O documento discute a importância de compartilhar refeições com a família e como isso está se tornando raro, levando a uma "desnutrição afetiva". Também apresenta o trabalho da ONG Banco de Alimentos que distribui excedentes de alimentos para pessoas em situação de risco alimentar e social, beneficiando mais de 21 mil pessoas.
1. DESNUTRIÇÃO AFETIVA
http://www.nitportalsocial.com.br/2016/05/desnutricao-afetiva.html
Venho de um tempo em que pelo menos uma das refeições diárias era realizada
com toda a família reunida, ocasião utilizada para o encontro dos membros da
casa, em que cada um se colocava à mesa e se manifestava sobre as experiências
vividas em cada dia, alimentando não só o corpo, mas as ideias e os sonhos,
que nos capacitavam a combater os medos e as angústias inerentes à vida.
Nesses encontros, realizados em torno da mesa do almoço, dialogávamos sobre a
escola, amigos, notícias, necessidades, e a cada dia nos conhecíamos e
reconhecíamos enquanto integrantes da família, nos bastidores de suas alegrias e
pelejas cotidianas.
Em alguns encontros, havia discordâncias drásticas, que muitas vezes se
tornavam discórdias e transformavam essa hora tão especial em um verdadeiro
campo de batalhas. Ainda sim, no dia seguinte, estávamos todos novamente ali
reunidos, superando as diferenças em prol da unidade e do respeito ao outro.
O que seria da vida sem as batalhas? O que seria dos seres que vivenciam as
batalhas sem o alimento do amor? Naquelas ocasiões, aprendíamos lições que
nem a escola, nem a universidade, nem o mundo dos cifrões eram capazes de
ensinar. Aprendíamos a somar com as diferenças e a crescer, porque éramos
afetivamente alimentados.
2. Às vezes, pedíamos aos nossos pais para nos levar a comer fora; e com ar
poético, meu pai dizia que naquele dia jantaríamos no quintal, sob a luz do céu
estrelado (naquele tempo, comer fora de casa acontecia apenas em eventos
muito especiais).
Os anos se passaram e hoje percebo que comer em casa, na companhia dos entes
familiares, tornou-se uma raridade, reservada apenas para dias festivos. Hoje,
percebo que as pessoas (a maioria) comem na rua, em restaurantes cada vez mais
lotados, acompanhadas por seus celulares, tablets, bips, com sua sonoridade
barulhenta, onde muito se ouve, mas nada se escuta em profundidade. E
onde muito se come, mas bem pouco se degusta.
Em meio a esse cenário, temos também televisores ligados para completar a trilha
sonora do caos de nossos dias, empobrecidos de sentido. Todos os dias, a mídia
divulga lançamentos digitais cada vez mais fascinantes, que fazem com que as
pessoas trabalhem incessantemente para adquiri-los e se tornem cada vez mais
equipadas, cada vez mais sozinhas.
Na contramão de tantas invenções, coisas fundamentais estão sendo postas de
lado, como alimentar-se, respirar, conviver, compartilhar. Soube que uma
moça sul-coreana, Park Seo-Yeon, de 34 anos, tem ganhado cerca de 5.660
libras (cerca de R$ 16 mil), para se alimentar online, sendo assistida por
milhares de pessoas, fatigadas pela solidão de comerem sozinhas. Seo-Yeon se
autodenomina "The Diva", e está fazendo muito sucesso na Coreia, de acordo
com o jornal britânico "Daily Mail". Cada vez mais pessoas estão morando
sozinhas e sofrem da "desnutrição afetiva", gerada pela solidão no momento
das refeições.
Esse contexto me faz pensar no valor dos alimentos compartilhados para a
vida emocional de cada um de nós e o quão comprometidos estamos conosco
mesmos, quando corremos atrás de tantas coisas, mas deixamos para trás o
fundamental, transformando as prioridades da vida em trivialidades,
transformando em ruídos belíssimas sinfonias.
Por Marcela J. Dornelas
Psicóloga
Como o assunto é compartilhar alimentos, postamos aqui o trabalho da
Ong Banco de Alimentos que atua com o objetivo de minimizar os efeitos da
fome e combater o desperdício de alimentos, permitindo que um maior
3. número de pessoas tenha acesso a alimentos básicos e de qualidade – e em
quantidade suficiente - para uma alimentação saudável e equilibrada. Os
alimentos distribuídos são excedentes de comercializações, perfeitos para o
consumo. A distribuição possibilita a complementação aumentar a todas as
pessoas assistidas pelas 42 instituições cadastradas no projeto, ou seja, mais de
21 mil pessoas.
A iniciativa da Ong Banco de Alimentos representa a formação de
um ciclo sustentável: Ao passo que são arrecadados excedentes de produção e
comercialização, diminui-se o acúmulo de lixo orgânico e o desperdício de
alimentos próprios para consumo que complementarão a alimentação de milhares
de pessoas em situação de risco alimentar e social. Há também desta forma, um
favorecimento à inclusão social destes indivíduos por meio de melhoria da
saúde e estímulo ao desenvolvimento psicomotor. Isso porque, além de
visarmos uma alimentação balanceada por meio de realização de ações
profiláticas e educativas voltadas às comunidades atendidas, beneficiamos
somente instituições que possuam em seu programa ações de inclusão social.
Nossas ações procuram tratar, em conjunto, o problema da fome, ou melhor, das
várias fomes, na sua origem, isto é, na forma em que a nossa sociedade está
organizada e no grau de consciência dos indivíduos que a compõe. Se o
consumidor muda, o fabricante muda. Se o eleitor muda, o político muda e assim
por diante. Acreditamos que todo ser humano é co-criador da realidade e,
portanto, cabe a nós promovermos a mudança que queremos ver no mundo.
Trata-se de uma ideia única por ser sustentável em diversos aspectos, evolvendo
questões de responsabilidade ambiental, social, econômica e nutricional.
Ana Porto/Sergio Honorato
Gestores
Nit Portal Social
Planejamento, Gerenciamento, Monitoramento de Mídias Sociais para
Empresas & Responsabilidade Social