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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ganhavam no período de férias), e preciso de dar umas explicações para
viver. Já sou casado, tenho um filho. Isso vai-me desgraçar a vida, não posso
aceitar.
E toda a gente compreendeu as razões do Virgílio Pereira e ficámos naquela
situação de impasse. O que é que podia vir a acontecer? Podia vir para
presidente da escola o senhor padre, o presidente da câmara, o presidente
da junta de freguesia, alguém que eles escolhessem, que fosse de confiança,
é claro, para vir para aqui. Era gente que nada tinha a ver com o ensino. Ora,
os alunos iam sofrer o que já sofriam os da Calheta e o que sofriam os de
muitas escolas do nosso país. Isto não era exclusivo da Madeira. Até que o
Virgílio assegurou:
- Mas, há uma saída! Por que é que não vai o Simões?
Eu, então, lembrei:
- Eu? Mas … ninguém me vai querer … eu sou uma pessoa que tem umas
ideias, assim, um bocado estranhas. Eles não concordam com as minhas
ideias. Mas o inspetor insistiu:
- Não! Isso trato eu.
E fui nomeado diretor desta escola que não existia. E aqui começa a nossa
história. Eu venho à Ribeira Brava. Falei com o senhor padre, com o senhor
presidente da câmara, informando-os que era o director da escola.
Entretanto, um colégio particular do concelho tinha acabado de funcionar e
ninguém tinha para onde estudar. Dada a ausência de condições, o senhor
presidente fez as matrículas dos alunos na Câmara Municipal. Os senhores
que vinham a ser professores também se inscreveram na Câmara porque não
havia escola. De seguida, falei com o senhor padre para lhe pedir que
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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chamasse todos os pais para virem falar comigo. Esta era a melhor maneira
de comunicar naquele tempo, pois não havia telemóveis nem internet. A
melhor forma de convocar as pessoas era na missa através do anúncio do
senhor padre. E assim foi.
Nessa altura havia uns duzentos e setenta ou duzentos e oitenta alunos e, no
antigo cinema da Ribeira Brava, atual espaço da biblioteca municipal,
apareceram umas setecentas pessoas, ou seja, toda a comunidade. E foi feita
uma proposta. Essa proposta, eu vou contar-vos porque foi muito
importante.
Antes do 25 de Abril de 1974 esse foi o primeiro grande ato/evento de
democracia da nossa escola. Naquele tempo não havia direito à liberdade
nem o direito à democracia, como devem saber, mas a nossa escola tinha
grandes valores. Primeiro os valores democráticos e da liberdade, pois, a
democracia e a liberdade são duas coisas que têm de estar juntas. Então,
nessa escola eu disse aos pais dos alunos o seguinte:
- A escola não existe. Só temos duas soluções: numa solução os meninos
regressam a casa e ficam todos à espera e daqui a quatro, cinco ou seis
meses, quando acabarem de construir a escola, o senhor padre avisa e depois
vêm para as aulas. Significa que este ano letivo está perdido. Ninguém irá
recuperar cinco ou seis meses de atraso. Mas eu tenho uma outra solução
que é: eu não preciso da escola (edifício físico) para ter escola. Eu posso ter
uma escola sem muros. A minha escola, a escola dos vossos filhos, é toda a
Ribeira Brava: a esplanada do Renato, lá em baixo; o mercado; a igreja; a
câmara; a biblioteca e a casa do visconde da Ribeira Brava. Em todos estes
sítios, vamos aprender e vamos aprender a fazer. Portanto, meus caros
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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senhores, tenho duas propostas. Proposta a), os meninos vão para casa e
esperam e, proposta b), os meninos começam a escola amanhã, na escola da
Ribeira Brava, que é uma escola sem muros. É uma escola comunitária.
Vocês vão ser tão importantes como os professores que aqui hoje vos
apresento.
Eram jovens professores, com o antigo sétimo ano do liceu, alguns ainda com
os estudos incompletos. Não havia professores com habilitações próprias
porque ninguém queria vir para a Ribeira Brava. Depois sugeri:
- E, então, vamos votar. Quem está de acordo com a proposta a) e com a
proposta b) que levante o braço.
Nesse tempo havia votações de braço no ar, com preceitos democráticos e de
liberdade. Claro que ganhou a proposta b). Passámos no dia seguinte a ter
[ser] escola. Bem, posto isto, havia outros problemas para resolver. Um dos
principais problemas para resolver era o seguinte: havia muitos meninos que
não tinham a alimentação que hoje, os vossos pais, felizmente, já vos podem
dar. Havia muitos meninos que vinham das zonas do campo, mais distantes.
Hoje já não é campo, mas vinham das zonas mais isoladas e tinham uma
alimentação deficitária. Ainda me lembro que no Funchal, pior que aqui,
havia meninos que desmaiavam nas aulas por terem uma alimentação
paupérrima. E, então, eu tinha essa consciência e essa noção.
Também não havia oficinas nem aulas de trabalhos manuais. As aulas de
trabalhos manuais passaram a ser os trabalhos realizados nos terrenos da
nossa escola, que hoje já não existem, pois foram transformados em blocos
de cimento armado. Mas, nessa época, tínhamos os terrenos de onde
retirávamos morangos, tomates, cenouras, alfaces; cuidávamos de animais
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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como coelhos, trutas, galinhas. Até tivemos uma vaca leiteira que fornecia o
leite para os nossos jovens.
E, assim, começámos a resolver um problema que, se tivessem aqui
professores, eu diria, é um item pedagógico importante de subsistência. Bem,
falei de democracia, de liberdade, e logo a seguir eu falaria do item da
subsistência que, em termos de ensino, corresponderia à relação do homem
com outros homens, portanto, à camaradagem, à amizade, à partilha, ao
amor, a entreajuda, à solidariedade, ao seguinte valor: o homem com os
outros homens. Esta é a parte humanística.
Mas, depois, tínhamos outros aspetos: o homem e a natureza. E então
também estávamos a aprender no terreno coisas da ciência dos animais,
etc., etc. Depois viria o homem e o universo, o homem e o infinito.
Bem, não se esqueçam que nós não tínhamos livros. Não tínhamos material
didático. Os livros vinham da minha biblioteca. As pinturas que nós fazíamos
eram feitas com a própria terra. Pintávamos com morangos e com flores. Os
alunos não tinham dinheiro para comprar guaches, tintas, pincéis.
Começamos a fazer todo o ensino cientificamente rigoroso.
Os nossos alunos estavam muito, muito bem preparados, e temos aqui a
prova. Vocês têm aqui alguns dos vossos colegas que se licenciaram. Eram
meninos como vocês nessa época e que hoje são professores. No continente,
em Portugal continental, alguns desses meninos, antigos alunos da Ribeira
Brava, hoje são engenheiros, doutores, atletas profissionais, etc. Portanto,
esta é a grande experiência da Ribeira Brava. Mas esta grande experiência
da Ribeira Brava ainda tinha outras componentes que vale a pena falar
convosco, hoje.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
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Eu sei que hoje o ensino é complicado e que a vossa vida não é fácil. Hoje
vivemos com liberdade, que é um valor sagrado e oxalá que nunca a
percamos. Mas, este valor, às vezes é mal usado e estraga ambientes, porque
a liberdade, a minha liberdade é “total” desde que eu não invada a liberdade,
por exemplo, desta minha companheira. Eu tenho liberdade de ser livre mas
não tenho a liberdade de coarctar a liberdade dela e de invadir a liberdade
dos outros. Ora bem, é aqui que reside o problema.
Os meus alunos da Ribeira Brava eram os mais livres que podem imaginar.
Eram os mais camaradas, os mais companheiros, os mais solidários que
também podem imaginar. E eram os mais respeitadores que vocês podem
imaginar. Nunca vi alunos tão respeitadores, muito, muito responsáveis.
Portanto, ninguém fazia um risco numa parede. Ninguém estragava, fosse o
que fosse. Toda a gente tinha pelo seu professor uma consideração e uma
estima como se fosse “quase” um pai. Os alunos mais velhos ajudavam os
alunos do ano seguinte. Os mais pequenos tinham a ajuda dos mais velhos
na integração escolar. Havia de fato uma amizade, uma equipa de paixão, de
amor, de solidariedade. Mas, por que será que eu vos estou a falar disto?
Estou a falar-vos disto porque naquele tempo nada era proibido. Ninguém
proibia nada a ninguém. Mas eram proibidas duas coisas. Eu, como diretor da
escola, só proibi duas coisas: não proibi nada aos alunos mas proibi aos meus
colegas professores duas coisas: nenhum professor podia bater no aluno.
Isso era proibido. E, nenhum professor podia pôr um aluno na rua. Isso
também era proibido. Eu estava lá para resolver os problemas. Nunca foi
preciso pôr um aluno na rua. E nunca ninguém bateu porque ninguém tem o
direito de bater em alguém, seja em que circunstância for. Esta já era a
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
111
realidade da escola da Ribeira Brava antes do 25 de Abril. Mas era assim e
foi assim que os alunos quiseram que fosse. Era assim porque os alunos
mereciam que fosse assim.
Do ponto de vista do ensino propriamente dito já vos disse que esta gente
estava muito bem preparada, atendendo às ricas atividades, aos resultados e
atitudes dos alunos desta escola. Ainda antes do vinte e cinco de abril, houve
alunos que foram para o Funchal por razões diversas. Alguns porque eram
filhos de pessoas emigrantes e depois tiveram que juntar-se aos pais no
Funchal. Outros foram transferidos para o colégio de Santa Teresinha,
colégios finos do Funchal, de gente rica, etc., mas quando chegavam lá eram
gozados: “Ah, vocês são da escola dos macaquinhos” porque nós tínhamos
pintado o mercado, lá em baixo, ou porque a nossa escola estava pintada e
era muito bonita. Mas tudo era feito com peso e medida. Não era pintar por
pintar. Não era decorativismo. Tudo tinha uma estratégia e rigor
pedagógicos, um objetivo definido.
Entre os jovens professores, tínhamos a atual professora Maria José, a única
que andava no serviço cívico estudantil, na altura com o sétimo ano. Também
há aqui alunos, de então, que, hoje, são professores, nesta escola, que não
sabiam como é que se dava uma aula. Mas eu reunia todas as segundas
feiras. Fazia-lhes um plano semanal das aulas e avaliávamos diariamente os
nossos resultados para saber se estávamos a trabalhar bem ou a não. E isto,
queridos professores, é como se deve trabalhar. Claro que hoje eu não
consigo, nem nenhum professor consegue fazer isso. Os professores de hoje
têm ocupações administrativas. Já nem querem que eles pensem em
pedagogia, mas deviam. O Estado devia querer isso. Põem os professores a
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
112
fazer trabalho de secretaria e afins. Portanto, tínhamos um grande rigor e os
alunos e as alunas que iam para outras escolas eram gozados porque eram
da escola dos macaquinhos. Mas depois quando começavam a fazer os
exames os alunos da Ribeira Brava tinham dezoito, dezanove e vinte
valores. Ficavam à frente deles todos. Toda a gente se calou com a Ribeira
Brava até que chegou uma altura em que, após eu me ter ido embora, foi
preciso calar a Ribeira Brava. Embora estas “Gaivotas” fossem livres, eram
crianças, e é fácil atemorizar, é fácil fazer esquecer, e tentaram, mas as
“Gaivotas” da Ribeira Brava nunca esqueceram. E hoje estão aqui. Muitas. A
Bernardina. A Rita. A Manuela. A Ivone. E vocês dir-me-ão, mas porquê as
“Gaivotas”? Por que é que eram “Gaivotas”?
Vejam lá se conseguem perceber. Nessa época não havia livros. E eu tinha
este livro ainda em inglês15
, pois não havia a versão traduzida em português.
Não sou professor de Inglês, tal como a vossa presidente da escola, mas
traduzi o livro, fazendo alguns acrescentos, sempre à minha maneira. E
porquê? Porque era muito importante criar um elo comum a toda a gente. E
qual era esse elo comum a toda a gente? Eram as “Gaivotas”.
Eu era o Francisco Gaivota. Havia a Ivone Gaivota. A Maria José Gaivota. A
Bernardina Gaivota, princesa dos caracóis. Outra era a Rita Gaivota. O Luís
Mendes que era o presidente da Câmara Municipal, lá fora, era o Luís
Gaivota. O senhor padre da igreja, lá fora, era o Ramos Gaivota. Aqui éramos
todos Gaivotas. E, então, isto que agora, aqui, estes queridos atores
representaram, nós representávamos naquele tempo. Desenhávamos as
gaivotas, o voo do Fernão. Contávamos histórias. Fazíamos redações. Era um
15
Jonathan Livingston Seagull (Fernão Capelo Gaivota), escrito por Richard Bach.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
113
leivmotiv: um motivo inspirador para nós trabalharmos como uma
Comunidade de Gaivotas. Mas o importante não era ser gaivotas. Porque
podíamos ser gaivotas que andavam da rocha para o mar e do mar para as
rochas, numa rotina, todos os dias igual, à procura de peixe, a comer, a
comer, a comer. Não. Éramos gaivotas que queriam aprender a voar. Que
queríamos aprender a voar mais alto. Que queríamos voar à velocidade do
pensamento. Ou seja, estar “aqui” e “além”, num mesmo momento e na
mesma hora. Isto é o saber. Eu para estar aqui e além tenho de saber o que é
o “além” e o que é o “aqui”. Estou ao mesmo tempo nos dois lados. Estes
alunos estavam aqui e além. E voavam já à velocidade do pensamento. E
caíam, como o Fernão Capelo Gaivota, para experimentarem os “loopings”
(novas experiências). E as “penas” caíam mas eles abanavam as “asas” e
voltavam a “voar”. Até que o Fernão foi banido do bando. O bando das
gaivotas velhas, o bando das gaivotas que queriam que ele ficasse ali a fazer
aquilo, a andar a comer sardinhas e atum todos os dias, baniram o Fernão.
Se lerem a história, o Fernão foi para outro sítio e hoje está aqui convosco.
Voltou. Está aqui uma Gaivota que ainda continua à procura de aprender a
voar. Ainda não sei. E a gente nunca sabe. Mas quero que vocês aprendam
todos a voar. Quero que façam da Ribeira Brava uma escola que tem uma
história como nenhuma outra escola da Madeira tem. Muita gente ficou
incomodada com esta história. Ainda bem. Quando nós incomodamos as
pessoas, é bom sinal. Quando nós passamos ao lado, ninguém nos liga. Não
valemos nada. É bom incomodar. Mas incomodar com correção, com valores,
com serenidade, com calma, com amizade, com respeito. Não é incomodar
com ofensas. Incomoda-se porque as pessoas querem de fato manter um
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
114
certo status [estatuto], não querem evoluir, não se preocupam com o futuro.
Não é o caso específico aqui desta escola, nem dos vossos professores. Mas
era bom que o Estado se preocupasse com o futuro. O futuro é, ou melhor,
são vocês.
O futuro é preparar um caminho, um objetivo e valores para que vocês,
amanhã, possam estar como eu, como os vossos professores, seja
numaescola, seja num hospital, seja num tribunal, seja no que for como
gente crescida, de cabeça erguida que sabe voar. Portanto, a história da
Ribeira Brava é uma história muito, muito simples. É uma história de amor,
de liberdade e de democracia. E o vosso amigo Francisco Gaivota, hoje, só
quer que vocês aprendam em casa, à noite, quando pensam, isto: vou voar a
liberdade. Como é que eu voava a liberdade? Ponham-se a sonhar. Sonhem
toda a noite. E no dia seguinte, e voar a democracia, o que é voar a
democracia? Vou voar a democracia, vou aprender. Vou aprender a
amizade, vou voar a amizade. E aprendam. É isto que eu deixo para acabar
esta história. E vos dizer que gostei muito, muito, muito de ter vindo para
estar convosco. Quero agradecer à Ivone Gaivota e à Fátima que não era
Gaivota mas que passou a ser, tal como hoje vocês também são, por me
terem convidado para vir cá.
Foi um prazer muito grande vir à Ribeira Brava, falar com vocês, conhecer-vos
e um dia, quem sabe, talvez venha à Ribeira Brava, falar com todos os vossos
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
115
professores. Uma história ainda mais complicada, mais profunda do que é ser
Gaivota e professor numa escola que tem uma história. Muito obrigado a
todos vós.”
ADBRAVA NO “UNIDOS PELO AUTISMO”
ADBRVA na Câmara Municipal do
Funchal, setembro de 2014: Exposição e
encerramento oficial do projeto “Projeto
Unidos pelo Autismo – UPA”. O projeto
realizou-se nas instalações da ADBrava,
Rua do Visconde nº 7, centro da Ribeira
Brava, durante o ano de 2014, em
parceria com a Associação Portuguesa
das Perturbações do Desenvolvimento do
Autismo (APPDA – Madeira).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
116
BAÚ DE LEITURA
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
117
(«Bomboteiro», do inglês
bumboat, «barco para
venda de pequenas
mercadorias nos navios».)
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
118
“AGENTE X”16
, 2014
16
O "AgenteX" é um campeonato de resolução de problemas de Matemática para
todos os alunos do 5º, 6º, 7º e 8º anos da região Autónoma da Madeira. Nesta página
terás informação essencialmente para o 7º e 8º anos.
Por: Prof.
Joana
Sobreira.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
119
"Esta iniciativa pretende promover e estimular o raciocínio matemático, usando como
estratégia a resolução de problemas e oferecer mais uma ferramenta didática de pensar e
fazer matemática, contribuindo assim para melhorar a relação dos alunos com a disciplina”.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
120
JORNADAS CULTURAIS 2014
«Viver é recordar» em Rasgos da minha
Infância, Ribeira Brava, 2014-11-25.
Um livro que é uma viagem, não só ao
passado, mas à infância, à vida, ao mais
íntimo de nós mesmos.
Gisela falou das narrações dessa viagem,
acompanhada pela ilustradora do
“Rasgos da minha Infância”, Louísa
Roldão, à direita na primeira imagem.
A autora, Gizela Dias Silva, em primeiro
plano na mesma imagem, referiu que
“Rasgos da minha Infância” apresenta
«as minhas vivências, as minhas
brincadeiras, já que eu não tinha
brinquedos, pegava num pedacinho de
pano, dobrava e amarrava, e era uma
boneca», admitiu, com simplicidade.
Exemplificando com largos gestos, a antiga professora primária
recordou momentos marcantes da sua meninice como «a Noite de São
João, Tosquia no campo, A beleza das joeiras, Bonecos de fogo, A
Gatinha da Louísa».
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
121
Mariazinha17 era uma menina pobre, a quem a miséria deixara marcas.
Dotada, porém, de um coração que se desfazia em mimos e atenções
para com as pessoas com lidava, é fácil imaginar a simpatia que por ela
nutriam.
No tom da sua voz, havia, encanto; no seu olhar, doçura; no seu lidar,
magia!
17 SILVA, Gizela Dias da (2011), Rasgos da Minha Infância. Funchal: Editorial Eco do Funchal. P. 21.
“Bonecas de massa”, “Papoilas encarnadas”,
na capa, de Carlos, e pág. 30 e 12,
respetivamente, do livro”. Assina Louísa.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
122
No entanto, eram as meninas da sua idade as mais beneficiadas da ternura
do seu ser. Para elas, a sua presença era um bálsamo de virtudes…
Louísa18
tinha uma gatinha que lhe dera a tia Maria no dia dos seus anos!...
Não era um brinquedo, mas um animal vivo que se mexia, movimentava,
brincava, para ela olhava e miava…
18
SILVA, Gizela Dias da (2011), Rasgos da Minha Infância. Funchal: Editorial Eco do Funchal. P. 71.
Olá António, no fim de semana tratarei
de lhe enviar as fotografias de algumas
ilustrações…
Boa noite! Aí estão as imagens sobre as
quais conversámos…Cada uma delas tem
o seu título: Boneca de massa, a beleza
das joeiras, momentos de sonho, A
Gatinha da Louísa, Boneca de trapos,
Tosquia no campo, Lagar mágico…
Louísa Isabel Roldão. Dez. 2014.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
123
RASGOS DA MINHA INFÂNCIA. Gizela Dias da Silva – Texto. Louísa Isabel
Roldão – Ilustração. Editorial Eco do Funchal, Março 2011
Rasgos da minha infância é um livro de viagens…é uma viagem rasgada,
traçada, delineada… mas aberta como sulcos cavados pela criatividade e
imaginação, com esforço e dedicação. Obrigado à autora Gizela Dias da Silva
por nos propor desta maneira a viagem mais difícil e a mais importante de se
fazer: a viagem até ao mais íntimo do nosso coração.
Obrigado e bem haja!19
19Fonte: http://quintalvieira.blogspot.pt/2011/04/apresentacao-de-livro.html (Consultado em 26/12/2014).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
124
Louísa Roldão, a autora dos desenhos que ilustram o livro referido nas
páginas anteriores. Louísa é, também, admiradora de Mia Couto.
Recorde-se, a propósito, que Mia Couto é um escritor moçambicano,
conhecido em todo o mundo, por, entre outos factos, falar, nas suas
inúmeras obras, sobre a importância de não perdermos o encantamento, a
capacidade de fascinação, de êxtase diante das pequenas coisas.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
125
Castanholas da Tabua (Rª. Brava), no Museu, em
2014.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
126
Amizade: O grupo de amigos da Casa do Povo da Serra de Água atuou n dia 9
de novembro de 2014, na Festa da Castanha da Serra, realizada no Chão
Boieiro (serras do Campanário), a convite da Associação Desportiva do
Campanário.
O Fábio, aluno do 11º. Ano,
acompanhado pelo seu grande
amigo, José Elias, do 10º ano.
Estudam na EBSPMA e
aproveitaram um intervalo para
visitarem a Exposição no
mercado.
Os dois amigos, o primeiro é da
Ponta do Sol, tendo vindo
apenas para estudar na Ribeira
Brava, em 2013. O Elias,
residente na Ribeira Brava
“apoia” o Fábio.
Assina: Maria José (mãe do
Elias).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
127
Lombo de S. João - A escola onde eu andei era um edifício antigo, o ensino
era semelhante ao de hoje em dia, mas com menos disiciplinas. Não
tínhamos, por exemplo, o inglês, TIC, Plástica ou Biblioteca. A escola não
funcionava a tempo inteiro. As turmas eram grandes e rapazes e raparigas
andavam na mesma turma (nascida em 1974).
A escola era muito antiga, ainda do tempo dos meus pais, tínhamos só uma
professora para todas as disciplinas, as regras eram muito rígidas ao ponto de
ainda levarmos com a régua (nascida em 1980).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
128
7/11/2014, pelas 17h00, a tradicional Bênção das Capas, na igreja matriz
deste concelho. Mais imagens nas páginas seguintes, antes e depois da
cerimónia oficial.
Rª. Brava, maio de 2014: Para a Comissão dos Finalistas, concorreram duas
listas, a “A” (ver pág. anterior) e a “B”, nesta foto, a lista vencedora.
Os Finalistas da EBSPMA
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
129
Rª. Brava, 7/11/2014 –
Bênção das capas.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
130
Rª. Brava, 7/11/2014 – Bênção das capas.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
131
Mas a vida não se esgota aqui20
20 + Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado).
Fonte: file:///C:/Users/Ajap/Downloads/2008_05_25_b%C3%AAn%C3%A7%C3%A3o_finalistas.pdf.
(Consultado em 6/11/2014).
Caros finalistas, neste dia grande, olhando o
passado, lembrar-se-ão das dificuldades
sentidas ao longo do curso e o modo como as
superaram.
Muitos dirão: donde me veio a coragem, a
persistência, a luz que me fez ultrapassar
tantas dificuldades e chegar aqui vitorioso?
+Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
132
Em resumo, sentis o apelo à felicidade, vedes à vossa frente um mundo
grande a construir, vedes o desafio de ser diferentes, vedes muita gente com
os olhos postos nas vossas capacidades, mas também sentis a par das vossas
muitas capacidades a vossa fragilidade diante de tantas dificuldades que é
preciso superar.
E perguntais: serei capaz de ser diferente? Vale a pena sonhar e lutar por um
mundo melhor? Onde encontrar luz e coragem para ir mais longe?
Por isso, caros finalistas, sonhai alto. Não vos resigneis a uma vida medíocre.
E no vosso caminhar arrastai todos para o alto.
Mas a vida não se esgota aqui. Vocês, caros
finalistas, olham para o futuro e têm sonhos
certamente grandes. Sonham com um mundo
mais solidário mas sentem o peso de um
egoísmo espesso à vossa volta. Sonham com um
mundo mais justo e fraterno onde não sejam
tão grandes as desigualdades sociais e vedes
muita injustiça.
+Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado).
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
133
GERAÇÕES SOLIDÁRIAS
Por Marisa Faria do Nascimento
12º A, 2013/2014, EBSPMA
Recortes de imprensa:
Publicado no Diário de Notícias da Madeira, de 14/6/2014.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
134
CAMINHADA SOLIDÁRIA, 8 DE JUNHO DE 2014
O Combo de Jazz da Direção
de Serviços de Educação
Artística e Multimédia,
dirigido pelo professor
Rodolfo Cró, deu um
concerto, numa coprodução
entre a A. R. de Educação
Artística e Câmara Municipal
da Rª. Brava, no adro da
Igreja matriz.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
135
Rª. Brava, 8/6/2014: “Gerações
Solidárias”.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
136
CRÓNICAS
JOGADOR SOFRE DISTENSÃO AO MARCAR O GOLO DECISIVO!21
Por Marisa Faria do Nascimento
12º A, 2013/2014, EBSPMA
No passado dia 09 de março, um
desportista de 24 anos, jogador do
“portucalense” sofreu uma distensão
muscular na coxa direita, segundo a
informação disponibilizada pelos
espectadores e pela equipa médica da
equipa:
A distensão poderá ter sido causada pela
falta de aquecimento apropriado e pela
excessiva tensão sujeita ao músculo
durante uma disputa de bola, seguida de
um remate descontrolado para um golo
imbatível.
No local da lesão observou-se um
hematoma acompanhado de uma
inflamação local. O capitão da equipa tratou de colocar a vítima em posição
confortável, fazendo aplicações frias de gelo de forma indireta.
Após a aplicação indireta de gelo, repousou o músculo e elevou o membro,
envolvendo a área afetada em algodão e com uma ligadura.
21
Nota da Redação: Os nomes e as equipas são imaginários.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
137
O jogador queixava-se de uma dor local de instalação súbita, rigidez muscular
e observou-se um grande edema e uma intensa equimose.
Algum tempo depois, a ambulância transportou o jogador para o hospital
para fazer uma avaliação médica de modo a excluir a presença de fraturas e
evitar sequelas.
O que é uma distensão muscular?
Uma distensão muscular caracteriza-se por uma rutura das fibras que
compõem os músculos, por esforço maior a sua resistência. Pode ocorrer
uma distensão: devido a falta de aquecimento e alongamento, e também
devido ao próprio cansaço muscular, porém, o agente mais causador desta
lesão é sempre um movimento forte e rápido, ou um movimento exagerado
contra uma grande resistência.
Normalmente uma distensão muscular, vem sempre acompanhada de uma
dor local repentina, rigidez muscular, edema e equimose. Em caso de
socorro, devemos instalar vítima em posição confortável, caso o acidente seja
recente, devemos fazer aplicações frias, e logo depois, repousar o músculo e
elevar o membro. Para finalizar, devemos envolver a lesão em algodão e
numa ligadura.
Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13
138
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Revista 2015 maio2015final

  • 2. ÍNDICE Páginas 01 Prefácio 3 02 Imagens da Ribeira Brava 4 03 Vidas centenárias (I) 19 04 Vidas centenárias (II) 26 05 Fé, festa e tradição 36 06 Campanário – o nome que nasce no mar 84 07 Ribeira Brava – o nome que veio da ribeira 93 08 Educação e cultura 96 09 Música 145 10 Social 154 11 Desporto 169 12 Vidas centenárias (III) 172 13 Solidariedade 174 14 Olimpíadas da Geologia 176 15 Ficha técnica 177 Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 2
  • 3. 01 - PREFÁCIO Por: António Pereira Diretor da revista Descobrindo O concelho da Ribeira Brava comemorou, em 2014, o centenário, numa altura em que o município está focado em conquistar mais turistas e melhorar a qualidade de vida, apostando nos recursos locais. Para o presidente da autarquia, Ricardo Nascimento, "valorizar os espaços turísticos, desde miradouros a percursos pedonais", será essencial para passar o concelho de "lugar de passagem a lugar de estadia". As comemorações do centenário passam por um programa de quatro anos para "expandir o conhecimento" sobre a Ribeira Brava. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 3
  • 4. Celebração do Centenário da Ribeira Brava junto de representantes de emigrantes madeirenses na Venezuela, em novembro de 2014. Uma comitiva da Câmara Municipal visitou, em novembro de 2014, as comunidades de ribeirabravenses integradas, há décadas, na Venezuela, conforme ilustram as imagens. O pretexto da viagem foram as celebrações dos cem anos do concelho da Ribeira Brava (1914-2014). 02 - IMAGENS DA RIBEIRA BRAVA No dia 6/5/2014 ofereci ao nosso município um quadro que pintei em vidro com o logotipo que simboliza a comemo-ração do centena-rio do concelho. Aldónio dos Ramos, antigo estudante da EBSPMA, funcionário da EB1/PÉ do Lombo de São João – Rª. Brava. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 4
  • 5. Postais da e retratos antigos: Ribeira Brava, no passado Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 5
  • 6. Na adolescência, a Filomena também cumpriu a tradição de se vestir de saloia durante o “Espírito Santo”. O marido, José Teixeira, faleceu na Madeira há cerca de 20 anos e na década de sessenta do séc. XX esteve a cumprir Serviço Militar em Angola, onde ficou ferido numa perna. Contributo de Maria Filomena Teixeira, atual funcionária da EBSPMA e o falecido marido, José Teixeira. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 6
  • 7. Contributo de Fernanda Trindade A salva de prata e as suas bandeiras são uma relíquia por serem objetos antigos. A salva pertenceu à Maria Brazão, já falecida, que a trouxe da América, há muitos anos, e a ofereceu à Maria José Câmara, sua amiga. A Maria José, por sua vez, gostaria que a salva, símbolo do “Divino Espírito santo”, continuasse na posse familiar, futuramente, nas mãos de Isabel Maria (sua afilhada) e assim sucessivamente, como prova de profundas amizades ao longo de gerações. Envio a salva de prata (em miniatura) com cerca de 100 anos, acompanhada de bandeira do Espírito Santo (em pano bordado) e uma mini bandeira que ofereciam nas casas aquando da visita: 28 de janeiro de 2015. Fernanda Trindade. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 7
  • 8. Contributo de Olga Abreu Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 8
  • 9. Contributo de Isabel Rezende Ribeira brava- igreja matriz: sra. Isabel Rezende (à dir., na 1ª. foto) durante a “missa do Espírito Santo (E.S.)”. São visíveis, nas imagens, alguns utensílios do E.S. tais como: - a bandeira da pomba branca; - salva (nas mãos do festeiro, o falecido Isaías, marido da Sra. Isabel); - os tocadores que, normalmente, utilizam o violino, a viola, a braguinha e o acordeão; -as saloias. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 9
  • 10. Contributo de Jordão Abreu Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 10
  • 12. Contributo do Hotel Encumeada1 1 http://www.hotelencumeada.com/ Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 12
  • 15. Não havia bicicletas para os rapazes. As crianças faziam cabanas na serra. Brincava-se às escondidas e aos apanhados, à milhada, ao pão e às cartas. Com a idade de 9 ou 10 anos, já se trabalhava, no campo, muitas vezes descalços. Imagens: “Devoção ao Espírito Santo, antigo” Freguesia de Campanário (à esq.): 14 de Agosto de 1932. Assina: Emanuel Almada. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 15
  • 16. A década de 70 foi marcada por uma grande mudança no comportamento dos jovens que se refletiu na música, na liberdade sexual e na moda. Os homens deixaram de ser formais, ficaram mais coloridos psicadélicos. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 16
  • 17. A Escola (ciclo) antigamente, década de 70 do século XX: Alunos de pé, ao ar livre, partilhando materiais, dependentes das condições atmosféricas para poderem cumprir o seu papel de estudante, com grande motivação: A motivação é considerada um fator determinante no contexto escolar e igualmente determinante para o sucesso da aprendizagem. De acordo com Lima (2004), a motivação é considerada “A mola propulsora da aprendizagem”, pois sem motivação não há aprendizagem. Prof. Sandra Isabel Ramos Duarte de Aguiar., 2013: 4 Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 17
  • 18. A grande devoção da Fajã da Ribeira a São Pedro, explica-se pelo facto de antigamente haver muitos pescadores, apesar do santo padroeiro da Ribeira Brava ser o São Bento. As oferendas vinham numa charola, espécie de pinha de frutos e legumes confecionada sobre uma armação esférica feita em ferro e arame, onde se amarra os produtos da terra e era transportada em ombros. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 18
  • 19. 03-VIDAS CENTENÁRIAS (I) ALGUMAS PERSONALIDADES - Francisco Paulino, na imagem à direita, natural do concelho da Ribeira Brava, licenciado em História, colaborador, a título voluntário, no programa de quatro anos com o objetivo de "expandir o conhecimento" sobre o município, enfatizando a importância dos 100 anos do concelho da Ribeira Brava: Um concelho com muita construção, mas com poucos meios e pessoas. Destaco a localização da vila, que era o entreposto das relações económicas e sociais vindas do Funchal para o resto da Madeira numa altura em que os transportes eram feitos unicamente pelo mar. A ideia do programa é a criação de uma "plataforma" que possa continuar de quatro em quatro anos, tornando a vila da Ribeira Brava mais "aprazível". F. Paulino (Abril de 2014). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 19
  • 20. Personalidades da Ribeira Brava Francisco Correia Herédia, por F. Fernandes (extratos) (…) A Câmara sabe as condições trágicas em que foi assassinado o nosso querido amigo Ribeira Brava, e é de lamentar que ainda a esta hora o inquérito não esteja concluído. Não vai nestas minhas palavras censura para ninguém, porque alguns dos encarregados desse inquérito são membros desta Câmara e trabalham afincadamente para Do Sr. Correia Herédia (Ribeira Brava), que direi eu? Um homem com grande e devotado amor à República, sempre nas primeiras linhas quando esta perigava, Ribeira Brava não se poupava a esforços nem fadigas, e sempre que o seu nome era indicado para alguma missão arriscada não precisava que lho lembrassem. (Apoiados). FERNANDES, Francisco, 2014: 80. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 20
  • 21. esse fim, mas é realmente pena não estar até esta data descoberto quem são os assassinos que, certamente, andam a passear impunemente nas ruas de Lisboa ou em outras terras do país. O meu querido amigo Ribeira Brava, que comigo esteve preso naquele infecto calabouço nº. 6, teve a previsão consciente da sua morte, Porque, quando foi chamado de dia para fazer parte da primeira leva – que não foi a da morte – chegou a fazer parte dela e depois foi mandado recolher ao referido calabouço. Quando entrou disse-me: Sá Cardoso, não me deixam sair de dia, fá-lo-ão de noite. Não nos tornaremos mais a ver. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 21
  • 22. Assim foi. Não nos tornámos mais a ver! FERNANDES, Francisco, 2014: 80. Sessão de 2-5-1914 É aprovado o projeto de lei que cria o concelho da Ribeira Brava. Promover o desenvolvimento da sua terra natal foi, desde sempre uma das suas maiores preocupações. Em particular em relação à Ribeira Brava, apontava como prioridades: Um cais acostável, um muralhão do Monte Medonho, a conclusão da Estrada da Serra d’Água, um caminho-de-ferro entre a Ribeira Brava e S. Vicente. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 22
  • 23. Na carta que se transcreve2, revela outras preocupações como seja a construção de um pequeno hospital na Ribeira Brava e, para o Funchal, a ligação da Pontinha ao Ilhéu… 2 FERNANDES, Francisco, 2014: 98 Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 23
  • 24. A família Herédia no Município da Ribeira Brava e na Madeira. Contributo para o seu estudo histórico Por: Ana Maria Fernandes de Freitas Vieira, Professora do Ensino Secundário (aposentada). Fonte: Islenha, nº. 54, janeiro – junho – 2014:111-134. (Adaptado/reduzido). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 24
  • 26. 04 - VIDAS CENTENÁRIAS (II) A Pesquisa de Marisa Faria3 • Marisa Faria, em discurso direto Dentro de mim carrego o pouco que vivi e o pouco que conheço. E às vezes tenho a sensação de que não caibo mais aqui dentro, por isso levo para fora todos os meus sonhos. Posso ser uma explosão de cores fortes e, após um suspiro, transformar o meu mundo numa nuvem cinzenta, calma e melancólica. Porque o meu mundo é assim mesmo, diferente de todo o mundo: ambíguo, ambicioso e irremediavelmente inconstante. Ao longo da minha vida foi necessário excluir pessoas, apagar lembranças, abandonar o que me faz mal, libertar-me de coisas que me prendem. Luto e quero sempre o melhor para mim, estou sempre preparada para o pior e não aceito o que vier. Luto para ser a melhor em tudo aquilo que faço e que sonho. Não aceito respostas negativas, sou alérgica à negatividade e à ignorância, atchiiiiim ! Portanto, ouso, arrisco, não desisto e valorizo quem me ama e me respeita, esses sim merecem o meu respeito e a minha palavra. Quanto ao resto…Bem…, ninguém precisa do resto para ser feliz! • Marisa Faria em discurso indireto «A Marisa, na imagem à direita, mostrou ser uma aluna responsável e empenhada. Ao longo do fim-de-semana da Feira Gerações Solidárias, deu o seu apoio às diferentes instituições, esteve presente, mostrando atenção em acolher bem e esclarecer quaisquer dúvidas aos participantes. Creio que todo o projeto foi muito bem idealizado, revelando-se uma excelente iniciativa, que envolveu muito trabalho. Parabéns pela criatividade, originalidade, pela dedicação e concretização. Parabéns por teres sabido cativar as pessoas necessárias para apoiar este trabalho e por teres tornado o teu sonho idealizado possível. 3 Prof. Responsável: António Pereira, 2013/2014, na qualidade de Diretor de Curso Tecnológico de Ação Social – Projeto “Gerações Solidárias”, em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Brava, em geral, e o Dr. Paulino, em especial.. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 26
  • 27. O mundo precisa de pessoas que façam acontecer, e a Marisa fez acontecer!» Nolene Serrão (Psicóloga, Terapeuta, Formadora e Life Coach Integral). “Tive a oportunidade de conhecer a Marisa como aluna e, sempre se mostrou curiosa, atenta, participativa e muito empenhada em alcançar os seus objetivos, sem nunca descurar o seu lado descontraído e de entreajuda. Tem uma visão encantadora da sua vida e sabe o que quer, gosta de ajudar e preocupa-se com a sua comunidade e os mais desfavorecidos. O projeto apresentado foi ambicioso, mas com um intuito muito nobre para uma jovem. A nível técnico, o projeto está muito bem estruturado, descritivo, claro e apelativo. Mostra cuidado, avalia com frequência, reflete e apresenta alternativas. Dado que todas as tarefas se encontravam definidas foi de execução exemplar. Imprevistos surgem sempre, mas superou-os com sucesso. Acredito que esta iniciativa terá impacto no futuro das festividades da Ribeira Brava. Parabéns pelo empenho, integridade e seriedade devida na concretização do seu produto. As maiores felicidades!”. Telma Ferraz (Professora de Economia) “A Escola está muito orgulhosa do teu projeto onde a problemática aflorada é um assunto muito atual e onde é retratada a tua sensibilidade relativamente ao tema que escolheste. Desejamos-te com este trabalho que sigas o que o teu coração dita, o da solidariedade e que faças disso o teu caminho na vida. Parabéns!” Conselho Executivo, Alda Mª Almeida. • Serra de Água Esta localidade também foi dada de sesmarias a um dos descendentes de Zarco, Helena Gonçalves. Filha do referido donatário, casada com Martim Mendes de Vasconcelos, um fidalgo, recebeu as terras da Serra de Água. Esta localidade foi, durante muitos anos, abundante em madeiras, ao contrário das localidades ribeirinhas, onde encetaram com sucesso a cultura sacarina. Tudo começou assim…Primeira reunião, de muitas outras que seguiram, com o Dr. Paulino, referentes ao meu projeto, no Centro Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 27
  • 28. O próprio nome indica o labor de um engenho da serração movido a água, que transformou, durante muitos anos, rolos de madeira em tabuado. O neto do referido casamento, Luís Mendes, da Ilha, também moço fidalgo, teve um filho, João Mendes de Vasconcelos a quem transmitiu aquelas terras. O novo proprietário casou, em 1535, com Beatriz Rodrigues Neto, filho de João Rodrigues Neto, o qual fez testamento em 1531. Foi ela que instituiu a capela de Nossa Senhora da Ajuda, na Serra de Água. Esta capela foi sendo administrada pela família, ficando porém vaga, por morte de Rui Mendes Vasconcelos, por volta de 1761. A Serra de Água não se tratava, pois, de uma área de produção açucareira, mas sim de uma economia baseada na extração de madeiras. Desta forma, os documentos são exíguos quanto ao nome dos primeiros povoadores. Os registos dos primeiros que por ali habitavam misturavam-se com os da Ribeira Brava. Na realidade, esta localidade fazia parte da Ribeira Brava e, por isso, aqueles que se dedicavam ao arroteamento da terra, especialmente nas partes baixas, estão incluídos nesta freguesia. Mesmo depois de se ter instalado na Serra de Água uma nova paróquia, em 1676, esta zona continuou a ter poucos habitantes. Entrevista realizada, pela Marisa, à senhora Maria Rita Rosa (na imagem), moradora no sítio da Pereira, na Serra de Água (Rª. Brava), mais conhecida por “a Faquim” , onde nasceu e viveu no sitio da Travessa na Serra de Água. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 28
  • 29. Marisa: Boa tarde, como é que se chama? Rosa: Maria Rita Rosa Quantos anos tem? 99 anos.4 Quando é que completou 99 anos? Tem um mês. Fiz anos no dia 22 de maio. A senhora sempre viveu cá na Serra de Água? Sim. Como é que era antigamente a Ribera Brava? Eu ia à Ribeira Brava no São Pedro onde havia a loja de roupa do senhor Guilherme e o armazém do senhor João Romão onde é agora o “Propovo”. Quem era o João Romão? Era o dono do maior armazém da Ribeira Brava, ele era conhecido pelo “barateiro”, lá tinha de tudo menos roupa. Havia arroz, massa e louça. Certamente a senhora Rosa tem filhos e netos. Acha que foi fácil educar os seus filhos naquela altura? E bisnetos! Olha eles nunca me atentaram, graças a Deus! Antigamente a escola era só até à 3ª classe, e quando acabavam a escola vinham trabalhar como os meus pais me ensinaram a fazer. Naquele tempo íamos para a fazenda e trabalhávamos lá. Na altura, não havia autocarros, como se deslocavam? Pois é! Eu lembro-me de que naquele tempo eu ir a pé do norte para a Ribeira Brava com um “molho” de feijão e depois da Ribeira Brava para São 4 100 anos de vida no mês de publicação da presente revista: maio de 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 29
  • 30. Vicente com sacos de açúcar e de massa. Havia um “Horário” que passava uma vez por semana para a vila, e depois da vila para São Vicente. Chegou a emigrar? Olhe eu não, mas os meus filhos, sim. Eu tenho um filho que foi para a Venezuela. E porque emigrou o seu filho? Ele era macho, e era só um. E a senhora atualmente tem familiares emigrados? Ainda tenho. Em que país? Tenho o meu irmão no Brasil, e dois filhos na Venezuela. Foi fácil para si vê-los partir? Olhe quando a nossa família caminha é sempre um desgosto. Acha que a escola é importante para o nosso desenvolvimento educacional? Eu não fui à escola, mas a escola é importante para todos. Eu fui como no meu tempo: não fui à escola mas vivi assim. Agora os outros que estão a aprender sabem mais do que a gente que aprendeu naquele tempo. O que é que a senhora faz no seu dia-a-dia? Rezo, outra coisa não posso! Olhe, faz um ano, agora, para o mês de agosto que eu fui ao Porto Santo! Tenho uma neta, que veio aqui em Agosto e convidou-me para ir ao Porto Santo. Mas eu só consigo andar com a andadeira e fui subindo devagarinho até chegar à estrada. Depois meteram- me no carro, e só saí dentro do barco. No barco meteram-me numa cadeira de rodas. Estive 4 dias no Porto Santo e gostei. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 30
  • 31. Como é que era a praia da Ribeira Brava antigamente? Eu não sei o que é a praia, nunca toquei na água do mar porque os meus pais nunca me deixaram. Acha que a Ribeira Brava6 mudou muito? Claro, antigamente havia mais coisas na vila, mas agora está tudo mais para cima. A Ribeira Brava está a mudar. Como é que era ir à Ribeira Brava? Os transportes como eram? A primeira vez que andei de “horário” foi no São Pedro, havia um que vinha buscar os passageiros e depois à noite vinha trazer. Depois começou a haver mais horários, mas as coisas têm mudado bastante5 . O que é que espera ver nos próximos 10 anos no concelho da Ribeira Brava? Oh, meu Deus! Não sei como vai ser. Só Deus é que sabe. Muito Obrigada, senhora Rosa (vestida de branco) pela sua participação! 5 Na imagem, antiga ribeira da Ribeira Brava nos anos 60 do séc. XX. Maria Rita Rosa, no sitio da Pereira, ao centro, na Serra de Água, num exclusivo para a “Descobrindo”. À esq., a filha da Sra. Rosa, à porta da casa delas e, bem perto, uma das suas vizinhas, em 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 31
  • 32. 04.1 - VIDAS CENTENÁRIAS (II) Nascimentos registados no concelho da Ribeira Brava (1914-1915) Até maio de 1914 os assentos 1911, 1912, 1913 e 1914 encontravam-se na Conservatória do Registo Civil da Ponta do Sol, os anteriores a esta data estão no Arquivo Regional da Madeira. Deste modo, no ano de 1914 foram registados 234 nascimentos, e em 1915 539 nascimentos. Uma ponte rudimentar ligava a Ribeira Brava a Oeste. A vila era um centro de trabalho, com o decorrer do tempo o pequeno núcleo transformou-se, no século XVIII, num centro económico onde aportavam, quase permanentemente, os barcos de carreira. A pesca foi um sector importante da economia ribeirabravense e desempenhou também um papel defensivo, quando em 1786, para efeitos de defesa da ilha, o governador Diogo Forjaz Coutinho dividiu a Madeira em vários distritos. A Ribeira Brava passou a ser um concelho que abrangia a Tabua e a Serra de Água. O Campanário constituía também outro concelho que se estendia até à Quinta Grande. O Forte de São Bento atesta a importância defensiva da localidade. Sob a administração da Câmara do Funchal, que se estendia da parte ocidental do Caniço até a Lombada da Ponta do Sol, o território era administrado pelo juiz Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 32
  • 33. do lugar, o juiz pedâneo, o alcaide, o porteiro, o quadrilheiro, que deviam evitar o furto de gado e outros danos nos sítios mais recuados, e o meirinho da serra. Os cargos eram normalmente exercidos por cidadãos da Ribeira Brava que então funcionava como cabeça das quatro freguesias. Este tipo de administração manteve-se até 1835, quando se procedeu à nova divisão da concelhia: Câmara de Lobos, Santana e Porto Moniz, passando a Ribeira Brava6 a integrar o município da Ponta do Sol. Insatisfeitos, os ribeirabravenses reivindicavam a fundação de um novo concelho que aglutinasse a freguesia da Tabua, Serra de Água e Campanário. Os moradores do Campanário esclareceram então que, esgotada a possibilidade de integrarem o novo concelho, preferiam pertencer ao Funchal e não a Câmara de Lobos, por condicionalismo geográficos. Por sua vez a Tabua preferia também unir-se a Ribeira Brava, pelas relações de vizinhança que mantinha. Quanto à Serra de Água, situada num enclave, não tinha outra saída. Um lugar privilegiado A Ribeira Brava começou por ser um dos lugares privilegiados, desde os primórdios do povoamento, assumindo a tutela das quatro freguesias que foram sendo criadas e que a circundavam. Os senhores das terras tornaram- se opulentos e, a rodeá-los, um corpo de moradores servia os interesses camarários e régios, a nível de administração. Primeiramente, irei falar dos povoadores mais importantes da Ribeira Brava, ou seja, aqueles que assumiram a administração das terras que foram 6 Imagem: Vila da Ribeira Brava nos anos 30 do séc. XX. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 33
  • 34. distribuídas num regímen de sesmarias, para serem devidamente aproveitadas. A toponímia ainda era um pouco vaga neste final do séc. XV e afinal eram os fenómenos naturais que, muitas vezes, serviam para designar este ou aquele sítio. Também um punhado de casas, ou ainda a distância a que ficava o engenho, poderia servir como referência para situar este ou aquele canavial. Noutros casos, a demarcação era efetuada pelo caminho do concelho e, finalmente, pela proximidade da rocha ou do calhau do mar. Um dos maiores produtores de açúcar era Álvaro Vaz. Tinha 1495 canaviais na Ribeira Brava, acima da casa onde vivia Fernando Eanes Botelho, que produzia 530 arrobas. Em resumo, a Ribeira Brava desde os primórdios do povoamento, tornou-se uma terra próspera. RIBEIRO, João Adriano (1998),Ribeira Brava, Subsídios para a história do concelho, CMRB Alguns testemunhos recolhidos no dia 7 de junho de 2014. Entrevista Entrevista realizada à Dona Antonieta7 de 69 anos, natural do sitio de São João, Ribeira Brava. Numa das visitas ao Centro Social e Paroquial de São Bento. 7 Entrevista, na imagem, à esquerda, ocorrida no dia 7 de junho de 2014 aos utentes do Centro Social e Paroquial de São Bento. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 34
  • 35. Marisa: Boa tarde, vamos dar inicio às entrevistas dos utentes do Centro Social e Paroquial de São Bento sobre a “Ribeira Brava antiga”. Como é que está, Senhora Antonieta? Bem-disposta! Ainda bem, é o que é preciso. Então, conte-me como era viver antigamente no concelho da Ribeira Brava? O concelho da Ribeira Brava está muito diferente do que era. Hoje está mais moderno, mas também já esteve mais, pois agora está um bocadinho parado. Antigamente a vida era muito difícil, porém, havia mais agricultura, agora os terrenos estão todos baldios. Como foi educar os seus filhos naquela altura, em que a agricultura era a atividade predominante? Não foi muito fácil, mas eu consegui. Até fui junto com eles à escola para tirar a 4º classe. Havia muita emigração, nesse tempo. A senhora, chegou a emigrar? Não senhora, o meu marido sim, o meu pai e os meus irmãos também. E neste preciso momento tem familiares emigrados? Sim, tenho os meus irmãos e sobrinhos. Disse que tinha tirado a 4ª classe junto com os seus filhos. Quando era criança, chegou a andar na escola? Sim, até a 3ª classe. E acha que a escola é uma boa instituição para a educação das crianças/jovens? Sim senhora, ajuda muito. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 35
  • 36. Como é que acha que a Ribeira Brava vai ser daqui a 20 anos? Daqui a 20 anos? Peço a Deus que esteja melhor, pois acho que está um bocadinho difícil, mas disseram que isto ia dar uma volta e que ia melhorar. Espero bem. Quer deixar algum apelo aos jovens do concelho? Eu quero deixar um conselho aos jovens: que tomem um pouco de juízo e que prestem atenção à vida que os seus pais e avós levaram. E oxalá que o tempo não volte atrás. Muito obrigada pela sua colaboração, senhora Antonieta. 05 - FÉ, FESTA E TRADIÇÃO Cortejo das Açucenas: A última festa que é realizada na freguesia de Campanário, ocorre numa pequena capela, propriedade privada, instituída em 1672 por Jerónimo de Autouguia Betencourt e sua esposa D. Catarina Spanger. A marcar este arraial popular, há um tradicional e único CORTEJO DAS AÇUCENAS, o qual realiza-se sempre da quinta para a sexta que antecede a “Festa da Capelinha”. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 36
  • 37. Dita a tradição que durante a madrugada de Sexta (cerca das 3 às 4 horas da manhã) estalam foguetes a anunciar a concentração dos populares para partirem a pé até às Fontainhas. Como curiosidade, registe-se que em tempos idos, alguns dos adeptos da “Ida às Açucenas” também o faziam para colher alguns peros nas Fontainhas, sendo esta prática alvo inclusive de alguns incidentes, que no entanto, nunca chegaram a impedir a tradição de se realizar. No presente, a principal nota de reparo, é para o facto de muitos dos populares se deslocarem no cortejo não a pé mas de carro, impondo uma alteração à tradição por via da evolução dos tempos. Texto da autoria de Luís Drumond (colaborações para o boletim da ADC “Mais Saúde, Mais Lazer, Campanário a Mexer” (adaptado). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 37
  • 38. Na festa de Nossa Sra. do Bom Despacho, no Campanário, a procissão habitualmente sai da Capela até ao Tornadouro, Porta Nova, Volta do Pico, novamente ao Tornadouro e regressa à Capela. As confrarias, os andores, os cumpridores de promessas, a banda de música, e os meros acompanhantes, fazem da procissão um dos pontos altos e mais sentidos da festa de Nossa Sra. do Bom Despacho no Campanário. As principais promessas constituem em ofertas em dinheiro, cordões ou anéis de ouro, círios ou velas na procissão, ou simplesmente acompanhar a procissão. http://www.prestservi.com.br/diaconoalfredo/titulos_maria/b/bomdes pacho.htm [2015/4/17]. Campanário, 26/9/2014: A Sra. Almerinda e a Alícia (ex-aluna de Sociologia da EBSPMA), aguardam, na sua casa, sorridentes, a passagem do cortejo. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 38
  • 39. DOMINGO DE PENTECOSTES NA Rª. BRAVA, 2014 Antes de ser uma festa dos cristãos, Pentecostes foi festa dos judeus, e sua origem se perde nas sombras do passado. Antes de se chamar assim, tinha outros nomes, e era uma festa agrícola. Fonte: http://www.paroquiasaopauloapost olo.com.br/index.php?id=1102%3As ignificado- pentecostes&option=com_content [2015/4719]. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 39
  • 40. O que significa Pentecostes? É uma palavra que vem do grego e significa "quinquagésimo". É o 50° dia depois da Páscoa. É a solenidade da vinda do Espírito Santo. Junto com Natal e Páscoa, forma o tripé mais importante do Ano Litúrgico. Esse detalhe ajuda a compreender por que Pentecostes pertence ao Ciclo da Páscoa. O vermelho domina essa solenidade, associado ao fogo, símbolo do amor. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 40
  • 42. Ribeira Brava - adro da igreja: uma cerimonia religiosa celebrada com muita solenidade. A banda, o presidente da junta de freguesia e a sua família e outras comunidades. Jovens, professores, idosos e crianças para verem e admirarem uma vez mais, também a dança das espadas. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 42
  • 43. ESPÍRITO SANTO A devoção ao Espírito Santo na piedade popular madeirense enraíza na mesma descoberta da ilha em 1420, e no início do povoamento, por meados de 1425. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 43
  • 44. 19/7/2014: A “Festa do Espírito Santo” é uma tradição com muitos anos no Campanário. As “saloias”, crianças vestidas com trajes brancos e vermelhos, “decoradas” com ouro e cestos de flores, tornam esta tradição como especial para os pais. Habitualmente, “as saloias”, cantam versos típicos do Espirito Santo e vão acompanhadas por instrumentos tradicionais. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 44
  • 45. As saloias trajam vestido branco, manga curta franzida e saia também franzida. Habitualmente o vestido é ornamentado com colares de ouro e folhas de alegra-campo verde. Sobre o cabelo trançado coloca-se uma carapuça enfeitada com colares e prendas de ouro. Serra d’Água e Meia Légua A tradição é vivida com intensidade pelas famílias madeirenses bem como junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. É comum, em muitos lares, uma limpeza das casas ao pormenor para receber o Pároco ou o representante da Igreja. A família e os amigos mais próximos juntam-se. As refeições são melhoradas para este dia com bolos, doces, licores, entre outras iguarias. Fonte: http://www.cantinhodamadeira.pt/index.php/ev entos/item/96-festas-divino-espirito-santo [2015/4/18]. Por Joana Sofia (EBSPMA), à esq. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 45
  • 46. Micaela Abreu Festa do SS. S. d`Água Tapete do Santissimo Sacramento. Normalmente, esta festa é celebrada no domingo a seguir ao da padroeira, ‘’Nossa Senhora da Ajuda’’. Há uma manifestação de fé que consiste em levar símbolos religiosos. O branco é uma cor dominante nesta festividade.círios, apresentando-se com os seus fatos domingueiros. Festa do Santissimo Sacramento, na Serra d’Água Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 46
  • 47. Tapete de flores na festa do Santíssimo Sacramento na Serra d’Água. As pessoas de cada sítio, reúnem-se para a recolha de flores, sendo depois, pela manhã, utilizadas para a organização e preparação do tapete. Após a Eeucaristia, dá-se a saída da procissão, onde o prior é único a passar por cima do tapete de flores. Os paroquianos rezam e admiram os arranjos floridos que estão no chão. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 47
  • 48. Meninos que fizeram a primeira cumunhão participam na procissão do Santíssimo (Serra d’Água). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 48
  • 49. Arraial do São Pedro, 28 e 29 de junho Rª. Brava, 28/6/2014: Marchas São Pedro Por Catarina Garcês e colegas. História da Casa do Povo da Rª. Brava (síntese) Localização Anterior: Edifício da Cooperativa Agrícola da Ribeira Brava – Cave Localização atual: Rua Juvenal José Ferreira Pestana - 9350 - 208 Ribeira Brava . Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 49
  • 50. • Órgão de gestão ao longo do tempo Até 1999 esteve na gestão o presidente José Ismael Fernandes, sendo que desde essa data e até à atualidade permanece como órgão de gestão o Presidente José Pereira de Abreu. • Quando foi fundada a Casa do Povo da Ribeira Brava? A Casa do Povo iniciou a sua existênci a a 29 de Agosto de 1973 em conjunto com outras Casas do Povo. Resultou duma vontade do povo em ter uma organização que pautasse a vida cultural do concelho da Ribeira Brava. As Casas do Povo, que antes do 25 de Abril de 1974, eram órgãos representativos, de providência social e animação sociocultural das comunidades rurais, uma vez criados os Centros Regionais de Saúde e Segurança Social e os Sindicatos Livres para defesa dos interesses dos agricultores, ficam com uma área bastante reduzida. Em 1982, o Governo Regional imprime uma nova dinâmica às Casas do Povo confiando-lhes a Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 50
  • 51. tarefa de desenvolvimento sociocultural e económico das populações rurais, dando às mesmas apoio técnico e financeiro, através de um Decreto Regulamentar Regional. As Casas do Povo foram então definidas como "instituições de base associativa, dotadas de personalidade jurídica e autonomias administrativa e financeira, que se constituem por tempo indeterminado e se destinam ao desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo das comunidades". Começou-se por fazer levantamentos sobre os trajes, músicas, e bailados dos vários locais madeirenses. Em meados dos anos 80 (86-89) com 50 sócios, era Presidente, o Sr. José Ismael Fernandes. Desde então começaram-se a desenvolver atividades, como cursos de música (viola, braguinha, rajão e acordeão), formaram-se a Tuna, o Grupo Folclórico da Ribeira Brava, o Grupo de Romagens. Mais tarde, surgiram os Cursos de Culinária, Costura, etc.. até às inúmeras atividades que hoje são desenvolvidas por esta instituição. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 51
  • 52. Atualmente conta com 226 sócios. • Marchas Populares As Marchas populares remontam a 1932 (como são conhecidas hoje), sendo uma das mais antigas e crescentes tradições, (às marchas, "juntaram-se" em 1958, os Casamentos de Santo António). Porém, já se realizavam marchas desde o século XVIII. Se bem que, por motivos óbvios de inclinação comercial, não seja tão sabido, também a tradição das Marchas Populares tem forte expressão, agregando coletividades de diversas cidades e arredores. • Vestuário das Marchas Populares Para os homens: Para as mulheres: Calças pretas; Camisa branca; Colete; Chapéu; Fitas; Sapatos pretos. Saia; Camisa branca; Avental; Chapéu; Capa; Sapatos pretos. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 52
  • 53. • Marcha da Rª. Brava (quando se participa no S. António – Funchal) 1ª Quadra Santo António do Funchal, Festa no mundo sem par Há folia toda a noite Balões e arcos no ar. REFRÃO Entrem na marcha alegre e animada, Junta-te a nós, vem connosco bailar, Não fiques em casa em noite de alegria Arcos e balões nunca parem de cantar. 2ª Quadra Vem aqui a Ribeira Brava E a juventude vem com ela Venham todos tomar parte Nesta marcha tao singela. 3ª Quadra Dia 28 de junho Dia de tanta alegria É o arraial de Santo António O maior da freguesia 4ª Quadra Esta marcha tão querida Vem mantendo a tradição Rapazes e raparigas Santo António no coração. 5ª Quadra Venham ver nossos balões E arcos muito enfeitados E este bando de jovens Alegres enamorados 6ª Quadra É com os nossos balões Sempre no ar a brilhar Esta nossa tradição Nunca mais há-de acabar 7ª Quadra Venham todos para a festa O arraial animar Venham novos, venham velhos Connosco cantar e bailar. 8ª Quadra Vamos todos dar as mãos Com os arcos e balões Cantar com o coração Ao som dos acordeões. 9ª Quadra Toda a nossa juventude Anseia por este dia Dão largos ao coração Nesta nossa Romaria 10ª Quadra Reunimos esta marcha Não pode vir mais ninguém Demos boa noite a todos Até ao ano que vem REFRÃO Entrem na marcha alegre e animada, Junta-te a nós, vem connosco bailar, Não fiques em casa em noite de alegria Arcos e balões nunca parem de cantar. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 53
  • 54. São Pedro O Santo Protetor dos Pescadores é assinalado a 29 de junho. O último dos Santos Populares é assinalado com pompa e circunstância na Vila da Ribeira Brava, Câmara de Lobos e no sítio de São Pedro, em Santa Cruz. São locais com tradição piscatória. No entanto, a mais concorrida é a Festa da Ribeira Brava. No passado, algumas empresas de transporte marítimo realizavam viagens em barco de recreio entre a Marina do Funchal e a Ribeira Brava. O arraial ficou conhecido pela forte animação musical e pelas marchas populares sobretudo na véspera de São Pedro: “Vestuário”, por Tânia Pita, 12º. A, C. T. de Ação Social, 2013/14 (EBSPMA). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 54
  • 55. “São Pedro meu padroeiro. Trazes a chave na mão. Vê se encontras meu amor. Para abrir meu coração”. “ARCOS” Por Daniela Faria O que sou: Sou uma rapariga impulsiva, amiga de quem merece, espontânea, gosto das coisas à minha maneira, gosto que tudo dê certo, preocupada com a aparência, sou divertida, alegre e digo sempre tudo o que penso. O que não sou: Não sou paciente, nem egoísta, odeio injustiças e mentiras. Não sou pessoa de perdoar traições. Os meus objetivos: Tenho um objetivo geral, conseguir viver com o que a vida me dá, ter força de enfrentar sempre os problemas em vez de torná-los maiores. Quero construir uma vida, ter a minha casa, o meu trabalho, e ir conseguindo as coisas com o meu esforço sem nunca desiludir quem confia em mim. • Arcos, o que são? Os arcos das marchas são a maneira mais simples, aperfeiçoada e bonita de dar ânimo e cor a uma marcha. Cada marcha, cada sítio tem o seu, independentemente das cores, formas ou tamanhos. Os nossos foram feitos com ferros, colocados em forma de arco, embrulhando jornal à volta do ferro e depois fitas de várias cores para dar alegria à marcha. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 55
  • 56. Os arcos foram uma ideia de tornar a marcha algo vivo, ajudar nos passos de dança. Em Lisboa estes são armados num banco baixo ou em degraus feitos de caixas ou caixotes, forrados com um pano branco, ostentando no degrau cimeiro a imagem do santo, quase sempre em barro. O resto são os enfeites de papel colorido, as flores, as velas, os vasinhos de manjerico, as figurinhas e os pequenos objetos dispostos ao gosto de cada um. Há também arcos mais elaborados e de maiores dimensões em lugares públicos, símbolo da devoção popular dos moradores de cada rua, ou pátio dos bairros antigos de Lisboa. É necessário fazê-los sempre com cuidado e imaginação para que corra tudo bem na hora da atuação, amarrar as fitas com arames, e prender tudo com muita força. Os balões foi uma ideia de dar ainda mais ânimo ao arco devido à luz que esta solta de maneira a conseguir a atenção da plateia: ‘’ Alegrar as pessoas não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver pessoas sem nada para fazer, mais triste ainda é vê-las sentadas enfileiradas em casas sem ar, apenas olhando para o nada pensando que a vida já acabou.’’ Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 56
  • 57. • Testemunho de quem possui mais experiência do que nós (I) O que sei é que as marchas não são daqui, ou seja, nós também festejamos o São Pedro, São João mas tem uma maior predominância em Lisboa. O ponto mais alto do São João é no Porto e Santo António é Lisboa. No passado, os organizadores das marchas foram os professores João Abreu Gomes (Tito) e Eleutério, a Jenny. Este ano foi o que mais me marcou em termos de marchas, por ver o esforço e o trabalho que estas miúdas tiveram para a realização das marchas. Rosa Carolina. Nota de Redação: Rosa Carolina, na imagem, é a atual funcionária da Casa do Povo; nasceu em 1975 e mora no Pomar da Rocha, concelho da Rª. Brava. • Testemunho de quem possui mais experiência do que nós (II) Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 57
  • 58. Um senhor, por acaso um dos professores da nossa escola, que há alguns anos liderou a Marcha Popular da Ribeira Brava deixa- nos o seu testemunho como as coisas eram e o que mudou… Nome: João Abreu Gomes (Tito) Morada: Ponta de Sol. Estive na liderança das marchas em 1989 até 1996, fiz 3 anos só como membro depois mais 6 anos como ensaiador e membro. O local de ensaio era na antiga escola Primária, a escola da sede. E depois no antigo cinema – atual biblioteca municipal. O horário era pós-laboral, depois das 18 horas e envolvia jovens dos 14 até idade ilimitada, pois havia muitas pessoas a se inscrever e depois havia uma pré-seleção. As marchas da Ribeira Brava eram um cartaz turístico, por causa do são Pedro, apesar do São Pedro estar morrendo aos poucos. Eram selecionados 16 pares, sempre rapaz-rapariga, e tinha início cerca de 15 de maio. Os passos eram meus pela experiência e com a visualização das marchas de lisboa. A letra era original pelo Santo António e trazíamos sempre prémios desta festa. A de são João era letra e música própria assim como a de São Pedro. São Pedro: ‘‘ viva a São Pedro, viva, viva a nossa festa, não há na Madeira uma festa como esta, viva a São Pedro, viva a nossa freguesia, viva a nossa juventude, que canta com alegria ‘’ Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 58
  • 59. A Banda Municipal, na altura, 20 anos atrás, voluntariava-se para acompanhar o grupo, ao longo dos 3 eventos. Os arcos eram reformulados todos os anos, com papel crepe, o aro era de ferro, todo o matérial era doado pelos comerciantes da Ribeira Brava, assim como, os comes e bebes pelos restaurantes. As roupas, eram típicas da Ribeira Brava. Raparigas com saia vermelha bordada, blusa branca e lenço vermelho, os rapazes com calça preta, camisola branca, chapéu preto de filtro e faixa vermelha. As roupas das raparigas eram propriedade da Casa do Povo. Nos ensaios, os primeiros dias eram sempre muito agitados. Os transportes eram oferecidos pela Casa do Povo, o poli desportivo da Rª. Brava e a Câmara Municipal para levar os músicos. O grupo arrecadou bastantes prémios. O percurso iniciava-se na “Escola da Sede”, passando pelo largo Herédia, descendo toda a Rua do Visconde, rua Coutinho, e terminávamos no adro da igreja. Não havia carros alegóricos. Era um trabalho voluntário, mas quase semiprofissional porque havia dedicação e empenho de todos os participantes para sermos sempre a melhor marcha. As primeiras duas semanas eram de ensaio da letra e da música, e os restantes era ensaio da coreografia, sendo os últimos dois dias de marcha de rua. A coreografia que nós tínhamos era diversificada e estava adaptada a cada local. Depois das marchas havia sempre animação até muito tarde. Cheguei a ir à Serra de Água, sempre sem rivalidades, pois nós queríamos sempre aperfeiçoar. E também fui ao Campanário. As roupas tradicionais já eram de 1970. Procurávamos sempre fazer coisas diferentes, dado que o Santo António (Funchal) era uma festa muito concorrida. A meu ver, perdeu-se muito em não se manter a tradição das marchas de São Pedro, quer a nível de vestuário / musical. Passávamos nas ruas e quem cantava eram as pessoas, visto que, a letra da marcha era muito conhecida e fazia com que a plateia também participasse na marcha a cantando. Talvez daqui uns a anos se volte a pegar nisto, mas sei que muita coisa iria mudar porque sou um homem muito exigente. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 59
  • 60. Esta experiência ajudou-me na Universidade da Madeira. Deu-me azo a fundar duas. A TUMa - Tuna Masculina da Universidade da Madeira iniciou as suas atividades em setembro de 1995, tendo-se formado, no entanto, em abril de 1994 como tuna mista. A 13 de Março de 1998 é constituída a Associação denominada Tuna Universitária da Madeira (TUMa). Em abril de 1997, a TUMa apadrinhou a Tuna D’Elas – Tuna Feminina da Universidade da Madeira e em Outubro de 1998 apadrinhou também a Tun’UMa - Tuna Mista da Universidade da Madeira. Do meu ponto de vista, a “Mista” não atingiu, na época, os objetivos pretendidos, porque as raparigas ficavam irritadas por cantarmos para outras raparigas. Uma vez um colega nosso estava chateado com a namorada, então perguntamos onde era a casa dela. Fomos todos à volta dele, cantamos a serenata, e acredite ou não, deu casamento … Concluo com uma pequena amostra de imagens recolhidas por nós em maio e junho de 2014, durante a nossa participação muito ativa: Foi sem dúvida uma experiência fantástica, o nosso trabalho e dedicação valeu a pena. Um muito obrigada a todos! Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 60
  • 61. Imagem 1: S. Pedro da Fajã da Ribeira de 2014; imagem 2: Placa identificativa do sítio, em 2014. No dia 5 de novembro de 2014: um arco-íris. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 61
  • 63. A tradicional e monumental «Charola de São Pedro», da Fajã da Ribeira, levada em romagem. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 63
  • 64. São Pedro da Ribeira Brava, junho de 2013 – Contributo dos sítios de Pico, Achada e Banda d’Além. O termo «charola», devido ao formato arredondado, quer da «charola» da Madeira, quer da «charola» algarvia, terá origem na dança de roda mais popular da Europa entre o século XII e o século XVII, primitivamente uma dança religiosa, à qual era dado o mesmo nome: «charola». Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 64
  • 65. ♫ Grande obrigado pela ajuda de todos na Festa de São Pedro da Ribeira Brava: sítios com as Romagens (Vale, Moreno, lados da Avé Maria, Pomar da Rocha), Barco (Achada/Pico/Apresentação) e Charola (Fajã da Ribeira/Meia Légua).- Obrigado à família que ofereceu as flores para a igreja8 . 8 http://www.igrejarbrava.com/oraetlabora.htm (Acedido a 2015/1/18). Rª. Brava, junho de 2013. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 65
  • 66. Festas de São Pedro na Ribeira Brava (2013-06-28), uma das maiores festas religiosas tradicionais da Madeira, bastante concorrida e divulgada através de todos os meios de comunicação social da Madeira, incluindo as televisões. O concelho da Ribeira Brava celebra São Pedro nos dias 26, 27, 28 e 29 de Junho, tendo o seu ponto alto no dia 28, logo pelas 12 horas com a tradicional girândola e atuação da banda municipal, seguindo- se as romagens ao Sítio do Vale, Avé Maria, Pomar da Rocha, Achada, Pico Banda de Além e Fajã da Ribeira. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 66
  • 67. A vila da Ribeira Brava celebra a Festa de São Pedro com grande animação. A vila é decorada com flores e instrumentos de pesca. Os fiéis transportam produtos agrícolas, pão, vinho, bolos, dinheiro em notas, em honra a S. Pedro, para o adro da Igreja. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 67
  • 68. “A FESTA”, de 8 de DEZEMBRO a 8 de JANEIRO Fotorreportagem de J. Ramos No “Bar Coelho” (Boa Morte) e na festa de Nª. Sra. Conceição, no sítio da Cruz, em 2014. FESTA DO ESPÍRITO SANTO: A devoção ao Espírito Santo na Ilha da Madeira remonta ao início do seu povoamento, por volta de 1425. A manifestação mais expressiva dessa devoção são as visitas pascais denominadas "Visitas do Espírito Santo". Realizam-se entre o II Domingo de Páscoa e o Dia de Nossa Senhora da Ascensão. Texto adaptado de http://www.madeirarural.com/guia_viagem/ver_item.cfm?id=555&lingua=po (Consultado em 22/12/2014). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 68
  • 69. O Firmino está emigrado na África do Sul. Tem lá um negócio e gosta tanto da “sua” Ribeira Brava que, se pudesse, permanecia por cá mais tampo. Fernando, desde muito novo que viajou por esse mundo fora, com destaque para a Venezuela. O António, ex-funcionário público, ainda canta, toca acordeão, rajão (espécie de viola pequena com cinco cordas) e viola. Colaborador assíduo da Casa do Povo da Ribeira Brava. A propósito do rajão, um dos instrumentos mais preferidos pelo músico António, o primeiro da esquerda, na imagem, a “Wikipédia” ensina-nos: o “Rajão” (designação utilizada somente na Madeira), de acordo com o sistema de classificação de Hornbostel-Sachs, caracteriza-se como sendo um cordofone, mais especificamente, um cordofone composto de cordas beliscadas. O som é produzido pela vibração de uma ou mais cordas, apresentando uma caixa-de-ressonância como parte integral do instrumento. Mercearia Nova (Vila da Rª. Brava), natal de 2014 - Da esquerda para a direita, três amigos de longa data, em plena confraternização: António Manso, Fernando Ambrósio e Firmino Macedo. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 69
  • 70. Presépios e Lapinhas Madeirenses, na EBSPMA, em 2014 Na Madeira, o povo não costuma distinguir entre «Presépio» e «Lapinha». O presépio mais clássico, também é denominado de «Lapinha». Durante o mês de dezembro de 2014, alguns dos funcionários da EBSPMA, em grupo e por turnos, orientados pelo Conselho Executivo, colaboraram na nas festividades natalícias executando, com empenho os trabalhos que aqui deixamos aos nossos leitores. O “Presépio”, cujo conceito original significa “um lugar onde se recolhe o gado; curral, estábulo, foi recriado por alguns Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 70
  • 71. funcionários da EBSPMA, e m dezembro de 2014. A Lapinha será só uma tradição da Madeira e do Porto Santo? Não. Ela é feita, também, em alguns sítios do Brasil, principalmente no nordeste mas a lapinha tradicional na Madeira apresenta duas variantes distintas: a escadinha e a rochinha. O armar da lapinha acontecia habitualmente nas vésperas do dia de Festa. Nos dias de hoje, ocorre mais cedo, como aconteceu, em 2014, na EBSPMA9 . 9 Imagens recolhidas em parceria com o Gabinete de Informática EBSPMA. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 71
  • 72. As Missas de Parto na Igreja-Matriz, em 2014 “Searinhas do Menino Jesus” na Igreja Matriz, à esquerda, uma tradição que, a nível europeu, teve início no século XVI, quando o cardeal francês Bérulle decidiu adornar o presépio com searinhas e laranjas para que as sementeiras e árvores de fruto fossem abençoadas e dessem muito durante o ano inteiro. Depois, a “Barraca dos Escuteiros da Rª. Brava, aqui representada por 3 rostos bem conhecidos no meio local. E, finalmente, as professoras Luísa Afonseca e Teresa Vale, acompanhadas por familiares e amigos, após o final da “missa de parto” de 19/12/2014, na Ribeira Brava. Dentro da Igreja, mesmo depois de findas as cerimónias, há quem desfrute, calmamente, os últimos momentos para praticarem a sua fé. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 72
  • 73. As "missas do parto" acontecem na Madeira antes do natal, todos os dias às 6h da manhã! Depois das missas, tocadores e populares tocam e cantam pelas ruas da vila... Por aqui são estas coisas que fazem lembrar o Natal. Texto de Graciela Sousa, em 2014. O presépio do Sr. Francisco, no sítio da Murteira (Vila da Rª. Brava), 2014 Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 73
  • 74. Murteira (Rª. Brava), 28/12/2014: Mais de 500 peças, novas e antigas, mas sempre com arranjo diferente, de ano para ano, no mesmo espaço (quarto exclusivo para esse efeito). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 74
  • 75. “Presépios madeirenses. Mensagem.” (16-12-2014 até 17-03-2015) Embutidos de Luz Ornelas e cerâmica de Helena Alencastre Museu Etnográfico da Madeira Rua de São Francisco, 24 - Ribeira Brava. Tel.: 291 952 598.Terça à sexta das 9h30 às 17h00. Sábado e domingo das 10h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h30. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 75
  • 76. Na Noite de Mercado No centro da página, em cima - Nisa Quinta ou a “ Alegria de viver!”, como dizia uma das suas amigas, nessa noite, depois de visualizar a foto. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 76
  • 77. Celina Coelho, em discurso direto: Sou uma pessoa criativa, alegre e inovadora. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 77
  • 78. Gosto de desafios e de criar arte com coisas que aparentemente seriam inúteis. Todos os dias há algo que me surpreende e é por isso que tento sempre criar algo que surpreenda os outros. Boa Morte (Ribeira Brava), 28/12/2014: Uma pequeníssima amostra do vasto “mundo artístico de Celina”. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 78
  • 79. O NATAL NO PASSADO10 10 Fontes: GOUVEIA, Horácio Bento de, O Natal na Cidade/A Festa No Campo, Funchal: 2001 (contracapa). Teatro Municipal de Baltasar Dias, Presépios E meninos Jesus De Ontem E de Hoje. Funchal: 1987. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 79
  • 82. DIA DE SANTO AMARO - «O VARRER DOS ARMÁRIOS» - BOA MORTE Uma tradição que serve para estreitar laços de boa vizinhança e de convívio, para se trocarem ditos e graças, sendo também motivo para se oferecer aos «varredores» «a mesa posta com bolinhos e bebidas finas». Organização e imagens: “Bar Coelho”. No sítio da Boa Morte (Rª. Brava) celebrou-se o dia de Santo Amaro (15 de janeiro 2015) de maneira festiva, colocando-se na mesa iguarias idênticas às do dia de Natal, dançando, cantando e convivendo. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 82
  • 84. 06 - CAMPANÁRIO - O NOME QUE NASCE NO MAR Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 84
  • 86. Emocionante vida política de Francisco Correia de Herédia e da sua ação na criação do concelho da Ribeira Brava Ana Luísa Correia11 No passado dia 07 de maio comemorou-se o 1º Centenário da Ribeira Brava na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade, numa iniciativa levada a cabo pelo grupo disciplinar de História, através da realização de uma palestra dirigida aos alunos do quinto ao nono ano de escolaridade, sendo oradores Maria Teresa Pais (Diretora do Museu da Quinta Cruzes) e Ricardo Nascimento (Presidente do município da Ribeira Brava). Maria Teresa Pais falou, principalmente, da emocionante vida política de Francisco Correia de Herédia e da sua ação na criação do concelho da Ribeira Brava. O Presidente da Câmara, o segundo, da esquerda para a direita, na imagem que acompanha este texto, abordou determinados problemas do concelho no último século, os quais alguns ainda perduram e da sua visão para o futuro do município, numa mensagem de esperança aos ribeirabravenses. 11 Fonte: http://www.dnoticias.pt/actualidade/madeira/446670-escola-do-campanario-comemorou- centenario-da-ribeira-brava (adaptado em 2014-5-10). Foto: “DR”. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 86
  • 87. CENTRO DE CONVÍVIO DO CAMPANÁRIO12 Centro de Convívio: “Resposta social, desenvolvida em equipamento, que presta um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sociofamiliar”.[1] O Centro de Convívio do Campanário é uma resposta social para a população idosa, desenvolvida pelo Instituto de Segurança Social da Madeira, tendo entrado em funcionamento no ano de 2000. 12http://www.cm-ribeirabrava.pt/index.php?lang=pt&s=directorio&pid=259&ppid=174&title=Instituicoes_de_Cariz_Social (2015/3/12). Sítio da Igreja (Campanário): Na sexta que antecede o carnaval, no Centro de Convívio, crianças das escolas primárias da freguesia e os idosos, acompanhados pelo Presidente da Junta (Prof. João Silva, à direita) e demais população, num convívio Intergeracional, muito animado e colorida. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 87
  • 88. Rezam as crónicas que, quando os descobridores chegaram à Madeira no século XV, ao passarem pelo promontório do Cabo Girão, avistaram, junto à costa, um pequeno ilhéu. Parecia um sino, tal a forma de campanário que surgia entre o mar do litoral sul da ilha. Diz-se que, inicialmente, o ilhéu tinha duas saliências, sendo que uma acabaria por ser destruída pelo mar. Com o tempo, a terra sem nome passou a chamar-se Campanário, o tal que, apesar da insistência do mar, teimava em não emitir qualquer som. O Campanário é freguesia desde o século XVI. Os primeiros senhores das terras tê-las-iam vendido, por entenderem que a sua rentabilidade não era viável. No entanto começaram a chegar à ilha pessoas empenhadas em extrair do solo uma produtividade que lhes permitisse a subsistência. Foi então que, ainda no séc. XVI, instalou-se um engenho de captação de águas. Não tardou Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 88
  • 89. que o Campanário atingisse relativa prosperidade. A freguesia, noutros tempos chegou a ser conhecida por celeiro das conquistas. Isto porque os seus terrenos produziam uma quantidade considerável de cereais, concretamente trigo e centeio, exportados para as costas do norte de África. Para esta edição, a “Descobrindo”, destacou dois eventos relacionados com a freguesia de Campanário: “EXPOSIÇÃO CAMPANÁRIO 500 ANOS- RECRIAÇÃO DO LOGÓTIPO” e… Ficha técnica Texto: http://www.madeirarural.com/pt/freguesia-campanario/ (Consultado em 2014/12/8). Imagens: https://www.facebook.com/juntadefreguesiadecampanario?fref=ts (Consultado em 2014/12/8) Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 89
  • 90. Na 9ª edição da Feira do Campanário, de 14 a 18 de maio de 2014, organizada pela Associação local, destacamos o seguinte, entre outros (ilustrados com imagens), a campanha solidária em parceria com a ADbrava, visando atribuir 1 computador e várias cadeiras de rodas a cidadãos carenciados. Para tal desenvolveu-se uma campanha de donativos e de venda de rifas a reverter totalmente para este fim. Feira do Campanário de 2014, organizada pela Associação Desportiva local. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 90
  • 91. Feira do Campanário 2014 – 14 a 18 de maio Feira do Campanário, de 2014, organizada pela Associação Desportiva local. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 91
  • 93. 07 - RIBEIRA BRAVA - O NOME QUE VEIO DA RIBEIRA Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 93
  • 94. • Breve referência a outras valências da Casa do Povo13 Cursos na Casa do Povo (Sede) •Arte Floral •Curso de rendas antigas •Iniciação a Culinária •Tapeçaria de Arraiolos •Iniciação a Informática nível II •Cursos de Bandolim, Braguinha, Viola e Rajão. •Curso de pintura em Tela e Estanho e Vidro •Curso de Acordeão •Curso de Inglês Iniciação e Aperfeiçoamento Cursos Técnico Profissionais para a obtenção do CAP: (em parceria com a Empresa Carlos Coelho Ferreira, Lda.) • Técnico de Obra • Técnico de Eletricidade • ITED • Auxiliar de Educação Sénior •Contabilidade e Administração Cursos em outros locais da freguesia •Culinária Tradicional - Lombo Cesteiro Ribeira Brava. •Curso de Corte e Costura Nível II - Sitio de São Paulo – Rª Brava. 13 Autor das imagens: AJAP, em dezembro de 2014, na Casa do Povo, uma formação em broinhas de Natal. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 94
  • 95. •Curso de Ponto de Cruz – Sitio da Eira de Mourão. Grupos Musicais •Tuna. •Grupo de folclore Marchas para Santos Populares em 2007 e 2008 obteve o 1º lugar no concurso das Marchas de Santo António – Funchal. Outras Atividades • Apoio a várias atividades realizadas na Festa de São Pedro. • Celebração do Aniversário do Grupo de Folclore. • Exposições de trabalhos realizados na Casa do Povo. • Acesso a Internet gratuita na Sala multimédia. • Espetáculo de Natal realizado na vila com grupos da Casa e outras instituições. • Realização do VII Festibrava. • Participação nas festividades de são Pedro (charola). Clube de Emprego da Casa do Povo da Rª Brava Os Clubes de Emprego são um serviço acreditado pelo Instituto Regional de Emprego (IRE) que presta apoio a pessoas em situação de desemprego na resolução de problemas de inserção ou reinserção profissional, em cooperação com os Serviços de Emprego competentes. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 95
  • 96. 08 - EDUCAÇÃO , CULTURA & OUTROS Revolução dos cravos recordada, também, na Ribeira Brava, em 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 96
  • 97. HÁ UM NÃO – CELEBRAÇÕES DO 6 DE MAIO SESSÃO SOLENE - 6 DE MAIO de 2014 De cima para baixo, da esquerda para a direita: Drs. Alberto João, Cunha e Silva e Jaime Freitas, foram, entre outras, as altas individualidades regionais e locais que celebraram o 6 de maio de 2014, na Rª. Brava. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 97
  • 98. Dia 6 de maio foi marcado, como se disse, pelo centésimo aniversário do concelho da Ribeira Brava. "Não fizemos uma reforma profunda do Estado, que tem uma série de organismos desnecessários, o que exigia uma revisão da Constituição e uma mudança completa no sistema de justiça", considerou Alberto João Jardim no seu discurso na cerimónia comemorativa dos 100 anos do município da Ribeira Brava. O presidente do Governo Regional madeirense disse ainda discordar da prioridade de reduzir o défice "quando existem famílias em dificuldade". Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 98
  • 99. As questões sociais também constaram do discurso do presidente da câmara da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento, que se mostrou preocupado com o desemprego no concelho e com as necessidades de apoios sociais: "Existem muitos ribeirabravenses a necessitar de apoio social", disse o autarca que também falou da importância de "dinamizar e valorizar o concelho" com mais acessibilidades. Referindo-se ao concelho, Alberto João Jardim considerou que o futuro passa por investir nas novas instalações da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares e continuar a canalização das ribeiras na freguesia da Serra de Água. Ribeira Brava, 2014: Celebrações do ano do centenário, também, através de atividades desportivas. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 99
  • 100. Ribeira Brava, maio de 2014 - Festas dos cem anos do concelho – Exposição “O Futuro Somos Nós” atividades desportivas (no Mercado e junto ao Forte). Cantigas religiosas, na Igreja-Matriz, com a participação de alunos e professores da EBSPMA. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 100
  • 101. A exposição “O Futuro Somos Nós” – uma pequena amostra, na última imgem desta página - foi um dos pontos altos das celebrações do 6 de maio de 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 101
  • 102. A Escola no seu tempo Conferência do professor e escultor Francisco Simões14 “Bom dia a todos. Costuma-se, nas situações protocolares, dizer-se senhora presidente disto, senhor disto, senhor daquilo, senhor daquele outro. Aqui há muitos presidentes, e eu já nem os sei contar. Portanto, caros colegas e professores, caros amigos e caros alunos da Escola da Ribeira Brava, queridos e antigos alunos que estão aqui presentes, muito bom dia. 14Evocação do quadragésimo aniversário (2014-1973) da ex-Escola Preparatória da Ribeira Brava, atual Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares (EBSPMA), proferida no dia cinco de maio de 2014, na já batizada “Sala de Francisco Simões” (antiga sala de Sessões), pelo primeiro diretor da Escola Preparatória da Ribeira Brava (1972/1973), professor Francisco Simões. Gravação do texto e algumas imagens: AJAP; Restantes imagens: Gabinete de Informática da EBSPMA. Transcrição e organização do ficheiro áudio para o ficheiro word: Prof. Martinho Macedo. Ribeira. Brava, maio de 2014: Eu sou um operário. A minha inspiração é o trabalho. Francisco Simões. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 102
  • 103. Vamos ver se eu serei capaz, como me proponho, de contar a História desta Escola, deste espaço e da minha vida na comunidade da Ribeira Brava. Pode ser contada de várias formas, sendo contudo a mesma história. Se por exemplo, esta sala estivesse cheia de professores da escola eu teria de contar esta história no sentido de lhes dizer como é que nós conseguimos dar aulas, naquele tempo, trabalhando com os nossos alunos e quais eram as nossas regras de condutas profissionais, éticas, etc. Mas como vejo à minha frente muitos alunos, vou-vos contar a história verdadeira desta escola para que vocês, mais pequenos, a levem e repensem nas vossas casa. E vão ver uma diferença enorme entre o que era a vida das pessoas da Ribeira Brava naquele tempo e como é agora. Aconteceu um fenómeno social e político muito importante no nosso país, Portugal, que permitiu essa melhoria de vida das pessoas, embora, ainda hoje haja muitos problemas, já não comparáveis aos de outrora. Era uma vida de grande pobreza, de grandes dificuldades e que limitava muito a população. Vou começar só por vos dizer o seguinte: os alunos da Ribeira Brava, da Calheta, do Porto Moniz, de São Vicente, os alunos desta parte oeste da ilha Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 103
  • 104. acabavam a quarta classe e, a maioria, cerca de oitenta, oitenta e cinco por cento, ou noventa por cento, ficavam aqui, nas suas terras, com a quarta classe. Portanto, a existência de uma escola na Ribeira Brava era de uma grande importância para que as pessoas não ficassem paralisadas e pudessem continuar os seus estudos. Mas vocês me perguntarão: mas como é que ficavam só com a quarta classe? Antigamente, com um bom carro e a andar depressa nas estradas, demorava-se pelo menos uma hora para chegar ao Funchal. O horário ou a camionete da carreira, não sei como é que ainda se diz ou se usa o termo, mas, antigamente, o horário ou a camionete dos transportes públicos, demorava três horas a chegar e outras três para regressar. Isso significava que quem fosse estudar para o Funchal não podia ir de transportes públicos porque teria de se levantar às quatro horas de manhã para poder estar às oito horas nas aulas. E depois regressaria a casa às não sei quantas da noite. O que é que acontecia então? Acontecia que alguns pais de meninos que tinham melhores condições económicas conseguiam colocá-los num quartinho de uma família ou de alguém conhecido, pagando, claro, para que os pequenos pudessem estudar no Funchal. Portanto, é esta a principal razão, por que esta escola é muito importante para a comunidade da Ribeira Brava. Mas o que é que aconteceu nessa altura? Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 104
  • 105. Aconteceu ainda outro fenómeno. Estamos a falar de uma época anterior ao 25 de Abril de 1974. Esta escola nasceu, como nasceram outras em Portugal, porque o nosso país tinha o maior índice de analfabetismo infantil. Em todo o país havia muitas crianças que eram analfabetas, que não estudavam e uma organização internacional, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE, pressionou o governo português dizendo-lhe que ou fazia escolas para responder a esta necessidade básica, elementar, ou Portugal seria corrido da OCDE, organização internacional onde estavam filiados a maioria dos países. Ora, isto era uma vergonha. Foi então que o governo começou a fazer escolas. No Diário do Governo era registado a inauguração de várias escolas sem grandes cuidados. Não questionavam se os locais eram os mais apropriados, se a escola era um pavilhão pré-fabricado ou se tinha um mínimo de condições para os alunos, etc. Na Ribeira Brava aconteceu algo ainda mais insólito. A escola existia no Diário do Governo mas não existia na realidade. Nós não tínhamos o edifício. Havia este espaço que tinha sido da junta geral, um sítio de experiências agrícolas, mas não havia escola. Havia, então, uma experiência mais complicada, os professores mais velhos, lembrar-se-ão, de uma escola na Calheta onde, enfim, se punia os alunos Nota da redação Francisco Simões (de casaco azul nas imagens que acompanham este texto): 1946 – Nasce em Porto Brandão, Almada; 1965 – Conclui curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio; 1966 – Inicia a atividade gráfica com o pintor Mário Costa; 1967 – É bolseiro da O.C.D.E. em Roma, Turim, Novara, Verona e Milão; 1968 – Trabalha no Museu do Louvre a convite de Germain Bazin; 1969 – 
Vai viver para o Funchal onde inicia a carreira docente e o curso de escultura da Academia de Música e Belas Artes de Madeira; 1972 – É Diretor da Escola Preparatória da Ribeira Brava (…). “Na escultura, a mulher é sempre o tema central, pela sua beleza”. Francisco Simões, durante a sua última visita à Escola B+S Padre Manuel Álvares. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 105
  • 106. com chicote, alguns professores tinham apenas a quarta classe, outros o segundo ano do ciclo preparatório,mas eram filho ou filha do diretor da escol, portantohavia uma escola que não era um bom exemplo para ninguém mas que era uma realidade desse tempo - um tempo onde não havia liberdade: os professores não tinham liberdade, os alunos não tinham liberdade. Reinava uma hierarquia repressiva, autoritária que não permitia a liberdade. Entrementes, um amigo meu, inspetor do Ministério da Educação, veio à Madeira e solicitou a minha ajuda para encontrar um diretor escolar para a Ribeira Brava. Eu ajudei-o. Andámos e procurámos todas as pessoas que podiam vir para a Ribeira Brava no sentido de evitar o descalabro que estava a acontecer na Calheta. E a verdade é que os professores que podiam ser diretores não aceitaram vir para a Ribeira Brava, exactamente porque era longe, porque ganhavam mal e tinham que dar umas explicações para viver um pouco melhor. E, assim, ficámos num vazio. Outro amigo meu, na altura ainda muito jovem, chamado Virgílio Pereira, uma pessoa muito conhecida na Madeira e que foi presidente da Câmara do Funchal, deputado, etc., era um professor muito bom. Eu e ele na Escola Industrial, naquele tempo, fazíamos uma espécie de pequena revolução: íamos modernizando, alterando os costumes, mudando os hábitos, formámos uma equipa boa e amiga. E, a dado momento, eu propus ao inspetor o meu amigo Virgílio Pereira para diretor da Ribeira Brava. E o Virgílio disse: - Oh, senhor inspector, tenha pena de mim, eu não tenho o curso da universidade, ando em matemáticas, vou fazendo duas cadeiras (disciplinas) por ano, não ganho no período de férias (nessa altura as pessoas não Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 106
  • 107. ganhavam no período de férias), e preciso de dar umas explicações para viver. Já sou casado, tenho um filho. Isso vai-me desgraçar a vida, não posso aceitar. E toda a gente compreendeu as razões do Virgílio Pereira e ficámos naquela situação de impasse. O que é que podia vir a acontecer? Podia vir para presidente da escola o senhor padre, o presidente da câmara, o presidente da junta de freguesia, alguém que eles escolhessem, que fosse de confiança, é claro, para vir para aqui. Era gente que nada tinha a ver com o ensino. Ora, os alunos iam sofrer o que já sofriam os da Calheta e o que sofriam os de muitas escolas do nosso país. Isto não era exclusivo da Madeira. Até que o Virgílio assegurou: - Mas, há uma saída! Por que é que não vai o Simões? Eu, então, lembrei: - Eu? Mas … ninguém me vai querer … eu sou uma pessoa que tem umas ideias, assim, um bocado estranhas. Eles não concordam com as minhas ideias. Mas o inspetor insistiu: - Não! Isso trato eu. E fui nomeado diretor desta escola que não existia. E aqui começa a nossa história. Eu venho à Ribeira Brava. Falei com o senhor padre, com o senhor presidente da câmara, informando-os que era o director da escola. Entretanto, um colégio particular do concelho tinha acabado de funcionar e ninguém tinha para onde estudar. Dada a ausência de condições, o senhor presidente fez as matrículas dos alunos na Câmara Municipal. Os senhores que vinham a ser professores também se inscreveram na Câmara porque não havia escola. De seguida, falei com o senhor padre para lhe pedir que Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 107
  • 108. chamasse todos os pais para virem falar comigo. Esta era a melhor maneira de comunicar naquele tempo, pois não havia telemóveis nem internet. A melhor forma de convocar as pessoas era na missa através do anúncio do senhor padre. E assim foi. Nessa altura havia uns duzentos e setenta ou duzentos e oitenta alunos e, no antigo cinema da Ribeira Brava, atual espaço da biblioteca municipal, apareceram umas setecentas pessoas, ou seja, toda a comunidade. E foi feita uma proposta. Essa proposta, eu vou contar-vos porque foi muito importante. Antes do 25 de Abril de 1974 esse foi o primeiro grande ato/evento de democracia da nossa escola. Naquele tempo não havia direito à liberdade nem o direito à democracia, como devem saber, mas a nossa escola tinha grandes valores. Primeiro os valores democráticos e da liberdade, pois, a democracia e a liberdade são duas coisas que têm de estar juntas. Então, nessa escola eu disse aos pais dos alunos o seguinte: - A escola não existe. Só temos duas soluções: numa solução os meninos regressam a casa e ficam todos à espera e daqui a quatro, cinco ou seis meses, quando acabarem de construir a escola, o senhor padre avisa e depois vêm para as aulas. Significa que este ano letivo está perdido. Ninguém irá recuperar cinco ou seis meses de atraso. Mas eu tenho uma outra solução que é: eu não preciso da escola (edifício físico) para ter escola. Eu posso ter uma escola sem muros. A minha escola, a escola dos vossos filhos, é toda a Ribeira Brava: a esplanada do Renato, lá em baixo; o mercado; a igreja; a câmara; a biblioteca e a casa do visconde da Ribeira Brava. Em todos estes sítios, vamos aprender e vamos aprender a fazer. Portanto, meus caros Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 108
  • 109. senhores, tenho duas propostas. Proposta a), os meninos vão para casa e esperam e, proposta b), os meninos começam a escola amanhã, na escola da Ribeira Brava, que é uma escola sem muros. É uma escola comunitária. Vocês vão ser tão importantes como os professores que aqui hoje vos apresento. Eram jovens professores, com o antigo sétimo ano do liceu, alguns ainda com os estudos incompletos. Não havia professores com habilitações próprias porque ninguém queria vir para a Ribeira Brava. Depois sugeri: - E, então, vamos votar. Quem está de acordo com a proposta a) e com a proposta b) que levante o braço. Nesse tempo havia votações de braço no ar, com preceitos democráticos e de liberdade. Claro que ganhou a proposta b). Passámos no dia seguinte a ter [ser] escola. Bem, posto isto, havia outros problemas para resolver. Um dos principais problemas para resolver era o seguinte: havia muitos meninos que não tinham a alimentação que hoje, os vossos pais, felizmente, já vos podem dar. Havia muitos meninos que vinham das zonas do campo, mais distantes. Hoje já não é campo, mas vinham das zonas mais isoladas e tinham uma alimentação deficitária. Ainda me lembro que no Funchal, pior que aqui, havia meninos que desmaiavam nas aulas por terem uma alimentação paupérrima. E, então, eu tinha essa consciência e essa noção. Também não havia oficinas nem aulas de trabalhos manuais. As aulas de trabalhos manuais passaram a ser os trabalhos realizados nos terrenos da nossa escola, que hoje já não existem, pois foram transformados em blocos de cimento armado. Mas, nessa época, tínhamos os terrenos de onde retirávamos morangos, tomates, cenouras, alfaces; cuidávamos de animais Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 109
  • 110. como coelhos, trutas, galinhas. Até tivemos uma vaca leiteira que fornecia o leite para os nossos jovens. E, assim, começámos a resolver um problema que, se tivessem aqui professores, eu diria, é um item pedagógico importante de subsistência. Bem, falei de democracia, de liberdade, e logo a seguir eu falaria do item da subsistência que, em termos de ensino, corresponderia à relação do homem com outros homens, portanto, à camaradagem, à amizade, à partilha, ao amor, a entreajuda, à solidariedade, ao seguinte valor: o homem com os outros homens. Esta é a parte humanística. Mas, depois, tínhamos outros aspetos: o homem e a natureza. E então também estávamos a aprender no terreno coisas da ciência dos animais, etc., etc. Depois viria o homem e o universo, o homem e o infinito. Bem, não se esqueçam que nós não tínhamos livros. Não tínhamos material didático. Os livros vinham da minha biblioteca. As pinturas que nós fazíamos eram feitas com a própria terra. Pintávamos com morangos e com flores. Os alunos não tinham dinheiro para comprar guaches, tintas, pincéis. Começamos a fazer todo o ensino cientificamente rigoroso. Os nossos alunos estavam muito, muito bem preparados, e temos aqui a prova. Vocês têm aqui alguns dos vossos colegas que se licenciaram. Eram meninos como vocês nessa época e que hoje são professores. No continente, em Portugal continental, alguns desses meninos, antigos alunos da Ribeira Brava, hoje são engenheiros, doutores, atletas profissionais, etc. Portanto, esta é a grande experiência da Ribeira Brava. Mas esta grande experiência da Ribeira Brava ainda tinha outras componentes que vale a pena falar convosco, hoje. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 110
  • 111. Eu sei que hoje o ensino é complicado e que a vossa vida não é fácil. Hoje vivemos com liberdade, que é um valor sagrado e oxalá que nunca a percamos. Mas, este valor, às vezes é mal usado e estraga ambientes, porque a liberdade, a minha liberdade é “total” desde que eu não invada a liberdade, por exemplo, desta minha companheira. Eu tenho liberdade de ser livre mas não tenho a liberdade de coarctar a liberdade dela e de invadir a liberdade dos outros. Ora bem, é aqui que reside o problema. Os meus alunos da Ribeira Brava eram os mais livres que podem imaginar. Eram os mais camaradas, os mais companheiros, os mais solidários que também podem imaginar. E eram os mais respeitadores que vocês podem imaginar. Nunca vi alunos tão respeitadores, muito, muito responsáveis. Portanto, ninguém fazia um risco numa parede. Ninguém estragava, fosse o que fosse. Toda a gente tinha pelo seu professor uma consideração e uma estima como se fosse “quase” um pai. Os alunos mais velhos ajudavam os alunos do ano seguinte. Os mais pequenos tinham a ajuda dos mais velhos na integração escolar. Havia de fato uma amizade, uma equipa de paixão, de amor, de solidariedade. Mas, por que será que eu vos estou a falar disto? Estou a falar-vos disto porque naquele tempo nada era proibido. Ninguém proibia nada a ninguém. Mas eram proibidas duas coisas. Eu, como diretor da escola, só proibi duas coisas: não proibi nada aos alunos mas proibi aos meus colegas professores duas coisas: nenhum professor podia bater no aluno. Isso era proibido. E, nenhum professor podia pôr um aluno na rua. Isso também era proibido. Eu estava lá para resolver os problemas. Nunca foi preciso pôr um aluno na rua. E nunca ninguém bateu porque ninguém tem o direito de bater em alguém, seja em que circunstância for. Esta já era a Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 111
  • 112. realidade da escola da Ribeira Brava antes do 25 de Abril. Mas era assim e foi assim que os alunos quiseram que fosse. Era assim porque os alunos mereciam que fosse assim. Do ponto de vista do ensino propriamente dito já vos disse que esta gente estava muito bem preparada, atendendo às ricas atividades, aos resultados e atitudes dos alunos desta escola. Ainda antes do vinte e cinco de abril, houve alunos que foram para o Funchal por razões diversas. Alguns porque eram filhos de pessoas emigrantes e depois tiveram que juntar-se aos pais no Funchal. Outros foram transferidos para o colégio de Santa Teresinha, colégios finos do Funchal, de gente rica, etc., mas quando chegavam lá eram gozados: “Ah, vocês são da escola dos macaquinhos” porque nós tínhamos pintado o mercado, lá em baixo, ou porque a nossa escola estava pintada e era muito bonita. Mas tudo era feito com peso e medida. Não era pintar por pintar. Não era decorativismo. Tudo tinha uma estratégia e rigor pedagógicos, um objetivo definido. Entre os jovens professores, tínhamos a atual professora Maria José, a única que andava no serviço cívico estudantil, na altura com o sétimo ano. Também há aqui alunos, de então, que, hoje, são professores, nesta escola, que não sabiam como é que se dava uma aula. Mas eu reunia todas as segundas feiras. Fazia-lhes um plano semanal das aulas e avaliávamos diariamente os nossos resultados para saber se estávamos a trabalhar bem ou a não. E isto, queridos professores, é como se deve trabalhar. Claro que hoje eu não consigo, nem nenhum professor consegue fazer isso. Os professores de hoje têm ocupações administrativas. Já nem querem que eles pensem em pedagogia, mas deviam. O Estado devia querer isso. Põem os professores a Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 112
  • 113. fazer trabalho de secretaria e afins. Portanto, tínhamos um grande rigor e os alunos e as alunas que iam para outras escolas eram gozados porque eram da escola dos macaquinhos. Mas depois quando começavam a fazer os exames os alunos da Ribeira Brava tinham dezoito, dezanove e vinte valores. Ficavam à frente deles todos. Toda a gente se calou com a Ribeira Brava até que chegou uma altura em que, após eu me ter ido embora, foi preciso calar a Ribeira Brava. Embora estas “Gaivotas” fossem livres, eram crianças, e é fácil atemorizar, é fácil fazer esquecer, e tentaram, mas as “Gaivotas” da Ribeira Brava nunca esqueceram. E hoje estão aqui. Muitas. A Bernardina. A Rita. A Manuela. A Ivone. E vocês dir-me-ão, mas porquê as “Gaivotas”? Por que é que eram “Gaivotas”? Vejam lá se conseguem perceber. Nessa época não havia livros. E eu tinha este livro ainda em inglês15 , pois não havia a versão traduzida em português. Não sou professor de Inglês, tal como a vossa presidente da escola, mas traduzi o livro, fazendo alguns acrescentos, sempre à minha maneira. E porquê? Porque era muito importante criar um elo comum a toda a gente. E qual era esse elo comum a toda a gente? Eram as “Gaivotas”. Eu era o Francisco Gaivota. Havia a Ivone Gaivota. A Maria José Gaivota. A Bernardina Gaivota, princesa dos caracóis. Outra era a Rita Gaivota. O Luís Mendes que era o presidente da Câmara Municipal, lá fora, era o Luís Gaivota. O senhor padre da igreja, lá fora, era o Ramos Gaivota. Aqui éramos todos Gaivotas. E, então, isto que agora, aqui, estes queridos atores representaram, nós representávamos naquele tempo. Desenhávamos as gaivotas, o voo do Fernão. Contávamos histórias. Fazíamos redações. Era um 15 Jonathan Livingston Seagull (Fernão Capelo Gaivota), escrito por Richard Bach. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 113
  • 114. leivmotiv: um motivo inspirador para nós trabalharmos como uma Comunidade de Gaivotas. Mas o importante não era ser gaivotas. Porque podíamos ser gaivotas que andavam da rocha para o mar e do mar para as rochas, numa rotina, todos os dias igual, à procura de peixe, a comer, a comer, a comer. Não. Éramos gaivotas que queriam aprender a voar. Que queríamos aprender a voar mais alto. Que queríamos voar à velocidade do pensamento. Ou seja, estar “aqui” e “além”, num mesmo momento e na mesma hora. Isto é o saber. Eu para estar aqui e além tenho de saber o que é o “além” e o que é o “aqui”. Estou ao mesmo tempo nos dois lados. Estes alunos estavam aqui e além. E voavam já à velocidade do pensamento. E caíam, como o Fernão Capelo Gaivota, para experimentarem os “loopings” (novas experiências). E as “penas” caíam mas eles abanavam as “asas” e voltavam a “voar”. Até que o Fernão foi banido do bando. O bando das gaivotas velhas, o bando das gaivotas que queriam que ele ficasse ali a fazer aquilo, a andar a comer sardinhas e atum todos os dias, baniram o Fernão. Se lerem a história, o Fernão foi para outro sítio e hoje está aqui convosco. Voltou. Está aqui uma Gaivota que ainda continua à procura de aprender a voar. Ainda não sei. E a gente nunca sabe. Mas quero que vocês aprendam todos a voar. Quero que façam da Ribeira Brava uma escola que tem uma história como nenhuma outra escola da Madeira tem. Muita gente ficou incomodada com esta história. Ainda bem. Quando nós incomodamos as pessoas, é bom sinal. Quando nós passamos ao lado, ninguém nos liga. Não valemos nada. É bom incomodar. Mas incomodar com correção, com valores, com serenidade, com calma, com amizade, com respeito. Não é incomodar com ofensas. Incomoda-se porque as pessoas querem de fato manter um Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 114
  • 115. certo status [estatuto], não querem evoluir, não se preocupam com o futuro. Não é o caso específico aqui desta escola, nem dos vossos professores. Mas era bom que o Estado se preocupasse com o futuro. O futuro é, ou melhor, são vocês. O futuro é preparar um caminho, um objetivo e valores para que vocês, amanhã, possam estar como eu, como os vossos professores, seja numaescola, seja num hospital, seja num tribunal, seja no que for como gente crescida, de cabeça erguida que sabe voar. Portanto, a história da Ribeira Brava é uma história muito, muito simples. É uma história de amor, de liberdade e de democracia. E o vosso amigo Francisco Gaivota, hoje, só quer que vocês aprendam em casa, à noite, quando pensam, isto: vou voar a liberdade. Como é que eu voava a liberdade? Ponham-se a sonhar. Sonhem toda a noite. E no dia seguinte, e voar a democracia, o que é voar a democracia? Vou voar a democracia, vou aprender. Vou aprender a amizade, vou voar a amizade. E aprendam. É isto que eu deixo para acabar esta história. E vos dizer que gostei muito, muito, muito de ter vindo para estar convosco. Quero agradecer à Ivone Gaivota e à Fátima que não era Gaivota mas que passou a ser, tal como hoje vocês também são, por me terem convidado para vir cá. Foi um prazer muito grande vir à Ribeira Brava, falar com vocês, conhecer-vos e um dia, quem sabe, talvez venha à Ribeira Brava, falar com todos os vossos Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 115
  • 116. professores. Uma história ainda mais complicada, mais profunda do que é ser Gaivota e professor numa escola que tem uma história. Muito obrigado a todos vós.” ADBRAVA NO “UNIDOS PELO AUTISMO” ADBRVA na Câmara Municipal do Funchal, setembro de 2014: Exposição e encerramento oficial do projeto “Projeto Unidos pelo Autismo – UPA”. O projeto realizou-se nas instalações da ADBrava, Rua do Visconde nº 7, centro da Ribeira Brava, durante o ano de 2014, em parceria com a Associação Portuguesa das Perturbações do Desenvolvimento do Autismo (APPDA – Madeira). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 116
  • 117. BAÚ DE LEITURA Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 117
  • 118. («Bomboteiro», do inglês bumboat, «barco para venda de pequenas mercadorias nos navios».) Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 118
  • 119. “AGENTE X”16 , 2014 16 O "AgenteX" é um campeonato de resolução de problemas de Matemática para todos os alunos do 5º, 6º, 7º e 8º anos da região Autónoma da Madeira. Nesta página terás informação essencialmente para o 7º e 8º anos. Por: Prof. Joana Sobreira. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 119
  • 120. "Esta iniciativa pretende promover e estimular o raciocínio matemático, usando como estratégia a resolução de problemas e oferecer mais uma ferramenta didática de pensar e fazer matemática, contribuindo assim para melhorar a relação dos alunos com a disciplina”. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 120
  • 121. JORNADAS CULTURAIS 2014 «Viver é recordar» em Rasgos da minha Infância, Ribeira Brava, 2014-11-25. Um livro que é uma viagem, não só ao passado, mas à infância, à vida, ao mais íntimo de nós mesmos. Gisela falou das narrações dessa viagem, acompanhada pela ilustradora do “Rasgos da minha Infância”, Louísa Roldão, à direita na primeira imagem. A autora, Gizela Dias Silva, em primeiro plano na mesma imagem, referiu que “Rasgos da minha Infância” apresenta «as minhas vivências, as minhas brincadeiras, já que eu não tinha brinquedos, pegava num pedacinho de pano, dobrava e amarrava, e era uma boneca», admitiu, com simplicidade. Exemplificando com largos gestos, a antiga professora primária recordou momentos marcantes da sua meninice como «a Noite de São João, Tosquia no campo, A beleza das joeiras, Bonecos de fogo, A Gatinha da Louísa». Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 121
  • 122. Mariazinha17 era uma menina pobre, a quem a miséria deixara marcas. Dotada, porém, de um coração que se desfazia em mimos e atenções para com as pessoas com lidava, é fácil imaginar a simpatia que por ela nutriam. No tom da sua voz, havia, encanto; no seu olhar, doçura; no seu lidar, magia! 17 SILVA, Gizela Dias da (2011), Rasgos da Minha Infância. Funchal: Editorial Eco do Funchal. P. 21. “Bonecas de massa”, “Papoilas encarnadas”, na capa, de Carlos, e pág. 30 e 12, respetivamente, do livro”. Assina Louísa. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 122
  • 123. No entanto, eram as meninas da sua idade as mais beneficiadas da ternura do seu ser. Para elas, a sua presença era um bálsamo de virtudes… Louísa18 tinha uma gatinha que lhe dera a tia Maria no dia dos seus anos!... Não era um brinquedo, mas um animal vivo que se mexia, movimentava, brincava, para ela olhava e miava… 18 SILVA, Gizela Dias da (2011), Rasgos da Minha Infância. Funchal: Editorial Eco do Funchal. P. 71. Olá António, no fim de semana tratarei de lhe enviar as fotografias de algumas ilustrações… Boa noite! Aí estão as imagens sobre as quais conversámos…Cada uma delas tem o seu título: Boneca de massa, a beleza das joeiras, momentos de sonho, A Gatinha da Louísa, Boneca de trapos, Tosquia no campo, Lagar mágico… Louísa Isabel Roldão. Dez. 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 123
  • 124. RASGOS DA MINHA INFÂNCIA. Gizela Dias da Silva – Texto. Louísa Isabel Roldão – Ilustração. Editorial Eco do Funchal, Março 2011 Rasgos da minha infância é um livro de viagens…é uma viagem rasgada, traçada, delineada… mas aberta como sulcos cavados pela criatividade e imaginação, com esforço e dedicação. Obrigado à autora Gizela Dias da Silva por nos propor desta maneira a viagem mais difícil e a mais importante de se fazer: a viagem até ao mais íntimo do nosso coração. Obrigado e bem haja!19 19Fonte: http://quintalvieira.blogspot.pt/2011/04/apresentacao-de-livro.html (Consultado em 26/12/2014). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 124
  • 125. Louísa Roldão, a autora dos desenhos que ilustram o livro referido nas páginas anteriores. Louísa é, também, admiradora de Mia Couto. Recorde-se, a propósito, que Mia Couto é um escritor moçambicano, conhecido em todo o mundo, por, entre outos factos, falar, nas suas inúmeras obras, sobre a importância de não perdermos o encantamento, a capacidade de fascinação, de êxtase diante das pequenas coisas. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 125
  • 126. Castanholas da Tabua (Rª. Brava), no Museu, em 2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 126
  • 127. Amizade: O grupo de amigos da Casa do Povo da Serra de Água atuou n dia 9 de novembro de 2014, na Festa da Castanha da Serra, realizada no Chão Boieiro (serras do Campanário), a convite da Associação Desportiva do Campanário. O Fábio, aluno do 11º. Ano, acompanhado pelo seu grande amigo, José Elias, do 10º ano. Estudam na EBSPMA e aproveitaram um intervalo para visitarem a Exposição no mercado. Os dois amigos, o primeiro é da Ponta do Sol, tendo vindo apenas para estudar na Ribeira Brava, em 2013. O Elias, residente na Ribeira Brava “apoia” o Fábio. Assina: Maria José (mãe do Elias). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 127
  • 128. Lombo de S. João - A escola onde eu andei era um edifício antigo, o ensino era semelhante ao de hoje em dia, mas com menos disiciplinas. Não tínhamos, por exemplo, o inglês, TIC, Plástica ou Biblioteca. A escola não funcionava a tempo inteiro. As turmas eram grandes e rapazes e raparigas andavam na mesma turma (nascida em 1974). A escola era muito antiga, ainda do tempo dos meus pais, tínhamos só uma professora para todas as disciplinas, as regras eram muito rígidas ao ponto de ainda levarmos com a régua (nascida em 1980). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 128
  • 129. 7/11/2014, pelas 17h00, a tradicional Bênção das Capas, na igreja matriz deste concelho. Mais imagens nas páginas seguintes, antes e depois da cerimónia oficial. Rª. Brava, maio de 2014: Para a Comissão dos Finalistas, concorreram duas listas, a “A” (ver pág. anterior) e a “B”, nesta foto, a lista vencedora. Os Finalistas da EBSPMA Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 129
  • 130. Rª. Brava, 7/11/2014 – Bênção das capas. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 130
  • 131. Rª. Brava, 7/11/2014 – Bênção das capas. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 131
  • 132. Mas a vida não se esgota aqui20 20 + Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado). Fonte: file:///C:/Users/Ajap/Downloads/2008_05_25_b%C3%AAn%C3%A7%C3%A3o_finalistas.pdf. (Consultado em 6/11/2014). Caros finalistas, neste dia grande, olhando o passado, lembrar-se-ão das dificuldades sentidas ao longo do curso e o modo como as superaram. Muitos dirão: donde me veio a coragem, a persistência, a luz que me fez ultrapassar tantas dificuldades e chegar aqui vitorioso? +Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 132
  • 133. Em resumo, sentis o apelo à felicidade, vedes à vossa frente um mundo grande a construir, vedes o desafio de ser diferentes, vedes muita gente com os olhos postos nas vossas capacidades, mas também sentis a par das vossas muitas capacidades a vossa fragilidade diante de tantas dificuldades que é preciso superar. E perguntais: serei capaz de ser diferente? Vale a pena sonhar e lutar por um mundo melhor? Onde encontrar luz e coragem para ir mais longe? Por isso, caros finalistas, sonhai alto. Não vos resigneis a uma vida medíocre. E no vosso caminhar arrastai todos para o alto. Mas a vida não se esgota aqui. Vocês, caros finalistas, olham para o futuro e têm sonhos certamente grandes. Sonham com um mundo mais solidário mas sentem o peso de um egoísmo espesso à vossa volta. Sonham com um mundo mais justo e fraterno onde não sejam tão grandes as desigualdades sociais e vedes muita injustiça. +Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, em maio de 2008 (adaptado). Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 133
  • 134. GERAÇÕES SOLIDÁRIAS Por Marisa Faria do Nascimento 12º A, 2013/2014, EBSPMA Recortes de imprensa: Publicado no Diário de Notícias da Madeira, de 14/6/2014. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 134
  • 135. CAMINHADA SOLIDÁRIA, 8 DE JUNHO DE 2014 O Combo de Jazz da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia, dirigido pelo professor Rodolfo Cró, deu um concerto, numa coprodução entre a A. R. de Educação Artística e Câmara Municipal da Rª. Brava, no adro da Igreja matriz. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 135
  • 136. Rª. Brava, 8/6/2014: “Gerações Solidárias”. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 136
  • 137. CRÓNICAS JOGADOR SOFRE DISTENSÃO AO MARCAR O GOLO DECISIVO!21 Por Marisa Faria do Nascimento 12º A, 2013/2014, EBSPMA No passado dia 09 de março, um desportista de 24 anos, jogador do “portucalense” sofreu uma distensão muscular na coxa direita, segundo a informação disponibilizada pelos espectadores e pela equipa médica da equipa: A distensão poderá ter sido causada pela falta de aquecimento apropriado e pela excessiva tensão sujeita ao músculo durante uma disputa de bola, seguida de um remate descontrolado para um golo imbatível. No local da lesão observou-se um hematoma acompanhado de uma inflamação local. O capitão da equipa tratou de colocar a vítima em posição confortável, fazendo aplicações frias de gelo de forma indireta. Após a aplicação indireta de gelo, repousou o músculo e elevou o membro, envolvendo a área afetada em algodão e com uma ligadura. 21 Nota da Redação: Os nomes e as equipas são imaginários. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 137
  • 138. O jogador queixava-se de uma dor local de instalação súbita, rigidez muscular e observou-se um grande edema e uma intensa equimose. Algum tempo depois, a ambulância transportou o jogador para o hospital para fazer uma avaliação médica de modo a excluir a presença de fraturas e evitar sequelas. O que é uma distensão muscular? Uma distensão muscular caracteriza-se por uma rutura das fibras que compõem os músculos, por esforço maior a sua resistência. Pode ocorrer uma distensão: devido a falta de aquecimento e alongamento, e também devido ao próprio cansaço muscular, porém, o agente mais causador desta lesão é sempre um movimento forte e rápido, ou um movimento exagerado contra uma grande resistência. Normalmente uma distensão muscular, vem sempre acompanhada de uma dor local repentina, rigidez muscular, edema e equimose. Em caso de socorro, devemos instalar vítima em posição confortável, caso o acidente seja recente, devemos fazer aplicações frias, e logo depois, repousar o músculo e elevar o membro. Para finalizar, devemos envolver a lesão em algodão e numa ligadura. Revista “Descobrindo”, Edição n.º 13 138