Este documento apresenta reflexões sobre a filosofia da educação em Platão, Descartes, Rousseau, Gramsci e Marx. Foi escrito por Noé Assunção e Roseli da Silva Ramos Negreiros Botelho para o curso de pós-graduação em gestão escolar do Centro Universitário de Barra Mansa em 2012. Contém 10 questões sobre os principais aspectos da filosofia educacional destes pensadores.
Documentario clandestinas debate filosofico - Prof. Ms. Noe Assunção
Reflexões sobre educação em Platão, Descartes, Rousseau, Gramsci e Marx
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ- REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR:
ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA
REFLEXÕES ACERCA DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO EM
PLATÃO, DESCARTES, ROUSSEAU, GRAMSCI E MARX
Noe Assunção
Roseli da Silva Ramos Negreiros Botelho
Barra Mansa
2012
2. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ- REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR:
ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA
REFLEXÕES ACERCA DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO EM
PLATÃO, DESCARTES, ROUSSEAU, GRAMSCI E MARX
Noé Assunção
Roseli da Silva Ramos Negreiros Botelho
Atividade executada por Noe Assunção e
Roseli da Silva Ramos Negreiros Botelho, do
Curso de Pós Graduação em Gestão Escolar:
Administrativa e Pedagógica do Centro
Universitário de Barra Mansa, como requisito
parcial para a obtenção de nota para
disciplina Filosofia da Educação e Ética
profissional, sob a orientação da prof. Ozanan
Vicente Carrara.
Barra Mansa
2012
3. Questões de Filosofia da Educação para a primeira avaliação a ser entregue no final do curso
Pós-UBM – Prof. Dr. Ozanan Carrara.
1. Quais são os princípios da educação platônica e seu ideal? A partir do texto
estudado, indique os princípios que norteiam o modelo platônico de educação.
Para Platão a educação deveria caminhar junto com a ética e a política, mesmo porque um
bom governante deveria estar embasado pelo conhecimento , sob a égide da educação.
O Estado deveria ser responsável pela formação do indivíduo desde criança tanto no campo
físico, quanto intelectual e através da mesma esse indivíduo deveria viver a favor da sociedade
e da coletividade.
Num olhar atual, podemos fazer uma análise crítica da educação platônica onde se
evidenciava um caráter excludente na medida em que durante o treinamento dos indivíduos
que era longo, eram testados e aprovados apenas os que tivessem aptidões para o
conhecimento, consequentemente uma educação elitista.
2. Mostre a relação entre política e educação em Platão.
Para Platão a educação é inseparável da ação política pois para o mesmo é através da
educação que a alma do homem-fílósofo deveria ser formada possibilitando o alcance da
condição de governante da polis.
A educação tende a adquirir um caráter político na medida em que passa a ser tarefa do
Estado administrá-la e o indivíduo para Platão é cidadão que vive e participa coletivamente da
sociedade.
3. Explique a Metafísica que está por trás da concepção platônica de educação.
Se pensarmos na Metafísica como fundamento que está para além do mundo físico, visão do
mundo não somente naquilo que é real mas também do ilusório. Sob o viés político, Platão
defendia uma política feita com conhecimento, ética , verdade e uma educação de base sólida.
O indivíduo passaria a agir com consciência na polis, sabendo compreender conceitos
metafísicos como justiça, verdade, ações morais individuais e coletivas.
A metafísica educacional platônica se construía na renúncia do indivíduo a favor da
coletividade.
4. Qual a diferença entre a Metafísica antiga e medieval e a Metafísica moderna
(Descartes e Rousseau)? Qual o fator determinante entre os antigos e os
modernos que levou à mudança de enfoque da filosofia?
A Metafísica Antiga se estruturava no reino das idéias, onde as reflexões eram voltadas para o
conhecimento do real e o aparente, isto é entre a ilusão e a verdade. Tenta desvendar como as
pessoas entendiam o mundo, incluindo nessa pauta a visão ilusória do real, a relação da
natureza com os seus objetos: espaço, tempo, causas e efeitos e etc.
4. Com os estudos de filósofos como Descartes e Rousseau surge um novo elemento nos
estudos metafísicos que era o “sujeito”, que se transforma num elemento determinante para a
mudança de paradigma da Metafísica da Antiguidade para a Modernidade, surgindo nesse
momento um novo modelo filosófico que se definia como a Metafísica da subjetividade. O “eu”
do indivíduo passava a ser produtor e descobridor de crenças verdadeiras, que bem
embasadas poderiam se transformar em conhecimento.
5. Enuncie os princípios básicos que decorrem do modelo cartesiano de educação,
ressaltando sua visão da família e da verdade.
No modelo cartesiano a educação impunha aos alunos uma disciplina que contemplava a
punição física. Não aceitava a verdade no seu caráter absoluto e sim na busca pelas
evidências de forma clara e objetiva daquilo de que é verdadeiramente verdadeiro.
Descartes via a criança como um ser inconsciente, como alguém que vivia das sensações,
predomínio das ilusões, aceitação sem questionamento da realidade. Para iniciar uma vida
racional deveria romper o mais rápido possível com esse estado infantil.
6. Quais os princípios básicos da pedagogia de Rousseau? Que visão ele tem da
infância e da verdade?
Rousseau atribuía à infância um estado de pureza, imaculada pela cultura, nos remetendo à
famosa frase “ O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”, defendia a mínima
interferência do social no modo de pensar da criança. Uma educação natural, de caráter
espontâneo como tarefas centrais, o saber, pensar e preparar o ingresso da criança no
contexto social, gradativamente sem desfigurar o caráter “virtuoso” do mundo da criança. O
apoio da família e dos pais seria necessário na formação dessa criança.
7. Quais as críticas de Gramsci ao espontaneismo do modelo rousseauniano de
Educação? Você acha que elas são consistentes? Por quê?
As críticas de Gramsci ao modelo rousseauniano de educação principalmente no que se refere
às crianças se estrutura na idéia do mesmo não acreditar na possibilidade do processo de
aprendizagem ocorrer de forma natural, nem que apenas o ambiente seria estimulante para
esse processo. Gramsci não concordava com a possibilidade da criança se desenvolver
intelectualmente de forma natural apenas com as suas características inatas , seria necessário
que fossem proporcionadas ações para o estímulo da aprendizagem. Gramsci defendia o
desenvolvimento intelectual do indivíduo de forma coletiva, em constante interação com outros
indivíduos. O espontaneismo criticado por Gramsci é visto como instrumento de conformação,
um terreno propício à alienação. A educação sob o viés gramsciano se pauta nas bases
científicas, voltadas para o trabalho, conscientização dos atores envolvidos e de modo a
enfrentar as concepções ilusórias e míticas.
5. Comungo com as idéias de Gramsci no que se refere a uma educação crítica voltada para o
desenvolvimento intelectual e integrado com formação profissional numa dinâmica autônoma
ou seja a escola deveria preparar à criança para o trabalho porém separada da fábrica e de
sua ideologia dominante, mesmo porque a educação em Gramsci deveria educar as massas
trabalhadoras a fim de elevar o nível intelectual dos mesmos possibilitando a capacidade de se
auto governarem.
Enquanto educador não posso deixar de ressaltar também a importância e recorrência da
filosofia rousseauniana na atualidade no que se refere a importância da presença e
colaboração da família na formação moral e intelectual do indivíduo em parceria com a escola.
8. Quais os princípios da dialética e como eles ajudam a pensar a educação?
Um princípio primário da dialética se estrutura na idéia da contradição, como exemplo é tomar
uma afirmativa (tese) que gera uma negativa( antítese) através do contraditório sendo
superados por uma negativa da negativa (síntese). Perceber que os objetos e os fenômenos
estão sempre em movimento e que os mesmos mantêm uma interação constante e que no
interior dessas relações existem forças de unidade e de oposição articulando simultaneamente.
A dialética se opõe ao permanente e ao estático, está sempre numa constante movimentação
contraditória, aberta às novas abordagens, inacabada e se reinventando diariamente.
O educador no seu cotidiano inserido no seu contexto social deverá estar sempre atentos às
críticas e autocríticas, assumindo um caráter questionador e contestador cotidianamente .
Perceber que as limitações do pensamento e do conhecimento são características dos Seres
Humanos, como dizia Marx a teoria deveria estar sempre em processo de releitura e a crítica
da prática.
09. Quais as críticas de Marx à educação burguesa? Você acha que elas continuam atuais?
Dê exemplos.
Para Marx a educação burguesa mantinha uma íntima relação com o Estado burguês e
capitalista, que na teoria deveria proporcionar uma educação para todos que na realidade não
era capaz de fazê-la principalmente pelo fato do Estado não ser do povo e sim elitista.
O Estado capitalista não possuía caráter democrático se omitindo na concretização de políticas
educacionais consistentes para todos. Marx via na propriedade privada e no Estado burguês
obstáculos para a emancipação intelectual e profissional do indivíduo e consequentemente sua
manutenção no estado de alienação.
Um exemplo interessante que permeia por esse pensamento marxista de educação burguesa é
a propaganda do MEC- Ministério da Educação e Cultura “Educação para todos”, onde o
discurso de que todos têm direito de ingressar numa Universidade federal de qualidade,
através do ENEM, se contrapõe à prática na qual os alunos das escolas públicas estaduais ou
municipais não preparam esses indivíduos para tal empreitada. O ensino se transforma numa
dialética entre ensino público superior de qualidade e Estado. Para Marx o Estado é elitista,
6. antidemocrático e incapaz de realizar na prática uma educação que estendesse a todos
enquanto direito constitucional.
10. Mostre como o trabalho pode se tornar um princípio educativo na concepção marxista de
educação.
Pensar a educação numa perspectiva Marxista é pensar no princípio do trabalho
principalmente no que se refere ao processo de superação da alienação do indivíduo numa
determinada realidade ou estrutura social. A alienação pelo trabalho preconizada por Marx se
percebe pela imposição dos meios de produção, donos dos meios e dominação da super
estrutura sobre a infra estrutura, onde a mão-de-obra do trabalhador também está alienada ao
processo de fabricação para fins de sobrevivência no qual o indivíduo não se reconhece no
produto final desta produção.
Marx considerava necessário a união do ensino intelectual aliado ao físico e profissional, dessa
maneira o trabalhador adquiriria conhecimento profundo do seu ofício, compensando suas
deficiências , se libertaria do processo alienante e se reconheceria no processo final de
produção.
Esta educação voltada para o trabalho, ao mesmo tempo em que proporcionaria conhecimento
escolar e profissional à classe trabalhadora constituiria num elemento de descoberta,
criticidade e bom relacionamento social. A base dessa educação profissional no trabalho
deveria ser embasada num desenvolvimento total, de acordo com as necessidades e
capacidades dos indivíduos.
REFERÊNCIAS:
MORILA, Ailton Pereira & SENATORE, Regina Celia Mendes. Trabalho e educação em Marx e
Gramsci.
Disponível:http://www.ceunes.ufes.br/downloads/2/apmorila-
Trabalho%20e%20educa%C3%A7%C3%A3o%20em%20Marx%20e%20Gramsci.pdf
http://www.ulsj.edu.br/
JARDIM, Alex Fabiano Correa & BORGES, Ângela Christina & FREITAS, Gildete dos Santos et
al. Filosofia da Educação.
Disponível: http://www.webartigos.com/artigos/estado-e-educacao-em-platao/3646/
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006. Pag. 48 a 87.
DIAS, Antônio Francisco Lopes. Política e Educação : critica de Marx à “Educação para todos”.
Disponível:
http://www.uespi.br/prop/XSIMPOSIO/TRABALHOS/PRODUCAO/Ciencias%20da%20Educaca
7. o/POLITICA,%20ESTADO%20E%20EDUCACAO-
CRITICA%20DE%20MARX%20A%20EDUCACAO%20PARA%20TODOS.pdf
DALBOSCO, Claudio Almir. Paradoxos da educação natural no Émile de Rousseau: os
cuidados do adulto.
Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 106, p. 175-193, jan./abr. 2009
Disponível: www.scielo.br/pdf/es/30n106/v30n106a09.pdf
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Complexidade e Dialética: Contribuições à práxis
política e emancipatória em educasção ambiental.
Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 94, p. 131-152, jan./abr. 2006.
Disponível: www.scielo.br/pdf/es/v27n94/a07v27n94.pdf