O documento discute a necessidade de renovação da esquerda política. A esquerda precisa reconsiderar sua história e idealismo, questionar o estado social e reformular o diálogo político. Também é necessário repensar o crescimento econômico e como o estado pode melhorar a vida das pessoas de forma progressiva sem perder sua função essencial.
1. Ano: 2012
O livro anuncia na primeira linha logo ao que vem: “Há algo de profundamente errado na
maneira como hoje vivemos”. É ma verdade aterradora, porque nunca tantos viveram tão
bem como hoje. No entanto, as pessoas não deixam de ter este sentimento, nem de se
sentirem perdidas nesta “insustentável leveza da política” face a este descontentamento.
Nada responde mais aos problemas de que uma pergunta, e a pergunta é o que fazer, o que
fazer quando a esquerda não ganha eleições, o que fazer quando somente sabemos o que
não queremos, o que fazer quando não há idealismo na política, sabendo-se que a esquerda
sempre dependeu dele, da sua narrativa histórica, o que fazer quando o estado recua e se
usam os seus escassos recursos para combater males privados. As perguntas de Judt colocam
em causa o conforto e a conformidade de certas respostas e acondicionamentos das pessoas
face a sistemas desejados (como a democracia, a globalização), mas a realidades indesejadas
(falta de alternativas políticas ou de narrativas éticas sociais-democratas face à crise
financeira de 2008, por exemplo). Perante tal realidade e tal descontentamento perante uma
realidade mutável e imprevisível, Tony Judt lança algumas pistas para a renovação da
esquerda: considerar a história e o idealismo, porque sem estas a esquerda não se renova,
questionar o estado social, reformular o diálogo político, redefinir o significado de
crescimento económico, desconstruir comunidades muradas, pensar o momento e a escala
de acção do Estado sem perder este, recuperar e estabilizar a defesa das melhorias
progressivas dos governos, a revisão da utilidade e bondade de certas políticas públicas
consideradas dogmas, mesmo pela social-democracia.
A Audácia da Esperança
Para recuperar o sonho americano, de Barack Obama, edição/reimpressão: 2007
Barack Obama é o expoente da liderança política moderna a nível mundial e um defensor
acérrimo da política das pessoas, para as pessoas e em nome das pessoas, acima de qualquer
partidarização da mesma, embora com valores enraizados numa política transformadora,
inclusiva e comprometida com o sentido democrata.
Este livro abre um outro caminho a uma nova esperança de fazer política e a um novo modo
de estar na política, mais aberto, inclusivo e ousado no sentido das necessidades e sonhos
2. das pessoas. Uma política que dê respostas às reivindicações das pessoas sobre o
comportamento dos políticos, acima de conflitos supérfluos e artificiais, sobre o sentido
nacional, comunitário e cívico das políticas públicas. Recomendável sobretudo a quem tem
medo de afirmar valores (sociais)democratas e de mudar para uma nova raiz política do ser,
estar e fazer o bem comum com as pessoas e as comunidades, sem medo, com audácia e,
acima de tudo, com esperança numa vida comunitária mais feliz.
Um livro imperdível para quem adora política e sonha-a e concebe-a como a expressão
colectiva mais nobre da condição humana, da causa pública e da capacidade do homem as
transformar.
Edição/reimpressão: 2005
É também um livro para repensar a esquerda e novos modos da política, como a capacitação
dos actores na gestão, governação e na sociedade, a função mediadora e facilitadora do
estado em direcção ao bem-estar e felicidade dos cidadãos, a nova lógica comunitária e
igualitária, pluralista e identitária do bem comum, a nova cultura política de entender o
estado e o poder, para além dos comodismos ideológicos e das antíteses compreensivas da
realidade nacional, o papel da comunicação e cooperação entre a política a administração,
entre a nação e a globalização, entre o governo e os mercados. Considerando a tendencial
desestatização tal deve representar, para Innerarity, uma oportunidade para a esquerda e
não um destino inevitável.
O filósofo político basco advoga ainda a social-democracia liberal como uma força de
transformação da sociedade, através de uma esquerda “individualista”, “anti-estatal”, não
“socialista”, que não queira introduzir a justiça por meio da redistribuição estatal mas pela
criação de uma maior igualdade de oportunidades no mercado, estimulando a iniciativa e a
responsabilidade, uma esquerda defensora das liberdades política e económica, por igual,
uma esquerda que se distinga do neoliberalismo, por considerar o estado como o quadro
inevitável e regulador da vida social, gerador dos elementos não contratuais do pacto social e
protector do estado social. E que, segundo o autor, nos previna da ilusão de ver na justiça
social a simples igualdade e não da igualdade complexa ou de oportunidades.